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Avaliação de políticas públicas de turismo a partir do estudo etnográfico entre trabalhadores informais da praia do Futuro em Fortaleza

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Academic year: 2018

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Avaliação de polít icas públicas de t urism o a part ir do est udo

et nográfico ent re t rabalhadores inform ais da Praia do Fut uro

em Fort aleza

1

Evaluat ion of public policies in t ourism from t he et hnographic

st udy of inform al workers in Praia do Fut uro in Fort aleza

Evaluat ion des polit iques publiques dans le t ourism e: l’ét ude

et hnographique des t ravailleurs du sect eur inform el à Praia

do Fut uro/ Fort aleza

Evaluación de polít icas públicas en el t urism o desde el est udio

et nográfico de los t rabaj adores inform ales en la Praia do

Fut uro en Fort aleza

I v o Luis Oliv eir a Silv a* Alcides Fer nando Gussi* *

* Mest r e em Av aliação de Polít icas Públicas pelo Mest r ado em Av aliação de Polít icas Públicas da Univ er sidade Fed er al d o Cear á ( Map p / UFC)

* * Hist oriador, m est re em Ant ropologia Social e dout or em Educação pela UNI CAMP. Professor do Depart am ent o de Econom ia Dom ést ica e do Mest rado em Avaliação de Polít icas Públicas da UFC. E- m ai: agussi@uol.com .br Re su m o: Est e art igo pret ende oferecer

sub-sídios para um a avaliação de polít icas públi-cas de t urism o no Ceará, considerando suas int erfaces com o m undo do t rabalho. Para t ant o, cent ra- se na invest igação das polít i-cas de t urism o na cidade de Fort aleza em dois m om ent os: o prim eiro, o da const rução hist órica das polít icas públicas de t urism o no Ceará; o segundo m om ent o apresent a os re-su l t a d o s d e u m a p e sq u i sa , d e ca r á t e r et nográfico, ent re os am bulant es da Praia do Fut uro que t eve com o int uit o invest igar com o esses realizam o seu t rabalho nesse espaço e const r oem suas r epr esent ações sobr e o m esm o. Com o conclusão, verificou- se que as polít icas de t urism o cearense não se art icu-lam às dem andas dos trabalhadores inform ais, reforçando a precariedade de seu t rabalho.

Pa la v r a s- ch a v e : t ur ism o, avaliação, polít

i-cas públii-cas, t r abalho, Pr aia do Fut ur o.

Abst r a ct : This art icle aim s t o provide

subsi-dies for an evaluat ion of public policies for t ourism in Ceará, considering t heir int erface wit h t he world of work. For t hat , it focuses on t he research of t ourism policies in t he cit y of For t aleza in t w o st ages: t h e fir st , t h e hist orical developm ent of public policies for t ourism in Ceará; t he second st age present s t he result s of a et hnographic, bet ween t he inform al t raders of Praia do Fut uro which had t he int ent ion t o invest igat e how t hey conduct t heir work in t his space and const ruct t heir represent at ions own. I n conclusion, it was found t hat t he t our ism policies Cear á not art iculat e t he dem ands of inform al workers, reinforcing t he precariousness of t heir work.

Keyw ords: t ourism , evaluat ion, public policy,

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I ntrodução

Es t e a r t i g o apresent a subsí-dios par a a um a av aliação das polít icas públicas de t ur ism o, consider ando as t r ansfor m ações cont em po-r âneas do m undo do t po-r abalho. Papo-r a t ant o, apr esent am os aqui inv est igação r ealizada cent r ada na av aliação das polít icas públicas de t ur ism o na cidade de For t aleza, apr esen-t ada aqui em dois m om enesen-t os: o prim eiro, em que r ealizam os a const r ução hist ór ica das polít icas públicas de t ur ism o no Cear á; no segundo m om ent o, apr esent am os os r esul-t ados de u m a pesqu isa de car áesul-t er eesul-t n o-gr áfico ent r e os t r abalhador es infor m ais da Pr aia do Fut ur o2. Com post a por um a ex t

en-sa ár ea lit or ânea, dividida com o Pr aia do Fu-t ur o I e I I , o seu Fu-t er r iFu-t ór io abr ange o Bair r o Ser v iluz ao Caça e Pesca, apr ox im adam ent e 7,5 k m de ex t ensão. Tal t er r it ór io est á sob j ur isdição da Secr et ar ia Ex ecut iv a da Regio-nal I I , na cidade de For t aleza. O m apa, abai-x o, apr esent a a v isualização do lugar.

Localização aér ea do lit or al de For t aleza. Fon t e: w w w . ear t h . g oog le. com . b r

Finalm ent e, nest e ar t igo, ar t iculam os es-ses dois m om ent os, com r eflex ões finais v i-sando av aliar em que m edida as polít icas de t ur ism o v êm per m it indo a inclusão social do segm ent o de t rabalhadores inform ais, visan-do t am bém ofer ecer subsídios par a a for m u-lação de fut ur as polít icas.

Par t im os do pr essupost o cent r al de que a at iv idade t u r íst ica est ar ia v olt ada par a a m er cant ilização do lugar, acuada pelo “ pr o-cesso de t ur ist ificação do espaço”, subm

e-t en do- se aos in e-t er esses do capie-t al e das polít icas neoliber ais, em det r im ent o do de-senv olv im ent o pr opr iam ent e dit o. Est e pr o-cesso sur ge com o um m eio de cr escim ent o e ex plor ação do t ur ism o e possui em sua di-nâm ica o pr ocesso de apr opr iação do espa-ço e a ex clusão da população local do pr o-cesso pr odut ivo e de “ par t icipação”, em que o t ur ism o faz uso dos pr ocessos de t r ans-for m ação dos t er r it ór ios par a o seu pr ópr io uso. Assim esse pr ocesso é ent endido por Cr uz: “ a for ça do t ur ism o é dada por sua capacidade de cr iar, de t r ansfor m ar e, inclu-siv e, de v alor izar, difer encialm ent e, espaços que podiam não t er v alor no cont ex t o da lógica de pr odução” ( CRUZ, 2000, p. 17) .

Dessa for m a, o discur so cont ido nas polí-t icas públicas de que “ polí-t odos” ganham com o t ur ism o encobr e as cont r adições e as div er sas for m as de ex plor ação do t r abalho. Par -t indo disso, en-t endem os que as polí-t icas de t urism o no Ceará são nort eadas por um a ideia de desenv olv im ent o associada ao pr ogr esso e ao desenv olv im ent o econôm ico, e não ao desenv olv im ent o social o que, em decor r ên-cia disso, lev a à ex clusão soên-cial.

Assim , consider am os que o t ur ism o não dev e ser concebido apenas com o um a m er a at ividade econôm ica, m as sim com o um com -p lex o -p r ocesso d e in t er v en ção ca-p az d e m odificar – par a m elhor – as condições de v ida das com unidades r ecept or as.

Rest a saber com o as polít icas públicas de t urism o do Ceará, sobret udo as que at ingem os t r abalhador es infor m ais da Pr aia do Fut u-r o, t u-r aduzem esses pu-r essupost os: é essa in-quiet ação de que nos m ov e nest e ar t igo.

Polít icas de t urism o no est ado

do Ceará

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-Em presa Cearense de Turism o. ( BENEVI DES, 1998, p. 54) . Ant es disso, r elat os hist ór icos ant er ior es à cr iação da EMCETUR dem ons-t r am que a pr om oção do ons-t ur ism o do Cear á er a coor denada por ações isoladas do go-v er no est adual. A at igo-v idade no est ado t inha um a “ ínfim a im port ância sobre sua est rut ura sócio- espacial, o que se r eflet ia na ausência d e a çõ e s p o r p a r t e d o se t o r p ú b l i co ”. ( BENEVI DES; 1998, p.54)

A at iv idade t ur íst ica passou a ser alv o dos int er esses econôm icos no Cear á, sobr e-t udo a par e-t ir da década de 1970. Nesse pe-r íodo, o lit ope-r al passou pope-r m udanças, quan-do a sua ocupação passou a ser redirecionada par a a at iv idade t ur íst ica. Em 1971, o go-v er nador César Cals de Oligo-v eir a Filho elabo-rou um plano de ação denom inado de PLAGEC – Plano de Gov er no do Est ado do Cear á que t inha com o pr incipal obj et ivo “ o cr escim ent o do Est ado, se or ient ado pela polít ica nacio-nal”. ( ROMERO, 2000, p.81) .

A par t ir de 1978, o I PLANCE - I nst it ut o de Planej am ent o do Cear á pr est ou um a in-t ensa colabor ação ao conhecim enin-t o dos r e-cur sos t ur íst icos do est ado, elabor ando o I Plano I nt egrado do Desenvolvim ent o Turíst i-co do Est ado do Cear á 78/ 80 por m eio do I Pr ogr am a Est adual de Fér ias Tur íst icas. O pr ogr am a t inha com o obj et iv o “ o desenv ol-vim ent o equilibrado do m ercado t uríst ico ade-quando os elem ent os que conform am a ofert a de bens e ser v iços às ex igências at uais e fut ur as da dem anda” ( CEARÁ; 1981 p. 11) .

A or ganização da at iv idade t ur íst ica pelo est ado lev ou à sucessiv a cr iação de ór gãos est aduais do set or ao longo do t em po. As-sim , ações específicas de t ur ism o, for am desenv olv idas pela Em pr esa Cear ense de Tur ism o ( EMCETUR) , post er ior m ent e deno-m inada Codeno-m panhia de Desenv olv ideno-m ent o I n-dust rial e Turism o do Ceará ( CODI TUR) , pos-t er ior m enpos-t e pela Fundação de Tur ism o de For t aleza ( FORTUR) , at é se const it uir, em 1995, a Secr et ar ia de Tur ism o do Est ado do Cear á ( SETUR) . Dest aca- se que, a par t ir de 1989, o t ur ism o em For t aleza inicia- se um a t r aj et ór ia das gr andes per spect iv as com a cr iação de polít icas públicas específicas par a o set or e com o m apeam ent o das pot en-cialidades t ur íst icas ( CEARÁ, 1996) .

Em um m om ent o post erior, o gov erno Tas-so Jereissat i, em 1987, apresent ou o Plano

de Mudança, para o período de 1987 a 1990, no qual vislum bra o t urism o com o um a saída viável para o crescim ent o da econom ia local, propondo, ent ão, aproveit ar o pot encial t u-ríst ico com o um a alavanca para o desenvol-vim ent o. Ent re as diret rizes básicas, “ a prcipal era t ransform ar o t urism o na m aior in-dústria do Estado” ( CORI OLANO, 1998, p. 76) . Nesse per íodo, a ideia de salv ar a econo-m ia do est ado a par t ir da at iv idade t ur íst ica foi r esponsáv el pela dissem inação do fenô-m eno do t ur isfenô-m o t ido cofenô-m o a indúst r ia “ sefenô-m cham inés” ao ser consider ado pelo gov er no Tasso com o propulsor para o desenvolvim ent o de out r os set or es da econom ia.

Em 1989, o gov er no Tasso Jer eissat i ela-bor ou o Pr ogr am a de Desenv olv im ent o do Tur ism o do Lit oral Cear ense - PRODETURI S com o obj et iv o de “ m apear e or ganizar o es-paço físico de t odo o lit or al cear ense, com v ist as a det ect ar suas pot encialidades de inv est im ent os públicos e pr iv ados” ( CEARÁ, 1994, p.19- 20) , com a per spect iv a de est abelecer um a ação dir ecionada par a os em -pr eendim ent os t ur íst icos, de for m a planej a-da e int egr aa-da. Par a isso, o Cear á foi div ido em r egiões t ur íst icas, cuj a div isão m ais t ar -de v ir ia subsidiar est udos par a for m ulação do Program a do Desenvolvim ent o do Turism o do Nordest e - PRODETUR/ NE, financiado pelo Banco I nt er nacional par a a Reconst r ução e o Desenvolvim ent o BI RD.

Em 1994, no gov er no de Cir o Gom es, su-cede com a cont inuação do m odelo da polí-t ica cear en se “ polí-t assispolí-t a”, con sider ado u m caso par adigm át ico dos pr ocessos de inv es-t im enes-t os em infr aeses-t r ues-t ur a e na consolida-ção de um a im agem que car r egav a em si o m ér it o de um gov er no de m udanças. A polí-t ica pública polí-t inha com o m epolí-t a a inser ção do planej am ent o t ur íst ico cent r alizado no de-senv olv im ent o econôm ico a par t ir das ações em pr om oção e infr aest r ut ur a t ur íst ica, ca-bendo “ ao Est ado est im ular a for m ação de par cer ias est r at égicas par a a pr om oção da at iv idade t ur íst ica em t odo o Cear á”. ( CEA-RÁ, 1994, p. 20) .

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governo de Ciro Gom es ( 1991- 1994) , segui-do por Lúcio Alcânt ar a ( 2003- 2006) e at ual-m ent e por Cid Goual-m es ( 2006- 2010) , - uual-m a at r ibuição r elev ant e par a se conceber o desenv olv im ent o econôm ico do est ado, e t am -bém ser responsável pela diversificação pro-dut iv a do est ado.

Assim com o as dem ais capit ais do Nor -dest e, For t aleza foi m odelada por ações de “ t ur ist ificação” conduzidas por polít icas pú-blicas j ust ificadas pelo v iés econôm ico. A est r at égia é cr iar condições par a pr odução d e t er r it ór ios t u r íst icos, ap oian d o- se em ações que se j ust ificam por ser em dest ina-das ao desenv olv im ent o econôm ico da cida-de. Est e pr ocesso r epr esent a a for m ulação e im plem ent ação de polít icas públicas de t u-r ism o const u-r uídas com o pu-r opósit o de au-m en t ar o f l u x o t u r íst i co, d esen v ol v er a infr aest r ut ur a e at r air gr andes inv est im en-t os par a o seen-t or. Dur anen-t e esse pr ocesso, no discur so oficial, a at iv idade t ur íst ica t am bém é consider ada com o com ponent e im -por t ant e par a r esolução do desem pr ego na cidade.

A Pr aia do Fut ur o passa a ser cont em pla-da pelas polít icas públicas apenas a par t ir de 1997, quando se desenv olv er am as pr i-m eir as at iv idades t ur íst icas v olt adas par a a Pr aia do Fut ur o. Nesse ano, é ex ecut ada a pr im eir a ação na Pr aia do Fut ur o com um pr oj et o int it ulado com o Br igada da

Qualida-d e. O seu obj et iv o foi o Qualida-de t r abalhar com a

capacit ação de alunos par a a for m ação de ed u cad or es am b ien t ais e p esq u isad or es ( censit ár ios) do t ur ism o. Os alunos passa-v am pelo pr ocesso de t r einam ent o e logo após r ecebiam far dam ent o, que os difer en-ciav a dos t r anseunt es locais. As pr incipais ações desen v olv idas n esse pr oj et o er am encabeçadas pelas cam panhas de educação a m b i e n t a l , p r e t e n d e n d o d e sp e r t a r, n o s frequent adores, t urist as e t rabalhadores ( for-m ais e infor for-m ais) locais, a conscient ização par a a lim peza das pr aias.

O pr oj et o cont inha ações isoladas, pas-sando a at uar apenas no per íodo da alt a es-t ação es-t ur íses-t ica e cones-t av a, ainda, com a dis-t r ibuição de m adis-t er ial pr om ocional e a aplicação de quest ionár ios a fim de analisar o per -fil socioeconôm ico dos v isit ant es em For t a-leza. Dessa iniciat iv a, sur gir am out r os pr o-j et os com o o “ Pr aia Lim pa”, desenvolvido pela

Secr et ar ia do Meio Am bient e do Est ado do Cear á - SEMACE.

Com a m udança de gov er no em 2000, o ent ão secr et ár io de Tur ism o, Sr. Raim undo José Mar ques Viana, r enom eou o pr oj et o e sua am plit ude, int it ulando- o “At endim ent o da Qualidade”. O pr oj et o am pliou sua ár ea de at uação, deix ando a Pr aia do Fut ur o e pas-sando a agr upar out r os espaços t ur íst icos da cidade, t ais com o o Cent r o Dr agão do Mar, Mer cado Cen t r al, Pr aça do Fer r eir a, Cent r o de Ar t esanat o Luiza Táv or a, o cen-t r o c o m e r c i a l d e c o m p r a s d a a v e n i d a Monsenhor Tabosa, a Pr aia de I r acem a e a av enida Beira- Mar. Com esse deslocam ent o, perdeu- se a dim ensão da educação am bient al e passou- se a t r abalhar com a quest ão da infor m ação t ur íst ica, da pr om oção do dest i-no t ur íst ico e a pesquisa de sat isfação.

Em 2003, a m udança de governo leva t am -bém o pr oj et o a m udar nov am ent e. Na ges-t ão de Lúcio Gonçalo de Alcânges-t ar a, o enges-t ão secr et ár io de Tur ism o do Est ado, Sr. Allan Pir es de Aguiar r enom eou o pr oj et o par a “ At endim ent o ao Tur ist a”, que per m aneceu at é 2005. Nessa t erceira fase, o proj et o con-t inuou na per speccon-t iv a da pr om oção e pes-q u i sa, m as n ão m ai s t r ab al h av a com a m obilização da com unidade e nem com a re-alização de cam panhas educat iv as.

Dev ido a ausência de dados nos ór gãos públicos pesquisados, não podem os av aliar a efet iv idade dest es pr oj et os. Não há r efe-r ências quant o aos seus cust os, à opeefe-r a-cionalização dos cur sos r ealizados no âm bi-t o dos m esm os, a fr equência dos alunos, a quant idade de t r abalhador es at endidos, as-sim com o não há com o m edir a ev olução e os result ados aplicados durant es os anos em que o pr oj et o v igor ou. Recor r e- se à ideia de que o pr oj et o possa de algum a m aneir a t er influenciado na v ida de algum indiv íduo iso-ladam ent e, m as no t ocant e ao colet iv o dos gr upos at endidos pelo m esm o não se per ce-be m udanças.

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desenvolvim ent o do espírit o colet ivo de ci-d aci-dão e a conscient ização para a im port ân-cia e os benefícios que a at ividade t uríst ica podia t razer para a com unidade recept ora.

Segundo nossos est udos sobr e o anda-m ent o dos pr oj et os, diagnost icaanda-m os a pr át i-ca do seu r ecom eço a i-cada nov o m andat o, do despr ezo pelo que se const r uiu em ges-t ões passadas, da alges-t er ação de políges-t icas e pr át icas que se m ost r ar am ex it osas, m uit as v ezes decor r ent es de posições per sonalist as ou da não consider ação da im por t ância da at iv idade, o que r esult ou no desper dício dos r ecur sos.

Ent endem os que a adoção das polít icas públicas volt adas para o desenvolvim ent o do t ur ism o dev e v incular - se a t r ês r equisit os fundam ent ais: a t r ansv er salidade da at iv dade, a cont inuidade das ações desenv olv i-das e a par t icipação da com unidade. Não foi o caso das polít icas lev adas a cabo na Pr aia do Fut ur o e que envolviam a com unidade lo-cal, sobret udo os t rabalhadores inform ais da pr aia, no cont ex t o das polít icas de t ur ism o do Cear á.

Com o cont r ibuição par a a elabor ação de polít icas públicas que lev em em consider a-ção os r equisit os aqui apont ados, r ealiza-m os uealiza-m a pesquisa de car át er et nogr áfico ent re os am bulant es da Praia do Fut uro, com o int uit o de r eor ient ar essas polít icas, se-gundo nosso pressupost o ant eriorm ent e pos-t o, o de que o pos-t ur ism o não dev e ser conce-bido apenas com o um a m er a at iv idade eco-nôm ica, e sim com o um com plex o pr ocesso de int er v enção capaz de m odificar, par a m e-lhor, as condições de v ida das com unidades r ecept or as.

Observando de pert o os

am bulant es da Praia do Fut uro

No espaço da ár ea da Pr aia do Fut ur o e adj acências ident ifica- se um a dur a r ealida-d e s o c i a l . N o e n t o r n o ealida-d a s ealida-d u n a s q u e m argeiam a Praia do Fut uro, verifica- se con-j unt os r esidenciais de alt o padr ão, com r esi-dên cias su n t u osas de f am ílias abast adas conv iv endo com fam ílias de baix a r enda em aglom erados de barracos.

Na orla, essa m esm a dualidade é identificada pela het erogeneidade dos em preendim ent os t uríst icos em t oda ext ensão da Praia do Fut u-ro. Barracas de praias são com plexos segm en-t os de serviços e produen-t os que coabien-t am com equipam ent os abandonados e de precários equipam ent os. Não é difícil encont rar barra-cas em condições de higiene e est rut ura física com prom et idas. Há exist ência de vazios na ocupação da orla pelas barracas de praia.

A int ensa pr ocur a das pr aias com o dest i-no t ur íst ico t em pr opor cionado o desenv ol-v im ent o de um ol-v ast o conj unt o de at iol-v idades ligadas a aloj am ent o, ent r et enim ent o e ali-m ent ação. O t ur isali-m o se const it ui coali-m o fa-t or evidenfa-t e de crescim enfa-t o econôm ico. Nes-sa int enNes-sa r elação com er cial, o espaço pú-blico passa a ser ocupado par a fins ex clusi-vam ent e econôm icos. Com a const rução des-ses equipam ent os, cr ia- se um a apr opr iação nos espaços públicos que provocam um efeit o de const r angim ent o e separ ação social en-t r e v isien-t anen-t es e população do enen-t or no. Re-per cut e, assim , na dinâm ica ur bana v ia um a selet iv idade que pr ior iza o v isit ant e, em de-t r im ende-t o daqueles de m enor poder aquiside-t i-v o, am pliando, assim , a ex clusão social.

Desse m odo, podem - se per ceber com o diferentes territórios passam a “ conviver” num m esm o espaço. Na Pr aia do Fut ur o, v er ifica-se a ex ist ência dest es t er r it ór ios, par t indo das bar r acas de pr aia, podendo- se dest acar a car act er íst ica selet iv a e ex clu den t e da at iv idade t ur íst ica, cr iando espaço de con-sum o, de uso pr at icam ent e ex clusiv o dos t ur ist as causando a segr egação dos out r os fr equent ador es, que ficam á m ar gem dos at r at iv os cr iados par a o t ur ism o. Do pont o de v ist a social, t r at a- se de um m odelo de t ur ism o que segr ega e ex cludent e par a a dem anda de m enor poder aquisit ivo.

Not ór io dest acar a im por t ância da econo-m ia da Pr aia do Fut ur o, econo-m as cont r adit or ia-m ent e, põe eia-m x eque a capacidade do es-paço com o uso com um . A segr egação cada v ez m aior dos seu s h abit an t es em ár eas pr iv at izadas e ex clusiv as acaba por r efer en-dar um m odelo de desenvolvim ent o de t uris-m o aplicado no est ado do Cear á.

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-bulant es. As barracas invest em em seguran-ça pessoal, cer cas ar t ificiais ( t elas de pr o-t eção) e nao-t ur ais ( pinheir os, cocos) que de-m ar cade-m o t er r it ór io. Trat a- se de ude-m a segu-r ança pesada, que delim it a os espaços, ain-da que não m inim ize um cert o sent im ent o de insegurança.

Quant o à ocupação do espaço pelos t r a-balhador es infor m ais na Pr aia do Fut ur o, o t r abalho de cam po ident ificou alguns com -por t am ent os, sendo um deles a v alor ização d e esp aço s co m er ci ai s m ai s co b i çad o s, apossados e dem ar cados por gr upos conso-lidados, enquant o out r as ár eas est ão sem ocupação. Essa dem ar cação se dá por al-guns grupos de t rabalhadores inform ais con-solidados, com o é o caso dos v endedor es d e á g u a d e co co q u e q u a se d e f o r m a cont r at ual- infor m al passam a ser solicit ados pelos funcionár ios das bar r acas, na qual o t r abalhador infor m al est á localizado.

De algum a for m a, olhar de per t o os am -bulant es da Pr aia do Fut ur o se assem elha a olhar par a suj eit os t ão pr óx im os do cot idia-no da cidade, m as ao m esm o t em po t ão dis-t andis-t es do conj undis-t o da sociedade.

Nesse sen t ido, abor dan do os con f lit os ocasionados pela pr esença dos v endedor es am bu lan t es n a Pr aia do Fu t u r o, Xim en es ( 2006) ex põe a ex ist ência de um a v er dadei-r a bat alha t dadei-r av ada nas adadei-r eias da Pdadei-r aia do Fut ur o, que t am bém v er ificam os na pesquisa de cam po. De um lado, v endedor es am -bulant es e donos de bar r acas. No m eio do em bat e, os fr equent ador es do local. Os pr o-prietários dos estabelecim entos reclam am que o com ér cio infor m al pr ej udica as v endas e gar ant em que a pr át ica afugent a os banhis-t as. Os am bulanbanhis-t es defendem - se, ar gum en-t ando que pr ecisam en-t r abalhar par a sobr ev i-v er. E m uit os fr equent ador es se dizem inco-m odados coinco-m o assédio dos v endedor es. Assim , ident ificam - se gr upos sociais que es-t abelecem r elações de poder, for m ando es-t er-r it óer-r ios no conflit o na Per-r aia do Fut uer-r o.

Nesse sent ido, concor dam os com Souza ( 2001) que salient a que o t er r it ór io é um espaço definido e delim it ado por e a par t ir de r elações de poder, e que o poder não se r est r inge ao est ado e não se confunde com v iolência e dom inação. Para o aut or, o poder apr esent a se, dir et a ou indir et am ent e, t am -bém na car act er ização de um t er r it ór io, em

um a t r íplice abor dagem : j ur ídico- polít ica, econôm ica e cult ur al. Assim , os conflit os de poder e a r elação com o t er r it ór io se v islum -br am quando os am bulant es são pr oibidos de cir cular na ár ea de alv enar ia r eser v ada às bar r acas.

No espaço da Pr aia do Fut ur o, padr ões de m igr ação in t er - r egion al, in t er est adu al podem ser encont r ados facilm ent e ent r e os am bulant es. A cr escent e com plex idade da r elação m igr ação- em pr ego pode ser v ist a com o par t e do pr ocesso de r eest r ut ur ação pr odut iv a, que, com m udanças nas for m as de inser ção no m er cado de t r abalho, t or na-se o elem ent o fundam ent al par a o ent endm ent o da nov a configur ação espacial da endm i-gr ação e da ur banização, e das int er - r ela-ções ent r e as dinâm icas r egionais. Mais da m et ade das r azões par a m igr ar, dent r e os que ent r ev ist am os, cont udo, r efer em - se a m ot iv os não necessar iam ent e r elacionados a em pr ego. No at ual cont ex t o de dist r ibui-ção espacial da populaibui-ção, m ar cado por m ovim ent os m igr at ór ios diver sos, out r as di-m ensões, alédi-m da econôdi-m ica, passadi-m a t er significat iv o papel na decisão de m igr ar.

Per cebe se, na obser v ação com os infor -m ais, u-m a -m obilidade hu-m ana diária ent re os bair r os da cidade e Pr aia do Fut ur o. O m ot i-v o cent r al do deslocam ent o ur bano é a di-nâm ica e a inst abilidade do em pr ego e a ge-r ação de infoge-r m ais dent ge-r o desse sist em a. O fat o é que as pessoas que per der am o em -pr ego encont r am ocupação no m er cado in-for m al, m ov idas pela cr ença de que o t ur is-m o é bois-m e a Pr aia do Fut ur o é uis-m espaço fav or áv el par a a at iv idade.

Classificam os os v endedor es am bulant es da Pr aia do Fut ur o em t r ês cat egor ias dis-t indis-t as: os pr im eir os são esdis-t acionár ios ou fi-xos, aqueles que perm anecem presos em um det erm inado pont o da praia, disponibilizando de est r ut ur a física r epr esent at iv a, com pos-t a de carrinhos e veículos aupos-t om opos-t ivos, apre-sent ando, com isso, m elhor est rut ura de t ra-balho.

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t abuleir os e dem ais supor t es de apoio que ser v em par a ex por suas m er cador ias. Final-m ent e, os aFinal-m bulant es Final-m óv eis são aqueles que dependem unicam ent e do seu corpo para r ealizar as v endas.

As r elações sociais dos v endedor es am -bulant es com o local são inst áv eis, m ar gi-nais e het er ogêneas. A inst abilidade dev e-se à p r óp r ia su b m issão d o f en ôm en o a sazonalidade. Em per íodos de baix a t em po-r ada, esses t po-r abalhadopo-r es se deslocam papo-r a out r os nichos de m er cado, o que ex plica a rot at ividade desses t rabalhadores. Marginais, por que os t r abalhador es sobr ev iv em à m ar -gem das gar ant ias legais do t r abalho. Het e-r ogêneas, dev ido à capacidade de at e-r ação do fenôm eno que am par a os m últ iplos gr u-pos sociais: hom ens, m ulher es, cr ianças, adolescent es, idosos e est rangeiros que bus-cam gar ant ir um a for m a de sobr ev iv ência.

Os vendedores const roem represent ações sobr e o significado do seu t r abalho. O dis-cur so em pr egado é o de que “ m elhor est á aqui t r abalhando, do que est ar na r ua r ou-bando”, “ preciso t rabalhar, não posso m orrer de fom e”, “ t enho filhos para cr iar ”. Discur -sos car r egados de aut odefesa, com o se o am bulant e t iv esse que se defender diant e da condição im post a ao t r abalho infor m al. Discurso decorado e im pregnado cult uralm en-t e da ideia de que “ poderia ser pior” ou “ ruim com , pior sem ”. A aut odefesa dos v endedo-r es am bulant es soa com o um a endedo-r espost a à anim osidade que ex ist e por par t e de alguns fr equent ador es e t ur ist as que acabam não o per cebendo com o t rabalhador, m as associa-o a passocia-ossív el delinquent e.

A inform alidade é m ult ifacet ada, oferecem inúm er os pr odut os e ser v iços que disput am a at enção dos client es. São v endedor es de cig ar r os, b r on zead or, sor v et es, ch ap éu s, óculos, em padas, cam ar ão, lagost a, am en-doim , cast anha de caj u, sanduíches nat u-r ais, queij o assado, água de coco, au-r t esa-nat o, fr ut as r egionais, liv r os de hist ór ias in-fant is e out r os it ens gar ant em a com er cia-lização na Pr aia do Fut ur o.

Mesm o sendo um a at ividade discrim inada por alguns fr equent ador es e r epr im ida por m uit os bar r aqueir os, ainda sim , encont r am espaço par a a cont inuidade de suas at iv ida-des, quando m uit as pessoas se m ost r am in-t er essadas por seus pr oduin-t os. Nessa

aflu-ência de m ercadoria, pessoas se m ist uraram aos infor m ais com o delinquent es, ciganos, pedint es e delit uosos, disput ando espaço com os t r abalhador es infor m ais. Essa per m ut a acaba por agr av ar ainda m ais a im agem ne-gat iv a desses t r abalhador es.

O surpreendent e é perceber que alguns t ipos de m ercadorias com ercializadas at en-dem as necessidades reais do com ércio de art esanat o e de alim ent ação no espaço. Há casos em que os vendedores de água de coco const roem um a relação quase que “ necessá-ria” com as barracas. Vivem e com ercializam livrem ent e, sendo solicit ados pelos garçons dos est abelecim ent os com er ciais. Pode- se dizer que essa relação é posit iva. O m esm o não se pode afirm ar quant o aos dem ais ven-dedores am bulant es que com ercializam pro-dut os com preços m ais baixos, com o biquínis, cangas e bonés, que algum as barracas t am -bém disponibilizam nas suas loj as de conve-n iêconve-n cia. A r elação de com pet ição m er ca-dológica se acirra e os am bulant es são im pe-didos de circular ent re os est abelecim ent os, m ant endo- se afast ados.

Quant o à origem dos produt os com ercia-lizados, há um a conexão ent re os vendedo-res am bulant es e a lógica que opera o m er-cado form al por m eio da form ação de um a cadeia que int egra um processo produt ivo ent re ofert a de produt os e serviços ao con-sum idor. Cert o que o t rabalho de rua t am bém est á subm et ido ao dom ínio do capit al, fazen-do part e fazen-do processo de circulação das m er-cad or ias, ou sej a, d a t r an sf or m ação d a m ercadoria em lucro, o qual irá para a m ão do com erciant e, que em seguida o ut iliza para com prar novas m ercadorias, e assim , novam ent e, volt a à novam ão do produt or, para se t or -nar “ capit al- dinheiro” e reiniciar o ciclo da produção. Assim , ident ificam os que há a for-m ação de ufor-m a cadeia que int egra ufor-m pro-cesso produt ivo ent re ofert a de produt o e serviços, e o int ercâm bio ent re o m ercado form al e inform al.

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-bém , que, no per íodo consider ado com o de baix a est ação, os núm er os de subcont r a-t ados dim inuem . No caso específico em ques-t ão, um a v endedor a am bulanques-t e m enciona “ em pr egar ” cer ca de 8 ( oit o) m ulher es com pagam entos fixos diários em torno de R$10,00 a R$15,00, dependendo da com er cialização. Nos pr incipais m eses do ano, esse núm er o se elev a par a 15 ( quinze) m ulher es.

Dent ro dessa organização inform al, podse com preender a com plexidade do fenôm e-no da inform alidade, e de com o o sist em a da inform alidade pode const ruir diferent es graus de organização, m esm o considerando sua pre-cariedade. O fat o é que essa organização do segm ent o inform al não é capaz de anular a precariedade a que esse t rabalho est á sub-m et ido. O cont rat o é est abelecido na forsub-m a de prest ação de serviços e os ganhos aferi-dos são por m eio de diárias ou com issões. Além disso, o sist em a de com pra e a revenda dos produt os dem onst ra um a relação t ecida num a cadeia produt iva precária.

A Praia do Fut uro é um a grande área aber-t a, os alim enaber-t os ficam ex posaber-t os ao sol, sub-m et idos a focos de insalubr idade, besub-m cosub-m o a pr esença de anim ais. Há a deficiência de hábit os de higiene quant o à lav agem das m ãos ant es da m anipulação de alim ent os e após int er r upções pelos am bulant es. Mani-pulação de dinheir o sem higienização das m ãos. Falt a de equipam ent o de pr ot eção in-div idual. Um ex em plo not áv el é a ex posição de queij o sem nenhum a pr ot eção. As defici-ências no m anuseio e pr epar o dos alim ent os podem est ar r epr esent adas no pequeno co-nhecim ent o de boas pr át icas de fabr icação, na ausência de cont r ole de qualidade, no ar m azenam ent o, asseio e no uso de v est i-m ent a pessoal adequado.

Nenhum vendedor am bulant e relat ou- nos t er r ecebido algum t r einam ent o específico par a o m anuseio de alim ent os. Com a convi-v ência com a r ealidade, o que se acr edit a é que ocor r eu um a adapt ação pr ov isór ia com relação às at ividades desenvolvidas, sej a por um a necessidade de sobr ev iv ência ou at é m esm o cer t a ident ificação quant o ao t r aba-lho. O que se per cebe é que, com o passar dos anos, os am bulant es acabam fincando r aízes, a pont o de seus filhos env er edar em pelos cam inhos de seus pais. As cr ianças, abor dadas dur ant e o t r abalho de cam po,

sem pr e est av am acom panhadas de fam ilia-res que t am bém t rabalhavam no local, ainda que não é difícil encont r ar m os cr ianças e adolescent es que com er cializam na ar eia, o que coloca o t r abalho infant il com um a for -m a de subcont r at ação do t r abalho infor -m al. Encont r ou- se na or la inúm er os t r abalha-dor es com deficiência escolar, sendo que m uit os int er r om per am os est udos e out r os não se encont r am est im ulados em t er m iná-los. Nar r am que a ex igência da for m ação de cur so pr ofissionalizant e e ex per iência pr ofissional, os dist anciam do ingr esso no m er -cado for m al de t r abalho.

A pr ecár ia for m ação educacional cont r i-bui para que esse m esm o t rabalhador t orne-se um pr isioneir o de si, j á que orne-seu conheci-m ent o é liconheci-m it ado, o que o t or na dependent e d e s u a o c u p a ç ã o , r e l a t i v a m e n t e m a i s despr epar ado que os dem ais, os que à dis-t ância de oudis-t r as opor dis-t unidades, am pudis-t ando o sonho de um a v ida m elhor.

O desalent o quant o à busca de opor t uni-dades de t r abalho for m al, os baix os salár ios e alt a r ot at iv idade das at iv idades em pur r am o t r abalhador infor m al a um a condição de fr agilidade. O r et or no ao m er cado de t r aba-lho form al é desej o de m uit os, sobret udo pela busca da est abilidade e por m elhor es r em u-ner ações, m as os m esm os não encont r am m ecanism os par a viabilizar esse r et or no.

Observar de pert o os am bulant es perm it e ident ificar v alor es, concepções e ideias que se o r g a n i za m d e n t r o d o f e n ô m e n o d a inform alidade. Com preender suas diferent es v isões que esses t êm de si e do m eio no qual est ão inser idos.

A r u a ap r esen t a- se com o u m ag en t e definidor do t rabalho, principalm ent e, por ins-t iins-t uir um a “ suposins-t a” condição ins-t em por ár ia, m as q u e, n a v er d ad e, car act er iza- se ao m esm o t em po com o um a for m a de apr isio-nam ent o. O que a pr incípio apr esent a- se com o t r abalho t em por ár io e pr ov isór io, v ai passando com o t em po e t r ansfor m ando- se em definit iv o dev ido à incapacidade do t r a-balhador de ingressar, por si próprio, no m er-cado de t r abalho for m al.

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poder governar a si m esm o, reger suas vidas e criar suas rot inas de t rabalho, poder ser re-m unerado por sua atividade, ter core-m o se re-m an-t er, apesar das duras “ penas”. Essa ideia de aut onom ia const ruída por esses t rabalhado-res apont a para um ideal de liberdade.

Ao descreverem suas expect at ivas quant o ao fut uro, os t rabalhadores inform ais revelam um quadro preocupante: a im agem de um m un-do desencant aun-do, ent re a discrepância un-do que se sonha e do que se pode realizar.

Assim m esm o, concluím os que o t r abalho i n f o r m a l p o ssi b i l i t a u m se n t i m e n t o d e per t encim ent o e de ident idade aos v ende-dores am bulant es, inclusive em relação à lo-calidade que eles ocupam , a Pr aia do Fut u-r o. Pau-r a esses t u-r abalhadou-r es infou-r m ais, apesar de desem penhar em suas funções de for -m a pr ecár ia, o sent i-m ent o de t r abalhar os faz sent ir, de algum a for m a, v ivos.

Consider ações finais

A at iv idade t ur íst ica desem boca em um pot encial consider áv el de t r ansfor m ação do espaço. O discur so oficial das polít icas pú-blicas de t ur ism o do Cear á configur a a cr en-ça de que o t ur ism o é font e de opor t unida-des de em pr ego par a as populações locais.

O que se t ent ou discut ir é aqui com o ocor-r e o diocor-r ecionam ent o das polít icas públicas de t ur ism o no Cear á em cont r aposição aos pot enciais efeit os que o t ur ism o pode r esul-t ar no esesul-t abelecim enesul-t o de for m as de desen-volvim ent o sust ent ado, sobret udo no t ocant e à capacidade de ger ar t r abalho.

Nesse sent ido, a cidade de Fort aleza, bem com o o lit or al cear ense, t or nou- se, a par t ir de m eados dos anos 1980, um espaço pr iv i-legiado par a a im plant ação de um a polít ica pública de t ur ism o, visando super ar o at r aso econôm ico pela v ia do incent iv o à at iv idade. A pesquisa com os am bulant es na Pr aia do Fut ur o foi desenv olv ida com o int uit o de in-v est igar com o os t r abalhador es infor m ais apropriam - se dest e espaço t uríst ico, alvo das polít icas públicas. Com o conclusão, v er ifica-m os que as polít icas e os pr ogr aifica-m as públi-cos de t ur ism o par a a localidade não at ingi-r am os t ingi-r abalhadoingi-r es pesquisados.

De um lado, consider am os per sonagens sociais que vivem à som br a das polít icas pú-blicas, sem que de algum a m aneir a sej am t r ansfor m ados por elas. De out r o, a exist ên-cia de polít icas públicas de t ur ism o com pen-sat ór ias, sem r upt ur as com as polít icas t r a-dicionais nessa ár ea, o que im põe a neces-sidade de se pensar essas polít icas em con-sonância com a possibilidade de um t ur ism o com pr incípios de desenv olv im ent o social.

Est a pesquisa abr e possibilidades de r e-flex ão das polít icas públicas de t ur ism o, v ol-t adas par a lógica econôm ica, que se colo-cam em dissonância com m er cado de t r aba-lho infor m al pr esent e na cidade. Com o sub-sídio par a for m ulação de polít icas fut ur as, o s r e s u l t a d o s d a p e s q u i s a d e c a r á t e r et nogr áfico per m it em pensar de que for m a, ao incor por ar os am bulant es da Pr aia do Fu-t ur o - seu m odo de v ida, suas r epr esenFu-t a-ções, seus pr oj et os e sonhos - poder á lev ar a elabor ação de um a ( out r a) polít ica de t u-r ism o que pu-r om ov a o desenv olv im ent o sus-t en sus-t áv el.

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R é su m é : Cet ar t icle v ise à f ou r n ir d es

subventions pour une évaluation des politiques publiques pour le tourism e au Ceará, com pte tenu de leur interface avec le m onde du travail. Pour cela, il concent re sur la recherche de polit iques du t ourism e à Fort aleza en deux étapes: la prem ière, l’évolution historique des politiques publiques pour le tourism e au Ceará; la seconde présente les résultats d’une enquête ethnographique entre fournisseurs la rue de Praia do Futuro, qui avait l’intention d’enquêter sur la façon dont ils m ènent leurs travaux dans cet espace et de construire leurs représentations de la m êm e chose. En conclusion, il a ét é constaté que les politiques du tourism e au Ce-ará ne s’art iculer pas avec les dem andes des travailleurs du secteur inform el, ce qui renforce la précarité de leur travail.

M ot s- clé s: t our ism e, l’év aluat ion, polit ique

publique, t r av ail, Pr aia do Fut ur o.

Re su m e n : Est e ar t ículo t iene por obj ect iv o

la ev aluación de las polít icas públicas par a el t ur ism o en Cear á, t eniendo en cuent a su int er acción con el m undo del t r abaj o. Par a ello, se cent r a en la inv est igación de las po-lít icas de t ur ism o en la ciudad de For t aleza, en dos et apas: la pr im er a, el desar r ollo ht ór ico de las políht icas públicas par a el ht ur is-m o en Cear á; la segunda et apa pr esent a los r esult ados de una inv est igación et nogr áfica ent r e de os v endedor es de la Pr aia do Fut u-r o, que t enía la int ención de inv est igau-r la for m a en que r ealizan su t r abaj o en est e espacio y const r uy en sus r epr esent aciones de la m ism a. En conclusión, se com probó que las polít icas de t ur ism o Cear á no ar t icular las dem andas de los t rabaj adores inform ales, lo que r efuer za la pr ecar iedad de su t r abaj o.

Pa la b r a s- cla v e : t ur ism o, ev aluación,

polí-t ica pública, polí-t r abaj o, Pr aia do Fupolí-t ur o

Not as

1 Tr at a- se dos r esult ados par ciais da disser t ação de aut or ia de I vo Luis de Oliveir a Silva, int it ulada “ Trabalho e polít ica pública: subsídios par a um a av aliação das polít icas de t ur ism o a par t ir do est udo dos t r abalha-dor es infor m ais da Pr aia do Fut ur o em For t aleza – CE” e apr esent ada no Pr ogr am a de Mest r ado Pr ofis-sional em Av aliação de Polít icas Públicas - MAPP da Univ er sidade Feder al do Cear á- UFC, com o r equisit o para obt enção do t ít ulo de Mest r e em Avaliação de Polít icas Públicas, sob or ient ação do Pr of. Dr. Alcides Fer n an d o Gu ssi.

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