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1 OBJETIVOS 2 METODOLOGIA

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Academic year: 2021

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TÍTULO: MOTIVAÇÕES DETERMINANTES DA BUSCA AO PLANEJAMENTO FAMILIAR

AUTORES: Luciana Sousa Franco; Fernando Antônio Guimarães Ramos; Marizélia Rodrigues Costa Ribeiro; Maria de Jesus Torres Pacheco; Leonardo carvalho Silva; Flaubert José serra de Farias.

E-mail: (prexae@ufma.b)r

INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO ÁREA TEMÁTICA: Saúde

1 OBJETIVOS

Conhecer as motivações determinantes da procura de adolescentes pelo serviço “Planejamento Familiar na Vila Embratel”, projeto de Extensão da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), implantado a partir de 2001 no bairro Vila Embratel, constituiu-se em objetivo geral do presente estudo, e mais especificamente: a) determinar ser a procura pelo Planejamento Familiar resultado da consciência de adquirir um direito garantido constitucionalmente.; b) relacionar a busca pelo Planejamento Familiar com redução de gastos familiares; e c) estabelecer associação entre gravidez na adolescência, morte materna e Planejamento Familiar, nas falas das entrevistadas.

2 METODOLOGIA

Para dar fins aos objetivos deste projeto, utilizou-se a metodologia qualitativa, por compreendê-la como instrumento fundamental para aprofundar o conhecimento sobre valores, crenças, representações, hábitos e atitudes. Para apreensão aproximada do real que se objetiva desvendar, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com as 21 adolescentes matriculadas no referido programa até março de 2002. Identificou-se como adolescentes jovens com idades entre 10 e 19 anos, segundo orientação da Organização Mundial de Saúde.

Como estratégia, o trabalho foi dividido em etapas que tiveram atividades coincidentes em alguns momentos:

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Na primeira fase do trabalho, como exigência para o delineamento do objeto de estudo, recuperou-se o conhecimento científico relacionado aos objetivos deste projeto. Nessa perspectiva, foi feito um levantamento bibliográfico sobre Planejamento Familiar e foi (re)construído o instrumento utilizado para a apreensão da realidade que se buscava conhecer: entrevista semi-estruturada.

2.2 Fase II ou de “processo de entrada” em campo

Foram catalogados os nomes e respectivos endereços residenciais das adolescentes inscritas no “Planejamento Familiar na Vila Embratel” até março de 2002. Utilizou-se como estratégia para entrar em campo, a discussão sobre o desejo da pesquisadora em conhecer os motivos de participação no programa de planejamento familiar.

Os contatos com as adolescentes foram feitos nas suas residências, nas ruas e na Unidade de Saúde.

Num primeiro momento, a pesquisadora se apresentava às adolescentes quando ainda não as conhecia. Em seguida, após a aceitação de participar da pesquisa, perguntava-se sobre dia, local e horário preferidos para a entrevista, que sempre ocorriam após esse contato inicial. Nessa etapa, também foi firmado o compromisso com o sigilo da identificação dos atores sociais, assim como foi solicitada a cada adolescente que autorizasse a realização das entrevistas, preenchendo o “Consentimento Informado Individual”.

Em função da existência de um trabalho contínuo com as adolescentes selecionadas, atendendo-se as mesmas e/ou seus filhos na Unidade de Saúde existente no bairro, não houve objeção quanto à realização das entrevistas.

2.3 Fase III ou de trabalho de campo propriamente dito

Nessa fase, iniciada em outubro de 2001 e concluída em maio de 2002, realizaram-se entrevistas semi-estruturadas com as 21 adolescentes matriculadas no programa, respeitando-se a escolha do local por parte da adolescente a ser entrevistada. Para Minayo (1994), a entrevista, ao lado da observação participante, é a técnica mais usada no trabalho de campo. A autora declara ser a entrevista um processo

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de interação social entre sujeitos. Para a autora em tela, as entrevistas se resumem a dois grupos considerados principais: estruturada e não-estruturada ou semi-estruturadas. Entre esses dois tipos circulam vários outros, de acordo com o direcionamento da pesquisa. Afirma ser a entrevista estruturada, obtida através de questionário, ineficiente quando o pesquisador tem por objetivo “... apreender sistemas de valores, de normas, de representações de determinado grupo social, ou quando se trata de compreender relações...”. (MINAYO, 1994, p.121).

Algumas questões, segundo Minayo (1994), devem ser levadas em conta antes do início da entrevista: apresentação do pesquisador, explicação sobre o propósito e interesse da pesquisa, justificativa da escolha do entrevistado, sigilo sobre o entrevistado e conteúdo da entrevista e conversa inicial para quebrar o gelo. Pensa ser essencial, ter clareza sobre o que perguntar, o que não impede aprofundar o conhecimento sobre fatos que não haviam sido contemplados quando da construção do roteiro de entrevista, mas que pareçam importantes para apreensão do real durante o trabalho de campo.

Com base nestas orientações, as entrevistas semi-estruturadas foram gravadas, transcritas e constaram de dados pessoais e a adolescente foi questionada sobre o desejo de ouvir a fita da sua entrevista e modificá-la, caso desejasse. Quatorze adolescentes quiseram ouvir a fita após a entrevista, mas não modificaram o conteúdo da fita.

2.4 Fase IV ou de análise

À proporção que os dados foram coletados houve a análise pelos pesquisadores, o que é característica da metodologia qualitativa, a fim de que pontos não compreendidos pudessem ser melhor apreendidos em um novo retorno ao campo de trabalho.

E, após coletados, os dados foram interpretados dentro de um quadro de referência que permitiu ultrapassar o imediato e atingir os significados latentes, através da Análise Temática.

Para Minayo (1994:209), “Fazer uma análise temática consiste em descobrir os núcleos de sentido que compõem uma comunicação cuja presença ou freqüência signifiquem alguma coisa para o objetivo analítico visado”.

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As adolescentes foram identificadas através dos números de suas entrevistas que foram enumeradas obedecendo à ordem em que foram realizadas.

3 RESULTADOS

Adolescentes não são iguais só porque pertencem ou a uma mesma faixa etária ou a determinada classe social. (NIETO, GARCÍA, 1997). Também não participam do planejamento familiar pelo mesmo motivo por habitarem numa mesma localidade ou freqüentarem determinada escola. Nessa perspectiva, podem não compartilhar de opiniões semelhantes, nem identificar fatos vivenciados da mesma forma. (VITIELLO, 1991).

Nessa pesquisa, as adolescentes tinham idades compreendidas entre 13 e 19 anos, porém oito tinham 19 anos. A idade da menarca variou entre 11 a 17 anos, com média de 12,9 anos.

A idade média da primeira relação sexual foi de 15,9 anos, ou seja, três anos após a menarca. Para dez adolescentes, a primeira gestação ocorreu um ano após a primeira relação sexual; para sete, ocorreu no mesmo ano da primeira relação sexual e apenas uma entrevistada teve sua primeira gravidez três anos após sua primeira relação sexual. Três adolescentes nunca haviam tido filhos.

Em relação aos métodos anticoncepcionais utilizados antes da entrada no Planejamento Familiar, apreendemos que nove adolescentes não usavam nenhum método anticoncepcional, nove utilizavam “preservativo masculino” irregularmente, duas usavam “anticoncepcional oral” e apenas uma utilizava “preservativo masculino” regularmente.

Sobre os métodos anticoncepcionais utilizados depois de matriculadas no Planejamento Familiar, observamos que quatorze adolescentes utilizavam “preservativo masculino”, três usavam “preservativo masculino” e “anticoncepcional oral”, três utilizavam “preservativo masculino” e “injetável” e uma das jovens não fazia uso de nenhum método anticoncepcional.

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Diferentes motivações determinaram a busca das 21 adolescentes pelo Planejamento Familiar.

Vinte adolescentes apontaram “evitar filhos” como razão determinante da procura pelo serviço, embora dezesseis referissem, também, interesse pela prevenção das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs):

“Porque eu não queria, assim, ter mais filho... Evitar filho. Porque tão novinha ter filho. Aí, é por isso que eu tou fazendo Planejamento no posto”. (9ª entrevistada)

“Aí, eu fui... Aprender, assim, pra mim me prevenir de doença. De pegar filho. A gente se prevenir, tomar remédio. Dá camisinha... Eu acho bom, porque ele ensina a gente muitas coisas. Ensina coisa que a gente ainda não sabia. A gente aprende”. (7ª entrevistada)

A redução de gastos familiares foi motivação determinante da procura de quatro adolescentes pelo “Planejamento Familiar”:

“É importante, né, porque não é fácil... Ainda mais pra gente, assim, que é de família humilde; que não tem condição, assim, de tá comprando, assim, remédio todo mês... Previne de vim outro... Porque do jeito que a situação tá! Pra ter outro filho... Ele (o parceiro) diz que é bom porque ele não compra camisinha, anticoncepcional...”. (3ª entrevistada)

A relação entre gravidez na adolescência e morte materna só esteve presente nas percepções de duas entrevistadas, uma delas reconhecendo o Planejamento Familiar como direito adquirido constitucionalmente:

“É por causa que eu não quero engravidar agora... Porque eu não quero ter outro. Porque com essa daqui (1ª filha ), eu passei mal. Só vivia no hospital...“. (5ª entrevistada)

“Eu entrei porque, eu fazia antes o Planejamento já lá no Materno. Só que, aí, nem todo dia, a gente pode ter transporte... Como tem perto de

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casa, eu vou entrar pro Planejamento... Mais informação melhor... Fiz no Materno, fiz na Marly, fiz nesse posto aí. E toda palestra que tinha sobre gestante eu tava dentro... Que é o primeiro filho, eu tinha maior medo. A minha irmã ficava dizendo: “Ah! Tu vai morrer dessa menina, não sei o quê. Eu digo: “-Não morro, mais fácil tu morrer do que eu”... E o governo só distribui camisinha no carnaval! Aí, dificulta!...”. (13ª entrevistada)

A preocupação com a conservação do corpo e manutenção da companhia do parceiro despertou, entre outros motivos, o interesse de uma adolescente em planejar a família:

“Ah! Porque... É melhor, assim, a gente se cuidar, assim. Só se enchendo de filho! Aí, depois, eu me encho de filho aqui; aí, fico toda acabada, velha. Ele (o companheiro) vai procurar outra na rua. Mesmo, porque eu não quero mais ter, assim, um filho agora tão cedo”. (9ª entrevistada)

Uma adolescente buscou o Planejamento porque queria aprender sobre “cuidar do bebê”, enquanto outra objetivava ter acompanhamento médico:

“Eu queria saber, assim, depois que crescer (a criança), como é que eu teria que fazer, essas coisas, como cuidar... É, de bebê, assim, como cuidar, como fazer essas coisas”. (6ª entrevistada)

“Pelo fato de receber a camisinha e de poder também. consultar com o ginecologista e poder também tomar injeção ou qualquer outra coisa. Por isso, e também porque tem o acompanhamento. Então, qualquer coisa a gente pode procurar, né ?”. (15ª entrevistada)

Oportunidades de conversar sobre o cotidiano, além do desejo de prevenir gravidez e DSTs, determinaram o ingresso de duas adolescentes:

“Aí, eu me interessei porque eu vi que a camisinha previne a gente da gravidez, das doenças... Não só isso como outras coisas também. Eu estava

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precisando de muita conversa... A gente fala sobre a família, sobre o pai que bebe, que espanca...”. (2ª Entrevistada)

“Eu gosto de lá. Eu acho lá super-legal. Pra a gente conversar, pra gente arejar um pouquinho nas reuniões. Depois que eu entrei no Posto, eu fiquei uma pessoa tão diferente... Assim, mudada, gostando das coisas, de ir lá no Posto”. (4ª Entrevistada)

Uma adolescente, além de outras razões, também mencionou a oportunidade de “encontrar a galera” durante as reuniões educativas:

“Aí, eu entrei, aí, pra ficar mais perto de casa e pra eu conhecer mais, junto com a “galera” do bairro.” (13ª Entrevistada)

Profissionais de saúde e pessoas pelas quais as adolescentes demonstravam relações de amizade incentivaram a busca de nove e onze adolescentes, respectivamente, pelo Planejamento Familiar:

“... Foi no dia que marquei a consulta da nenê que a médica falou que era para mim fazer ( a inscrição no planejamento)”. (5ª Entrevistada)

“Através de uma amiga minha, ela participa já há um bom tempo... Aí ela me falou, aí eu disse: “-Então eu vou contigo”. Aí, a gente pegou e foi”. (15ª Entrevistada)

“Eu fui um dia desse consultar meu filho lá e ela (a pediatra) só fez dizer pra mim que tinha o Planejamento Familiar. As pessoas que quisessem fazer o Planejamento Familiar era pra dá o nome e o endereço que elas iam fazer as entrevistas, iam amostrar a fita, como é o Planejamento Familiar... Os tipos das doenças; como é que as pessoas devem se prevenir. Quem me falou do Planejamento Familiar foi a doutora e a Telma (agente de saúde)”.

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MINAYO, M. C. de S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 3. ed. São Paulo: Hucitec; Rio de Janeiro: Abrasco, 1994. 272 p.

NIETO, Martinez; GARCÍA JR, Fernández. Anticoncepción en adolescentes incluidas en un programa de planificación familiar. Cádiz, Revista Atención Primaria. v. 19. n. 9. p.30. mar. 1997.

VITIELLO, Nelson. Planejamento Familiar para adolescentes. Revista Reprodução, v.6, n. 4, p.162. ago. 1991.

Referências

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