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RECURSO EXTRAORDINÁRIO DE REVISÃO FALTA MANDATO

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Tribunal da Relação do Porto Processo nº 1242-L/1998.P1 Relator: PINTO DE ALMEIDA Sessão: 07 Outubro 2010

Número: RP201010071242-L/1998.P1 Votação: UNANIMIDADE

Meio Processual: AGRAVO.

Decisão: NEGADO PROVIMENTO.

RECURSO EXTRAORDINÁRIO DE REVISÃO FALTA MANDATO

CONFISSÃO FICTA

Sumário

I – A falta de mandato não constitui fundamento autónomo de revisão.

II – A eventual invalidade da confissão ficta não é subsumível na previsão do art. 771º, al. d) do CPC.

Texto Integral

Proc. nº 1242-L/1998.P1 – .º Vara Cível do Porto Rel. F. Pinto de Almeida (R. 1230)

Adj. Des. Teles de Menezes; Des. Mário Fernandes Acordam no Tribunal da Relação do Porto:

I.

B………., réu na acção declarativa de condenação com processo ordinário apensa, movida por C………. e mulher, D………., veio interpor o presente recurso extraordinário de revisão, pedindo que seja revogado o acórdão, transitado em julgado, proferido naqueles autos.

Como fundamento, alegou que o mandatário que constituiu para o representar na acção, tinha a inscrição suspensa na Ordem dos Advogados, o que só agora descobriu.

Esta representação forense irregular, só agora descoberta e documentada, tem como consequência a nulidade e pode servir de base ao presente recurso

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de revisão.

O documento que certifica a falta de inscrição da Ordem dos Advogados constitui documento novo, nunca considerado no debate da causa e implica um julgamento diferente da questão da validade da citação do réu nesta acção. Para além disso aquele advogado que constituiu, sofria de doença mental que não lhe permitia valorar os seus actos conforme relatório psiquiátrico que junta.

Entende o recorrente que a não representação do réu por advogado dá origem à revelia do réu, mas se este constituir mandatário, que não era advogado, sem lhe poderem ser assacadas culpas na escolha que fez, deve seguir-se, uma vez descoberta a irregularidade, o procedimento de regularização da

representação que a lei prevê, isto é, a constituição de um verdadeiro advogado e o seguimento do processo a partir daí.

Uma vez que isto não aconteceu e decisão da causa assentou numa confissão ficta, foi cometida uma nulidade insuprível, o que é motivo para revogação da sentença recorrida de revisão.

O recurso foi de imediato indeferido, nos termos do art. 774º nº 2 do CPC, por se considerar que não existe motivo para a revisão.

Discordando desta decisão, dela interpôs recurso o Recorrente, tendo apresentado as seguintes

Conclusões:

a) Na 1ª instância foi considerado o R. revel por não ter sido apresentada a contestação no tempo assinado pela lei e, efeito desta revelia, viria a ser, depois, a condenação do recorrente.

b) Foi, na verdade, o que decidiu o Tribunal da Relação do Porto na sequência de o STJ ter revogado a decisão das instâncias de não ter o usufrutuário A. direito de indemnização dos danos da raiz.

c) Tal julgamento baseou-se, portanto, numa confissão ficta do R.

d) Mas tinha sido suscitado, pela defesa, a nulidade da citação, por anomalia psíquica do citando.

e) Defesa que foi entregue pelo recorrente ao dr. E………., entretanto falecido, que sofria da pena disciplinar de suspensão, cominada pela Ordem do

Advogados.

f) Deste modo, a arguição da nulidade acima referida consubstanciou um acto de advocacia proibida - correspondeu à prática do crime de usurpação de funções p.p. artº 358b. C Penal, da época.

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g) Não produziu quaisquer efeitos jurídicos, por isso mesmo e também, por maioria de razão, em face dos artºs 2, 17, 18/1, 20/2, 202/2 e 208 CRP. h) Ao mesmo tempo, a carência de advogado, contra a vontade explícita da parte, caracteriza uma nulidade insuprível de processo, em face de se constituir numa infracção da ordem dos direitos fundamentais, como acima vimos, do conhecimento oficioso e a todo o tempo: faz inflectir o rumo da causa, justamente na dominante de tornar incerta a decisão sobre a nulidade da citação arguida.

i) Com efeito, a peça não só tem de ser juridicamente tida como não escrita, quanto o recorrente também demonstrou a insanidade mental do dr. E………. naquela mesma ocasião, juntando ao requerimento de interposição do recurso de revisão documento médico competente nesse sentido.

j) Esta inflexão é argumento suficiente de previsibilidade de outra decisão final em sentido mais favorável à parte vencida, aqui, onde a lei não exige

quaisquer motivos necessários.

k) Estão assim cumpridos os requisitos do artº771c e, artº772/1.2d. CPC, devendo seguir o recurso da revisão até ser revogado o acórdão transitado, proferido há menos de 5 anos, enquanto os novos elementos documentais exibidos não excederam os 60 dias de data.

I) Sublinha-se que a decisão recorrida de não admissão do recurso de revisão aceitou a novidade documental, sem reservas.

m) Mas se for persistido na aplicação no artº40/1 CPC, na leitura que lhe foi dado pela 1ª Instância, o preceito é inconstitucional, por contrariar os

sobrecitados artºs. 2, 17, 18/1, 20/2, 202/2 e 208 CRP.

Vossas Excelências farão, pois, justiça, revogando o despacho crítico. Não foram apresentadas contra-alegações.

Após os vistos legais, cumpre decidir. II.

Questões a resolver:

No essencial, discute-se no recurso se o documento junto pelo Recorrente pode constituir fundamento de recurso de revisão da sentença proferida na acção principal.

No recurso suscita-se ainda a questão da constitucionalidade do art. 40º nº 1 do CPC, se interpretado no sentido em que o fez a decisão recorrida.

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A decisão recorrida assenta nos seguintes elementos de facto que decorrem do processo principal e dos documentos juntos:

- O réu constituiu mandatário para o representar neste processo, o Sr. Dr. E………., através da procuração junta a fls. 54, datada de 4 de Dezembro de 1998.

- Em 8 de Junho de 2001 o réu juntou aos autos nova procuração forense, desta vez outorgada a favor da Dra F………., datada de 4.6.2001, que se mostra junta a fls, 224, advogada que o tem patrocinado desde então.

- De acordo com a certidão emitida pela Ordem dos Advogados junta a fIs. 8 e 9, datada de 25.7.2008, o Sr. Dr. E………., em 27 de Abril de 1987 sofreu pena de suspensão por tempo indeterminado, mantendo-se a suspensão desde essa data, até que em 15.9.2002 foi-lhe aplicada pena de cancelamento da

inscrição. IV.

1. O recurso extraordinário de revisão reflecte o conflito que pode ocorrer entre as exigências de justiça e a necessidade de segurança e certeza: em certos casos, taxativamente indicados na lei, permite-se que, por razões de justiça, se impugnem decisões cobertas pelo caso julgado, com sacrifício, portanto, da intangibilidade deste.

São passíveis de revisão tanto as sentenças, como os acórdãos e os despachos [1].

No caso, o Recorrente assenta a revisão no disposto no art. 771º nº 1, als. c) e d) do CPC, deste teor:

A decisão transitada em julgado só pode ser objecto de revisão nos seguintes casos:

c) Quando se apresente documento de que a parte não tivesse conhecimento, ou de que não tivesse podido fazer uso, no processo em que foi proferida a decisão a rever e que, por si só, seja suficiente para modificar a decisão em sentido mais favorável à parte vencida;

d) Quando se verifique a nulidade ou anulabilidade da confissão, desistência ou transacção em que a decisão se fundasse.

2. No primeiro caso, a revisão depende destes requisitos:

- que se apresente documento novo, de que a parte não dispusesse nem tivesse conhecimento;

- que, por si só, o documento seja suficiente para modificar a decisão em sentido para si mais favorável.

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No caso sub judice, não se discute esse primeiro requisito, sobre a "novidade" do documento, tendo a decisão recorrida, no âmbito desta pronúncia inicial sobre a existência de fundamento para a revisão, admitido que a parte não tinha conhecimento da situação documentada na certidão ora junta para fundamentar o recurso de revisão, tal como alegou.

Quanto ao segundo requisito, exige-se, portanto, que o documento

apresentado seja suficiente, por si só, para modificar a decisão em sentido mais favorável para o recorrente. Ou seja, esse documento tem de ter a virtualidade bastante para, só através dele e sem recurso a novos elementos de prova, impor à causa uma solução diversa daquela que teve[2].

Os termos usados no preceito demonstram, como afirma Rodrigues Bastos[3], que "não preenche este fundamento a apresentação de documento com

interesse para a causa que, relacionado com outros elementos probatórios produzidos em juízo, fosse susceptível de determinar uma decisão mais favorável para o vencido; para servir de fundamento à revisão, é necessário que o documento, além do carácter de superveniência, faça prova de um facto inconciliável com a decisão a rever, isto é, que só por ele se verifique ter esta assentado numa errada averiguação de facto relevante para o julgamento de direito.

No mesmo sentido se pronuncia Alberto dos Reis[4]: "O magistrado, para julgar se o documento seja decisivo, deverá pô-lo em relação com o mérito da causa, deverá proceder ao exame do mérito e indagar qual teria sido o êxito da causa se o documento houvesse sido apresentado. Feito este exame, ou o magistrado se convence de que, se o documento estivesse no processo, a sentença teria sido diversa – e neste caso deve admitir a revogação; ou se convence de que, não obstante a produção do documento, a sentença teria sido a mesma, porque assenta sobre outras bases e está apoiada em razões independentes do documento – e neste caso deve repelir a revogação".

Acrescenta o mesmo Autor que a referida exigência legal sobre o documento obsta a que a este se atribua somente idoneidade para provocar a reabertura de novo período de instrução; "o documento há-de ser tal que crie um estado de facto diverso daquele sobre que assentou a sentença (…)".

Quer dizer, o novo documento deve ser de conteúdo tal que o juiz se persuada de que, nessa base, a solução justa teria sido outra, tendo, pois, subjacente a ideia de necessidade de um nexo de causalidade entre o documento novo e a injustiça da decisão[5].

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anulabilidade da confissão, desistência ou transacção (cfr. art. 301º nº 1 do CPC), como negócios de auto-composição do litígio em que a decisão se funda. Incluem-se aí as situações de invalidade por vício substancial[6], em que se exigia anteriormente decisão transitada em julgado sobre tal invalidade, mas que pode agora ser invocada directamente (e provada na fase rescindente), e, bem assim, os casos, de vício formal, previstos na anterior al. e) – nulidade dos referidos negócios, por violação dos arts. 37º (com intervenção de mandatário sem poderes especiais para o efeito ou de representante fora dos limites das suas atribuições ou sem autorização especial).

Estão assim em causa os aludidos negócios de auto-composição, nos quais não se inclui, naturalmente, a confissão ficta, decorrente da falta ou

extemporaneidade da contestação, que não pode ser atacada com o referido fundamento. Com efeito, a mesma decorre da não oposição do réu e de este não ter usado do princípio do contraditório e não em consequência de erro, dolo, coacção ou simulação[7].

Saliente-se que, como se prevê na al. e) do nº 1 do art. 771º, mesmo nos casos de revelia, só releva a que se traduz na falta absoluta de intervenção do réu e tem de ser acompanhada da falta ou nulidade da citação (pois só estas

impedem verdadeiramente o demandado de se defender[8]).

4. Na acção principal foi entendido que a contestação do réu foi apresentada fora do prazo legal para o efeito, vindo a ser considerados confessados os factos articulados pelos autores (art. 484º nº 1 do CPC).

O réu invocou a nulidade da citação efectuada, com fundamento em anomalia psíquica do citando, tendo constituído mandatário o Dr. E………., mas tal arguição foi indeferida.

Contudo, verificou agora o réu, através do documento novo junto, que o referido Sr. advogado se encontrava, na altura, a cumprir pena disciplinar de suspensão da inscrição na Ordem dos Advogados, estando assim impedido de exercer a advocacia.

Sustentou o Recorrente, no presente recurso de revisão, que, face a tal

situação, deveria proceder-se à regularização da representação na lide, o que implica a constituição de novo mandatário e o seguimento do processo a partir daí. Não se tendo procedido assim, vindo a decisão final a estribar-se numa confissão ficta, foi cometida nulidade processual insuprível.

Na decisão recorrida afirma-se que a situação referida traduz mera

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do CPC, mas arguível apenas pela parte contrária ou oficiosamente pelo Tribunal e enquanto a acção estivesse pendente. Portanto, o réu não teria legitimidade para a invocar e já não o poderia fazer (nem o Tribunal

oficiosamente) por o processo se encontrar findo.

De todo o modo, o réu veio regularizar em parte a situação, juntando nova procuração forense, apenas não tendo ratificado o processado. Daqui não advém qualquer consequência relevante, uma vez que, não tendo a

contestação sido admitida, se verificaria sempre (com ou sem ratificação) a cominação estabelecida no art. 484º nº 1 do CPC.

Com o devido respeito, o enquadramento acolhido na decisão recorrida não será inteiramente correcto.

É certo que, ao alegar a nulidade processual decorrente da situação irregular do Sr. advogado que contratara, o Recorrente situa a questão no âmbito da falta de mandato, legitimando que a argumentação da decisão recorrida se situasse nesse âmbito.

No entanto, para além de, para efeitos do recurso de revisão, se poder

perspectivar de modo diferente a questão a decidir, como se verá, a subsunção operada na decisão recorrida não será adequada. É que a situação exposta pelo recorrente não será, propriamente, de falta, insuficiência ou

irregularidade da procuração, que é a situação prevista no citado art. 40º[9]. Tendo o réu constituído como mandatário, juntando procuração forense ao processo, um Advogado com inscrição suspensa na Ordem dos Advogados, não há, por este motivo, naturalmente, falta, insuficiência ou irregularidade da procuração, mas sim falta de constituição de advogado, isto é, falta de mandato, prevista no art. 33º do CPC[10].

Como se diz no citado Acórdão de 08.07.2004, os preceitos referidos

contemplam campos de aplicação distintos: num (art. 33º), a parte não está representada por mandatário autorizado a exercer a advocacia e tudo se sana pela constituição de advogado feita dentro do prazo estabelecido pelo juiz; no outro (art. 40º), a parte está representada por mandatário autorizado a

exercer a advocacia, mas falta a procuração no processo ou a que foi junta é insuficiente ou irregular e tudo se sana pela ratificação do processado e pela junção de competente procuração dentro do prazo estabelecido.

A referida falta de mandato, prevista no art. 33º, é, assim, sanada pela junção aos autos de procuração a advogado habilitado, sem necessidade de

ratificação dos actos anteriormente praticados.

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junção de nova procuração em que foi conferido mandato à Dra. F………., em 04.01.2001.

5. Perspectivemos, porém, a questão suscitada pelo Recorrente, com o documento apresentado, face ao regime do recurso de revisão.

Existirá, como afirmámos, falta de mandato. Todavia, os fundamentos do

recurso de revisão são os taxativamente indicados no art. 771º do CPC e neles não se encontra a falta de mandato.

Por outro lado, importa considerar em que medida a situação exposta pode ter influído na decisão de mérito que veio a ser proferida.

Esta assentou na confissão ficta do réu, em consequência de apresentação extemporânea da contestação. Contudo, não se vê que essa apresentação tardia seja, de qualquer modo, efeito da falta de mandato ou da irregular intervenção do advogado escolhido pelo réu.

Este interveio, em representação do réu, no incidente em que foi invocada a nulidade da citação, mas a decisão que aí veio a ser proferida não foi

consequência dessa intervenção.

Mas, mesmo admitindo que o fosse e que, por qualquer razão, fosse de afastar a consequência da apresentação extemporânea da contestação – a confissão dos factos articulados pelos autores – nem assim esta situação satisfaria o segundo requisito do fundamento de revisão previsto na al. c) do nº 1 do art. 771º. É que, nessa hipótese, os factos da petição inicial não se teriam por confessados, mas é certo que daí não decorreria necessariamente que tivesse de ser adoptada decisão diferente quanto ao mérito e mais favorável ao réu. Quer dizer: não existe nexo de causalidade entre o documento novo

apresentado pelo Recorrente, que revela a indevida intervenção do Sr.

Advogado no processo, e a decisão de mérito que veio a ser proferida. Como acima se referiu, esse documento não tem virtualidade bastante para, só por si e sem recurso a outros elementos de prova, impor à causa uma solução

diversa daquela que teve e mais favorável ao réu.

Tanto basta, parece-nos, para concluir pela inviabilidade da revisão pretendida com o aludido fundamento.

6. No que respeita ao fundamento revisto na al. d) do nº 1 do art. 771º. Para além de tudo o que ficou referido – a respeito da sanação da falta de mandato, decorrente da indevida intervenção do Sr. Advogado, pela

constituição de novo mandatário, e da inidoneidade dessa irregular

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veio a ser considerada – que levaria a concluir pela validade dessa confissão, importa ter presente quais as situações abrangidas por este fundamento.

Estão aí incluídas, como se afirmou, os casos de invalidade do negócio de auto-composição do litígio – confissão, desistência e transacção; não a confissão ficta decorrente da falta de contestação, situação que não é equiparável a qualquer daqueles negócios, designadamente a confissão do pedido, não estando em causa também, evidentemente, um dos vícios, substancial ou formal, a que acima aludimos, susceptível de o invalidar.

Por conseguinte, não se verifica igualmente este fundamento de revisão. 7. Decorre do que ficou dito e em síntese que:

- A falta de mandato, que se reconheceu existir face à irregular intervenção do Sr. Advogado, não constitui fundamento autónomo de revisão;

- O documento apresentado pelo Recorrente – que no âmbito da decisão liminar se admitiu possuir a característica de "novidade" – não é, por si só, suficiente para conduzir a uma decisão diferente da que foi proferida e mais favorável ao réu; não integra, por isso, o fundamento da al. c) do nº 1 do art. 771º;

- A eventual invalidade da confissão ficta não seria subsumível na previsão do art. 771º nº 1 d), não ocorrendo também o fundamento de revisão aí indicado. Os preceitos constitucionais invocados pelo Recorrente visam, na perspectiva deste, qualificar os efeitos do acto de advocacia proibida praticado pelo

mandatário então constituído: infracção de direitos fundamentais de que decorre uma nulidade insuprível do processo.

Invoca ainda a inconstitucionalidade do art. 40º nº 1 do CPC, se interpretado no sentido preconizado na decisão recorrida.

Ora, na fundamentação que acima acolhemos não se fez aplicação desta norma do CPC.

Por outro lado, entendeu-se que a situação exposta integrava uma falta de mandato (como o próprio Recorrente também reconhece), que tem um regime adjectivo próprio, que não implica a invalidade dos actos anteriormente

praticados, nem a necessidade da sua ratificação.

Mas considerou-se, para além disso, que, de qualquer modo, essa falta não influiria na questão da revisão: mesmo a admitir-se a invalidade do acto praticado e a arredar-se a confissão ficta, daí não decorreria que devesse, a final, tomar-se decisão diferente, mais favorável ao réu.

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Sr. advogado visava a arguição da nulidade da citação; mas mesmo que esta fosse reconhecida, ela só relevaria, para efeitos de revisão, se ocorresse também revelia absoluta do réu (art. 771º nº 1 e)), o que não se verifica no caso.

Ou seja: se a nulidade da citação, neste caso, não releva para a revisão, também não pode relevar, autonomamente, a intervenção irregular do

advogado que visasse o reconhecimento dessa nulidade, nem evidentemente o documento que demonstrasse, tão só, essa irregularidade.

Fica assim cabalmente demonstrada também por esta via a inviabilidade dos fundamentos de revisão invocados.

Improcedem, por conseguinte, as conclusões do recurso, considerando-se prejudicada a questão da inconstitucionalidade invocada pelo Recorrente (art. 660º nº 2 do CPC).

V.

Em face do exposto, nega-se provimento ao agravo, confirmando-se a decisão recorrida.

Custas pelo agravante.

Porto, 7 de Outubro de 2010

Fernando Manuel Pinto de Almeida

Trajano A. Seabra Teles de Menezes e Melo Mário Manuel Baptista Fernandes

___________________

[1] Rodrigues Bastos, Notas ao CPC, Vol. III, 3ª ed., 317; Amâncio Ferreira, Manual dos recursos em Processo Civil, 4 ed., 333.

[2] Acórdão do STJ de 22.05.79, BMJ 287-244 (247).

[3] Ob. Cit., 319. Afirmando também que o documento tem de fazer prova de um facto inconciliável com a decisão a rever, Lebre de Freitas, CPC Anotado, Vol. 3º, 198.

[4] CPC Anotado, Vol. VI, 357, citando Salvatore La Rosa.

[5] Cândida Antunes Pires, O Recurso de Revisão em Processo Civil, em BMJ 134-212. Cfr. também o Acórdão do STJ de 22.01.98, BMJ 473-427 (436). [6] Cfr. Alberto dos Reis, Ob. Cit., 359.

[7] Neste sentido, Cândida Antunes Pires, Ob. Cit., 183 e 184. [8] Lebre de Freitas, Ob. Cit., 199.

(11)

e Figueiredo de Sousa, CPC Anotado e Comentado, 1º Vol., 365 e 368 e os Acórdãos do STJ de 11.10.2005, CJ STJ XIII, 3, 57 e da Rel. de Lisboa de 08.07.2004, em www.dgsi.pt.

[10] Neste sentido, o citado Acórdão da Relação de Lisboa de 08.07.2004 e Abílio Neto, CPC Anotado, 21ª ed., 120 (anotação 6ª ao art. 33º).

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