Modelo Cognitivo da
Depressão de Beck
Modelo Cognitivo postula 3 conceitos específicos para explicar o substrato psicológico da Depressão:
Tríade Cognitiva Esquemas
Erros Cognitivos
Conceito de TRÍADE COGNITIVA
VISÃO NEGATIVA DE SI MESMO
(defeituoso, inadequado, doente, carente, etc)
VISÃO NEGATIVA DE MUNDO
(mundo fazendo exigências exorbitantes sobre si mesmo e apresentando obstáculos insuperáveis para atingir suas metas
de vida)
VISÃO NEGATIVA DE MUNDO
(projeções a longo prazo – dificuldades, frustrações e privações incessantes)
Conceito de Esquemas – padrão de cognições estáveis que conceitua as situações
“Quando uma pessoa se defronta com uma circunstância específica, um esquema relacionado à
circunstância é ativado. O esquema é a base para moldar os dados em cognições. Um esquema, portanto, constitui a base para extrair, diferenciar e codificar os estímulos que confrontam o indivíduo. Ele categoriza e avalia suas experiências através de uma matriz de esquemas”.
(Beck, 1967)
Conceito de Erros Cognitivos –
erros sistemáticos do pensamento, processamento falho das informações
DISTORÇÕES COGNITIVAS
Rotulação das Distorções Cognitivas
CATASTROFIZAÇÃO
Se eu perder o controle será meu fim...
Não conseguirei suportar esta situação...
RACIOCÍNIO EMOCIONAL
Sinto que sou um fracasso...
Sinto que estou tenho um enfarto...
Rotulação das Distorções Cognitivas
PENSAMENTO DICOTÔMICO ABSOLUTISTA
Tudo que planejo dá errado...
Se não conseguir tirar 10 não valerá a pena o esforço...
ABSTRAÇÃO SELETIVA
As pessoas em geral não gostam de mim...
A avaliação que recebi foi negativa...
Rotulação das Distorções Cognitivas
LEITURA MENTAL
Ele me acha gorda...
Sei que me acham inoportuna...
HIPERGENERALIZAÇÃO
Sempre estrago tudo...
Não tenho sorte na vida...
Rotulação das Distorções Cognitivas
ADIVINHAÇÃO
Não passarei no concurso...
Meu plano não dará certo...
ROTULAÇÃO
Sou incompetente...
Ele é uma pessoa ruim...
Rotulação das Distorções Cognitivas
DESQUALIFICAÇÃO DO POSITIVO
Tirei boa nota, mas também a prova foi fácil...
Ele só me elogiou por que tem pena de mim...
PERSONALIZAÇÃO
O namoro não deu certo por culpa minha...
Ela estava chateada, devo ter deito algo errado...
Rotulação das Distorções Cognitivas
IMPERATIVOS
Tenho que ter controle...
Devo ser perfeito...
VITIMIZAÇÃO
Faço tudo pelos outros e não me reconhecem...
Não sei mais o que faço para agradar...
Não entendem o que eu sinto...
Rotulação das Distorções Cognitivas
QUESTIONALIZAÇÃO
Se eu não tivesse dito aquilo, não estaria nessa situação agora...
Se eu fosse magra, as coisas seriam diferentes...
Níveis de Cognição
PENSAMENTOS AUTOMÀTICOS
CRENÇAS
INTERMEDIÁRIAS
CRENÇAS CENTRAIS EMOÇÕES
COMPORTAMENTOS
RESPOSTAS FISIOLÓGICAS
Crenças Centrais
“Eu não sou uma pessoa atraente”
Crenças Intermediárias
Regra:
“Eu deveria ser capaz de enfrentar todos os meus problemas sem comer doces”
Atitude:
“Ser gorda é o fracasso total”
Suposições:
“Como aparência é fundamental, ninguém gosta de mim”
“Se eu emagrecer todos os meus problemas irão se resolver”
“Se eu for magra, as pessoas me respeitarão”
CRENÇAS CENTRAIS
(Beck, J., 1997)
Estão enraizadas nos eventos da infância e pode ou não ter sido verdadeira no momento em que o paciente
imediatamente veio a acreditar nela
É uma idéia, não necessariamente uma verdade
Se pode, com convicção, acreditar nisso, até mesmo
“sentir”
CRENÇAS CENTRAIS
Continua a ser mantida através da operação dos seus esquemas, nos quais a paciente prontamente as
reconhece em forma de dados que a apóiam enquanto ignora ou reduz dados em contrário
Paciente e terapeuta, trabalhando juntos, podem usar uma variedade de estratégias ao longo do tempo para mudar essa idéia, de modo que a paciente possa ver a si mesma de uma forma mais realista
CATEGORIAS DE CRENÇAS CENTRAIS
(Beck, J., 1995)DESAMPARO DESVALOR DESAMOR
Eu sou desamparado. Eu sou inadequado. Eu não sou capaz
de ser amado.
Eu sou impotente. Eu sou ineficiente. Eu sou indesejável.
Eu estou fora de Eu sou incompetente. Eu não sou atraente.
controle.
Eu sou fraco. Eu sou um fracasso. Ninguém me quer.
Eu sou vulnerável. Eu sou desrespeitado. Ninguém liga para mim.
Eu sou carente. Eu sou defeituoso. Eu sou mau.
Eu estou sem saída. Eu não sou bom Eu sou rejeitado.
suficiente.
CRENÇAS CENTRAIS
(Beck, J., 1997) Crença antiga Nova crença centralEu não sou (completamente) Eu sou geralmente uma querida. pessoa querida.
Eu sou má. Eu sou uma pessoa digna com características positivas
negativas.
Eu sou impotente. Eu tenho controle sobre muitas coisas.
Eu não sou perfeita. Eu sou normal, tanto com
pontos fortes como com pontos fracos.
CRENÇAS INTERMEDIÁRIAS
ATITUDE
É insuportável ser rejeitada.
REGRA
Eu devo sempre agradar os outros.
SUPOSIÇÕES
(positiva)
Se agrado, sou amada.(negativa)
Se eu não agradar o tempo todo, não consigo ser amada.CRENÇAS INTERMEDIÁRIAS
Identificação das Crenças Intermediárias
(Beck, J., 1997) Reconhecimento de quando uma crença
foi expressa como um pensamento automático
T: O que passou pela sua cabeça quando você recebeu o teste corrigido?
P: Que eu deveria ter ido melhor. Eu não sei fazer nada direito. Eu sou muito incapaz. (crença
central).
CRENÇAS INTERMEDIÁRIAS
Organizando a primeira parte de uma suposição
T: Então, você teve o pensamento”Eu terei que ficar acordada a noite toda trabalhando”.
P: Sim.
T: E se você não trabalhar tão arduamente
quanto você pode em um trabalho ou em um projeto...
CRENÇAS INTERMEDIÁRIAS
P: Então, eu não dei o melhor de mim. Eu fracassei.
T: Isso soa familiar a respeito do que nós
conversamos antes na terapia? É assim que você vê geralmente os seus esforços, que, se você não trabalha tão duro quanto você é
capaz, então você fracassou?
P: Sim, eu acho que sim.
T: Você pode dar-me mais alguns exemplos para que eu possa ver o quanto está difundida essa crença?
CRENÇAS INTERMEDIÁRIAS
Obtendo diretamente uma regra ou atitude
T: Então, é bastante importante para você sair-se realmente bem no seu trabalho voluntário?
P: Sim...
T: Você lembra que nós conversamos sobre esse tipo de coisa antes: ter que fazer as coisas muito bem?
Você tem uma regra em relação a isso?
P: Oh... Eu não havia realmente pensado sobre isso...
E acho que eu tenho que fazer o que quer que faça realmente bem.
CRENÇAS INTERMEDIÁRIAS
Usando a técnica da flecha descendente (Burns, 1980)
1. Identifica-se o pensamento automático chave 2. Questiona-se o sentido dessa cognição...
SIGNIFICADO DOPENSAMEN
TO CRENÇA
INTERMEDIÁRIA CRENÇA CENTRAL
CRENÇAS INTERMEDIÁRIAS
Seta descendente
“Nunca conseguirei dar conta de cuidar dos meus filhos e do meu trabalho ao mesmo tempo” (PA)
“Eu deveria conseguir fazer isso por mim mesma” (Regra)
“É vergonhoso pedir ajuda” (Atitude)
“Se eu pedir ajuda as pessoas me acharão uma fraca” (Suposição)
Uma pessoa fraca é uma fracassada (Crença Central)
CRENÇAS INTERMEDIÁRIAS
Examinando os pensamentos
automáticos do paciente e procurando temas comuns
Revisando um questionário de crença preenchido pelo paciente
Pensamentos Automáticos
Coexistem com o fluxo de pensamentos manifestos
Experiência comum a todos nós
Às vezes estão inconscientes
São espontâneos
Pensamentos Automáticos
Usualmente são aceitos como verdadeiros, sem avaliação crítica
Se não monitorados, passam completamente despercebidos
São reconhecidos pela emoção
Associados com emoções específicas, consoante com seu conteúdo e significado
Pensamentos Automáticos
Breves, rápidos e fugazes
Comumente “abreviados”
(“Oh... não...”), M. teve uma imagem de si mesma na“berlinda”, em sala de aula, com os colegas gargalhando de seu rosto
ruborizado (ao ser questionada pelo professor)
Forma verbal ou como imagens
Pensamentos Automáticos
Pode-se avaliá-los quanto à sua validade e/ou utilidade
Pode-se aprender a identificá-los
Questionando dos pensamentos
automáticos na sessão terapêutica
Qual é a evidência a favor ou contra?
O que comprova esta idéia?
O que contraria esta idéia?
Há uma explicação alternativa?
O que de pior poderia acontecer?
Eu sobreviveria a isso?
E o que de melhor poderia acontecer?
Qual é o resultado mais realista?
Questionando dos pensamentos
automáticos na sessão terapêutica
O que posso fazer a respeito disso?
Qual é o efeito de eu acreditar neste pensamento?
Qual poderia ser o efeito de eu modificar meu pensamento?
Se ________ estivesse nessa situação, o que eu falaria para ele?
Estratégias de Enfrentamento Compensatórias
Quais são as estratégias
comportamentais que o paciente desenvolveu para enfrentar a sua
crença central?
ESTRATÉGIAS COMPENSATÓRIAS TÍPICAS
(Beck, J., 1997)Evita emoção negativa Exibe intensas emoções (por exemplo, para atrair atenção)
Tenta ser perfeito Propositalmente demonstra-se incompetente ou desamparado É exageradamente responsável Evita responsabilidade
Evita intimidade Busca intimidade inadequada Busca reconhecimento Evita atenção
Evita confronto Provoca outros
Tenta controlar as situações Abdica do controle para outros Age de forma infantil Age de forma autoritária
Tenta agradar os outros Distancia-se dos outros ou tenta agradar apenas a si mesmo
QUESTIONAMENTO SOCRÁTICO
“A maior premissa da terapia cognitiva é conversar sobre dados objetivos, e não convencer o paciente através da força dos argumentos”
(Beck e Cols, 1979)
Questionamento sistemático, orientado para a descoberta
Estimula exame, ponderação, avaliação e síntese de diversas fontes de informação Objetivo é a avaliação independente e
racional dos problemas e de suas soluções Utilizado para trazer informações à
consciência do paciente Não corrige respostas
QUESTIONAMENTO SOCRÁTICO
QUESTIONAMENTO SOCRÁTICO
Forte impacto sobre a organização cognitiva do paciente
Toma tempo e requer paciência
Ensina o paciente sobre como “aprender a aprender”
Converte o sofrimento psíquico em auto- exploração inquisitiva
Progride do questionamento orientado para o insight para um questionamento orientado para a mudança