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A SÍNDROME DE BURNOUT E A SAÚDE DO PROFESSOR

Daiane Alves de Moura Santos; Renata Fernandes de Souza1 Edmarcius Carvalho Novaes2 RESUMO: Este artigo tem por objetivo analisar a relação entre a Síndrome de Burnout e as fragilizações para a saúde do professor. A doença é um fenômeno psicossocial relacionado ao contexto laboral e que acomete trabalhadores que desenvolvem suas atividades de forma direta e emocional com o público. É uma experiência subjetiva, de caráter negativo, constituída de cognições, emoções instáveis e atitudes com relação ao trabalho e com as pessoas com as quais tem que se relacionar no ambiente profissional.

Trata-se de uma pesquisa cuja metodologia é de revisão bibliográfica, a partir de livros, teses e artigos. Conclui-se que os estudos sobre a referida síndrome, em especial, no acometimento de professores, são recentes. No entanto, ressalta-se a importância de seu reconhecimento, uma vez que suas consequências acarretam problemas no campo pessoal/profissional, para a organização escolar e na relação com os alunos.

Palavras-chave: Síndrome de Burnout; saúde; docência.

1. INTRODUÇÃO

A Síndrome de Burnout é um processo desencadeado pelo estresse ocupacional, quando este se torna crônico. É uma forma de resposta do corpo ao estresse na tentativa de sobreviver às dificuldades e os sintomas advindos do trabalho (BENEVIDES- PEREIRA, 2012; MASLACH & JACKSON, 1981; MORENO-JIMENEZ et. al., 2000;

SCHAUFELI & ENZMANN, 1998).

Trata-se de um fenômeno psicossocial, relacionado ao contexto laboral e que acomete trabalhadores que desenvolvem suas atividades de forma direta e emocional com o público; é uma experiência subjetiva de caráter negativo, constituída de cognições, emoções e atitudes instáveis com relação ao trabalho e com as pessoas com as quais tem que se relacionar, em função de suas atividades profissionais. Portanto, se configura como uma resposta ao estresse laboral crônico.

Quando analisado com vistas à categoria profissional docente, o ambiente de trabalho e os fatores psicossociais têm sido considerados os maiores causadores do problema de saúde; dentre outros, a sobrecarga de trabalho, a interferência saúde- trabalho, o clima organizacional, as questões afetadas ao gênero, o sedentarismo, o

1 Alunas do curso de Pedagogia da Universidade Vale do Rio Doce.

2 Professor orientador, integrante do corpo docente do curso de Pedagogia da Universidade Vale do Rio Doce (UNIVALE). Mestre em Gestão Integrada do Território (GIT/UNIVALE).

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esforço físico e/ou mental exigido em alto grau e a exposição a riscos à segurança pessoal, as demandas físicas do trabalho (como ficar de pé, escrever no quadro, carregar material didático e audiovisual, manter o corpo em posição incômoda e inadequada, e exigência de atividade física rápida e contínua) (ARAÚJO et. al., 2005; CNSDSS, 2008; DELCOR et. al., 2004).

Os docentes tem sido alvo de diversas investigações, pois no exercício profissional da atividade docente encontram-se presentes diversos estressores3 psicossociais, alguns relacionados à natureza de suas funções, outros relacionados ao contexto institucional e social onde estas são exercidas.

Segundo os autores supracitados, os professores têm que enfrentar muitas cobranças e pressões no seu dia-a-dia, além de condições estressantes de trabalho. Esses fatores podem causar problemas físicos e psicológicos: problema de perda vocal, alergias, dores nas costas e musculares, tendinites, dores de cabeça, distúrbios do sono, irritabilidade, alterações da memória, esgotamento físico e mental e até problemas cardíacos, dentre outros.

Estes estressores, se persistentes, podem levar à Síndrome de Burnout, considerada por Harrison (1999) como “um tipo de estresse de caráter persistente vinculado a situações de trabalho, resultante da constante e repetitiva pressão emocional associada com intenso envolvimento com pessoas por longos períodos de tempo”

(HARRISON, 1999, p.25).

Muitos profissionais têm sofrido com a doença, também definida por Malasch &

Jackson (1981) como “uma reação à tensão emocional crônica sofrida por pressão trabalhista exagerada sobre o profissional, a partir de contato direto e excessivo com outros seres humanos”. (MALASCH & JACKSON, 1981, p.33)

No caso dos professores, a Burnout “(...) afeta o ambiente educacional e interfere na obtenção dos objetivos pedagógicos, levando estes profissionais a um processo de alienação, desumanização e apatia, além de ocasionar problemas de saúde, absenteísmo, e intenção de abandonar a profissão” (GUGLIELMI & TATROW, 1998, p.68).

Portanto, este trabalho tem por hipótese de pesquisa a existência de uma forte relação entre a fragilização da saúde do professor com a síndrome ora estudada, em

3 Por estressor entende-se qualquer evento, experiência ou estímulo ambiental que provoca estresse em um indivíduo. (HARRISON, 1999).

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razão do estresse laboral docente. Problematiza-se, desta forma, qual é esta relação e seus efeitos.

Neste sentido, tem por objetivo geral investigar os motivos que levam o trabalhador docente a apresentar os sintomas do estresse e da referida síndrome. Para tanto, são objetivos específicos: compreendê-la; identificar os motivos de fragilizações da saúde do professor, apontando a relação entre a síndrome; conhecer as possibilidades de superação dessa situação.

Para desenvolver a pesquisa, temos como metodologia a revisão bibliográfica, buscando em teorias, da área da saúde do trabalhador e da área da educação, os subsídios para a execução dessa tarefa. Sua relevância está em contribuir não só para um bom desempenho no trabalho, mas resultados na melhoria da qualidade de vida do trabalhador.

A motivação para tratar deste tema surgiu devido à constatação de que as doenças ocupacionais vêm ganhando espaço nos debates da sociedade brasileira, e que merecem destaque nas discussões acadêmicas pedagógicas4.

Este estudo se justifica devido a doença ser um fenômeno pouco conhecido, o que pode ser considerado um problema de saúde pública. Para que se possa compreender a síndrome, se faz necessário conhecer sua natureza e a evolução dos fatores estressores a que os trabalhadores docentes são submetidos; especialmente em razão do crescente risco de desemprego, o que torna as relações de trabalho fragilizadas e tensionadas.

Por fim, ressalta-se que este trabalho está organizado em três seções: na primeira, apresenta-se as abordagens conceituais da Síndrome de Burnout e suas características; na segunda, aponta-se as fragilizações da saúde do professor, com foco nas doenças mais comuns e nos programas de políticas públicas para a saúde do professor, que são incipientes; na terceira, aborda-se as possibilidades de superação do fenômeno. Acompanham ainda as considerações finais e as referências bibliográficas.

4 A temática foi escolhida pelas alunas a partir das discussões relacionadas à disciplina de “Educação e Saúde, ministradas pela professora Dra. Maria Terezinha Vilarino Bretas, durante o 5° período do Curso de Pedagogia.

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2. A SÍNDROME DE BURNOUT

A Síndrome de Burnout começou a ser estudada na década de 1970, nos Estados Unidos, difundindo-se mundialmente os estudos nos anos posteriores. O artigo que provocou maior impacto e propagação dos estudos a respeito do tema foi escrito por Freudenberger5 (1974), levando muitos pesquisadores a estudarem seus sintomas, causas e consequências.

O termo Burnout deriva do verbo inglês “to burn out”, que significa segundo França et. al. (2014), em língua portuguesa, “queimar por completo” ou “consumir-se”.

Esse termo foi criado pelo psicanalista Freudenberger, que descreveu a síndrome como um sentimento de fracasso e exaustão causada por um excessivo desgaste de energia e recursos internos. O mesmo identificou que fadigabilidade, irritabilidade, depressão, aborrecimento, rigidez e inflexibilidade também caracterizavam a composição da síndrome.

Maslach & Leiter (1999) conceituam a doença como: “(...) uma síndrome de exaustão emocional, despersonalização e reduzido envolvimento pessoal que pode ocorrer entre indivíduos que por profissão se ocupam de pessoas” (MASLACH &

LEITTER, 1999, p. 24 apud DIAS, 2003). Sua principal característica é o estado de tensão emocional e estresse crônico provocado por condições de trabalho físicas, emocionais e psicológicas desgastantes. A síndrome se manifesta, sobretudo, em pessoas com profissões que exigem um maior envolvimento interpessoal, direto e intenso.

Para Lipp (1996) o estresse pode ter origem em fontes externas e internas. As externas estão ligadas as imposições enfrentadas diariamente, sendo estas: problemas familiares, trabalho e sociedade, dificuldade econômica, entre outros. Já as internas estão relacionadas com forma de ser do indivíduo, o tipo de sua personalidade e a forma de lidar com a vida. Ainda afirma o autor que muitas vezes não é o acontecimento em si que se torna estressante, mas a maneira como é interpretado pela pessoa. (LIPP, 1996, p. 9).

5 Herbert J. Freudenberger (1926-1999) era um psicanalista americano judeu e de origem alemã, e se destacou por ser um dos primeiros a descrever os sintomas de exaustão profissionalmente e realizar um estudo abrangente sobre Burnout. Seu prêmio mais prestigiado foi o Prêmio da Medalha de Ouro da Fundação Psicológica Americana para a realização da vida na prática da psicologia em 1999.

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Maslach & Jackson (1981; 1986), definem esta síndrome como um constructo multidimensional, constituído por exaustão emocional, despersonalização e reduzida realização pessoal no trabalho.

A exaustão emocional se dá no momento em que o indivíduo percebe que não possui condições de dispensar energia suficiente ao seu trabalho – tendo por causa, normalmente, o excesso de atividades, além de conflitos pessoais.

Já a despersonalização ocorre quando o profissional se defende da carga emocional resultante do contato direto com outra pessoa, e por isto distingue-se a síndrome do mero stress, uma vez que nesta condição da síndrome, o profissional desenvolve certo cinismo, além de rigidez para com o sentimento alheio, numa forma de barrar a influência de problemas e de sofrimento de outros para sua vida.

Por fim, a reduzida realização profissional se dá quando há a sensação de baixa satisfação com seu próprio trabalho, tendo atividades que demarcam incompetência profissional e baixa estima.

Segundo França et. al. (2014), os sintomas advindos da síndrome não apresentam consequências prejudiciais apenas para o indivíduo acometido. Tais consequências podem atingir o indivíduo de diversas formas, interferindo nos níveis pessoal, organizacional e social.

Os indivíduos que desenvolvem a Síndrome de Burnout estão sujeitos a abandonar o emprego, devido a uma diminuição na qualidade de serviço oferecida, pois esses indivíduos investem menos tempo e energia no trabalho, fazendo somente o que é absolutamente necessário, além de faltarem com mais frequência. Nesse sentido, o indivíduo sente-se desmotivado havendo uma predisposição a acidentes pela falta de atenção. Do ponto de vista organizacional, a Síndrome de Burnout está altamente correlacionada com a baixa satisfação pessoal no trabalho, baixa produtividade, diminuição na qualidade do trabalho, absenteísmo e rotatividade (FRANÇA et. al.

2014, p. 3543).

Na vida social, o indivíduo tende a se isolar da sociedade, afastando-se da família e amigos. Dessa forma, podemos destacar a importância de analisar o individuo com a Síndrome de Burnout para criação de métodos preventivos que promovam o aumento da qualidade de vida e maior equilíbrio em seu ambiente de trabalho.

Nessa linha de raciocínio, Benevides-Pereira et. al. (2010) apontam que a síndrome possui como “características principais a exaustão, o ceticismo e a ineficiência”, apresentando como dados os seguintes números: “94% dos doentes se sentindo incapacitados para trabalhar, e 89% praticando presenteísmo, ou seja, estão

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presentes no trabalho, mas não conseguem realizar as tarefas propostas”. Em relação aos sintomas, as autoras apontam que “93% dos afetados alegam sentir exaustão, 86%, irritabilidade, 82%, falta de atenção e 74% têm dificuldade de relacionamento no ambiente profissional. Além disso, outros 47% sofrem de depressão”. (BENEVIDES- PEREIRA et. al., 2010, p.151).

Neste sentido, cabe indagar sobre a relação da referida doença com as questões afetas às fragilizações de saúde do professor.

3. AS FRAGIILIZAÇÕES DA SAÚDE DO PROFESSOR

Segundo Andrade & Cardoso (2012) o trabalho é uma atividade de caráter social, formador de identidades e desenvolvimento pessoal e, portanto, se não encarado de forma positiva, pode gerar problemas de saúde e qualidade de vida. Ainda segundo as autores, nota-se que a saúde e qualidade de vida possuem entre si complexas relações, dependentes de um contexto econômico e sociocultural, e também de questões individuais, físicas e emocionais.

É possível observar que o trabalho docente se configura, muitas vezes, por baixa remuneração, falta de estrutura física, de investimentos e de recursos, dentre outros sérios problemas pelos quais passam a educação brasileira básica. Ocorre que devido o docente não ter o trabalho valorizado financeiramente, ele precisa muitas vezes dobrar seus turnos de serviços, aumentando sua carga horaria. Sendo assim, fica sem tempo para descanso, o que acaba refletindo no seu bem estar e na sua qualidade de vida, levando esse trabalhador a ficar doente e muitas vezes ao abandono do emprego.

Com relação aos docentes, o ambiente de trabalho e os fatores psicossociais tem sido os maiores causadores dos problemas de saúde, além da sobrecarga de trabalho, do esforço físico e/ou mental exigido em alto grau e a exposição a riscos e à segurança pessoal, as demandas físicas do trabalho do próprio trabalho como ficar muito tempo em pé, escrever no quadro, carregar material didático, etc. Portanto, por estar suscetível à diversas doenças que podem prejudicar sua saúde, este profissional deve se prevenir, tendo mais cuidado consigo, no dia a dia.

Segundo Bernal (2010) apud Souza & Rossi (2016), uma pesquisa realizada pelo Isma-Br (International Stress Managemet Association no Brasil), apontou que aproximadamente 30% dos profissionais brasileiros, à época, eram acometidos pelo

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Burnout; Segundo o levantamento, a síndrome onerava “o PIB (Produto Interno Bruto) em aproximadamente 4,5% ao ano, comparando-se um acometido pela síndrome com os demais trabalhadores nota-se um decréscimo de pelo menos 05 horas a menos de trabalho” (SOUZA & ROSSI, 2016, p. 3).

Os autores apontam que a pesquisa detectou como sintomas da síndrome o seguinte quadro: 93% dos acometidos alegavam sentir exaustão, 86% irritabilidade, 82% falta de atenção e 74% possuíam dificuldade em relacionamentos no âmbito profissional. Outros 47% padecem de depressão.

Assim, pode-se afirmar “uma relação íntima entre trabalho alienado e especificamente a síndrome de Burnout, pois esta só é desencadeada através de exaustivos esforços físico-mentais no âmbito do trabalho” (SOUZA & ROSSI, 2016, p.

3).

Em se tratando da necessidade de políticas públicas para a proteção da saúde do professor, os especialistas já reconhecem sua necessidade por considerarem que esses profissionais estão expostos a vários riscos de doenças. Em relação à legislação voltada para o amparo do trabalhador acometido pelo Burnout, as leis brasileiras já reconhecem a síndrome como um agente causador de doenças do trabalho classificadas como doença ocupacional.

Benevides-Pereira et. al. (1998) apontam que no Brasil dificilmente um trabalhador é afastado ou aposentado por estar sofrendo por Burnout. Ainda de acordo com as autoras, apesar de o país ter as melhores leis trabalhistas do mundo, no que se refere ao Burnout, raramente elas tem sido empregadas pelo fato de os casos da síndrome aparecer nas estatísticas oficiais apenas sob o rótulo de depressão e estresse.

Muitos profissionais por não possuírem conhecimento sobre essa doença, muitas vezes abandonam sua profissão, sendo assim, é urgente que esses profissionais e as instituições de ensino sejam informados sobre os efeitos e as medidas de enfrentamento das doenças ocupacionais, garantindo aos professores um local de trabalho saudável.

Assim, entendendo que há uma relação da Síndrome de Burnout com as questões de fragilizações da saúde do professor, cabe analisar as possibilidades de superação dos efeitos da doença para o docente, encontrando algumas sugestões para superação dessa síndrome.

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4. RELAÇÃO DA SÍNDROME COM O DOCENTE – A NECESSIDADE DE SUPERAÇÃO:

A Síndrome de Burnout é um fenômeno que vem sendo estudado nos últimos anos em relação ao trabalho docente. Trata se da doença da desistência, que está ligada ao sofrimento do profissional que perde suas energias no contexto laboral, por se ver entre o que poderia fazer e o que consegue realizar.

Fenômeno complexo e multidimensional resultante da interação entre aspectos individuais e o ambiente de trabalho, não está relacionada somente à sala de aula ou ao contexto institucional; envolve todos os fatores envolvidos nesta relação, incluindo os fatores macrossociais, como políticas educacionais (SLEEGERS, 1999).

As consequências advindas da Síndrome de Burnout em professores não estão relacionadas somente no campo pessoal-profissional, mas também, trazem consequências no ambiente escolar. Entendemos que a partir do momento que o individuo acometido pela síndrome adota atitudes negativas para com o outro, tendo dificuldade de envolver-se, falta-lhe carisma e emoção – inclusive em suas relações com os estudantes, o que afeta não só a aprendizagem e a motivação dos alunos, mas também o comportamento destes, prejudicando a qualidade da relação e de seu papel profissional.

Geralmente muitos profissionais abandonam o trabalho em consequência do Burnout, entretanto outros não, embora haja uma queda na qualidade do seu trabalho, fazendo que o individuo fique contando as horas para que o dia de trabalho termine, pensando frequentemente nos próximos feriados, férias e se utilizem de inúmeros atestados médicos para aliviar o estresse do trabalho (WISNIEWSKI & GARGIULIO, 1997).

De acordo com Frazão (2017) o tratamento para doença deve ser orientado por um psicólogo ou psiquiatra e, normalmente, é feito através da combinação de medicamentos e terapias durante 1 a 3 meses, pois

(...) o tratamento com um psicólogo é muito importante (...), pois o terapeuta dialoga com o paciente, ajudando-o a encontrar estratégias para combater o estresse. Além disso, esse momento proporciona o sujeito a desabafar e ha uma troca de experiências que vai ajudar a melhorar o conhecimento sobre a doença e o paciente vai ganhar mais segurança no seu trabalho (FRAZÃO, 2017, p. s/n.)

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Algumas estratégias para o combate à doença são recomendadas, tais como a reorganização do trabalho, com a diminuição da carga horária; o aumento de momentos de convívio com amigos, com o intuito de distrair e superar o estresse advindo do trabalho; a realização de atividades físicas com o intuito de relaxamento, como dançar, ir ao cinema ou sair com os amigos (FRAZÃO, 2017).

A prevenção da síndrome de Burnout também é favorecida pelo apoio familiar.

A presença amorosa da família do trabalhador é um fator bastante interessante na prevenção de Burnout. Os estudos ainda apontam (FRANÇA, et. al., 2014), que os trabalhadores que tem filhos e são casados apresentam menor chance ter Burnout, o que demonstra que a participação da família vai ajudar na superação da síndrome.

Ainda segundo os estudos (FRAZÃO, 2017) o psiquiatra pode indicar a ingestão de remédios antidepressivos com o objetivo de “ultrapassar a sensação de inferioridade e de incapacidade e a ganhar confiança, que são os principais sintomas manifestados pelos portadores da Síndrome de Burnout” (FRAZÃO, 2017, p. s/n).

É preciso que políticas para melhores salários e condições de trabalho sejam pactuadas, de modo a trazer maiores benefícios a essa categoria profissional. É preciso também que se desenvolvam mais estudos e pesquisas sobre o estresse do professor, um assunto pouco discutido.

Não basta voltar o olhar somente para o aluno se o professor que é mediador no processo de ensino e aprendizagem não recebe maior atenção referente à sua saúde física e mental – uma vez que suas dificuldades podem se refletir no processo ensino/aprendizagem.

Portanto, é importante o reconhecimento e a valorização desse profissional que não recebe, muitas vezes, a devida atenção em relação a sua saúde. Podemos perceber que ainda estão sendo feitos estudos para a superação da síndrome de Burnout, no entanto sabemos que não existe cura, mas existe tratamento, que vai proporcionar uma melhora na qualidade de vida dos mesmos ajudando na superação desta síndrome.

O tratamento fundamental para essa síndrome seria uma mudança no estilo de vida, para um modo mais saudável de viver. Isso inclui cuidar da saúde, dormir e alimentar-se bem, praticar exercícios físicos regularmente e manter uma vida social ativa. O apoio de um psicólogo e de um psiquiatra pode ajudar muito.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

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De acordo com os estudos realizados a respeito da Síndrome de Burnout, podemos concluir que se trata de uma síndrome caracterizada por um desgaste e esgotamento mental, causado por condições de trabalho exaustivas, seja no aspecto físico ou emocional.

Se discussões acerca da Síndrome de Burnout não forem feitas, têm-se como possíveis consequências para o campo docente a fragilização da saúde desses profissionais, além de problemas organizacionais e interpessoais. Enquanto não houver mais discussões sobre o assunto, mais profissionais serão acometidos por falta de conhecimento; então, na medida em que entendemos melhor este fenômeno psicossocial como processo, identificando suas etapas e dimensões, mais fácil será a prevenção da doença. O profissional acometido pela síndrome, na tentativa de fugir dessa situação, acaba sendo levado ao sofrimento e frustação, tendo atitudes negativas que afetam o relacionamento com o corpo docente e o discente.

Podemos perceber alguns avanços em relação à discussão: o tema já é objeto de pesquisas acadêmicas relacionando as vivências docentes no espaço trabalho com os sintomas da doença, apontando, sobretudo, os efeitos pessoais/profissionais e para a organização escolar. As políticas de saúde, apesar de incipientes, já apresentam suportes para aqueles profissionais que procuram por um acompanhamento clínico.

Por outro lado, é necessário conscientizar todos os atores envolvidos nas discussões educacionais para a importância do cuidado de sua saúde física e psicossocial, uma vez que o docente necessita de condições básicas de saúde para o exercício da sua profissão – além dos aspectos estruturais dos espaços educativos. De igual forma, é importante que os próprios profissionais tenham ciência dos riscos que sofrem por ignorarem alguns dos sintomas da doença, em razão, muitas vezes, do excesso de trabalho e das preocupações relacionadas ao mercado.

Por fim, apontamos como sugestões para futuras pesquisas a necessidade de se investigar as questões relacionadas à vivência da síndrome a partir de aspectos de gênero, por entender que as mulheres, além de todas problemáticas ora levantadas, ainda encaram questões relacionadas às tarefas domésticas, em razão de uma cultura machista enraizada socialmente; sugerimos práticas inovadoras do mercado de trabalho, com foco na saúde do professor, a partir de atividades que articulem autoconhecimento e aspectos de cuidado.

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REFERÊNCIAS

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