• Nenhum resultado encontrado

Emigrantes portugueses/as na reforma: o caso da Suíça. Mobilidade, envelhecimento, género e transnacionalidade

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Emigrantes portugueses/as na reforma: o caso da Suíça. Mobilidade, envelhecimento, género e transnacionalidade"

Copied!
2
0
0

Texto

(1)

EMIGRANTES PORTUGUESES/AS NA REFORMA: O CASO DA SUÍÇA

MOBILIDADE, ENVELHECIMENTO, GÉNERO E TRANSNACIONALIDADE

Liliana Azevedo / Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), CIES / Liliana_Marisa_Azevedo@iscte-iul.pt

SUÍÇA: UM DESTINO DE EMIGRAÇÃO RECENTE. O país tornou-se um importante destino de emigração a partir dos anos 1980.

Número de portugueses/as residentes permanentes na Suíça (stock)

ALGUNS DADOS ESTATÍSTICOS

OBJETO DE PESQUISA

Emigrantes portugueses/as na Suíça em idade de reforma, numa perspetiva de percurso de vida e de género.

ALGUMAS QUESTÕES DE PESQUISA

. O que acontece nesta fase da vida: fixação no país de destino, regresso a Portugal ou mobilidade entre os dois países? Como se negoceia esta decisão no seio do casal? . Quais os fatores que intervêm nesta decisão? Qual o peso da situação pessoal e familiar (saúde, habitação, nível de integração, redes sociais de apoio, etc.)? Qual o peso das políticas fiscais e das prestações sociais?

. Que implicações a emigração de retorno pode ter ao nível das políticas públicas em Portugal? E quais as implicações ao nível das políticas públicas suíças em caso de fixação de migrantes envelhecidos/as?

UMA PESQUISA MULTI-SITUADA. Trabalho de campo em Portugal e na Suíça francófona, região onde se concentra a maior parte da população portuguesa.

Distribuição da população portuguesa permanente na Suíça, por cantão de residência, 2015

FONTE: Marques, José Carlos (2016), “Suíça”, OEm Country Reports, 3, Lisboa, Observatório da Emigração, CIES-IUL, ISCTE-IUL

NATURALIZAÇÕES.Mais emigrantes da 1ª geração optam pela aquisição da nacionalidade suíça. Em 2017, Portugal representou o 3º grupo populacional que mais se naturalizou.

X Congresso Português de Sociologia – Universidade da Beira Interior – Covilhã – 10 a 12 de julho de 2018

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 0 50000 100000 150000 200000 250000 300000 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2017

Saídas de portugueses/as da Suíça, a partir dos 50 anos (2008-2016)

0 a 65+ anos 50 a 64 anos 65 + anos sobre total% 50 a 64 sobre total% 65 +

2008 4 487 459 59 10,2 1,3 2009 4 458 536 65 12,0 1,5 2010 5 151 645 94 12,5 1,8 2011 4 441 678 100 15,3 2,3 2012 4 292 711 68 16,6 1,6 2013 4 898 898 127 18,3 2,6 2014 5 653 1 095 159 19,4 2,8 2015 6 583 1 329 192 20,2 2,9 2016 7 382 1 599 302 21,7 4,1 Total 47 345 7 950 1 166

População proveniente da Suíça residente em Portugal a 31.03.2011 2009 2005 Portugal 4 919 12 756 Continente 4 867 12 642 Norte 2 487 6 253 Centro 1 416 4 074 Lisboa 553 1 059 Alentejo 295 912 Algarve 116 344 Ilhas 52 114

REGRESSOS.Os dados dos Censos de 2011 fornecem elementos sobre as regiões e municípios para onde esta população está a regressar.

FONTES

_ INE (2012). Censos - Resultados definitivos. Portugal - 2011: População

_ Marques, J.C. (2016). Suíça. OEm Country Reports, 3. Lisboa: Observatório da Emigração, CIES-IUL, ISCTE-IUL. doi: 10.15847/CIESOEMCR032016.

_ Office fédéral de la statistique (2016). Acquisitions de la nationalité suisse selon la nationalité antérieure, le lieu de naissance et la durée de résidence.

_ Secrétariat d’état aux migrations, diversas estatísticas.

0 500 1 000 1 500 2 000 2 500 3 000 3 500 4 000 1991 1996 2001 2006 2011 2016 Nascidos na Suíça Nascidos no estrangeiro Total

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 1991 1996 2001 2006 2011 2016 Nascidos na CH

Residentes na Suíça há 0-9 anos Residentes na Suíça há 10-19 anos Residentes na Suíça há 20-24 anos Residentes na Suíça há 30 anos e +

Evolução do n.º de naturalizações de portugueses/as de acordo com local de nascimento e a duração da residência na Suíça (1991-2016)

Pode pedir a aquisição da nacionalidade suíça quem reside no país há pelos menos 12 anos (ou 6 anos, no caso de pessoas menores de 20 anos). A naturalização é facilitada em caso de casamento.

SISTEMATIZANDO.

• O número de portugueses/as com 65+ residentes na Suíça é residual (1,4%). • O número de portuguese/as residentes na Suíça há 30 anos ou mais é diminuto (< 5%). • O fluxo de saídas tem sido constante e tem vindo a aumentar nos últimos anos.

• As saídas de portugueses/as nos grupos etários 50-64 anos e 65+ mais do que duplicaram na última década, em termos percentuais.

• O maior volume de saídas deve-se, porém, a pessoas em idade ativa (25-39 anos). • As naturalizações de emigrantes da 1ª vaga (1980 e início 90) estão em constante aumento.

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

FINANCIAMENTO FCT: SFRH/BD/128722/2017; UID/SOC/03126/2013 Handle: http://hdl.handle.net/10071/16231

Composição da população portuguesa residente permanente, dados de 30.04.2018

Sexo Grupos de idade

Total H M 0-17 18-64 65 +

268 128 147 818 120 310 58 215 206 155 3 758

(2)

EMIGRAÇÃO E ENVELHECIMENTO, UM TEMA POUCO ESTUDADO

Em Portugal, pouco se sabe acerca dos/as emigrantes na reforma. Também são escassos os estudos sobre migração de retorno na contemporaneidade (Oliveira et.al., 2016), por um lado, e os estudos sobre a emigração para a Suíça, apesar da importância dos fluxos e stocks migratórios nesse país (Candeias et.al., 2014). A Suíça é, porém, um dos principais destinos dos fluxos migratórios portugueses nos últimos 30 anos e atualmente o segundo país do mundo onde reside o maior número de emigrantes nascidos em Portugal, a seguir à França, de acordo com o mais recente Relatório Estatístico do Observatório da Emigração (Pires et al., 2017).

A primeira vaga de portugueses/as que emigraram para a Suíça está agora a atingir a idade de reforma e o seu envelhecimento coloca desafios tanto ao país de destino (no caso da fixação), como ao país de origem (no caso de regresso), ou a ambos (no caso de circulação), e suscita questões importantes do ponto de vista das políticas públicas, nomeadamente nos domínios da segurança social, saúde e gestão dos territórios.

O presente poster decorre de um projeto de doutoramento iniciado recentemente que visa estudar a mobilidade de emigrantes portugueses/as residentes ou ex-residentes na Suíça, em idade de reforma ou pré-reforma, numa perspetiva transnacional e de género, identificando os fatores que influenciam a decisão de fixação na Suíça, de regresso a Portugal, ou de eventual circulação entre países. A análise do impacto da experiência migratória, inclusive de retorno, nos papéis sociais de género e a análise das desigualdades de género na passagem à reforma (decorrentes de carreiras contributivas diferentes, por exemplo), são outros dos objetivos desta pesquisa.

Ao longo dos próximos dois anos será realizada uma pesquisa multisituada, com trabalho de campo em Portugal e na Suíça, e entrevistas aprofundadas, numa perspetiva de percurso de vida. A recolha destes dados primários estando ainda numa fase incipiente, o poster apresenta alguns dados secundários recolhidos junto dos institutos nacionais de estatística suíço e português.

O QUE SABEMOS…

… SOBRE O STOCK DE PORTUGUESES/AS EMIGRADOS/AS NA SUÍÇA?

De acordo com os dados oficiais disponíveis a 30 de abril de 2018, residiam na Suíça, de forma permanente, 268.128 indivíduos de nacionalidade portuguesa, representando 13% do total da população estrangeira e mantendo-se como a 3ª nacionalidade mais numerosa naquele país. É na Suíça francófona que se concentra a maior parte da população portuguesa: 46% vivem nos cantões de Vaud, Genève e Valais. De notar ainda que Vaud e Genève totalizam praticamente 50% da população portuguesa com 65 anos ou mais. Contudo, esta faixa etária não representa mais do que 1,4% dos/as portugueses/as atualmente residentes no país.

O mais recente relatório estatístico suíço sobre a integração (Office fédéral de la statistique, 2017) apresenta dados sobre a duração da residência de diferentes grupos populacionais estrangeiros e revela que, em 2015, cerca de 40% do stock português residia na Suíça há menos de uma década, cerca de 35% residia entre 10 e 29 anos e menos de 5% residia lá há três décadas ou mais; sendo que quase 20% tinha nascido na Suíça. Estes dados indicam que a fixação não tem sido o padrão mais comum e que a maioria daqueles/as que chegaram à Suíça na décadas de 70 e 80 terá regressado a Portugal. Por outro lado, a taxa de naturalizações tem vindo a aumentar de forma constante e 2017 foi o ano em que ocorreram mais naturalizações, tendo Portugal representado o 3º grupo populacional que mais se naturalizou. Desta forma, nesse ano, 3.920 indivíduos saíram das estatísticas relativas ao stock da população portuguesa emigrada naquele país. A naturalização pode indicar uma crescente propensão para a fixação, mas pode também ser uma forma de assegurar direitos no país de emigração no caso do retorno a Portugal não cumprir as expectativas.

… SOBRE OS REGRESSOS DA SUÍÇA PARA PORTUGAL?

Analisar os registos das saídas da Suíça permite ter uma ideia bastante precisa do fluxo dos regressos a Portugal. Não sendo certo que os indivíduos que saem da Suíça regressem a Portugal é, no entanto, a probabilidade mais forte.

O instituto nacional de estatísticas suíço disponibiliza dados desagregados por idade e sexo para o período 2008-2016. O grosso do contingente de saídas é representado pela população em idade ativa (25-39 anos). Focando a população em idade mais avançada, aquela que terá entrado na Suíça nos anos 80, observa-se que o seu movimento de saída tem vindo a aumentar. Por outro lado, tem vindo a ganhar importância no volume total de saídas, sobretudo nos últimos anos.

Os dados do INE relativos aos Censos de 2011 fornecem elementos sobre as regiões e municípios para onde esta população tem estado a regressar, o que por sua vez constitui uma indicação sobre os locais de onde terão partido: principalmente Norte e Centro de Portugal.

O QUE OS DADOS NÃO REVELAM

De acordo com o sistema de pensões suíço, os homens acedem à reforma aos 65 anos e as mulheres aos 64, sendo possível pedir a reforma antecipada aos 63 e 62, respetivamente. No entanto, em certos setores de atividade, considerados de maior desgaste, como a construção, acede-se à reforma aos 60 anos. Verifica-se portanto que a faixa etária dos 60-65 anos engloba uma grande diversidade de perfis: trabalhadores/as, desempregados/as, beneficiários/as de prestações sociais por invalidez ou doença, reformados/as e ainda indivíduos em pré-reforma. Porém, os dados disponíveis não cruzam a variável idade – que se revela insuficiente para identificar o nosso grupo-alvo em termos estatísticos – com outras variáveis, como o estatuto de ativo/inativo. Uma abordagem qualitativa revela-se necessária para captar a complexidade que aqui se afigura.

REFERÊNCIAS

• Candeias, P., et. al (2014). Emigração portuguesa: o que temos vindo a estudar e o que nos falta saber - uma análise bibliométrica entre 1980 e 2013. População e Sociedade, 22, 11-32.

• Office fédéral de la statistique (2017). Rapport Statistique sur l’Intégration de la Population issue de la Migration. Neuchâtel: OFS.

• Oliveira, I.T., et.al. (2016). Regresso e circulação de emigrantes portugueses no início do século XXI. Sociologia, Problemas e Práticas, 81, 11- 35.

• Pires, R.P. et al. (2017). Emigração portuguesa. Relatório Estatístico 2017. Lisboa: Observatório da Emigração e Rede Migra, CIES-IUL, ISCTE-IUL. doi: 10.15 47/CIESOEMRE042017

Referências

Documentos relacionados

Tal y como señalábamos al principio de este artículo, la narración homodiegética adquiere en la literatura africana rasgos específicos, y ello a pesar de que una parte de la crítica

A partir de revisão bibliográfica e observação de desfiles durante a 18ª edição do São Paulo Fashion Week, ocorrida em janeiro de 2010, elegeu-se os seguintes elementos

A partir de diagnósticos extraídos, esta breve reflexão pretende estudar e analisar os principais problemas que afetam os Conjuntos Habitacionais - Jamil Dualibi e

Porém, o Brasil não estava preparado para toda essa demanda populacional e esse crescimento não foi acompanhado por um desenvolvimento do território urbano, gerando

A aplicação de diferentes doses de potássio via fertirrigação, influenciaram o peso de 100 sementes dos racemos de 2ª e 3ª ordem e as produtividades dos racemos de 2ª e 3ª

O petróleo existe na Terra há milhões de anos e, sob diferentes formas físicas, tem sido utilizado em diferentes aplicações desde que o homem existe. Pela sua importância, este

De maneira mais específica, procuramos investigar quais são, na Fala Dirigida à Criança FDC, as propriedades acústicas que delimitam as fronteiras de I e, de igual modo, verificar se

Antes da interação com o utente a situação foi apreciada pela equipa, por haver suspeita de maus tratos ao idoso, tendo sido definida como estratégia