• Nenhum resultado encontrado

EM LISBOA: COLÓQUIO SOBRE AS REDES SOCIAIS NUMA DEMOCRACIA LIBERAL (COM GALERIA DE FOTOS)

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "EM LISBOA: COLÓQUIO SOBRE AS REDES SOCIAIS NUMA DEMOCRACIA LIBERAL (COM GALERIA DE FOTOS)"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

N20120229n

EM LISBOA: COLÓQUIO SOBRE “AS REDES SOCIAIS NUMA DEMOCRACIA LIBERAL”

(COM GALERIA DE FOTOS)

A 29 de Fevereiro de 2012, Mendes Bota interveio na sessão de abertura do colóquio subordinado ao tema “O social no século XXI – As redes sociais numa democracia liberal”, organizado pela Associação dos ex-Deputados à Assembleia da República (AEDAR), e que decorreu no auditório do Edifício Novo.

Eis o texto integral do discurso então proferido.

Intervenção do Presidente da Comissão para a Ética, a Cidadania e a Comunicação, Deputado Mendes Bota, na sessão de abertura do colóquio subordinado ao tema “O social no século XXI – As redes sociais numa democracia liberal”, organizado pela Associação dos Ex-Deputados à Assembleia da República

(AEDAR)

Lisboa, 29 de Fevereiro de 2012

Apresento, desde já, os meus cumprimentos a todos os presentes, com particular destaque para o Presidente da Direcção da Associação de Ex-Deputados. Dr.

Luís Barbosa, e demais membros da Direcção, da Assembleia Geral e do Conselho Fiscal da Associação.

E dou-vos as boas-vindas em nome de S. Exa. a Senhora Presidente da Assembleia da República.

Criada em 2003 por antigos deputados de vários partidos, a Associação de Ex- Deputados tem, entre outros, o nobre objetivo de contribuir para a valorização da Assembleia da República enquanto órgão de soberania e assim concorrer também para a promoção dos valores da democracia.

Nesta senda, é de saudar esta iniciativa de realizar um conjunto de fóruns dedicados ao Social no século XXI, onde já mereceu destaque o tema da Economia Social e hoje as Redes Sociais numa Democracia Liberal.

Num Estado de direito democrático como o nosso em que os partidos políticos concorrem para a organização e para a expressão da vontade popular, a sociedade civil, por várias razões, tem vindo a ter menos tempo e predisposição para uma participação ativa na vida pública e na vida política, dando origem a um cada vez maior distanciamento entre eleitores e eleitos.

Mas, simultânea e progressivamente, aumenta uma nova forma de participação política, baseada numa dinâmica de associação civil promovida pelas novas tecnologias. Os chats, os blogues e, sobretudo, as redes sociais como o Facebook, o Twitter ou o Myface, têm vindo a ser fontes crescentes de mobilização popular para intervenção em matérias de natureza política, económica, ética e social. Não pode, pois, ser ignorada a sua relevância na democracia participativa.

Esta forma de associação em rede, possibilitada pela internet, altera a própria dinâmica da participação política e da Democracia Liberal, pois, como defendia Alexis de Tocqueville, existe uma ligação natural entre associações civis e associações políticas.

As extraordinárias potencialidades de associação através das redes sociais podem e

devem originar um ressurgimento do empenhamento na coisa pública.

(2)

Parece, portanto, fundamental que, num universo cada vez maior de utilizadores, seja dado às redes sociais um papel socialmente útil. Estas não podem fechar-se em páginas de partilha de fotografias, eventos pessoais e desabafos individuais, nem podem ser uma mera montra de comentários que traduzem um desconhecimento da realidade política ou um certo analfabetismo democrático. Devem procurar ser antes fóruns de reflexão e debate sobre as preocupações da sociedade civil que conduzam à formação de opiniões e de vontades, impondo-se assim como importante instrumento da democracia participativa.

E devem ser utilizados por eleitores – para refletir sobre a organização social, económica e política em que vivem e participarem ativamente na sociedade - e por eleitos – numa tentativa de aproximação com a sociedade civil de contacto com o seu eleitorado, procurando conhecer os seus problemas e dar possíveis vias de solução para os mesmos e informando sobre as medidas e opções políticas que vão tomando ou pretendem tomar.

Merece referência, por exemplo, o facto de o Presidente dos E.U.A, Barack Obama ter lançado a sua recandidatura no Youtube e no site oficial da campanha através de um vídeo com testemunhos de americanos a falar sobre as suas expetativas políticas.

É preciso igualmente não esquecer que são as gerações mais jovens que utilizam preferencialmente estas novas formas de comunicação e associação, pelo que parece ser necessário refletir sobre a melhor forma de as envolver ativamente na vida pública e política através da utilização destes instrumentos.

Como dizia Karl Mannheim, sociólogo húngaro do início do século passado, “a juventude não é progressista nem conservadora por índole, porém é uma potencialidade pronta para qualquer nova oportunidade”. As redes sociais são essa nova oportunidade de procurar envolver os jovens que se mostram arredados da intervenção social e política na sociedade. Através desta nova forma de expressão talvez seja possível.

Experimentamos hoje uma mudança profunda no âmbito da tecnologia, economia, cultura, comunicação, política e da relação entre as pessoas.

A sociedade em rede, resultado dessa mudança, deixou de ser um futuro mais ou menos distante para se transformar no presente.

A Comunicação como chave de toda a atividade Humana sofreu ultimamente alterações irreversíveis. Fala-se em “revolução digital” com alteração das tecnologias da comunicação e do conceito de emissor-recetor e de todo o caminho da intermediação da mensagem.

As redes sociais têm provado ser um enorme catalisador que tem conduzido a uma nova era de profundas mudanças sociais e políticas, como as que ocorreram no mundo árabe. Mais recentemente, é a população europeia, que se mobiliza e organiza através das redes sociais, mais fortemente, em Espanha com o movimento

«Democracia Real Já», mas também já iniciado em outros países, como é o caso de Portugal, Itália, França, Alemanha.

Assim, as redes sociais têm-se constituído como um novo espaço público da organização, mobilização, reivindicação e fortalecimento dos processos de cidadania, da procura da garantia dos direitos, esquecidos, ou nunca adquiridos na prática.

Se uma primeira noção de espaço público remetia para o modelo histórico da esfera

pública representativa, entendida como cena de visibilidade em que as coisas aparecem,

se com as Luzes e especificamente com Kant, a noção de vida pública passa a associar-

(3)

absoluto, surgem agora de diferente forma, sobretudo, em relação ao lugar de formação das opiniões e das vontades políticas, que é o garante a legitimidade do poder.

As redes horizontais de comunicação típicas da Internet e do wireless oferecem aos movimentos sociais oportunidades de grande mobilização e auto-organização, a partir do momento que a Internet e o wireless rompem definitivamente o monopólio da comunicação filtrada. Mesmo que os mensageiros possam ser identificados, as mensagens seguem em frente pelo seu caminho. O mundo em que vivemos é caracterizado por um fluxo em grande parte livre de comunicação.

Manuel Castells, sociólogo espanhol, especialista no estudo da sociedade de informação, fala de tecnologias horizontais de “autocomunicação de massa” – como o próprio autor explica, a Internet favorece os movimentos populares e uma expressão mais livre da sociedade, deixando de lado o establishment político. A Internet garante a comunicação livre, mas os conteúdos dessa liberdade dependem dos atores sociais.

Se aqui reside uma das grandes potencialidades das redes para a vivência da cidadania crítica e participativa, existem também desvantagens apontadas por outros especialistas, como é o caso do sociólogo francês Dominique Wolton que defende que a internet não serve para a constituição da democracia: "Só funciona para formar comunidades" -em que todos partilham interesses comuns-, "e não sociedades" - onde é preciso conviver com as diferenças. Falando da "comunicação como a grande questão do século 21", o sociólogo afirma que vivemos hoje sob a ameaça da "solidão interativa".

Há, por isso, quem defenda uma necessidade de um equilíbrio entre os velhos poderes mediáticos (comunicação de massa, entretenimento, sociedade de telecomunicações, produções televisivas etc.) e as novas possibilidades oferecidas pelas redes sociais.

Numa altura de grave crise política, é essencial a reconstituição da política a partir das suas bases e isso pode ser melhor conseguido através da conjunção entre as comunicações horizontais entre os indivíduos e os media tradicionais. (Não se pode aqui esquecer, no entanto, as diferenças entre quem está conectado e quem não está e das práticas de utilização que dela se fazem).

Neste pressuposto de sensibilização para o tema, o Parlamento dos Jovens, iniciativa promovida pela Assembleia da República, é este ano dedicado às Redes Sociais. A Sessão Nacional do Ensino Básico, que terá lugar nos dias 8 e 9 de Maio de 2012, será dedicada ao tema “Redes Sociais: Combate à Discriminação” e a Sessão Nacional do Ensino Secundário, que terá lugar nos dias 28 e 29 de Maio de 2012, será dedicada ao tema “Redes Sociais: Participação e Cidadania”.

É igualmente de salientar que a Assembleia da República tem promovido o aproveitamento das novas tecnologias como forma de aproximação com a sociedade civil e ainda ontem uma Comissão Parlamentar - a Comissão de Educação, Ciência e Cultura - realizou até uma audição com um peticionante através do SKYPE.

Mas um Parlamento terá ainda um papel fundamental na sua competência de excelência:

legislar. Numa matéria ainda por explorar nesta dimensão, cabe-nos a todos refletir sobre o seu papel, os seus objetivos e os seus fins e criar um quadro normativo que os regulamente.

Espero que o fórum desta manhã permita um debate profícuo e que abra horizontes para

esta nova realidade cheia de potencialidades ao serviço da democracia.

(4)
(5)

Referências

Documentos relacionados

177 Em relação às funções sintáticas desempenhadas pelas estruturas inalienáveis, da mesma forma como acontece para os tipos de estruturas inalienáveis, é curioso o fato de que,

The challenge, therefore, is not methodological - not that this is not relevant - but the challenge is to understand school institutions and knowledge (school

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo teve como propósito apresentar o interesse de graduados do curso de Arquivologia, em relação à publicação de seus TCC’s após o término do

Desenvolver gelado comestível a partir da polpa de jaca liofilizada; avaliar a qualidade microbiológica dos produtos desenvolvidos; Caracterizar do ponto de

A solução, inicialmente vermelha tornou-se gradativamente marrom, e o sólido marrom escuro obtido foi filtrado, lavado várias vezes com etanol, éter etílico anidro e

Este trabalho apresenta a campanha de lançamento do Home Theater Toshiba em Manaus, bem como a promoção “Compartilhe, curta e ganhe SEMP TOSHIBA”.. Destacamos que a campanha

de lôbo-guará (Chrysocyon brachyurus), a partir do cérebro e da glândula submaxilar em face das ino- culações em camundongos, cobaios e coelho e, também, pela presença

5 “A Teoria Pura do Direito é uma teoria do Direito positivo – do Direito positivo em geral, não de uma ordem jurídica especial” (KELSEN, Teoria pura do direito, p..