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EVOLUÇÃO DA ESTRUTURA FUNDIÁRIA DO SETOR CITRÍCOLA DO ESTADO DE SÃO PAULO 1980 a 1995

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EVOLUÇÃO DA ESTRUTURA FUNDIÁRIA DO SETOR CITRÍCOLA DO ESTADO DE SÃO

PAULO – 1980 a 1995

Ana Claudia Vieira Aluna do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção - Univ. Federal de São Carlos - Rod. Washington Luís, Km 235, Cx. Postal 676 - CEP: 13565-905 - São Carlos – SP. E-mail:

pacv@iris.ufscar.br

Francisco José da Costa Alves Prof. Adjunto do Dep. de Engenharia de Produção da Universidade Federal de São Carlos Rod. Washington Luís, Km 235, Cx. Postal 676 - CEP: 13565-905 - São Carlos – SP. E-mail:

dfca@power.ufscar.br ABSTRACT: In this article an analysis of the agricultural production structure of the citrus sector of the State of São Paulo will be accomplished, describing its trajectory from 1980 to 1995. It is analyzed, besides the composition of the sector for the different categories of properties, the participation of each one of them in the total production, number of new and adult plants and changes along the period.

Starting from the description of the structure of the sector and of the participation of the different orange producers categories, the objective is to determine the importance of each one of these categories in the activity, as well as delineating its trajectory, proving the changes and the possible tendencies for this composition.

KEYWORDS: structure agricultural production; citriculture; agricultural producers

RESUMO: Neste artigo será realizada uma análise da estrutura fundiária do setor citrícola do Estado de São Paulo, descrevendo sua trajetória de 1980 a 1995. Além da composição do setor pelas diferentes categorias de produtores será analisada a participação de cada uma delas no total da produção, número de pés novos e adultos e as mudanças que ocorreram ao longo do período.

A partir da descrição da estrutura do setor e da participação das diferentes categorias de citricultores, o objetivo é determinar a importância de cada uma delas na atividade, assim como delinear sua trajetória, apontando as mudanças e possíveis tendências para esta composição.

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1. INTRODUÇÃO

Dos anos 60 até os anos 90, a atividade citrícola expandiu-se muito no Estado de São Paulo. Quando se instalaram as primeiras empresas processadoras, iniciou-se um período estimulante para o ingresso na atividade citrícola, pois havia no exterior uma demanda crescente pelo suco de laranja concentrado, enquanto aqui no Brasil os incentivos governamentais à exportação e os créditos facilitados pelo Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR), a partir de 1965, encorajaram novos produtores.

Nos anos 70, a expansão teve continuidade até que, na década seguinte, o Brasil tornou-se o maior produtor mundial de laranja e suco concentrado e aqui se teve a chamada década de ouro da citricultura, quando seis geadas na Flórida colocaram a demanda acima da oferta e jogaram os preços do suco concentrado para níveis elevados. Nem o agravamento da situação econômico-financeira do Brasil ou a restrição ao crédito agrícola impediram que houvesse um plantio acelerado e que entrassem muitos produtores no setor, marcando uma expansão da atividade citrícola em substituição a outras culturas nas principais regiões produtoras, segundo levantamento realizado pelo IEA (Informações Econômicas, maio/95).

Não apenas os já citricultores aumentaram suas áreas de cultivo, mas também profissionais de outras culturas e até mesmo outros ramos de atividade (comerciantes, profissionais liberais etc.) começaram a produzir laranjas. Estes novos produtores foram denominados de “laranjeiros” ou “aventureiros”, que buscaram os altos lucros proporcionados pelo setor naquele período de mercado favorável. Com essa corrida à laranja, houve um incremento no número de imóveis rurais produtores, no número pés novos e adultos e na produção total do Estado.

Já nos anos 90, o complexo citrícola começa a atravessar momentos difíceis, em razão do aumento da produção norte-americana, do aumento da produção nacional, do acirramento do mercado mundial de suco de laranja concentrado e queda nas cotações do suco concentrado na Bolsa de Nova Iorque. Para os produtores, o plantio das empresas em pomares próprios foi mais um sério agravante e um fator que funcionou muito bem para pressionar os preços da laranja para baixo.

Considerando-se, então, os acontecimentos ocorridos nas décadas de 1980 e 1990, definiu-se o período de análise estas duas décadas, acreditando ser bastante interessante buscar os reflexos das transformações ocorridas no complexo sobre a estrutura de produção agrícola.

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A fonte dos dados utilizados neste artigo são provenientes do Levantamento Objetivo do Instituto de Economia Agrícola (IEA). O Levantamento Objetivo oferece informações obtidas por meio de entrevistas com os produtores agrícolas, selecionados através de uma amostra sorteada ao acaso, do cadastro de imóveis rurais do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).

A estrutura produtiva aqui referida diz respeito ao número de imóveis rurais (propriedades) e não de proprietários. As propriedades, por sua vez, foram classificadas em categorias, baseadas na área (hectares).

Para esta classificação, considerou-se pequenos aqueles produtores com área inferior a 50 hectares, médios produtores aqueles com área entre 50 e 200 ha, grandes produtores os que possuem de 200 a 1.000 ha e muito grandes os produtores cuja área é maior que 1.000 ha.

2. Estrutura Fundiária: descrição e análise da evolução, do início dos anos 80 à primeira metade dos anos 90

A expansão do setor será tratada, primeiramente, no aspecto do número de imóveis rurais, o qual, analisado por estratos de área e categoria de propriedades, permitirá que se descreva a estrutura fundiária do setor. Será analisada sua evolução de 1980 a 1995, de forma que se possa traçar as mudanças ocorridas na estrutura ao longo do período, verificando o quanto cada categoria de produtores participou da evolução, ganhando ou perdendo espaço.

O número de imóveis rurais no Estado de São Paulo, com pés em produção, passou de 20.599 em 1980, para 26.812 em 1995. Isto significa um crescimento de cerca de 30% em quinze anos, ou um crescimento médio de 2% ao ano.

A tabela seguinte apresenta estes dados por categorias de produtores.

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Categoria de Imóveis Nº de Imóveis Rurais com Pés em Produção

1980 1985 1990 1995

Pequenos 15.063 18.215 14.728 17.869

Médios 3.811 4.168 5.373 6.806

Grandes 1.627 1.710 1.903 1.943

Muito Grandes 98 207 153 194

TOTAL 20.599 24.300 22.157 26.812

TABELA 1 - Número de Imóveis Rurais com Pés em Produção, segundo as categorias, no Estado de São Paulo –1980, 85, 90 e 95.

Fonte: IEA

Pela tabela pode-se verificar que o maior número de imóveis concentra-se na categoria das pequenas propriedades, seguidas pelas médias, grandes e muito grandes. O número de imóveis aumentou em todos os grupos de produtores, de 80 a 95. Os pequenos tiveram um aumento de 1980 para 1985, com pequeno decréscimo entre 1985 e 1990. Entre 1990 e 1995 cresceram novamente, mas não chegaram a atingir o número de 1985. Os produtores muito grandes também tiveram seu maior acréscimo de 1980 para 1985 e, como os pequenos, decresceram em 1990, recuperando um pouco em 1995. Os demais grupos (médios e grandes) tiveram o número de imóveis acrescido em todos os anos.

Quanto à participação percentual de cada uma das categorias no total do número de imóveis, percebe- se, pelos dados da tabela anterior, a predominância dos pequenos produtores e também a queda na participação deste grupo, de 73% em 1980 para 67% em 1995. É visível também o aumento da participação dos médios produtores, que passaram de 19% em 1980 para 26% em 1995. Os grandes tiveram uma pequena redução em sua parcela, de 8% para 7%, enquanto os muito grandes, apesar do acréscimo obtido, de 0,5% para 0,7%, ainda são pouco representativos quanto ao número de imóveis produtores de laranja.

Outro aspecto que demonstra a expansão do setor é a evolução do número de pés novos, que reflete a formação de novos pomares e a renovação dos pomares já existentes.

De 1980 a 1995, houve um grande incremento no número de pés novos. Apenas na década de 80, o número de pés novos, sem produção, saltou da casa dos 24 milhões para quase 42 milhões de pés. Essa variação, de cerca de 73%, se deveu ao aumento do cultivo da laranja pelos produtores que já estavam no setor, pela entrada dos novos produtores, além da renovação dos pomares já existentes.

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A figura abaixo ilustra esse acréscimo.

Figura 1- Evolução do número de pés novos no Estado de São Paulo –1980, 1985, 1990 e 1995.

A tabela abaixo apresenta, por categorias, o número de pés novos e o correspondente percentual da participação de cada categoria no total, para os anos de 1980, 1985, 1990 e 1995.

Categoria de Imóveis

1980 1985 1990 1995

Nº Pés % Nº Pés % Nº Pés % Nº Pés %

Pequenos 12.756.849 52,7 7.238.139 21,9 6.447.890 15,4 12.432.580 24,8

Médios 3.329.629 13,8 8.375.780 25,3 12.473.942 29,7 9.507.189 19

Grandes 6.909.401 28,6 11.832.472 35,8 16.720.680 39,9 18.502.635 37 Muito grandes 1.214.357 5,0 5.641.665 17,1 6.207.408 14,8 9.606.442 19,2

TOTAL 24.210.236 100,0 33.088.061 100,0 41.949.923 100,0 50.048.852 100,0 Tabela 2- Evolução do número de pés novos e participação das categorias de imóveis - 2980, 1985, 1990 e 1995.

Fonte: IEA

Pode-se observar que, em 1980, o maior número de pés novos estava nas pequenas propriedades, com 52,7% do total. As grandes propriedades detinham a segunda maior parcela, seguidas pelas propriedades médias e muito grandes.

0 10 .0 00 .00 0 20 .0 00 .00 0 30 .0 00 .00 0 40 .0 00 .00 0 50 .0 00 .00 0 60 .0 00 .00 0

1 9 8 0 1 9 8 5 1 9 9 0 1 9 9 5

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Já em 1985, essa composição se alterou, marcando uma redução da participação dos pequenos produtores no número de pés novos, em favorecimento aos demais grupos de produtores, que registraram um acréscimo no número de pés novos e na participação sobre o total. Os imóveis médios passaram de 13,8% para 25,3%, os grandes de 28,6% para 35,8% e os muito grandes, de 5% que possuíam em 1980, passaram a representar 17,1% do total em 1985.

Já em 1990, a participação das categorias permaneceu na mesma ordem, mas o número de pés novos se reduziu apenas nas pequenas propriedades, enquanto os demais grupos continuaram aumentando esse número.

No ano de 1995, as grandes propriedades continuavam com a maior parte do número de pés novos, enquanto os pequenos, ultrapassando os médios, tiveram a segunda maior parcela. O número de plantas novas nesta categoria cresceu, voltando a ser de aproximadamente 12 milhões de pés, como em 1980.

Mas apesar dessa recuperação, os 24,8% de participação no total de plantas novas em 95 ainda é bastante inferior aos 52,7% que tinham em 1980. Os imóveis médios e muito grandes se equipararam em torno de 19%, sendo que em 80 era de 13,8% dos médios contra apenas 5% dos muito grandes. Os grandes imóveis mantiveram a posição de maior número de pés novos e maior percentagem, adquirida desde 1985.

De 80 a 95, os médios e grandes produtores praticamente triplicaram o número de pés novos, os muito grandes multiplicaram o número de 1980 por quase oito vezes e os pequenos caíram quase pela metade e voltaram a se recuperar, apenas atingindo o número que já possuíam em 1980. Ou seja, nesse período, enquanto os médios, grandes e muito grandes se expandiram no número de pés novos e na participação total, os pequenos mantiveram o número de pés que já tinham em 1980 e sofreram redução na participação em relação ao total do Estado.

A evolução do número de pés novos reflete a capacidade de investimento dos produtores. Analisando a variação no total de pés novos ao longo do período, ainda pelos dados da tabela 2, pode-se perceber que houve em todos os períodos uma variação positiva: 36,7% de 1980 para 85, 26,8% de 85 para 90 e 19,3% de 90 para 95. No entanto, apesar dos investimentos terem sido positivos, o crescimento se deu a taxas decrescentes.

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A análise dos investimentos em novos plantios por categorias de produtores indicou os seguintes números: de 1980 para 1985, os pequenos produtores apresentaram uma variação negativa de 43,3% e de 1985 para 1990, a variação ainda foi negativa, da ordem de 10,9%. Já de 90 para 95, os pequenos produtores plantaram mais, de tal modo que o número de pés novos passou de cerca de 6 milhões para mais de 12 milhões, o que significou uma variação de 92,8%.

Os médios produtores realizaram grandes investimentos em pés novos entre 1980 e 85, que indicaram uma variação de 151,6%. Já de 85 para 90, a variação caiu para 48,9% e no período de 90 para 95 o número de pés novos nas médias propriedades se reduziu, marcando uma variação negativa de 23,8%.

Os produtores grandes e muito grandes apresentaram variações positivas ao longo do período analisado. Os grandes apresentaram as seguintes variações: de 80 para 85, 71,3%; de 85 para 90,41,3%

e de 90 para 95, 10,7%. A categoria dos maiores produtores marcou seu grande investimento em novos plantios de 1980 para 85, quando apresentou um aumento de 364%. De 85 para 90 a variação foi de 10%, enquanto que de 90 para 95 tiveram um acréscimo de 54,8% em pés novos.

Os pés novos são um dos primeiros indicadores da expansão da atividade e, após três ou quatro anos, quando as árvores começam a produzir, outras variáveis como a produção e o inventário (que considera apenas os pés em produção) também refletem esse crescimento.

Na figura abaixo está representada a evolução da produção do Estado no período de 1980 a 1995.

Figura 2- Evolução da produção de laranja no Estado de São Paulo - 1980, 1985, 1990 e 1995 (em caixas de 40,8 Kg).

0 10 0.000 .000 20 0.000 .000 30 0.000 .000 40 0.000 .000

19 80 19 85 19 90 19 95

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A evolução da produção de laranja no Estado também demonstra a expansão da atividade e, mais uma vez, demonstrará mudanças na importância de cada categoria de produtores na participação sobre o total do setor.

A tabela seguinte apresenta a evolução desta participação.

Categoria de Imóveis 1980 1985* 1990 1995*

Pequenos 35,9 33,4 26,0 21,8

Médios 27,3 23,4 29,4 30,8

Grandes 31,3 35,0 34,8 28,2

Muito Grandes 5,5 8,2 9,8 19,3

TOTAL 100,0 100,0 100,0 100,0

TABELA 3 - Participação (%) das categorias de imóveis na produção total do Estado de São Paulo - 1980, 1985, 1990 e 1995

*Calculado com base na produção esperada Fonte: IEA

Verifica-se, através dos dados da tabela, que os pequenos produtores reduziram sua participação no total produzido, em todos os anos considerados, passando de 35,9% para 21,8% no período. Os médios tiveram uma redução de 1980 para 1985, mas ao longo do período recuperaram e ganharam participação no total, passando de 27,3% para 30,8%. Já os grandes produtores aumentaram sua participação de 1980 para 1985, reduziram um pouco em 1990 e caíram em 1995, marcando uma queda no período total – de 31,3% em 1980, passaram a representar 28,2% da produção total em 1995. Os produtores muito grandes foram os que apresentaram o maior diferencial: de 5,5% que produziam em 1980, passaram a produzir 19,3% em 1995, ficando próximos da participação dos pequenos produtores, que são em número muito maior. Deve-se considerar que grande parte da produção desta última categoria pertence aos pomares das empresas processadoras.1

Portanto, de 1980 a 1995, houve oscilação dos médios e grandes produtores, mas os pequenos seguiram uma tendência decrescente, enquanto os produtores muito grandes seguiram a tendência inversa, apresentando uma variação crescente ao longo do período, como pode ser visto pela figura abaixo.

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Figura 3- Evolução da participação das categorias de produtores na produção total do Estado de São Paulo – 1980, 1985, 1990 e 1995.

*cálculo com base na produção esperada

As maiores diferenças que podem ser notadas no período são a queda na participação dos pequenos e o aumento dos produtores muito grandes. Se os pequenos produtores tiveram a maior participação no total produzido em 1980 (35,9%), em 1995 já estavam longe desta posição, com 21,8%. Enquanto isso, os muito grandes se mantiveram com a menor parte produzida, mas se aproximaram da casa dos 20%

da produção, registrando o maior crescimento de todos os grupos de produtores.

A redução da percentagem produzida nas pequenas propriedades é, em parte, um reflexo da redução que esta categoria de produtores apresentou no número de pés novos plantados ao longo do mesmo período, como já foi demonstrado. Ao mesmo tempo, o aumento da participação dos produtores médios e muito grandes refletem a alteração positiva que tiveram no número de pés novos.

Fazendo uma relação entre a participação das categorias de produtores, na produção e no número total de imóveis do Estado de São Paulo, com pés em produção, para o ano de 1995, verifica-se a diferença entre o grupo de pequenos produtores e o grupo dos produtores muito grandes. Enquanto os pequenos são predominantes no número de imóveis, os produtores muito grandes são um número bastante reduzido, mas suas produções são equivalentes, como pode ser observado pela figura seguinte.

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0%

Pequenos Médios Grandes Muito Grandes

1980 1985*

1990 1995*

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Figura 4- Participação das categorias de produtores na produção total e nº total de imóveis com produção de laranja no Estado de São Paulo – 1995.

Enquanto os pequenos imóveis representam mais de 60% do total, os imóveis muito grandes não chegam a 1%, mas ambos apresentam produções bastante próximas (cerca de 20%), demonstrando a concentração da produção no setor.

Em termos de participação na produção, os médios possuem atualmente a maior parte, mas os grandes estão logo abaixo, com uma pequena diferença. Não tão abaixo estão os pequenos imóveis, seguidos pelos muito grandes. Essa participação na produção está dividida de forma que nenhuma das classes de produtores tem uma predominância muito grande e, portanto, não tem peso suficiente para, sozinha, fazer pressão sobre os preços. A figura seguinte ilustra a participação de cada classe de produtores no total produzido, em 1995.

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

Pequenos M édios Grandes M uito Grandes

% Produção

% Imóveis Rurais

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Figura 5- Participação (%) das categorias de produtores na produção do Estado de São Paulo no ano de 1995.

Quanto ao número de pés em produção, houve também uma significativa expansão de 1980 para 1995.

Passou de 99.234.391 para 183.115.544 pés, divididos entre as categorias de propriedades da forma como está representada na figura abaixo.

Figura 6- Participação (%) das categorias de produtores de laranja no total de pés em produção do Estado de São Paulo no ano de 1995.

Percebe-se que as médias propriedades são as que possuem o maior número de pés em produção (36%

do total), o que é compatível com sua maior participação na produção total. Os grandes imóveis estão com a segunda maior parcela dos pés em produção, o que também condiz com sua participação no total

Pequenos 23%

Médios 36%

Grandes 26%

Muito Grandes 15%

Pequenos 22%

Médios 31%

Grandes 28%

Muito Grandes 19%

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produzido. Os imóveis muito grandes apresentaram um grande aumento e, em 1995, estavam com 15%

dos pés produtivos.

Comparando-se pés em produção com produção obtida, percebe-se que a categoria dos produtores muito grandes, com 15% dos pés, tem 19% da produção. Os grandes, com 26% dos pés, produzem 28%

do total. Os médios, em contrapartida, com 36% dos pés produtivos, têm apenas 31% da produção, ao passo que a categoria dos pequenos, com 23% dos pés produtivos, tem 22% da produção. Isto indica que nas propriedades grandes e muito grandes, a produtividade obtida foi maior do que nas pequenas e médias.

As classes de produtores médios, grandes e muitos grandes apresentaram aumento também no número de pés novos, significando que houve uma renovação nos pomares desses grupos de produtores. A categoria das pequenas propriedades, ao contrário, não apresentou acréscimo no número de pés novos em relação a 1980, conforme já foi demonstrado. A redução do plantio nas pequenas propriedades ao longo dos anos 80 significa que, enquanto as demais classes de produtores apresentam pomares novos, principalmente os produtores muito grandes, as pequenas propriedades estão com grande parte de seus pomares mais velhos, que tendem a ser menos produtivos, ou, para serem produtivos, exigem tratos culturais mais intensivos. Assim, a tendência é de que esses pequenos reduzam ainda mais sua participação na produção, em virtude da maior dificuldade em conseguir produtividade elevada nos pomares mais velhos, e ainda pela iminente necessidade de renovação. Ao contrário, os imóveis grandes e muito grandes tendem a aumentar sua participação na produção, por apresentarem um grande número de pés novos.

Uma outra tendência que pode ser considerada, levando em conta os dados apresentados, é que, caso não haja uma alteração nesta relação, os pequenos produtores estarão condenados à uma redução, principalmente ponderando as atuais dificuldades financeiras e os riscos de formação de novos pomares, especialmente por razões fitossanitárias. Esta redução dos pequenos produtores teria prováveis impactos na economia do Estado de São Paulo, devido ao grande número que eles representam.

(13)

3. CONCLUSÕES

Frente ao que se pode concluir com base nos dados apresentados, façamos uma síntese do que representa cada categoria de produtores para o setor. A tabela seguinte apresenta a participação de cada categoria de produtores no número de imóveis rurais, número de pés novos, número de pés em produção e produção, no ano de 1995.

Categorias Nº de Imóveis Rurais

Nº Pés Novos Nº Pés em Produção

Produção

Pequenos 66,6 24,8 23,0 21,8

Médios 25,4 19,0 36,0 30,8

Grandes 7,2 37,0 26,0 28,2

Muito Grandes 0,7 19,2 15,0 19,2

TOTAL 100,0 100,0 100,0 100,0

TABELA 4- Participação das categorias de propriedades no número de imóveis rurais, número de pés novos, número de pés em produção e produção de laranjas no Estado de São Paulo - ano de 1995 - em percentagem.

Fonte: IEA

Analisando a participação das categorias de propriedades em 1995, verifica-se que as de pequeno porte ainda são bastante relevantes para o setor, apesar da perda gradual de participação que sofreram de 1980 a 1995, conforme foi demonstrado. As pequenas propriedades representam o maior número de imóveis rurais, a segunda maior parcela de pés novos e a terceira colocação no número de pés produtivos e na produção, com mais de 20%.

Diante disso, é inegável a relevância dos pequenos produtores atualmente, mas considerando-se o período analisado, é necessário destacar a redução registrada na participação percentual desta categoria em todos os fatores analisados (número de imóveis, número de pés novos e adultos e produção).

Mesmo com esta redução na participação, o número de pequenos imóveis apresentou um aumento ao longo dos quinze anos. De 1980 para 1995, foi constatada uma diferença positiva de 2.806 pequenas propriedades, ou seja, os números não indicam uma saída dessa categoria de citricultores do setor; o que houve foi uma redução em sua importância, em comparação às demais categorias, devido à maior entrada dos outros produtores (o maior número de novos produtores está na categoria de médio porte)

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ou devido ao aumento das demais categorias no número de pés novos e na produção. Não se pode deixar de considerar, contudo, que os dados indicam o número de propriedades e não de produtores.

Portanto, existe a possibilidade de que as propriedades tenham aumentado, mas que o número de produtores tenha se reduzido2. Isto poderia ser explicado pela venda de propriedades de pequeno porte a produtores que já estavam no setor ou que alguns imóveis tenham sido vendidos em parte, registrando aumento no número total.

Tentando fazer uma projeção sobre uma possível tendência, os grandes produtores aparecem como os prováveis “líderes”, pois já possuem a segunda maior parte dos pés adultos e da produção, além do maior número de pés novos.

Partindo para uma análise no âmbito do mercado, na visão dos compradores (considerando-se apenas a indústria), os pequenos produtores representam um número muito elevado em relação ao que produzem. Em comparação com a categoria dos produtores muito grandes, que têm uma participação na produção um pouco menor do que a dos pequenos produtores, há uma enorme discrepância: são cerca de 18 mil pequenas propriedades, face a 200 propriedades muito grandes.

Considerando-se que exista uma tendência das empresas de comprar do menor número possível de fornecedores, seria mais provável que as empresas preferissem comprar dos maiores produtores, devido ao seu reduzido número. Isto porque comprar de um menor número significa menores custos de operação de compra, tais como tempo de negociação, vistorias, controles etc. Ou seja, comprar dos pequenos implica necessitar de um número maior de pessoas para realizar a operação e, portanto, maiores custos para a empresa.

Esta possibilidade de escolha da indústria só seria possível, no entanto, porque a produção industrial de suco concentrado absorve cerca de 70% das laranjas produzidas no Estado, enquanto o mercado interno fica com os 30% restantes. Sendo assim, a indústria trabalharia normalmente sem uma das categorias de fornecedores, sendo que apenas os médios, sozinhos, é que poderiam fazer uma falta mais significativa.

Portanto, considerando-se que haja um provável interesse das empresas em comprar de menos fornecedores, abrir mão do fornecimento dos pequenos proprietários não seria um problema, já que nos pequenos imóveis está menos de 22% da produção total da laranja produzida.

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Não se pretende dizer, com isso, que os pequenos produtores serão eliminados das vendas para as indústrias processadoras, principalmente porque, em muitos casos, eles são mais eficientes do que os grandes produtores. Apenas levanta-se a possibilidade das empresas optarem pela redução no número de fornecedores e, neste caso, os pequenos produtores tenderiam a ser os mais atingidos.

Contudo, se a redução de fornecedores não for intencionada pela indústria, ou se a prioridade for dada a outros fatores, como qualidade, nenhuma das categorias terá desvantagens ou maiores probabilidades de serem escolhidas ou excluídas das vendas às empresas. Qualquer uma das classes de produtores poderia ser excluída das compras da indústria, sem que isto significasse um desfalque no fornecimento.

Neste caso, o principal fator envolvido não seria número de fornecedores, mas a eficiência de cada um, independente da categoria em que estiver inserido.

Segundo entrevistas realizadas, muitos dos pequenos produtores podem ser até mais eficientes do que os grandes, no entanto, sua dificuldade hoje está em não conseguir recursos suficientes para novos plantios, pois os custos e riscos com formação de pomar são muito altos. Sendo assim, está havendo um prolongamento da vida útil do pomar, o que pode significar uma produtividade menor.

Mesmo não tendo sido verificada uma redução no número de imóveis rurais pequenos, pelos dados apresentados, a redução na participação indica mais dificuldades para esta classe de produtores e a redução no número de pés novos é um bom reflexo desta situação. Se esta classe de produtores está com pomares mais velhos, poderá estar também com produtividade reduzida, ou com mais gastos para conseguir mantê-la elevada e, portanto, seus lucros estão mais limitados.

A partir de entrevistas de pesquisa de campo, levantou-se informações de que, para sobreviver apenas da citricultura na atual situação, é preciso ter no mínimo 10 mil plantas com produtividade elevada.

Fazendo a simulação de um caso com produtor possuindo este número de pés, obtém-se o seguinte:

Com a produtividade média de 2,5 caixas por pé e o preço da laranja a R$ 2,0/caixa, livre dos encargos de colheita e transporte, os 10 mil pés de laranja, considerando o custo aproximado de R$ 1,30/caixa3, renderiam para o produtor um lucro bruto de R$ 0,7/caixa, que somaria um lucro de R$ 17.500,00 no ano e R$ 1.458,00 ao mês. Deste valor, deverão ser tiradas as despesas com impostos e qualquer investimento em novos equipamentos, infra-estrutura etc.

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Considerando-se 260 pés/hectare, uma propriedade com 10 mil plantas deverá ter uma área de aproximadamente 38 hectares. Porém, mais de 70% da categoria das pequenas propriedades e cerca de 48% do total de imóveis produtores correspondem a uma área inferior a 30 ha. Portanto, cerca de metade dos citricultores do Estado, que possuem menos de 10 mil pés ou que, mesmo com este número, apresentem uma produtividade baixa, possuem renda inferior aos R$ 1.480,00 mensais. Menos de 30% dos pequenos produtores atingem este valor.

Esta renda pode ser considerada alta em relação ao salário mínimo pago no Brasil. Mas comparando-se com a renda dos citricultores nos anos 80, quando o preço da caixa da laranja chegou a ultrapassar US$

3,50, pode-se dizer que houve uma redução considerável. Além dos preços mais baixos, hoje ainda é necessário acrescentar maiores custos operacionais devido aos maiores riscos de doenças, principalmente o CVC.

A redução na renda dos citricultores se verifica pelos seus hábitos de consumo, que se elevaram substancialmente na década passada, marcando novos hábitos urbanos, mudanças na profissionalização dos filhos etc., e sofreram agora uma redução. O desaquecimento do comércio nas cidades tradicionalmente citrícolas refletiu muito bem esta fase de preços mais baixos da laranja e, consequentemente, do nível de renda dos citricultores4.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMORIM, G. Azeda relação entre indústrias produtores e as indústrias de suco de laranja.

O Estado de São Paulo, 20 de novembro de 1995. Caderno de Economia.

CAMARGO, et al. Alteração na composição da agropecuária no Estado de São Paulo, 1983-93. Informações Econômicas, São Paulo: IEA v.25, n.5, maio/1995.

CITRICULTURA ganha novo perfil. Folha de São Paulo, 05 de maio de 1998.

VIEIRA, A.C. Desafios para os pequenos produtores de laranja do Estado de São Paulo diante de novos fatores na relação agricultura/indústria nos anos 90. São Carlos: UFSCar, 1998. Dissertação de Mestrado.

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1 O cálculo do número exato de quanto os pomares das empresas representam dentro desta produção depende de informações as quais não se tem acesso. Fazendo uma projeção através da quantidade de suco exportada (transformando-se em caixas) e da estimativa de verticalização, pode-se dizer que a produção das empresas em pomares próprios é bastante significativa dentro da produção dos imóveis muito grandes.

2 Segundo levantamento feito pelo FUNDECUTRUS, no estado de São Paulo e parte do Triângulo Mineiro, no final dos anos 80 havia 21 mil produtores enquanto atualmente existem cerca de 13 mil. (Folha de São Paulo, 05/05/1998)

3 Dados da ABECITRUS, publicados pelo Estado de São Paulo, 20/11/95.

4 A questão dos custos de produção e renda dos citricultores está sendo tratada aqui de forma bastante genérica, sem a consideração de detalhes que uma análise mais rigorosa exigiria.

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