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ECLI:PT:TRE:2007: C

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ECLI:PT:TRE:2007:1563.06.2.9C

http://jurisprudencia.csm.org.pt/ecli/ECLI:PT:TRE:2007:1563.06.2.9C

Relator Nº do Documento

João Marques

Apenso Data do Acordão

18/01/2007

Data de decisão sumária Votação

unanimidade

Tribunal de recurso Processo de recurso

Data Recurso

Referência de processo de recurso Nivel de acesso Público

Meio Processual Decisão

Apelação Cível revogada a sentença

Indicações eventuais Área Temática

Referencias Internacionais

Jurisprudência Nacional

Legislação Comunitária

Legislação Estrangeira

Descritores má fé;

(2)

Sumário:

Se o réu liquidou o valor integral duma factura, onde está incluído o IVA e o autor instaura acção reclamando a falta de liquidação da verba correspondente a tal imposto, litiga de má fé.

Decisão Integral:

*

PROCESSO Nº 1563/06

ACORDAM NO TRIBUNAL DA RELAÇÃO DE ÉVORA

*“A” propôs acção declarativa de condenação, com processo sumário, contra “B” e mulher “C”, todos melhor identificados nos autos, pedindo a condenação destes a pagarem o IVA, no montante de 1.998.909$00 (€ 9.970,52) bem como os juros vincendos à taxa legal de 12%, desde a citação até integral pagamento.

Alega, resumidamente, que lhe encomendaram a construção de uma moradia, que intentou contra os RR. uma acção por incumprimento do contrato de empreitada, a que coube o n° …, do 2° Juízo de mesmo tribunal, onde não peticionou o reembolso do IVA que os RR. deviam suportar sobre o valor global do custo da obra, tendo apenas peticionado o IVA sobre o valor alegadamente em dívida, sendo que suportou o pagamento dos referidos 1.998.909$00 sobre o valor, declarado para o efeito, de 13.757.200$00 que deviam ficar a cargo dos RR.

Os RR. contestaram alegando terem pago na totalidade da factura referida pelo A. na referida quantia de 13.757.200$00, dos quais 1.998.909$00, que aliás, é cópia da apresentada pelo A. na acção por alegado incumprimento, terminando por pedir a sua absolvição e a condenação do A.

como litigante de má fé, além do mais, na indemnização de € 750.

O A. respondeu à excepção de pagamento no sentido da respectiva improcedência, concluindo como na p.i.

Após a requisição, a título devolutivo, da referida acção n° …, foi proferido o despacho de fls. 45-47, decretando a suspensão da instância até que se mostrasse decidido o recurso naquela interposto.

À vista do acórdão fotocopiado a fls. 56-67 e de cópia da sentença proferida na 1ª instância, foi convocada uma tentativa de conciliação, que se frustrou, como se alcança da acta de fls. 115.

Foi, depois, proferido saneador-sentença condenando os RR. no pagamento ao A. do IVA no valor peticionado, acrescido de juros de mora, desde a citação até integral reembolso às taxas

sucessivas de 12%, até 30/09/2004, 9,01 % desde 01.10.2004 a 31.12.2004, 9,09% desde

01.01.2005 (há evidente lapso ao referir-se, repetindo, 01.10.2004) a 30.06.2005 e 9,05/% desde 01.07.2005.

Mais considerou não verificada a litigância de má fé do A.

Inconformados, interpuseram os RR. o presente recurso, em cuja alegação formulam as seguintes conclusões úteis:

- Os apelantes, conforme confissão expressa do A. no art° 4° da petição que originou a acção n°

…, pagaram-lhe oportunamente a factura n° 91, na sua totalidade.

- Afirmou o A. no referido art° 4° da supra aludida petição: "Os ora RR. efectuaram o pagamento de esc. 13.757.200$00, € 68.620,62, conforme se pode verificar pelos recibos que se juntam, Docs.

Nºs 2° a 9°, cujo teor se dá por inteiramente reproduzido" .

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- Ora, o referido doc. n° 9 é o duplicado da factura n° 91, de 12 de Outubro de 2001, precisamente a junta com a petição inicial da presente acção, como doc. n° 1, a fls. 5, conforme se vê pelo doc.

de fls. 24.

- Conforme resulta da factura n° 91, o A. facturou materiais e mão de obra no valor total de 11.758.291$00 e sobre este montante fez incidir o IVA à taxa de 17% - 1.998.909$00- donde o valor global de 13.757.200$00.

- Como assim, o facto assente sob a al. F) da acção n° … do 2° Juízo- de que os apelantes fizeram ao A. um pagamento de 13.757.200$00 - tem a sua razão de ser no alegado pelo A. no art° 4° da respectiva petição e no doc. nº 9 com ela junto pelo A., donde claramente se infere que o

pagamento da totalidade da factura n° 91 correspondeu ao pagamento de 11.758.291$00,

facturados a título da materiais e mão de obra e de 1.998.909$00 a título de IVA, incidente sobre o valor dos materiais e mão de obra.

- Foi citada, várias vezes, na sentença recorrida, a douta sentença proferida na acção ordinária n°

…, nomeadamente o seguinte passo: "Caso ao Autor tivesse pedido o reembolso do IVA sobre o valor global da empreitada teria, pois, um crédito a seu favor no valor de 2.379.719$00. Mais se dirá que esse pagamento também só seria devido caso o Autor tivesse demonstrado ter ele pago essa importância relativa ao IVA, o que não aconteceu. "

- Só que, na decisão recorrida, não se valorou devidamente o último segmento do passo acima transcrito.

- O A. não emitiu qualquer factura, a não ser a n° 91, pelo que não há evidência de outro qualquer montante de IVA, que o A. estivesse obrigado a enviar para os Serviços do IVA e, obviamente, a reclamar aos apelantes o seu reembolso.

- Entender em contrário, equivaleria a atribuir ao A. - para mais infractor confesso de legislação fiscal - o direito de cobrar e arrecadar, em proveito próprio, um imposto que é receita do Estado.

- Bem sabia o A. que só poderia reclamar o reembolso do IVA revelado em factura e que,

relativamente à empreitada, o A. emitiu uma única factura - a n° 91 - que os ora apelantes pagaram oportunamente na totalidade.

- Ao reclamar o pagamento de parte de uma factura que o próprio A., na petição inicial da acção nº

…, confessara integralmente paga, o A. está manifestamente a litigar de má fé, já que, dolosamente, deduz pretensão cuja falta de pagamento não ignorava - art° 456°,2, a) do CPC.

- Deve, por isso o A. como tal ser condenado, em indemnização aos apelantes, a qual, para a cobertura das despesas a que a má fé deu lugar - honorários do mandatário forense e gastos em deslocações ao respectivo escritório em dias úteis, com a consequente perda de várias horas de trabalho, deve ser fixada em € 750.

- A sentença recorrida violou o disposto nos art°s 762°, n° 1 do CC e 456°, n° 2, a) do CPC, pelo que se impõe a sua revogação.

O A. contra-alegou pugnando pela confirmação da decisão recorrida.

Depois de resolvidas questões suscitadas em virtude de o A. ter requerido prestação de caução, foi ordenada a subida dos autos, tendo o Exmo Relator inicial, após o despacho preliminar e colhidos os vistos legais, ordenado a junção de certidão da petição inicial, da contestação e dos documentos que acompanharam as referidas peças no processo n° …

Cumprindo então apreciar e decidir, vejamos a factualidade que foi dada como assente na decisão

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recorrida:

1 – “A” intentou contra os réus “B” e mulher “C”, acção declarativa de condenação, com processo ordinário a qual correu termos pelo 2° Juízo do Tribunal Judicial da Comarca de …, pedindo:

a) A condenação dos RR. a reconhecerem o seu incumprimento do contrato de empreitada que celebraram com o autor, por falta de pagamento do remanescente do preço;

b) A condenação do RR. a pagarem ao autor parte do preço em dívida no valor de € 38.550,32 (Esc 7.728.645$00), acrescida de IVA à taxa legal de 17%, o que perfaz o valor global de € 45.104,17 (Esc. 9.042.575$00);

c) A condenação dos RR. no pagamento a favor do autor dos juros vincendos á taxa legal de 12%

desde a citação até integral pagamento.

2 - Os RR. contestaram a acção alegando em síntese que o deve e o haver entre o autor e os RR.

é o seguinte:

- Preço da empreitada + trabalhos adicionais + IVA = Esc. 18.752.760$00 (€ 93.538,38);

- Entregas por conta + custos suportados pelos RR. e a abater = Esc. 18.110.757$00 (€ 90.336,08);

- Donde resulta um saldo a favor do autor de esc. 642.003$00 (€ 3.202,30);

- Concluíram pedindo a procedência parcial da acção de acordo com as contas que apresentaram, mais pedindo a condenação do autor, como litigante de má fé, na indemnização de € 750 a deu favor.

3 - Foi proferida sentença que decidiu absolver os RR. do pedido que contra eles foi deduzido pelo autor e julgou verificada a existência de litigância de má fé por parte do autor e, consequentemente, condenou o autor na multa de 3 Uc e, ainda, em indemnização a favor dos RR. no valor de € 750.

4 – Inconformado, o autor interpôs recurso para o Tribunal da Relação de Évora, o qual, por acórdão de …, deu parcial provimento à apelação, alterando a resposta ao quesito 5° da base instrutória.

5 - Nessa sequência, por sentença proferida em 1ª instância em 12.01.2005, a qual foi

posteriormente rectificada por despacho de 14/03/2005, foi julgada parcialmente procedente a acção e, nessa conformidade, foram os RR. condenados a pagar ao autor a quantia de 648,23 euros, acrescida de juros vincendos à taxa legal, desde a data da citação até integral pagamento e no montante do valor das tintas utilizadas na pintura da habitação, cuja liquidação foi relegada para execução de sentença, tendo os RR. sido absolvidos do restante pedido contra si deduzido.

6 - Nesta sentença foi dado como provado que:

I - Em Junho ou Julho de 2000, os réus encomendaram ao autor a construção de uma moradia, no

…, em …, tendo o autor apresentado um orçamento de 14.230.000$00 (€ 70.978,94), acrescido de IVA, com as demais condições que constam de fls. 43/44, nomeadamente:

a) prazo de conclusão "se não houver problemas com o tempo ou com a Câmara ou por motivos de força maior doenças ou outras eventualidades", a contar do início da obra, de 180 dias.

b) pagamento de todo o material que faça parte da construção a cargo do A.com:

b 1) portas interiores ao preço de 30.000$00 cada;

b 2) janelas exteriores com portadas;

b 3) chão da casa à escolha dos réus, até ao valor de 1.900$00/m2;

b 4) azulejos de cozinha e casas de banho até 2 metros de altura, à escolha dos réus, até ao valor de 1.800$00/m2;

b 5) conjuntos de louça de casa de banho, à escolha dos réus, até 65.000$00/conjunto;

b 6) conjuntos torneiras e casa de banho, à escolha dos réus, até 25.000$00/conjunto

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b 7) dois roupeiros, à escolha dos réus, até ao valor de 180.000$00 cada.

II - Os réus aceitaram tal orçamento e adjudicaram a obra ao autor.

III - O autor iniciou a construção da moradia, nomeadamente as fundações e prosseguiu tal construção, tendo em vista a construção de uma área bruta de 145,80 m2 e sótão de 72,07 m2, que efectivamente construiu, e em cumprimento da memória descritiva que consta de fls. 44/45, que os réus entregaram.

IV - Os réus solicitaram ao autor a realização de obras adicionais, não incluídas no orçamento e preço, sendo:

a) muros, no valor de pelo menos 1.200.000$00 (€ 5.958,57);

b) chão da rua no valor de 345.000$00 (€ 1.720,85);

c) casa da piscina, no valor de 163.000$00 (€ 813,92);

d) móveis de cozinha (muretes) no valor de 90.000$00 (€ 448,92) - tudo no valor global de 1.798.000$00 (€ 8.968,39).

V - Os réus suportaram directamente com a obra os seguintes custos:

a) Portas, no valor de 1.500.000$00 (€ 7.481,97);

b) Janelas do sótão, no valor de 213.759$00 (€ 1.066,23);

c) Conjunto de torneiras, no valor de 50.000$00 (€ 249,40);

d) Azulejos de cozinha, no valor de 45.000$00 (€ 224,46):

e) Chão para os quartos, no valor de 54.000$00 /€ 269,35);

f) Dois roupeiros, no valor de 360.000$00 (€ 1.795,67);

g) Uma porta, no valor de 15.000$00 (€ 74,82);

h) Louças para casa de banho, no valor de 25.400$00 ( € 126,69) para pagamento de material incluído no orçamento pelo que ao preço referido em I há a descontar Esc. 2.263.159$00 ( € 11.288,59).

VI - Do preço acordado e referido em I os réus já pagaram a quantia de esc. 13.757.200$00 (€

68.620,62).

VII - Apenas na parte final da construção da obra, após deslocação de um fiscal da Câmara Municipal de à mesma, teve o· autor consciência da existência de dois projectos/memórias descritivas para a obra, com diferença de 41,40 m2.

VIII - Os réus pediram ao autor, para além do orçamento por este ... (há aqui omissão de uma palavra, que já vem da sentença que se cita na decisão recorrida) a colocação dos fios condutores destinados á instalação de alarmes, que montou em 120.000$00, a pintura da habitação com a qual o autor suportou a importância de 355.000$00 relativa à mão de obra, a que acresce o valor das tintas.

IX - Quando elaborou o orçamento e iniciou a obra, o autor não tinha sequer conhecimento da existência do projecto/memória descritiva com área de 104,40 m2.

X - Foram os RR. que compraram e pagaram os alarmes.

XI - Quando o autor abandonou a obra, faltava colocar o chão dos quartos, as louças da casa de banho e os roupeiros, bem como a "rua" em redor da moradia e no seu exterior.

XII - As portadas das janelas exteriores referidas em I. b 2), foram pagas pelos réus e importaram numa despesa para estes de € 4.594,59.

XIII - Para além do referido em V. e), os réus adquiriram e pagaram o restante chão da casa, com área de 40 m2 (perfazendo 94 m2) que no valor do orçamento representava a parcela, para os 94 m2, de Esc. 178.600$00 (€ 890, 85).

XIV - Os réus pagaram, ainda, a mão-de-obra de colocação dos 94 m2 de pavimento e rodapés,

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com colas incluídas, no valor de € 3.639,52, IVA incluído.

XV - Os conjuntos de torneiras previstos na obra eram três, que os réus compraram e pagaram, tendo, a esse título, a descontar a quantia de Esc. 75.000$00 (€ 374,10).

XVI - Os conjuntos louças de casa de banho previstos na obra eram três, que os réus compraram e pagaram, tendo, a esse título, a descontar no preço orçamentado Esc. 195.000$00 (€ 972,66).

7 - Da fundamentação da sentença, para além do mais, consta que:

- A obra foi orçada em Esc. 14.230.000$00 (€ 70.978,94), acrescidos de IVA.

- Os réus solicitaram ao autor a realização de obras adicionais (muros, chão da rua, casa da piscina e móveis de cozinha) não incluídos no orçamento e preço, obras estas que importaram num custo global, para o autor, de Esc 1.798.000$00.

- O custo total da obra importou, pois, em Esc. 16.028.000$00 (€ 79.947,33).

- Os réus pagaram por conta do preço a verba de Esc 13.757.200$00 (€ 68.620,62) e suportaram directamente os custos referentes a materiais e mão de obra orçamentados pelo autor no valor global de Esc. 1,898.909$30 (€ 9.471,72).

-Do custo da obra os réus pagaram, pois, a importância global de Esc. 15.656.108$70 (€ 78.092,34) -13.757.200$00+1.898.908$70 - a que acresce a verba de Esc 716.933$65 (€ 3.576,06) entregue ao autor no decurso do processo, pelo que a importância total a pagar pelos réus é de Esc.

16.373.041$00 (€ 81.668,38).

- Do confronto do custo total da obra, Esc. 16.028.000$00 (€ 79.947,33) com o preço pago pelos réus, Esc. 16.373.041$00 ( € 81.668,38), resulta um saldo credor a favor destes de Esc.

345.041$00 ( € 1.721,06), sendo certo que neste saldo não está contabilizado o IVA que os réus deviam suportar sobre o valor global do custo da obra, ou seja a importância de 2.724.760$00 (€

13.591,05).

- Caso o autor tivesse pedido o reembolso do IVA sobre o valor global da empreitada teria, pois, um crédito a seu favor no valor de 2.379.719$00 (€ 11.869,99), mas não o fez, na medida em que o peticionou sobre um saldo de que se dizia ser credor e que não resultou apurado e, nesta medida, o tribunal não pode condenar os réus em tal pagamento.

- Mais se dirá que esse pagamento também só seria devido caso o autor tivesse demonstrado ter, ele próprio, pago essa importância relativa ao IVA, o que não aconteceu.

- Em face do exposto, o pedido do autor terá que improceder, com excepção dos montantes relativos á colocação de alarmes e mão de obra com a pintura da habitação, no montante de 120.000$00 e 355.000$00, respectivamente, e ainda no montante do valor das tintas que se vier a apurar em sede de liquidação de sentença, nos termos do art° 661°, n° 2 do C. P.Civil.

8 - O autor declarou, para efeitos de IVA, o valor de Esc. 13.757.200$00, respeitando Esc. 1.998.909$00 (€ 9.970,52) a IVA.

9 - Pelo que o autor pagou o valor de Esc. 1.998.909$00 (€ 9.970,52).

Vejamos então.

Sendo certo que as vicissitudes do contrato de empreitada celebrado entre o A. e os RR, já haviam sido discutidas na acção n° … e que na presente apenas se discutia se o A. era ou não credor dos RR. pelo montante do IVA correspondente ao respectivo preço, a douta decisão recorrida, salvo o devido respeito, demorou-se no supérfluo e não abordou convenientemente a questão essencial.

Com efeito, perante o thema decidendum, não se vê o propósito de tão longa explanação sobre as características do contrato de empreitada, os seus efeitos essenciais, as obrigações de cada uma das partes, os modos de inexecução de uma obrigação, a mora no cumprimento, etc., quando o

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que essencialmente se impunha era indagar sobre se os RR. pagaram ou não ao A. o IVA sobre o custo das obras que ele lhes facturou.

Ora, independentemente do preço global e real da empreitada referente às obras que o A. realizou para os RR. na respectiva execução, resulta dos autos que a única factura às mesmas referente é a que ele próprio apresentou com a p,i desta acção (v. fls 5), no montante global de 13.757,200$00 (€ 68.200), assim discriminado:

- material... 4.704.291 $00 - mão de obra 7.054.000$00 - soma 11.758.291$00 - IVA 1.998.909$00.

- Total 13.757.200$00

Consta, entretanto, da sentença proferida na acção n° …, além do mais, que o preço global da obra foi de 16.028.000$00 e que os RR. pagaram, por conta do mesmo, além do mais, precisamente aquela quantia de 13.757.200$00.

De modo que o que daqui se pode deduzir é que, unilateralmente, ou conluiado com os RR., quiçá na mira de pagarem menos IVA, o custo total efectivamente facturado pelo A. foi o de

13.757.200$00 e que, como não correspondia ao custo real e se considerava credor dos RR. do excesso, que eles não teriam pago, tentou cobrá-lo através da referida acção.

Mas a verdade, clara, nua e crua e que transparece da factura, é a de que nos referidos 13.757.200$00 estão incluídos 1.998.909$00 de IVA, com o que se conclui que se os RR. a

pagaram na totalidade, também pagaram a referida fracção correspondente ao imposto. E, como se vê dos documentos de fls.6 e 7, o A. declarou ao fisco, em 11.02.02 (a factura fora emitida em 12.10.2001), como imposto a favor do Estado, precisamente o correspondente em euros àquela quantia de IVA, ou seja, € 9.970,52.

Resumindo, o único IVA suportado pelo A. foi exactamente o que incluiu na factura em causa cujo valor total foi pago pelos RR.

Não se compreende, assim, face à clareza de tal documento, designadamente quando discrimina as verbas cuja soma se cifra nos aludidos 13.757.200$00, a afirmação contida na decisão recorrida de que na acção n° … não se provou que esta quantia incluísse o IVA. É que, na verdade, a

consideração dos factos dados como provados na sentença ali proferida, não podia postergar também aqueles que nos presentes autos resultam de documentos, no contexto do n° 3 do act 659° do C. P. Civil.

Ademais, se para além do já pago pelos RR. outros montantes lhes fossem exigíveis a título de IVA, plena pertinência assume a afirmação contida naquela sentença de que só seriam devidos se o autor tivesse demonstrado tê-los ele próprio pago.

O que não aconteceu, para além do montante que previamente cobrou aos RR.

Em resumo, o A. veio exigir nesta acção precisamente aquela quantia de 1.998.909$00, convertida no correspondente em euros (€ 9.970,52), comprovadamente paga pelos RR. porque incluída no montante de 13.757.200$00, e que foi a que liquidou junto do fisco.

Tendo deduzido, assim, pretensão cuja falta de pagamento não podia ignorar, evidente se toma a sua litigância de má fé, no contexto do act° 456° n° 1 e 2 ,al. a) do CPC, com o que assiste razão aos RR. quando na conclusão 15a da sua alegação impetram a inerente condenação,

designadamente em indemnização a seu favor, questão obviamente submetida ao contraditório e que, por isso mesmo, pode já ser decidida, excepto quanto ao exacto montante da referida

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indemnização.

Por todo o exposto e sem necessidade de mais considerandos, na procedência da excepção de pagamento e consequentemente da apelação, revogam a sentença recorrida, absolvendo os RR.

do pedido.

Mais condenam o Autor, como litigante de má fé, na multa de 5 Uc's (art° 1020, n° 2 aLa) do CCJ) e em indemnização a favor dos RR. em montante a liquidar cumprido que seja o disposto no n° 2 do art° 457 do CPC e dentro do limite ( € 750) peticionado.

Custas pelo Autor.

Évora, 18 de Janeiro 2007

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