• Nenhum resultado encontrado

Propagação vegetativa de espécies florestais da Amazônia/Vegetative propagation of Amazonian forest species

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2020

Share "Propagação vegetativa de espécies florestais da Amazônia/Vegetative propagation of Amazonian forest species"

Copied!
14
0
0

Texto

(1)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p. 83417-83430, oct. 2020. ISSN 2525-8761

Propagação vegetativa de espécies florestais da Amazônia

Vegetative propagation of Amazonian forest species

DOI:10.34117/bjdv6n10-686

Recebimento dos originais:27/09/2020 Aceitação para publicação:30/10/2020

Alaíde de Oliveira Carvalho

Bacharel em Engenharia florestal Instituição: Universidade Federal do Amazonas

Mestranda do Programa de pós graduação em ciências florestais e ambientais

Endereço: Av. General Rodrigo Octavio Jordão Ramos, 1200 - Coroado I, Manaus - AM, 69067-005 E-mail: alaidecarvalho91@gmail.com

André Henrique Bueno Neves

Bacharel em Engenharia florestal Instituição: Universidade Federal do Amazonas

Mestrando do Programa de pós graduação em ciências florestais e ambientais

Endereço:Av. General Rodrigo Octavio Jordão Ramos, 1200 - Coroado I, Manaus - AM, 69067-005 E-mail: bueno.andre93@gmail.com

Kenia Michele de Quadros Tronco

Doutora em Engenharia florestal

Instituição: Universidade Federal de Rondônia. Departamento de Engenharia Florestal Endereço: Av. Norte Sul, 7300 - Nova Morada, Rolim de Moura - RO, 76940-000.)

E-mail: kenia.tronco@unir.br

RESUMO

A possibilidade de utilização de espécies nativas em maior escala, tanto para fins comerciais quanto para a revegetação de áreas degradadas depende da disponibilidade de sementes bem como o domínio dos métodos de produção de mudas de qualidade. Desta maneira, técnicas como a miniestaquia podem ser otimizadas para a propagação em massa de espécies florestais endêmicas da Amazônia. O objetivo desse trabalho foi avaliar o potencial de formação de mudas clonais por meio da miniestaquia para as espécies Myracrodruon urundeuva Allemão, Jacaranda mimosifolia D. Don. As miniestacas foram avaliadas aos 60 dias quanto a produtividade de miniestacas, sobrevivência das miniestacas inalteradas e o percentual de enraizamento. Os dados foram analisados de forma descritiva. Foram obtidas o total de 40 minicepas e 618 miniestacas das espécies selecionadas. A espécies Myracrodruon urundeuva Allemão, Jacaranda mimosifolia D. Don apresentaram indução de brotações epicórmicas aptos a coletas 15 dias após a poda de formação. A técnica de miniestaquia pode ser considerada eficiente na produção de propágulos, visando a propagação clonal para essas espécies, pois ambas as espécies apresentaram boa produtividade de material propagativo. A espécie M. urundeuva não apresentou enraizamento, sendo que o J. mimosifolia apresentou capacidade de enraizamento, mesmo sem o uso de fitorreguladores.

Palavras-chaves: Myracrodruon urundeuva Allemão, Jacaranda mimosifolia D. Don, miniestaquia,

(2)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p. 83417-83430, oct. 2020. ISSN 2525-8761

ABSTRACT

The possibility of using native species on a larger scale, both for commercial purposes and for revegetation of degraded areas depends on the availability of seeds as well as the mastery of quality seedling production methods. In this way, techniques such as ministay can be optimized for the mass propagation of endemic Amazonian forest species. The objective of this work was to evaluate the potential for clonal seedling formation by means of the miniestachy for the species Myracrodruon urundeuva Allemão, Jacaranda mimosifolia D. Don. The ministacks were evaluated at 60 days for productivity of ministacks, survival of the ministacks unchanged and the percentage of rooting. The data were analyzed in a descriptive way. A total of 40 minicepas and 618 ministakes of the selected species were obtained. The species Myracrodruon urundeuva Allemão, Jacaranda mimosifolia D. Don presented induction of epicormous sprouts suitable for collection 15 days after pruning. The ministache technique can be considered efficient in the production of propagules, aiming the clonal propagation for these species, because both species presented good productivity of propagating material. The species M. urundeuva did not present rooting, and J. mimosifolia presented rooting capacity, even without the use of phytoregulators.

Keywords: Myracrodruon urundeuva Allemão,Jacaranda mimosifolia D. Don, miniestaquia,

production of seedlings.

1 INTRODUÇÃO

O uso da propagação vegetativa de espécies florestais é vital quando a disponibilidade de matrizes e, ou, a semente se torna um insumo limitado (Xavier et al., 2003), impossibilitando a produção comercial de mudas (Dias et al., 2012). Sendo assim, as técnicas de propagação assexuada surgem como alternativa de superação das dificuldades na propagação de espécies florestais (Xavier et al., 2003; Dias et al., 2012), podendo ser utilizadas para fins comerciais, ou ainda no resgate e conservação de recursos genéticos florestais (Santos et al., 2000; Dias et al., 2012).

De modo geral, dentre as principais vantagens da propagação vegetativa podem ser citadas a produção de mudas de qualidade que além de apresentar padrões morfológicos adequados, apresentam um bom desenvolvimento quando levados a campo, além da multiplicação de indivíduos resistentes a pragas e doenças (Ferriani et al., 2010; Badilla et al., 2016). Pode-se utilizar vários métodos visando a clonagem dos genótipos selecionados, sendo os principais a enxertia, estaquia, microestaquia e miniestaquia (Wendling, 2003; Ferrari et al., 2004).

Entre as alternativas supracitadas, pode-se destacar a técnica de miniestaquia, pois tem potencial de ser empregada em diversas espécies arbóreas de interesse econômico e ecológico (Gimenes et al., 2015; Chinnaraji e Malimuthu, 2011). Dentre os principais benefícios deste de método de propagação vegetativa destacam-se o maior potencial de enraizamento do material propagado e o alto número de propágulos fornecidos, o que pode viabilizar a produção de mudas em grande escala

(3)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p. 83417-83430, oct. 2020. ISSN 2525-8761 (Xavier e Wendling, 1998; Wendling et al., 2000). Sendo o principal método adotado pelos viveiros florestais das empresas do setor florestal brasileiro para clonagem de Eucalyptus (Alfenas et al., 2009). Apesar de todas as vantagens apresentadas pela miniestaquia, pouco se conhece sobre essa com espécies florestais nativas da Amazônia, tanto em nível experimental quanto comercial. Espécies como Aroeira (Myracrodruon urundeuva Allemão) e Jacarandá (Jacaranda mimosifolia (D. Don)), conhecidas pelo seu potencial madeireiro (Lorenzi, 2000; Carvalho, 2007) e atual uso em projetos de reflorestamento (Ferronato et al., 2015), são exemplos de espécies que possuem a produção de mudas de qualidade limitadas por falta de aperfeiçoamento de suas formas de propagação.

Diante do exposto, a avaliação da eficiência da miniestaquia em espécies arbóreas nativas pode contribuir para a ampliação dos conhecimentos dos processos de produção de mudas, estabelecendo protocolos para execução e monitoramento dessa técnica. Dessa forma, o trabalho em questão tem como objetivo principal avaliar o potencial de formação de mudas clonais por meio da miniestaquia das espécies Myracrodruon urundeuva Allemão, Jacaranda mimosifolia D. Don.

2 MATERIAL E MÉTODOS

A área do estudo localiza-se na Floresta Ombrófila Aberta Submontana, que se caracteriza como a transição entre a Floresta Amazônica e as áreas extras amazônicas, possuindo gradiente climático com mais de 60 dias secos por ano, com classificação do tipo Am, tropical chuvoso (Veloso et al., 1991; IBGE, 2012; Alvares et al., 2013).

Para a condução do experimento, utilizou-se uma estrutura cercada com tela de polietileno com 50% de permeabilidade de raios solares e coberta com lona transparente, para melhor controle da irrigação, com bancadas de pallets de cerca de 50 cm de altura. Foram utilizados vasos com capacidade para 3,8 L de substrato, sendo a base do vaso preenchida com aproximadamente 4 cm de brita de granulometria grossa, seguido por uma tela (malha fina), para então ser adicionado a composição de substrato, completando o volume do recipiente. O substrato utilizado era composto por 40% de areia e 60% de solo do tipo Latossolo Vermelho-amarelo. As irrigações eram realizadas diariamente de forma manual com auxílio de um regador. As espécies utilizadas foram Aroeira (Myracrodruon urundeuva Allemão) e Jacarandá (Jacaranda mimosifolia (D. Don)).

Para a obtenção das matrizes, foram dispostas para germinar 200 sementes de cada espécie, em sementeiras tipo bandejas (52x35 cm), contendo leito de areia grossa solarizada, sob orientação Leste-Oeste. Após 30 dias da germinação foram selecionadas as mudas mais uniformes e transplantadas para vasos identificados. Os vasos foram distribuídos de forma aleatória na bancada da casa de vegetação. As matrizes receberam adubação foliar de composto comercial de NPK (N:4%; P:14%; K:8%),

(4)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p. 83417-83430, oct. 2020. ISSN 2525-8761 seguindo recomendação de 200g/100L, logo, foram aplicadas 2g/1L, sendo realizada uma aplicação de três litros por semana. A randomização dos vasos nas bancadas foram realizadas semanalmente. O preparo dos vasos teve como objetivo obter 20 matrizes por espécie.

A poda de formação foi realizada em dois períodos (60 e 75 dias após o transplantio) para melhor uniformização nas minicepas. Para a M. urundeuva o corte foi realizado acima das duas gemas mais visíveis e com presença de folha, as minicepas das espécies ficaram em média com 9,1 cm de altura. Os cortes do J. mimosifolia foram feitos a 5 cm de altura, permanecendo de duas a três gemas por minicepa. O corte ocorreu em forma de bisel para evitar acúmulo de água no local, sendo esse corte realizado a um centímetro da gema (Figura 1), utilizando podão higienizado com álcool 70 % a cada novo corte.

Figura 1 – Realização da poda de formação: a – Medições para a realização da poda de formação; b – Separação da parte aérea da base da matriz; c – Minicepa formada; d – Aleatorização da poda.

Decorridos sete dias após a poda de formação, as espécies já apresentavam indução de brotos. Foram realizadas duas coletas, a primeira aos 15 dias e a segunda aos 30 dias após a poda de formação. A preparação das miniestacas seguiram as seguintes etapas: o corte foi executado acima da primeira gema apresentada pelo broto, seguindo sempre do lado que a gema se encontrava, de uma forma que a mesma ficasse protegida da ponta da tesoura. Após coleta das brotações, essas foram imersas imediatamente em água na temperatura ambiente, em bandeja de polietileno. As brotações foram separadas por matrizes e a parte apical descartada. As miniestacas foram preparadas com gema única, sendo que sua folha era cortada pela metade (diminuída 50% de seu tamanho), com exceção do J.

(5)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p. 83417-83430, oct. 2020. ISSN 2525-8761 mimosifolia, pois essa possui folhas opostas e as miniestacas permaneceram então com duas gemas, com cerca de 2 cm de comprimento.

Foram utilizados copos plásticos drenados com capacidade de 80 ml, contendo substrato comercial a base de casca de pinus, onde as miniestacas forma dispostas individualmente (Figura 2). Figura 2 – Produção das minicepas: a – Coleta dos brotos epicórmicos; b – Propágulos dispostos em água para evitar a desidratação do material; c – Confecção das minicepas; d – Minicepas produzidas em substrato para indução de enraizamento.

Cada miniestaca recebeu uma etiqueta contendo o número da matriz da qual foi retirada e o número correspondente à sua coleta. Os copos contendo as miniestacas foram dispostos em bandejas de polietileno pretas drenadas (tamanho 52x35 cm) e encaminhadas para o laboratório de atividades florestais da universidade, onde foram mantidas sob temperatura de 25 ºC, as bandejas foram cobertas com filme plásticocom a finalidade de reter a umidade presente na bandeja. Diariamente as miniestacas foram borrifadas com água.

Aos 60 dias avaliou-se a produtividade de miniestacas, percentual de sobrevivência, de miniestacas inalteradas (quando a miniestaca continuava viva, no entanto não havia emissão de raiz) e de enraizamento. Para observação de emissão de raízes, procedeu-se à retirada do substrato com água, tomando o devido cuidado de preservar o sistema radicular. Forma avaliadas ainda a presença das folhas primária nas miniestacas enraizadas.

(6)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p. 83417-83430, oct. 2020. ISSN 2525-8761

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após 60 dias, foram obtidas 20 minicepas para cada espécie, a M. urundeuva apresentou uma produção total de 300 e J. mimosifolia de 318 miniestacas. As duas coletas sucessivas de miniestacas não afetaram a sobrevivência das minicepas, uma vez que não foi registrada mortalidade nesse período. A produção de miniestacas variou entre matrizes e entre coletas. Porém de forma geral, a produtividade de ambas as espécies foi crescente, comparando a primeira com a segunda coleta (Figura 3).

Figura 3 – Produtividade média por matriz de Myracrodruon urundeuva Allemão e Jacaranda mimosifolia (D. Don) para coleta um (15 dias) e coleta dois (30 dias).

A crescente produtividade e a alta porcentagem de sobrevivência pode indicar a adequabilidade dos tratos culturais empregados e bom manejo de condução das minicepas como irrigação em níveis de nutrientes adequados (Figura 4). Segundo estudos realizados por Titon et al. (2003) e Xavier et al. (2003), a utilização de solução nutritiva contendo macro e micronutrientes, acompanhado por irrigações diárias, visando manter o turgor hídrico possibilita o aumento de produtividade e uniformidade, uma vez que alteram as condições fisiológicas da planta e contribuem para o acúmulo de reservas. Espécies M. urundeuva J. mimosifolia P ro du tiv id ad e 0 2 4 6 8 10 12 14 Coleta 1 Coleta 2

(7)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p. 83417-83430, oct. 2020. ISSN 2525-8761 Figura 4 – Vigor das matrizes após a segunda coleta: a – Matrizes de Jacaranda mimosifolia (D. Don); b – Matrizes de

Myracrodruon urundeuva Allemão.

Dessa forma, o número de brotações maior em cada coleta gerou volume suficiente de miniestacas para a execução dos experimentos de enraizamento. Esse fato evidencia que, para as espécies estudadas e dentro das condições de manejo adotadas, a técnica de miniestaquia pode ser considerada eficiente na produção de propágulos para a propagação clonal.

As miniestacas de M. urundeuva apresentaram 100% de morte aos primeiros 15 dias após o corte, tanto para a primeira coleta quanto para a segunda (Figura 5).

Figura 5 – Miniestaca de Myracrodruon urundeuva Allemão: a – Miniestaca de Myracrodruon urundeuva Allemão morta aos 15 dias após o corte; b – Miniestaca de Myracrodruon urundeuva Allemão com proliferação de fungo.

(8)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p. 83417-83430, oct. 2020. ISSN 2525-8761 Visto que as miniestacas foram mantidas em laboratório e todos os cuidados quanto ao balanço hídrico, evapotranspiração e temperatura foram tomados, é possível associar a morte das miniestacas dessa espécie à intolerância dessa às condições ao qual foram submetidas, propiciando a proliferação de fungos (pois esse acontecimento foi exclusivo da espécies M. urundeuva). Dessa forma, recomenda-se a repetição dessa técnica revendo as condições do ambiente a recomenda-ser conduzido o experimento.

A média de sobrevivência das miniestacas de J. mimosifolia foi 47,25% para a primeira coleta e 54, 26% para a segunda coleta (Figura 6).

Figura 6 – Sobrevivências das miniestacas da espécies Jacaranda mimosifolia (D. Don) após 60 dias da coleta do material.

Os altos índices de sobrevivência das miniestacas de J. mimosifolia, obtidos para a maioria das matrizes, evidenciam adaptabilidade da espécie no método adotado no presente estudo, quanto à condução do minijardim clonal. Sendo tecnicamente viável e se mantendo assim em sucessivas coletas. Além disso, as miniestacas apresentavam alto vigor resultante do bom manejo adotado na manutenção e condução do minijardim (Figura 7). Segundo Wendling e Xavier (2003), as condições de alto vigor fisiológico das miniestacas, são resultantes do sistema de manejo adotado no minijardim clonal, e constituem fator de grande importância na propagação vegetativa.

Espécie J. mimosifolia S ob re vi vê nc ia (% ) 0 20 40 60 80 100 Coleta 1 Coleta 2

(9)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p. 83417-83430, oct. 2020. ISSN 2525-8761 Figura 7 – Vigor das miniestacas de Jacaranda mimosifolia (D. Don) em copos plásticos com capacidade de 80 ml, contendo substrato comercial a base de casca de pinus, após 60 dias da coleta.

A capacidade de uma estaca emitir raízes é em função de fatores endógenos e das condições ambientais, tais como a manutenção e o balanço hídrico satisfatório dos tecidos, do controle da irradiação solar e da temperatura, por meio de sombreamento e irrigação adequada (Oliveira et al., 2001).

A média de enraizamento da espécie J. mimosifolia foi de 26% para a primeira coleta e 36% para a segunda coleta (Figura 8).

Figura 8 – Enraizamento das miniestacas de Jacaranda mimosifolia (D. Don), das coletas um (15 dias) e coleta dois (30 dias), após 60 dias.

J. mimosifolia E nr ai za m en to ( % ) 0 10 20 30 40 50 60 70 Coleta 1 Coleta 2

(10)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p. 83417-83430, oct. 2020. ISSN 2525-8761 Observando-se assim um acréscimo de 10% de enraizamento da primeira para a segunda coleta. Esse aumento pode estar associado ao rejuvenescimento ontogenético do tecido, que ocorre entre as coletas. Destaca-se também o resultado de enraizamento obtido com o J. mimosifolia em ambas as coletas sem a necessidade de fitorreguladores. Segundo Ferreira et al. (2004), por meio do rejuvenescimento proporcionado pela micropropagação, o hormônio de enraizamento passou a não ser mais necessário ou apenas aplicado em pequenas concentrações, quando comparado ao processo convencional de estaquia. Wendling, (2003), ainda afirma que miniestacas provenientes de mudas jovens de origem seminal tem o enraizamento facilitado em razão da juvenilidade do material vegetativo. Outro fator importante é que essas respostas variam dentro da mesma espécie, sendo difícil prever resultados.

Ainda, Alfenas et al. (2009) afirmam que a propagação vegetativa teve grandes avanços graças à técnica da miniestaquia, principalmente em relação ao percentual e à qualidade do enraizamento adventício, assim como, na redução do tempo para formação da muda. Aliado a esse fato, Wendling; Xavier (2003) complementam que essa técnica é indicada no rejuvenescimento de clones de Eucalyptus grandis com baixo potencial de enraizamento, pois melhora os resultados de enraizamento, sobrevivência, vigor aéreo e radicular.

Observa-se também que a matriz 05 não apresentou enraizamento em nenhuma das coletas realizadas. Por se tratar de um processo complexo, a emissão de raízes adventícias, segundo Fett-Neto et al. (2001) e Cunha et al. (2009), é influenciado por vários fatores, tanto intrínsecos, relacionados à própria planta, quanto extrínsecos, ligados às condições ambientais, como radiação solar, temperatura e as estações do ano. Não se sabe ao certo quais foram as causas do não enraizamento das miniestacas oriundas dessa matriz. Entretanto, 100% das estacas enraizadas ainda possuíam, pelo menos uma das folhas primárias (Figura 9).

(11)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p. 83417-83430, oct. 2020. ISSN 2525-8761 Figura 9 – Enraizamento das miniestacas de Jacaranda mimosifolia (D. Don) após 60 dias da poda de formação: a – Miniestaca da primeira coleta (15 dias); b – Miniestaca da segunda coleta (30 dias).

A permanência de parte das folhas primárias é importante para o processo de enraizamento, pois assim é possível que ocorra a produção de carboidratos resultantes da fotossíntese e de auxinas produzidas pelas folhas e gemas apicais essenciais ao enraizamento. Também há a produção de alguns compostos fenólicos, que também são sintetizados na parte aérea das plantas, sendo que os mesmos interagem com as auxinas, induzindo a iniciação das raízes, estimulando a atividade de troca e a diferenciação celular (Pacheco e Franco, 2008; Alfenas et al., 2009).

Segundo Câmara et al. (2016), a crescente preocupação com o uso de produtos sintéticos que possuem riscos ambientais e a saúde dos manipuladores tem levado ao uso de indutores alternativos no enraizamento de estacas. Aliando esse fato ao custo econômico do uso de auxinas sintéticas como o AIB (ácido indol-3-butírico), destaca-se ainda mais a importância de se protocolar espécies com potencial de enraizamento e técnicas de propagação vegetativa que não necessitam do uso de fitorreguladores.

Destaca-se também em pesquisas realizas Wendling e Xavier, (2005), que clones estudados com diferentes concentrações de AIB não responderam às aplicações quanto às características avaliadas, sendo em algumas características e clones observados certos níveis de toxidez nas concentrações acima de500 mg L-1. Esses resultados enfatizam ainda mais a importância de pesquisas com aplicação dessa técnica.

A propagação por miniestaquia destaca-se neste cenário por proporcionar maior uniformidade de produção, redução no tempo de enraizamento e melhor arranque inicial das mudas no campo devido a melhor qualidade do sistema radicular. Outro fator importante é que quando comparada as outras

(12)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p. 83417-83430, oct. 2020. ISSN 2525-8761 técnicas de propagação vegetativa, oferece melhor produtividade em curto espaço de tempo, redução da área produtiva, clonagem de indivíduos superiores, além da maior agilidade em suprir a demanda do mercado florestal (Carvalho, 2016).

Diante do exposto pode-se observar que a espécies M. urundeuva e J. mimosifolia apresenta um alto potencial de indução de brotações epicórmicas, sendo que o J. mimosifolia mostrou capacidade de enraizamento, mesmo sem o uso de fitorreguladores, destacando-se enraizamentos de até 36% para a segunda coleta.

Dessa forma, o estabelecimento do protocolo de propagação dessas espécies poderão viabilizar melhor qualidade das mudas assim como suas procedências, podendo ampliar sua produção anual e manter uma oferta maior de mudas de qualidade, seja para o manejo de florestas plantadas ou para recuperação de áreas degradadas.

4 CONCLUSÃO

Os genótipos avaliados são aptos para a condução em minijardim clonal. A técnica de miniestaquia pode ser considerada eficiente na produção de propágulos das espécies Jacaranda mimosifolia (D. Don) e Myracrodruon urundeuva Allemão. Ambas as espécies apresentaram aumento de produtividade de brotações epicórmicas da primeira para a segunda coleta. A espécie Jacaranda mimosifolia (D. Don) mostrou capacidade de enraizamento. Foi observado 100% de presença de folhas primárias nas estacas enraizadas. Faz-se necessário a continuidade desse trabalho para realização do acompanhamento do crescimento dessas mudas a campo.

(13)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p. 83417-83430, oct. 2020. ISSN 2525-8761

REFERÊNCIAS

ALFENAS, A. C.; ZAUZA, E. A. V.; MAFIA, R. G.; ASSIS, T. F. Clonagem e doenças do eucalipto. 2. ed. Viçosa, MG: Ed da UFV, 2009. 500 p.

ALVARES; C.; STAPE, J; SENTELHAS, P.; GONÇALVES, J.; SPAROVEK, G. Koppen’s climate classification map for Brazil. Meteorologische Zeitschrift, v. 22, n. 6, p. 711-728, 2013.

BADILLA, Y.; XAVIER, A.; MURILLO, O.; PAIVA, H. N. D. Eficiência do AIB no enraizamento de miniestacas de clones de Teca (Tectona grandis Linn F.). Revista Árvore, 40 (3), 477-485. 2016. CÂMARA, F. M. M.; CARVALHO, A. S. de.; MENDONÇA, V.; PAULINO, R. da C.; DIÓGENES, F. É. P. Sobrevivência, enraizamento e biomassa de miniestacas de aceroleira utilizando extrato de tiririca. Comunicata Scientiae, Bom Jesus, v.7, n.1, p.133-138, Jan./Mar. 2016.

CARVALHO, M. A. 2016. Efeito Da Aplicação De Ácido Indolbutírico No Enraizamento De Miniestacas E Qualidade De Mudas De Tectona Grandis (Linn F.). (Monografia). Universidade Federal de Mato Grosso, como parte das exigências para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Florestal. CUIABÁ-MT.

CARVALHO, P. E. R. Cerejeira-da-Amazônia Amburana acreana. Embrapa Florestas. Colombo, PR Novembro, 2007.

CUNHA, C. M. C. M.; PAIVA, H. N.; BARROS, N. F.; LEITE, H. G. LEITE F. P. Relações do estado nutricional de minicepas com enraizamento de miniestacas de Eucalipto. R. Brasileira Ciências do Solo, Viçosa - MG, n. 33, p. 591 - 599, 2009.

DIAS, P.C; OLIVEIRA, L.S; XAVIER, A; WENDLING, I. Estaquia e mini estaquia de espécies florestais lenhosas do Brasil. Pesquisa Florestal Brasileira. Colombo, v. 32, n. 72, p. 453-462, out./dez. 2012.

FERRARI, M.P.; GROSSI, I.; WENDLING, I. Propagação vegetativa de espécies florestais. Embrapa Florestas, Colombo-PR, agosto 2004.

FERREIRA E. M.; ALFENAS, A. C.; MAFIA, R. G.; LEITE, H. G.; SARTORIO, R. C.; FILHO PENCHEL R. M. Determinação do tempo ótimo do enraizamento de miniestacas de clones de Eucalyptus spp. Revista Árvore. 2004;28(2).

FERRIANI, A. P.; ZUFFELLATO-RIBAS, K. C.; WENDLING, I.; Miniestaquia aplicada a espécies florestais. Revista Agro@mbiente. On-line, v. 4, n. 2, p. 102-109, jul-dez, 2010.

FERRONATO, M. L.; BONAVIGO, P. H.; LIMA, N. L.; de SOUZA, M. A.; FERRONATO, D. R. C. F.; MOREIRA, S. N. S.; de SOUZA, D. B. Viveiro Cidadão – Recuperação de Florestas de áreas degradadas na Zona da Mata Rondoniense. Rolim de Moura – RO, 1º edição. ECOPORE, 2015. FETT-NETO, A. G.; FETT, J. P.; GOULART, G. P.; TEMIGNONI, R. R.; FERREIRA, A. G.; Distinct efects of auxin and ligth on adventitious root develoment in Eucalyptus saligna and Eucalyptus globulus. Tree physiology, Victoria, Canada, n.21, p. 457- 464, 2001.

(14)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p. 83417-83430, oct. 2020. ISSN 2525-8761 GIMENES, E.S.; KIELSE, P.; HAYGERT, K.L.; FLEIG, F.D.; KEATHLEY, D.E.; BISOGNIN, D.A. Propagação de Cabralea canjerana por miniestacas. Journal of Horticulture and Forestry, 7 (1), 8-15. 208-15.

IBGE. Manual Técnico da Vegetação Brasileira: Sistema fitogeográfico Inventário das formações florestais e campestres Técnicas e manejo de coleções botânicas Procedimentos para mapeamentos. p 271, 2012.

LORENZI, H. Árvores Brasileiras: Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil. Nova Odessa: São Paulo. 352p. 2000.

OLIVEIRA, M. C.; RIBEIRO, J. F.; RIOS, M. D. S.; REZENDE, M. E. Enraizamento de estacas para produção de mudas de espécies nativas de matas de galeria. Embrapa Cerrados-Recomendação Técnica (Infoteca Embrapa). 2001.

PACHECO, J. P.; FRANCO, E. T. H. Substratos e estacas com e sem folhas no enraizamento de Luehea divaricata Mart. Ciência Rural, v.38, n.7, p.1900-1906, 2008.

SANTOS, G. A. dos; XAVIER, A.; WENDLING, I.; OLIVEIRA, M. L. Uso da miniestaquia na propagação clonal de Cedrela fissilis (Cedro-rosa). In: Congresso E Exposição Internacional Sobre Florestas, 6, 2000, Porto Seguro. Resumos técnicos. Rio de Janeiro: Instituto Ambiental Biosfera, 2000 a. p. 203.

TITON, M.; XAVIER, A.; REIS, G. G; OTONI, W. C. Eficiência das minicepas e microcepas na produção de propágulos de clones de Eucalyptus grandis, Revista Árvore, v. 27, n. 5, p. 619-625, 2003. VELOSO, H. P.; RANGEL FILHO, A. L. R.; LIMA, J. C. A. Classificação da Vegetação Brasileira adaptada a um sistema universal. Rio de Janeiro, RJ: IBJE, CDDI, 1991. p. 124.

WENDLING, I. Propagação vegetativa de erva-mate (Ilex paraguariensis): estado da arte e tendências futuras. Colombo: Embrapa Florestas, 2003.

WENDLING, I.; XAVIER, A. Influência do ácido indolbutírico e ds miniestaquia seriada no enraizamento e vigor de miniestacas de clones de Eucalyptus grandis. Revista Árvore, 29(6). 2005. WENDLING, I.; XAVIER, A. Miniestaquia seriada no rejuvenescimento de clones de Eucalyptus. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 38(4), pp.475-480. 2003.

WENDLING, I.; XAVIER, A.; GOMES, JM; PIRES, IE; ANDRADE, HB Efeito do regulador de crescimento AIB na propagação de clones de Eucalyptus spp. por miniestaquia. Revista Árvore, v. 24, n.2, p. 187-192. 2000.

XAVIER, A.; SANTOS, G. A. D.; WENDLING, I. Propagação vegetativa de cedro-rosa por miniestaquia. Revista Árvore, 27(2). 2003.

XAVIER, A.; WENDLING, I. Miniestaquia na clonagem de Eucalyptus . Viçosa, MG: SIF, 1998. 10 p. (Informativo Técnico SIF, 11).

Imagem

Figura 1 – Realização da poda de formação: a – Medições para a realização da poda de formação; b – Separação da parte  aérea da base da matriz; c – Minicepa formada; d – Aleatorização da poda
Figura 2 – Produção das minicepas: a – Coleta dos brotos epicórmicos; b – Propágulos dispostos em água para evitar a  desidratação  do  material;  c  –  Confecção  das  minicepas;  d  –  Minicepas  produzidas  em  substrato  para  indução  de  enraizamento
Figura 3 – Produtividade média por matriz de Myracrodruon urundeuva Allemão e Jacaranda mimosifolia (D
Figura 5 – Miniestaca de Myracrodruon urundeuva Allemão: a – Miniestaca de Myracrodruon urundeuva Allemão morta  aos 15 dias após o corte; b – Miniestaca de Myracrodruon urundeuva Allemão com proliferação de fungo
+3

Referências

Documentos relacionados

DISCIPLINAS: NORMALIZAÇÃO E GESTÃO DA QUALIDADE; M S A - ANÁLISE DE SISTEMAS DE MEDIÇÃO; G S M S - GESTÃO DE SAÚDE, MEIO-AMBIENTE E SEGURANÇA; METROLOGIA ELÉTRICA;

A metodologia de avaliação envolveu a comparação dos mapas de ruído da impacto das alterações morfológicas com a legislação ambiental, A simulação do cenário futuro

O presente demonstrou que a suplementação de creatina monohidratada pode trazer mudanças significativas em parâmetros hematológicos, inclusive com diferenças encontradas

Comunista Brasileiro (PCB) e funcionário da Universidade Federal do Ceará , relata-nos que somente após a morte de Marighella é que tomou consciência da derrota. Foi preso várias

(2013) na avaliação da combinação entre o carvacrol e o fluconazol contra espécies de Candida sensíveis e resistentes a este fármaco, foi visto que para as cepas de

O cooperativismo possui grande relevância para a economia brasileira, na medida em que apóia o desenvolvimento econômico e social, principalmente das pequenas propriedades rurais.

necessitarem ter os seus funcionamentos nos dias aqui especificados, deverão se dirigir ao Sindicato Laboral para assinar o termo de opção do cumprimento da

- Não danificar nem retirar a placa de características que se encontra no interior do aparelho, pois é importante para o serviço de assistência a clientes?. Congelação com o