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Leituras renascentistas de Luciano: o prólogo da Comédia Aulegrafia de Jorge Ferreira de Vasconcelos

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Academic year: 2021

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A Literatura Clássica

ou os Clássicos na Literatura:

Presenças Clássicas

nas Literaturas de Língua Portuguesa

Volume III

coordenação científica: Cristina Pimentel e Paula Morão

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Paula Morão

2

Cristina Pimentel | Paula Mourão

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A Literatura Clássica

ou os Clássicos na Literatura:

Presenças Clássicas

nas Literaturas de Língua Portuguesa

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A Literatura Clássica ou os Clássicos na Literatura

Índice

Cristina Pimentel | Paula Morão, Palavras prévias. . . 17 Maria do Socorro Fernandes de Carvalho,

Introdução ao Estudo do Conceito Retórico de Modelo . . . 9 Maria Luísa de Oliveira Resende, Leituras renascentistas de Luciano:

o prólogo da Comédia Aulegrafia de Jorge Ferreira de Vasconcelos. . . 25 Ricardo Nobre, “E perdoe-me a ilustre Grécia e Roma”:

sobre história antiga n’Os Lusíadas, de Luís de Camões. . . 37 Luís Miguel Ferreira Henriques, A Cena Típica da Cruz. . . 51 Maria do Céu Fraga, Um poema a quatro mãos: Faria e Sousa comentador e poeta. . . 65 Marcelo Lachat, A consolação da poesia em

sonetos morais de D. Francisco Manuel de Melo. . . 81 Arnaldo do Espírito Santo | Cristina Costa Gomes, Presença dos Clássicos nas

Cartas de Tomás Pereira, S.J. (1646-1708). . . 93 Zulmira Santos, As margens do texto e a herança clássica:

a segunda edição de O Feliz Independente (1786) de Teodoro de Almeida. . . .107 Cíntia Martins Sanches, A produção e a tradução de tragédias em decassílabo português e o estilo tradutório de Cândido Lusitano para o Édipo de Sêneca . . . 123 Ana Rita Figueira, Os Antecedentes da Guerra de Tróia em

A Bella Helena de Mendes Leal. . . 135 Abel do Nascimento Pena, Eloquência e liberdade: Demóstenes e a Oração da Coroa nas versões de Latino Coelho e de Vieira de Almeida. . . 147 Ana Paula Pinto, A presença da Antiguidade Clássica

nos relatos memorialísticos da ficção queirosiana . . . 169 Miguel Filipe Mochila, Presença e vontade do classicismo em Eugénio de Castro. . . 193 Patrícia Soares Martins, A Arena Pagã do Barão de Teive: Para uma Leitura

(6)

Paula Morão

6

Pedro Braga Falcão, Quando regressam os deuses?

Para uma teologia das odes de Ricardo Reis. . . .221 António Cândido Franco, O Espírito Bárbaro Cristão e o Demónio Ciceroniano:

Aspectos do São Jerónimo de Teixeira de Pascoaes . . . .237 Cristina Abranches Guerreiro, Ecos de Dáfnis e Cloe em

A Via Sinuosa de Aquilino Ribeiro . . . 245 Marina Pelluci Duarte Mortoza, Safo na Grécia, Faustino no Brasil:

a solidão da noite alta. . . 253 Tereza Virgínia Ribeiro Barbosa, Auroras e manhãs homéricas no Sertão de Rosa (I). . . 267 Maria José Ferreira Lopes, Cuius est ueritas?

Dois retratos memorialistas pós-modernos da imperatriz Agripina. . . 277 Isabel Pires de Lima, Vergílio Ferreira: Declinações da presença dos clássicos. . . 299 Rosa Maria Goulart, Vergílio Ferreira: a cultura dos “poetas mortos”. . . 313 Ana Seiça Carvalho, Sobre o envelhecimento: visões de Marco Túlio Cícero

e de Vergílio Ferreira num esboço comparatista . . . 323 José Pedro Serra, Enquanto um mundo cai, Um deus passeando pela brisa da tarde. . . 333 Francisco Saraiva Fino, Catástase e Ruína -- Entre Synésius de Cirene

e João Miguel Fernandes Jorge. . . 345 José Cândido de Oliveira Martins, Metamorfoses de Narciso na poética de Nuno Júdice. . . 355 Rosa Costa, O regresso aos clássicos em “Canto marítimo” e “A infinita fiadeira”. . . 367 Ana Isabel Correia Martins, Uma Viagem à Índia:

itinerâncias melancólicas de um (anti)-herói clássico. . . 377 Cristina Costa Vieira, A Rocha Branca, de Fernando Campos:

uma imagem heterodoxa de Safo?. . . 389 Testemunhos

Teolinda Gersão . . . 403 Lídia Jorge. . . 409

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Leituras renascentistas de Luciano: o prólogo

da Comédia Aulegrafia de Jorge Ferreira de Vasconcelos

*

Maria Luísa de Oliveira Resende**

Por esta razão, portanto, me escolheu e manda por seu autor a Comédia Aulegrafia, que pretende mostrar-vos ao olho o rascunho da vida cortesã, em que vereis ũa pintura que fala. (Comédia Aulegrafia, fl. 5v)

A alusão à sentença de Plutarco, segundo a qual a pintura deveria ser um poema silen-cioso e a poesia uma pintura que fala, permite a Jorge Ferreira de Vasconcelos realçar a vivacidade de uma obra que, a partir da intriga principal dos amores desventurados de Filomela e Grasidel de Abreu, expõe os principais vícios e intrigas da vida áulica. O ex-pressivo “rascunho da vida cortesã” é pontuado por diálogos que lhe conferem uma in-tensidade única e que, nas palavras de Almeida (2005: 203), mais interessaram ao dramaturgo “do que a agitação da intriga” ou “as burlas, as trocas de identidade, os pro-dígios de anagnórise que por regra animam a trama dos textos deste género”. A relevância conferida ao debate insere as comédias de Vasconcelos na corrente re-nascentista que recuperava os diálogos de Luciano como a forma por excelência da crítica social, com comprovada influência em autores como Giovanni Pontano, Leon

Battista Alberti e Erasmo (Marsh 1998: 2-13)1. Não terá sido, portanto, fortuita a escolha

A Literatura Clássica ou os Clássicos na Literatura

*Este estudo foi desenvolvido no âmbito da bolsa de Doutoramento SFRH/BD/95419/2013, financiada pela Fundação

para a Ciência e a Tecnologia.

**Universidade de Lisboa, Faculdade de Letras, Centro de Estudos Clássicos | resendemaria@campus.ul.pt 1Cf. Marsh (1998: 55-176) e Zappala (1990: 64-74, 125-126). Sobre o diálogo na obra de Jorge Ferreira de

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de Momo, o deus do sarcasmo, para apresentador de uma obra que tem como pro-pósito apresentar os vícios de uma sociedade em que “não há cousa que não seja tra-çada, aparada, agorentada e cerzida” (Comédia Aulegrafia, fl. 4v-5). Constantes

denúncias ao longo da comédia reforçam esta imagem do paço2: longe da intriga

“delicada y de suaves matices” da Comédia Eufrosina (Menéndez Pelayo 1962 IV: 121), a Aulegrafia é marcada por intrigas frequentes que dão origem à inquietante conclusão, esboçada por Momo no prólogo, de que o homem é o seu pior inimigo (Almeida 2005: 206-207).

De acordo com o deus do sarcasmo, a capacidade humana de encobrir “o verdadeiro e falso na alma” (Comédia Aulegrafia, fl. 2) remonta ao momento da concepção e ao erro dos deuses, que se recusaram a colocar-lhe uma porta no coração:

Só eu soube emendar a natureza na composição do homem em que se ela es-merou, produzindo um animal perfeito sobre todos. E tendo-o o grave concílio dos deoses por acabado, aparado e perficionado sem falta algũa, lancei o rabo do olho por sobrerrolda de seus juízos e à própria hora, sem mais tir-te nem tirai--vos, julguei ser-lhe necessária ũa porta no peito, per que se lhe pudesse ver o coração. [...] Pressuposto que não há cousa pior de conhecer que o coração do homem a que não se pode dar saca-pelouro que lhe alimpe a ferrugem que cria e conversação nele imprime, não me quiseram crer [...]. De modo [...] que esta foi a fonte dos enganos do mundo, a mina de seus ressábios e o centro dos seus escarcéus. (Comédia Aulegrafia, fl.1v-2).

Embora as implicações da presença da divindade no prólogo de Aulegrafia tenham sido claramente analisadas por Isabel Almeida (2005: 206-207), as fontes desta persona-gem que de forma tão inquietante procura fornecer ao leitor – ou espectador – “um ins-trumento esférico, astrolábio, balestilha” que lhe permita “divisar os auges e epiciclos dos planetas deste orbe palenciano” (Comédia Aulegrafia, fl. 5v) carecem ainda de um

26 Maria Luísa de Oliveira Resende

2Cf. Comédia Aulegrafia, e.g., fl. 59v: “o bom nome perdeu o seu preço e juntamente perdeu-se a vergonha ao mundo,

e o que antigos faziam por leixar clara memória de sua virtude fazem os presentes por deixá-la de sua cobiça”; fl. 89r: “tenho entendido que traz mau fundamento a vida da corte”; fl. 91v: “Cortesãos gente é de guarnição, mas a muita monda os abafa. São tanto de maquias que nem com fatexas tirareis a lume um bom espírito. Os diligentes são como gaivotas, levam tripas e tudo. Os comedidos erram sempre a maré. Os nécios jogam à cabra-cega sem ver inconve-nientes, e atinam aos brados até que aferram as mais das vezes melhor que todos. Discretos em tentar respeitos gas-tam a vida como alquemistas, e assi tudo se resolva em queixas”; fl. 150v: “Por isso o mundo anda tão transtornado, porque não há amigos senão para tempos de prazer, de proveito e prósperos, e nas de siso e importância todos se ar-redam, e também ninguém há que aceite reprensão. Gravam todos o bom e seguem o mau.”

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estudo aprofundado. Esta é, na verdade, uma questão bastante complexa, tendo em conta não só o copioso material clássico presente na obra do dramaturgo, como também a

variedade de instrumentos a que poderia recorrer3.

Se, por um lado, os estudos de Subirats (1982 I: 61-84) e de Asensio (1951: xix-xxvi) comprovam que Vasconcelos conhecia bem a obra de autores latinos como Plauto e Te-rêncio, a abundância de exempla, adágios e referências clássicas indicam uma profícua utilização de compilações e de manuais de mitologia concordante com a prática esco-lar da época (Asensio 1951: xx). Esta demonstração de erudição pode por vezes reve-lar-se estéril e pouco pertinente, mas variadas referências ao longo da sua obra revelam um aproveitamento da literatura antiga que actualiza o significado dos mitos, proporcio-nando novas perspectivas de entendimento. O deus Momo exemplifica claramente este tipo de utilização de materiais clássicos: a transformação da matriz greco-latina obscu-rece as fontes usadas e ofeobscu-rece uma leitura muito própria da personagem, confirmando a originalidade do dramaturgo.

1. Momo e a tradição clássica

O comentário de Gláucon à proposta socrática de entregar a cidade a guardiães dota-dos “de memória e de facilidade de aprender, de superioridade e amabilidade” (Pla-tão 2008: 270) sintetiza de forma clara as características associadas ao deus na Antiguidade. “Nem Momo teria que lhe censurar” (Platão 2008: 270), responde o dis-cípulo, confirmando a sua concordância ao registar a anuência da própria personifi-cação do desacordo.

A forma proverbial deste comentário, também presente numa variante na Antologia

Pa-latina (Anth. Gr. 16. 262, 3-4), evidencia a generalização da imagem da divindade como

um símbolo do sarcasmo e da ironia excessiva, explorado sobretudo no Parlamento dos

Deuses e no Zeus Trágico de Luciano de Samósata. Se a presença do deus na literatura

antiga se limita, em regra, a referências generalizadas à sua origem ou espírito crítico, na obra de Luciano será aquele que, para desagrado dos restantes habitantes do Olimpo,

denuncia as irregularides e os vícios divinos4.

Leituras renascentistas de Luciano: o prólogo da Comédia Aulegrafia de Jorge Ferreira de Vasconcelos

3Pouco se sabe sobre a vida e a formação académica de Jorge Ferreira de Vasconcelos (Subirats 1982 I: 3-29; Pereira

2010: 9-62). Subirats (1982 I: 17-18) sugere a possibilidade de ter tido uma formação aristocrática enquanto esteve ao serviço de D. Duarte. A frequência na Universidade de Coimbra é pouco provável (Subirats 1982 I: 9).

4Na obra de Hesíodo, Momo é referido como filho da Noite (Th. 211-ss.), informação recuperada por Cícero no De

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Todavia, o mais célebre episódio protagonizado pelo deus consiste na invenção divina do Homem, do boi e da casa. Referida por Aristóteles (PA 663a-663b), a pequena nar-rativa que conta como Momo criticou as criações dos restantes deuses foi desenvolvida por Esopo e Luciano. Uma pequena diferença distingue, todavia, as duas versões: na Fá-bula 518, Esopo atribui a Zeus a concepção do homem, enquanto Luciano a imputa a He-festo (Herm. 20). A generalização de Vasconcelos, que apenas refere a criação do homem pelo “grave concílio dos deoses”, não nos permite saber se terá partido de algum destes textos. Em nenhum dos casos a língua teria sido um obstáculo, devido à grande quantidade

de traduções latinas e em vernáculo existentes na segunda metade do século XVI5.

É mais provável, no entanto, que a sua fonte tenha sido o adágio erasmiano Momo

sa-tisfacere (ASD II-1, 546), que oferece uma síntese das principais características do deus,

assim como da história da criação divina6.

O recurso a fontes intermédias encontra-se bastante generalizado na Comédia Eufrosina: muitas das sententiae clássicas e referências à Antiguidade são mediadas por colectâ-neas como os Adagia ou os Apophthegmata de Erasmo, ou ainda pela Officina de Raví-sio Textor, razão pela qual a possibilidade de o provérbio erasmiano se encontrar na

origem do apresentador da Aulegrafia se afigura bastante elevada7.

Uma outra razão nos leva a considerar esta perspectiva: embora procedente das Epístolas de Filóstrato (Ep. 37), a crítica às sandálias de Vénus feita por Momo no prólogo da

co-média também se encontra no adágio que narra o episódio da concepção do Homem8. É

certo que esta mesma referência está presente no Erasmi Encomium, de André de Resende, mas a brevidade da alusão, uma mera referência à censura de Momo, indica que esta po-derá ter sido uma influência secundária, não a origem do conhecimento de Vasconcelos.

28 Maria Luísa de Oliveira Resende

5A tradução latina do Hermotimo circulava impressa desde o início do século XVI e foi incluída na tradução das obras

completas de Luciano editada por Mycillum, em 1538. Igualmente possível seria o acesso às Fábulas de Esopo, cujas primeiras traduções humanistas remontam ao início do século XV (Marsh 2003).

6Cf. ASD II-1, 546: 643-646: Huic deo mos est ipsum quidem nihil operis aedere, sed aliorum deorum opera curiosis

oculis contemplari et, si quid est omissum aut perperam factum, id summa cum libertate carpere. Nam µῶµος

Graece reprehensionem sonat.

7Sobre a influência da obra erasmiana na Comédia Eufrosina, veja-se especialmente Asensio (1951: lxxvii-lxxxvi) e

Su-birats (1982 II: 407-411). A presença dos Apophthegmata na Comédia Aulegrafia foi assinalada por Ramalho (1994: 152), que regista sobretudo o recurso às compilações erasmianas como modo de acesso aos Moralia de Plutarco.

8Cf. Comédia Aulegrafia, fl. 3: “Vedes-me aqui que dês que o mundo é mundo tenho corrido diversas terras, cousa não me ficou

por notar, e, de ter o espírito muito sotil, neste exame em tudo achei pecha, té na fermosa Vénus, à qual fui descobrir um cha-pim desigual doutro, que o diabo lhe não pudera cair neste desar”. ASD II-1, 547: 663-665: Hunc in Venere nihil alioqui

quod reprehenderet inuenisse, nisi quod sandalium illius calumniabatur, ut stridulum nimisque loquax ac strepitu molestum. Volume III Novembrohor_Layout 1 08-11-2017 11:22 Page 28

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Devido ao seu carácter sintético, os Adagia cedo se tornaram um veículo privilegiado de disseminação do conhecimento clássico no Renascimento. Em Portugal, a obra teve uma circulação significativa, mesmo depois da proibição inquisitorial de 1564, que não se estendia à edição de Paulo Manúcio, nem a obras expurgadas pelas Faculdades de Teologia ou pela Inquisição (Sá 1983: 393-394). O Index librorum

prohibitorum de 1581 revela que, devido à inexistência da edição dos Adagia de Paulo

Manúcio em Portugal, foi temporariamente permitido o uso de edições censuradas, numa clara manifestação da importância destas obras mesmo depois da damnatio

Erasmi (Sá 1979: 143-144)9.

Além dos Adagia do humanista de Roterdão, outras obras poderiam ter influenciado o autor da Aulegrafia. Porém, a profusão de traduções e de imitações de Luciano de Sa-mósata no Renascimento europeu, muitas das quais implicaram a reescrita de Momo, di-ficulta a identificação de todas as suas fontes.

A possibilidade de o Momus de Leon Battista Alberti se encontrar na génese do apre-sentor da comédia é avançada por Almeida (2005: 206, n.48), mas, acrescenta a autora, “ela não deixou marcas inequívocas na escrita da comédia Aulegrafia”. Com efeito, a inexistência de semelhanças explícitas não nos permite pressupor uma influência di-recta da novela italiana. Muito diferente é, aliás, o desenho do Momo de Vasconcelos, pois, ao contrário do deus perturbador de Alberti, elemento de desestabilização da ordem

do universo (Marsh 1998: 129)10, o seu carácter satírico enquadra-se numa denúncia dos

vícios do mundo áulico de cariz moralizante. Diversa também é a razão que motivou a sua queda do Olimpo: do prólogo de Aulegrafia pressupõe-se que estaria no seguimento da crítica à criação dos deuses, enquanto na fábula latina terá resultado de calúnias e in-trigas que visavam Júpiter e o seu governo.

Leituras renascentistas de Luciano: o prólogo da Comédia Aulegrafia de Jorge Ferreira de Vasconcelos

9“Quanto aas Chiliadas, e Adagios de Erasmo, atégora correrão emmendados polo sancto Officio, entre tanto que

não vinhão os de Paulo Manutio: mas já se não podem ler, nem ter, por serem vindos os emmendados polo mesmo Manutio, como despoem o Catalogo Tridentino, e hum Motu proprio do sanctissimo Papa Gregorio XIII” (Sá 1977: 376; 1983: 607).

10Cf., e.g., Alberti (2003: I. 2): Qui tamen cum ita sint, cum longe moribus inter se dissideant, neminem tamen seu apud

homines seu apud superos reperias ita singulari et perversa imbutum natura, cui non alium quempiam multa ex parte comperias similem praeter unum deorum, cui nomen Momo. Hunc enim ferunt ingenio esse praeditum praepostero et mirum in modum contumaci, naturaque esse obversatorem infestum, acrem, molestum, et didicisse quosque etiam familiares lacessere atque irritare dictisque factisque. Et consuesse omne studium consumere ut ab se discedat nemo fronte non tristi et animo non penitus pleno indignatione. Denique omnium unus est Momus qui cum singulos odisse, tum et nullis non esse odio mirum in modum gaudeat.

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A tradução da novela de Alberti elaborada por Agustín Almazán, publicada em Alcalá de Henares em 1553, não só mostra a disseminação desta obra na Península Ibérica mas também a possibilidade de Vasconcelos lhe ter tido acesso. Apesar de Krüger (2015: 465) defender esta hipótese, baseando-se na crítica, comum nas duas obras, à vida cortesã, o prólogo da edição castelhana acentua a divergência existente entre o Momo de Alberti e o apresentador da comédia lusa, pois para Almazán o deus “no es otra cosa si no un mo-fador essento y libre”, sendo a fábula latina uma tentativa de demonstrar “que daños se

siguen alos que le ymitan, y que provechos a los que le huyen” (Almazán 1553: fl. aii)11.

Igualmente provável se revela o acesso do dramaturgo a outras obras de Alberti com atestada circulação na Península Ibérica, nomeadamente o De re aedificatoria,

eventual-mente traduzido por André de Resende12, ou o Philodoxus, que, segundo Asensio (1951:

lxi-lxii), pode estar na origem da organização estrutural da Comédia Eufrosina13.

2. O Momo de Jorge Ferreira de Vasconcelos

Sou, senhores, um dos antigos deoses, que por nome não perca, o Momo. Se vos chegou, e porquanto todo o desacostumado é oscuro, para que vo-lo não seja a ten-ção de vir aqui apontarei minhas calidades. Quiçá por elas, donde ora me haveis por estrangeiro reconhecer-me-eis natural, porque haveis de assentar que tenho o mais vivo, delicado e sutil juízo que pudestes ver. (Comédia Aulegrafia, fl. 1v) Os episódios herdados da tradição clássica, nomeadamente a criação divina do Homem ou a crítica às sandálias de Vénus, não garantem a recuperação do carácter greco-latino do deus. De facto, já no prólogo a personagem afirmava claramente a distância em re-lação à matriz antiga, devido às “calidades” que o tornam “natural”.

Neste sentido, o apresentador transcende em muito a mera imagem da personificação do sarcasmo que transparece, por exemplo, na Comédia Ulissipo, em que o seu espírito

30 Maria Luísa de Oliveira Resende

11A dedicatória e o prólogo oferecem ao leitor da tradução uma chave de interpretação que insiste no carácter moral

da obra de Alberti, possível pela sua transformação num “manual de príncipes, con aprobación y censura de las bue-nas y malas costumbres” (Vega 1998: 16).

12A suposta tradução de André de Resende é indicada no Trattado da Linhagem dos Estaços, 42: “Em certo lugar se

acharam tres cartas do Cardeal pera elle, sobre negocios, que lhe commettia, en hũa das quaes lhe mandava, e encommendava, que como falecesse mestre Andre de Resende natural d’Evora, lhe tirasse da sua livraria certos livros, que desejava haver, como Leo Baptista De Architectura, que elle traduzio en Portuguez por mandado d’el Rei”. Acerca da tradução de André de Resende e da recepção da obra de Alberti em Portugal, cf. Krüger (2015).

13Cf. Pereira (2010: 283-284) e Krüger (2015: 460-461).

(13)

ardiloso é considerado equivalente ao de Ulisses ou ao de Mercúrio14, ou mesmo na Comédia Aulegrafia, onde Germínio acusa Artur do Rego de se comportar como Momo,

porque “não há coisa que o contente” (Comédia Aulegrafia, fl. 153v). Herança do adágio erasmiano, estas referências correspondem à imagem tradicional que privilegia o espírito subversivo da divindade e o carácter excessivo das suas críticas.

A denúncia das intrigas e perversidade da vida áulica, presente ao longo de toda a co-média, assim como o propósito de a obra servir de “aviso e exempro” aos homens e de aconselhar “onde o juízo e a diligência humana não alcança” (Comédia Aulegrafia, fl. 5v) obrigam a uma alteração fundamental da personagem, que se afasta indubitavelmente do retrato fornecido por Esopo, Luciano, Alberti e pelos Adagia de Erasmo.

Como já havia assinalado Subirats (1982 II: 407), o Momo de Vasconcelos, que consi-dera “melhor ser desprezado por fazer virtude que estimado por doudices”, lembra es-pecialmente a Mória do humanista de Roterdão. A obra, cuja ausência de castigo final permite a continuação das manipulações da alcoviteira, expõe de forma ostensível os vícios e a desordem de uma sociedade hipócrita, na esteira da irracionalidade denunciada pelo Elogio da Loucura.

A indicação de que Mória seria, na obra erasmiana, a substituta de Momo parece ter

pe-sado na escolha do apresentador da Aulegrafia15:

Preferia que escutassem as suas proezas da boca de Momo, como outrora acon-tecia com frequência. Mas eles, zangados há pouco com ele, precipitaram-no para a terra juntamente com Ate, porque, inconveniente com o que sabia, per-turbava a felicidade dos deuses. Nenhum mortal se digna albergar o exilado; está muito longe de ter guarida nos palácios dos príncipes onde a minha Adulação tem lugar cimeiro. (Erasmo de Roterdão 2014: 39)

O motivo da queda do Olimpo, sem precedentes na literatura antiga além de uma breve referência na fábula de Esopo, é explorada especialmente na obra de Alberti, sendo, de acordo com Whitfield (1971: 178), a provável fonte de Erasmo. Tendo em conta a dis-tância em relação ao Momus latino, afigura-se mais plausível que tenha sido o Elogio da

Loucura o ponto de partida para o deus de Vasconcelos. A expulsão do Olimpo que o Leituras renascentistas de Luciano: o prólogo da Comédia Aulegrafia de Jorge Ferreira de Vasconcelos

14Cf. Comédia Ulissipo, fl. 248v-249: “Por que não vim em tempo de gentios que me fizeram um dos seus deoses,

que por menos disto faziam? Pois o seu Febo nunca deu repostas de mais entenderes do que eu sei ter obras. Sou… sou… um Ulisses! Não pouco é. Sou Momo, ou Mercúrio, inda que este rapaz anda já mui corriqueiro e calabreado, e tem feito dos nobres cambiadores, e cedo os fará rindeiros, e eu não sou de tanta moginifada imprópria”.

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impedia de relatar os vícios divinos na obra de Erasmo tê-lo-á levado a vaguear pela terra “ao som do atambor da fortuna”, até chegar à “província Lusitânia”, onde achou “bom pasto” para o seu ofício (Comédia Aulegrafia, fl. 3).

Além da sátira de cariz moralizante e da referência à queda divina, também a justifica-ção de um encómio próprio associa a índole das duas personagens:

Na verdade, não considero sábios os que julgam completamente louco e arro-gante aquele que faz o seu próprio elogio. Se isto é ser louco, confesso que me cai bem. Que mais poderia convir à própria Mória do que ser arauto do próprio mérito e entoar o seu próprio louvor? Quem me descreve melhor que eu própria? (Erasmo de Roterdão 2014: 25)

Inda que é mal dizê-lo eu, por ser vil o louvor na própria boca, mas di-lo-ei, já que começo, ca dado é ao bom cavaleiro louvar-se per natural, intrínseca, pu-ríssima discrição mera, minha mesma [...]. (Comédia Aulegrafia, fl. 1v)

3. A mediação de Erasmo

As edições e as traduções clássicas elaboradas por Erasmo revelaram-se fundamentais para a recuperação da literatura antiga em Portugal. A análise realizada por Fouto (2012: 140-141) aos fundos das bibliotecas portuguesas permite inferir que o interesse susci-tado pelos seus textos terá sido maioritariamente filológico ou pedagógico, uma vez que se verifica uma superioridade numérica de traduções ou edições de autores clássicos e cristãos (Fouto 2012: 140), seguindo-se os tratados retóricos e compilações como os

Apophthegmata, o De duplici copia uerborum ac rerum, cuja utilização em contexto

es-colar justifica a abundância de exemplares16.

A influência do humanista de Roterdão de Portugal, tão indubitável na primeira metade do século que, segundo Pereira (2012: 722), impediu o surgimento de um movimento radical de ciceronianistas em Portugal, não se desvaneceu com a integração das suas obras

no Index17. Os estudos de Moreira de Sá (1977) centrados em inventários quinhentistas

32 Maria Luísa de Oliveira Resende

16 A notícia de aquisição de dezanove exemplares do De duplici copia uerborum e quatro do De octo orationis partium

constructione registada no livro de receitas e despesas do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra relativo aos anos de

1534 e 1535, que se encontra no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, comprova o uso didáctico da obra erasmiana em Portugal (Coelho 1984: 407-459). Relativamente às obras de Erasmo, cf. Coelho (1984: 427): “Item compramos sete lyvros Copias de Arasmo scilicet quatro encadernados e tres por encadernar”; Coelho (1984: 439): “Item mais quatro Erasmos De Outo Oracyonum Partibus”; “Item de doze Copias Verborum d Arasmo”.

17Sobre a Inquisição e Erasmo, cf. Moreira de Sá (1977: 356-372).

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e nos fundos da Biblioteca Nacional indicam que, mesmo depois da proibição inquisi-torial, as obras de Erasmo terão continuado a circular entre os letrados portugueses e não apenas em edições expurgadas.

Se na época em que Jorge Ferreira de Vasconcelos escreveu a Comédia Eufrosina não se

co-locou a questão da censura18, a Comédia Aulegrafia, mais tardia, já estaria sujeita a esse

controlo19. A inscrição da “Moria Arasmi” na Prohibiçam dos Livros Defesos, em 1547 (Sá

1983: 147), impede a existência de referências directas, mas o convívio com o livro, que transparece no deus Momo, é comprovado pelo título de um tratado perdido de

Vasconce-los, o Diálogo da Parvoíce20. Nunca tendo sido impresso, é possível que esta obra subsista

em estado fragmentário numa miscelânea seiscentista da Biblioteca Nacional (Cod. 7641, fls. 68r-68v). De acordo com Almeida (2004: 57, n.18), há uma forte probabilidade de o ma-nuscrito anónimo corresponder ao proémio da obra perdida do dramaturgo, mas embora o título lembre especialmente o Elogio da Loucura, a sua principal fonte temática seriam os

Col-loquia (Almeida 2004: 64), igualmente proibidos pelo Index de 1547 (Sá 1983: 148).

A defesa dos tradicionais ideiais de cavalaria, visível sobretudo no Memorial das

proe-zas da segunda távola redonda e na Comédia Eufrosina (Asensio 1951: xxxi-xl), aparta,

em última instância, Jorge Ferreira de Vasconcelos da corrente do pensamento eras-miano, mas a influência da obra do humanista é inegável, não só como fonte dos nu-merosos exempla e adágios, mas também como modelo literário.

A complexidade do Momo da Aulegrafia, possivelmente resultado de leituras e influên-cias várias, impede-nos, como foi já referido, de identificar todas as suas fontes. É, no entanto, clara a distância em relação à imagem tradicional, como personificação do sar-casmo e do espírito crítico excessivo. A censura do ambiente áulico e dos vícios hu-manos coloca-o na linha de imitação de Luciano que remonta ao Quattrocento italiano e

que privilegiou a leitura moralizante da obra do sofista21. Em Portugal, foram

determi-nantes para a sua transmissão as traduções de Erasmo e de Thomas More, assim como as adaptações nos Colóquios e no Elogio da Loucura, o que explica a reescrita de Momo nos moldes da Mória erasmiana e o consequente afastamento da matriz antiga.

Leituras renascentistas de Luciano: o prólogo da Comédia Aulegrafia de Jorge Ferreira de Vasconcelos

18De acordo com Asensio (1951: lxv-lxvi), a Comédia Eufrosina terá sido composta entre 1542 e 1543.

19O manuscrito da Comédia Aulegrafia preservado na Real Biblioteca de Madrid revela a existência de censura sobre o

texto de Vasconcelos, publicado postumamente pelo genro do autor em 1619. Para uma análise das principais dife-renças entre o original e a versão impressa, veja-se Camões (2008).

20Sobre as obras perdidas de Jorge Ferreira de Vasconcelos, cf. Almeida (2004: 55-66).

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