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Evasão escolar no curso de licenciatura em química no IFPR Campus Paranavaí: um levantamento das possíveis causas. / Scholar dropout in chemistry degree course at IFPR Campus Paranavaí: a survey of possible causes

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.4,p.20778-20797 apr. 2020. ISSN 2525-8761

Evasão escolar no curso de licenciatura em química no IFPR Campus

Paranavaí: um levantamento das possíveis causas.

Scholar dropout in chemistry degree course at IFPR Campus Paranavaí: a

survey of possible causes

DOI:10.34117/bjdv6n4-305

Recebimento dos originais: 24/03/2020 Aceitação para publicação: 24/04/2020

Juliana da Silva Rocha

Graduada em Química (Licenciatura) pelo Instituto Federal do Paraná – Campus Paranavaí E-mail: julianarocha184@gmail.com

Rodolfo Ricken do Nascimento

Mestrando em Ciências de Alimentos pela Universidade Estadual de Londrina – UEL E-mail: rodolforicken@gmail.com

Tamires dos Santos de Lima

Graduanda em Química (Licenciatura) pelo Instituto Federal do Paraná – Campus Paranavaí E-mail: tamiresantos.lima@gmail.com

Beatriz Fernanda da Silva Pittarelli

Doutoranda em Biologia Comparada pela Universidade Estadual de Maringá – UEM, E-mail: bia.pittarelli@gmail.com

Geovane Aparecido Ramos da Silva

Mestrando em Química Analítica pela Universidade Estadual de Maringá – UEM E-mail: geovane.rsilva21@gmail.com

Marcelo Lopes Rosa

Mestre em Filosofia pela Universidade Estadual de Maringá – UEM Instituição: Instituto Federal do Paraná.

Endereço: Avenida Jose Felipe Tequinha, 1400, Jardim das Nações, Paranavaí – PR, Brasil E-mail: marcelo.rosa@ifpr.edu.br

Amarildo Pinheiro Magalhães

Doutor em Letras pela Universidade Estadual de Maringá – UEM Instituição: Instituto Federal do Paraná.

Endereço: Rua Emilio Bertoni, 54 - Cajuru - Curitiba-PR, Brasil E-mail: amarildo.magalhaes@ifpr.edu.br

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.4,p.20778-20797 apr. 2020. ISSN 2525-8761 Vanessa Aparecida Marcolino

Doutora em Ciências de Alimentos pela Universidade Estadual de Campinas, Instituição: Instituto Federal do Paraná.

Endereço: Avenida Jose Felipe Tequinha, 1400, Jardim das Nações, Paranavaí – PR, Brasil E-mail: vanessa.marcolino@ifpr.edu.br

RESUMO

O presente estudo busca esclarecer os possíveis motivos que levaram os estudantes do curso de Licenciatura em Química a tomar a decisão de evadir da graduação. Os cursos de ensino superior apresentam inicialmente dois desafios, sendo o primeiro a dificuldade de ingresso na faculdade por meio do vestibular e o segundo relacionado à problemática da progressão no curso, ocasionando em alguns casos a evasão do aluno. Assim, o presente trabalho teve como objetivo principal analisar e comparar as causas para a evasão bem como realizar um levantamento desses motivos no curso de Licenciatura em Química do Instituto Federal do Paraná - Campus Paranavaí.

Palavras-chaves: Abandono. Evasão. Licenciatura em Química.

ABSTRAC

The present study aims to clarify the possible reasons why students of chemistry graduation take the decision of evading from the course. Superior courses show initially two challenges, being the first one the distress to ingress in the university by means of vestibular, and the second related to the problematical progession in the course, causing in some cases the student dropout, therefore this study had as main goal to analyze and compare the causes of evasion from the chemistry course, as well as to survey this reasons on the current course from Instituto Federal do Paraná - Campus Paranavaí.

Key-words: Abandon. Evasion. Chemistry Graduation.

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho de conclusão de curso busca verificar as causas que levam o aluno a evadir do curso de Licenciatura em Química do Instituto Federal do Paraná Campus Paranavaí, de maneira a compreender melhor este fenômeno na instituição, uma vez que o curso foi criado devida a necessidade que a região possuía de um profissional formado em química.

A fim de reverter este quadro, diversas instituições, entre elas o próprio governo (Federal, Estadual e Municipal), tem buscado de forma crescente ampliar projetos sociais capazes de gerar mão de obra qualificada para preenchimento das diversas vagas disponíveis, no intuito de sanar este déficit de profissionais na área.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.4,p.20778-20797 apr. 2020. ISSN 2525-8761 Porém, um problema corrompe e prejudica o volume esperado de formandos nos cursos de capacitação profissional: a evasão escolar. Este tema, devido à sua relevância, foi alvo de diversos estudos anteriores que enfocaram as causas relativas a este fenômeno, sendo que a maioria dos autores (Costa Júnior 2010; Biazus, 2003; Kafuri e Ramon, 1985) apresentaram como principal fator de evasão as dificuldades financeiras.

Esta pesquisa levantou os possíveis motivos que levaram os alunos a evadir do curso de Licenciatura em Química ofertado gratuitamente, no Instituto Federal do Paraná – Campus Paranavaí, no período de 2014 a 2016, sendo realizado este levantamento no primeiro semestre de 2017, tendo como objetivo realizar um levantamento da evasão na instituição, de maneira a compreender os motivos que levaram a esta decisão, como também levantar os índices deste fenômeno no curso, além de comparar bibliograficamente com a literatura.

1.1 ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS

A primeira instituição criada com intuito de formar químicos cientificamente preparados foi a Universidade de São Paulo (USP), em 1934, que continha um Departamento de Química da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Hoje em dia esse departamento foi transformado no Instituto de Química da USP o qual é destacado internacionalmente em pesquisas na área (LIMA, 2013).

Segundo a classificação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) a química é classificada na área de conhecimento como Ciências Exatas e da Terra (nº de referência 1.06.00.00-0). Assim, os cursos na ela vinculados são apresentados como vilões por exigirem mais cálculos e um melhor conhecimento em relação aos componentes curriculares da área, de forma que tendem a possuir uma alta taxa de evasão. Como é apontado por Silva Filho et al. (2007), em seu estudo foi contabilizado um prejuízo total de cerca de R$ 9 bilhões em 2009 onde relaciona-se investimentos na educação e em instituições públicas versus a não conclusão dos estudantes devido à evasão (MELLO et al., 2013).

Em face da situação monetária, estudantes de graduação são vencidos pelo cansaço, uma vez que dividem sua jornada entre trabalho e faculdade. Outros fatores devem-se considerar como a distância entre moradia e a faculdade bem como os abusivos preços de aluguel ou ainda de passagens, o que contribui para o aumento da evasão universitária ou ainda no baixo rendimento dos alunos (KAFURI e RAMON, 1985).

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.4,p.20778-20797 apr. 2020. ISSN 2525-8761 Existem dois desafios que precisam ser destacados quando o assunto é ensino superior. Primeiramente, o empecilho do ingresso na universidade, ou seja, o dogma do vestibular e, em segundo lugar, aparecem desafios de variadas naturezas que surgem no decorrer do curso de forma a dificultar a progressão do acadêmico, resultando, em casos extremos, na interrupção do curso gerando assim a evasão do aluno (SILVA et al., 2012).

Outro desafio relacionado aos alunos ingressantes é abordado por Rosa (2014) na Universidade Federal de Goiás, onde verifica-se um número de vagas inferior a demanda em questão, além de apresentar alta concorrência de candidatos por vaga em processos seletivos. Existe também a dificuldade com alunos de classes sociais menos favorecidas para ingresso e permanência na instituição de ensino superior devido a necessidade de trabalhar como também a deficiência na formação do aluno.

A evasão é representada para a instituição como um desperdício de recursos financeiros, visto que a estrutura criada para atender um número de pessoas inicial é utilizada por um determinado quantitativo menor de alunos (SILVA et al., 2012).

1.2 INSTITUITO FEDERAL DO PARANÁ CAMPUS PARANAVAÍ

O Instituto Federal do Paraná (IFPR), foi criado pela Lei nº 11.892, sendo esta uma instituição pública federal voltada a educação superior, básica e profissional, especializada na oferta de educação profissional e tecnológica nas diferentes modalidades e níveis de ensino (BRASIL, 2008).

O grande diferencial dos Institutos Federais é a oferta no mesmo local, desde a Educação Básica com cursos de nível médio e técnico, como também a graduação e a Pós-Graduação. Essa característica torna-se fundamental quando considera propicio para o estudante prosseguir em sua trajetória escolar sem precisar deslocar-se a um centro maior, permanecendo em sua região de origem com possibilidades de contribuir para o desenvolvimento local e regional (Projeto Político Pedagógico – IFPR, 2012).

A implantação do Instituto Federal do Paraná em Paranavaí aconteceu em agosto de 2010. Iniciou suas atividades no ensino técnico de nível médio, forma de oferta subsequente ao Ensino Médio, com os cursos de Alimentos, Eletromecânica e Informática e um total de 160. O fato do IFPR ter programas de bolsas que visam o subsídio para o aluno em questão de moradia, alimentação e transporte não são fatores suficiente para o controle da evasão, de forma que como visto no estudo por Mello et al. (2013) vários são os motivos que levam o

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.4,p.20778-20797 apr. 2020. ISSN 2525-8761 aluno evadir-se do curso somente as condições socioeconômicas não limitam o fenômeno de evasão mantendo-se o problema, das vagas ociosas.

1.3 CURSO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA

Segundo o Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura em Química de 2016 (PPC), o número de matrículas em Instituições de Ensino Superior (IES) cresceu nos últimos 10 anos, 50%, de maneira que anualmente mais de 200 mil alunos concluem cursos de licenciatura (PPC, 2016).

As faculdades possuem um programa que permite a essa instituição pública a expansão de vagas, sendo esse programa denominado como Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), que possui como objetivo principal a permanência dos alunos nos IES (GILIOLI, 2016).

O curso de Licenciatura em Química do Instituto Federal (oferece 40 vagas), foi criado com a intenção de preparar os seus estudantes para atuarem como professores de Química no Ensino Médio, desenvolvendo esses alunos tanto na questão social como também nos diversos setores ao qual o mesmo possa trabalhar, preparando seu aluno a ter a capacidade de desenvolver suas próprias metodologias de ensino-aprendizagem, de forma que os mesmos sejam capazes de discutir e interpretar seus resultados oferecendo assim explicações para o determinado comportamento visualizado em sala de aula (PPC, 2016).

O curso de química foi criado para sanar as necessidades do município de Paranavaí bem como na região, visto que primeiramente foram realizadas pesquisas sobre a necessidade de formação de novos profissionais nessa área, justificando assim a criação do curso na instituição. Dessa forma, o curso intenciona promover melhores condições e concomitantemente a essa melhoria a diminuição das desigualdades sociais, visto que estes profissionais formados serão qualificados a trabalhar tanto na rede de ensino quanto na indústria do município (PPC, 2016).

De acordo com o PPC do curso o plano de ação para evasão do curso de licenciatura em química, que possui a função de identificar o aluno que está propenso a evadir-se do curso, de maneira a confrontá-lo para que exista uma reflexão mais profunda sobre a escolha, sendo esse confronto realizado por um profissional capacitado para tal ato, de forma a contribuir não somente para a humanização como também para o aprimoramento do processo ensino aprendizagem. Dessa forma, existem programas para combater à evasão, como por exemplo: monitoria, atendimento ao discente, apoio de participação em eventos, participação de

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.4,p.20778-20797 apr. 2020. ISSN 2525-8761 atividades em pesquisa e extensão com auxílio financeiro de bolsas, eventos de integração acadêmica, mecanismo de nivelamento, oferta de diversos processos avaliativos e por fim, mas não menos importante as políticas inclusivas para portadores de necessidades especiais.

Segundo Oliveira et al., (2015) cursos de licenciatura apresentam os maiores índices de evasão, dessa forma, existem políticas que contribuem para a diminuição desses índices. Uma consequência desse elevado índice de evasão em cursos de licenciatura é o déficit de profissionais na área, situação que é agravada com a aposentadoria dos docentes em atividade de ensino.

O estudo realizado por Veloso & Almeida (2002) na Universidade Federal do Mato Grosso – UFMT, junto aos coordenadores de curso, apontou que o baixo desempenho no ensino médio reflete no desempenho das disciplinas das séries iniciais ou do primeiro semestre o que pode ocasionar o abandono do curso pelas reprovações ou por não possuir o conhecimento do curso em questão.

1.4 EVASÃO

A evasão é, certamente, um dos problemas que afligem as instituições de ensino em geral. A busca de suas causas tem sido objeto de muitos trabalhos e pesquisas educacionais.

A evasão no ensino superior é apresentada como um problema internacional que afeta diretamente o resultado dos sistemas educacionais. A evasão nas instituições apresenta desperdícios sociais, acadêmicos e econômicos, visto que quando ocorre em instituições públicas é um recurso investido sem retorno (SILVA FILHO et al., 2007).

O conceito de evasão pode ser definido como:

Existem [...] três modalidades principais de evasão, sendo elas as seguintes: a) evasão do curso: desligamento do curso superior em razão do abandono o que pode ocorrer por não realização da matrícula, transferência de instituição de ensino, mudança de curso, trancamento ou exclusão por desatendimento a alguma norma institucional; b) evasão da instituição, que se caracteriza pelo desligamento da instituição na qual o aluno está matriculado; c) evasão do sistema, que configura o abandono, definitivo ou temporário, do sistema de educação superior“ (Rosa, 2014, p. 247).

Conforme a Resolução 55/2011 do Instituto Federal do Paraná, art. 72 (IFPR, 2011), entende-se como cancelamento de matrícula o ato de desligamento do aluno do Instituto

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.4,p.20778-20797 apr. 2020. ISSN 2525-8761 Federal do Paraná. A mesma resolução no art. 74 determina o abandono de curso, quando o acadêmico se ausentar por um período de 30 (trinta) dias consecutivos das atividades do curso, sem apresentar uma justificativa plausível, protocolada na secretaria da instituição. Ainda pode ser considerado como abandono de curso o acadêmico que não efetivar a matrícula, nem fizer o trancamento do ano ou período letivo vigente (IFPR, 2011).

Mello (2013) afirma que o Ministério da Educação (MEC) define como evasão a saída definitiva do curso de origem sem conclusão ou ainda a diferença entre ingressantes e concluintes, após o término de um ciclo, o MEC ainda define como parâmetro metodológico para evasão, compreendendo quando o estudante se desliga do curso nas mais variadas situações, como: desistência (documentada); exclusão por norma institucional (no caso do IFPR, segundo o SISTEC e a Resolução nº 55), transferência (mudança de curso), evasão do sistema (deixa de matricular-se) e por fim evasão da instituição (MELLO et al., 2013).

A evasão escolar atinge tanto alunos de instituição particulares como de públicas, sendo os últimos os mais afetados, pois, a infra-estruturar física, financeira ou ainda de recursos humanos preparada para receber o aluno é mantida mesmo que esse não freqüente as aulas (MELLO, et al., 2013).

Outros autores como Silva Filho, ainda relacionam como um fator para o aumento da evasão a falta de recursos financeiros do aluno, sendo a principal causa para a interrupção de seus estudos. Alunos que possuem melhores condições financeiras conseguem recorrer ao ensino privado, cursinhos preparatórios e cursos específicos como de idiomas ou disciplinas específicas para o vestibular. Isso gera, para esse aluno, uma ampla oportunidade de escolher uma carreira a qual se adéqüe mais e que esteja mais preparado, ocasionando assim a permanência da desigualdade de alunos que não possuem igual poder aquisitivo assim (SAMPAIO et al., 2011; SILVA FILHO et al., 2007; MELLO et al., 2013).

A evasão pode ocorrer pelo aluno não apresentar uma identidade com o curso, escolha incorreta de carreira, desilusão pela instituição, concorrência baixa, ou ainda, baixo prestígio social do curso escolhido, como é o caso das licenciaturas (PEDRALLI & CERUTTI-RIZZATTI, 2013).

Quando o estudo se realiza internamente por uma IES, é possível que se institucionalize um mecanismo para o acompanhamento da evasão, podendo ser registrado vários casos como cancelamento, trancamento, desistência entre outros, de forma que seja organizado em tabelas ou ainda gráficos que facilitem a visualização da evasão buscando alternativas de combatê-las com base nos resultados obtidos (SILVA FILHO et al., 2007).

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.4,p.20778-20797 apr. 2020. ISSN 2525-8761 Um estudo conduzido por Baggi & Lopes (2011) foi realizado na busca da determinação de um perfil do aluno evadido. No entanto, percebeu-se que não seria possível existir um perfil exato, pois as causas para a evasão são as mais variadas. Dependem tanto de fatores sociais, pessoais e econômicos, podendo, ainda, ser ressaltada a questão histórica, visto que nem todos obtiveram as mesmas oportunidades para estudar.

Os cursos de licenciatura apresentam os maiores índices de evasão, segundo Cardoso (2008). Outro fator ressaltado pelo autor relaciona-se a demanda relativa pelo curso, ou seja, quanto menor a concorrência menor será o prestígio social, ocasionando, assim, um maior índice de evasão.

Sampaio et al. (2011), apresentam um estudo interessante sobre evasão na UFPE, onde esse índice em cursos de licenciatura é absurdamente grande em relação aos outros cursos e áreas, sendo a de exatas com maior número de evasão. Em contrapartida, quando se verifica a evasão nos cursos voltados para a área da saúde na universidade conclui-se que são os cursos que apresentam os menores índices de evasão.

Outros autores, na tentativa de traçar um perfil dos alunos evadidos utilizaram-se de questionários, com perguntas relacionadas tanto à evasão como também sugestões de possíveis medidas a serem tomadas para que a taxa de evadidos diminua. Esse tipo de estudo apresenta-se como uma ferramenta a mais para a instituição e para o curso usar e averiguar os possíveis fatores que influenciam a evasão e, assim, tomar as medidas para que seja minimizado o número de evadidos da instituição (BAGGI & LOPES, 2011).

Outra questão a ser levantada é relaciona-se aos cotistas. Segundo Cardoso (2008), apesar da universidade apresentar algum acompanhamento para promover permanência dos cotistas no curso, foi observado que esses alunos apresentaram interesses por outros cursos, de modo que acabam ocupando uma nova vaga e deixando outra ociosa. Isto dificulta o ingresso de novos alunos por meio das cotas sendo a decisão tomada por alguma frustração ou por problemas financeiros (CARDOSO, 2008).

Segundo Gilioli (2016), a constatação de que a evasão universitária ocorre cada vez mais de maneira escancarada proporciona a graduação um problema grave, com alarmantes números. Entretanto, a mesma não apresenta uma taxa alta o suficiente para provocar uma melhora efetiva em relação ao sentido de entender e explicar as suas possíveis causas, provocando apenas uma curiosidade (GILIOLI, 2016; CUNHA et al., 2001).

Algumas universidades não consideram como evasão alunos que realizam o desligamento de um curso, quando eles retornam para universidade em outro curso por meio

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.4,p.20778-20797 apr. 2020. ISSN 2525-8761 de transferências internas. Essa realocação de um curso para outra causa prejuízo para a IES e a toda a sociedade pois o mesmo deixa de ocupar sua vaga original para ocupar outra vaga na instituição sobrando assim uma vaga que poderia ser ocupada por outra pessoa (CASTRO & MALACARNE, 2011).

Na busca por fatores que impulsionam a evasão, Biazuz (2004) menciona um estudo idealizado pelo governo entre os anos de 1992 e 1994, quando o Ministério da Educação e Cultura (MEC) criou uma comissão especial para estudar o fenômeno e suas causas. Esse ministério elaborou a seguinte classificação quanto aos fatores macro causadores de evasão:

 Fatores motivados pelo próprio aluno;

 Fatores de responsabilidade da própria instituição;  Fatores externos à instituição

Tratando-se da decisão de permanecer ou não em um curso de ensino superior, muitos alunos levam em conta os custos e os benefícios relacionados a tal decisão. Esta análise considera os fatores individuais, institucionais e externos que variam de caso a caso dentro da realidade de cada aluno. Desse modo, compreender o fenômeno da evasão exige que se adentre às condições materiais de existência do educando, tanto no que se refere ao seu contexto imediato, quanto o universo social mais amplo que o circunda.

Assim, dentro do contexto da evasão escolar voltada para a realidade do IFPR o presente trabalho buscou realizar um levantamento de dados sobre a evasão no curso de Licenciatura em Química, especificamente no Campus Paranavaí, sendo esses dados coletados na secretaria acadêmica da instituição, buscando compreender os motivos da evasão bem como compreender esse fenômeno segundo a literatura.

2 METODOLOGIA

O presente trabalho reúne características de pesquisa exploratória e descritiva. O desenvolvimento desta pesquisa foi realizado em duas abordagens complementares, subseqüentes, mas completamente distintas, sendo que a primeira consistiu numa análise documental, quantitativa, na unidade de análise e a segunda uma análise qualitativa elaborada por meio da aplicação de um questionário semi-estruturado.

Em sua primeira fase, a investigação tem um caráter quantitativo, na medida em que buscou realizar uma análise numérica do total de evadidos. A pesquisa quantitativa para

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.4,p.20778-20797 apr. 2020. ISSN 2525-8761 Malhotra (2001) tem como objetivo quantificar os dados, com o emprego de recursos e técnicas estatísticas desde as mais simples àquelas mais complexas. A etapa quantitativa da presente investigação tem, portanto, como principal finalidade, mensurar características predefinidas da população analisada, traçando desta forma um retrato conclusivo do grupo.

Em sua segunda fase, foi realizada uma abordagem de natureza quantitativa onde se tentou verificar as opiniões que levaram cada indivíduo a evasão e assim poder tratá-las numericamente. Para Malhotra (2001) nesta etapa é comum usar questionários ou entrevistas estruturadas ou semi-estruturadas, para se obter uma eficiente coleta de dados. Este tipo de pesquisa é comumente utilizado para classificar e mensurar a relação de múltiplas variáveis.

Primeiramente foi realizado um levantamento bibliográfico para elencar fatores já estudados para o estudo da evasão escolar, visto que este fato não é decorrente apenas do ensino fundamental, médio e superior, sendo o último o foco deste trabalho. Dessa maneira, a fim de se estabelecer as possíveis causas da evasão neste curso especificamente, elaborou-se um questionário (Anexo I), na busca de se traçar um perfil educacional de alunos evadidos e suas respectivas justificativas para o abandono do curso (MELLO, et al., 2013).

Assim, entrou-se em contato com a secretaria acadêmica do Instituto Federal do Paraná, Campus Paranavaí, na data de 10 de março de 2017, onde foram obtidos dados preliminares e necessários para elaboração de uma lista de alunos/contatos para que em um dado momento os mesmos fossem inquiridos sobre o processo de evasão. Para tal, foi definindo um período de estudo referente as matriculas e dados de evasão referente aos anos de 2014 a 2016. De acordo com Laville e Dionne (1999), o princípio da análise do conteúdo visa esclarecer e segmentar faixas distintas do estudo permitindo uma separação grupal por opções em comum. No entanto, quando se buscou analisar a evasão os alunos do campus em questão, obstáculos apareceram já que os mesmos não preenchem formalmente um requerimento para sair da instituição e, dessa forma, foi necessário optar pela entrevista via telefone com cada um deles para perguntas contidas no questionário de entrevista (Anexo I).

Inicialmente foi realizado um primeiro contato com os alunos a fim de explicar de que se tratava a pesquisa e para quais fins iriam ser usados os dados de modo que o ex-aluno percebesse a importância de estar participando.

Segundo consulta com a secretaria acadêmica do IFPR foram coletados dados referente a evasão no curso de Licenciatura em Química, no período de 2014-2016, verificando-se um total de 33 (trinta e três) evadidos, 07 (sete) cancelados, 02 (dois) trancados e 02 (dois) que não efetuaram matrícula. Para a instituição são denominados evadidos os alunos que se

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.4,p.20778-20797 apr. 2020. ISSN 2525-8761 ausentarem mais que 30 (trinta) dias sem justificativa plausível ou ainda o aluno que apresentar 25% de faltas não justificadas.

As entrevistas ocorreram de modo a explanar os motivos para o ato do abandono, revelando assim diversas justificativas para o fato.

Foi realizado um levantamento de quantos alunos do curso de Licenciatura em Química receberam algum auxílio da assistência estudantil, como o PACE (Programa de Assistência Complementar ao Estudante) por exemplo. Esse levantamento ocorreu através de análises de editais anteriores publicados no site do IFPR sendo esse processo auxiliado pela assistente social da instituição.

Este trabalho utilizou basicamente dois tipos de coletas de dados completamente distintos, porém complementares:

a) Levantamento bibliográfico de material próprio da instituição e análise situacional: Embasamento teórico necessário para elaboração da pesquisa envolvendo informações internas do IFPR e análise ao seu Sistema de Informações acadêmicas; b) Entrevistas estruturadas, realizada com os alunos evadidos buscando identificar o perfil destes e analisar seu grau de relacionamento com a instituição. Para etapa de entrevistas, criou-se um questionário contendo as indagações necessárias para identificação perfil de cada aluno evadido.

Os dados colhidos foram tabulados e interpretados em forma de gráficos e tabelas auxiliando a compreensão dos mesmos.

Os questionários foram aplicados por telefone e e-mail em casos que o telefone disponibilizado pela secretaria estava incorreto, sendo essas ligações realizadas entre o período de 17 de março a 30 de junho de 2017. Dos 33 alunos evadidos, 42,42% responderam o questionário. A maior parte amostral dos participantes se prontificaram de forma imediata a respondê-la com exceção de uma pessoa que não quis. Os dados colhidos foram tabulados e interpretados de maneira que seja possível comparar os alunos que saem da instituição com aqueles alunos que permanecem na instituição.

Porém, mesmo buscando a totalidade de alunos entrevistados, nem todos os ex-alunos foram localizados no período em que foi realizada a pesquisa. Vários contatos telefônicos não estavam mais habilitados, impedindo a comunicação.Sendo assim, os dados obtidos referem-se apenas aos alunos evadidos que foram localizados e que responderem ao questionário.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.4,p.20778-20797 apr. 2020. ISSN 2525-8761 Dessa forma, a coleta de dados foi concretizada através de observação à análise documental e entrevistas. Segundo Marconi e Lakatos (2006) a observação é um elemento básico de investigação científica utilizado para pesquisas, sendo que a observação não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar os fatos que se deseja conhecer.

Existem dois tipos de deficiências importantes que se faz necessário para utilizar-se uma metodologia que deixa de comparar o aluno que continua com o aluno evadido, perdendo o controle necessário para se determinar características que diferencie o evadido daquele que conclui sua graduação, dessa maneira os alunos ao qual se deseja aplicar o questionário, deve-se tomar um cuidado para que as motivações particulares dos mesmos não levem a um padrão de resposta que não corresponda com a real motivação da desistência (SILVA, 2013)

3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Os resultados revelam que 57,14% dos estudantes que responderam o questionário são do sexo feminino e 42,85 são do sexo masculino. Em relação a período de abandono apresenta-se uma média entre os três anos de 24,37 anos, apresenta-sendo que a maior parte acaba evadindo do sistema no primeiro ano do curso, sendo 27 alunos os evadidos no período de 2014-2016.

Proporcionalmente verifica-se que nos três anos de ingresso do curso (2014-2016) houve 126 matriculas sendo que deste montante 54,85% são do sexo feminino (68 pessoas) e os demais do sexo masculino. Por haver uma diferença de quase 5% a mais de mulheres ingressantes no curso é de se esperar que a evasão neste grupo específico também seja ligeiramente maior, desconsiderando outros fatores relacionados a gênero que fazem com que as mulheres evadam mais dos cursos que os homens o que já é bastante pautado na literatura. Entretanto para se levar em consideração que a saída de um sexo seja maior que a outra temos a seguinte fórmula para análise:

Tx = Evadido / (Permanente + Evadido) = Taxa por sexo de evasão

Desta maneira, obtemos os seguintes resultados, de 0,13 para mulheres e 0,11 para os homens. Assim a evasão no curso de licenciatura em química do Instituto Federal do Paraná é ligeiramente maior entre os estudantes do sexo feminino que do masculino. No entanto, deve-se considerar que a maior parte das matrículas realizadas no curso tiveram como ingressantes mulheres, o que, em parte, justifica esta diferença. Assim, observa-se que a diferença entre

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.4,p.20778-20797 apr. 2020. ISSN 2525-8761 alunos evadidos do sexo feminino e masculino não é tão discrepante. Uma vez que se mais mulheres se matriculam no curso, maiores são as chances de as mesmas virem a evadir.

Segundo Souza e Silva (2003) o abandono do curso logo no primeiro ano pode ser originado por algum fator econômico. No presente estudo realizado 28,57% das pessoas afirmaram que saíram para poder trabalhar e este foi o segundo fator mais alegado para evasão. No entanto,as informações analisadas podem ser compreendidas melhor através do gráfico 1 aponta que o fator de maior importância para o abandono no Campus Paranavaí estava relacionado ao curso não ser o que se pretendia (42,86%). Assim, como afirmado por Magalhães e Redivo (1998), em seu estudo, verifica-se que após um determinado tempo denominado como a fase do entusiasmo, por ter ingressado na Instituição de Ensino Superior, mesmo sendo o curso escolhido a segunda opção, o aluno venceu o primeiro obstáculo o de entrar no curso superior, entretanto, essa fase se encerra quando se tem a decepção com o curso, professores e instituição ocasionando ao aluno repensar em suas escolhas, ou ainda como Moura e Menezes (2004) afirmam, após o aluno idealizar o curso de uma forma errônea e o número reduzido de informações a seu respeito que ocorre a evasão e, assim, a re-opção de curso afim de alcançar a satisfação pessoal.

O gráfico a seguir apresenta também um outro fato interessante que pode despertar novos estudos no futuro, talvez com uma população mais ampla ou até mesmo com a elaboração de um questionário para trancamento de matricula junto a secretaria do campus, no intuito de compreender melhor os fatores de abandono e sua interpretação junto aos índices de evasão no ensino superior. Uma vez que no presente trabalho quatro fatores ficaram empatados com a mesma porcentagem (14,29%) em terceiro lugar sendo estes apontados como desinteresse pelas aulas, dificuldade para entender os conteúdos, aprovação em vestibular para outro curso de maior interesse e transporte e horário de serviço. Deve-se considerar que os dois fatores iniciais podem ser pensados pedagogicamente e estratégias junto ao corpo docente bem como modificações curriculares são possíveis de serem realizadas no intuito de diminuírem estes índices. Os levantamentos e apontamentos realizados servem como autoavaliação para o próprio curso e podem ser usados de maneira construtiva na busca do aprimoramento da licenciatura e manutenção dos educandos na instituição.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.4,p.20778-20797 apr. 2020. ISSN 2525-8761 GRÁFICO 01 – Análise dos fatores da evasão.

Fonte: Autor, 2017.

Os dados coletados juntos a assistência social do campus com relação aos pagamentos de auxílios estudantis do PACE (Programa de Assistência Complementar ao Estudante) que engloba auxílio transporte, moradia e alimentação ou ainda o PBIS (Programa de Bolsas de Inclusão Social) ou bolsa atleta nos anos de 2014-2016, demostram que esta é uma das formas que o IFPR possui para o estímulo da permanência desses alunos na instituição sendo um deles a Política de Apoio Estudantil, regulamentada pela Resolução CONSUP/IFPR nº 011/2009, oferecido por meio de vários Programas de Bolsas de Auxílio, sendo essas bolsas concedidas aqueles alunos que possuem maior vulnerabilidade social. É importante ressaltar a importância da existência dessas bolsas e apontar um crescente aumento de alunos da química contemplados com o recurso, relacionado a isso têm-se uma diminuição da desistência

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 De s inte re s s e p el as au las Ne c e s s id ad e de traba lha r P ro bl em a s f am ili ares P ro bl em a s d e rel ac io na m en to c om c o le ga s A nti pa ti a p el o p ro fes s o r P ro bl em a de s a úd e O c urs o nã o e ra o q ue p re ten di a O c urs o e sua orga ni za çã o d e ix ou a… Di fi c ul da de e m e nte n de r c on teú do s Re pe tê nc ia ou de p en d ên c ia ? Mu do u de c ida de T ran s po rt e e ho rári o d e s erv iç o A lime n taç ão In co mp a tib ili da de c o m m erc a do de … A prov aç ão no v es tibu lar pa ra o u tr o c urs o… O utro %

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.4,p.20778-20797 apr. 2020. ISSN 2525-8761 dos alunos contemplados com o recurso com o passar dos anos sendo de 23,07% para 2014, 16,66% para 2015 e 4,17% para 2016.Em contrapartida têm-se que de todos os evadidos apenas 6% dos alunos receberam algum tipo de auxílio da instituição.

As questões econômicas são apontadas como as razões mais comuns que levam o aluno a obstáculos em relação a ações escolares de longo prazo. Alguns pesquisadores apontam que a evasão no início do curso se mostra cada vez mais contundente se comparada aos demais anos. O curso de Licenciatura em Química do IFPR Campus Paranavaí apresentou uma evasão de 17,5% dos alunos ingressantes no ano de 2014. Já para os alunos de 2015 observou-se uma taxa de evasão de 32,5%. Para o ano de 2016 a taxa foi de 15,22%. Esses números foram considerados analisando-se somente a situação dos ingressantes no primeiro ano do curso. Observa-se que a evasão das outras turmas quando se comparada com a dos primeiranistas é de 4,98% menor. Esse fato justifica o que foi afirmado por alguns autores que a evasão no início de cursos superiores nas áreas de Ciências Exatas possui uma alta taxa de evasão quando se comparada com os outros anos consecutivos (MELLO, et al., 2013; SILVA FILHO et al., 2007).

Alguns alunos evadiram do curso devido à complexidade que algumas disciplinas que compõem o currículo, sendo 28,57% os alunos que evadiram devido à dificuldade em disciplinas como cálculo, física e outras disciplinas associadas as disciplinas específicas ao curso de química, Silva Filho et al. (2007) em seu estudo diz que disciplinas que exigem mais cálculos são apresentadas como vilões, visto que a dificuldade com essas disciplinas que os cursos de exatas apresentam, por exigirem mais cálculos observa-se um aumento no índice de evasão.

Apesar de existir um crescimento de evadidos entre o ano de 2014 a 2015, deve-se levar em consideração que nem todos os alunos que evadiram nesse ano (2015) ingressaram no ano em questão, visto que 7,14% desses alunos são alunos retidos/reprovados em quatro ou mais disciplinas, e para 2016, 30% dos alunos que evadiram do curso no segundo ano eram entre retidos e alunos regulares da turma (considerados ingressantes em 2015), e os outros 70% evadidos do primeiro ano.

Cerca de 28,56% dos alunos que responderam o questionário mostraram ter abandonado o curso por incompatibilidade ou desinteresse com o curso assim tentando ingressar em outro, levando ao curso o aparecimento de vagas ociosas durante o ano. Ou ainda, em alguns casos, manter a matrícula por um período longo até que seja considerado evadido pela secretaria ou em situação de abandono conforme a Resolução 55/2011, visto que o trancamento e

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.4,p.20778-20797 apr. 2020. ISSN 2525-8761 cancelamento só ocorrem quando o aluno procura a secretaria e toma as devidas providências (SAMPAIO et al., 2011).

A tabela 1 foi construída em consonância com o trabalho de Silva (2013), e foi utilizada para medir e interpretar as respostas obtidas no questionário para a ocorrência de determinado fator:

TABELA 01 – Descrição de outras variáveis analisadas no questionário a fim de traçar o perfil do aluno, com a porcentagem de ocorrência.

Variáveis Descrição % da ocorrência

do fato Trabalho Caso trabalhe antes de ingressar no curso e

continuar, talvez apresente dificuldades de conciliar o trabalho x faculdade

71,42

Renda Necessidade de trabalhar 28,57

Distância Caso more distante e tenha que trabalhar, pode apresentar dificuldade em conciliar horários

14,28

Curso O curso não era o que pretendia 42,86

Bacharelado Se o curso fosse bacharelado teria evadido do curso? 50 Ingresso em

outra IES

Após evadir do curso de Licenciatura em Química você ingressou em outra instituição

35,71

Fonte: Autor, 2017.

Os fatores apontados na tabela 1 são descritos por Biazuz (2004) como causas da evasão. No entanto, como não existem causas totalmente certas para que o aluno tome a decisão de evadir-se do curso, é possível observar-se uma correlação ainda entre uma melhor renda familiar dos pais e a falta de necessidade de ingresso no mundo trabalho pelo jovem como é apontado nos estudos, de Silva Filho et al., (2007). Dessa forma, pode-se ressaltar que em teoria quem possui o maior poder aquisitivo pode evadir com maior facilidade visto que o mesmo possui condições financeiras para ingressar em outro curso como também se preparar melhor com cursos específicos.

Já com relação a escolha do curso um maior nível de detalhamento se faz necessário haja visto que este foi o item de maior índice citado pelos entrevistados. Assim, o gráfico 2 apresenta alguns dos motivos pelos quais os alunos matriculados manifestam terem escolhido o curso de Licenciatura em Química do Instituto Federal do Paraná Campus Paranavaí.

Verificando-se os dados percebe-se que dois itens ficam juntos em primeiro lugar com 28,57% das intenções dos entrevistados, são os que tratam da facilidade no aprendizado de

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.4,p.20778-20797 apr. 2020. ISSN 2525-8761 química durante o Ensino Médio e o fato da instituição ser pública. Assim, nesse ponto é possível verificar que parte dos alunos buscavam um ensino gratuito e necessariamente não apresentavam aptidão com o curso em si. Na seqüência, os próximos itens com taxas de 21,42% das escolhas estão: influência de algum amigo, professor ou parente e aprovação no vestibular apenas para este curso. Novamente, esses dois itens comprometem a presença destes estudantes no curso, uma vez que não se caracteriza a tomada de decisão da opção pela graduação em uma opção madura e bem pensada, mas sim mais caracterizada por uma conjuntura que levou àquele evento.

GRÁFICO 02 – Análise dos fatores para escolha do curso de Licenciatura em Química no Instituto Federal do Paraná Campus Paranavaí.

Fonte: Autor, 2017.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

De uma forma geral, este trabalho teve como objetivo levantar as possíveis causas da evasão no curso de Licenciatura em Química do IFPR desde sua implantação em 2014 até 2016, de forma a levar uma adequada compreensão da decisão de evasão tomada pelos estudantes, visto que ainda são poucos os estudos relacionados a evasão no ensino superior, como por exemplo, a dificuldade de conciliar o transporte com horário de serviço, problemas

0 5 10 15 20 25 30 In fl u ên c ia de al gu m am igo , prof es s o r ou p arent e F ac ili d ad e no ap re nd iz a do de Q uím ic a n o E ns in o M éd io B ai x a c o nc orr ê nc ia no v es ti b ul ar F ato da un iv ers ida de s er pú bl ic a Ún ic a f a c u ld ad e qu e of e re c ia no tu rno de s e jad o o c u rs o P re s tígi o d a profi s s ã o A prov aç ão no v es ti bu lar ap en a s pa ra e s te c urs o P or s er na c ida d e d e P arana v a í e nã o prec is ar mu da r O u tros %

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.4,p.20778-20797 apr. 2020. ISSN 2525-8761 familiares e de saúde, aprovação em outro curso de maior interesse, repetência ou dependência, mudança de cidade, o curso não era o que pretendia, e por fim, mas não menos importante a dificuldade de compreender os conteúdos.

Compreender o fenômeno de evasão nas instituições de ensino superior não é muito fácil, pois não existe uma definição pré-determinada para evasão, sendo que cada instituição interpreta o significado da sua definição pelos regimentos da lei, e para regulamentar a evasão seria necessária adoção de critérios únicos. Por outro lado, também é difícil levantar os elementos causais que levaram o aluno a evadir pelo fato desses serem muitos e variados sem mencionar os critérios de cunho pessoal envolvidos na motivação própria para continuar ou não.

Dessa forma, o que se fez dentro deste trabalho foi estudar uma população e investigar os motivos já mencionados em literatura como sendo os mais prováveis para evasão na instituição avaliada, já que para esse campus esse trabalho ainda não havia sido feito. As análises realizadas apontam para o curso não era o que pretendia, a necessidade de trabalhar, desinteresse pelas aulas, dificuldade em entender os conteúdos, transporte e horário de serviço e aprovação no vestibular para outro curso de maior interesse como fatores principais da evasão com 42,86%, 28,57% para os dois primeiros fatores respectivamente e 14,29% para os demais fatores sendo essas a porcentagem equivalente da alegação dos entrevistados.

Assim, pode-se concluir que a evasão no curso de Licenciatura em Química do Instituto Federal do Paraná Campus Paranavaí deve ser um fenômeno a ser estudado de forma mais profunda na instituição, visto que descobrir os motivos que levam o aluno evadir, é colaborar para o desenvolvimento da instituição, visando seu aprimoramento e comprometimento com a sociedade buscando atrair cada vez mais alunos para as licenciaturas visando a formação docente, não esquecendo de manter os estudantes atuais com qualidade de educação e com a busca constante pela diminuição da ocorrência da evasão no curso.

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GRÁFICO 01 – Análise dos fatores da evasão.
TABELA 01 – Descrição de outras variáveis analisadas no questionário a fim de traçar o perfil do aluno, com a  porcentagem de ocorrência
GRÁFICO 02 – Análise dos fatores para escolha do curso de Licenciatura em Química no Instituto  Federal do Paraná Campus Paranavaí

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