• Nenhum resultado encontrado

ALTERAÇÕES HEMATOLÓGICAS EM BOVINOS INFESTADOS EXPERIMENTALMENTE COM LARVAS DE Dermatobia hominis (DIPTERA: CUTEREBRIDAE)

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "ALTERAÇÕES HEMATOLÓGICAS EM BOVINOS INFESTADOS EXPERIMENTALMENTE COM LARVAS DE Dermatobia hominis (DIPTERA: CUTEREBRIDAE)"

Copied!
7
0
0

Texto

(1)

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi estudar as alterações hematológicas de bovinos infestados experimentalmente com larvas de Dermatobia hominis. Para isso um grupo de seis bovinos foi infestado experimentalmente com 60 larvas de primeiro “instar” (L1) por animal e outro grupo de seis ani-mais foi utilizado como controle. Acompanhou-se os dois grupos de animais semanalmente, até o 63º dia após a infestação (DAI), colhendo-se amostras de sangue, para a realização do hemograma. Em relação às variáveis da série

vermelha do hemograma (hematimetria, hemoglobinometria, volume globular, hemoglobina globular média, volume globular médio e concentração de hemoglobina globular média) não se observou diferença significativa (P>0,05) en-tre as médias das mesmas, no grupo infestado e no controle, durante o período estudado, tendo os animais apresentados valores destas dentro dos limites de normalidade. Em rela-ção às variáveis da série branca do hemograma, as médias da leucometria global, do número absoluto de linfócitos, neutrófilos segmentados, monócitos, eosinófilos e bastões não mostraram diferenças significativas entre o grupo infestado e o controle, durante o período estudado. Já a média geral dos percentuais de neutrófilos segmentados foi significativamen-te (P<0,05) maior e a dos linfócitos, significativamensignificativamen-te me-nor, no grupo infestado em relação ao controle. Não foram encontrados basófilos circulantes, em ambos os grupos de animais. Estes resultados indicam que os bovinos, mesmo

COM LARVAS DE Dermatobia hominis (DIPTERA: CUTEREBRIDAE)

CELSO G. BARBOSA 1; ARGEMIRO SANAVRIA2; MARIA DANIELLE P. R.C. BARBOSA3

ABSTRACT.- BARBOSA, C.G; SANAVRIA, A.; BARBOSA, M.D.P.R.C. [Hematological changes in cattle experimentally infested with larvae of Dermatobia hominis (Diptera: Cuterebridae).] Alterações hematológicas em bovinos infestados experimentalmente com larvas de Dermatobia hominis (Diptera: Cuterebridae). Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v. 12, n. 2, p. 61-67, 2003. Departamento de Matemática/ICE/UFRRJ, Km 7 da BR 465, Seropédica, RJ 23890-000, Brasil. E-mail: celsogb@ufrrj.br

The objective of this work was to study the clinical changes of artificially infested cattle with larvae of Dermatobia hominis. A group consisting of six artificially infested animals with 60 newly hatched D. hominis larvae (L1) per animal, as well as a control group of six animals, were used. The two groups of animals were weekly accompanied, until the 63rd day after the infestation (DAI), taking blood samples for the hematological analysis. In relation to the

red blood cell variables (erythrocyte count, hemoglobin concentration, packed cell volume, mean corpuscular hemoglobin, mean corpuscular volume, and mean corpuscular hemoglobin concentration), it was not observed significant differences (P>0.05) between the averages of infested group and control group, during the study period, as well as the animals revealed values of these inside of the normality limits. In relation to white blood cell variables, averages obtained upon total white blood cell, lymphocytes, segmented neutrophils, monocytes, eosinophils, and band neutrophils absolutes counts showed no differences between infested group and control group during the study period. Already the general mean of segmented neutrophils percentages was significantly higher (P<0.05) and that obtained of the lymphocytes percentages was significantly lower, in the infested group, than the control group. Basophils counts did not show any cells in both groups of animals. These results indicate that the cattle, even young, when infested with about 60 newly hatched D. hominis larvae, they do not present significant alterations in the values of the blood count.

KEY WORDS: Dermatobia hominis, myiasis, human botfly, hematological changes.

1Departamento de Matemática/ICE/UFRRJ, Km 7 da BR 465, Seropédica,

RJ, 23890-000, Brasil. E-mail: celsogb@ufrrj.br

2Departamento de Epidemiologia e Saúde Pública/IV/UFRRJ. 3Colégio Técnico da Universidade Rural/UFRRJ.

(2)

jovens, quando infestados com cerca de 60 larvas de D. hominis, não apresentam alterações significativas nos valo-res do hemograma.

PALAVRAS-CHAVE: Dermatobia hominis, miíase, berne, alterações hematológicas.

INTRODUÇÃO

Dermatobia hominis (LINNAEUS JR., 1781), conhecida no Brasil como mosca do berne, é um dos mais importantes ectoparasitos dos animais domésticos e está amplamente dis-tribuída nas regiões tropicais e subtropicais da América Lati-na, desde o Sul do México até o Norte da ArgentiLati-na, sendo o Chile o único país em que este díptero, ainda não foi encon-trado (ANDERSEN, 1960; SANCHO, 1988). Esta mosca tende a se localizar, de preferência, nas regiões quentes e úmidas, de vegetação abundante e de altitudes não superiores a 1000 metros, sendo que as regiões secas do Nordeste do Brasil não favorecem o desenvolvimento da mesma (MA-GALHÃES; LESSKIU, 1982). As formas larvais desta mos-ca, conhecidas como berne, são parasitos obrigatórios encon-trados no tecido subcutâneo de inúmeros animais domésticos e silvestres, inclusive o homem, provocando um tipo de miíase nodular denominada dermatobiose (SILVA JUNIOR et al., 1988).

Sua importância na bovinocultura está relacionada com os prejuízos econômicos causados pelas formas larvares da mesma (LELLO et al., 1982; MAGALHÃES; LESSKIU, 1982; SANCHO, 1988). A duração do ciclo de vida comple-to da D. hominis varia segundo as condições ambientais e o hospedeiro onde as larvas se desenvolvem, podendo se es-tender por mais de 100 dias, sendo que no caso de altas infestações, em bovinos, pode durar somente cerca de 35 dias (LELLO et al., 1982). Estudos sobre alterações hematológicas, em bovinos infestados por D. hominis, ainda não foram encontrados na literatura, porém, alguns já têm sido feitos, nesta espécie animal, com Cochliomyia hominivorax (OLIVEIRA, 1980; MORAIS, 2002). Um dos primeiros estudos sobre alterações hematológicas causadas por cuterebrídeos foi realizado por Sealander (1961) em ca-mundongos. Alguns estudos experimentais com D. hominis têm sido realizados em cobaias para se avaliar possíveis alte-rações hematológicas (CORONADO-FONSECA, 1993).

O presente trabalho teve como objetivo conhecer as pos-síveis alterações hematológicas de bovinos experimentalmente infestados com L1 de D. hominis.

MATERIAL E MÉTODOS

Para a obtenção das pupas foram realizadas coletas fre-qüentes de larvas de terceiro instar (L3) da pele de bovinos abatidos em matadouros e de bovinos vivos, todos natural-mente infestados, nos arredores do campus da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (RJ). No laboratório, as L3 com peso superior a 400 mg foram colocadas em frascos de vidro, contendo serragem de pinho, identificadas com a data

da coleta e mantidas em estufa B.O.D. regulada para a tem-peratura de 25 ± 2ºC e 70 ± 10% de umidade relativa do ar. Após um período de 26 a 31 dias, os adultos que emergiram das pupas foram colocados para acasalamento, em gaiolas de madeira cobertas com tela de náilon, juntamente com exem-plares de Musca domestica L., para que servissem de vetores da oviposição de fêmeas adultas de D. hominis. Manteve-se em cada gaiola uma proporção de 10 a 30 adultos de D. hominis, para 50 a 100 insetos vetores, sendo que os vetores, portadores de ovos de D. hominis, foram capturados, acondi-cionados em tubos de ensaio e colocados em estufa B.O.D., sob as mesmas condições anteriormente mencionadas. Após completarem um período de incubação, variando de 4 a 6 dias, as larvas de primeiro instar, já em fase de rompimento dos ovos foram mantidas em estufa B.O.D. a 20 ± 1ºC, até o momento da infestação dos animais.

Foram utilizados no experimento 12 bovinos machos, mes-tiços (Bos taurus x Bos indicus), na faixa etária de 12 a 18 meses e com peso entre 120 a 140 kg, livres de infestação por D. hominis. Para adaptação às baias individuais, os animais foram mantidos estabulados por um período de 25 dias, rece-bendo como alimentação, ração concentrada comercial (Purina), capim elefante (Pennisetum purpureum Schum.) picado e água potável ad libitum. No início deste período, administrou-se aos animais um vermífugo à base de cloridrato de levamisol (Ripercol, Cyanamid) e um banho com carrapaticida à base de deltametrina (Butox, Hoechst). Após os 25 dias, os animais foram infestados, sendo os mesmos divididos aleatoriamente em dois grupos de seis animais, sendo um mantido como gru-po controle (não infestado) e o outro como grugru-po infestado. Para se realizar a infestação, procedeu-se à contenção dos ani-mais e à tricotomia dos pêlos em diferentes locais da região lombo-sacra dos mesmos. A metodologia de infestação utili-zada foi semelhante à realiutili-zada por Sanavria et al. (1987), onde as L1 foram estimuladas a abandonarem os ovos, sendo as mesmas, retiradas individualmente, com um pincel de ponta fina e depositadas na região lombo-sacra dos animais, previa-mente preparada. Individualprevia-mente os animais foram infesta-dos com 60 larvas (L1) de D. hominis.

As colheitas de amostras de sangue foram realizadas pe-las manhãs dos dias -7, 0, 7, 14, 21, 28, 35, 42, 49 e 63 após a infestação, sendo as mesmas realizadas por punção da veia jugular, com auxílio de seringas e agulhas estéreis. Com o sangue obtido, confeccionaram-se esfregaços para citoscopia e contagens diferenciais dos leucócitos, bem como estocado em frascos contendo anticoagulante EDTA (ácido etilenodiamino tetra-acético) para a realização do hemograma. Foram determinados os seguintes parâmetros sangüíneos: volume globular, hematimetria, hemoglobinometria, hemoglobina globular média (HGM), volume globular mé-dio (VGM), concentração de hemoglobina globular média (CHGM) e contagens total e diferencial de leucócitos, segun-do as técnicas descritas por Schalm et al. (1975).

O ensaio com os animais foi planejado considerando-se um delineamento inteiramente ao acaso com dois fatores

(3)

(si-tuação da infestação - presente ou ausente e períodos de ava-liações) e seis repetições por tratamento. Para a avaliação dos resultados dos exames hematológicos, utilizou-se o teste F de Fisher-Snedecor (ANOVA), o teste de Tukey, bem como a análise por regressões polinomiais. As contagens total e diferencial (absoluta ou relativa) dos leucócitos foram previ-amente transformadas em raiz quadrada antes da análise de variância (SNEDECOR; COCHRAN, 1976).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observou-se que os animais infestados apresentaram um desenvolvimento larval variando de 50 a 97% em relação ao número de L1 utilizadas e que a partir do 33º ao 35o DAI,

iniciou-se a queda das L3, sendo que no 42o DAI não se

evi-denciou, em todos os animais infestados, a presença desta lar-va nos nódulos parasitários.

Série vermelha

Os valores médios dos resultados da hematimetria, da hemoglobinometria e do volume globular (VG) estão

expres-Figura 1 – Valores médios e erros padrões da hematimetria, da hemoglobinometria e do volume globular, observados em bovinos infestados experimentalmente com Dermatobia hominis () e no gru-po controle (), sem infestação. Linhas tracejadas representam os limites de normalidade segundo SCHALM et al. (1975).

Figura 2 – Valores médios e erros padrões do volume globular médio (VGM), da hemoglobina globular média (HGM) e da concentração de hemoglobina globular média (CHGM), observados em bovinos infes-tados experimentalmente com Dermatobia hominis () e no grupo controle (), sem infestação. Linhas tracejadas representam os limi-tes de normalidade segundo SCHALM et al. (1975). Linhas pontilha-das representam as regressões quadráticas para o grupo infestado e as regressões lineares para o controle, sem infestação.

sos na Figura 1, enquanto que os valores médios dos resulta-dos do volume globular médio (VGM), da hemoglobina globular média (HGM) e da concentração de hemoglobina globular média (CHGM) estão expressos na Figura 2.

Observou-se que todos os resultados dos parâmetros da série vermelha do hemograma, nos animais infestados, apresentaram flutuações muito semelhantes às apresentadas nos controles e que as médias destes resultados não apresen-taram diferenças significativas (P>0,05) em relação às dos controles, durante todo o período experimental. Os resulta-dos resulta-dos valores médios do VGM e HGM resulta-dos animais infesta-dos apresentaram uma tendência significativa (P<0,05) de queda até cerca de 35 dias, seguida de um pequeno aumento até o 63o DAI. Esta tendência de queda observada nestes

dois parâmetros, em parte pode ser explicada pelo fato de que o número de eritrócitos apresentou discreto aumento, durante o período experimental e que este número é utilizado como denominador no cálculo destes dois parâmetros.

15 20 25 30 35 40 45 50 -7 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

Dias após a infestação

V o lu m e g lo b u la r (% ) 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 -7 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63 E ri tr ó c it o s (m ilh õ e s / l) 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 -7 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63 H e m o g lo b in a (g /d l) Eritrócitos (milhões/ µ l) R2 infest.= 0,45 R2 contr.= 0,44 32,0 36,0 40,0 44,0 48,0 52,0 56,0 60,0 -7 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63 VG M (f l) R2 infest.= 0,46 R2 contr.= 0,40 10,0 11,0 12,0 13,0 14,0 15,0 16,0 17,0 18,0 -7 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63 HG M (p g) 28,0 29,0 30,0 31,0 32,0 33,0 34,0 35,0 36,0 -7 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

Dias após a infestação

CHG

M

(%

(4)

Resultados diferentes foram obtidos por Coronado-Fon-seca (1993) em cobaias infestadas por D. hominis, o qual observou uma discreta diminuição dos níveis do volume globular e das concentrações de hemoglobina.

Pode-se constatar pelo presente estudo, onde o número de L3 de D. hominis desenvolvidas por animal variou de 30 a 58 larvas, ou seja, com um percentual de desenvolvimento larval variando de 50 a 97% em relação ao número de L1 utilizadas, que infestações parasitárias deste nível, não che-gam a provocar alterações substanciais na série vermelha do hemograma dos animais.

Série branca

Leucometria global e contagens de linfócitos

Os valores médios dos resultados da leucometria global e das contagens absolutas e relativas de linfócitos estão expres-sos na Figura 3. Observou-se que as médias da leucometria global e das contagens absolutas de linfócitos dos animais in-festados, não apresentaram diferenças significativas em rela-ção às dos controles, durante todo o período experimental. A

média global das contagens relativas de linfócitos, nos animais infestados, foi significativamente menor que a observada nos controles, apresentando-se significativamente inferior, nos pe-ríodos de zero e sete dias, assim como no 35º DAI. A redução dos percentuais de linfócitos verificada no período de 21 a 35 DAI, ocasião da atuação das L2 e L3 de D. hominis, possivel-mente esteja relacionada com a liberação de corticóides, devi-do ao estresse provocadevi-do pela ação mecânica devi-dos ganchos bu-cais destas larvas, bem como ao aumento absoluto e relativo do número de neutrófilos segmentados neste período.

Oliveira (1980) observou em bovinos no 7º DAI com C. hominivorax uma redução relativa de linfócitos acompanha-da de aumento relativo de neutrófilos, tendo retornado aos valores normais aos 14º DAI. Fato semelhante também foi observado na infestação experimental com D. hominis em coelhos (LELLO; BOULARD, 1990) e em cobaias (CORONADO-FONSECA, 1993), onde verificaram uma ini-bição da resposta imune humoral contra larvas de segundo e terceiro instar deste parasito. Este estado de imunossupressão foi observado em infestações por outros parasitos, como em cães infestados por Demodex canis, em camundongos parasitados por Myocoptes musculinis (WIKEL, 1984), em ovinos infestados por Psoroptes ovis (O’BRIEN et al., 1995) e em bovinos infestados com Hypoderma lineatum (BARON; WEINTRAUB, 1987).

Neutrófilos segmentados

Os valores médios dos resultados das contagens absolu-tas e relativas de neutrófilos segmentados estão expressos na

Figura 3 – Valores médios e erros padrões da leucometria global e do número e percentual de linfócitos, observados em bovinos infestados experimentalmente com Dermatobia hominis () e no grupo controle (), sem infestação. Linhas tracejadas representam os limites de normalidade segundo SCHALM et al. (1975). Linhas pontilhadas re-presentam a regressão polinomial para o grupo infestado e a regres-são linear para o controle, sem infestação.

Figura 4 – Valores médios e erros padrões do número e percentual de neutrófilos, observados em bovinos infestados experimentalmen-te com Dermatobia hominis () e no grupo controle (), sem infestação. Linhas tracejadas representam os limites de normalida-de segundo SCHALM et al. (1975). Linhas pontilhadas representam as regressões polinomiais para o grupo infestado.

R2 = 0,68 3000 5000 7000 9000 11000 13000 15000 -7 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63 Le uc óc ito s/ l 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 -7 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63 Li nf óc ito s/ l R2 = 0,43 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0 -7 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

Dias após a infestação

Linf óc ito s (% ) Leucócitos/ µ l Linfócitos/ µ l R2 = 0,37 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 -7 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63 N eutr ó fil o s s eg m e n ta dos / l R2 = 0,45 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 -7 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

Dias após a infestação

N eut ró fi lo s s egme nt a dos (% ) Neutrófilos segmentados/ µ l

(5)

Figura 4. Observou-se que as médias das contagens absolu-tas desabsolu-tas células nos animais infestados, embora maiores, não diferiram significativamente daquelas observadas nos controles e que as variações apresentadas, sempre estiveram dentro da faixa de normalidade. Já em relação às contagens relativas destas células, observou-se que a média verificada nos animais infestados foi significativamente maior que a verificada nos controles, especialmente no 35º DAI. A ten-dência apresentada pela contagem relativa de neutrófilos seg-mentados, apresentou variação oposta à apresentada pela con-tagem relativa de linfócitos, durante todo o período experi-mental. As observações evidenciaram que embora as médias das contagens absolutas de neutrófilos nos animais infesta-dos apresentassem maiores que as obtidas nos animais con-troles, exceto no 14º DAI, somente foi verificado uma neutrofilia aos 35 DAI em um animal.

Durante a fase inicial de desenvolvimento de L1 de D. hominis, foram observados em bovinos (SANAVRIA et al., 1987) e em coelhos (LELLO et al., 1980), intensos acúmulos

Figura 5 – Valores médios e erros padrões do número de monócitos, eosinófilos e bastões, observados em bovinos infestados experimen-talmente com Dermatobia hominis () e no grupo controle (), sem infestação. Linhas tracejadas representam os limites de normalidade segundo SCHALM et al. (1975). Linhas pontilhadas representam a regressão quadrática ou a linear para o grupo controle, sem infestação.

de neutrófilos em torno da larva, o que pode explicar a redu-ção nas contagens absolutas e relativas destas células nos animais infestados no período de 0 a 14 dias. Também foi observada uma redução nas contagens absolutas de neutrófilos, em bovinos reinfestados com Amblyomma americanum (BROWN et al., 1984) e em ovinos infestados por P. ovis (O’BRIEN et al., 1995). Coronado-Fonseca (1993) observou em cobaias, infestadas por D. hominis, que os neutrófilos segmentados circulantes aumentaram cerca de quatro vezes, de 48 horas até o 18o DAI, ocasião esta em que

foi realizada uma reinfestação, a qual provocou um gradual declínio das contagens destas células nas primeiras 24 horas. Monócitos, eosinófilos, bastões e basófilos

Os valores médios dos resultados das contagens absolu-tas de monócitos, eosinófilos e bastões estão expressos na Figura 5. Observou-se que as médias das contagens destas células, nos animais infestados, não diferiram significativa-mente daquelas observadas nos controles e que as variações apresentadas, estiveram quase sempre dentro da faixa de nor-malidade.

Observou-se também, nos animais infestados, que as mé-dias das contagens absolutas de monócitos mostraram peque-nas variações, com uma contagem maior em torno do sétimo dia, após a infestação. Estudos realizados em bovinos infes-tados por C. hominivorax (MORAIS, 2002) e em ovinos in-festados por P. ovis (O’BRIEN et al., 1995) também eviden-ciaram pequenas variações nas contagens de monócitos, com algumas variações individuais de respostas.

Em relação às contagens absolutas de eosinófilos, nos animais infestados, observou-se que as médias das contagens destas células, não diferiram significativamente daquelas ob-servadas nos controles, durante todo o período experimental, e que se apresentaram dentro da faixa de normalidade.

Aumentos nos números de eosinófilos circulantes, devi-do à ação de parasitos, foram relatadevi-dos em diferentes tipos de infestações, como por ácaros em ovinos (O’BRIEN et al., 1995) ou por larvas de D. hominis em cobaias (CORONADO-FONSECA, 1993), porém no presente trabalho, as variações das contagens destas células nos animais infestados não ca-racterizam a ocorrência de eosinofilia.

Em relação às contagens absolutas de bastões, nos ani-mais infestados, observou-se que as médias das contagens destas células não diferiram significativamente, daquelas ob-servadas nos controles, durante todo o período experimental, porém, estas apresentaram valores acima da faixa de norma-lidade, aos 35 DAI, devido a resposta elevada de um dos ani-mais. Observou-se também nos animais infestados, uma cor-relação linear negativa significativa entre as contagens abso-lutas e relativas dos bastões e as contagens relativas de linfócitos.

Os basófilos não foram encontrados nos animais infesta-dos e nos controles, durante todo o período experimental. Já que estas células são raras no sangue periférico e que um aumento do número destas geralmente está associado com a

R2 = 0,28 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 -7 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63 M on óc ito s/ l R2 = 0,26 0 400 800 1200 1600 2000 2400 -7 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63 Eo si nó filo s/ l 0 40 80 120 160 200 240 280 320 -7 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63

Dias após a infestação

B as tõ es / l Bastões/ µ l Eosinófilos/ µ l Monócitos/ µ l

(6)

produção de IgE, pode-se presumir que nas infestações leves por D. hominis, não existe sensibilização do animal a ponto de estimular a produção desta imunoglobulina, ao contrário de bovinos infestados por Amblyomma onde se observaram acúmulos de basófilos no local da infestação (BROWN et al., 1984) ou mesmo a constatação de uma basofilia no sangue periférico (WILLIAMS et al., 1978).

Aliado ao fato de que os bovinos não revelam grandes aumentos de leucócitos, quando acometidos por processos inflamatórios, já que os mesmos não têm grandes reservas de neutrófilos maduros, na medula óssea, para suportar e man-ter uma demanda imediata de aumento destas células (PRATHABAN; GNANAPRAKASAM, 1990), as variações observadas na série branca, dos animais infestados, sugere que o estado de redução da resposta imune, induzida pelas larvas de D. hominis seja um dos mecanismos de escape da resposta imune dos animais.

Um destes mecanismos, como sugerido por Oliveira-Sequeira et al. (1993), seria o fato de que as larvas de D. hominis produzem substâncias proteolíticas, durante o pro-cesso de alimentação, com capacidade de degradação das imunoglobulinas formadas pelo hospedeiro. Estes autores constataram no local de infiltração larval, a presença de plasmócitos a partir das 48 horas após a infestação, como também observaram, após 72 horas, a existência de imunoglobulinas no interior do trajeto fistuloso das larvas e que nos cortes contendo larvas mortas, estas se encontravam entre as células do infiltrado celular, sobre a cutícula e no interior das larvas.

Na infestação experimental com D. hominis em bovinos que nunca tiveram históricos prévios de parasitismo por este díptero, verificou-se que embora os animais sofressem um incômodo acentuado com a presença de dezenas de nódulos parasitários, os valores da temperatura retal, das freqüências cardíaca e respiratória não mostraram alterações expressivas tendo-se mantidos dentro dos limites de normalidade (BAR-BOSA et al., 2002). No presente trabalho tem-se observado efeito semelhante com os valores da série vermelha do hemograma, os quais também se mantiveram dentro dos li-mites de normalidade nos animais infestados e pequenas al-terações na série branca como a ocorrência de linfocitose re-lativa no 14º DAI.

O que se pôde verificar é que os bovinos, mesmo jovens, quando infestados com cerca de 60 larvas de D. hominis, não apresentam alterações significativas nos valores do hemograma. Isto se deve possivelmente ao fato deste parasi-to alojar-se no tecido subcutâneo, o que não provoca uma agressão tão intensa como a ocasionada por C. hominivorax.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDERSEN, E. H. Biology, distribution and control of Dermatobia hominis. Veterinary Medicine, v. 55, n. 1, p. 72-78, 1960.

BARBOSA, C. G.; SANAVRIA, A.; BARBOSA, M. D. P. R. C. Fase parasitária e alterações clínicas em bovinos

infes-tados experimentalmente com larvas de Dermatobia hominis (Diptera: Cuterebridae). Parasitología Latinoamericana, v. 57, n. 1-2, p. 15-20, 2002.

BARON, R. W.; WEINTRAUB, J. Lymphocyte responsiveness in cattle previously infested and uninfested with Hypoderma lineatum (De Vill.) and H. bovis (L.) (Diptera: Oestridae). Veterinary Parasitology, v. 24, n. 3-4, p. 285-296, 1987.

BROWN, S. J.; BARKER, R. W.; ASKENASE, P. W. Bovine resistance to Amblyomma americanum ticks: an acquired immune response characterized by cutaneous basophil infiltrates. Veterinary Parasitology, v. 16, n. 1-2, p. 147-165, 1984.

CORONADO-FONSECA, A. J. Dermatobiose em Cavia porcellus (Rodentia: Caviidae) induzida por larvas de Dermatobia hominis L. Jr. 1781 (Diptera: Cuterebridae): imunomodulação e avaliação das alterações sangüíneas e da atividade hemoaglutinante frente a hemácias de rumi-nantes e eqüinos no Brasil. 1993. 43 f. Tese (Doutorado) – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Itaguaí, 1993. LELLO, E.; BOULARD, C. Rabbit antibody responses to experimental infestation with Dermatobia hominis. Medical and Veterinary Entomology, v. 4, n. 3, p. 303-309, 1990.

LELLO, E.; MOTA, N. G. S.; PERAÇOLI, M. T. S. Reação inflamatória causada pelo berne, em coelhos imunizados ou não com extrato antigênico de Dermatobia hominis (Diptera: Cuterebridae). Ciência e Cultura, v. 32, n. 4, p. 458-461, 1980.

LELLO, E.; PINHEIRO, F. A.; NOCE, O. F. Epidemiologia de miíases no Município de Botucatu, S. P., Brasil. Arqui-vos da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais, v. 34, n. 1, p. 93-108, 1982.

MAGALHÃES F. E. P.; LESSKIU C. Efeito do controle do berne sobre o ganho de peso e qualidade dos couros em novilhos de corte. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 17, n. 2, p. 329-336, 1982.

MORAIS, M.C. Alterações clínicas, hematológicas e bioquímico-séricas determinadas por larvas de Cochliomyia hominivorax (Coquerel, 1858) (Diptera: Calliphoridae), em infestação experimental de bovinos. 83 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, 2002.

O’BRIEN, D. J.; ROBINSON, A. B.; GRAY, J. S.; O’REILLY, P. F. Haematology and blood biochemistry during the course of psoroptic scabies in sheep. Veterinary Research Communications, v. 19, n. 1, p. 39-48, 1995.

OLIVEIRA, C.M.B. Biologia, flutuação populacional e pa-tologia da Cochliomyia hominivorax (Coquerel, 1858) (Diptera: Calliphoridae). 1980. 92 f. Tese (Doutorado) – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Itaguaí, 1980.

OLIVEIRA-SEQUEIRA, T.C.G.; SCHMITH, F.L.; LELLO, E. Localização de imunoglobulinas e de antígenos larvais de Dermatobia hominis em pele de bovinos. In:

(7)

SEMI-NÁRIO BRASILEIRO DE PARASITOLOGIA VETERI-NÁRIA, 8., 1993, Londrina. Anais ... Londrina: CBPV, 1993. p. 26.

PRATHABAN, S.; GNANAPRAKASAM, V. Study on plas-ma fibrinogen level of indian crossbred cows in health and disease. Indian Veterinary Journal, v. 67, n. 5, p. 453-456, 1990.

SANAVRIA, A.; LOPES, C. W. G.; MOYA BORJA, G. E. Histopatologia da pele de bovino na infecção experimen-tal por Dermatobia hominis. Arquivos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, v. 10, n. 1-2, p. 9-23, 1987.

SANCHO, E. Dermatobia, the neotropical warble fly. Parasitology Today, v. 4, n. 9, p. 242-246, 1988.

SCHALM, O. W.; JAIN, N. C.; CARROL, E. S. Veterinary Hematology. 3rd ed. Philadelphia: Lea & Febiger, 1975. 807 p.

SEALANDER, J. A. Hematological values in deer mice in relation to blowfly infection. Journal of Mammalogy, v. 42, n. 1, p. 57-60, 1961.

SILVA JUNIOR, V. P.; LEANDRO, A. S.; MOYA BORJA, G. E. Ocorrência do berne, Dermatobia hominis (Diptera: Cuterebridae) em vários hospedeiros, no Rio de Janeiro, Brasil. Parasitología al Día, v. 22, n. 3, p. 716-720, 1988. SNEDECOR, G. W.; COCHRAN, W. G. Statistical methods.

6th ed. Ames: Iowa Press, 1976. 593 p.

WIKEL, S. K. Immunomodulation of host responses to ectoparasite infestation - an overview. Veterinary Parasitology, v. 14, n. 3-4, p. 321-339, 1984.

WILLIAMS, R. E.; HAIR, J. A.; McNEW, R.W. Effects of gulf coast ticks on blood composition and weights of pastured Hereford steers. Journal of Parasitology, v. 54, n. 2, p. 336-342, 1978.

Recebido em 8 de maio de 2003.

Referências

Documentos relacionados

A produção teórica dessas questões ocorreu, sobretudo, no contexto norte- americano, na medida em que a tomada de consciência das desigualdades de sexos, nas interseções

Mendo (2008), classifica os quadrinhos na internet em cinco grupos. O primeiro grupo pertence à arte produzida para os meios impressos que é disponibilizada na

Ao longo de todo o trabalho, eu procurei explicar o escopo e a ambição da política externa australiana para o Timor Leste a partir da posição do país no sistema internacional e

Estes ensaios são todos realizados num equipamento chamado &#34;MedCork&#34; (Fig. O MedCork é um sistema inteligente e integrado, totalmente automático, para medição do

[r]

Observa-se de forma geral muitas barreiras encontradas pelos enfermeiros para operacionalizar a sistematização da assistência de enfermagem, mas os profissionais diante

Thus, the objective of this study was to evaluate the carbon growth dynamics of a Seasonal Semideciduous Forest fragment, with 44.11 ha, located in the Parque Tecnológico de Viçosa –

Um experimento para análise da eficácia do fipronil 1% foram utilizados 20 bovinos de raça européia que foram divididos: dez animais infestados com larvas provenientes das teleóginas

Este trabalho apresentou os conceitos teóricos e experimentais da Técnica de Bobina Girante, ilustrados na prática através de duas bancadas desenvolvidas pelo Grupo de Magnetos do