• Nenhum resultado encontrado

Enriquecimento proteico de barra de cereal com Chlorella vulgaris/ Protein enrichment of cereal bar with Chlorella vulgaris

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2020

Share "Enriquecimento proteico de barra de cereal com Chlorella vulgaris/ Protein enrichment of cereal bar with Chlorella vulgaris"

Copied!
16
0
0

Texto

(1)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.6, p. 35193-35208 jun. 2020. ISSN 2525-8761

Enriquecimento proteico de barra de cereal com Chlorella vulgaris

Protein enrichment of cereal bar with Chlorella vulgaris

DOI:10.34117/bjdv6n6-164

Recebimento dos originais:08/05/2020 Aceitação para publicação:07/06/2020

Ana Paula Costa Câmara

Doutora em Engenharia Química pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte Instituição: Professora na Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Escola Agrícola

de Jundiaí

Endereço: RN 160 – Km 03 – Distrito de Jundiaí – Macaíba-RN, Brasil E-mail: anapaulacceq@gmail.com

Vitória Regina Lima do Nascimento

Técnica em Aquicultura pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Escola Agrícola de Jundiaí

Endereço: RN 160 – Km 03 – Distrito de Jundiaí – Macaíba-RN, Brasil E-mail :vitoriaregina287@gmail.com

Fabiana Rodrigues de Arruda Câmara

Doutora em Ecologia e Recursos Naturais pela Universidade Federal de São Carlos Instituição: Professora na Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Escola Agrícola

de Jundiaí

Endereço: RN 160 - Km 03 - Distrito de Jundiaí – Macaíba-RN, Brasil E-mail :fabirac@gmail.com

Túlio de Araújo Nascimento

Técnico em Agroindústria pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Escola Agrícola de Jundiaí

Endereço: RN 160 – Km 03 – Distrito de Jundiaí – Macaíba-RN, Brasil E-mail :tulioaraujo2011@gmail.com

Robson Rogério Pessoa Coelho

Doutor em Agronomia pela Universidade Federal da Paraíba

Instituição: Professor na Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Escola Agrícola de Jundiaí

Endereço: RN 160 - Km 03 - Distrito de Jundiaí – Macaíba-RN, Brasil E-mail: robcoe@bol.com.br

(2)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.6, p. 35193-35208 jun. 2020. ISSN 2525-8761

Alexandra Simão do Nascimento

Bacharel em Ciências Biológicas pela Universidade Potiguar

Graduanda em Ciências Biológicas licenciatura pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Instituição: Técnica na Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Escola Agrícola de Jundiaí

Endereço: RN 160 - Km 03 - Distrito de Jundiaí – Macaíba-RN, Brasil E-mail: sandrasimiao22@gmail.com

Leila Laise Souza Santos

Doutora em Ciências biológicas pela Universidade Federal de Pernambuco Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Escola Agrícola de Jundiaí

Endereço: RN 160 - Km 03 - Distrito de Jundiaí – Macaíba-RN, Brasil E-mail :leilalaise@hotmail.com

Lupercio Luizines Cavalcanti Filho

Mestre em Engenharia Civil e Ambiental pela Universidade Federal de Pernambuco Instituição: Universidade Federal de Pernambuco

Endereço: Av. Prof. Moraes Rego, 1235 - Cidade Universitária, Recife - PE, 50670-901 E-mail: lluizinescf@gmail.com

RESUMO

A microalga do gênero Chlorella é rica em micronutrientes, possui elevado teor de clorofila, proteínas, vitaminas, sais minerais e ácidos graxos, sendo considerada GRAS pelo FDA, podendo, portanto, ser utilizada como alimento sem causar risco à saúde humana. As barras de cereal são produtos que podem ser elaborados com uma diversidade de ingredientes nutricionais e funcionais capazes de atender consumidores preocupados com uma vida saudável. Neste estudo, a Chlorella vulgaris foi utilizada em diferentes concentrações no desenvolvimento de uma barra de cereal, trazendo inovação na utilização das microalgas no mercado. A C. vulgaris foi cultivada em meio orgânico e floculada sem adição de reagente químico, o perfil proteico da biomassa liofilizada foi obtido para estabelecer a quantidade de biomassa a ser adicionada nas barras, que foram submetidas à análise de composição centesimal e avaliação sensorial, incluindo atributos de aparência, sabor, textura e impressão global. O resultado do teor de proteínas da biomassa algal foi de 36,61 %. As barras de cereal enriquecidas com a Chlorella vulgaris apresentaram valores médios de proteína acima do encontrado em barra de cereal comercial (4 %), sendo 10,93 % no tratamento com adição de 8 g (T1) e 9,89 % com adição de 2,5 g de biomassa (T2). A formulação em T2 obteve resultados satisfatórios em todos os aspectos sensoriais avaliados, com índices de aceitabilidade superiores a 77,78 %, enquanto o T1 apresentou resultados insatisfatórios na análise sensorial. Deste modo, a adição da microalga C. vulgaris como fonte de proteína, se apresenta uma alternativa promissora e com caráter inovador na biotecnologia de alimentos.

Palavras–chave: Microalga; Biotecnologia; Análise sensorial; Inovação.

ABSTRACT

The microalgae of the Chlorella genus is rich in micronutrients, has a high content of chlorophyll, proteins, vitamins, minerals and fatty acids, being considered GRAS by the FDA,

(3)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.6, p. 35193-35208 jun. 2020. ISSN 2525-8761 and can therefore be used as food without causing risk to human health. Cereal bars are products that can be made with a variety of nutritional and functional ingredients capable of serving consumers concerned with a healthy life. In this study, Chlorella vulgaris was used in different concentrations in the development of a cereal bar, bringing innovation in the use of microalgae on the market. C. vulgaris was grown in an organic medium and flocculated without the addition of a chemical reagent, the protein profile of the freeze-dried biomass was obtained to establish the amount of biomass to be added to the bars, which were subjected to analysis of chemical composition and sensory evaluation, including attributes of appearance, taste, texture and overall impression. The result of the protein content of the algal biomass was 36.61%. Cereal bars enriched with Chlorella vulgaris showed average protein values above that found in commercial cereal bars (4%), 10.93% in the treatment with the addition of 8g (T1) and 9.89% with the addition of 2.5g of biomass (T2). The formulation in T2 obtained satisfactory results in all the sensory aspects evaluated, with acceptability indexes above 77.78%, while T1 presented unsatisfactory results in the sensorial analysis. Thus, the addition of microalgae C. vulgaris as a source of protein, presents a promising alternative with an innovative character in food biotechnology.

Keywords: Microalgae; Biotechnology; Sensory analysis; Innovation.

1 INTRODUÇÃO

As demandas geradas pelo modo de vida urbano têm exigido alternativas para este estilo de vida por meio do desenvolvimento de novos alimentos com qualidade sensorial e nutricional que tragam benefícios à saúde (GARCIA et al., 2003; SILVA et al., 2008).

As barras de cereais atendem a necessidade dos consumidores que optam por uma alimentação prática e saudável, pois são fontes energéticas, que contém vitaminas, minerais e fibras (COSTA et al., 2016). As barras alimentícias podem ser fontes de proteína quando enriquecidas com produtos de origem animal ou vegetal com elevado teor proteico, tais como soro de leite (whey protein), proteína texturizada de soja e albumina (BAÚ et al., 2010; FREITAS e MORETTI, 2006).

Uma outra fonte promissora de proteína são as microalgas que podem ser cultivadas em condições controladas para obter a sua máxima capacidade fotossintética, e agregar valor nutricional quando adicionada em alimentos (PULZ e GROSS, 2004).

Algumas espécies de microalgas, tais como a Chlorella vulgaris é considerada GRAS (Generally Recognized As Safe) pelo FDA (Food and Drug Administration), podendo ser utilizada como alimento sem causar risco à saúde humana. Sendo portanto, uma espécie de uso atraente na formulação de produtos alimentícios devido seu rico teor de micronutrientes, clorofila, proteínas, vitaminas, sais minerais e ácidos graxos, além de apresentar efeito terapêutico em diversas enfermidades (BICUDO e MENEZES, 2010).

(4)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.6, p. 35193-35208 jun. 2020. ISSN 2525-8761 As barras alimentícias são um produto obtido a partir da compactação de flocos de cereais como arroz, aveia, milho e cevada, xarope de glicose, açúcar, edulcorante natural ou artificial, gordura ou óleo vegetal, frutas secas, sementes oleaginosas, sal e estabilizantes, podendo ocorrer variação nos ingredientes de acordo com o sabor (SAMPAIO et al., 2004). Desta forma, essa pesquisa buscou analisar os teores proteicos da Chlorella vulgaris adicionada em uma barra de cereal, visando criar um produto inovador para o mercado da agroindústria.

2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 PREPARO DO MEIO DE CULTIVO

Para o preparo do meio de cultivo foi utilizado o fertilizante orgânico da marca BIOBIZZ® composto por três fertilizantes, na concentração de 1mL/L. Portanto, para cada litro de água foi adicionado 0,33 mL do fertilizante 1 (à base de melaço de cana de açúcar), 0,33 mL do fertilizante 2 (extrato de beterraba, aminoácidos e fosforo natural) e 0,33 ml do fertilizante 3 (extrato de algas).

A eficiência desta concentração foi determinada a partir de teste preliminar realizado em erlenmeyers de 250 mL. O controle foi mantido com meio de cultivo convencional sintético (CHU) e no tratamento como meio orgânico foi inserido 225 mL de meio orgânico. Foi inoculado 25 mL da cepa de microalga C. vulgaris e os frascos foram distribuídos de maneira casualizada, em tréplica.

O ensaio experimental ocorreu em sala de cultivo com temperatura controlada em 22 ± 2 ºC, iluminação de aproximadamente 2.000 LUX e aeração constante realizada por compressor de ar. A curva de crescimento algal foi determinada a partir da contagem de células a cada 48 horas, utilizando câmara de Neubauer, microscópio e contador unitário manual, durante 12 dias.

2.2 CULTIVO DA Chlorella. vulgaris

As cepas de C. vulgaris foram cedidas pelo Laboratório de Alimentos Vivos da UFPB, e foram repicadas com o meio de cultivo orgânico BIOBIZZ®. O repique ocorreu até atingir volume máximo de 8 L em baldes de plástico, o que durou um tempo médio de 10 dias.

O manejo da cultura ocorreu em ambiente controlado com luz artificial de lâmpadas fluorescentes 2000 LUX, sob temperatura de 24 ºC e aeração constante a partir de 2 L.

(5)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.6, p. 35193-35208 jun. 2020. ISSN 2525-8761 Foi utilizado bico de Bunsen para flambar as bocas dos frascos durante a repicagem, as vidrarias e a água para o meio de cultivo foram autoclavados e todo material de plástico lavado com cloro. Esse procedimento evitou a ocorrência de contaminação no cultivo que permaneceu axênico.

2.3 FLOCULAÇÃO

A floculação ocorreu com uso de sementes de Moringa fornecidas pelo Laboratório de Nutrição Animal da Escola Agrícola de Jundiaí. As sementes foram secadas ao sol, maceradas e trituradas em liquidificador, até obter um pó. A Moringa foi utilizada em concentração de 1 g/L e adicionada aos frascos de 8 L contendo microalga no início da fase estacionária e mantido pH entre 7,0 e 9,0. Um Jar test foi utilizado para manter a agitação constante da solução durante 1 minuto em uma frequência de 120 rpm e 13 minutos em uma frequência de 30 rpm (TEXEIRA, 2012). Após esta etapa, os baldes ficaram em repouso durante 24 horas para que ocorresse a sedimentação dos flocos formados e retirada do sobrenadante, com auxílio de uma mangueira através do processo de flotação. A biomassa concentrada de microalga foi armazenada em sacos plásticos e congelada (Figura 1).

Figura 1 – Biomassa algal floculada pronta para liofilizar.

Fonte: Autores, 2018.

A eficiência da floculação foi avaliada através de análises de clorofila-a do cultivo antes e depois do processo. As análises de clorofila a seguiram o método descrito por Littlepage et al (1998) e os valores obtidos foram adicionados na seguinte fórmula:

Eficiência da floculação (%) = 1 − 𝐴 𝐵 × 100 onde, A - Concentração de clorofila-a depois da floculação; B- Concentração de clorofila-a antes da floculação.

(6)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.6, p. 35193-35208 jun. 2020. ISSN 2525-8761 2.4 LIOFILIZAÇÃO

O processo de secagem por liofilização foi realizado no Laboratório de Processamento de Frutas e Hortaliças do setor de Agroindústria da EAJ. As amostras permaneceram em um liofilizador de marca Terroni, série Enterprise, durante em média 72 horas, variando de acordo com a quantidade de água nas amostras (Figura 2).

Figura 2 – Microalga seca após o processo de liofilização.

Fonte: Autores, 2018.

2.5 PROCESSAMENTO DA BARRA DE CEREAL

Para elaboração da barra de cereal, utilizou-se como cereal a aveia em flocos, os ingredientes secos foram: gergelim, castanha de caju e coco ralado. Os aglutinadores foram açúcar demerara, mel e purê de banana. A formulação utilizada para a preparação da barra de cereal está expressa na Tabela 1.

Tabela 1 – Formulação da barra de cereal.

PRODUTO PESO (g) Aveia em flocos Gergelim Castanha de caju Coco ralado Açúcar demerara Mel Purê de banana 185 29 40 26 41 74 147 Fonte: Dados do trabalho.

A microalga seca foi adicionada na formulação da barra de cereal em duas diferentes concentrações. Para determinação da quantidade máxima de biomassa a ser adicionada foi

(7)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.6, p. 35193-35208 jun. 2020. ISSN 2525-8761 utilizado como parâmetro a porcentagem de proteína encontrada em uma barra proteica comercial que corresponde em média a 25 %. E a quantidade mínima foi calculada de forma a permanecer acima da porcentagem de proteína encontrada em barras de cereais comerciais que corresponde em média a 4 %, caracterizando uma barra de cereal com enriquecimento proteico (Tabela 2).

Tabela 2 – Concentração da microalga nas barras de cereal.

TRATAMENTO ADIÇÃO (g) CONCENTRAÇÃO

PROTEICA (%) C T1 T2 0 8 2,5 0 22,0 7,0

Fonte: Dados do trabalho.

Os ingredientes foram todos misturados até atingir a homogeneidade e utilizou-se a máquina de barra de cereal (Nutritive Cereal Maker) da marca Mallory para assar as barras de cereal por 30 minutos (Figura 3).

Figura 3 – Barras de cereal na máquina elétrica.

Fonte: Autores, 2018.

2.6 ANÁLISES SENSORIAIS

A análise sensorial foi realizada após atestada a segurança microbiológica com os padrões da RDC nº 12, que determina os padrões microbiológicos para alimentos (cereais compactados, em barra ou outras formas, com ou sem adições), sendo os seguintes micro-organismos investigados: Bacillos cereus/g, Coliformes a 45°C e Salmonella sp./25 g. (BRASIL 2001).

(8)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.6, p. 35193-35208 jun. 2020. ISSN 2525-8761 Utilizou-se o teste afetivo com os atributos: aparência, sabor, textura e impressão global. Os julgadores não treinados foram orientados a provar uma amostra de cada vez e avaliar por meio de escala hedônica de nove pontos, segundo a metodologia de Faria e Yotsuyanagi (2002), no qual o ponto 1 refere-se a "desgostei muitíssimo" e o ponto 9 "gostei muitíssimo". E para o teste de intenção de compra adotou-se uma segunda escala hedônica estruturada em cinco pontos, nos quais os pontos extremos são: “Certamente não compraria” (1) e “Certamente compraria” (5).

Calculou-se o Índice de Aceitabilidade (IA): 𝐼𝐴 (%) = (𝐴/B) x 100

Sendo A = nota média obtida e B = nota máxima obtida. Para interpretação dos dados da intenção de compra, foram realizados cálculos de percentual.

A análise foi realizada entre os tratamentos C (0g), T1 (8g) e T2 (2,5g). As amostras de um quarto da barra de cereal, pesando 9 g cada, foram apresentadas aos provadores à temperatura ambiente em prato branco, com os códigos BC, BC1 e BC2.

Foi distribuída uma bolacha salgada tipo cracker e um copo com água para que os provadores limpassem o palato entre uma amostra e outra. Os 41 voluntários receberam os devidos esclarecimentos sobre a pesquisa e, cientes do seu objetivo, forneceram a autorização de participação, com a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 CRESCIMENTO CELULAR EM MEIO BIOBIZZ®

A curva de crescimento algal demonstrou vantagem do uso do meio orgânico BIOBIZZ® em relação ao meio convencional CHU. Vera et al. (2004) reporta que o meio CHU ocasionou uma baixa biomassa e coloração pálida da Chlorella vulgaris CHU devido à insuficiente concentração de fósforo, nitrogênio e magnésio necessários na formação de clorofila a. Estudos têm demonstrado que o uso de meios orgânicos gera densidades celulares altas (Granados-Machuca e BuckleRamÌrez, 1984; Faria et al., 2001).

(9)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.6, p. 35193-35208 jun. 2020. ISSN 2525-8761

Figura 4 – Crescimento celular nos diferentes meios.

Fonte: Dados do trabalho.

3.2 ANÁLISE CENTESIMAL

O processo de floculação com moringa apresentou 93,4 % de eficiência, sendo possível a obtenção de biomassa seca após liofilização suficiente para a realização das análises centesimais.

Segundo Muñoz-Peñuela et al (2011), meios de cultivo orgânico fornecem alto teor de proteína bruta para o cultivo de C. vulgaris, os autores atestaram uma maior porcentagem de proteína em cultivo com húmus de minhoca (56,8 %), seguido de esterco de equino (32,5 %) e fertilizante NPK (16,8 %) e não obtiveram valor de conteúdo proteico para C. vulgaris em meio CHU, devido à baixa densidade celular obtida. No presente estudo, a Chlorella vulgaris seca e pura apresentou 36,61 % de proteína bruta, obtendo com o fertilizante comercial BIOBIZZ proporção similar ao uso de meio orgânico à base de esterco equino.

As barras de cereal submetidas a análises de Umidade, Matéria seca, Matéria mineral (Cinzas), Matéria Orgânica e Proteína Bruta, apresentaram os resultados expressos na Tabela 3.

Tabela 3 – resultados das análises centesimais.

PARÂMETROS (%) C 0g T1 8g T2 2,5g Umidade Matéria seca Matéria mineral Matéria orgânica Proteína bruta 2,45 97,5 1,41 98,59 8,83 3,14 96,87 1,61 98,39 10,93 3,45 96,51 1,54 98,46 9,89 Fonte: Laboratório de Nutrição Animal – EAJ, 2018.

(10)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.6, p. 35193-35208 jun. 2020. ISSN 2525-8761 As barras de cereal elaboradas, e principalmente as com a biomassa algal, apresentaram valores médios de proteína acima do encontrado em barras de cereal vendidas comercialmente (4 %). Observou-se, a ocorrência de um acréscimo de proteínas, principalmente comparando a amostra sem microalga (C) e a amostra com 22 % de microalga (T1), de aproximadamente 24 %.

Resultados mais significativos já foram encontrados por outros autores. Damasceno (2016) apresenta barra de cereal com 6 % de biomassa de microalga Arthospira platensis com 15,3 % de proteína.

Diferença significativa ocorreu também na matéria mineral, cujo acréscimo, comparando-se C e T1 (maior quantidade de biomassa algal), foi de 9 %. Entre os tratamentos que receberam a microalga, o T2 (7 % PB) obteve menor quantidade de Umidade, outro valor muito importante visto que a quantidade de água reflete no tempo de conservação da barra de cereal. Segundo a Resolução RDC nº 263, de 22 de setembro de 2005 (BRASIL, 2005), a umidade de barras de cereais deve ser inferior a 15,0 %.

3.3 ANÁLISES SENSORIAIS

De acordo com a Figura 5, o perfil dos provadores que participaram da análise sensorial mostrou um número superior de pessoas abaixo dos 20 anos (73 %), o que é explicado pelo fato das análises terem sido realizadas durante a Feira de Ciências da Escola Agrícola de Jundiaí, onde a maioria dos visitantes era de ensino médio.

Figura 5 – Perfil dos provadores em relação à idade.

(11)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.6, p. 35193-35208 jun. 2020. ISSN 2525-8761 A Tabela 4 apresenta os índices de aceitabilidades das barras de cereal elaboradas, a formulação controle C (sem adição de biomassa), a formulação T1 (valor máximo de biomassa ) e a formulação T2 o menor valor de biomassa adicionado.

Tabela 4 – Índices de aceitabilidade das amostras.

FORMUÇÃOES APARÊNCIA TEXTURA SABOR IMPRESSÃO

GLOGAL C T1 (22% PB) T2 (7% PB) 88,89 % ± 1,34 66,67 % ± 2,22 77,78 % ± 2,05 77,78 % ± 1,76 77,78 % ± 2,18 77,78 % ± 1,95 77,78 % ± 1,77 55,56 % ± 2,38 77,78 % ± 2,20 77,78 % ± 1,50 66,67 % ± 2,12 77,78 % ± 2,05 Fonte: Dados do trabalho.

Atualmente, um IA considerado bom é aquele igual ou superior a 70 % (TEIXEIRA; MEINERT; BARBETTA, 1987). Com isso, percebe-se que a barra de cereal com 22 % de microalga (T1), não foi bem aceita para as características sensoriais aparência, sabor e impressão global. Estes resultados indicaram que a quantidade elevada de microalga levou a uma rejeição dos consumidores, principalmente nas características visuais.

Enquanto que as barras controle e a T2 (menor teor de biomassa algal), alcançaram resultados satisfatórios em todos os aspectos sensoriais avaliados, com índices de aceitabilidade superiores a 77 %.

De acordo com GRIZOTTO e MENEZES (2003), considera-se que o teste de aceitação por escala hedônica pode medir, com certo nível de segurança, o grau de gostar e a aceitação de um produto, é possível indicar através dos resultados desses testes, se o produto tem potencial para se tornar sucesso comercial. Desse modo, os resultados alcançados pela barra de cereal T2, com adição de 6 % de C. vulgaris, sugerem o seu potencial mercadológico. As Figuras 6, 7 e 8, ilustram as intenções de compra das barras de cereal elaboradas.

(12)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.6, p. 35193-35208 jun. 2020. ISSN 2525-8761

Figura 6 – Intenção de compra para a barra controle.

Fonte: Dados do trabalho.

Os resultados mostraram que 39 % dos avaliadores “certamente comprariam” e apenas 5 % “certamente não comprariam”, a amostra Controle. A maioria dos julgadores, optaram pela opção de compra.

Figura 7 – Intenção de compra para a formulação T1.

Fonte: Dados do trabalho.

Para a barra de cereal com 22 % de biomassa, 12 % dos provadores disseram que “certamente comprariam”, enquanto que a maioria ficaram na dúvida e não aprovaram , com 29 % a opção “talvez comprasse/ talvez não comprasse” e 20 % “certamente não comprariam”.

(13)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.6, p. 35193-35208 jun. 2020. ISSN 2525-8761

Figura 8 – Intenção de compra para a formulação T2.

Fonte: Dados do trabalho.

Para a formulação com menor adição de microalga, o tratamento 3, obteve os melhores resultados de intenção de compra, visto que 39 % dos que provaram disseram que “certamente comprariam” a barra de cereal e 17 % “provavelmente comprariam”. Ademais, apenas 3 % afirmaram que “certamente não comprariam”.

Dessa forma, pode-se afirmar que a amostra T2 obteve o melhor desempenho, tanto em relação às características sensoriais, quanto à intenção de compra, o que mostra que as pessoas ainda possuem resistência a produtos enriquecidos com microalga, mas que aos poucos esses produtos podem ganhar espaço no mercado.

4 CONCLUSÕES

A adição da biomassa liofilizada de Chlorella proporcionou enriquecimento proteico das barras produzidas e a barra com 2,5 g de biomassa (Formulação T2) obteve 9,89 % de proteína bruta, teor superior aos produtos encontrados no mercado (apresentam em média 4 % de proteína), apresentou boa aceitação sensorial e os avaliadores indicaram interesse em adquirir o produto, caso a barra de cereal estivesse à venda. Porém, o maior teor adicionado da microalga (22 %), apresentou menor preferência sensorial nas características visuais.

Assim, o enriquecimento proteico em barras de cereal por meio da adição da microalga

C. vulgaris como fonte de proteína, se apresenta como promissora e com caráter inovador na

biotecnologia de alimentos.

T2

Certamente não compraria

Provavelmente não compraria

Talvez comprasse/ não comprasse

Provavelmente compraria

(14)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.6, p. 35193-35208 jun. 2020. ISSN 2525-8761 Essa conclusão é importante, pois permite a substituição de algumas fontes de proteína pela biomassa algal, a fim de incrementar a utilização das microalgas na biotecnologia de alimentos e possibilitar o crescimento do setor de aquicultura no espaço mundial.

AGRADECIMENTOS

Programa de Iniciação Científica do CNPQ – PIBIC/EM

Unidade de Processamento de Frutas e Hortaliças da Escola Agrícola de Jundiaí Laboratório de Produção de Alimentos Vivos da Escola Agrícola de Jundiaí

REFERÊNCIAS

ANDRADE, M. R. & COSTA, J. A. V. Cultivo da microalga Spirulina platensis em fontes alternativas de nutrientes. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 32, n.5,p. 1551-1556, 2008.

BAÚ, T.R.; CUNHA, M.A.A.; CELLA, S.M.; OLIVEIRA, A.L.J.; ANDRADE, J.T. Barra

alimentícia com elevado valor proteico: formulação, caracterização e avaliação sensorial. Revista Brasileira de Tecnologia Agroindustrial, Paraná, v. 4, n. 1, p. 42-51, 2010.

BICUDO, C.E.M., & MENEZES, M. Introdução: As algas do Brasil. In: FORZZA, R.C.(Org). Catálogo de plantas e fungos do Brasil. Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Andrea Jakobsson Estúdio: Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2010. Vol. 1.

BRASIL, Resolução RDC nº 263, de 22 de setembro de 2005, Agência Nacional De Vigilância Sanitária - Anvisa; Aprova O "Regulamento Técnico Para Produtos De Cereais, Amidos, Farinhas E Farelos", Diário Oficial da União, Brasília (DF), de 23 de setembro de 2005. BRASIL. Agencia Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. Resolução RDC nº12, de 02

de janeiro de 2001. Aprova o Regulamento Técnico sobre Padrões microbiológicos para alimentos. Diário Oficial da união, Brasilia –DF.

CARDOSO, A.S.; VIEIRA, G. L. G.; MARQUES, A. K. O uso de microalgas para a obtenção de biocombustíveis. Revista Brasileira de Biociências, v. 9, n. 4, p. 542-549. 2011.

(15)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.6, p. 35193-35208 jun. 2020. ISSN 2525-8761 COSTA, E. B.; SILVA, D. C.; MONTEIRO, P. S.; ALMEIDA, M. E. F. Elaboração e análise sensorial de barras de cereais com farinha da casca de maracujá. Revista Brasileira de

Produtos Agroindustriais, v.18, n.3, p.243-254, 2016.

DAMASCENO, I. A. M.; Desenvolvimento de barra de cereal enriquecida com biomassa de

Arthospira platensis. Programa de pós-graduação em ciência e tecnologia de alimentos.

Palmas- TO. 2016.

FARIA, A.C.E.A.; HAYASHI, C.; SOARES C.; FURUYA, W.M. Dinâmica da comunidade fitoplanctônica e variáveis físicas e químicas em tanques experimentais submetidos a diferentes adubações orgânicas. Acta Sci Biol Sci 2001; 23: 291-297.

FARIA, E. V.; YOTSUYANAGI, K. Técnicas de Análise Sensorial. Campinas: ITAL/ LAFISE, 2002. 116 p.

FREITAS, D.G.C.; MORETTI, R.H. Caracterização e avaliação sensorial de barra de cereais funcional de alto teor proteico e vitamínico. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 26, n. 2, p. 318-324, 2006.

GARCIA, R.W.D.; CANESQUI, A.M. Antropologia e Nutrição: um diálogo possível.

Alimentação e saúde nas representações e práticas alimentares do comensal urbano. 20

ed. Rio de Janeiro: Fiocruz, p. 306, 2005.

GRANADOS-MACHUCA C, BUCKLE-RAMÌREZ LF. Cultivo de las microalgas

Monochrysis lutheri y Skeletonema costatum con nutrientes producidos por estercoles

digeridos. An Inst Cienc del Mar y Limnol Univ Nal Auton México 1984; 11: 241-256.

GRIZOTTO, R. K.; MENEZES, H. C. Avaliação da aceitação de "chips" de mandioca. .

Revista Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 23, p. 79-86, 2003.

LITTLEPAGE, J. L. Oceanografia: manual de técnicas oceanográficas para trabalhos em

laboratório e a bordo. EUFC, Fortaleza, Brasil, 100 pp. 1998.

LOURENÇO, S. O. Cultivo de Microalgas Marinhas – princípios e aplicações - São Carlos: RIMA, 2006. V.1, 588 p.

(16)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.6, p. 35193-35208 jun. 2020. ISSN 2525-8761 MENEZES, R. S.; LELES, M. I. G.; SOARES, A, T.; FRANCO, P. I. B. M.; FILHO, N. R. A. Avaliação da potencialidade de microalgas dulcícolas como fonte de matéria-prima graxa para a produção de biodiesel. Revista Química Nova, v. 36, n. 1, 10-15, 2013.

MUÑOZ-PEÑUELA, M., RAMÍREZ-MERLANO J. A., OTERO-PATERNINA, A. M., MEDINA-ROBLES, V. M, CRUZ-CASALLAS, P. E., VELASCO-SANTAMARÍA, Y.M. Effect of culture medium on growth and protein content of Chlorella vulgaris. Revista

Colombiana de Ciencias Pecuarias, Medellín, v.25, n.3, p. 438-449, 2012.

PULZ O., GROSS W. 2004. Valuable products from biotechnology of microalgae. Appl

Microbiol Biotechnol 65:635-48.

SAMPAIO, C. R. P.; FERREIRA, A. A.; CORREA, M. C. L. B.; PUMAR, M. Verificação da informação nutricional em rotulagem quanto à designação "light" de cereais em barra: uma pesquisa de mercado. In: Congresso Brasileiro de Nutrição (CONBRAN); Nutrição e Qualidade de Vida: enfrentando desafios. Anais, Campo Grande, 2004.

SILVA, D.M.S. ET AL. Estudo da secagem da fibra residual do maracujá. Revista Brasileira

de Tecnologia Agroindustrial, v. 2, n. 1, p.15-28, 2008.

TEIXEIRA, C. M. L. L., KIRSTEN, F. V., TEIXEIRA, P. C. N. Evaluation of Moringa oleifera seed flour as a flocculating agent for potential biodiesel producer microalgae. Journal

Applied Phycology. 24 :557–563, 2012.

TEIXEIRA, E.; MEINERT, E.M.; BARBETTA, P.A. Análise sensorial de alimentos. Florianópolis: Editora da UFSC, 1987.

Imagem

Figura 1 – Biomassa algal floculada pronta para liofilizar.
Tabela 1 – Formulação da barra de cereal.
Tabela 2 – Concentração da microalga nas barras de cereal.
Tabela 3 – resultados das análises centesimais.
+5

Referências

Documentos relacionados

O introito da obra esclarece ainda que a sua principal hipótese para a tela, divisada décadas antes, de que representaria o tema mítico da morte do filho, fora validada

Na fase [5], Documentar aprendizado (DA), foram registrados os pontos positivos e negativos, bem como as oportunidades de melhoria obtidas através da intervenção

Tendo como ponto de partida, as ilações deste trabalho, torna-se pertinente analisar se os Municípios que têm certificação pela qualidade da Comunidade Intermunicipal (CIM) Região

que elle havia adorado com> o anjo inspirador do que a mente creava de poético e divino, e cujo sorriso, e cuja meiguice promettiam na terra toda a ventura, que podia enlevar

Despite that it was not possible to rigorously and independently indicate the exact factors mostly associated with the presence of ASIL in each population strata, since some

Ainda que a reivindicação se apresentasse como um direito à objeção de consciência ao serviço militar, e assim evitar as prisões de objetores, o que efetivamente se buscava era

Muitas vezes nos perguntaram se são os índios que editam seus filmes. A fala de Mari revela-nos a concepção de diálogo e, em particular, de compartilhamento que, desde

Como na maioria das vezes estes indivíduos não possuem filhos ou família, destinam sua renda em viagens, entretenimento e bens de consumo (UOL ECONOMIA, 2012). Neste sentido, as