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TWITTER: FERRAMENTA POTENCIALIZADORA DO TRABALHO JORNALÍSTICO

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Academic year: 2020

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Edição 25, volume 1, artigo nº 4, Abril/Junho 2013 D.O.I.: 106020/1679-9840/2504

www.interscienceplace.org - página 61 de 196

TWITTER: FERRAMENTA POTENCIALIZADORA DO

TRABALHO JORNALÍSTICO

TWITTER: IMPROVING TOOL OF THE JOURNALISTIC

WORK

Carlos Henrique Medeiros de Souza1, Rosalee Santos Crespo Istoe2, Ruana da Silva Maciel3, Milena Ferreira Hygino Nunes4

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Universidade Estadual do Nort e Fluminense, Laboratório de Estudos de Educação e Linguagem, Campos dos Goytacazes, RJ, Brasil, chmsouza@gmail.com

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Universidade Estadual do Nort e Fluminense, Laboratório de Estudos de Educação e Linguagem, Campos dos Goytacazes, RJ, Brasil, rosaleeistoe@gmail.com 3

Universidade Estadual do Nort e Fluminense, Laboratório de Estudos de Educação e Linguagem, Campos dos Goytacazes, RJ, Brasil, ruanamcl@gmail.com

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Universidade Estadual do Nort e Fluminense, Laboratório de Estudos de Educação e Linguagem, Campos dos Goytacazes, RJ, Brasil, milena.hygino@gmail.com

Resumo – O presente artigo intenta delinear algumas considerações sobre as especificidades da rede social Twitter direcionadas para o trabalho jornalístico. A análise baseia-se em como a utilização da plataforma pelos jornalistas, na atualidade, tem se intensificado e modificado o padrão de produção e disseminação de notícias, potencializando, assim, o trabalho desses profissionais da comunicação. Trata-se de uma pesquisa exploratória, a partir de alguns perfis de jornalistas no Twitter, também com base em uma revisão bibliográfica. Ao final, verifica-se que o Twitter pode ser um aliado ou um vilão do trabalho jornalístico, dependendo do modo como os profissionais utilizam esta rede social.

Palavras-chave: Twitter. Jornalismo. Internet.

Abstract – This article attempts to delineate some considerations about the specificities of the social network Twitter with reference to journalistic work. The analysis is based on the use of the platform by journalists has, nowadays, intensified and modified the standard of production and dissemination of news, increasing the work of these communications workers. This is an exploratory study, based on some journalists’ profiles on Twitter and also in a literature review. At the end, it was concluded that Twitter can be an ally or villain of journalistic work, depending on how the professionals use this social network.

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www.interscienceplace.org - página 62 de 196 Keywords: Twitter. Journalism. Internet.

1. Introdução

O ambiente da internet tem propiciado a difusão massiva de informações e intensificado a comunicação entre sujeitos sociais ao redor do mundo. Nesse contexto, observa-se uma variedade de suportes e espaços comunicacionais que se multiplicam rapidamente na web.

A internet permite também a criação de aplicativos e ferramentas. Esses novos dispositivos são submetidos a diversos processos de apropriação por parte de seus usuários (ZAGO, 2008). Uma dessas recentes ferramentas é o Twitter, que popularizou-se em 2008.

Com características de microblog, o Twitter impõe que seus usuários respondam à pergunta “O que está acontecendo?” num espaço limite de 140 caracteres. Desde que surgiu, a ferramenta tem conquistado milhões de adeptos, incluindo jornalistas que encontraram na plataforma inúmeras funcionalidades agregativas para o trabalho nas redações (SPYER, 2009).

Com base nesse cenário, levanta-se a seguinte questão-problema: como as propriedades encontradas na plataforma do Twitter se relacionam e se tornam ferramentas facilitadoras da atividade jornalística?

O objetivo deste trabalho é traçar uma breve análise de como a produção e a disseminação de notícias ocorrem na plataforma do Twitter e como alguns aplicativos desenvolvidos a partir dessa ferramenta são capazes de ajudar os jornalistas na busca por informações, na manutenção de contato constante com suas fontes, na mediação de debates sobre assuntos específicos e na interação direta com seus leitores.

Pretende-se, ainda, tratar da seguinte questão: quem o jornalista representa nesse ambiente: ele mesmo ou o veículo para o qual trabalha? Partimos da hipótese de que é preciso adotar alguns parâmetros éticos na hora de lidar com a ferramenta, pois, se não houver cautela, o Twitter pode acabar se tornando um mecanismo prejudicial para o desenvolvimento de atividades jornalísticas.

Atualmente, muitos são os veículos de comunicação que fazem uso do Twitter para disseminar seus conteúdos. De acordo com Cardoso (2010), na internet, o

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www.interscienceplace.org - página 63 de 196 leitor se depara com muitas notícias ao mesmo tempo. Acredita-se que, pela sua característica de imediatismo e dinamismo, o Twitter tenha cada vez mais a simpatia deste tipo de usuário que busca incessantemente por informação quase que em tempo real.

2. O espaço Twitter

Ainda que apresentado ao mundo só em 2006, através da empresa Obvious, o conceito de Twitter já havia sido pensado desde 2000, pelo programador Jacky Dorsey. Tempos depois, o projeto foi ganhando forma e contou com a ajuda dos cofundadores Biz Stone e Evan Williams.

O Twitter é basicamente um blog com entradas curtas. Kelsey (2010) o define como uma rede social livre e microblogging capaz de permitir que os usuários enviem e leiam mensagens com até 140 caracteres denominadas de tweets. Cardoso (2010) acredita que o “[...] Twitter é uma mistura de blog e celular, um espaço de troca de mensagens, assim como os torpedos de telefones celulares, só que, na Internet, como um blog”.

Até meados de 2009, o slogan da ferramenta era “o que você está fazendo?”

(what are you doing?). Spyer (2009), autor do Guia do Twitter – Tudo o que você

precisa saber sobre o Twitter (você já aprendeu numa mesa de bar) – organizado

pela Talk, agência especializada na formulação de estratégias de marketing digital, mídias sociais e tecnologias 2.0, esclarece que o Twitter foi desenvolvido inicialmente para servir de encontro para grupos de pessoas conhecidas, porém, depois de algum tempo, os usuários do serviço passaram a explorar o ambiente de outra forma, por exemplo, para passar informações e participar de conversas públicas. Cardoso (2010) explica que com “[...] a descoberta pelas potencialidades, como a agilidade promovida pela ferramenta, a “utilidade” do serviço foi se modificando e a atual pergunta que aparece na página inicial do site é: What’s happening? (o que está acontecendo?)”.

Outra questão apontada pelo guia é a especificidade que o Twitter possui de estipular que as mensagens sejam enquadradas num espaço-limite de 140 caracteres. Segundo o guia, esse limite foi estabelecido para que as postagens

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www.interscienceplace.org - página 64 de 196 pudessem ser feitas através de celulares, utilizando o SMS, pois, quando o serviço foi lançado, em 2006, o número de pessoas que dispunham de celulares com serviço de conexão banda larga ainda era baixo.

Para explicar como se dá a dinâmica no ambiente do microblog, o Guia do Twitter usa a metáfora da mesa de bar para representá-lo fora do ambiente da internet. No bar, as pessoas criam e cultivam relacionamentos, amigos apresentam amigos a amigos e novos enlaces se formam, é possível estar com pessoas queridas e conversar sobre assuntos pessoais, conhecer gente nova ou ficar só observando. Assim também é o Twitter.

Diferentemente do Orkut e do Facebook, onde, para se estabelecer um vínculo de conexão entre dois usuários, é preciso que haja uma aceitação de ambas as partes para que um apareça na lista de contato do outro, no Twitter, basta “seguir” uma pessoa para saber as coisas que ela irá publicar. Não é necessário permissão da pessoa para ser seguida, nem é obrigatório que ela se torne seguidora das pessoas que a seguem. Portanto, no Twitter, o usuário possuirá duas listas de contatos: umas das pessoas que ele segue (following) e outra das pessoas que o seguem (followers) (SPYER, 2009).

O Twitter obteve sua ascensão em 2008, quando grandes acontecimentos ao redor do mundo conseguiram concentrar a atenção das pessoas, tais como: terremoto da China, as eleições para a presidência dos EUA, chuvas frequentes que causaram desastres no estado de Santa Catarina, entre outros. Cardoso (2010) lembra que, durante as eleições para a presidência dos EUA, os, na época, candidatos Barack Obama e John MacCain mantinham seus perfis sempre atualizados no Twitter, o que foi um reforço para o acompanhamento da campanha.

Através do Twitter, por exemplo, era possível acompanhar o que os usuários comentavam da campanha. […] Ao mesmo tempo, durante essa campanha, protagonizou-se um dos maiores índices de compareciment o de todos os tempos nas eleições americanas (RE CUE RO, 2009, p.16).

Uma pesquisa realizada pela comScore1 mostra que, em 2009, os usuários do

Twitter atingiram a marca de 44,5 milhões. Recentemente, de acordo com

informações do site Marketing Directo2, o Twitter conquistou cerca de 200 milhões

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www.comscore.com

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de usuários. No Brasil, uma pesquisa realizada pela eCGlobal3, em julho de 2011,

apontou que 57% dos internautas brasileiros já são adeptos do Twitter.

Para Kelsey (2010), o Twitter realça o que ele chama de denominador comum da comunicação, pois milhões de pessoas ao redor do mundo possuem a prerrogativa de acessar a plataforma. Ainda de acordo com o mesmo autor, o Twitter está evoluindo, capturando cada vez mais a imaginação pública e tornando-se uma questão política.

3. Uma análise do Twitter no âmbito do jornalismo

O fenômeno da comunicação mediada por computadores, na concepção de Recuero (2009), está mudando as formas de organização, identidade, conversação e mobilização social, devido à sua capacidade de permitir que os indivíduos se comuniquem, ao seu potencial de ampla conexão e à sua possibilidade de criação de redes sociais mediadas por computadores. “Essas redes não conectam computadores, mas pessoas” (RECUERO, 2009, p. 17).

O fato é que há uma tendência universal de se intensificar cada vez mais as interações e trocas de informações entre indivíduos através do ambiente da internet. Zago (2008) observa que, na web, há uma proliferação de suportes e uma diversidade de espaços comunicacionais, onde é possível realizar tais trocas de informações.

Diferentes format os de publicação mobilizam diferentes formas de apropriação e utilização, na medida em que apresentam especificidades que não só podem como devem ser levadas em conta no momento da produção e da distribuição de conteúdos (ZAGO, 2008, p.2).

A internet é um grande centro de recursos e de aportes digitais e muitas são as redes sociais que nela se proliferam e ganham notoriedade perante os sujeitos sociais. Crucianelli (2010) entende que essas redes sociais (Twitter, Orkut, Facebook e outras) abriram as portas para a colaboração na apuração de informações.

O público soube aproveit ar isso, e continua aproveitando, com um tremendo impacto no campo das comunicações. Pessoas com uns podem fazer contribuiç ões reveladoras, trazendo dados que revelam fatos desconhecidos ou abrindo as portas de bancos de dados que cont êm registros documentais de interesse inestimável para os jornalistas. Tudo

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isso está disponível online graças a um processo que democratizou a “posse” da informação (CRUCIANELLI, 2010, p.11).

Dentre as redes sociais mais acessadas em todo o mundo, o Twitter, objeto deste trabalho, é, na opinião de Spyer, “[...] notícia, canal de notícia e plataforma para a discussão da mídia” (SPYER, 2009, p. 60). Já Kelsey (2010) afirma que o Twitter é apenas uma ferramenta, assim como o Facebook, sendo uma boa maneira de compartilhar aquilo que está acontecendo com o usuário. No entanto, existe um número considerável de empresas que o utilizam para fazer marketing, prospectar e se relacionar com clientes. Assim, as organizações jornalísticas, também inseridas nesse contexto de mercado, encontram na plataforma do Twitter um novo formato tanto para a disseminação de conteúdos jornalísticos quanto para manter contato com e múltiplas fontes, que ajudam no processo de apuração.

Spyer (2009) considera que o Twitter, além de ser uma plataforma para as manifestações de descontentamento, possui grande eficiência em passar informações rapidamente. Em 2009, a imprensa de todo o mundo noticiou os protestos por uma suposta fraude nas eleições presidenciais do Irã. A novidade foi o fato de os opositores se organizarem, através do Twitter, as ações que limitavam o acesso à rede e ao uso de SMS. Para Spyer (2009), “[...] se o mundo virtual está se tornando também um espaço de convivência, é natural que os veículos de informação também estejam lá” (SPYER, 2009, p. 57).

O Twitter, assim como o jornalismo on-line, possui a característica do imediatismo. Os jornalistas utilizam a plataforma para divulgar informações, localizar fontes, acompanhar o desdobramento de suas matérias e de veículos concorrentes, promover a interação entre leitores e veículos e também para transmitir, em tempo real, o conteúdo que produzem, já que através do microblog é possível enviar aos internautas o link de atualizações de seus blogs, sites ou outros veículos de comunicação online.

[...] os jornalistas utilizam essa rede para transmissões ao vivo, independentemente do tipo de meio em que trabalhem. Um congresso, um recital de música, um jogo de futebol podem ser transmitidos em qualquer parte do mundo, em tempo real, por um telefone celular. [...] De maneira mais pessoal, pode ser uma forma dos jornalistas se conectarem com os seus leitores diante de um fat o es pecífico, como uma eleição presidencial (CRUCIANE LLI, 2010, p. 89).

É importante ressaltar que, para que o trabalho jornalístico aconteça de forma efetiva na plataforma do Twitter, é preciso que o profissional tenha a sapiência para seguir as pessoas certas, de acordo com o segmento para o qual trabalha, visando

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www.interscienceplace.org - página 67 de 196 filtrar e aumentar a qualidade das mensagens que chegarão às janelas de atualizações. Consequentemente, poderá produzir conteúdos com maior qualidade e garantir maior evidência entre as pessoas interessadas por assuntos específicos (CRUCIANELLI, 2010; SPYER, 2009). Segundo Crucianelli (2010) esse sistema se retroalimenta, porque, à medida que o repórter segue os usuários certos, aumenta o número de usuários que seguem o repórter.

Outro desafio para os jornalistas é o enquadramento das notícias no espaço rígido de 140 caracteres. É sabido que umas das principais características do jornalismo on-line é a concisão das notícias, mas ainda assim a limitação de tamanho nas postagens faz com que a produção de conteúdos seja repensada para esse suporte. Spyer (2009) entende que elaborar mensagens para esse meio instiga o profissional a chegar ao ponto central da notícia, conseguindo expressar a diversidade de opiniões sobre o caso - ao invés de parecer parcial.

A especificidade de se limitar os caracteres da mensagem e a exposição das atualizações em ordem inversa à cronológica tornam o Twitter uma ferramenta interessante para ser utilizada em coberturas minuto a minuto de determinados acontecimentos. As informações compactadas contam com a disposição de links no fim das mensagens, que remetem o usuário para a notícia em si (ZAGO, 2008). Tais links são produzidos a partir dos encurtadores de URL - no Brasil, o mais conhecido é o migre.me -, que, além de comprimirem o endereço, dão a oportunidade de o usuário ver o número de vezes que o link da mensagem foi clicado e repassado.

Um bom exemplo de atualização constante através do Twitter pode ser observado no perfil do The New York Times, que divulga alerta das últimas notícias publicadas em sua página on-line.

Nytime s The New York Times

Doctors Inc.: With More Doctorates in Health Care, a Fight Over a Title http://nyti.ms/mTtDz4

09:45 AM Oct 2, 2011via The New York Times

Nytime s The New York Times

Israel Accepts Call for Peace Talks http://nyti.ms/ncThGR 09:22 AM Oct 2, 2011via The New York Times

Nytime s The New York Times

As the West Celebrates Awlaki’s Death, the Mideast Shrugs http://nyti.ms/P2Qz3P

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www.interscienceplace.org - página 68 de 196 Outro exemplo é o perfil da revista Carta Capital, que faz publicações mais esporádicas do que o The New York Times, mas também utiliza links que remetem para a sua página na web, com mensagens mais enfáticas sobre o assunto de suas notícias.

@cartacapital carta capital

Viva o barulho: Uma análise sobre a democracia, a corrupção e o c onflito sobre a competência do CNJ. Por Mauricio Dias http://migre.me/5P oaV 09:35 AM Oct 2, 2011via Web

@cartacapital carta capital

Bravo! para ler: A investigação sobr e a criação da ideia do nacional brasileiro; e os grafismos de Karlos Rischbieter

09:30 AM Oct 2, 2011via Web

@cartacapital carta capital

Os gritos não foram silenciados: Análise de Wálter Maierovitch sobre os últimos episódios no Oriente Médio http://migr e.me/5OQx8

20:00 PM Oct1, 2011 via Web

Já as atualizações feitas pelo jornalista Ricardo Noblat, em seu perfil no

Twitter, remetem, na maioria das vezes, para o seu blog4, hospedado na página do

Jornal O Globo.

BlogdoNoblat Blog do Noblat

Charge de Chico Caruso http://bit.ly/pdOrs0 10:37 AM Oct 2, 2011via O Globo

BlogdoNoblat Blog do Noblat

Incertezas http://bit.ly/r6HRao 09:59 AM Oct 2, 2011via O Globo

BlogdoNoblat Blog do Noblat

Imagens fort íssimas na campanha antifumo no Canadá http://bit.ly/r77zES 10:02 AM Oct 2, 2011via O Globo

Outros jornalistas usam seus perfis pessoais no Twitter para postar assuntos relacionados à atividade jornalística, ou não, e interagem constantemente com seus seguidores, intensificando debates, promovendo campanhas e chamando a atenção dos internautas para os veículos onde trabalham, como é caso dos jornalistas William Bonner (@realwbonner), apresentador do Jornal Nacional, e Serginho Groisman (@oserginho), que comanda o programa Altas Horas, ambos da TV Globo.

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www.interscienceplace.org - página 69 de 196 De acordo com Spyer (2009), em pouco tempo, o Twitter tornou-se uma ferramenta essencial para a produção de reportagens. No entanto, esse advento está provocando tensões nas redações.

A questão central desse debate é definir como o jornalista se posiciona ao usar esses serviços, se o profissional representa ele mesmo ou a organização, para ter a liberdade que precisa para fazer seu trabalho s em se chocar com os interesses ou compromet er a reputação do veículo (SPYER, 2009, p.57).

4. Propriedades do Twitter para o jornalismo: principais

aplicativos

Quando se depara inicialmente com o Twitter, um jornalista pode ter dúvidas sobre como realizar seu trabalho a partir daquela ferramenta. Porém o microblog oferece inúmeras possibilidades de se fazer a mesma coisa, só que de um jeito totalmente novo. Como já fora mencionado anteriormente, através do Twitter, é possível que o jornalista interaja com seu público, mantenha contato com suas fontes e promova a divulgação de seus conteúdos.

Diante desse conceito, é possível observar que o Twitter potencializa as características básicas da atividade jornalística. Mas não é só isso. A plataforma oferece outras funcionalidades específicas para a produção de notícias e divulgação de informações. Entre os muitos aplicativos desenvolvidos a partir do Twitter, existem o MuckRack e o MediaOnTwitter, que reúnem jornalistas e profissionais da comunicação que utilizam o Twitter. Também é possível que uma redação utilize um monitor coletivo para visualizar as notícias de última hora, através do TwitterFall, e, ainda, utilizar o TweetBeep, que monitora e dispara mensagens sobre assuntos específicos (SPYER, 2009, p. 61).

A autora Crucianelli (2010) elaborou a seguinte lista com os principais aplicativos para o Twitter que são fundamentais para a atividade jornalística nesta plataforma:

 TweetDeck: administra várias contas do Twitter, permite visualizar e filtrar informações e integrar a conta de Twitter com a do Facebook. É possível criar colunas temáticas por palavras-chave, para seguir um tema do seu interesse onde quer que seja mencionado. Por exemplo, ao investigar um funcionário do governo,

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www.interscienceplace.org - página 70 de 196 cria-se uma coluna com esse nome e, portanto, será possível acompanhar o que é dito sobre essa pessoa.

 TwitterFall: filtra e localiza conteúdos. Em tempo real, mostra as atualizações conforme o critério de busca. Em poucos minutos, o repórter pode ter um panorama bastante claro se determinado assunto está sendo comentado ou não, o que está sendo dito e o que as pessoas pensam a respeito.

 Twitdoc: permite fazer o upload de arquivos armazenados no computador para o Twitter.

 Tweetree: ferramenta para carregar e compartilhar links ou sites.

 Tags: armazena os tweets dos usuários que incluem uma tag (palavras -chave, que são antecedidas pelo sinal #). Para criar uma tag (muito útil para classificar assuntos), basta colocar o sinal # antes da palavra. As tags mais populares convertem-seem “trending topic” ou “assunto do momento”.

 Scoopler: busca no Twitter em tempo real. Excelente ferramenta para monitorar o que se publica no Twitter sobre assuntos que os repórteres estão cobrindo.

 Twittpoll: permite buscar dentro do Twitter assuntos ou tweets sobre uma determinada pessoa ou grupo de pessoas.

 Reporting On: é uma espécie de Twitter, mas só para jornalistas. O número de profissionais latino-americanos está aumentando.

 Twitpic: para publicar fotos no Twitter a partir de um telefone celular.  GroupTweet: oferece recursos para formar grupos dentro do Twitter.

 TwitterVision: localiza geograficamente, em tempo real, as atualizações do Twitter no mapa do mundo.

 YooMoot e TwitterWorks: permitem organizar debates ou grupos.

 TTT: torna possível compartilhar um parágrafo ou seleção de um texto extenso, com uma URL curta.

 Twticam: ferramenta para transmitir vídeo ao vivo de um computador através do Twitter.

 Simple Viewer: visor tridimensional do Twitter.

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www.interscienceplace.org - página 71 de 196  Listiti: permite a criação de alertas através de um serviço oferecido pelo Google, por meio do qual o profissional recebe na caixa de e-mail uma notificação quando o tema de seu interesse é mencionado em alguma lista do Twitter.

5. Twitter para redações

Recentemente, foi criado dentro do Twitter Media o Twitter for Newsrooms, uma página exclusiva para auxiliar jornalistas ao redor do mundo. Dentro da página, os profissionais encontram recursos que explicam como se dá o processo de notificação e publicação. O #TfN foi pensado para tornar o Twitter uma espécie de terreno comum que pode ser usado por todos os jornalistas, principalmente para os que começaram suas carreiras em outros veículos como rádio, televisão e mídias impressas.

A página do #TfN divide-se em cinco partes: #Report (relatórios), que auxilia os jornalistas na apuração, ensinando estratégias para a pesquisa, dispondo e explicando como usar os mecanismos de busca; #Engage (empenho), que mostra exemplo de jornalistas que já estão usando a rede social como ferramenta de trabalho; #Publish (publicar), que traz informações sobre quantidade de conteúdos postados no site, nomes de usuários e tags, além de uma área que explica como colocar gadgets do Twitter em outros sites; #Extra (extra), que traz informações adicionais acerca de perfis e blogs oficiais; e #Security (segurança), que traz um checklist para manter a segurança de uma conta no Twitter.

6. Opiniões em contrário

Como já mencionado anteriormente, o Twitter, apesar de útil, gera foco de tensão em algumas redações, pois há dúvidas quanto ao fato de o profissional estar representando ele mesmo ou uma organização jornalística. De acordo com Spyer (2009), alguns veículos ainda não se deram conta da importância do Twitter e, por isso, ou proíbem ou não definem normas para que os jornalistas possam utilizar esse e outros sites de redes sociais.

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Ou o jornalista, como profissional da comunicação, define que está sempre a serviço da empresa que o cont rata ou estabelece-s e que s ua função se resume a produzir conteúdo noticioso e que, fora desse âmbito, ele usa a internet como quiser (SPYER, 2009, p. 59).

De acordo com informações do site Comunique-se5, durante o Info@trends6,

levantou-se o seguinte debate: o jornalista deve ou não ter perfil pessoal nas mídias sociais? A ombudsman da Folha de São Paulo, Suzana Singer, levantou a bandeira em opinião contrária. Segundo ela, jornalistas não devem ter perfil pessoal no Twitter, porque ele pode acabar postando algo ofensivo e não sabe quem será seu entrevistado de amanhã.

Já o diretor de conteúdo do Grupo Estado, Ricardo Gandour, também participante do evento, defendeu a prática do bom senso que, segundo ele, é fundamental a todo jornalista. Ele reiterou que esse princípio existe mesmo antes das mídias sociais. No entanto, ainda não há uma regra ou um manual para a regulamentação dessa prática. Spyer (2009) acredita que:

[...] aqueles que advogam que jornalista e veículo são elementos separados devem considerar, entre outras coisas, que, a notícia do dia seguinte fica menos import ante conforme ela já tiver chegado ao público pelo jornalista, sem creditar o veículo (SPYER, 2009, p. 59).

Para André Rosa, especialista em comunicação on-line, não há regras e esta questão fica sempre a cargo do veículo. Ele afirma ser legal o veículo enxergar que há uma pessoa por trás do profissional e que, normalmente, as empresas acabam inserindo-o em sua realidade, permitindo que o jornalista tenha uma página pessoal dentro da página do próprio veículo.

Portanto, para que o jornalista obtenha sucesso em suas postagens nos perfis pessoais ou profissionais (relacionadas ao veículo em que trabalha), é preciso que se leve em conta a ética pessoal e profissional, pois comentários descabidos podem acarretar prejuízos para o profissional. Em 2010, por exemplo, o Grupo Abril demitiu o editor da revista National Geographic, Felipe Milanez, depois que ele publi cou uma mensagem em seu Twitter criticando uma matéria da revista Veja, também pertencente à editora Abril.

Também no mesmo ano, o fotógrafo Thiago Vieira, do jornal Agora São Paulo, foi dispensado, depois de publicar uma mensagem que relacionava os dirigentes do Palmeiras a porcos. Thiago estava fazendo uma cobertura na sede do

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www.comunique-se.com.br

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E vento que reúne personalidades import antes da área de tecnologia, internet e mobilidade. Foi realizado em São Paulo, no dia 02/09/ 2011.

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www.interscienceplace.org - página 73 de 196 time. Já, em 2011, uma funcionária do STF perdeu o cargo após questionar no Twitter oficial do STF, quando o presidente do Senado, José Sarney, iria “pendurar as chuteiras”.

Os jornalistas Alec Duarte, da Folha de São Paulo, e Carol Rocha, do Agora São Paulo, foram demitidos do grupo Folha após postarem, em seus perfis no Twitter, comentários sobre o jornal. Os dois relatavam a demora na publicação de um obituário sobre o ex-vice-presidente da República José Alencar.

7. Considerações finais

Esta pesquisa permitiu compreender que o Twitter possui diversos aplicativos e funcionalidades que podem sustentar o trabalho jornalístico em sua plataforma e permite, inclusive, a prática colaborati va de produção de conteúdo.

A grande circulação de informação no ambiente do Twitter tem atraído muitos jornalistas que, ora o utilizam para buscar, ora para divulgar seus conteúdos. Pensando nos profissionais que ainda não se familiarizaram com as caracte rísticas deste microblog, criou-se o Twitter for Newsrooms, que pode ser classificado como um guia para jornalistas iniciantes na navegação da ferramenta. Desse modo, jornalistas de diversos veículos (rádio, televisão, impressos) tornam-se capazes de utili zá-lo para organização e divulgação de seus trabalhos.

Acredita-se ser considerável o número de veículos de comunicação que utilizam o Twitter como uma forma alternativa de distribuição de seus conteúdos. A limitação de 140 caracteres demanda que os profissionais repensem sua forma de produção para este veículo. O Twitter permitiu compreender as muitas potencialidades capazes de dar um novo recorte aos modos de produção e circulação de notícias de uma forma geral, principalmente as que abordam grandes acontecimentos, em tempo quase real. Através dele, as pessoas podem manifestar-se, além de ser possível mensurar as opiniões a favor e contrárias a determinado fato e evidenciar um tema criando campanhas que poderão ficar conhecidas em todo mundo.

Muitos acreditam que este formato de divulgação jornalística não substituirá os veículos até então tradicionais. Porém, é preciso reconhecer a contribuição do

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www.interscienceplace.org - página 74 de 196 Twitter para a produção regular de notícias, através dos desdobramentos que se obtêm delas, e também para a interação e troca de informações entre os jornalistas e os internautas.

Referências

CARDOSO, Carla. A incidência da Normose Informacional no Twitter: a percepção de Nativos e Imigrantes Digitais. Artigo científico apresentado ao eixo temático “Redes Sociais, Comunidades Virtuais e Sociabilidade”, do IV

Simpósio Nacional da ABCiber, 2010. Disponível em:

http://www.abciber2010.pontaodaeco.org/sites/default/files/ARTIGOS/1_RED ES_SOCIAIS/CarlaCardosoSilvaVentura_REDESSOCIAIS.pdf

CRUCIANELLI, Sandra. Ferramentas digitais para jornalistas. Centro Knight para o Jornalismo nas Américas, Universidade do Texas, Austin, 2010.

KELSEY, Todd. Social Networking Spaces: From Facebook to Twitter and Evrything in Between. Springer Verlag, New York, 2010.

SPYER, Juliano. Guia do Twitter – Tudo que você precisa saber sobre o twitter (você já aprendeu numa mesa de bar). Talk2, 2009. Disponível para download em: http://www.talk2.com.br/debate/talk-show-sobre-o-twitter/

ZAGO, Gabriela da Silva. O Twitter como suporte para produção e difusão de conteúdos jornalísticos. Trabalho apresentado no 6º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo, São Bernardo do Campo, São Paulo, 2008.

Sites pesquisados http://www.publiabril.com.br/upload/files/0000/0383/info_trends-11.pdf - Acesso em 23/09/2011 http://www.slideshare.net/Comunique-se/frases-e-demisses-em-140-caracteres - Acesso em 23/09/2011 www.comunique-se.com.br – Acesso em 24/09/2011 http://mashable.com/category/twitter/ - Acesso em 30/09/2011

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www.interscienceplace.org - página 75 de 196 http://www.comscore.com/ - Acesso em 30/09/2011 http://www.marketingdirecto.com - Acesso em 30/09/2011 www.ecglobal.com - Acesso em 30/09/2011 https://dev.twitter.com/media/newsrooms - Acesso em 30/09/2011 http://twitter.com/#!/nytimes - Acesso em 02/10/2011 http://twitter.com/#!/BlogdoNoblat - Acesso em 02/10/2011 http://twitter.com/#!/cartacapital - Acesso em 02/10/2011 https://dev.twitter.com/media/newsrooms - Acesso em 02/10/2011 http://twitter.com/#!/oserginho - Acesso em 02/10/2011 http://twitter.com/#!/realwbonner - Acesso em 02/10/2011 Sobre os autores

Carlos Henrique Medeiros de Souza – Doutor em Comunicação, pela UFRJ;

Mestre em Educação; Bacharel em Direito e em Sistemas de Informação; licenciado em Pedagogia; professor associado da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) e coordenador do Mestrado em Cognição e Linguagem da UENF, e-mail: chmsouza@uenf.br.

Rosalee Santos Crespo Istoe – Doutora em Ciências pela Fundação Oswaldo Cruz

(IFF/RJ); Mestra em Psicologia da Saúde; graduada em Teologia e em Psicologia; professora da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), e-mail: rosaleeistoe@gmail.com.

Ruana da Silva Maciel – Mestranda do Curso de Cognição e Linguagem da

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www.interscienceplace.org - página 76 de 196

Comunicação Social - Jornalismo, pela UNIFLU/FAFIC, e-mail:

ruanamcl@gmail.com.

Milena Ferreira Hygino Nunes – Mestranda do Curso de Cognição e Linguagem da

Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), bacharel em Comunicação Social - Jornalismo, pela PUC-Rio, e-mail: milena.hygino@gmail.com.

Referências

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