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PROPAGANDA DE MEDICAMENTOS E AUTOMEDICAÇÃO

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PROPAGANDA DE MEDICAMENTOS E AUTOMEDICAÇÃO

Ana Laura Remédio Zeni Beretta1

Miriam de Magalhães Oliveira Levada2

Celso Luís Levada3

RESUMO

A propaganda de medicamentos é um tema que gera muitas discussões, pois pode ter como conseqüência a automedicação, que é cada vez mais comum na população brasileira. A automedicação é uma prática bastante difundida não apenas no Brasil, mas também em outros países. O problema é universal, antigo e de grandes proporções. A automedicação pode ser considerada uma forma de não adesão às orientações médicas e de saúde. As propagandas divulgam os medicamentos como se fossem quaisquer outros produtos, exaltando seus benefícios e ocultando suas desvantagens. As interações medicamentosas podem trazer

1 Docente permanente do Mestrado em Ciências Biomédicas. Doutora em Genética e Biologia Molecular, UNICAMP – 2004. Mestre em Microbiologia Aplicada pelo Instituto de Biociências de Rio Claro-UNESP, 1997. Especialista em Metodologia do Ensino Superior pela Faculdade de Ciências e Letras de Araras, 1992. Farmacêutica pela Faculdade de Ciências Biológicas de Araras, 1986. Biomédica pela Faculdade de Ciências Biológicas de Araras,1984. Integrante do Grupo de ensino de Ciências da Uniararas.

analaura@uniararas.br.

2 Professora de Biologia na Uniararas. Integrante do Grupo de ensino de Ciências da Uniararas. 3 Professor na Academia da Força Aérea. Integrante do Grupo de ensino de Ciências da Uniararas.

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riscos e benefícios à saúde de nosso organismo; tudo depende de como acontece a interação entre fármacos, alimentos e algumas substâncias.

As razões pelas quais as pessoas se automedicam são inúmeras. A propaganda desenfreada e massiva de determinados medicamentos contrasta com as tímidas campanhas, que tentam esclarecer os perigos da automedicação. A falta de regulamentação e fiscalização daqueles que vendem e a falta de programas educativos sobre os efeitos muitas vezes irreparáveis da automedicação, são alguns dos motivos que levam as pessoas a utilizarem medicamento mais próximo.

Palavras chaves : propaganda de medicamentos, automedicação, saúde

ABSTRACT

The advertisements of medicines is an issue that generates a lot of discussion, it can result in self-medication, which has been increasingly common in our population. Self-medication is a very common practice not only in Brazil but also in other countries. The problem is universal, ancient and of great proportions. Self-medication can be considered a form of non-adherence to medical guidelines and health. Advertisements disclose drugs as if they were any other products, promoting their benefits and hiding their drawbacks. Drug interactions can bring benefits and risks to the health of our body as it all depends on the interaction between chemicals products. The reasons why people self-medicate are numerous, for instance, the unrestrained advertisement of certain drugs in contrast to the much less frequent campaigns attempt to explain the dangers of self medication. Although there is a widespread belief all natural products are benefitial, some authors indicate that nature also produces a few strong poisons. There may be risks of the interaction between popular herbs and conventional drugs or excessive use of such herbs.

Keywords : advertisements of medicines, self-medication, health,

INTRODUÇÃO

Para CARVALHO (2009), um procedimento comum que faz parte do cotidiano de grande parcela da população brasileira é a automedicação. Vários fatores contribuem para esse cenário, sendo o principal deles o fato de uma boa parte dos brasileiros não terem um acesso ao atendimento médico, seja por questões financeiras ou por confiarem na indicação de outra pessoa, como o amigo, os familiares ou o vizinho. Outro fator que sugere a automedicação são as propagandas direcionadas ao público consumidor. Segundo MATIAS (2009), a prática da automedicação é um fato que ocorre em todo o mundo, com grande procura destes medicamentos em drogarias para tentar solucionar problemas do cotidiano da população. Por outro lado, estas pessoas que fazem uso desta prática não conhecem os problemas que estes fármacos podem causar quando administradas indiscriminadamente, o que pode afetar a saúde das pessoas. Campanhas educativas mais freqüentes e abrangentes podem atingir e impactar a população de um modo geral e assim,

promover um maior bem estar para as pessoas. Umdos inúmeros aspectos negativos da automedicação, por

exemplo, é a interação medicamentosa. PARACELSO, na idade Média, dizia que “a dose correta é que diferencia um veneno de um remédio”. A dificuldade de se conseguir uma opinião médica, a limitação do

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poder prescritivo, restrito a poucos profissionais de saúde, o desespero e a angústia desencadeados por sintomas ou pela possibilidade de se adquirir uma doença, informações sobre medicamentos na internet ou em outros meios de comunicação, a falta de regulamentação e fiscalização daqueles que vendem e a falta de programas educativos são motivos que levam as pessoas a utilizarem medicamento sem orientação médica. Pesquisas revelam que a cada meia hora, o Brasil notifica um caso de pessoa intoxicada por automedicação

(BELFORT, 2000).

A PROPAGANDA DE MEDICAMENTOS

A propaganda de medicamentos é um assunto delicado e há anos merece a atenção dos profissionais que lidam com a saúde e conhecem os perigos da automedicação.De acordo com SILVA E CORTE (2010) a propaganda de medicamentos é um tema que gera muitas discussões, pois diferentes estudos afirmam que a propaganda e publicidade de medicamentos têm como conseqüência a automedicação, cada vez mais comum na população brasileira. Um dos principais riscos apontados como resultado da influência da propaganda é a automedicação. Com a automedicação irresponsável, a pessoa pode mascarar o sintoma de

uma doença maior. As propagandas divulgam os medicamentos como se fossem quaisquer outros produtos,

exaltando seus benefícios e ocultando suas desvantagens. LOPES (2009) menciona que as interações medicamentosas podem trazer riscos e benefícios à saúde de nosso organismo, tudo depende de como

acontece ainteração entre fármacos, alimentos e algumas substâncias. As interações medicamentosas são

um evento clínico em que os efeitos de um medicamento são alterados pela presença de outro medicamento, alimento, bebida ou algum agente químico ambiental externo, ou seja, quando apenas é administrado um fármaco ele produz um determinado efeito esperado. Porém, quando um fármaco é associado a outro, ou a alimentos e substâncias como tabaco, drogas, etc., ocorrem efeitos diferentes do esperado, caracterizado como interação. Na maioria das vezes a interação se reverte em risco e prejuízos à saúde de nosso organismo. O desfecho de uma interação medicamentosa pode ser perigoso quando promove aumento da toxicidade de um fármaco. As interações medicamentosas são classificadas em interações físico-químicas e interações terapêuticas, e as interações físico-químicas ocorrem na condição fora do organismo, pois entre drogas diferentes podem ocorrer inúmeras incompatibilidades, que levam à reações quando estas são misturadas em infusão intravenosa, frascos ou seringas, podendo ocasionar a inativação dos fármacos em questão. Determinadas substâncias usadas indiscriminadamente podem alterar as condições fisiológicas do organismo de um paciente, fato que é muitas vezes ignorado e isso certamente deve ser considerado. Por exemplo, a dipirona pode baixar os níveis de células de defesa. Incluímos nesta análise o uso indiscriminado

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de medicamentos fitoterápicos, considerados remédios naturais, que as propagandas insistem em afirmar que não existem efeitos colaterais (LOPES 2009; MORAIS, 2003 ).

INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS E SEUS EFEITOS NOCIVOS

O conhecimento sobre as propriedades básicas de fármacos e de sua ação farmacológica é de suma importância para a realização de uma administração adequada considerando que o corpo humano é um sistema muito complexo formado por uma infinidade de substâncias que conseqüentemente entrarão em contato com os fármacos ingeridos. Além disso, é preciso estar ciente dos efeitos dos fármacos envolvidos na administração, para se evitar interações prejudiciais e possíveis efeitos adversos do fármaco que pode trazer riscos à saúde. Na maioria das vezes a interação medicamentosa se reverte em riscos e prejuízos à saúde de nosso organismo (SILVA, 2001; MORAIS, 2003).

MEDICAMENTOS NATURAIS

A medicina natural à base de plantas já é praticada por milhares de anos, por antigas civilizações. Existem muitos medicamentos e produtos naturais que estão sendo usados em todo o mundo, no entanto, para se utilizar algum desses produtos deve-se procurar o aconselhamento de um médico especialista em medicina natural. Alguns medicamentos naturais são conhecidos por terem efeitos colaterais desagradáveis e prejudiciais. O crescimento do mercado de fitoterápicos e seu uso indiscriminado, baseado na crença de ausência de efeitos colaterais, têm gerado certa preocupação entre os cientistas (MUELLER, 1998).

As pessoas que se automedicam também desconhecem que a quantidade de princípios ativos contida nas plantas pode variar de acordo com a idade da planta, a época da colheita, o tipo de solo, a parte utilizada e as condições de estocagem. E as plantas que crescem muito próximas às rodovias apresentam concentração elevada de metais como chumbo, zinco e alumínio, entre outros, cujos efeitos podem ser indesejáveis. SEGATTO (2010) escreve na revista ÉPOCA sobre uma série de reportagens feitas pelo Dr. Dráuzio Varella sobre os medicamentos naturais. De início ela desfaz o modo de pensar que tudo o que é natural é necessariamente benéfico. Mas, segundo a autora, natureza tem venenos poderosos. Ela escreve uma coluna sobre os riscos da interação entre ervas muito populares e medicamentos convencionais. Posteriormente SEGATTO comenta que Dráuzio Varella vai apresentar uma ampla investigação sobre ervas e fitoterápicos, numa série encomendada pela televisão. Uma das notícias divulgadas no artigo é que, depois de um mergulho no mundo obscuro dos fitoterápicos, Dráuzio concluiu que os brasileiros estão sendo

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enganados, pois, “antes de oferecer essas ervas aos pacientes, é preciso avaliar a ação delas com rigor científico".

VARELLA, na entrevista diz que mais da metade dos medicamentos são derivados dos produtos naturais. A morfina e a aspirina são alguns exemplos. Galeno desenvolveu no século II uma poção que tinha mais de 70 ervas. No entanto, usar chás para tratar de doenças é uma tradição popular, mas é um problema. De certo modo a medicina baseada em plantas não tem atividade totalmente demonstrada cientificamente, no sentido de poder ser comprovada em seres humanos. DRAUZIO VARELLA fala que os fitoterápicos têm de ser estudados com o mesmo procedimento pelo qual os remédios comuns são submetidos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme relatam SILVA E CORTE (2009), a propaganda de medicamentos é uma atividade comercial que movimenta mais de 400 bilhões de dólares no mundo. Com isso, cria um cenário bastante complexo e de grande importância, uma vez que define padrões de mercado e de comportamento para as pessoas, exercendo impacto concreto nas práticas terapêuticas. Em muitos estudos, a propaganda de medicamentos está diretamente ligada à automedicação, que pode ser definida como o uso de medicamentos sem prescrição médica, no qual o próprio paciente decide qual fármaco utilizar. Entre os efeitos nocivos da automedicação, destaca-se a intoxicação decorrente do uso inadequado de medicamentos. O processo acelerado de crescimento da indústria farmacêutica, instalada no país a partir dos anos 30, tem demandado uma nova ordem: a de oferecer medicamentos como se fossem quaisquer outros objetos de consumo e, como tais, precisassem ser amplamente divulgados nos meios de comunicação. A dor como vilã e o medicamento como salvador sempre fizeram parte da história da propaganda de medicamentos.

O farmacêutico é o principal articulador de todo o processo de atuação farmacêutica, pois, atende o paciente diretamente. Então, o trabalho conjunto entre o médico, o paciente e o farmacêutico, consolida a relação existente entre a prática e o conhecimento teórico, promovendo, sobremaneira, saúde, segurança e eficácia. Ás vezes, o farmacêutico enfrenta então um impasse, entre a sua sobrevivência no mercado, incluindo o sucesso da empresa e a garantia do seu emprego, e a realização plena das atividades do profissional farmacêutico, definida no código de ética e cobrada por diversas leis, refletindo a necessidade do profissional atuando na sociedade e que resulta na realização profissional. Tal situação é demonstrada por pesquisa motivada pela detecção de dificuldades enfrentadas por farmacêuticos, dentro de sua atuação profissional plena OLIVEIRA et al (2005).

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correto de medicamentos, tem o importante papel de informar o cidadão sobre todas as questões que envolvem a saúde: desde o perigo da automedicação até os cuidados para a eficácia do tratamento. O farmacêutico torna-se responsável e comprometido em dar respostas às necessidades de saúde trazidas pelo paciente. O profissional agirá de modo a escutar a queixa, os medos e as expectativas, identificar os riscos e a vulnerabilidade, e se responsabilizar para dar uma resposta ao problema. Assim, é possível concluir que grandes conhecimentos técnicos não são suficientes em todas as áreas profissionais, e em Farmácia em particular, se não soubermos lidar com as pessoas, acolher, escutar e interferir no momento certo. É preciso entender a forma de falar, e responder com a linguagem adequada, prestando a informação de forma clara para que possa ser compreendida pelo ouvinte. Além disso, o farmacêutico é um profissional de nível superior indispensável para a saúde, pois promove a cura e a melhoria da qualidade de vida da população com atitudes éticas. Garante o recebimento de toda a informação necessária para um resultado eficaz de tratamento, além do acompanhamento terapêutico. Não deve ser visto apenas como o profissional do medicamento, pois cada vez mais se torna, também, o profissional do paciente, tendo qualificação para tanto, conforme se deduz da cartilha elaborada pelo Ministério da Saúde, em sua PNH. Por outro lado, a automedicação decorre do uso de medicamentos sem prescrição médica, na qual o próprio paciente decide qual medicamento utilizar, acarretando prejuízos e riscos para a saúde. O assunto também pode ser útil no que diz respeito ao ensino de Ciências, tratado como tema transversal na área da saúde. A abordagem se daria não só do ponto de vista social e biológico, mas numa perspectiva da química envolvida nos medicamentos e no corpo humano, focando aspectos como constituição química dos remédios, seu processamento e sínteses em laboratório.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SILVA, R. B. e CORTE,T. W. F. Revista da Graduação, PUCRs, Vol. 3, No 1 (2010) , disponível no site

http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/graduacao/index, acessado em 20/08/2010

BELFORT, P. Propaganda Médica. Revista Médico-Científica: Jornal Brasileiro de Medicina. São Paulo: JBM, ano 41, n.3, p. 88, mar. 2000.

BISSON, M. P. Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica; São Paulo: MedFarma Livraria e Editora, 2003. CARTILHA da PNH , Acolhimento nas Práticas de Produção de Saúde, disponível no endereço bvsms.saude.gov.br/bvs/.../acolhimento_praticas_saude_2ed.pdf

CARVALHO, L. V. O Uso Inadequado de Drogas e Fármacos que Causam Dependência disponível no site http://www.webartigos.com/articles/32383, acessado em 20/08/2010

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GÖLLER, F. F., O Farmacêutico como profissional e seu compromisso com a saúde, artigo publicado em

05/01/2010, na Revista Virtual Partes, disponível no endereço

http://www.partes.com.br/emquestao/farmaceutico.asp

LOPES, T. P. Interações Medicamentosas seus Riscos e Benefícios à Saúde, disponível no site http://www.webartigos.com/articles/32383, acessado em 20/08/2010

MATIAS, G. L., Os perigos da automedicação, revista Urutaguá, Ano I - Nº 01 - Maio de 2001 , disponível em http://www.urutagua.uem.br//ed001.htm

MILLER, LG. "Herbal Medicinals: Selected clinical considerations focusing on known or potential drug-herb interactions". Archives of Internal Medicine 158: 2200-2211, 1998.

MORAIS, Jomar. Viciados em Remédios. Revista SuperInteressante. São Paulo: Abril, Edição 185, fev. de 2003.

OLIVEIRA, A. B.; OYAKAWA, C. N.; MIGUEL, M. D.; ZANIN, S. M. W.; MONTRUCCHIO, D. P. Obstáculos da Atenção Farmacêutica no Brasil; Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas; vol.41, n. 4, out/dez., 2005. OSHIRO, M. de. L, CASTRO, L. L. C. Evolução da Pesquisa em Atenção Farmacêutica no Brasil: Um Estudo Descritivo do Período 1999-2003; Revista Espaço para a Saúde, Londrina, v. 7, n. 2, p. 24-31, jun. 2006. SEGATTO, C. , Ervas medicinais: os conselhos de Drauzio Varella, disponível no endereço revistaépoca.globo.com/,ervasmedicinaisosconselhos dedrauziovarella.html, acessado 25/09/2010.

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