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Caracterização dos utilizadores turísticos e recreativos das áreas protegidas em Portugal: estudo de caso do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros

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Universidade de Lisboa 

Faculdade de Ciências  

Departamento de Biologia Animal 

 

 

 

Caracterização dos Utilizadores 

Turísticos e Recreativos das 

 Áreas Protegidas em Portugal 

Estudo de caso do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros 

 

 

 

João Nuno Crespo Godinho de Oliveira 

Dissertação 

Mestrado em Ecologia e Gestão Ambiental 

 

2013 

(2)

 

(3)

Universidade de Lisboa 

Faculdade de Ciências  

Departamento de Biologia Animal 

 

 

Caracterização dos Utilizadores 

Turísticos e Recreativos das 

 Áreas Protegidas em Portugal 

Estudo de caso do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros 

 

João Nuno Crespo Godinho de Oliveira 

Dissertação 

Mestrado em Ecologia e Gestão Ambiental 

 

 

Orientação de: 

Prof. Doutor José Guerreiro 

Dr. Ricardo Nogueira Mendes 

 

2013 

(4)

 

(5)

Agradecimentos 

 

 

Aos  funcionários  do  Centro  Ciência  Viva  Alviela,  do  Centro  de  interpretação  subterrâneo  Algar  do 

Pena, da Ecoteca, do Monumento Natural das Pegadas de Dinossáurios da Serra de Aire e das Salinas 

de Rio Maior, pela ajuda prestada na recolha de inquéritos. 

À  Paula  Robalo,  à  Maria  João  Martins,  ao  Olímpio  Martins  e  à  Rita  Anastácio  pela  disponibilidade 

prestada.   

À  Arq.  Ana  Isabel  Alves  e  à  direção  do  PNSAC  pela  disponibilização  de  informação  e  ajuda  na 

articulação com as várias entidades.  

Ao  Prof.  Doutor  Carlos  Pereira  da  Silva  (e‐GEO)  pela  ajuda  no  desenvolvimento  do  inquérito  e 

acolhimento no e‐GEO. 

À minha família,  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(6)

 

(7)

Resumo 

 

As  atividades  de  lazer,  recreação  e  aventura  na  natureza  têm  vindo  a  crescer  a  um  ritmo 

considerável,  no  seguimento  de  um  novo  tipo  de  turismo,  sobretudo  a  partir  de  dos  anos  70,  que 

dava  resposta  à  procura  do  contacto  com  a  natureza  e  culturas  locais,  concretamente  nas  Áreas 

Protegidas.  O  Programa  Nacional  de  Turismo  de  Natureza  (PNTN)  surge  em  1998  no  seguimento 

dessa tendência e define os pressupostos de consolidação da imagem de Portugal como um destino 

turístico  de  qualidade,  assumindo  as  AP  como  locais  vocacionados  para  o  turismo  de  natureza, 

incluía um conjunto  de  critérios e regulamentos ao  nível do alojamento e da animação ambiental. 

Passados  15  Anos  desde  a  criação  do  PNTN,  não  se  pode  no  entanto  dizer  que  o  Turismo  de 

Natureza (TN) seja uma marca turística destes territórios. Se para o alojamento, a oferta existente é 

capaz de dar resposta à atual procura, para a Animação e Interpretação Ambiental e para o Desporto 

de  Natureza  falta  uma  oferta  estruturada  que  consiga  enquadrar  a  procura,  compatibilizando  as 

atividades  turísticas  e  recreativas  com  a  conservação  da  natureza.  As  Cartas  de  Desporto  de 

Natureza  (CDN),  que  em  parte  deviam  dar  resposta  a  estas  questões,  mostram‐se  desadequadas, 

tendo em conta que não traduzem a realidade da visitação nem o conceito de capacidade de carga, 

como  tinham  definido.  Apesar  de  apenas  duas  AP  em  Portugal  disporem  de  CDN  aprovada,  estas 

continuam a sofrer impactos e pressões devido à procura que têm, fruto dos muitos utilizadores nas 

mais  variadas  atividades.  Ao  contrário  do  que  já  acontece  noutros  países,  Portugal  não  dispõe  de 

informação correta e fidedigna em relação nem ao perfil, nem ao número dos utilizadores das AP. É 

igualmente unânime e consensual que essa informação é indispensável para que se faça uma efetiva 

e  correta  gestão  destes  territórios,  sabendo  quem  são  os  seus  visitantes  e  utilizadores  e  porque 

razões utilizam as AP. Apesar do TN ter sido sempre incluído nas três versões do Plano Estratégico 

Nacional de Turismo (PENT) como um dos dez produtos turísticos estratégicos para o país, este não 

possui qualquer informação relativa ao perfil e motivações dos utilizadores das áreas protegidas em 

Portugal. 

Neste trabalho foi definida uma metodologia, baseada em inquéritos e aplicada ao caso de estudo 

do  PNSAC,  que  permitiu  definir  um  perfil  mais  comum  de  utilizador:  individuo  do  sexo  Masculino, 

com uma idade compreendida entre os 35 e os 44 anos, casado e com filhos. Residente em Portugal, 

essencialmente 

em 

concelhos 

periféricos 

ao 

PNSAC, 

com 

um 

nível 

de 

ensino 

Bacharelato/Licenciatura  e  um  rendimento  médio  mensal  compreendido  entre  os  971  e  os  1940€. 

Ciente  de  que  está  numa  AP,  o  utilizador  do  PNSAC  desloca‐se  ao  mesmo,  com  uma  frequência 

regular,  essencialmente  para  passar  um  tempo  agradável  com  família  e  amigos,  praticando 

maioritariamente  passeios  pedestres  e  BTT.  A  duração  média  das  atividades  praticadas  é  duas  a 

quatro horas, e desloca‐se da sua residência para o PNSAC em viatura própria. Fá‐lo essencialmente 

com amigos, não utilizando alojamentos e despendendo, em média, 62€ em casa visita, desde que 

sai de casa até ao seu regresso. 

 

Palavras‐chave: Turismo de Natureza; Áreas Protegidas; PNSAC; Caracterização de Utilizadores 

Turísticos e Recreativos 

(8)

Abstract 

 

Leisure,  recreation  and  adventure  activities  in  nature  have  been  growing  at  a  considerable  speed, 

following a new type of tourism, especially since the 70s, responding for a demand of contact with 

nature  and  local  cultures,  particularly  in  Protected  Areas  (PA).  The  National  program  for  Nature 

Tourism  (Programa  Nacional  de  Turismo  de  Natureza  ‐  PNTN)  published  in  1998  follows  this  trend 

and  defines  the  assumptions  for  the  consolidation  of  Portugal's  image  as  a  quality  tourist 

destination, assuming PA as designed areas for the nature tourism, that included a set of criteria’s 

and regulations regarding hosting and environmental animation. After 15 years since the creation of 

(PNTN),  it  can´t  be  said  that  Nature  Tourism  (NT)  became  a  brand  of  these  areas,  as  planned.  If 

regarding accommodation, the existing supply is enough for the current demand, for Environmental 

Animation  and  Interpretation,  and  for  the  Nature  Sport  it  stills  lacks  a  structured  offer  that  can 

match  the  demand,  aligning  tourism  and  recreational  activities  with  the  nature  conservation.  The 

Nature  Sports  Charts  (Cartas  de  Desporto  de  Natureza  ‐  CDN),  that  should  provide  a  significant 

framework for these questions, are inadequate, since it doesn’t reflect the actual visitation, or even 

the concept of carrying capacity, as it was been defined. Although only two PA in Portugal have CDN 

approved, these continue to suffer the impacts and pressures due to demand, as a result of many 

users  in  many  different  activities.  Contrary  to  what  happens  in  other  countries,  Portugal  doesn’t 

have  proper  and  reliable  information  about  the  profile  or  the  number  of  their  PA  users.  It  is  also 

unanimous that this information is necessary to make a correct and effective management of these 

territories, knowing who are the users and visitors and the reasons why they use PA. Despite that NT 

as  always  been  included  in  the  three  versions  of  the  National  Strategic  Plan  for  Tourism  (Plano 

Estratégico  Nacional  para  o  Turismo  ‐  PENT)  as  one  of  the  ten  strategic  tourism  products  for 

Portugal, there is no information about the profile and motivations of PA users on this national plan. 

In this work it was defined a methodology , based on questionnaire surveys and applied to the case 

study of Serra de Aire e Candeeiros Natural Park (Parque Natural das Serras de Aires e Candeeiros 

PNSAC)  that  allowed  to  define  it’s  user  profile:  male,  within  35  to  44  years  old,  married  and  with  

sons. PNSAC users and mainly residents, form the surroundings municipalities, with a high level of 

education and an average monthly income between the €971 and € 1940. Aware that it is in a PA, 

this  user  comes  to  the  PNSAC  with  a  regular  frequency,  mainly  to  spend  some  quality  time  with 

family and friends, mostly to hike or to ride mountain biking,. The average duration of these visits 

are  between  2  and  4  hours  and  he  uses  his  own  vehicle  to  get  to  PNSAC.  It  does  it  mainly  with 

friends, not using accommodation and spending on average €62 throughout his stay. 

 

 

 

 

Keywords: Nature Tourism; Protected Areas; PNSAC; tourism and recreational activities user profile 

 

(9)

Índice 

 

Agradecimentos ... iv 

Resumo ... vii 

Abstract ... viii 

Lista de Tabelas ... x 

Lista de Figuras ... x 

Lista de Siglas/Acrónimos usados ... xi 

1. Introdução ... 1 

 1.1. Programa Nacional de Turismo de Natureza ... 1 

1.1.1. Novas formas de fruição turística e recreativa em territórios “naturais” ... 1 

1.1.2. Desporto de Natureza em Áreas Protegidas ‐ Cartas de Desporto Natureza ... 2 

1.1.3. Balanço de 15 anos de Programa Nacional de Turismo de Natureza ... 2 

1.1.4. Rede Nacional de Áreas Protegidas & Classificadas ... 3 

1.2. Realidade das actividades turísticas e recreativas nas áreas protegidas ... 4 

1.3. Caracterização de visitantes ... 6 

1.4. Objectivo ... 8 

2. Área de Estudos ‐ Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros ... 9 

2.1. Caracterização Geral ... 9 

2.2. Plano de Ordenamento do PNSAC ... 10 

2.3. Carta de desporto de natureza PNSAC ... 11 

3. Materiais e Métodos ... 12 

3.1. Inquérito ... 12 

3.1.1. Planeamento, construção e estrutura ... 12 

3.1.2. Recolha de dados ... 13 

3.1.3. Entrada de dados e processamento ... 15 

4. Resultados ... 16 

4.1. Perfil do utilizador ... 16 

4.2. Motivações dos utilizadores ... 21 

4.3. Grau de Satisfação em relação à Área Protegida ... 28 

5. Discussão de Resultados ... 33 

6. Conclusões ... 35 

7. Bibliografia ... 39 

8. Anexos ... 41 

 

 

(10)

Lista de Tabelas 

Tabela 1 Número de visitantes às sedes e centros de interpretação das Áreas Protegidas

 ... 5 

Tabela 2

 

Número de Inquéritos recolhidos

 ... 17 

Tabela 3

 

Valor gasto durante a permanência PNSAC

 ... 26 

Tabela 4

 

Valor gasto durante a permanência PNSAC

 

(prova DH)

 ... 26 

Tabela 5

 

Valor gasto durante a permanência PNSAC

 

(Peregrinação a Fátima)

 ... 26 

 

 

Lista de Figuras 

Figura 1 Áreas Classificadas de Portugal Continental ... 4 

Figura 2 Número de visitantes às sedes e centros de interpretação das Áreas Protegidas ... 5 

Figura 3 Número de visitantes dos parques nacionais de Espanha ... 6 

Figura 4 Enquadramento do PNSAC nos concelhos que o compõem ... 9 

Figura 5 Carta de Desporto Natureza do PNSAC ... 11 

Figura 6 Pontos centrais das buscas no site GPSies.com ... 14 

Figura 7 "Selected feature" de eliminação da informação não interceptada com o PNSAC. ... 15 

Figura 8 Sobreposição do Mapa de intensidades com toponímia ... 15 

Figura 9 Faixa etária | Resultados inquérito ... 17 

Figura 10 Género | Resultados inquérito ... 18 

Figura 11 Estado civil | Resultados inquérito ... 18 

Figura 12 Número de filhos | Resultados inquérito ... 19 

Figura 13 Situação profissional | Resultados inquérito ... 19 

Figura 14 Grau académico | Resultados inquérito ... 20 

Figura 15 Residência nacional | Resultados inquérito ... 20 

Figura 16 Concelhos de residência (>3) | Resultados inquérito ... 21 

Figura 17 Tem conhecimento que o PNSAC é uma AP? | Resultados inquérito ... 22 

Figura 18 Frequência de utilização PNSAC | Resultados inquérito ... 22 

Figura 19 Motivos de deslocação ao PNSAC | Resultados inquérito ... 23 

Figura 20 Motivos de deslocação ao PNSAC (outro) | Resultados inquérito ... 23 

Figura 21 Atividades desenvolvidas PNSAC | Resultados inquérito ... 24 

Figura 22 Atividades desenvolvidas PNSAC (outra) | Resultados inquérito ... 24 

Figura 23 Tempo despendido na atividade | Resultados inquérito ... 25 

Figura 24 Forma de visitação PNSAC | Resultados inquérito ... 25 

Figura 25 Meio de transporte utilizado para chegar ao PNSAC | Resultados inquérito……….26 

Figura 26 Fontes de informação utilizadas | Resultados inquérito ... 27 

Figura 27 Fontes de informação utilizadas (outra) | Resultados inquérito ... 27 

Figura 28 Necessidade de alojamento | Resultados inquérito ... 28 

Figura 29 Tipologia de alojamento | Resultados inquérito ... 28 

Figura 30 Classificação geral PNSAC | Resultados inquérito ... 29 

Figura 31 Classificação individualizada PNSAC | Resultados inquérito ... 29 

Figura 33 Fatores de distúrbio PNSAC | Resultados inquérito ... 30 

(11)

Figura 32 Classificação individualizada motivações PNSAC | Resultados inquérito ... 30 

Figura 34 Fatores de distúrbio PNSAC (outro) | Resultados inquérito ... 31 

Figura 35 Faixa etária ‐ comparação entre dados do Inquérito e dados Censos 2011 ... 34 

Figura 36 Número de Filhos ‐ comparação entre dados do Inquérito e dados Censos 2011 ... 34 

 

 

 

Lista de Siglas/Acrónimos usados 

 

AP – Área Protegida 

CDN – Carta de Desporto de Natureza  

GPS – Global Position System 

INE – Instituto Nacional de Estatística 

ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e Florestas 

NSRE – National Survey on Recreation and the Environment 

PENT – Plano Estratégico Nacional de Turismo 

PNSAC – Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros 

PNTN – Programa Nacional de Turismo de Natureza 

PO – Plano de Ordenamento 

POPNSAC – Plano de Ordenamento do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros 

PVCRNAP – Programa de Visitação e Comunicação da Rede Nacional de Áreas Protegidas 

RNAP – Rede Nacional de Áreas Protegidas 

SIC – Sítio de Interesse Comunitário 

SIG – Sistemas de Informação Geográfica 

TN – Turismo de Natureza 

ZPE – Zona Especial de Proteção 

 

 

 

 

(12)

 

(13)

1. Introdução 

 

1.1. Programa Nacional de Turismo de Natureza 

 

 

 

1.1.1. Novas formas de fruição turística e recreativa em territórios “naturais” 

 

Foi  sobretudo  a  partir  dos  anos  70  que  o  turismo,  atividade  até  então  considerado  como  uma 

“indústria  limpa”,  começa  a  ser  posta  em  causa  pelos  seus  efeitos  nefastos,  tanto  ao  nível  do 

ambiente,  como  no  que  se  refere  aos  recursos  naturais  e  aspetos  sociais.  Como  consequência, 

começa‐se a desenhar um novo tipo de turismo, dando assim resposta à procura do contacto com a 

natureza e culturas locais, adequada ao grau de exigência dos novos turistas (Marques, 2003) e os 

espaços  naturais,  mais  concretamente  as  Áreas  Protegidas  (AP),  surgem  cada  vez  mais  como  os 

novos  destinos  turísticos,  locais  privilegiados  para  a  prática  de  atividades  turísticas  e  recreativas 

(Bachareal,  1994).  Neste  contexto,  as  atividades  de  turismo  de  lazer,  recreação  e  de  aventura  na 

natureza têm vindo a crescer, estimando‐se que tenham atingido, a partir de 1998, um crescimento 

anual  entre  10%  a  30%  representando  20%  de  todo  o  mercado  mundial  de  viagens  (The 

International Ecotourism Society, 2006). 

 

O Programa Nacional de Turismo de Natureza (PNTN), criado em 1998, surge no seguimento dessa 

alteração  de  hábitos  de  consumo  do  território  e  da  constatação  de  que  uma  nova  tendência  se 

começava a desenhar nos finais do séc. XX, em que as AP tinham um papel preponderante. Citando 

o preambulo do decreto‐lei n.º 47/99 que regulamenta o PNTN, “Os espaços naturais surgem cada 

vez  mais,  no  contexto  internacional  e  nacional,  como  destinos  turísticos  em  que  a  existência  de 

valores naturais e culturais constituem atributos indissociáveis do turismo de natureza.”  

Ficam  portanto  reconhecidos,  com  a  criação  do  PNTN,  os  pressupostos  que  servirão  de  base  à 

consolidação  da  imagem  de  Portugal  como  destino  turístico  de  qualidade,  com  novos  destinos 

vocacionados  para  novos  tipos  de  procura.  Por  outro  lado,  assume‐se  que  as  AP  possuem 

características como únicas, em termos de património natural e cultural, devendo estar claramente 

vocacionadas para atividades de lazer ligadas ao contacto com a natureza e com as culturas locais. O 

Turismo  de  Natureza  (TN)  enquanto  produto  turístico,  passou  a  integrar  várias  modalidades  de 

Hospedagem  (turismo  em  espaço  rural  e  casas  de  natureza)  e  Animação  Ambiental  (animação, 

Interpretação ambiental e desportos de natureza), deixando de lado o conceito de que turismo se 

bastava pelos serviços de alojamento e restauração. 

 

Dada  a  sensibilidade  inerente  às  áreas  protegidas,  houve  ainda  a  necessidade  do  PNTN  definir 

algumas  regras  em  relação  à  animação  entre  as  quais  figuravam  as  Cartas  de  Desporto  Natureza 

(CDN). Nestas devem constar as regras e orientações relativas a cada modalidade desportiva, bem 

como os locais e as épocas do ano em que as mesmas podem ser praticadas, assim como a respetiva 

capacidade de carga. 

(14)

Para  a  construção  de  um  verdadeiro  produto  turístico  em  consonância  com  a  realidade  destes 

territórios,  assim  como  para  promover  uma  efetiva  e  realista  gestão  destas  áreas,  é  essencial 

conhecer,  para  além  dos  próprios  territórios,  os  seus  utilizadores  bem  como  as  suas  preferências, 

sob o risco de traçar retratos e produzir estratégias desajustadas da realidade. 

 

 

 

1.1.2. Desporto de Natureza em Áreas Protegidas ‐ Cartas de Desporto Natureza 

 

 

As Cartas de Desporto Natureza (CDN), referidas no artigo 6.º do Decreto Regulamentar n.º 18/99, 

de  27  de  Agosto  (o  único  ainda  em  vigor),  que  regulamentava  a  animação  ambiental  nas 

modalidades  de  animação,  interpretação  ambiental  e  desporto  de  natureza,  visavam  articular  a 

procura de turismo de ar livre com os planos de ordenamento das áreas protegidas. Cada AP deve 

possuir uma CDN e regulamento, onde constem as regras e orientações relativas a cada modalidade 

desportiva,  incluindo  os  locais  e  as  épocas  do  ano  em  que  as  mesmas  podem  ser  praticadas,  bem 

como a respetiva capacidade de carga. Não obstante do propósito e utilidade das CDN, apenas duas 

AP possuem Carta de Desporto aprovada e em vigor em Portugal (Parque Natural da Serra de Aire e 

Candeeiros  e  Parque  Natural  de  Sintra‐Cascais),  furto  em  parte  da  falta  de  uma  metodologia  e 

orientações próprias para a elaboração destes instrumentos. No entanto, mesmo sem CDN, as áreas 

protegidas continuam a ter afluência  de utilizadores no que diz respeito às atividades desportivas. 

Também para estes instrumentos, seria de extrema utilidade a existência de informação sobre quem 

são os utilizadores desses espaços, assim como as suas motivações, perceções e expetativas. 

 

 

 

1.1.3. Balanço de 15 anos de Programa Nacional de Turismo de Natureza 

 

 

Passados 15 Anos desde a criação do Programa Nacional de Turismo de Natureza (PNTN), o Turismo 

de Natureza (TN) não se assume hoje como um produto turístico consolidado como estava previsto. 

Apesar  de  Portugal  ser  claramente  reconhecido  nos  nossos  mercados  emissores  como  destino 

adequado para o TN (TT‐ThinkTur, 2006), o facto é que não existe um verdadeiro produto turístico 

que possa dar resposta a essa procura. 

Embora  o  TN  tenha  sido  apresentado  nas  três  versões  do  Plano  Estratégico  Nacional  de  Turismo 

(PENT) como um dos dez produtos turísticos estratégicos para o país também aqui se verifica uma 

falta  de  informação  de  base  que  permita  estruturar  este  produto.  Apesar  de  terem  sido 

apresentados  vários  fatores  de  competitividade,  assim  como  uma  série  de  oportunidades  de 

desenvolvimento decorrentes da aposta neste produto turístico, a verdade é que o PENT não possui 

qualquer  informação  relativa  ao  perfil  e  motivações  dos  utilizadores  das  áreas  protegidas  em 

Portugal. Essa informação é condição essencial para definir e indicar recomendações para o turismo 

natureza diferenciadas por regiões o que revela alguma irrealidade no que é dito.  

(15)

Com exceção das duas Cartas de Desporto Natureza (CDN) publicadas, que estão em fase de revisão, 

ficaram  por  fazer  todas  as  outras.  Ainda  assim,  as  duas  existentes  não  se  adequam  à  prática 

observada nas áreas protegidas a que dizem respeito. Um dos aspetos importantes incluído no PNTN 

é  a  capacidade  de  carga,  conceito  essencial  à  boa  gestão  das  atividades  turísticas  e  recreativas 

dentro das AP. No entanto, não existe uma definição de capacidade de carga, nem uma metodologia 

padrão  que  permita  aferir  esta  capacidade  de  carga  (que  estando  relacionada  com  uma  atividade 

turística em áreas sensíveis devia ser capaz de medir e avaliar as diferentes capacidades de carga: 

social, biofísica ou ecológica). 

Com  as  alterações  introduzidas  em  2008  e  2009  na  legislação  que  regulamenta  o  turismo,  este 

passou  a  poder  ser  praticado  para  além  da  rede  nacional  de  áreas  protegidas,  ao  contrário  que 

estava até então definido. Citando o Decreto‐Lei n.º 39/2008, “São empreendimentos de turismo de 

natureza os estabelecimentos que se destinem a prestar serviços de alojamento a turistas, em áreas 

classificadas  ou  noutras  áreas  com  valores  naturais,  dispondo  para  o  seu  funcionamento  de  um 

adequado  conjunto  de  instalações,  estruturas,  equipamentos  e  serviços  complementares 

relacionados com a animação ambiental, a visitação de áreas naturais, o desporto de natureza e a 

interpretação  ambiental”.  Essa  alteração  veio  trazer  também  algumas  disparidades  ao  nível  da 

regulação  das  áreas  naturais  uma  vez  que  poderemos  ter  espaços  que  por  pertencerem  à  RNAP 

possuem vários instrumentos de gestão do território como Plano de Ordenamento (PO) e CDN como 

poderemos, por outro lado, ter turismo de natureza em locais onde a conservação da natureza ou a 

gestão  do  território  se  faz  com  instrumentos  menos  restritos  e  vocacionados  para  a  temática.  O 

PNTN perdeu também parte da genuinidade e tipicidade do alojamento que definia ao ter eliminado 

as  casas  de  natureza  sendo  que  atualmente,  qualquer  empreendimento  turístico  pode  ser 

considerado turismo de natureza desde que cumpra os requisitos da norma portuguesa de TN. 

Mesmo para fazer um balanço completo dos 15 anos de PNTN seria necessário ter informação que 

permitisse  identificar  os  utilizadores  turísticos  assim  como  as  suas  motivações,  perceções  e 

expetativas, a fim de monitorizar de forma eficiente o TN. 

 

 

 

1.1.4. Rede Nacional de Áreas Protegidas & Classificadas 

 

 

A Figura 1 mostra Portugal Continental e todas as suas Áreas Protegidas (AP) e Classificadas. Apesar 

de  todas  possuírem  valores  importantes  e  serem  dotadas  de  um  estatuto  de  proteção,  é  na  Rede 

Nacional  de  Áreas  Protegidas  (RNAP)  que  encontramos  aquelas  com  as  ocorrências  naturais  de 

maior  valor  e  que,  pela  sua  sensibilidade,  importa  gerir  corretamente.  Apesar  de  algumas  áreas 

classificadas da Rede Natura 2000, como é o caso da ZPE de Castro Verde, serem um bom exemplo 

de uma importante área para o desenvolvimento do turismo de natureza, a verdade é que a maior 

concentração  de  oferta  turística  e  recreativa  está  nos  territórios  da  RNAP  onde  existe  igualmente 

uma série de infraestruturas e serviços que as outras áreas classificadas não possuem.  

O  processo  de  criação  de  Áreas  Protegidas  é  atualmente  regulado  pelo  ICNF  e  prevê  as  seguintes 

tipologias:  Parque  nacional,  Parque  natural,  Reserva  natural,  Paisagem  protegida  e  Monumento 

natural. Em 2008 é criada legislação que prevê a criação de AP com estatuto privado.  

(16)

Neste momento tempos em Portugal 50 Áreas Protegidas e a prova de que é possível compatibilizar 

e gerar mais‐valias económicas em torno da Conservação da Natureza e da biodiversidade é o facto 

de  recentemente  (2010),  ter  sido  criada  a  primeira  área  protegida  privada  que  desenvolve,  com 

sucesso, uma estratégia de comunicação baseada numa imagem apelativa à visitação. 

 

 

Figura 1 Áreas Classificadas de Portugal Continental  APs (Áreas Protegidas – RNAP)  RAMSARs (Sitios classificados ao abrigo da convenção de RAMSAR)  SICs (Sítios de Interesse Comunitário)  ZPEs (Zonas de Proteção Especial) 

 

 

 

1.2. Realidade das Atividades Turísticas e Recreativas nas Áreas Protegidas  

 

 

Apesar de muito útil e essencial como forma de obter um retrato fiel das nossas Áreas Protegidas 

(AP),  a  informação  acerca  do  número  e  perfil  dos  seus  utilizadores  é  ainda  residual  ou  mesmo 

inexistente,  o  que  significa  que  qualquer  conclusão  baseada  nessa  informação  tem  grande 

probabilidade de estar incorreta.  

A  entidade  responsável  pela  gestão  dessas  áreas,  o  ICNF,  disponibiliza  um  indicador  dessa 

informação  –  o  Número  de  visitantes  às  sedes  e  centros  de  interpretação  das  Áreas  Protegidas. 

Trata‐se de um registo que é efetuado tendo em conta o número de utilizadores dos alojamentos 

geridos  pelo  ICNF,  utentes  em  visitas  enquadradas  pelas  AP,  pedidos  de  informação  e  vendas  de 

(17)

folhetos e publicações nas AP, desde 1997, como mostra a Tabela 1. Assim, segundo os números do 

ICNF, visitam as AP de Portugal, em média 50.495 pessoas por ano, num total de 858.422 visitantes 

ao  longo  dos  17  anos  de  contagem.  Como  é  referido  pelo  próprio  ICNF  “os  dados  agora 

disponibilizados são o registo dos serviços prestados localmente pelas AP e que devem ser lidos como 

indicadores já que não permitem refletir todo o universo da visitação”. 

 

 

 

 

Ano

Visitantes AP

(visitas guiadas) 1996  32.650 1997  79.161 1998  53.467 1999  38.063 2000  63.560 2001  99.190 2002  81.864 2003  86.854 2004  59.025 10  2005  41.097 11  2006  32.102 12  2007  33.524 13  2008  42.624 14  2009  44.099 15  2010  25.676 16  2011  24.627 17  2012  20.839

TOTAL

858.422

50.495 Tabela 1 Número de visitantes às sedes e centros de interpretação das Áreas Protegidas (ICN 1996‐2012) 

 

 

 

 

Figura 2 Número de visitantes às sedes e centros de interpretação das Áreas Protegidas (ICN 1996‐2012) 

 

Essa  inconsistência  dos  dados  pode  ainda  ser  verificada  se  tivermos  em  conta  os  dados  para  os 

parques nacionais em Espanha como é evidenciado na Figura 3. Neste caso podemos constatar um 

total  de  aproximadamente  10  milhões  (2010)  de  visitantes  por  ano.  Mesmo  tendo  em  conta  a 

0

20.000

40.000

60.000

80.000

100.000

120.000

(18)

diferença  demográfica  entre  Portugal  e  Espanha,  os  25.676  (ICN,  2010)  utilizadores  relativos  a 

Portugal são substancialmente inferiores aos 10 milhões verificados, na realidade, em Espanha. 

 

 

Figura 3 Número de visitantes dos parques nacionais de Espanha | Fonte: http://reddeparquesnacionales.mma.es/parques/index.htm 

 

 

No  âmbito  do  Programa  de  Visitação  e  Comunicação  na  Rede  Nacional  de  Áreas  Protegidas 

(PVCRNAP), foi produzido um relatório que fazia uma análise e interpretação da situação da visitação 

das  AP,  à  data  em  Portugal.  É  admitido  nesse  documento  a  escassez  de  dados  quantitativos 

existentes  em  relação  à  visitação,  recreio  e  lazer  nas  AP  em  Portugal,  indicando  os  números  já 

referidos  anteriormente  do  ICNF  e  considerando‐os  como  as  únicas  informações  estatísticas 

disponíveis  e  relevantes  para  a  análise.  Ainda  que  referido  que  esses  dados  não  traduziam,  nem 

sequer  aproximadamente,  a  efetiva  e  real  visitação  das  AP,  foram  feitas  análises  e  retiradas 

conclusões  baseadas  nos  mesmos.  O  PNSAC  é,  segundo  este  relatório  a  terceira  AP  em  Portugal 

onde  mais  visitantes  concretizaram  pedidos  de  informação,  e/ou  participaram  em  visitas  guiadas 

com 32.224 (TT‐ThinkTur, 2006). O relatório faz ainda estimativas do número de visitantes das AP e 

indica  que  o  PNSAC  poderá  atingir  1.611.200  de  visitantes  espontâneos,  128.896  organizados  e 

64.448  que  pedem  informações.  Estes  são  números  com  alguma  magnitude  se  tivermos  em  conta 

eventuais gastos médios por visita mas, que na falta de uma metodologia válida, se tornam meras 

suposições. 

 

 

1.3. Caracterização de visitantes  

 

Apesar  de  em  vários  países  o  turismo  fazer  contributos  significativos  para  a  conservação  de  uma 

série de espécies ameaçadas através dos orçamentos e verbas das áreas protegidas, a conservação 

suporta  o  ecoturismo  mais  frequentemente  do  que  o  ecoturismo  suporta  a  conservação.  Dessa 

forma, e para usar o turismo como uma ferramenta de conservação, primeiro temos de estudar  o 

comportamento e psicologia dos turistas assim como fazemos com a vida selvagem (Buckley, 2013). 

Para além de essencial para a conservação da natureza, uma correta perceção dos utilizadores das 

(19)

áreas protegidas é igualmente importante para a gestão da própria e, nessa lógica, as informações 

acerca  dos  visitantes  assumem  relevância  a  nível  regional,  nacional  e  até  mesmo  internacional  de 

políticas,  planeamento,  elaboração  de  relatórios,  pesquisas  e  comparações  de  realidades.  Além 

disso, essa informação pode e deve ser difundida aos próprios visitantes, assim como ao público em 

geral.  Revela‐se  igualmente  essencial  definir  uma  harmonização  dos  dados  recolhidos,  de  forma  a 

produzir  informação  que  possa  ser  comparável  e  utilizável,  em  diferentes  áreas  e  ao  longo  do 

tempo.  Um  bom  programa  de  monitorização  de  visitantes  consiste  na  combinação  entre  o 

conhecimento do número de visitantes e as suas características, pelo que é essencial a elaboração 

de metodologias de inquirição de utilizadores e visitantes. Para além da indubitável necessidade da 

conservação dos ecossistemas e recursos naturais, a gestão da natureza não é o único caminho para 

a  sua  própria  conservação.  É  necessário  gerir  as  pessoas  que  cada  vez  mais  a  utilizam, 

principalmente  nestas  áreas,  uma  vez  que  um  aumento  descontrolado  da  utilização  destas  áreas 

pode gerar uma série de impactos negativos que, posteriormente terão um reflexo também ao nível 

social  e  económico.  (Visitor  Monitoring  in  Nature  Areas,  2007).  Se  a  informação  acerca  dos 

utilizadores  for  sendo  recolhida,  mantida  disponível  e  atualizada,  é  possível  perceber  mudanças  e 

tendências  que  se  possam  revelar  ao  nível  das  atividades  praticadas  e  facilmente  são  feitos  os 

ajustes  necessários,  dando  ao  gestor  da  AP  indicadores  acerca  da  aderência  de  uma  qualquer 

decisão estratégica aplicada e permitir‐lhe‐á ajustar ou dar continuidade à mesma.  

Nesse  sentido,  o  conhecimento  e  a  caracterização  de  utilizadores  das  AP  são  algo  cada  vez  mais 

valorizado  e  assumem  um  papel  de  destaque  ao  nível  das  entidades  gestoras  do  território  e  de 

ambiente em vários países existindo várias formas de abordagem do assunto. O governo Americano, 

por exemplo, criou uma ferramenta, o National Survey on Recreation and the Environment (NSRE) 

baseada  num  inquérito  que  contempla  questões  que  vão  desde  a  recreação  ao  ar  livre,  à 

demografia,  passando  pela  estrutura  familiar,  estilos  de  vida,  até  às  políticas  de  gestão,  com  o 

objectivo de averiguar a forma como as pessoas encaram a recreação ao ar livre e as preocupações 

com  o  meio  ambiente.  O  NSRE  dá  ainda  resposta  às  constantes  mudanças  sociais  e  económicas, 

encarando  a  monitorização  como  forma  de  proceder  aos  necessários  ajustes  nas  áreas  da  gestão 

pública,  investimentos  empresariais  e  estratégias  de  gestão.  O  inquérito  em  causa  é  feito  por 

telefone, a 40.000 famílias, de todos os grupos étnicos, dos Estados Unidos, ao longo de 12 meses de 

10 em 10 anos. 

Outro exemplo importante, embora a um outro nível, é o da Suécia que elaborou um manual que 

define uma metodologia de monitorização de visitantes em áreas naturais para os países nórdicos e 

bálticos.  O  objetivo  deste  documento  é  estabelecer  uma  abordagem  padronizada  para  a 

monitorização  de  visitantes  em  áreas  naturais  da  região  de  forma  a  que  se  proceda  à  recolha  de 

informação que possa ser utilizada e comparada ao longo do tempo pelas várias áreas protegidas da 

região.  Para  além  destes  existem  outros  países  onde  estas  questões  assumem  também  grande 

relevância como são os casos da Espanha, Austrália, Nova Zelândia, Itália, entre outros. 

 

 

 

(20)

1.4. Objetivo 

 

O objetivo do presente trabalho é fazer uma caracterização dos utilizadores turísticos e recreativos 

das  áreas  protegidas,  usando  como  área  de  estudo  o  Parque  Natural  das  Serras  de  Aire  e 

Candeeiros.  Para  além  da  identificação  de  um  perfil  de  utilizador,  este  trabalho  pretende  aferir 

também  algumas  considerações  acerca  do  grau  de  satisfação  em  torno  do  PNSAC  bem  como  das 

motivações  que  levam  os  seus  utilizadores  a  deslocar‐se  ao  parque.  Pretende‐se  que  desta 

caracterização  surjam  dados  importantes  que  permitam  adaptar  e  melhorar  a  gestão  da  AP  bem 

como  um  ajuste  na  oferta  turística  e  recreativa  da  mesma.  É  ainda  objetivo  desta  tese  testar 

métodos  que  permitam,  no  futuro,  desenvolver  uma  estratégia  de  monitorização  dos  utilizadores 

turísticos e recreativos das áreas protegidas, aproveitando este documento como ponto de partida. 

 

A  opção  de  escolha  pelo  caso  de  estudo  do  PNSAC  ficou  a  dever‐se,  por  um  lado,  à  facilidade  de 

logística e acolhimento por parte da equipa de técnicos e dirigentes desta AP, por outro, pelo facto 

de possuir já dois planos de ordenamento publicados e ter sido a primeira a ter carta de desporto de 

natureza, o que em parte é justificado pela oferta de visitação que esta AP possui desde os anos 90. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(21)

2. Área de Estudo ‐ Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros 

 

 

2.1. Caracterização Geral  

 

 

O Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros estende‐se ao longo de aproximadamente 39 mil 

ha, abrangendo sete concelhos (Alcobaça, Porto de Mós, Alcanena, Ourém, Rio Maior, Santarém e 

Torres Novas) como ilustra a Figura 4.  

 

Figura 4 Enquadramento do PNSAC nos concelhos que o compõem 

 

O  PNSAC  foi  formalmente  criado  pelo  Decreto‐Lei  n.º  118/79,  de  4  de  Maio,  advindo  do  facto  de 

estar  integrado  numa  das  unidades  geomorfológicas  mais  marcantes  e  características  do  território 

nacional,  à  qual  deve  a  sua  existência  –  Maciço  Calcário  Estremenho  e  cujos  valores  naturais  ai 

existentes  impunha  salvaguardar.  O  interesse  na  proteção,  conservação  e  gestão  deste  território 

encontra‐se  igualmente  sublinhado  pelo  facto  de  integrar  o  Sítio  PTCON00015  (serras  de  Aire  e 

Candeeiros)  da  Lista  Nacional  de  Sítios  da  Rede  Natura.  Do  ponto  de  vista  morfológico  podem‐se 

diferenciar,  no  Maciço  Calcário  Estremenho,  três  subunidades:  a  serra  dos  Candeeiros  a  oeste,  o 

planalto  de  Sto.  António  ao  centro  e  a  sul  e  o  planalto  de  S.  Mamede  e  a  serra  de  Aire, 

respetivamente  a  norte  e  este.  A  separar  estas  subunidades  encontram‐se  três  depressões 

originadas por grandes fraturas, respetivamente a depressão da Mendiga, o polje de Mira‐Minde e a 

depressão de Alvados. O PNSAC é o mais representativo repositório de fenómenos cársicos no nosso 

país,  quer  à  superfície,  como  em  profundidade  (existência  de  mais  de  1500  grutas).  Apesar  da 

ausência de cursos de água de superfície, eles existem em abundância no subsolo, sendo, das várias 

nascentes  cársicas  existentes  na  região,  a  mais  conhecida  e  importante,  no  que  toca  a  caudais 

emitidos, a dos Olhos de Água do Alviela, que fornece água a Lisboa desde 1880.   

O  PNSAC  assume  uma  relevância  importante  também  ao  nível  de  fauna  e  flora:  Das  formações 

vegetais  atualmente  existentes  são  de  salientar,  pela  sua  importância,  os  carvalhais  de  carvalho‐

cerquinho  (Quercus  faginea)  –  espécie  que  só  se  encontra  na  Península  Ibérica  e  norte  de  África, 

uma  zona  de  carvalho‐negral  ou  pardo  da  Beira  (Quercus  pyrenaica)  e  zonas  muito  limitadas  de 

(22)

azinheira  (Quercus  rotundifolia),  de  sobreiro  (Quercus  suber),  de  ulmeiros  (Ulmusspp)  e  de 

castanheiros (Castanea sativa). Estão identificadas cerca de 600 espécies vegetais o que significa que 

no  parque  é  possível  observar  cerca  de  um  quinto  das  espécies  vegetais  que  ocorrem  no  país. 

Dessas, algumas só existem em Portugal, outras na Península Ibérica ou então na Península e norte 

de  África  e  outras  ainda  possuem  uma  área  de  distribuição  ou  estatuto  de  raridade  que  lhes 

conferem  uma  situação  especial  em  termos  de  conservação  da  natureza.  Ao  nível  da  fauna,  a 

existência  de  um  grande  número  de  biótopos  conferem  à  área  do  PNSAC  uma  riqueza  faunística, 

essencialmente,  numa  grande  diversidade  espécies,  nomeadamente  de  vertebrados.  Assim, 

encontra‐se  já  inventariado  um  total  de  204  espécies,  das  quais  136  são  aves,  38  mamíferos,  17 

répteis e 13 anfíbios. As aves são o grupo com maior número de representantes neste parque, sendo 

conhecidas  mais  de  100  espécies  que  lá  nidificam.  Algumas  são  mesmo  importantes  no  contexto 

nacional, como o bufo‐real ou a gralha‐de‐bico‐vermelho. O meio subterrâneo tem também grande 

significado.  Nas  suas  numerosas  grutas  abrigam‐se  uma  infinidade  de  seres  vivos,  dos  quais  se 

destacam cerca de dez espécies de morcegos cavernícolas. O clima da área do PNSAC carateriza‐se 

por constituir uma peculiar transição entre as condições mediterrâneas e atlânticas, sendo por isso 

húmido,  de  temperaturas  médias  e  com  grande  deficiência  de  água  no  verão.  A  juntar  a  todas  as 

características  naturais  acima  referidas,  o  PNSAC  dispõe  ainda  de  uma  situação  geográfica  muito 

favorável no contexto nacional. Situado no centro do país, servido pela Autoestada do Norte (A1) e a 

uma  hora  de  Lisboa,  o  PNSAC  goza  de  uma  situação  privilegiada  para  quem  pretende  desenvolver 

uma qualquer atividade de turismo ou lazer. Este facto vem reforçar a escolha do caso de estudo do 

PNSAC, referida no objetivo do trabalho (ICNF, 2013). 

 

 

 

2.2. Plano de Ordenamento do PNSAC 

 

 

O Plano de Ordenamento do PNSAC (POPNSAC), assim como na generalidade das áreas protegidas 

está previsto na Lei de Bases do Ordenamento do Território, cabendo ao ICNF a competência para os 

elaborar e executar. O primeiro POPNSAC data de 1998, tendo sido revisto em 2010. Neste pode ler‐

se que “Constituem objetivos gerais do POPNSAC assegurar uma estratégia de conservação e gestão 

que  permita  a  concretização  dos  objetivos  que  sustentaram  a  criação  do  PNSAC,  bem  como  a 

conservação dos habitats naturais, da fauna e flora selvagens protegidas, nos termos do regime da 

Rede  Natura  2000.  Pretende‐se  ainda  fixar  um  regime  de  gestão  compatível  com  a  proteção  e  a 

valorização  dos  recursos  naturais  e  o  desenvolvimento  das  atividades  humanas,  através  de  uma 

definição de objetivos e estatutos de proteção adequados às diferentes áreas, bem como a definição 

das respetivas prioridades de intervenção”. No que diz respeito ao objetivo desta tese, o POPNSAC 

faz  referência  ao  enquadramento,  necessário,  das  atividades  humanas  através  de  uma  gestão 

racional dos recursos naturais, bem como as atividades de recreio e turismo com vista à promoção 

simultânea do desenvolvimento económico e o bem‐estar das populações de forma sustentada. Está 

disponível, em anexo a planta de condicionantes e a planta de síntese da proposta da última versão 

do POPNSAC. 

(23)

2.3. Carta de Desporto de Natureza PNSAC 

O Regulamento do Desporto de Natureza na Área do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros 

(PNSAC) e respetiva carta estão definidos na portaria 1465/2004 de 17 de Dezembro, encontrando‐

se atualmente em processo de revisão, tendo sido a primeira a ser publicada no âmbito do PNTN. O 

regulamento e a respetiva carta definem, no seu conjunto, as regras e orientações relativas a cada 

modalidade  de  desporto  de  natureza,  assim  com  os  locais  e  as épocas  do  ano  em  que  as  mesmas 

podem ser praticadas. Outro conceito que cabe às CDN considerar é a capacidade de carga mas que, 

pela  dificuldade  de  cálculo  e  em  falta  de  uma  metodologia,  não  foi  feito,  tendo  sido  decido  optar 

pela  indicação  do  limite  máximo  de  participantes  que  deve  ser  cumprido  em  cada  uma  das 

atividades  e  locais.  É  permitido  no  PNSAC  desenvolver  nove  atividades.  Duas  de  ar:  i)  voo  livre,  ii) 

balonismo.  Seis  de  terra:  i)  pedestrianismo,  ii)  escalada,  iii)  orientação,  vi)  atividades  equestres,  v) 

atividades em BTT, vi) espeleísmo e uma atividade de água: canoagem. Existem ao longo do PNSAC 

seis  locais  de  descolagem  autorizados  para  a  prática  de  voo  livre,  devidamente  sinalizados  no 

terreno  e  dezasseis  percursos  pedestres  de  pequena  rota.  A  canoagem,  no  limite  do  PNSAC,  pode 

ocorrer  em  duas  zonas:  Olhos  d’Água  do  Alviela  e  Polje  de  Minde‐Mira  e  é  interdita  nas  lagoas 

situadas  no  Polje  de  Mira‐Minde.  A  espeleologia  apenas  pode  ser  praticada  no  PNSAC  em  quatro 

cavidades.  A  utilização  dos  locais  de  aterragem  para  a  atividade  de  balonismo  depende  de 

autorização dos respetivos proprietários ou entidades gestoras dos espaços bem como da aprovação 

do PNSAC. Apesar da exaustiva descrição dos locais na CDN (Figura 5) é facilmente verificável que, 

na  realidade,  a  utilização  do  PNSAC  para  a  prática  desportiva  vai  mais  além  do  que  os  locais 

indicados e destinados a cada atividade nesse documento. 

 

 

Figura 5 Carta de Desporto Natureza do PNSAC 

(24)
(25)

3. Materiais e Métodos 

 

 

3.1. Inquérito 

 

3.1.1. Planeamento, construção e estrutura 

 

 

A  experiência  mostra  que,  se  o  objetivo  é  estudar  visitantes  de  Áreas  Protegidas,  o  método  de 

recolha deverá ser, preferivelmente, no local (Visitor Monitoring in Nature Areas, 2007). No âmbito 

dos  objetivos  foram  recolhidos  inquéritos,  no  interior  do  PNSAC  através  de  vários  métodos  mas 

dando preferência aos métodos in‐sito. Foi testado, para além desses, o método de preenchimento 

on‐line  do  inquérito.  O  inquérito  usado  neste  trabalho  (ver  anexo  I)  está  dividido  em  três  partes 

distintas, tendo em conta os níveis de informação que se quis obter: Uma primeira parte, intitulada 

“Motivações  e  Preferências  dos  Utilizadores  da  Área  Protegida”,  onde  os  visitantes  são  inquiridos 

acerca  dos  motivos  que  os  levaram  a  deslocar‐se  à  AP,  a  forma  como  o  fizeram,  o  meio  de 

transporte utilizado, o tempo despendido, a eventual necessidade de alojamento, entre outros. Uma 

segunda  parte,  intitulada  “Grau  de  Satisfação  em  Relação  à  AP”,  onde  é  pedido  ao  inquirido  que 

classifique  a  AP  a  vários  níveis  assim  como  indique  os  fatores  de  distúrbio  que  tenha  verificado 

durante a sua permanência na AP. A terceira e última parte do inquérito, intitulada “Utilizadores da 

AP”,  pretende  recolher  informação  que  permita  traçar  um  perfil  do  inquirido,  através  do  género, 

faixa etária, grau académico, rendimento, entre outros. Uma das questões que se revela por vezes 

mais  difícil  de  obter  tem  a  ver  com  a  verba  gasta  durante  a  permanência  na  AP.  Neste  caso  foi 

pedido à pessoa que fizesse uma estimativa total, tão abrangente quanto possível, tendo em conta 

vários  aspectos  como  as  despesas  com  o  alojamento,  combustível,  recordações,  etc,  tendo  sido 

calculada  a  média  desse  valor.  O  design  e  esquema  do  inquérito  foi  padronizado  de  acordo  com 

algumas  das  normas  utilizadas  pelo  Instituto  Nacional  de  Estatística  (INE)  de  forma  a  que  os 

resultados pudessem ser comparados com dados fornecidos por essa entidade. Foi feito um teste de 

campo  à  versão  provisória  do  inquérito  a  um  total  de  50  pessoas.  Desse  teste  concluiu‐se  que 

alguma  linguagem  não  estava  clara,  gerando  confusão  pelo  que  houve  a  necessidade  de  redefinir 

algum  texto  e  apresentação.  Algum  conteúdo  e  a  organização  das  questões  basearam‐se  em 

inquéritos  já  realizados  na  mesma  área  e  com  os  mesmos  propósitos,  destacando‐se  os  seguintes 

exemplos:  i)  Hornback,  K.  E.,  &  Eagles,  P.  F.  J.  (1999).  Guidelines  for  Public  Use  Measurement  and 

Reporting at Parks and Protected Areas; ii) Swedish Environmental Protection Agency. (2007). Visitor 

Monitoring in Natures Areas; iii) Moore, S. A., Crilley, G., Darcy, S., Griffin, T., Taplin, R., Tonge, J., … 

Smith, A. (2009). Designing And Testing a Park‐Based Visitor Survey; iv) University of Eastern Finland. 

(2011).  Sustainable  Tourism  in  Enterprises,  Parks  and  Protected  Areas;  v)  University  of  Greifswald. 

(2011). Report of the visitor survey 2010 ‐ South‐East Ruegen Biosphere Reserve. 

 

 

 

(26)

3.1.2. Recolha de dados 

 

 

A recolha dos dados foi feita através de três métodos distintos: a) recolha in‐sito assistida; b) recolha 

in‐sito  não  assistida  e  c)  recolha  ex‐sito  não  assistida.  A  recolha  in‐sito  assistida  consistiu  numa 

recolha no local, dentro dos limites do PNSAC, onde a pessoa inquirida se encontrava a praticar uma 

qualquer  atividade  recreativa  ou  de  lazer.  Neste  método,  os  visitantes  foram  inquiridos  por  outra 

pessoa  que  guiava  a  entrevista  e  esclarecia  qualquer  dúvida  que  pudesse  surgir.  Não  havendo 

informação de base sobre a visitação e utilizações recreativas e turísticas no PNSAC, a determinação 

dos locais de recolha in‐sito assistida teve como base uma análise em “SIG” das áreas mais utilizadas 

pelos  utilizadores  do  PNSAC  a  partir  de  informações  disponibilizadas  pelos  próprios  em  sites 

especializados de partilha de tracks de GPS (de que são exemplo o GPSsies.com,  WkiLOC, o strada, 

ou  o  ENDOMONDO).  Neste  caso  concreto  foi  utilizado  o  GPSies.com,  uma  vez  que  já  havia  sido 

utilizado e testado (Mendes, 2012) com bons resultados. Para o efeito, foram definidos cinco locais, 

dentro  dos  limites  do  PNSAC,  que  permitiram  ter  uma  abrangência  tão  grande  quanto  possível  da 

área do mesmo, como mostra a Figura 6. Foram eles: Minde, Porto de Mós, Rio Maior, Alcanena e 

Cabeça da Veada.  

 

Figura 6 Pontos centrais das buscas no site GPSies.com para a recolha de tracks GPS que permitiram determinar os locais de reclha in‐ sito assitida 

 

A partir desses pontos foram feitas buscas individualizadas, no sítio GPSies.com, nas seguintes 

modalidades e com os seguintes critérios: 

 Percursos Pedestres, num raio de 10Km e limitados a uma extensão máxima de 25Km. 

 Percursos de Ciclismo, num raio de 10Km e limitados a uma extensão máxima de 75Km. 

 Percursos de veículos TT, num raio de 20km e sem limite de extensão. 

Os resultados dessas buscas foram exportados em ficheiros GPX  e agrupados por atividade, sendo 

posteriormente  projetados  e  utilizados  em  ambiente  SIG.  Essa  informação  foi  sobreposta  com  o 

limite do PNSAC, tendo sido eliminada, através do comando selected feature, toda a informação que 

não cruzava os limites do parque de forma a excluir a informação não relevante para o objetivo da 

determinação dos locais de recolha in‐sito. 

(27)

 

 

Figura 7 "Selected feature" de eliminação da informação não interceptada com o limite do PNSAC (recolha in‐sito assistida seguindo a  metodologia de Mendes, 2012. 

Foi gerada uma malha de quadriculado de 25m que permitiu determinar o número de tracks a cruzar 

cada  quadrícula  e  dessa  forma  obter  um  mapa  de  intensidades  que  possibilitou,  rapidamente, 

verificar  a  distribuição  espacial  da  utilização  de  cada  modalidade  ao  longo  do  PNSAC.  O  mapa  de 

intensidades foi sobreposto com a toponímia e foram selecionadas as localidades mais próximas dos 

mais  representativos  locais  do  mapa  de  intensidades.  Esse  procedimento  foi  repetido  para  as  três 

modalidades  de  forma  a  perceber  se  haveria  pontos  em  comum,  tendo  o  resultado  desta  análise 

servido de base à recolha in‐sito assistida, como ilustra a Figura 8. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  Figura 8 Sobreposição do Mapa de intensidades com toponímia com vista à determinação dos locais de recolha in‐sito assistida

(28)

A recolha in situ não assistida foi feita em 6 locais no interior do PNSAC (Centro Ciência Viva Alviela, 

Centro  de  interpretação  subterrâneo  Algar  do  Pena,  Ecoteca  PNSAC,  Monumento  Natural  das 

Pegadas de Dinossáurios da Serra de Aire, Salinas de Rio Maior e Sede do PNSAC). Neste método foi 

o próprio inquirido, por sugestão de um funcionário do local, a preencher o questionário. A decisão 

dos locais para esta forma de recolha teve como base uma sugestão dos serviços do PNSAC uma vez 

que  haveria  facilidade  de  colaboração  através  dos  funcionários  do  mesmo  nos  seus  locais  de 

trabalho.  A  escolha  deste  método  de  recolha  foi  também  um  teste  tendo  em  conta  uma  futura 

utilização  por  parte  das  AP  que  poderão,  sem  dificuldade  de  maior  replicar  este  procedimento  no 

sentido de monitorizar os utilizadores. 

A  recolha  ex‐sito  não  assistida  consistiu  no  preenchimento  on‐line  do  inquérito  e  submissão 

automática  através  do  serviço  formscentral  da  Adobe.  A  todos  os  inquiridos  foi  previamente 

explicado que ao preencher o inquérito deveria ser tido em conta a última vez que se deslocou ao 

PNSAC  a  fim  de  desenvolver  uma  qualquer  atividade.  Este  tipo  de  método  poderá  também 

facilmente  ser  uma  hipótese  válida  num  programa  de  monitorização  a  seguir  pelas  AP  no  futuro, 

nomeadamente  para  obter  informações  sobre  grupos  mais  específicos  e  que  pelas  suas 

características  se  pode  revelar  difícil  a  recolha  através  dos  métodos  in‐sito,  como  por  exemplo  os 

praticantes de parapente, espeleologia ou BTT. 

 

3.1.3. Entrada de dados e processamento  

 

Os  dados  recolhidos  tiveram  métodos  de  entrada  distintos.  A  informação  recolhida  através  do 

método  a)  recolha  in‐sito  assistida,  foi  recolhida  através  de  um  dispositivo  móvel  (tablet  ou 

computador portátil), tendo o preenchimento sido feito diretamente na versão digital do inquérito, 

o  que  permitia  o  carregamento  automático  para  a  base  de  dados.  A  informação  referente  ao 

método  b)  recolha  in‐sito  não  assistida  foi  recolhida  em  papel  e  posteriormente  transposta  para 

digital  através  de  um  preenchimento  manual  individual  da  versão  digital  do  inquérito,  o  que 

permitiu,  posteriormente,  o  carregamento  automático  para  a  base  de  dados  do  inquérito.  No  que 

diz respeito ao método c) recolha ex‐sito não assistida a informação foi alojada de forma automática 

no  serviço  formscentral  da  Adobe  sob  a  forma  de  uma  tabela.  Posteriormente  cada  resposta  foi 

carregada automaticamente para a base de dados do inquérito. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(29)

4. Resultados  

Foram  recolhidos  um  total  de  330  inquéritos  através  dos  vários  métodos  já  referidos  em  que  134 

foram  recolhidos  através  do  método  de  recolha  in‐sito  assistida  (40%  do  total  de  inquéritos 

recolhidos),  124  através  do  método  de  recolha  in‐sito  não  assistida,  (38%  do  total  de  inquéritos 

recolhidos) e 72 através do método de recolha ex‐sito não assistida (on‐line), o que representa 22% 

da totalidade, como mostra a Tabela 2. 

 

Método 

N.º de Inquéritos Recolhidos

Percentagem 

recolha in‐sito assistida  

134

41%

recolha in‐sito não assistida

124

38%

ex‐sito não assistida 

72

22%

 

330

 

Tabela 2 Número de Inquéritos recolhidos 

 

 

 

 

 

4.1. Perfil do utilizador 

 

 

 

De todos os inquiridos, a faixa etária mais frequente foi a compreendida entre os "35‐44" com 32% 

das respostas.  

 

 

 

Figura 9 Faixa etária | Resultados inquérito 330 respostas 

 

 

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

<14

15‐24

25‐34 

35‐44

45‐54  

55‐64

>65

(30)

60% dos inquiridos neste inquérito são do sexo masculino e 53% revela ser casado, sendo a segunda 

resposta mais frequente “solteiro” com 38% das respostas. 

 

 

 

 

 

Figura 10 Género | Resultados inquérito 330 respostas 

 

 

 

 

 

 

Figura 11 Estado civil | Resultados inquérito 330 respostas 

 

 

 

 

 

Feminino

40%

Masculino

60%

Solteiro

38%

Casado

53%

Divorciado

5%

Uniao de  facto

3%

Viuvo

1%

(31)

Do total dos inquiridos, 57% possui filhos. Desses, 44% tem 1 filho e 42% 2 filhos. 

 

 

 

 

Figura 12 Número de filhos | Resultados inquérito 330 respostas 

 

 

 

Em relação à situação profissional, 56% dos inquiridos encontra‐se empregado e 21% dos inquiridos 

revela ser estudante. 

 

 

Figura 13 Situação profissional | Resultados inquérito 330 respostas 

 

 

0%

10%

20%

30%

40%

50%

Não possui filhos

1

2

3

>4

Desemprega

do

11%

Empregado

56%

Estudante

21%

Reformado

12%

(32)

Em relação ao grau académico, a resposta mais frequente é Bacharelato / Licenciatura com 41% e o 

rendimento médio mensal mais frequente nos inquiridos situa‐se no intervalo "971‐1940". 

 

 

 

 

Figura 14 Grau académico | Resultados inquérito 330 respostas 

 

 

 

 

98% dos inquiridos residem em Portugal. De entre os concelhos mais frequentes destacam‐se Lisboa 

com 14%, Porto de Mós com 13%, Alcanena com 12% e Ourém com 11%. 

 

 

Figura 15 Residência nacional | Resultados inquérito 330 respostas   

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

Sem_nivel_ensino

1_ciclo

2_ciclo

3_ciclo

Ensino_secundario

Bach_licenc

Mestr_posgrad

Doutoram

Nao

2%

Sim

98%

(33)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 16 Concelhos de residência (>3) | Resultados inquérito 330 respostas 

 

A  Figura  16  mostra  a  distribuição  geográfica  dos  utilizadores  do  PNSAC.  No  gráfico,  foram  apenas 

exibidos os concelhos com uma resposta absoluta superior a 3, por questões de apresentação. 

0

20 40 60

Alcanena

Alcobaça

Alenquer

Alverca

Barreiro

Batalha

Golegã

Leiria

Lisboa

Loures

Ourém

Porto

Porto de Mós

Rio maior

Santarém 

Setúbal

Sintra

Tomar

Torres novas 

V. F. Xira

Viseu

(34)

4.2. Motivações dos utilizadores 

 

 

Do universo das 330 pessoas inquiridas, 67% afirmam ter conhecimento de que o PNSAC, onde estão 

a desenvolver uma atividade, é uma Área Protegida.  

 

 

Figura 17 Tem conhecimento que o PNSAC é uma AP? | Resultados inquérito 330 respostas 

 

 

 

 

São as utilizações de menor frequência as mais utilizadas. “Esporadicamente”, com 32% é a resposta 

mais  registada,  seguido  de  “Anualmente”  com  30%.  6%  dos  inquiridos  afirmam  utilizar  o  PNSAC 

“Diariamente” e 17% “Semanalmente”. 

 

 

 

Figura 18 Frequência de utilização PNSAC | Resultados inquérito 330 respostas 

Nao

33%

Sim

67%

Diariamente

6%

Semanalmente

17%

Mensalmente

15%

Anualmente

30%

Esporadicamente

32%

Imagem

Figura 4 Enquadramento do PNSAC nos concelhos que o compõem 
Figura 5 Carta de Desporto Natureza do PNSAC 
Figura 7 &#34;Selected feature&#34; de eliminação da informação não interceptada com o limite do PNSAC (recolha in‐sito assistida seguindo a  metodologia de Mendes, 2012. 
Figura 35 Faixa etária ‐ comparação entre dados do Inquérito e dados Censos 2011 

Referências

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