• Nenhum resultado encontrado

ESTUDO DA DIVERSIDADE DE HABITAÇÕES SOCIAIS

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "ESTUDO DA DIVERSIDADE DE HABITAÇÕES SOCIAIS"

Copied!
17
0
0

Texto

(1)

Revista Nacional de Gerenciamento de Cidades, v. 03, n. 15, 2015, pp. 01-17

ESTUDO DA DIVERSIDADE DE HABITAÇÕES SOCIAIS

Verônica de Freitas

1

João Victor Fazzan

2

Adriana Maria Pereira

3

RESUMO

Este trabalho apresenta um estudo sobre os diversos conjuntos de habitação de interesse social por meio da rede internacional de computadores, revistas da área de arquitetura e urbanismo e visitas in locu. Este último em cidades de porte médio, grande e muito grande, sendo Presidente Prudente – SP, São José do Rio Preto – SP e São Paulo – SP, respectivamente. O intuito é promover algumas reflexões sobre esta temática no momento de projetar estas habitações sociais, pois o fato deste público alvo serem pessoas com baixo poder aquisitivo, isto não significa que devem receber habitações de má qualidade. Assim, estudou-se a concepção original, o embrião entregue, a localização do empreendimento, o público alvo, o adensamento, os equipamentos comunitários e a infraestrutura básica. Desta forma foi possível observar os pontos positivos para considerar no momento da concepção do projeto e os pontos negativos para se evitar no ato projetual.

PALAVRAS-CHAVE: Habitação Social. Presidente Prudente-SP. São José do Rio Preto-SP. São Paulo-SP.

SOCIAL HOUSING DIVERSITY STUDY

ABSTRACT

This paper presents a study on different sets of social housing through international computer network, the field of architecture and urbanism of magazines and visits in locus. The latter in medium-sized cities, large and very large, and Presidente Prudente - SP, São José do Rio Preto - SP and São Paulo - SP, respectively. The aim is to promote some thoughts on this subject at the time of designing these social housing, because the fact that this target group are people with low income, this does not mean that should receive poor quality housing. Thus, we studied the original design, delivered embryo, the location of the project, the target audience, the density, the community facilities and basic infrastructure. In this way it was possible to observe the positive points to consider at the time of project design and negatives to avoid the projectual act.

KEY-WORDS: Social Housing. Presidente Prudente-SP. São José do Rio Preto-SP. São Paulo-SP.

1

Mestre em Engenharia Civil. Docente no Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de São Paulo - Campus de Presidente Epitácio. E-mail: veronica@ifsp.edu.br | veronicaifsp@gmail.com.

2

Mestre em Engenharia Civil. Docente no Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de São Paulo - Campus de Presidente Epitácio. E-mail: jvfazzan@ifsp.edu.br | jvfazzan@hotmail.com.

3

Mestre em Engenharia Civil. Docente no Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de São Paulo - Campus de Presidente Epitácio. E-mail: adrianapereiradu@ifsp.edu.br | adrianapereiradu@gmail.com. Rua José Ramos Junior, 27-50, Jardim Tropical, CEP 19470-000, Presidente Epitácio-SP. (18) 3281-9595.

(2)

Revista Nacional de Gerenciamento de Cidades, v. 03, n. 15, 2015, pp. 01-17

ESTUDIO DE LA DIVERSIDAD DE VIVIENDA SOCIAL

RESUMEN

Este trabajo presenta un estudio sobre los diversos conjuntos de vivienda social a través de la red informática internacional, el campo de la arquitectura y el urbanismo de las revistas y visitas en locus. Este último en las ciudades medianas, grandes y muy grandes, Presidente Prudente - SP, São José do Rio Preto - SP y São Paulo - SP, respectivamente. El objetivo es promover una reflexión sobre este tema en el momento de diseñar estas viviendas sociales, ya que el hecho de que este grupo objetivo son las personas con bajos ingresos, esto no significa que deben recibir viviendas de mala calidad. Por lo tanto, se estudió el diseño original, librados de embriones, la ubicación del proyecto, el público objetivo, la densidad, las instalaciones de la comunidad y la infraestructura básica. De esta manera, fue posible observar los puntos positivos a considerar en el momento del diseño y negativos del proyecto para evitar el acto proyectual.

PALABRAS CLAVE: Habitación Social. Presidente Prudente-SP. São José do Rio Preto-SP. São Paulo-SP.

1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho propõe uma análise de diversos conjuntos habitacionais em cidades de porte médio, grande e muito grande. As análises destes empreendimentos habitacionais de interesse social servem para contribuir no conhecimento da produção do espaço urbano. Esta postura de análise das habitações de interesse social ativa o senso crítico no momento da elaboração projetual, que resulta nas edificações não apenas de moradias, mas na construção da cidade, que atinge a coletividade. Essa preocupação envolve principalmente a escolha do lote e a distância que esta população se depara em relação ao centro da urbe.

Outro aspecto relevante é o público alvo a que se destina as habitações sociais, conforme os programas do governo, que estão voltados para as pessoas de baixo poder aquisitivo. Em geral estas são segregadas espacialmente, por meio da inadequada produção do espaço urbano e controladas pelos grandes incorporadores.

Dessa forma, esta pesquisa busca incentivar tais questionamentos na ânsia de produzir uma cidade com maior qualidade de vida e com habitações que favoreçam o bem-estar da família. Acredita-se que é possível criar unidades habitacionais com tipologias diferenciadas e assim evitar ambiências monótonas, de

(3)

Revista Nacional de Gerenciamento de Cidades, v. 03, n. 15, 2015, pp. 01-17

maneira a preocupar-se com o meio físico e construído. Segundo o escritório Vigliecca & Associados, a conciliação entre moradias de baixa renda e qualidade de habitação não é incompatível com arquitetura de qualidade.

2. OBJETIVO

Levantar questionamentos das habitações de interesse social, como: localização, adensamento, público alvo, dimensionamento do lote e da habitação. Verificar a existência de infraestrutura básica, equipamentos comunitários, mobiliário urbano e transporte. Evidenciar os aspectos positivos no desenvolvimento projetual de novos empreendimentos e evitar os aspectos negativos.

3. METODOLOGIA

A pesquisa realizada abordou informações literárias da temática habitação social, por meio da rede internacional de computadores, revistas e consultas a livros, revistas da área e bancos de dissertações e teses, bem como a artigos de congressos.

O trabalho dividiu-se em três etapas, primeiramente uma análise dos projetos de cunho de habitação de interesse social por meio de revistas eletrônicas e sites; segundo por revistas renomadas na área da arquitetura e urbanismo e por último, o levantamento de campo, realizado com visita in locu de alguns conjuntos habitacionais produzidos na atualidade. Essa última análise realizou-se na cidade de Presidente Prudente - SP, considerada de porte médio, seguida da cidade de São José do Rio Preto - SP, de grande porte e a capital paulista, São Paulo - SP, por ser uma cidade muito grande, acima de 500 mil habitantes. As análises dessas pesquisas basearam-se na literatura específica de habitação interesse social, nos relatos dos moradores e nas observações levantadas in locu.

(4)

Revista Nacional de Gerenciamento de Cidades, v. 03, n. 15, 2015, pp. 01-17

A fundamentação do trabalho iniciou-se por meio da leitura de Cheque Junior (2005), que aborda as tipologias da habitação de interesse social com enfoque na redução dos custos na implantação de conjuntos habitacionais, sendo duas tipologias básicas: as unifamiliares e as multifamiliares.

A habitação unifamiliar geralmente se encontra inserida no lote, existindo, portanto, a possibilidade de expansão do embrião (nome que denomina a residência original entregue ao morador). Devido a esta flexibilidade e por não ter custos condominiais, as pessoas preferem este tipo de habitação.

Na habitação multifamiliar os prédios podem ser isolados ou agrupados no mesmo lote, pode ter ou não pilotis. Por se tratar de conjunto habitacional, se evita o uso de elevadores, pois a manutenção o torna antieconômico. Assim, é conveniente utilizar o térreo para moradias ou ainda utilizar lotes em declives e tirar partido da topografia.

4.1. Análises dos Conjuntos Habitacionais

Uma das pesquisas virtuais, Vigliecca (2007) apresenta o projeto do escritório Vigliecca & Associados, com data de 2003 a 2007, Vila dos Idosos. Nesta análise se destaca a proximidade do empreendimento da área central da cidade de São Paulo – SP, iniciativa da Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (COHAB). O projeto merece destaque para a valorização dos pátios internos no desenvolvimento projetual. Este conjunto, por ser destinado a idosos, possui em sua implantação diversas unidades complementares à habitação, salas de TV, jogos, sala de uso múltiplo, salão comunitário com cozinha e sanitários, quadra de bocha, área verde, horta comunitária. O projeto também tirou partido da biblioteca existente no lote e voltou às unidades para um pátio interno formado pelos blocos. Cada unidade apresenta 42m² com um dormitório, a área de serviço e cozinha apresentam espaços mínimos. A preocupação nesse caso foi elaborar uma área ampla de convívio social de maneira a incluir as áreas de uso coletivo como o hall/estar.

(5)

Revista Nacional de Gerenciamento de Cidades, v. 03, n. 15, 2015, pp. 01-17

O projeto Residencial Campo Verde, Esteves et.al. (2006), ganhador do prêmio da Caixa Econômica Federal - CEF, na cidade do Rio de Janeiro – RJ, propõe uma integração com o entorno por meio da acessibilidade, áreas de lazer e espaços públicos. De maneira a valorizar sempre o espaço do pedestre, também aproveita da infraestrutura existente e, apesar de ser multifamiliar, permite ampliações, sem descaracterizar a arquitetura proposta, como mostra a Figura 1.

Figura 1: Residencial Campo Verde - planta térreo e fachada

Fonte: http://www.iabrj.org.br.

A análise gráfica ajuda a compreender as relações da planta e as ampliações sugeridas, representadas pela cor azul escuro, ver Figura 1. O acréscimo não é algo comum em edifícios multifamiliares, no entanto, esta solução garante uma suíte. Na cor magenta, estão representados a área íntima da casa, com dois dormitórios. A área social foi representada pela cor amarela e apresenta um elemento de transição entre o espaço público e o privado, também funciona como uma barreira visual, que confere maior privacidade nas tipologias térreas.

Na fachada desse conjunto é possível visualizar um muro baixo, na frente das janelas e da porta de entrada do apartamento. Logo, as esquadrias estão recuadas, isto garante maior privacidade para as habitações do térreo e serve como elemento de transição. As áreas molháveis estão concentradas e existe uma parede hidráulica para atender dois ambientes, isto confere uma redução nos custos.

Outro estudo que chama a atenção são as habitações de interesse social da Europa, o conjunto Rüdiger Kramm - Housing Complex, na Alemanha. Neste projeto,

(6)

Revista Nacional de Gerenciamento de Cidades, v. 03, n. 15, 2015, pp. 01-17

a área de lazer se encontra entre os edifícios, isto contribui para a interação social e permite visibilidade no playground, de acordo com a Figura 2.

As fachadas dessas habitações europeias apresentam brises suaves que não descaracterizam os imóveis do seu uso residencial e materiais como o vidro, a madeira e o metal, que auxiliam na composição da plasticidade.

Figura 2: Rüdiger Kramm - Housing Complex (Alemanha) – área recreativa e fachada

Fonte: GABRIEL, (2008).

O projeto do arquiteto Lúcio Costa no Rio de Janeiro – RJ, encerra as pesquisas virtuais com os edifícios de uso habitacional Nova Cintra, Bristol e Caledônia no Parque Guinle, de 1948,1950 e 1958, respectivamente. Esses projetos foram analisados por Costa (2009) pelo fato de estarem localizados na área central da cidade e pelas soluções construtivas adotadas, como os brises do tipo cobogós para proteger os edifícios da insolação.

Para enriquecer o estudo do tema realizou-se as pesquisas em revistas da área de arquitetura e urbanismo, com projetos de qualidade que buscam habitabilidade. A primeira referência foi retirada da revista Projeto Design (2003), refere ao condomínio popular de Cotia - SP, obra desenhada por Joan Villà e Sílvia Chile, detentora do prêmio Carlos Milan, conferido pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) – São Paulo, em 2002.

Os aspectos destacados nessa obra estão na implantação do projeto, que possui espaços comunitários, que promovem a integração da comunidade. As tipologias chamam a atenção na combinação de sobrados/geminados, pois criam um espaço diferenciado, com terraço coberto por estrutura metálica na forma de

(7)

Revista Nacional de Gerenciamento de Cidades, v. 03, n. 15, 2015, pp. 01-17

borboleta e oferece um efeito interessante na paisagem rural que agora passa a ser urbana.

Verifica-se, nesse projeto, os aspectos da construtibilidade como as paredes hidráulicas em comum entre dois apartamentos, que resultam em economia, utilizando a mesma fundação e a mesma instalação hidráulica, como demostra a Figura 3.

Portanto, a tipologia de sobrados/geminados para assentamentos habitacionais contribui para densidades altas, aproveitando a infraestrutura. Quanto à topografia desse projeto, os arquitetos Joan Villà e Sílvia Chile aproveitaram o desnível do terreno ao criar três platôs para acomodar o conjunto residencial, sendo uma construção em cada patamar.

Figura 3: Condomínio popular de Cotia - paredes geminadas

Fonte: Projeto Design, análise gráfica da autora, 2003.

A revista Projeto Design (1998) traz o conjunto habitacional no bairro de Campo Limpo, zona sul da capital paulista. O lote é bastante acidentado e o escritório Benno Perelmutter Arquitetura & Planejamento inovou com a elaboração de um pavimento abaixo da cota de entrada.

A partir dos trabalhos estudados, realizaram-se as visitas in locu, sendo selecionadas três cidades, Presidente Prudente – SP, São José do Rio Preto – SP e São Paulo – SP, de porte: médio, grande e muito grande, respectivamente. Estes estudos auxiliaram no conhecimento da produção habitacional do espaço urbano para conhecer os órgãos financiadores.

(8)

Revista Nacional de Gerenciamento de Cidades, v. 03, n. 15, 2015, pp. 01-17

4.2. Presidente Prudente

Esta cidade apresenta conjuntos da COHAB, localizados em áreas periféricas e em locais impróprios para o assentamento coletivo, como é o caso do Conjunto Habitacional Ana Jacinta. Este conjunto foi financiado pela CEF, executado pela COHAB-CHRIS de Araçatuba - SP em parceria com a Prefeitura Municipal de Presidente Prudente - SP e construído pela construtora Campoy (com sede em Osvaldo Cruz-SP).

Esse conjunto apresenta problemáticas, que, segundo Souza (1997), implica na distância 15 km do centro e no adensamento das moradias em solo impróprio, ou seja, não suporta aglomerações. A implantação reflete no aumento do índice de pessoas transitando na região, fato não aconselhado, por ser um solo arenoso, susceptível à instalação do processo erosivo. Ainda de acordo com Souza (1997), o conjunto está em uma área de proteção de mananciais e a poucos quilômetros do principal reservatório de abastecimento, transformando-se numa ameaça permanente ao abastecimento de água da cidade. Apesar da reprovação do projeto por órgãos competentes, em 2 de abril de 1992 houve o sorteio das casas.

As tipologias entregues são casas isoladas no lote com dimensão de 8,50 x 19,00 metros, no total de 161,50 m². A área construída de 28,94 m² trata-se de um embrião composto por um dormitório, uma cozinha conjugada com sala e um banheiro, como mostra a Figura 4.

(9)

Revista Nacional de Gerenciamento de Cidades, v. 03, n. 15, 2015, pp. 01-17

A vantagem desses embriões é a possibilidade de ampliação, além de que o proprietário pode imprimir características para compor a identidade do imóvel. Porém, por ser habitação de interesse social muitos não têm recursos para efetivar as alterações e quando acontecem são de forma improvisada e nem sempre adequadas.

Outro conjunto analisado é o Jardim Cambuci, entregue em 1990, completamente segregado, sem qualidade de vida e com vista para o lixão da cidade. O assentamento caracteriza-se pela monotonia arquitetônica, gerada pela disposição das unidades e pela falta de diversidade tipológica.

A tipologia é do tipo geminada com dimensões de 10,00 x 15,00 metros, totalizando uma área do lote 150,00 m². A área construída é de 48,00 m², sendo composta por dois dormitórios, uma cozinha, uma sala e um banheiro. O formato embrião nesse caso dificulta a ampliação e aumenta os custos, pois o morador, para efetivá-la, terá que alterar as aberturas existentes, conforme ilustra a Figura 5.

No total foram entregues 80 unidades de 48,00 m², em um terreno de 150,00 m². Considerando uma média de quatro moradores por unidade, houve um aumento no fluxo de 320 pessoas. Este conjunto é o único construído por meio de mutirão e abrangeu famílias que não estão no padrão dos programas habitacionais; logo, este é um aspecto positivo, pois atendeu o público com renda familiar mensal de até três salários mínimos.

Figura 5: Presidente Prudente - Jardim Cambuci, tipologia e localização

O financiamento do material de construção foi realizado pela CDHU com participação da Prefeitura Municipal, por meio da Secretaria da Habitação. Esta

(10)

Revista Nacional de Gerenciamento de Cidades, v. 03, n. 15, 2015, pp. 01-17

ajudou a compor as famílias que seriam beneficiadas pelo projeto, prestando assessoria durante as obras.

A área escolhida para a implantação do conjunto foi uma gleba de preços baixos com a finalidade de reduzir os custos com a desapropriação. Isso, no entanto, acarretou outros problemas. A localização periférica deixou a comunidade distante de instituições fundamentais como escolas e postos de saúde. A escola mais próxima, fica atrás de um imenso vazio urbano, que dificulta o acesso das crianças e apesar de existir uma estrada de terra, esta não transmite segurança e nos dias de chuva o caminho se torna inviável.

Dos conjuntos analisados na cidade de Presidente Prudente – SP, uma das semelhanças é que ambos se encontram em uma área de manancial de preservação permanente.

4.3. São José do Rio Preto

Nesta cidade realizaram-se três visitas a conjuntos habitacionais, sendo que duas foram a condomínios multifamiliares e uma unifamiliar. A primeira visita realizou-se no Condomínio Residencial Parque dos Pássaros, no Jardim Yolanda. Este foi construído pelo Programa de Arrendamento Residencial (PAR), do Ministério das Cidades, financiado pelo Fundo de Arrendamento Residencial (FAR) e executado pela CEF.

Esse conjunto possui onze edifícios dispostos paralelamente, o que ocupa uma grande extensão e apresenta uma única via interna de acesso aos edifícios. Verificou-se que a forma de ocupar o espaço não favorece as relações sociais, pois dificulta a comunicação. A disposição espacial dos prédios, paralelamente, faz com que muitos moradores sejam estranhos a seus próprios vizinhos, principalmente em grandes adensamentos.

O conjunto, apesar de denso, ou seja, apesar de mostrar diversidade na estrutura familiar, apresenta uma única tipologia de dois dormitórios, um banheiro, uma sala, uma cozinha e uma área de serviço, no total 49,36 m², ver Figura 6. Existe

(11)

Revista Nacional de Gerenciamento de Cidades, v. 03, n. 15, 2015, pp. 01-17

uma vaga individual para estacionamento no térreo. O pé-direito é baixo, com 2,50 metros, o que acarreta a sensação de desconforto, devido a sensação de aperto.

Na parte externa do condomínio existe um playground situado no final do conjunto e distante dos primeiros edifícios da entrada de acesso. No condomínio, não existiam locais de convívio coletivo: praças ou áreas destinadas ao lazer, descanso e espaços verdes.

Figura 6: São José do Rio Preto – Residencial Jardim Yolanda, tipologia e vista frontal

A segunda visita aconteceu ao Conjunto Habitacional São Deocleciano, financiado pela COHAB de Bauru na década de 80. A primeira análise foi em relação ao tamanho dos lotes que possuem dimensões de 10 x 20 metros, 200 m², um tamanho razoável para futura expansão do embrião e para o proprietário desenvolver sua identidade pessoal na casa.

Posteriormente foram analisadas as alterações de algumas moradias. Notaram-se que alguns moradores de menor poder aquisitivo, em mais de 30 anos de existência do conjunto, não promoveram nenhuma modificação nas casas. Nesses casos as pequenas alterações ficaram com a construção do muro e instalação de gradil.

O conjunto traz três tipologias: casas com um dormitório (33,22 m²), dois dormitórios (42,65 m²) e três dormitórios (50.40 m²). As demais dependências são iguais, ou seja, um banheiro, uma sala e uma cozinha. A área de serviço é composta apenas pelo tanque colocado na lateral da casa, como ilustra a Figura 7.

(12)

Revista Nacional de Gerenciamento de Cidades, v. 03, n. 15, 2015, pp. 01-17

Figura 7: São José do Rio Preto - Conjunto habitacional São Deocleciano, tipologias

A última visita foi ao Condomínio Residencial Parque do Imperador, no Jardim Santa Rosa II, construído pelo PAR, do Ministério das Cidades, financiado pelo FAR e executado pela CEF.

A visita de campo possibilitou a constatação de alguns resultados positivos, pois os moradores afirmaram gostar de residir no condomínio, além de usufruírem dos equipamentos externos de uso coletivo como: quiosque, playground e quadra. Entretanto, não atingem as famílias do público alvo.

O conjunto apresenta duas tipologias: uma de 45,25 m², com 120 unidades e outra de 39,94 m² com apenas 8 unidades, ambas de dois dormitórios, um banheiro, uma sala, uma cozinha e uma área de serviço acoplada junto à cozinha. Existe uma vaga individual para estacionamento no térreo.

As residências apresentam pé-direito de 2,70 metros, o que a torna um espaço aconchegante, sem problemas para futuras instalações, como por exemplo, ventiladores. A visita permitiu analisar alguns pontos considerados desvantajosos. Um exemplo disso é a área de serviço que praticamente não existe, pois, o tanque fica ao lado da pia da cozinha e o espaço destinado às atividades desenvolvidas neste ambiente é precário, com dimensões reduzidas, como mostra a Figura 8.

Nas tipologias térreas, poderia haver uma ligação com o exterior da residência por meio de uma porta no lugar da janela existente. A área de uso coletivo possui um salão de festas com 64,00 m², uma quadra de vôlei de areia com dimensão de 10 x 20 metros, playground com piso de areia e uma guarita com 4,72m².

Os blocos estão dispostos de forma paralela, porém por serem poucos e estarem relativamente próximos, garantem a convivência e comunicação entre os

(13)

Revista Nacional de Gerenciamento de Cidades, v. 03, n. 15, 2015, pp. 01-17

vizinhos, diferente da primeira visita no Condomínio Residencial Parque dos Pássaros. Em suma, os conjuntos dessa cidade são semelhantes ao da cidade de Presidente Prudente – SP em termos de monotonia das construções.

Figura 8: São José do Rio Preto - Condomínio Residencial Parque do Imperador, tipologia e vista geral

Assim, nessa pesquisa se comprova a monotonia dos conjuntos existentes, não apenas no estado de São Paulo, mas em outros municípios do Brasil. Esta afirmação pode ser verificada pelo filme Central do Brasil, como demonstra a Figura 9.

Nesse filme é possível verificar a homogeneidade na produção dos conjuntos habitacionais, sendo visível no interior do sertão nordestino um conjunto habitacional idêntico aos construídos no sudeste do Brasil. Essa é uma afirmação do sistema de carimbo, na qual o poder público reproduz as unidades, sem levar em consideração as relações climáticas e a cultura da população local, no entanto, são elementos fundamentais para garantir uma habitação de qualidade.

Figura 9: Imagem do filme central do Brasil

(14)

Revista Nacional de Gerenciamento de Cidades, v. 03, n. 15, 2015, pp. 01-17

4.4. São Paulo

A última cidade a ser visitada, foi a capital São Paulo, escolhida pela diversidade na produção habitacional em distintas épocas. Atualmente alguns prédios comerciais, que estavam abandonados, vêm ganhando um novo uso de solo, de maneira a requalificar áreas degradadas. Entretanto, nesse estudo, a escolha é por um conjunto que se desenvolve em um pequeno lote e proporciona um número reduzido de unidades e atende uma população que já ocupava o lote antes da construção.

O estudo de caso foi realizado no Residencial Pedro Facchini, no bairro Ipiranga. O projeto é do escritório Barbosa & Corbucci Arquitetos Associados, e recebeu o prêmio AsBEA 2004: Categoria residenciais multifamiliares, com menção honrosa, (Figura 10).

O acesso a esta Vila Vertical é facilitado pelas linhas férreas da cidade, pois se encontra próximo à Estação Tamanduateí. O edifício é composto por 12 unidades, distribuídas no térreo (tipologias de um dormitório) e no segundo pavimento tipologias duplex. A circulação vertical do edifício ocorre na parte externa do prédio, isto faz com que a interação entre as famílias ocorra no hall de entrada. O lote é praticamente todo impermeabilizado. As únicas partes permeáveis são: embaixo da circulação vertical e em uma pequena parte do hall de entrada do edifício.

Figura 10: São Paulo - Residencial Pedro Facchini, Maquete eletrônica e Fachada, respectivamente

(15)

Revista Nacional de Gerenciamento de Cidades, v. 03, n. 15, 2015, pp. 01-17

O hall de entrada do edifício é destinado ao lazer dos moradores, podendo ser utilizado para atividades diversificadas como recreação infantil e realização de festas. Um fator negativo desse conjunto é a ausência de uma barreira visual para os apartamentos térreos, o que implica na perda de privacidade.

Realizou-se uma análise gráfica das tipologias que variam de 35,00 m² a 43,00 m². Na cor magenta têm-se os ambientes íntimos, na cor amarela os sociais, na cor azul os ambientes molháveis e na cor verde os locais permeáveis, conforme Figura 11. O térreo é constituído por quatro apartamentos, sendo que um deles é destinado a pessoas com mobilidade reduzida inclusive o layout do banheiro, sendo acessível. Na tipologia térrea existe um pequeno espaço aberto na área de serviço, solução considerada interessante, por exemplo, para secar roupa.

No pavimento superior têm-se as tipologias duplex, com dois dormitórios. A adoção do duplex, fez dobrar o número de unidades na mesma área ocupada pelo térreo. Assim, no lugar de quatro unidades, conseguiu-se oito unidades, de forma a contemplar doze famílias.

Figura 11: São Paulo - Residencial Pedro Facchini, planta térrea

Fonte: Projeto Design, análise gráfica da autora, 2004.

Esse assentamento privilegiou os moradores, que já habitavam no lote e que provavelmente viviam em uma situação de coabitação. Portanto, este conjunto, além de todos os aspectos positivos relacionados à sua arquitetura e localização, também contempla o público alvo com renda familiar com até três salários mínimos.

5. CONCLUSÃO

As pesquisas realizadas trouxeram parâmetros para afirmar a monotonia dos conjuntos habitacionais, que se replicam como verdadeiros carimbos, por todo o

(16)

Revista Nacional de Gerenciamento de Cidades, v. 03, n. 15, 2015, pp. 01-17

Brasil, sem considerar as características locais. Observou-se a problemática da aquisição da habitação de interesse social que não atingem as pessoas com renda até três salários mínimos e quando atendem, os locais são inapropriados, distantes do centro. Isto implica em desvantagens como expansão da malha urbana, aumento do custo com transportes, ausência dos equipamentos comunitários, alto adensamento.

Os projetos analisados nas revistas trouxeram ideias que valorizam os ambientes como os pátios e varandas, de maneira a contribuir para o aumento da vida social e a integração da vizinhança. Esses ambientes funcionam como elementos de transição entre o público e o privado, importante para garantir segurança urbana e privacidade.

As pesquisas in locu foram eficazes para visualizar as propostas de redução do déficit habitacional, com a realidade da população no pós - ocupação desses imóveis, de forma a evidenciar as necessidades de equipamentos comunitários e infraestrutura básica. Essas análises foram de suma importância para afirmar a pertinência dos conjuntos analisados que estão sendo propostos nas áreas centrais, com infraestrutura consolidada. Vale ressaltar a importância dos embriões que permitem aos proprietários ampliarem e imprimirem a sua identidade, enquanto que nas multifamiliares é importante a diversidade tipológica para atender as diversas estruturas familiares.

Em suma, os estudos direcionam reflexões para o desenvolvimento dos projetos habitacionais de cunho social, de forma a considerar os aspectos positivos e os aspectos negativos. O lado positivo serve como incentivo a reprodução de moradias de qualidade. Enquanto, os aspectos negativos devem ser estudados para não se repetirem.

REFERÊNCIAS

BONDUKI, Nabil Georges. Arquitetura & Habitação Social em São Paulo 1989 - 1992. Edição e Textos Nabil Bonduki, Universidade de São Paulo, Escola de Engenharia de São Carlos, Departamento de Arquitetura e Planejamento, 1993.

(17)

Revista Nacional de Gerenciamento de Cidades, v. 03, n. 15, 2015, pp. 01-17

CENTRAL do Brasil. Direção: Walter Salles Júnior. Produção: Martire de Clemont-Tonnere e Arthur Cohn. Roteiro: Marcos Berrnstein; João Emanuel Carneiro e Walter Salles Júnior. [S.l.]: Le Studio Canal; Riofilme; MACT Productions, 1998. 1 bobina cinematográfica (106min), son., color., 35mm. CHEQUE JUNIOR, Jaime. O Desenho Urbano das Áreas Habitacionais Sociais: subsídios para a elaboração de projetos. Campinas. 2005. 192f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil, na área de concentração de Edificações) - Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo de Campinas, São Paulo, 2005.

COSTA, Lucio. A concepção da Superquadra de Brasília. Rio de Janeiro: 2009. Entrevista concedida a Revista Virtual Vitruvius, Juan Antonio Zapatel. Disponível em: <www.vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/10.038/3280>. Acesso em: 01 jun. 2015.

ESTEVES, Ricardo; GATO, Fernando; MARANHÃO, Flora; KZURE, Humberto; BENTES, Júlio Cláudio; VARELA, Lilia; VALENTIM, Laurentina; ESTEVÃO, Mariana; BARBOZA, Silvia Carvalho. Residencial Campo Verde. 3. ed. Rio de Janeiro. 2006. Disponível m: <www.iabrj.org/apresentacao-de-projeto-vencedor-do-premio-caixa-iab-2006>. Acesso em: 01 jun. 2015.

FARAH, Marta Ferreira Santos. Processo de trabalho na construção habitacional: tradição e mudança. São Paulo: Annablume, 1996.

GABRIEL, Marcos Faccioli. Rüdiger Kramm - Housing Complex - Alemanha. Curso Arquitetura e Urbanismo Unesp Câmpus Presidente Prudente: 2008. Notas de Aula.

O complexo industrial da construção e a habitação econômica moderna 1930-1964. Organizado por Maria Lucia Caira Gitahy e Paulo Cesar Xavier Pereira. São Carlos: Rima, 2002.

KOURY, Ana Paula; BONDUKI, Nabil Georges; MANOEL, Sálua Kairuz. Análise tipológica da produção de habitação econômica no Brasil (1930 -1964). Disponível em: < http://www.docomomo.org.br/seminario%205%20pdfs/115R.pdf > Acesso em: 27 abr. 2015.

PROJETO DESIGN. Popular e erudito convivem em cobertura que dá leveza à base cerâmica. São Paulo: Edição 278, p. 58-62, abr. 2003.

PROJETO DESIGN. Propostas esforçam-se para incorporar aos projetos novas tipologias e urbanização mais abrangente. São Paulo: Edição 222, p. 56-66, jul. 1998.

PROJETO DESIGN. Uma Vila Vertical. São Paulo: Edição 298, dez. 2004.

RODRIGUES, Arlete Moysés. Moradia nas cidades brasileiras. Revisão Rosa M. C. Cardoso e Cândida M. V. Pereira. 5. ed. São Paulo: Contexto, 1994.

SOUZA, Rivelino José de. Impacto ambiental provocado pelo conjunto habitacional Ana Jacinta de Oliveira ao afluente do Córrego do Cedro. Presidente Prudente. 1997.

VIGLIECCA, Hector. Moradia para idosos evita exclusão e busca expor-se à cidade. São Paulo. 2007. Notícia realizada por Adilson Melendez. Disponível em: <http://arcoweb.com.br/projetodesign/arquitetura/vigliecca-associados-habitacao-social-25-02-2008>. Acesso em: 27 abr. 2015.

Imagem

Figura 1: Residencial Campo Verde - planta térreo e fachada
Figura 3: Condomínio popular de Cotia - paredes geminadas
Figura 4: Presidente Prudente - Conjunto Hab. Ana Jacinta, tipologia embrião e vista geral
Figura 6: São José do Rio Preto – Residencial Jardim Yolanda, tipologia e vista frontal
+4

Referências

Documentos relacionados

Janaína Oliveira, que esteve presente em Ouagadougou nas últimas três edições do FESPACO (2011, 2013, 2015) e participou de todos os fóruns de debate promovidos

No entanto, esta hipótese logo é abandonada em favor de uma nostalgia reflexiva, visto que “ao invés de tentar restaurar as cópias de nitrato de algum estado

Desta maneira, foi possível perceber que existe uma diferença significativa (P&lt; 0,05) entre o comportamento da cola A relativamente à cola A com 5% e com 10% m/m de

The  surface  immunglobulin  that  serves  as  the  BCR  has  two  functions  in  B‐cell  activation.  First,  like  the  antigen  receptor  on  T  cells, 

Anthropogenic climate change has obviously altered the nature and social landscape. Nature provides resources for human needs and in the same situation human should

Dias (1993), comenta que é possível classificar como fornecedor toda empresa que é interessada em suprir as necessidades de outra em termos de matéria-prima, serviços e

ITT, intent-to-treat set of patients; mITT, modified intent-to-treat set of patients; Mydrane group, patients who received an intracameral injection of a standardised combination

The Anti-de Sitter/Conformal field theory (AdS/CFT) correspondence is a relation between a conformal field theory (CFT) in a d dimensional flat spacetime and a gravity theory in d +