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Apontamentos históricos sobre a constituição do campo acadêmico do rádio no Brasil 1

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Apontamentos históricos sobre a constituição do campo acadêmico do

rádio no Brasil

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ZUCULOTO, Valci Regina Mousquer (pós-doutora)2 Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC/SC

Resumo:

A proposta deste artigo é registrar e organizar, ao modo de Linha do Tempo, apontamentos históricos que permitam, em estudo maior e ainda em construção, traçar e analisar a conformação da historiografia do campo acadêmico do rádio no Brasil. A priori, leva em consideração que, inserido na estruturação geral da Comunicação, essa constituição se dá imbricada com demais segmentos da área e, da mesma forma que esta, tem percurso sobretudo no Jornalismo. Isto por ser o Jornalismo que prepondera na construção das Ciências da Comunicação nacional, conforme observação de José Marques de Melo (2003). A partir destes entendimentos, este artigo traz e reflete, preliminarmente, registros iniciais acerca da trajetória do campo científico do rádio, buscando evidenciar algumas transformações mais marcantes. O estudo maior destina-se à elaboração de um artigo sobre a história do campo acadêmico do rádio para a publicação comemorativa dos 25 anos do GP Rádio e Mídia Sonora da Intercom.

Palavras-chave: História do Rádio; Campo Acadêmico; Ciências da Comunicação; Radialismo;

Radiojornalismo

Breve contexto dos adventos históricos do rádio no mundo e no Brasil

No mundo, o rádio é um meio centenário. Seu advento mais considerado data do início do século passado, o século 20: em 1906, nos Estados Unidos, ocorreu a primeira transmissão. Mas desde metade do século 19 já existem registros de testes e experiências, que levaram à criação e desenvolvimento do rádio com Gluglielmo Marconi, na Itália, Nikola Tesla, nos EUA, e o padre Landell de Moura, no Brasil.

Mesmo no Brasil, indica-se que o rádio conta com 94 anos de história, adotando-se como marco a primeira transmissão oficial durante as comemorações do centenário da Independência, no Rio de Janeiro, em 1922. Já como objeto de estudos efetivamente acadêmicos, acaba de chegar ao seu cinquentenário, em 2015. Isto considerando a

1 Trabalho apresentado no GT de História da Mídia Sonora, integrante do 6º Encontro Regional Sul de História da Mídia – Alcar Sul | 2016.

2 Professora e pesquisadora dos cursos de Graduação e Pós-Graduação em Jornalismo da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina, jornalista (UFRGS), doutora em Comunicação (PUCRS), pós-doutora (EcoPós UFRJ), coordenadora do GP Rádio e Mídia Sonora da Intercom e da Rádio Ponto UFSC, subcoordenadora do POSJOR – Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da UFSC, diretora da FENAJ e SJSC, conselheira do FNPJ. Uma das líderes do GIRAFA - Grupo de Investigação em Rádio, Fonografia e Áudio e do Núcleo de Pesquisa em Identidade, Formação e Trabalho Jornalístico

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jornalista, radialista, professora e pesquisadora Maria José de Andrade Lima, a Zita, como pioneira da pesquisa radiofônica brasileira.

Após se formar em Jornalismo na Universidade Católica de Pernambuco, em 1963, publicar trabalhos iniciais na revista Comunicações & Problemas daquela instituição, cursar, em 1964, o CIESPAL – Centro Internacional de Estudos Superiores de Jornalismo para a América Latina, organismo da UNESCO, foi em 1965 que Zita ingressou no curso de mestrado da Universidade de Brasília (UnB). Tornou-se mestre em 1967 e da sua dissertação, resultou o livro “Princípios e Técnica de Radiojornalismo” (LIMA,1970).

É com base neste contexto histórico, aqui relembrado resumidamente, pontuando apenas seus principais demarcadores do advento do meio e dos seus estudos, que pretendo traçar e analisar a conformação da historiografia do campo acadêmico do rádio no Brasil. Isto em estudo maior e ainda em construção que se destina à elaboração de um artigo sobre a história do campo acadêmico do rádio para publicação comemorativa dos 25 anos do GP Rádio e Mídia Sonora da Intercom.

No presente artigo, a proposta é registrar e organizar, ao modo de linha do tempo, os apontamentos históricos preliminares e referenciais que vêm permitindo percorrer, descritiva e analiticamente, a trajetória deste campo acadêmico. Para a busca inicial desses registros, recorri, por meio de levantamento bibliográfico, à coleta de dados e referenciais em obras de pesquisadores da comunicação e do rádio como José Marques de Melo (2003).

A priori, levo em consideração que, inserido na Comunicação, a constituição do campo acadêmico do rádio no Brasil está imbricada com os seus demais segmentos. Seus integrantes tem um “perfil hibrido” e o percurso construtor do campo acadêmico do Rádio no Brasil se dá sobretudo dentro do Jornalismo. Isto por ser o Jornalismo que hegemoniza a construção das Ciências da Comunicação nacional, conforme Marques de Melo (2003, p. 144).

Conforma-se, portanto, uma comunidade de cientistas da comunicação, dotada de perfil híbrido. Alguns pertencem aos diferentes setores da comunicação de massa (com hegemonia do jornalismo), outros procedem das disciplinas conexas (humanidades e ciências sociais). (MARQUES DE MELO, 2003, P. 144) .

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A partir desta compreensão de Marques de Melo, trago aqui apenas os primeiros apontamentos e o roteiro que tracei para este estudo, com uma Linha do Tempo geral que registra algumas das suas transformações mais marcantes, mas que já permite vislumbrar a trajetória construída até os dias de hoje. Como demarcador mais consistente, tomou-se o início do percurso de Zita de Andrade Lima na pesquisa sobre rádio. Entretanto, sem deixar de considerar registros anteriores de outros estudos, pois se evidenciou que alguns profissionais, entre os mais proeminentes que atuavam no rádio pioneiro, sistematizaram e, muitas vezes, também refletiram criticamente sobre o fazer cotidiano radiofônico.

Campo acadêmico do rádio: dos precursores à consolidação – uma proposta de Linha do Tempo

Com o mesmo entendimento que Marques de Melo analisa a constituição da comunidade acadêmica brasileira da comunicação, pode-se observar a conformação do campo científico do rádio. Integrante da comunidade nacional, o segmento radiofônico evidencia uma das melhores expressões de como ocorreu essa construção no geral. O seu percurso próprio, específico, está bastante imbricado com a trajetória dos demais segmentos da área.

A constituição do campo científico da Comunicação no Brasil, como de resto na Europa e na América do Norte, teve como pano de fundo convergências e tensões entre saberes profissionais, pragmatismo empresarial, estratégias governamentais e investigação acadêmica. O processo de formação da comunidade brasileira das Ciências da Comunicação foi naturalmente afetado pelo desenvolvimento peculiar desse novo campo no cenário internacional. Hoje o Brasil possui uma dinâmica e expressiva comunidade acadêmica na área, reconhecida e respaldada pelo sistema nacional de ciência e tecnologia. Sua agenda pública mantém sintonia com as tendências hegemônicas na comunidade internacional respectiva, intensificando-se agora o processo de sua legitimação interna pela comunidade profissional/empresarial com a qual interage criticamente. (MARQUES DE MELO, 2003, p. 141).

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Tomando este cenário desenhado pelo teórico para o campo científico geral da comunicação também como roteiro condutor, no presente trabalho alinhavei a estruturação, ao modo de Linha do Tempo, com uma periodização por fases para explicitar a história do campo do rádio. Esta foi esboçada a partir de categorização histórica igualmente elaborada por Marques de Melo, em seu livro História do Pensamento Comunicacional (2003), refletindo, num dos capítulos da obra, sobre “A Constituição da Comunidade Acadêmica Brasileira, em Roteiro para uma História das Ciências da Comunicação no Brasil.” Conforme o Marques de Melo (2003, p. 144-174), são cinco as fases da história das Ciências da Comunicação, assim distribuídas cronologicamente: 1873-1922: Desbravamento; 1923-1946: Pioneirismo; 1947-1963: Fortalecimento; 1964-1977: Consolidação; 1978-1997: Institucionalização.

Debruçando-se sobre esta periodização, é possível se partir dela natural e ajustadamente para desenhar o cenário histórico próprio e específico do campo acadêmico do rádio. Ressalto que a conformação do segmento de estudos radiofônicos encaixa-se, com adequação, na “Constituição da comunidade acadêmica brasileira”, no roteiro que Marques de Melo projetou em História do Pensamento Comunicacional (2003, p. 141-174). Lembrando que, no caso do rádio, a cronologia brasileira do campo, mesmo que adotando seu advento com Zita, em 1965, pode ser considerada desde os tempos pioneiros da radiofonia no país. Daquela época, não se registram estudos efetivamente acadêmicos, mas em especial seus profissionais já então ensaiavam textos de reflexões críticas sobre o meio.

Assim, nesses meus registros iniciais, verifico que tal qual nas Ciências da Comunicação como um todo, a constituição do campo de investigações em rádio evidencia, sim, o perfil híbrido que Marques de Melo observou na área. Profissionais e intelectuais é que são desbravadores, precursores. Esses apontamentos preliminares, compreendidos sob estes referenciais e estruturados a partir deste roteiro, contam com

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informações e dados de artigos e pesquisas de Nair Prata, Eduardo Meditsch, Dóris Haussen, Luiz Ferraretto, Nélia Del Bianco, além de outros pesquisadores e teóricos da comunicação, principalmente da radiodifusão, a maioria integrantes do GP Rádio e Mídia Sonora da Intercom e também de suas produções coletivas.

Para partir da formação do campo acadêmico da comunicação como um todo, identificamos que se desenvolve mais sistematizadamente e fortalecido com “os primeiros cursos superiores de jornalismo e depois da criação dos pioneiros institutos de pesquisa de audiência da mídia” (MARQUES DE MELO, 2003, p. 143). Os anos 40 marcam a instalação dos cursos de comunicação, com preponderância dos voltados ao ensino do Jornalismo, e de início com uma produção científica bem mais ensaística. É nos anos 60 que se vai verificar um incremento e um desenvolvimento maior da pesquisa, justamente no período classificado de “fortalecimento” por Marques de Melo (2003, p. 143), na sua cronologia da constituição da comunidade das Ciências da Comunicação. É quando as “emergentes escolas de comunicação iniciam atividades regulares de pesquisa”, afirma ele.

Os estudos e o próprio ensino do rádio desenvolvem-se incluídos nestes cenários. Seguiram exatamente este percurso, como ensino e pesquisa sobretudo dentro dos cursos de Comunicação com habilitações de Jornalismo. Mas é preciso ressalvar que mesmo se desenvolvendo inserido no preponderante campo jornalístico, como jornalismo radiofônico, o meio tem sua história própria e não somente como subcampo. No caso do rádio, trata-se inclusive de uma construção histórica que pode ser vista como anunciada, pois antes mesmo do campo acadêmico começar a se constituir, o pensar sobre o fazer radiofônico e sobre como ensiná-lo/aprendê-lo já emergia por meio de Saint Clair Lopes e Roquette-Pinto, nas rádios Sociedade (esta ainda nas décadas 20 e 30 do século passado) e depois MEC (a partir de 1936), Nacional (também a partir de 36), entre outras emissoras pioneiras e que foram expoentes ou referenciais na Era de Ouro da radiofonia brasileira. Profissionais do meio, pensavam e faziam rádio ao mesmo tempo. Saint Clair Lopes, também por exemplo, mais tarde foi professor na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUCRJ).

Tomando a década de 60 como determinante para o campo científico como um todo da área da Comunicação, como bem coloca o professor Marques, para o rádio um dos destaques é o Seminário do CIESPAL no Rio de Janeiro, em 1965, onde participaram Zita de Andrade Lima e Saint Clair Lopes e mais outros radialistas e

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radiojornalistas. Inclusive há registros de participação da Associação de Radioperiodistas do Rio de Janeiro. Em debate no evento, reflexões profissionais, mas que já ensaiavam estudos científicos, especialmente no caso Zita de Andrade Lima. No Seminário, Zita, já formada em Jornalismo, retornando do curso no CIESPAL, em Quito, no Equador, e ingressando no mestrado na UnB, apresentou uma comunicação intitulada “Situação atual dos meios de comunicação e sua influência no desenvolvimento político, cultural e socioeconômico das nações”. Era a pioneira estreando seus estudos científicos sobre a radiofonia e, assim, marcando o advento efetivo da constituição do campo acadêmico do rádio no Brasil.

A comunicação era de uma pesquisadora estreante. Porém, os dados que apresentou, comparou e analisou oferecem, ainda hoje, um diagnóstico bastante apurado do cenário midiático da época e acima de tudo do panorama radiofônico. [...] Com base em resultados de pesquisas e estudos nos quais estava envolvida, Zita não tinha dúvidas que o rádio era, naqueles históricos anos de 1960 e 1970, o meio com maior capacidade de responder às necessidades de comunicação do povo nordestino. Mostrou-se certeira, também, nos motivos deste potencial que reconhecia no rádio, mesmo que o veículo estivesse, então, perdendo ou disputando público com a nova mídia televisão. (ZUCULOTO, 2015, p. 292)

Zita Andrade é demarcadora, tanto que num necessário e justo resgate, pesquisadores sobretudo da área do rádio lançaram, no ano passado, o livro Radialismo no Brasil – Cartografia do Campo Acadêmico (Itinerário de Zita, a pioneira), organizado por Marques de Melo e Nair Prata (2015). Neste livro, vislumbra-se não somente o pioneirismo de Zita, que fez sua estreia como pesquisadora acadêmica do rádio em 1965 e que em 1967 concluiu a primeira dissertação de pós-graduação sobre o meio, o já referido livro “Princípios e Técnicas de Radiojornalismo”, publicado em 1970. A obra é uma das principais do levantamento bibliográfico que me auxiliaram a evidenciar registros que aqui trago e que pontuaram o roteiro para dar andamento ao estudo da história do campo acadêmico do rádio no Brasil. Cito alguns dos principais:

- “O que é preciso ler para entender o Rádio e compreender o Radialismo”, de Antônio da Costa, Goretti Sampaio Freitas, Luiz Custódio da Silva e Moacir Barbosa de Souza(2015, p. 27-48) . Neste artigo, os autores fazem um mapeamento de 194 livros

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publicados por profissionais e especialmente pesquisadores brasileiros do rádio somente entre 2000 e 2015;

- “Hipóteses de trabalho”, de Marcelo Kischinhevsky (2015, p. 301-306). Este autor observa, em seu artigo, que “o rádio penou para assumir o lugar que lhe cabia nos estudos de comunicação”, no Brasil assim como no mundo. Percorre e analisa as principais contribuições de Zita para o desenvolvimento dos seus estudos acadêmicos no país e encerra suas hipóteses de trabalho para reconstituir a construção do campo com uma espécie de alerta de que nós, os pesquisadores de história da mídia, “deveríamos nos dedicar a um historiografia do pensamento comunicacional – sem a qual viveremos num eterno presente descontextualizado, deixando de dialogar com quem nos antecedeu”.

- “O campo acadêmico do Radialismo no Brasil: cenários possíveis”, de Nair Prata, Maria Claudia Santos, Sônia Caldas Pessoa, Wanir Campelo (215, p. 104-134). Neste trabalho, as autoras também propõem um percurso para traçar a história dos cursos de radialismo no Brasil. São cursos específicos sobre rádio e televisão, distintos dos cursos de Jornalismo, onde se inserem as disciplinas de radiojornalismo. Conforme as autoras, com base em dados do Inep, atualmente funcionam 28 cursos de radicalismo no país, a maioria em estabelecimentos privados de ensino superior. Importante ressaltar que se trata de artigo com foco exclusivo nos cursos.

Não compõe o livro, mas também traz registros para uma historiografia do campo:

- “Introdução à Técnica Radiofônica, organizada por Mário de Moura em 1956: nas referências de Zita, a primeira coletânea sobre técnicas de rádio publicada no Brasil”, de Eduardo Meditsch (2015). O autor apresentou seu artigo no Intercom Nacional do Rio de Janeiro, no ano passado, e nele explica que a obra se trata do primeiro livro sobre técnicas de rádio publicado no Brasil. Chegou à publicação por meio das referências citadas por Zita de Andrade Lima. Mário de Moura, o organizador do livro, foi entrevistado por Meditsch. Ele também era o proprietário da Editora Páginas, que editou a obra, e conforme Meditsch, foi a primeira casa editorial especializada em Comunicação e Artes no Brasil e provavelmente em todo o mundo de Língua

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Portuguesa.

Outra fonte que levantei como obrigatória para seguir o roteiro e traçar a historiografia do campo acadêmico do rádio é a pesquisa de Dóris Fagundes Haussen (2004) intitulado “A produção científica sobre o rádio no Brasil: livros, artigos, dissertações e teses (1991-2001)”, onde se encontra um mapeamento dos livros, artigos, dissertações e teses sobre o rádio no Brasil publicados naquele período. Ainda de Dóris Haussen, apresentado no último evento nacional da Alcar, o 10º Encontro, incluí no levantamento o artigo “Memória dos textos sobre rádio publicados na Revista Intercom (2002-2012”.

Também é outra obra fundamental para se refletir a constituição histórica do campo acadêmico do rádio no Brasil o artigo “Pesquisa em rádio no Brasil – o

protagonismo do GP Rádio e Mídia Sonora da Intercom”, da já citada pesquisadora Nair Prata (2015, p. 219-238). Prata, para quem a pesquisa em rádio teve “início tardio”, evidencia assim a conformação dos estudos científicos sobre o meio:

“A pesquisa em rádio no Brasil teve seu início efetivo nos anos 1980. Até então, as produções eram isoladas, capitaneadas principalmente por profissionais da comunicação. Em 1991, a criação de um grupo, pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom), com o objetivo de pesquisar exclusivamente o rádio, catapultou a área como lócus privilegiado de investigação.” (PRATA, 2015, p.219)

Não se trata propriamente do início, mas foi quando a pesquisa deslanchou de forma efetiva, pesquisa coletiva e mais organizada, pesquisadores se juntam organicamente com a fundação do GP de Rádio da Intercom. Entretanto, como já se pode observar mesmo nos levantamentos iniciais, o campo acadêmico já vinha constituindo-se e contava, então, com uma história 15 anos. Para construir uma linha do tempo histórica, ainda tenho como apontamentos que há pesquisadores com obras referenciais que precisam ser refletidos como demarcadores (anteriores), em especial Gisela Ortriwano. Também registrei como fundamental para a consolidação do campo acadêmico o GT História da Mídia Sonora da Alcar, em atividade desde 2001.

A constituição do campo igualmente passa pelos GTs de Extensão e de Produção Laboratorial - Eletrônicos do Fórum Nacional de Professores de Jornalismo, o FNPJ.

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Institucionalizado em 2004, mas já realizou 15 Encontros Nacionais, nos quais, entre as pesquisas apresentadas, encontram-se, a cada edição, vários trabalhos com foco no rádio. O FNPJ também realiza encontros regionais onde são apresentados artigos, ou seja, também está contribuindo para desenvolver o campo.

Tendências contemporâneas

Para rascunhar o cenário atual dos estudos acadêmicos do rádio, trago alguns números do GP Rádio e Mídia Sonora, levantados no seu último encontro, no ano passado, no Intercom, do Rio de Janeiro. Considero que expressam bem as tendências emergentes de pesquisa no campo. Foram 56 artigos selecionados para apresentação e 52 apresentaram, tendo como temas preponderantes, em ordem de prevalência: “História do rádio” (em função da mesa especial sobre a trajetória de Zita de Andrade Lima); “Tendências contemporâneas do rádio e da comunicação sonora”, incluindo debates sobre tecnologias, modelo de negócio e configuração do mercado; “Interfaces do rádio” e a seguir verificaran-se temáticas relacionadas ao “Radiojornalismo” e à “Linguagem sonora e rádio-arte”. Também se destacaram os artigos refletindo Radio Esportivo.

Também foram promovidas mesas especiais, principalmente prosseguindo com o debate com o mercado, compreendendo-se este no seu sentido mais amplo e não apenas com o comercial. Ou seja, mantém relação com suas raízes de perfil híbrido, sempre tratando de discutir com alguma área ou sobre alguma demanda/questão em evidência. Conforme o relatório da coordenação do GP, tendo na sua composição Valci Zuculoto, Marcelo Kischinhevsky e Débora Lopez, o grupo de pesquisa Rádio e Mídia Sonora refletiu, nesta edição do congresso da Intercom, seu caráter diverso, multidisciplinar e inclusivo.

Em relação ao escopo de investigação, a interdisciplinaridade reflete pontos fundamentais da ementa do grupo, como o diálogo entre o mercado e academia, o esforço para o desenvolvimento teórico e a preocupação com o apuro metodológico, contando inclusive com pesquisas que analisam e criticam a própria produção do grupo, buscando estimular o crescimento e a melhoria destes estudos e pesquisadores.

Proposta de Linha do Tempo

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Comunicação como um todo e a partir dos apontamentos históricos já levantados e apresentados aqui, foi possível esboçar a seguinte proposta de periodização, ao modo de Linha do Tempo, para o campo de estudos científicos em rádio:

Século 20

Anos 20/30/40 - 1º período – Fase dos Precursores Anos 50/60 (meados) – 2º período – Fase do Pioneirismo Anos 70/80 – 3º período – Fase de Organização

Anos 90 – 4º período – Fase de Fortalecimento Século 21

Anos 10 – 5º período - Consolidação A caminho dos anos 20

Referências Bibliográficas

COSTA, Antônio da; FREITAS, Goretti Sampaio; CUSTÓDIO DA SILVA, Luiz; BARBOSA DE SOUZA, Moacir. O que é preciso ler para entender o Rádio e

compreender o Radialismo. In.: MARQUES DE MELO, José; PRATA, Nair.

Radialismo no Brasil – Cartografia do campo acadêmico (Itinerário de Zita, a pioneira). Florianópolis: Insular, 2015.

HAUSSEN, Dóris Fagundes. A produção científica sobre o rádio no Brasil: livros,

artigos, dissertações e teses (1991-2001). Revista FAMECOS, Porto Alegre, n. 25, dez.

2004.

KISCHINHEVSKY, Marcelo. Hipóteses de trabalho. In.: MARQUES DE MELO, José; PRATA, Nair. Radialismo no Brasil – Cartografia do campo acadêmico (Itinerário de Zita, a pioneira). Florianópolis: Insular, 2015.

LIMA, Maria José de Andrade. Princípios e Técnica de Radiojornalismo. Brasília: ICINFORM, 1970.

MARQUES DE MELO, José; PRATA, Nair. Radialismo no Brasil – Cartografia do

campo acadêmico (Itinerário de Zita, a pioneira). Florianópolis: Insular, 2015.

PRATA, Nair; SANTOS, Maria Cláudia; PESSOA, Sônia Caldas; Campelo, Wanir. O

campo acadêmico do Radialismo no Brasil: cenários possíveis. In.: MARQUES DE

MELO, José; PRATA, Nair. Radialismo no Brasil – Cartografia do campo

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ZUCULOTO, Valci. “Arriba Zita”! A “chimbica” que virou “cobra” e suas análises

de conjuntura. In.: MELO, José; PRATA, Nair. Radialismo no Brasil – Cartografia do

Referências

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