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Valci Regina Mousquer Zuculoto Universidade Federal de Santa Catarina UFSC/Curso de Jornalismo 2

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Academic year: 2021

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Valci Regina Mousquer Zuculoto

Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC/Curso de Jornalismo2

Apesar de vivenciarmos hoje a chamada Era da Informação, dificilmente se pode dizer que a comunicação está mais perto de cumprir sua função, seu ideal. O ideal de se democratizar e realmente atender aos interesses e direito da sociedade em termos de circulação e pluralidade da informação, de não existirem excluídos tanto da recepção quanto da transmissão. E isso ocorre também no rádio – seja ele comercial ou público, justamente o meio de comunicação historicamente definido como o mais popular e adequado à veiculação rápida e democrática da informação, o de maior abrangência geográfica e de público. Isto embora as novas tecnologias tenham facilitado, modernizado e dado muito mais velocidade tanto a sua produção quanto a sua transmissão.

Informação; Comunicação; Rádio Comercial; Rádio Público

“Tentou contra a existência Num humilde barracão Joana de tal

Por causa de um tal João Depois de medicada Retirou-se para o seu lar Aí, a notícia carece de exatidão O lar não mais existe

Ninguém volta ao que acabou

Joana é mais uma mulata triste que errou Errou na dose

Errou no amor Joana errou de João Ninguém notou Ninguém morou Na dor que era seu mal

A dor da gente não sai no jornal”

(música “Notícia de Jornal” de Luís Reis e Haroldo Barbosa, gravada por Chico Buarque de Hollanda )

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Trabalho apresentado ao NP 06 –Rádio e Mídia Sonora, do IV Encontro dos Núcleos de Pesquisa da Intercom 2

Valci Zuculoto, jornalista graduada pela UFRGS e mestre em Comunicação Social pela PUCRS, é professora assistente do Jornalismo da UFSC, onde coordena os projetos Universidade Aberta e Fazendo Rádio na Escola, a Rádio Ponto UFSC e o Laboratório de Áudio. Também é professora do Programa de Pós-Graduação do Jornalismo da UFSC, nível de especialização, e diretora da Federação Nacional dos Jornalistas. É uma das autoras dos livros "Rádio e Pânico – A

Guerra dos Mundos 60 anos depois", organizado por Eduardo Meditsch, “Rádio no Brasil, tendências e perspectivas”,

organizado por Nélia del Bianco e Sônia Vírginia Moreira, “Formação Superior em Jornalismo – Uma exigência que

interessa à sociedade”, organizado pela Fenaj, e “ Rádio Brasileiro: episódios e personagens”, com organização de

Magda Cunha e Doris Haussen.

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O papel e o espaço do rádio na era da sociedade da informação

Vivemos hoje a chamada era da sociedade da informação, resultado do avanço cada vez mais veloz das inovações tecnológicas e de suas múltiplas aplicações na área das comunicações. Avanço conjugado, conseqüente e também, ao mesmo tempo, instrumento da “recapitalização do capitalismo” (Castells, 1999:87-164). E justamente por vivermos na sociedade informacional, o papel e o espaço dos meios que transmitem, fazem circular a informação adquirem, dia-a-dia, uma importância sempre maior. Afinal, a informação é um dos principais bens, direitos e instrumentos da sociedade para compreender e se movimentar na realidade. E por isso mesmo, deveria circular atendendo justamente ao interesse público a que precisa estar sujeita em decorrência destas suas características e função social.

Mas apesar de denominarmos o atual período da humanidade como a era da informação, dificilmente se pode dizer que hoje se está mais perto desta finalmente cumprir sua função, seu ideal. O ideal de a comunicação se democratizar e realmente atender aos interesses da sociedade em termos de circulação e pluralidade da informação, em termos de não existirem excluídos tanto da recepção quanto da transmissão.

Para Dantas (1996), vivemos sob “a lógica do capital-informação: a fragmentação

dos monopólios e a monopolização dos fragmentos num mundo de comunicações globais”.

Ou seja, caminhamos no sentido contrário. Nilson Lage também há muito alerta para isso. Conforme Zuculoto (1996:9), em palestra no 27 Congresso de Jornalistas, Lage já afirmava que “por muitos anos acreditamos que se houvesse grande variedade de canais de

informação, o discurso social seria plural e, em decorrência, mais democrático. Não é o que se verifica.”

Na verdade, o que assistimos hoje, como evidencia Dantas (1996:49), são novos meios para o capital processar e transmitir informação: a informação que lhe serve e lhe interessa.

“Todas essas inovações resultam de investimentos feitos diretamente pelas grandes corporações, por agentes financeiros privados ou pelo Estado, investimentos estes orientados para a busca de soluções técnicas que

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tornem cada vez mais rápido, eficiente e barato o transporte da informaçao que interessa ao capital”(DANTAS, 1996:49).

Mais ainda, segundo Dantas (1996:50), “toda a história das tecnologias de

informação está intimamente ligada aos interesses políticos, militares e econômicos dos Estados nacionais”.

Porém, se hoje já não temos mais o Estado-nação ou, talvez, novas configuração e função para este dentro da chamada globalização, o certo é que tais interesses continuam existindo e se originam nos estados. Conforme Castells (1999:106-108), o que ocorre na contemporaneidade é uma nova forma de intervenção do Estado. Castells explica que Estado sempre foi e continua sendo elemento adicional decisivo na economia; e que numa economia global como a atual, os interesses do Estado ficam diretamente ligados à concorrência das empresas – as nacionais e também as localizadas em territórios nacionais. Assim, a era da sociedade informacional continua sem democratizar a informação, mantém e até amplia os excluídos deste processo tão importante para o cumprimento e o “respeito

ao interesse público a que deve estar sujeita a área das comunicações e suas práticas” (FENAJ, sd:2).

Castells (1999:100) diz que “empresas e nações (ou entidades políticas de

diferentes níveis, tais como regiões ou a União Européia) são os verdadeiros agentes do crescimento econômico. Não buscam tecnologia pela própria tecnologia ou aumento de produtividade para a melhora da humanidade”.

Por isso, mesmo com as novas tecnologias e, principalmente, a Rede Mundial de Computadores se ampliando velozmente em usos e aplicações e também aumentando seu número de usuários, as chamadas mídias tradicionais, entre elas o já secular rádio, permanecem devendo, à humanidade, o uso do espaço e o cumprimento do importante papel social que deveriam desempenhar. Assim, em especial ao rádio pode estar reservada a possibilidade de mais facilmente conseguir cumprir a função social da comunicação. Isto porque reúne grandes condições para tanto.

Entre as principais destas condições, evidenciam-se a de o rádio poder utilizar-se da Internet para ter um alcance global e permanecer sendo, entre os meios de comunicação, o de potencial mais popular e de maior audiência quantitativa, por ser o mais acessível, inclusive para os excluídos da mídia, e de maior abrangência geográfica.

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Neste ponto, portanto, é de se ressaltar que, assim como acontece com as demais mídias, o rádio, embora se modernize, adquira novas ou transforme suas funções sob o impacto das inovações tecnológicas, também persiste no desenvolvimento de uma programação que não atende às demandas da sociedade por informação democrática e plural. Um quadro que é conseqüência do modelo de comunicação da era que vivemos.

Temos pluralidade de canais, grande volume e velocidade de transmissão de informação. Mas não temos pluralidade de discurso nem veiculação daquelas informações realmente necessárias ao cidadão. Anibal Ford (1999:159), ao analisar a informação socialmente necessária na sociedade contemporânea, diz que grande parte da população mundial é submetida a conteúdos aleatórios a suas culturas.

Para marcar a preparação do primeiro Fórum Social Mundial em Porto Alegre, que aconteceu em janeiro de 2001, Le Monde Diplomatique lançou uma edição especial do Diplô Brasil. E no editorial da publicação, assegura: “um novo mundo é possível. Uma

imprensa que faça as perguntas certas, também”.

É possível, mas não é o que acontece. A informação, na sociedade da informação, permanece manipulada e servindo aos interesses da lógica capitalista. Na sociedade da informação, ocorre o que Chico Buarque tão singelamente canta em “Notícia de Jornal”, relatando o caso de uma Joana de tal que, num humilde barracão, atentou contra a existência, por causa de um tal João. Quando a matéria cantada por Chico informa que, depois de medicada, Joana de tal retirou-se para o seu lar, ele adverte que “aí, a notícia carece de exatidão”, pois ninguém volta ao que acabou.

A notícia, na sociedade atual, continua carecendo de exatidão, de inserção na realidade onde é veiculada. No jornal, no rádio, na televisão, enfim, em toda a mídia. Não existe um espaço de circulação democrática da informação, conforme evidencia Aníbal Ford (1999), em “ La Marca de la Bestia”.

E isso ocorre no rádio, embora as novas tecnologias tenham facilitado, modernizado e dado muito mais velocidade tanto a sua produção quanto a sua transmissão. Por obra das inovações tecnológicas, boa parte das grandes emissoras brasileiras já está equipada para produção (da pré a pós-produção) totalmente digitalizada. As notícias são redigidas, gravadas, editadas e cronometradas diretamente em computadores. Para a elaboração de pautas e captação de informações, além dos demais meios tradicionais consolidados nas

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redações das emissoras, hoje também já é possível cumprir estas etapas através de largo uso do computador. Isto por pesquisa na Internet, pelo correio eletrônico ou pelo acesso direto, via computador, às agências de notícias. E até o locutor pode ler as notícias na tela de um terminal instalado dentro do estúdio.

Em termos de equipamentos digitais para produção, gravação e arquivamento, os programas radiofônicos já têm à disposição diferentes tecnologias digitais de registro: Mini disc (MD), Digital Audio Tape (DAT), Digital Compact Cassete (DCC), MP3. O uso desses equipamentos digitais e computadorizados permite principalmente a reprodução infinita sem perda de qualidade, sem degeneração de cópia; fácil manejo; grande capacidade e facilidade de armazenamento; busca rápida e facilitada do segmento desejado; ordenação de gravações à vontade.

Estamos, como diz Eduardo Meditsch (1995:15), numa "era intelectual eletrônica" e sua instauração "redefine a função do rádio informativo". Por consequência da função redefinida e também em decorrência do impacto das novas tecnologias, vamos ter transformações igualmente nas configurações, nos formatos, no modo de produzir e no conteúdo do rádio.

Em termos especialmente de forma, as emissoras atualmente podem, numa definição ampla e rápida, produzir dois tipos de rádio que passarei a denominar rádio global e rádio local. O rádio global é praticado principalmente pelas grandes emissoras, as que detêm as maiores potências, e através da formação de redes. A implantação de redes foi uma tendência que começou a se consolidar já nos anos 80 por interesses comerciais ( obter maior lucratividade com menor investimento ) e graças aos avanços tecnológicos. O uso do satélite foi um dos principais incrementos dos “pools” de rádio, hoje cada vez mais facilitados, pois também passaram a contar com a possibilidade de transmissão via rede de computadores.

Eliminando fitas, laudas e operando em computadores e equipamentos digitais, a produção radiofônica incentiva e facilita a adoção de um modelo "global". Neste modelo é que vamos encontrar mais evidenciada a questão do global versus local, um dos grandes questionamentos, uma das grandes polêmicas desta era da globalização da comunicação. Trata-se, portanto, de mais um problema a se acrescentar à questão do tipo de comunicação praticada na sociedade da informação.

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O rádio local tem como características ser produzido por pequenas e médias emissoras que não integram redes, ou que mesmo vinculadas a “pools”, conservam programação local. Este formato de rádio também é praticado por pequenas e médias emissoras ligadas a redes regionais ou até por emissoras comunitárias.

São rádios que, em menor escala e com menos investimento em equipamentos de última geração, também têm seu modo de produção transformado e facilitado pelas novas tecnologias. Mas possuem mais condições de atender à demanda por informação local e por prestação de serviço. Com isso, entretanto, resolvem apenas uma questão de conteúdo das programações de rádio, pois o panorama geral das emissoras brasileiras, tanto pequenas, médias ou grandes, públicas ou comerciais, aponta para o grande modelo de comunicação montado e desenvolvido a partir da lógica do capital informação.

E se essa lógica realmente não atende às demandas da sociedade por acesso a uma comunicação plural e democrática, o que se verifica é que, justamente na era da informação, a mídia se transforma no grande instrumento que age no sentido contrário a sua função social.

As emissoras educativas: algumas referências históricas de programação e tendências na atualidade

Dentro deste quadro mais amplo das tendências do rádio na era da informação, fazendo um recorte para tratar especificamente das chamadas emissoras públicas, as rádios com concessão de canal educativo-cultural, as não-comerciais, vamos encontrar estas funcionando e desenvolvendo suas programações sob os mesmos impactos e seguindo o mesmo grande modelo de comunicação das demais.

Porém, em relação às emissoras comerciais, que predominam no campo da radiofonia brasileira, os veículos públicos, embora no geral tenham desenvolvido trajetórias semelhantes aos dos comerciais e vislumbrem tendências também parecidas, precisam ser estudados através de um resgate histórico específico, pois possuem especificidades e até diferenciações, principalmente quanto ao conteúdo de suas programações.

Este segmento da radiodifusão é categorizado como rádio “público”ou “educativo-cultural”ou “universitário” ou simplesmente rádio “não-comercial”. São emissoras

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instaladas com concessão de canais educativos – FMs, AMs e até de Ondas Curtas operadas pelos governos federal, estaduais ou municipais, por universidades ou por fundações constituídas especificamente com esta finalidade. São regulamentadas por regras específicas dentro da legislação da radiodifusão brasileira.

E no conjunto da radiodifusão brasileira, estas emissoras representam ou deveriam representar senão um exemplo a influenciar mesmo as programações dos veículos comerciais, pelo menos um diferencial dentro da lógica capitalista e antidemocratizante que impera na comunicação. A lógica que Aníbal Ford, em “La Marca de la Bestia” (1999), descreve como sendo a que é desenvolvida pela globalização em curso também através de uma agenda global de temas que vão envolver a sociedade. Uma agenda que é, inclusive e principalmente, imposta via meios de comunicação.

No livro, Ford explica que, junto com a globalização, crescem diversas formas de agenda global, que se cruzam e interferem em agendas nacionais e locais, e colocam em disputa classificações, hierarquizações dos seus diversos produtores. E os meios usam estas agendas de forma correta ou espúria.

Pois as emissoras educativas-culturais poderiam se constituir no contraponto e pelo menos disputarem, dentro da realidade radiofônica brasileira, a necessidade de demonstrar ou no mínimo perguntar: uma outra comunicação é possível? Afinal, a maioria destes veículos, na definição de seus objetivos, na justificativa de suas grades de programação, assegura que tem como meta a educação, a difusão do conhecimento e da cultura para toda a sociedade.

Jorge da Cunha Lima, diretor-presidente da Fundação Padre Anchieta, a qual pertencem a TV e as Rádios Cultura de São Paulo, define assim as emissoras que comanda:

“são emissoras públicas cujo principal objetivo é oferecer à sociedade brasileira uma informação de interesse público e promover o apriomoramento educativo e cultural dos telespectadores e ouvintes, visando a transformação qualitativa da sociedade”.

A própria radiodifusão brasileira nasceu com o ideal de transmitir educação e cultura:

“(...) torna-se evidente o papel do rádio naquela que podemos considerar a sua primeira fase no Brasil: um meio de comunicação voltado principalmente para a transmissão de educação e cultura. Em razão da pré-determinação consensual quanto à vocação do veículo, uma parte das emissoras brasileiras evoluiu nessa direção também durante as décadas

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seguintes à de 1920, quando a tendência para o rádio comercial começa a ascender no país”(MOREIRA, 1991:116-17).

Roquette Pinto, a quem a maior parte dos estudiosos do rádio credita a fundação da primeira emissora brasileira – a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, em 20 de abril de 1923 – idealizou um rádio que além de informar e proporcionar entretenimento, também formasse, educasse e transmitisse cultura. Na verdade, então, na primeira programação de rádio brasileira já se observava como objetivos ou como vocação do veículo o educativo e o cultural. Entretanto, isto apenas em termos de objetivos propostos e dentro da lógica de desenvolvimento sócio-cultural da sociedade capitalista.

Na realização da minha pesquisa de mestrado, já foi possível evidenciar:

(...)pelo menos nos seus primeiros tempos, nem a programação nem o alcance de público do novo meio no Brasil conseguiram a democratização do conhecimento sonhada por Roquette Pinto (...). Bem ao contrário, embora com ideais educativos e democráticos, o rádio inicial se mostrou extremamente elitista; embalado por uma cultura literária e científica, era feito pela e para a elite cultural” (ZUCULOTO, 1998:30).

A Rádio Sociedade do Rio de Janeiro foi, posteriormente, transformada na atual Rádio MEC-Rio, doada por Roquette Pinto sob a condição de que continuasse a desenvolver seu valor informativo e cultural por ele pregado.

“Em 1936, no entanto, a função educativa do rádio – que, até então, fora determinada pelos organizadores e fundadores das primeiras emissoras nacionais – tornava-se oficial. Nesse ano, Roquette Pinto doava ao Ministério da Educação e Cultura a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, mediante a promessa ( por parte do ministro Gustavo Capanema ) de que seus ideais ao fundar a emissora seriam preservados pelo governo brasileiro. Iniciava-se, assim, o sistema de Rádios Educativas no Brasil”(MOREIRA, 1991:17).

O que aconteceu de lá até hoje com este sistema, num relato histórico e que dê conta de suas transformações, não se encontra de forma organizada, crítica e aprofundada em estudos ou pesquisas realizadas especificamente sobre estas emissoras. Alguns poucos estudiosos e autores se limitam a traçar rápidos panoramas ou análises em pesquisas que tratam de outros aspectos ou da história do rádio como um todo. E especificamente sobre o modelo de programação adotado por estas emissoras, que é o lugar onde se pode analisar

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melhor o conteúdo e, portanto, a lógica que seguem, praticamente nenhum estudo ou investigação conseguiu, até hoje, resgatar em profundidade a trajetória, transformações e tendências.

Numa observação geral e com o pouco acúmulo de estudo organizado sobre estas emissoras, pode-se avaliar que, na sua maioria, seguem o referencial de uma programação que se pretende educativa, formadora de opinião, mas apresenta evidentes sinais de elitismo e de produção de uma comunicação que exclui. Isto muito mais pelo conteúdo, pela linha editorial de suas programações do que propriamente pela forma. Se bem que também em termos de formato, onde se encontra semelhanças muito maiores com as rádios comerciais, as emissoras públicas, por também reproduzirem a lógica que impera na comunicação como um todo, denotam a prática do elitismo e da exclusão.

Os sinais desse quadro que predomina na maioria das emissoras não-comerciais se tornam evidentes ao analisarmos apenas suas programações musicais. Boa parte delas se dedica à música erudita como se essa fosse o principal instrumento para cumprir sua missão educativa. E o que acabam levando ao ar pode ser encarado no mínimo como uma contradição ao objetivo de sua missão: sua programação musical erudita é veiculada, invariavelmente, para ser ouvida apenas por iniciados, por conhecedores desse gênero de música.

Ou seja, apenas neste item dos muitos que compõem a programação radiofônica já é possível identificar que, tanto quanto e da mesma forma que as comerciais, as emissoras públicas não atendem ao interesse público e democratizante ao qual deveria se submeter a comunicação.

“O rádio educativo deve estar a serviço das maiorias que, neste país, são constituídas dos excluídos de diversos tipos. O rádio talvez seja único meio de comunicação que prescinde absolutamente da alfabetização para transmitir sua mensagem. Exclusivamente auditiva, a recepção radiofônica dispensa a codificação de modo completo... é o melhor meio de se atingir as grandes parcelas da população” (SIGNATES, 1995:2).

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Bibliografia

CANCLINI, Nestor Garcia. La Globalización imaginada. Barcelona, Paidós, 1999.

CASTELLS, Manuel. A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura; volume 1. São Paulo, Paz e Terra, 1999

DANTAS, M. A lógica do capital informação. Rio de Janeiro, Contraponto, 1996.

FORD, Aníbal. La Marca de la Bestia – Identificación, desigualdades e infoentretenimento en la sociedad contemporánea. Buenos Aires, Ed Norma, 1999.

FENAJ – Federação Nacional dos Jornalistas. Bases de Um Programa Nacional de Estímulo à Qualidade da Formação em Jornalismo. Sd.

FUNDAÇÃO CULTURAL PIRATINI RÁDIO E TELEVISÃO. Projeto de política e grade de programação para a TVE e a FM Cultura.

FUNDAÇÃO PADRE ANCHIETA RÁDIO E TELEVISÃO CULTURA. Publicação de apresentação e sobre a história das emissoras da entidade. S.d.

________________. Cultura 20 anos. São Paulo, IMESP, 1989.

MEDITSCH, Eduardo Barreto Vianna. A Rádio na era da informação- Teoria e Técnica do Novo Jornalismo. Coimbra, Minerva, 1999.

MOREIRA, Sônia Virgínia. O Rádio no Brasil. Rio Fundo Editora, Rio de Janeiro, 1991.

SIGNATES, Luiz. Política de Programação de Rádio Universitária Educativa: algumas reflexões conceituais. Palestra no III Encontro Nacional de Rádios, TVs e Produtoras Universitárias, Goiânia, outubro de 1995.

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históricas e técnicas. Dissertação de Mestrado no Programa de Pós- graduação em Comunicação Social da PUCRS. Porto Alegre, agosto de 1998.

________________. As tendências do rádio na globalização e sob o impacto das novas tecnologias: a experiência da Rede Universitária de Rádio como exemplo de busca de espaço e função. Trabalho apresentado no XIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, Londrina, Paraná, setembro de 1996.

Referências

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