• Nenhum resultado encontrado

Abordagem mediadora e construtivista no ensino de energia, meio ambiente e sustentabilidade para alunos do ensino médio

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2020

Share "Abordagem mediadora e construtivista no ensino de energia, meio ambiente e sustentabilidade para alunos do ensino médio"

Copied!
13
0
0

Texto

(1)

3

ABORDAGEM MEDIADORA E CONSTRUTIVISTA NO

ENSINO DE ENERGIA, MEIO AMBIENTE E

SUSTENTABILIDADE PARA ALUNOS DO ENSINO MÉDIO

MEDIATOR AND BUILDING APPROACH IN ENERGY,

ENVIRONMENT AND SUSTAINABILITY EDUCATION FOR

HIGH SCHOOL STUDENTS

ENFOQUE MEDIADORA Y CONSTRUTIVISTA EN LA

ENSEÑANZA DE ENERGÍA, MEDIO AMBIENTE Y

SOSTENIBILIDAD PARA ALUMNOS DE LA EDUCACIÓN

SECUNDARIA

João Lúcio de Barros1

Ana Luiza Bovoy2

Antonia Andreia Alves da Costa3

Antonio Cesar Germano Martins4

Resumo: Diante da necessidade constante em promover o ensino voltado para o desenvolvimento de capacidades intelectuais, a educação escolar tem como objetivo oferecer uma formação acadêmica que corresponda ao desenvolvimento de competências e habilidades sócioafetivas e cognitivas. A parceria entre a universidade e a escola proporcionou uma nova experiência aos alunos, empregando uma abordagem mediadora construtivista, que possibilitou ao aluno ser o protagonista, e os professores e alunos da universidade serem os mediadores. Os alunos desenvolveram diversas habilidades e conhecimentos, evidenciando a grande importância da interação entre escolas, sociedade e universidades, e da busca por metodologias não tradicionais de ensino.

Palavras-chave: Energia. Sustentabilidade. Ensino construtivista. Pesquisa-ação.

Abstract: Faced with the constant need to promote teaching aimed at the development of intellectual abilities, school education aims to offer an academic training that corresponds to the development of cognitive and social skills and abilities. The partnership between the university and the school provided a new experience for students, using a constructivist mediator approach that enabled the student to be the protagonist, and the university's teachers and students to be the mediators. The students developed several skills and knowledge, highlighting the great importance of the interaction between schools, society and universities, and the search for non traditional teaching methodologies.

Keywords: Energy. Sustainability.; Constructivist teaching. Action-research

1 Graduando em Engenharia Mecânica. Faculdade Anhanguera Pitágoras Votorantim. Pós-graduando em

Ciências Ambientais. Universidade Estadual Paulista - câmpus Sorocaba. barros.jlucio@gmail.com

2 Graduanda em Engenharia Ambiental. Universidade Estadual Paulista. anabovoy@hotmail.com 3 Professora de Licenciatura em Física. Escola Estadual Francisco Eufrásio Monteiro.

aandreiaadc@gmail.com

4 Professor da Graduação e Pós-graduação em Ciências Ambientais e Controle e Automação. UNESP –

(2)

4

Resumen: Ante la necesidad constante de promover la enseñanza orientada hacia el desarrollo de capacidades intelectuales, la educación escolar tiene como objetivo ofrecer una formación académica que corresponda al desarrollo de competencias y habilidades socioeconómicas y cognitivas. La asociación entre la universidad y la escuela proporcionó una nueva experiencia a los alumnos, empleando un enfoque mediador constructivista, que posibilitó al alumno ser el protagonista, y los profesores y alumnos de la universidad ser los mediadores. Los alumnos desarrollaron diversas habilidades y conocimientos, evidenciando la gran importancia de la interacción entre escuelas, sociedad y universidades, y de la búsqueda de metodologías no tradicionales de enseñanza.

Palabras-clave: Energía. Sostenibilidad. Enseñanza constructivista. La investigación-acción.

Envio 13/12/2017 Revisão 14/12/2017 Aceite 10/03/2018

Introdução

Sabe-se, que todo processo de mudança requer uma nova forma de ação-reflexão–ação. No campo educacional varias ações são empregadas para mudar a forma de aprendizado, sendo assim, uma reflexão sobre a metodologia empregada se faz necessária, para que novas ações sejam adotadas no caminho de uma mudança significativa. Neste sentido, acredita-se que aliando educação ambiental ao ensino construtivista, cria-se uma ferramenta ativa para mudança do paradigma da educação brasileira.

Quando trabalha-se a aprendizagem significativa, da-se sentido à linguagem que usada e relaciona-se o conhecimento construído com o cotidiano, com os fatos e a realidade do dia a dia, do sujeito da aprendizagem que interage com os outros sujeitos da sociedade. Na aprendizagem significativa, a interação é intencional e esquematizada, entre o aluno, o professor e o que se deseja conhecer - o ato pedagógico. O desafio da conquista do conhecimento significativo está alicerçado na parceria da construção do saber, na prática do ensinar, do aprender e do apreender. A constituição do conhecimento significativo é um processo que se estabelece no interior do sujeito da aprendizagem, sendo provocado pelo educador.

O professor sob essa ótica, oportuniza a aprendizagem significativa e atua como catalisador, mediador e facilitador do conhecimento no processo de interação com o aluno.

Sob a perspectiva da educação mediadora, à luz da teoria sócio construtivista viabiliza que os espaços escolares sejam espaços de construção e reconstrução de conhecimento. Esses espaços devem propiciar o diálogo, o estímulo ao processo de descoberta, de investigação e de

(3)

5

desafio permanente na dialógica relação entre aluno – professor – conhecimento. Também se faz no ato pedagógico do professor ao definir em seu planejamento o que ensinar, considerando o que, e como o aluno irá aprender, conhecer o seu aluno, definindo estratégias de ensino com intervenções pedagógicas capazes de promover o desenvolvimento de habilidades na totalidade de seu grupo de alunos, e o desenvolvimento intelectual de cada discente. O caminho para a aprendizagem se faz nesse ato pedagógico, um permanente ato de planejar e (re) planejar ao encontro do sucesso de resultados qualitativos e quantitativos.

A educação ambiental surge com o desafio de construir uma sociedade sustentável, orientada por novos valores e saberes, estruturada em valores ecológicos que permitam uma inserção mais consciente no meio ambiente. Ela é uma nova forma de transgressão para combater as estruturas tradicionais da educação (GRÜN, 1999). A educação ambiental não é algo novo no contexto do ensino formal, ela sempre esteve ligada à área de Ciências Naturais, porém com conteúdos mais naturalistas – onde o homem é dominador da natureza. Atualmente, ela está incluída nos currículos escolares na perspectiva da transdisciplinaridade, entendida como fenômeno social, buscando o bem comum para toda a sociedade. Sendo assim, segundo Reigota (2001), a educação ambiental é o meio de conscientização da sociedade a qual tem grande parcela de responsabilidade no processo de degradação ambiental. É nessa perspectiva, que se acredita que a educação ambiental através de práticas interdisciplinares, contemple uma nova orientação de sociedade.

Abordar a temática energia, meio ambiente e sustentabilidade na atual conjuntura social, ambiental e econômica mundial “põe o mundo na escola”, a não dissociação entre a realidade mundial e a demanda de pesquisa e ação diante das emergências existenciais de recursos ambientais e humanos, além de expor os alunos em seu processo de significação, algo que está a par de suas vivências. A aprendizagem se torna significativa, pois há significado naquilo que é ensinado ao aluno e este por sua vez se torna agente de construção de seu conhecimento e se permite ousar no campo da pesquisa e aplicação concreta num movimento protagonista de sua própria formação. A contextualização da aprendizagem corrobora no estímulo investigativo e participativo do aluno como sujeito e o motiva a incrementar e alçar voos além de seus limites. Porém, essa nova orientação só é alcançada através da adesão de novas competências e estratégias educacionais, neste contexto que é possível inserir o ensino construtivista. Este

(4)

6

conceito afirma que cada indivíduo constrói o conhecimento de acordo com o seu modo de ser e através de suas capacidades e a aquisição do conhecimento se dá pela ação do próprio individuo (COLL, 2003). Portando, o processo de aprendizagem e construção do conhecimento depende do desenvolvimento do sujeito e de certo modo dos conteúdos dos ensinamentos que lhe são apresentados. O conhecimento deve ser apresentando como algo que, de algum modo, seja da necessidade do indivíduo (VIGOTSKY, 2003).

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais:

“A principal função do trabalho com o tema Meio Ambiente é contribuir para a formação de cidadãos conscientes, aptos a decidir e atuar na realidade socioambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem estar de cada um e da sociedade […] (BRASIL a, 1998, p.187).”

Além disso, a Política Nacional de Educação Ambiental no Brasil fomentada pela lei nº 9.795/99 – Lei de Educação Ambiental no seu Art. 9° enfatiza que a educação ambiental deve estar presente nos currículos escolares sem distinção. Portanto, a partir de tudo que foi exposto acima, fica nítido que a escola secundarista se torna o veiculo modificador da sociedade, através da educação ambiental e atividades construtivistas.

Sendo assim, dentre as questões ambientais que merecem grande destaque está o consumo de energia elétrica. Essa importância se deve em primeiro lugar por que o suprimento eficiente de energia é uma condição básica para o desenvolvimento econômico e social e existe um aumento sensível na demanda deste tipo de recurso. Além disso, a produção de energia elétrica causa grande impacto ambiental no meio ambiente e por causa disso ocorre uma busca crescente para a alteração da matriz energética, buscando fontes mais limpas (SILVA, 2002).

É importante ressaltar que, de uma forma ou de outra, todas as modalidades de produção energia elétrica provocam alterações na natureza (REIS; SILVEIRA, 2000). Atualmente, vem se discutindo possibilidade da alteração das matrizes de produção de energia elétrica convencionais, buscando a utilização mais sistemática de matrizes alternativas, que causem menos impactos ambientais. Dentre as matrizes alternativas podemos destacar os sistemas fotovoltaicos.

(5)

7

“A energia fotovoltaica é uma resultante da conversão da luz solar em corrente elétrica, por meio de módulos ou placas construídos com fotocélulas produzidas a partir de um material semicondutor, como silício cristalino, silício amorfo hidrogenado, arsenieto de gálio, telureto de cádmio e células CIGS (Cobre-Índio-Gálio-Selênio), utilizados nesse processo.”

Observa-se que o Brasil é beneficiado pela grande incidência de radiação solar durante quase todos os meses do ano, possuindo assim um alto potencial de produção de energia, através de sistemas fotovoltaicos. Além disso, estudos mostram que a energia solar mostra-se competitiva e viável na geração distribuída no Brasil (GRANDIN, 2012).

Desse modo, proporcionar investimentos para ampliação do setor solar e inserir essa fonte na matriz brasileira se mostra um caminho para que se proporcione desenvolvimento econômico alinhado à visão de sustentabilidade ambiental. Para inserir a energia solar na matriz energética brasileira é necessário que se estude e se analise a sua aplicabilidade e capacidade para atender o consumo residencial brasileiro.

Neste projeto, optou-se pela metodologia da pesquisa-ação. Esta escolha se deu devido à necessidade de vincular a teoria e a prática, a academia e a escola secundária, por meio do intercâmbio de experiências entre pares. Segundo Grundy e Kemmis (1982), pesquisa-ação pode ser definida como: “identificação de estratégias de ação planejada que são implementadas e, a seguir, sistematicamente submetidas a observação, reflexão e mudança”. A pesquisa-ação ao mesmo tempo em que altera o que está sendo pesquisado, ela é limitada pela ação da prática.

Alguns dos conceitos-chaves desta metodologia são justamente os almejados pelo projeto, tais quais: aprendizagem através da pratica, a necessária colaboração e participação entre tais agentes sociais, a condução da pesquisa in situ, a possibilidade de utilização de variadas técnicas e instrumentos, o envolvimento da socialização e da utilidade da pesquisa, sendo emancipatória ao dotar os participantes de autonomia (McKernan, 1996).

Diante de tudo que foi exposto, este projeto tem como objetivo através da educação ambiental aliada ao ensino construtivista introduzir conceitos ambientais em alunos do ensino médio na disciplina eletiva “arquitetônica” ministrada na “Escola Estadual Francisco Eufrásio Monteiro” localizada na cidade de Sorocaba, através da metodologia da pesquisa-ação. Além de comparar dois sistemas de fornecimento de energia elétrica (convencional e fotovoltaico)

(6)

8

em uma maquete de uma residência confeccionada com materiais reciclados, com a finalidade de difundir o conhecimento sobre uma possível alternativa viável na matriz energética do Brasil. As disciplinas eletivas nas escolas de ensino integral veem a enfatizar o conhecimento pautado em (re)construções significativas de aprendizagem motivados pelo mundo do trabalho e a dinâmica do desenvolvimento tecnológico.

A proposta de ensino da Secretária Estadual da Educação do estado de São Paulo, identifica o desenvolvimento pessoal como um processo de aprimoramento das capacidades de agir, pensar, atuar sobre o mundo e lidar com a influência do mundo sobre cada um, bem como atribuir significados e ser percebido e significado pelos outros, apreender a diversidade e ser compreendido por ela, situar-se e pertencer.

Nesse contexto, o alunado desenvolverá a autonomia para gerenciar a própria aprendizagem (aprender a aprender) e para a transposição dessa aprendizagem em intervenções solidárias (aprender a fazer e a conviver) deve ser a base da educação das crianças, dos jovens e dos adultos, que têm em suas mãos a continuidade da produção cultural e das práticas sociais."

Desenvolvimento e Metodologias

O projeto de estudo foi desenvolvido na Escola Estadual Francisco Eufrásio Monteiro, situada no bairro Barcelona, na cidade de Sorocaba. Os alunos que participam do projeto foram os alunos do primeiro e segundo e terceiro ano do Ensino Médio Regular.

A escola possui o modelo de educação em Ensino Integral, este modelo tem a intenção de oferecer aos alunos um ensino de qualidade, que amplia as possibilidades de formação acadêmica e também preparação para o mercado de trabalho. Busca construir nos alunos uma visão crítica da realidade e desenvolvimento do pensamento autônomo, com condições de construir seu espaço dentro de sua sociedade.

Além disso, a escola possui parceira com a duas universidades publicas USP e UNESP, possibilitando a construção de um trabalho pedagógico conjunto escola e universidade. Essa probabilidade gera diversos benefícios para professores, alunos, escola e sociedade como um todo.

É importante ressaltar que todo trabalho escolar é direcionado com algumas finalidades dentre elas:

(7)

9

• Colaborar para a formação da consciência crítica nos alunos, para que esses se tornem ativos em varias questões da sociedade, tais como: família, profissão, política, sindicatos, movimentos sociais e culturais.

• Capacitar os alunos para que esses se tornem sujeitos de sua própria história, indivíduos socialmente conscientes, capazes não apenas de compreender a realidade, mas principalmente de modificá-la mediante a vivência social. • Despertar no aluno o interesse de construir uma carreira profissional através da

formação acadêmica em universidades de excelência.

• Garantir aos alunos a construção da própria identidade, através das variadas disciplinas oferecidas, onde os alunos descobrem suas habilidades e dificuldades, e assim possuem uma maior facilidade nas escolhas durante a vida. • Possibilitar que a aprendizagem do aluno reflita na sua conduta humana, sendo

exemplo para o coletivo, dentro do processo de democratização da sociedade e na luta pela conquista da cidadania.

Diante do exposto, aliando a estrutura educacional da escola e a estrutura metodológica do projeto, as aulas da disciplina eletiva “arquitetônica” começaram com a divisão dos alunos em três grupos: sistema elétrico, design e planejamento, estrutura e construção da maquete. A escolha da composição dos grupos foi feita exclusivamente pelos alunos, possibilitando a autonomia para a percepção de suas próprias habilidades que iram favorecer no desenvolvimento do projeto.

A transmissão do conhecimento foi feita à medida que foram surgindo dúvidas pelos alunos. Em cada grupo surgiram dúvidas e consequentemente interesse por vários conceitos abordados no projeto como: arquitetura, elétrica e eletrônica e conceitos de sustentabilidade, além de questionamentos relacionados às disciplinas básicas de ensino, como: matemática, geografia e física. Importante ressaltar que o conhecimento não foi imposto, através da metodologia hierárquica de ensino, mas sim, de forma horizontal, onde professores e alunos, trocando experiências, foram autores do projeto.

(8)

10

O desenvolvimento da maquete da residência foi feito em uma cartolina, o tamanho da maquete é de 1,00 m por 2,00 m, a construção da maquete foi feita com materiais reaproveitados e/ou recicláveis. Dentre os materiais utilizados estão: papelão, cartolina, madeira, garrafas PET’s, canudos de plástico, tintas a base de água, entre outros. O design da maquete foi elaborado pelos alunos, através de suas expectativas e conhecimentos de uma casa “ecologicamente correta”. Sendo assim, a maquete contém: cisterna de captação de água de chuva, uma pequena horta, telhado verde, disposição de portas e janelas visando uma melhor corrente de ar.

A busca por uma casa sustentável, se enquadra a outro objetivo do projeto, que é o desenvolvimento de um sistema eletrônico para investigar o consumo de energia e a eficiência de iluminação, comparando o sistema convencional e o sistema utilizando placas fotovoltaicas.

Placas solares fotovoltaicas transformam a energia liberada pela luz (principalmente, mas não exclusivamente pela luz solar) em energia elétrica, podendo ser usada diretamente em equipamentos de corrente contínua, como por exemplo lâmpadas de diodo emissor de luz (led), ou transformando a corrente continua para corrente alternada atendendo a maioria das residências sem demais adaptações.

O circuito elétrico da casa foi feito utilizando led, resistores, fio condutor retirado de cabos de rede de internet, e diversos componentes eletrônicos de baixo custo. A alimentação do sistema elétrico foi realizada por fonte de energia continua de 5,0 v e 2.000 mA, e por placa fotovoltaica com potência de 4w. Cabe ressaltar que devido ao aproveitamento de materiais, ambos podem estar superdimensionados para o projeto.

O circuito elétrico foi dividido em ligações independentes de cada ambiente da residência, possibilitando acionar a iluminação de cada ambiente de forma independente por meio de botões.

Com auxílio da placa eletrônica Arduino Uno modelo R3, e outros componentes, foi desenvolvido um circuito de mensuração da tensão, corrente e intensidade luminosa, com a finalidade de comparar o consumo energético e o aproveitamento da energia em cada um dos sistemas.

Espera-se que ao final do projeto, a maquete seja apresentada à comunidade escolar para demonstrar a diferença entre o consumo de energia elétrica e fotovoltaica, divulgando o

(9)

11

conhecimento adquirido pelos alunos relacionados com energia, sustentabilidade e o meio ambiente.

Discussão dos resultados

Por ser uma abordagem diferente da tradicional, geralmente vinculada a relação de teoria-exercícios, a metodologia empregada gerou certo desconforto e dificuldade dos alunos na dinâmica de executarem suas tarefas; o direcionamento das ações por parte dos alunos e não dos professores é um diferencial do ato pedagógico. Notou-se que surgiu um estranhamento dos alunos em perceber que eles próprios iriam ser autores do projeto, o conhecimento iria ocorrer a partir da vivência deles. Devido a essa sequência de fatos, e tentando se manter fiel aos conceitos e metodologia do projeto, não ocorreu interferência neste resultado, mesmo sendo ele desfavorável, pois gerou um atraso no cronograma do projeto.

Em continuidade do projeto, essa dificuldade foi superada através da iniciativa e ação dos alunos aparecendo a competência protagonista. O aluno se sentindo seguro, questionando e tendo suas dúvidas respondidas, sem a imposição de um conteúdo que para ele poderia não ser útil naquele momento, gerou um ambiente estimulante, onde permitiu ao aluno saber o que se esperar dele e o que precisaria fazer para aprender. Esse movimento a longo prazo garante também quem o aluno se responsabilize cada vez mais por sua própria aprendizagem.

De acordo com Moretto (2010), construção do conhecimento por parte do educando inclui várias etapas culminando com o “saber o quê, saber como, saber por quê, saber para quê”. Ao obter respostas a essas etapas do saber o aluno estabelece elos necessários para o fio condutor do conhecimento, em relação ao processo de ensino. Ao estabelecer elos, o sujeito em ação (aluno), garantiu momentos construídos de forma dinâmica e global dentro de um processo de pensamento, apossando-se do significado da realidade concreta e mobilizando-se para o processo pessoal de aprendizagem.

Foi possível perceber que nessa abordagem existiu a valorização do erro, sendo este, visto como ferramenta para aprendizagem. Não existindo uma rigidez nos procedimentos de ensino, conduziu aos alunos a uma reflexão e auto-avaliação, tornando-os mais confiantes de si mesmos e de suas ações no projeto. Esse ambiente foi possível por que ocorre uma diferenciação do ensino tradicional, em que aulas são sinônimos de alunos calados e imóveis,

(10)

12

ouvindo a exposição do professor, o que ocorre neste projeto à oportunidade e liberdade da participação ativa do aluno dentro da organização proposta para a aula.

Paralelamente as dúvidas pontuais relacionadas ao projeto, foi possível a introdução de conceitos ambientais mais aprofundados, tais como: destinação correta dos resíduos, melhoria na eficiência energética de uma residência, redução de recursos utilizados e tratamento de água de reuso. Aliado a isso, devido ao intercambio entre a escola e universidade, com a interação dos alunos graduando e pós-graduando, foi possível transferir para os alunos uma orientação para a possibilidade de uma formação acadêmica em universidades de excelência, possibilitando alcançar bons resultados a longo prazo, gerando uma melhoraria na educação da sociedade como um todo.

Além das dificuldades relacionadas à metodologia do projeto, ocorreram certas dificuldades práticas para o andamento do projeto, tais como: falta de recursos para compra de materiais necessários para a fabricação do circuito eletrônico e o curto período de tempo para que os alunos pudessem se dedicar ao projeto, pois as aulas possuíam duração de apenas 2 horas semanais e o projeto teria que ser desenvolvido dentro do semestre letivo. Apesar disso, até o presente momento, importantes resultados físicos já foram alcançados, como por exemplo, a estrutura e o design da maquete, além de o desenvolvimento do projeto e circuito elétrico, restando apenas à integração do circuito eletrônico á estrutura da maquete, e a aplicação dos elementos do design para a conclusão total da maquete.

Os alunos, principalmente os responsáveis pelo desenvolvimento do circuito elétrico, tiveram a oportunidade de aprimorar alguns conhecimentos específicos de eletrônica de potência e eletrônica básica. Inicialmente mostraram muita restrição ao aprendizado, pois os cálculos necessários para a escolha dos componentes não eram “familiares” e alguns ainda não tinham aprendido nenhum conteúdo de eletricidade na escola, outros não se lembravam. Porém, a medida com que o projeto era desenvolvido, na prática, muitos questionamentos surgiam, tais como: o porque usar tal componente...?, o porque usar tal resistor...?, porque ligar em série...?, ou qual a diferença se eu fizer assim...? . Situação semelhante foi mostrada por Pacca e Scarincci (2011) e Peixoto, Silva e Rocha (2010) em estudo com professores e alunos, mostrando que as inibições dos alunos nos momentos iniciais se dão por conta do estimulo ao fazerem algo que não é “normal” no sistema de ensino tradicional.

(11)

13

Muitas dúvidas, questionamentos e curiosidades foram respondidas pelos próprios alunos, pois, sob orientação dos mediadores, eles tiveram a oportunidade de errar para aprender e assim conhecer o que normalmente não se ensina. Com isto, absorviam de forma prática a ciência, o conteúdo e as habilidades inerentes a temática explorada durante a execução do projeto, situação essa que muitas vezes ficariam apenas no abstrato podendo dificultar o processo de aprendizado (PACCA E SCARINCCI, 2011).

A possibilidade do erro e da tentativa fez com que o aluno buscasse o motivo pelo qual algo não ocorreu como deveria e conseguem extrapolar esse conhecimento para o aprendizado do correto. Os moderadores puderam aproveitar essa curiosidade aguçada pelo desconhecido para mostrar a importância de se ter o conhecimento teórico sobre o assunto, mostrando que o aprendizado de forma empírica, muitas vezes acarreta em problemas, custos, perdas de tempo, etc. e portanto, deve ser conduzida junto aos conceitos teóricos e fundamentações científicas.

Delgado (2003) explicou que o construtivismo é uma proposta com o principal objetivo tornar o aluno autônomo para o aprendizado. O desenvolvimento desta autonomia, foi constatada em diversos momentos, principalmente após a sexta semana, onde muitos alunos não mais dependiam dos moderadores para executarem as tarefas, e frequentemente tomavam decisões bastante fundamentadas para a realização das atividades.

Conclusões

A realização de um projeto socioambiental com uma visão mediadora construtivista em uma escola estadual permitiu a colaboração e troca de informações e experiências entre os professores e os estudantes da universidade e possibilitou a vivência no planejamento de estratégias e metodologias diversificadas que atendam a demanda de formação acadêmica dos alunos. A percepção de que os alunos sentem a necessidade de aprendizagem muito além dos conteúdos do currículo oficial de ensino e procedimentos de estudo que possibilitem o domínio de habilidades e promovam a aprendizagem significativa. A formação de um cidadão, capaz de se posicionar ativamente na construção da sociedade é um dos resultados mais positivos ao se permitir trabalhar sob essa perspectiva de ensino.

Com relação ao publico alvo, os alunos, a percepção de sua capacidade de criação e desenvolvimento do projeto foi gradual e gerou estimulo em todos os integrantes do projeto.

(12)

14

No ensino construtivista o sujeito constrói seu conhecimento na interação com o meio tanto físico como social, foi possível observar que a escola é o local ideal para a aquisição do conhecimento através da prática. As disciplinas eletivas como a disciplina “Arquitetônica” representaram a união de todos os agentes envolvidos no projeto, frente a um objetivo comum, e proporcionou uma percepção sólida do ambiente escolar como um espaço de aprendizagens. Os atores desse processo se imortalizam através de seu fazer diário.

É importante ressaltar que, ocorre uma propagação do conhecimento ambiental adquirido, os alunos transferem os conhecimentos adquiridos para suas famílias e comunidade. Por perceberem que são capazes de executar ações que trazem benefícios no projeto, adquirem confiança para executarem mudanças no seu dia-a-dia, que tratarem benefícios para toda a sociedade, como: reciclar o lixo, economizar água e luz, construção de uma cisterna, etc.

Em síntese, pode-se concluir que o desenvolvimento de projetos entre universidade e escolas secundaristas tem grande potencial para ser agente de mudança social. Os alunos têm capacidade para absorver conhecimentos da área acadêmica e aplicá-los no seu cotidiano. Portanto, torna-se necessário que mais projetos como esse sejam realizados.

Referências

[BRASIL. Lei 9.795, de 27 de abril de 1999. Política Nacional de Educação Ambiental. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil03/Leis/L9795htm>. Acesso em: 26/05/2016.

CABRAL, I.; VIEIRA R. Viabilidade econômica x viabilidade ambiental do uso de energia fotovoltaica no caso brasileiro: uma abordagem no período recente. III Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental Goiânia – GO. 2012.

COLL, C. “De qué hablamos cuando hablamos de constructivismo”. Cuadernos de Pedagogia, 221: 8-11. 1994.

DELGADO, E. I. Pilares do Interacionismo. São Paulo: Érica, 2003.

GRANDIN, F. Solar é viável, diz Tolmasquim. Energia Hoje – 08 de maio, 2012. Disponível em:

http://energiahoje.editorabrasilenergia.com/cadun/login?url_retorno=/news/eletrica/eolicasolar/2012/0 5/solar-e-viavel-diz-tolmasquim-449191.html. Acesso em: 26/05/2016.

GRÜN, Mauro. Hermenêutica, biorregionalismo e educação ambiental. In SAUVÉ, L.; BARBA, A. T. 1991.

(13)

15

GRUNDY, S. J.; Kemmis, S. Educational action research in national action research in

Australia: Australia the state of the art. Geelong: Deakin University Press, 1982.

MCKERNAN, J. Curriculum action research: a handbook of methods and resources for the reflective practitioner. London: Kogan Page, 1996.

MORETTO, V.P., Prova: Um Momento Privilegiado De Estudo Não Um Acerto De Contas. Ed. Lamparina. Edição n. 9, 192p. 2010

PACCA, J. L. A., SCARINCI, A. L. A Ressignificação das Atividades na Sala De Aula. Revista Ensaio, v.13 n. 1. P57-72. 2011.

PEIXOTO, M. A. P., SILVA, M. A. ROCHA, C. C. Aprendizagem e metacognição no ensino de metodologia científica, Revista Ensaio, v.12 n. 1. p11-26. 2010.

REIGOTA, Marcos. O que é educação ambiental. São Paulo: Brasiliense, 2001.63p. REIS, L.B. SILVEIRA, S. (orgs.) Energia elétrica para o desenvolvimento sustentável: introdução de uma visão multidisciplinar. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2000. 284 p.

SILVA, L. F.; A Temática Ambiental e o Ensino de Física na Escola Média: Algumas Possibilidades de Desenvolver o Tema Produção de Energia Elétrica em Larga Escala em uma Situação de Ensino. Revista Brasileira Ensino Física. vol.24 no.3 São Paulo Set. 2002.

Referências

Documentos relacionados

Conceitos envolvidos: educação ambiental, licença ambiental, meio ambiente, reciclagem, resíduos, reutilização, sustentabilidade.. Público-alvo: 3ª série do Ensino

Os objetivos desta pesquisa baseiam-se nesta premissa, e são explicitados em quatro partes: caracterizar os parques fluviais como instrumento legal de proteção

Diante disso a pesquisa buscou investigar o uso da técnica com alunos do ensino médio como recurso didático no ensino de educação ambiental, promovendo uma interação do alunado com

 I - o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles,

Com relação às diferenças observadas entre as duas técnicas cirúrgicas (Grupos 1 e 2), acredita- se que os animais submetidos ao desvio lateral modificado do pênis (Grupo 2)

Altonji and Segal (1996) carried out an extensive Monte Carlo analysis of the finite sample properties of the efficient GMM estimator in this framework and found that this estimator

O objetivo deste trabalho foi avaliar a aceitabilidade sensorial de cookies adicionados de diferentes níveis de FCB, entre crianças, e determinar a composição

In its discursive practice, the Maria Matos (MM) – a founding member and coordinator of the network- assumes its role as an agent of political art and in its programming adopts