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Lisboa, 7 de Julho de (Assinatura ilegível.)

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Cópias da sentença do 7.° Juízo Cível e dos acórdãos da Relação de Lisboa e do Supremo Tribunal de Justiça proferidos no processo de marca nacional n.° 145 550.

Processo n.° 170/71 (2.ª Secção) - Cópia da sentença proferida a fls. 46 e 46 v.° nos autos de recurso da Propriedade Industrial, em que é recorrente Caetano da Silva Correia e recorridos o director- -geral do Comércio e Vitorino Augusto Martins. Caetano da Silva Correia, comerciante e industrial, com estabelecimento em Sobral da Adiça (Moura), veio interpor recurso do despacho do Sr. Director- -Geral do Comércio de 12 de Junho de 1970, que indeferiu o registo que pretendia obter da marca nacional n.° 145 550, que é constituída pela designa- ção «Triana», com u m emblema configurando uma bailarina espanhola envolvida por uma cercadura for- mada por grãos de café (que é o produto a que essa marca se destina), alegando não haver a confusão dessa marca com as nacionais n.° 129 068 e 136 843 e, por conseguinte, a violação dos artigos 94.°, § único, e 93.°, n.° 12.°, ambos do Código da Propriedade Industrial, porquanto não existe semelhança entre essas marcas que possa induzir facilmente em erro ou confusão o público, já que a expressão «Triana» (da marca recusada) e as de «Gitana» e «A. Lopes Sabino», respectivamente, das marcas registadas com os n.os 129 068 e 136 843, impedem essa indução em erro.

Do confronto das marcas a fls. 31, 32 e 39 (a re- gistada) com a junta nos autos apensos (a registanda) resulta que apenas há certa possibilidade de confusão com as expressões, respectivamente, «Gitana» e «Triana» no aspecto fonético.

Todavia, quanto ao aspecto gráfico e figurativo das duas marcas, ainda que ambas inspiradas na tradi- cional figura de mulher sevilhana, quer o colorido, quer a posição da imagem, quer mesmo a própria moldura desta, afastam aquela possibilidade de con- fusão aos olhos de pessoa analfabeta ou pouco atenta ou ainda menos conhecedora do produto a que se destinam as respectivas embalagens.

Assim, tendo em atenção o n.° 12.° do artigo 93.° e o artigo 94.°, ambos do Código da Propriedade Industrial, deram provimento ao recurso interposto, ordenando que seja feito o registo recorrido.

Custas pelo recorrido, fixando o valor em 100 000$. Lisboa, 7 de Julho de 1975. - (Assinatura ilegível.)

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Certidão

José de Jesus Alves, escrivão de direito da 2.ª Secção do 7.° Juízo do Tribunal Cível da Comarca de Lisboa:

Certifica que na Secção a seu cargo e sob o n.° 170/71 se encontram findos uns autos de recurso (Propriedade Industrial) em que são recorrente Cae- tano da Silva Correia, comerciante e industrial, esta- belecido em Sobral da Adiça (Moura), e recorridos o director-geral do Comércio e Vitorino Augusto Martins, casado, industrial, residente em Escusa, comarca de Castelo de Vide, nos quais consta o seguinte:

De fl. 129 a fl. 134, o acórdão proferido no vene- rando Tribunal da Relação de Lisboa, cuja cópia se junta a esta, e se certifica estar conforme ao respectivo original;

De fl. 182 a fl. 184, o acórdão proferido no vene- rando Supremo Tribunal de Justiça, cuja cópia se junta ao respectivo original;

A fl. 203, o acórdão proferido pelo mesmo vene- rando Supremo Tribunal de Justiça sobre a recla- mação apresentada pelo recorrente, cuja cópia se junta e se certifica estar conforme ao respectivo original.

É quanto me cumpre certificar em face do que me foi ordenado superiormente e consta dos mencionados autos, aos quais me reporto em caso de dúvida.

E m tempo se certifica que os acórdãos proferidos no Supremo Tribunal de Justiça, depois de devida- mente notificados, transitaram em julgado.

Passada em Lisboa, aos 10 dias do mês de Julho de 1973, pelo ajudante de escrivão João Gonçalves Borregana e conferida pelo signatário.

O Escrivão de Direito, José de Jesus Alves.

Autos cíveis de apelação (processo n.° 10 272/2.ª Sec- ção) vindos da Comarca de Lisboa - 7.° Juízo Cível - Apelantes: o magistrado do Ministério Pú- blico, em representação da Direcção-Geral do Co- mércio, e Vitorino Augusto Martins; apelado, Caetano da Silva Correia.

Acórdão de fi. 129.

Acordam, em conferência, no Tribunal da Relação de Lisboa:

Caetano da Silva Correia, devidamente identificado no processo, recorreu do despacho do director-geral do Comércio de 12 de Junho de 1970, que indeferiu o registo da sua marca nacional n.° 145 550, for- mulando nas suas alegações a fls. 2 e seguintes as seguintes conclusões:

a) A marca do recorrente não constitui, segundo o artigo 94.° e § único do Código da Propriedade Industrial, imitação das que lhe foram opostas, logo não incorre na combinação do n.° 12.° do artigo 93.° do mesmo Código;

b) O despacho denegador do registo ofendeu a lei, porque deu como provada uma imitação cujos simul- tâneos requisitos não se apuraram;

c) Antes as marcas não se confundem facilmente como a lei exige;

d) O recorrente é titular da marca nominativa Triana n.° 137 531 - denominação chamada a dis- tinguir a marca mista sob recurso;

e) Há variadas marcas registadas para café em que o elemento figurativo é constituído pela represen- tação de uma sevilhana vestindo o tradicional traje; f) A marca do recorrente neste particular não re- produz nem imita as marcas opostas, jamiais se pres- tando a confusão e muito menos facilmente;

g) A adopção por vários titulares do mesmo «mo- tivo emblemático», fazendo parte de marcas registadas para café, permite tirar a ilação de que a administra- ção os considera compatíveis, perfilhando a ideia de que são sinais de reduzida qualidade distintiva ou mesmo «sinais francos»;

h) As denominações que fazem parte das marcas em conflito, A. Lopes Sabino, Gitana e Triana, as enunciadoras para o público consumidor, são incon- fundíveis;

i) Somente o titular da marca Gitana levantou reclamação contra o registo da marca do recorrente; j) A lealdade da concorrência - que é o vértice do Instituto da Propriedade Industrial - não é atingida; l) Para distinguir as marcas, o consumidor normal mal não carece de proceder a exame atento ou con- fronto;

m) E m razão do que antecede, o despacho recorrido é ilegal e iníquo.

Produzida a resposta ao abrigo do disposto no ar- tigo 206.° daquele Código, foi proferida a decisão, a fls. 46 e 46 v.°, que, dando provimento ao recurso, ordenou que seja feito o registo recusado.

Desta decisão recorre o Ministério Público e Vito- rino Augusto Martins, respectivamente, de fl. 51 e fl. 52, que foram recolhidas pelo despacho a fl. 53.

O Ministério Público alegou a fl. 57, dizendo que entre a marca registada e a marca registanda ocorrem elementos da sua composição que induzem em erro, dadas as suas semelhanças, e, assim, deve a sentença recorrida ser revogada e manter-se a subsistência do despacho administrativo impugnado.

O recorrente Vitorino Augusto Martins, nas suas alegações, a fl. 73 e seguintes, formula as seguintes conclusões:

1.° A douta sentença recorrida deveria ter conhe- cido dos dois fundamentos de recusa de que o des- pacho da administração se servira, o que não fez e, por isso, deve ser anulada, ex vi do disposto no ar- tigo 668.°, alínea d), do Código de Processo Civil;

2.° Entre as marcas Triana e Gitana há semelhan- ças não só gráficas como fonéticas, como, ainda, figu- rativas, suficientes para que um consumidor de café- -mercadoria a que ambas se destinam seja induzido a adquirir café da marca Gitana, desde que não tenha possibilidade material de as confrontar;

3.° A concepção da marca Triana traduziu-se, assim, numa imitação, pelo menos parcial, da marca Gitana;

4.° Usando tais semelhanças e do modo por que o fez (pedindo primeiro registo para a marca Triana apenas como nominativa para só mais tarde requerer o registo dela como composta ou mista, quando pode- ria ter desde logo requerido este último registo, lan- çando mão de outra marca que não a Gavião, de que era titular e que efectivamente tinha especialidade), o ora recorrido, revendedor de café marca Gitana, pre- tendeu, sem sombra de dúvida, criar confusão entre as duas marcas e com ela usurpar a clientela do ora

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recorrente; quis, portanto, praticar concorrência des- leal, o que é perfeitamente possível até mesmo sem essa intenção directa, dado que de qualquer modo há possibilidade da confusão referida, tendo-se em conta que o produto assinalado é café de preço modesto, consumido por pessoas de pouca cultura e acuidade; 5.° Decidindo como decidiu, a sentença recorrida, a ser válida, violou o disposto no artigo 93.°, n.° 12.°, com referência ao artigo 212.°, n.° 1, todos do Código da Propriedade Industrial. Deve, assim, o recurso ser julgado procedente e, em consequência, anular-se a sentença recorrida ou, quando assim se não decida, re- vogar-se a mesma para, de qualquer modo, se confir- mar o despacho do Ex.mo Director-Geral do Comércio que recusou o registo da marca Triana como marca composta, ou seja, como marca nominativa-figurativa. Na contraminuta, a fls. 82 e seguintes, o apelado Caetano da Silva Correia mantém o que já dissera na minuta de recurso, a fls. 2 e seguintes, e cujas conclu- sões foram atrás transcritas, acrescentando que toda a matéria que os apelantes trouxeram ao processo pos- teriormente ao despacho recorrido, marca Gavião, da ora apelada, embalagens e material de que são feitos, tamanhos e cores, não interessa à decisão da causa, por ser matéria impertinente e irrelevante.

O Ex.mo Procurador da República, a fl. 109 v.°, no seu douto parecer, entende que a questão é susceptível de dúvidas. Parece-lhe, no entanto, que as diferenças entre as figuras (fi. 40 do processo principal e fi. 14 do apenso) são bastantes para, com fundamento nas dife- renças notadas nos sinais nominativos, não haver con- fusão entre as marcas em questão.

Com os vistos legais, cumpre apreciar e decidir. O problema posto no presente recurso está em saber se pode existir erro ou confusão entre as marcas Triana e Gitana, não se discutindo que os produtos que as duas marcas se destinam a identificar são iguais ou semelhantes.

Interessa, pois, determinar se a marca Triana, em relação à Gitana, seja pela semelhança gráfica-figura- tiva ou fonética, induzirá facilmente em erro ou con- fusão o consumidor, não podendo este distinguir as duas senão depois de exame atento ou confronto (ar- tigo 94.° do Código da Propriedade Industrial).

Efectivamente, destinando-se a marca a identificar o produto, exige a lei - citada disposição - que a iden- tificação se faça de maneira tal que o consumidor a quem o mesmo é destinado, ou seja, o público consu- midor, não a confunda com outra pela semelhança de identificação, dado que a marca é um sinal aposto no produto e que garante ao consumidor a sua prove- niência e a sua qualidade.

Parece-nos, salvo o devido respeito pelas opiniões em contrário, que os apelantes têm razão.

Na verdade:

1) Não se verifica a apontada nulidade da sentença, na primeira conclusão da minuta do apelante - uma vez que se decidiu não haver possibilidade de confusão entre as duas marcas (Triana e Gitana), afastada ficou a possibilidade de concorrência desleal;

2) Para que haja confusão entre marcas é neces- sário que se verifique semelhança gráfica, figurativa ou fonética que induza facilmente em erro o consumidor, não podendo este distinguir senão depois de exame atento ou confronto.

Não há dúvida de que a marca anteriormente re- gistada (Gitana), para finalidade do apelante Vito- rino Augusto Martins, e a marca registanda (Triana)

se destinam a café especial puro. A afinidade ou mesmo identidade de produtos que as marcas (Gitana e Triana) podem proteger é, assim, manifesta e desta confusão pode derivar a confusão entre as marcas se a semelhança entre elas a tornar fácil, nos termos dos artigos 93.°, n.° 12.°, e 94.° do Código da Propriedade Industrial.

E há efectivamente grande semelhança entre a marca Gitana, a fl. 39 do processo principal, proprie- dade do apelante, e a marca Triana, a fl.... do processo apenso, que o apelado pretende registar.

Na verdade, independentemente da posição gráfica que lhes seja dada na embalagem, há possibilidade de confusão entre as marcas (Triana e Gitana), pois que na sua fonética se assemelham, pois das duas o ouvido retém a mesma nota.

E m ambas a acentuação fonética se dá a partir do i até ao fim e ambas são do mesmo género.

E há também entre as duas marcas referidas seme- lhança figurativa, já que, olhando para uma e para outra, se retém a mesma impressão de bailarina espa- nhola.

A observação visual de ambas, na verdade, dá-nos de todo uma representação extremamente confundí- vel.

Vê-se que as cores das duas marcas são de igual tonalidade na sua predominância, que os dizeres se- guem a mesma forma e ordem, na parte superior e na parte inferior da embalagem, o centro figurativo em ambas tem por base uma mulher espanhola com traje tradicional, dançando, e que é vista do mesmo ângulo. Tais semelhanças farão necessariamente com que um consumidor menos atento, não dispondo simulta- neamente das duas marcas para u m exame compara- tivo e que, ao ver uma delas, disponha apenas da re- cordação visual ou auditiva da segunda, facilmente adquire uma julgando adquirir a outra.

E a lei manda atender às semelhanças, que não às diferenças entre marcas, para avaliar se elas são sus- ceptíveis de enganar o consumidor na aquisição dos produtos que tais marcas pretendem reclamar.

Bem remoto foi, pois, o pretenso registo da marca Triana pelo despacho do Ex.mo Director-Geral do Comércio de 12 de Janeiro de 1970, do apelado, e infundada a sentença, de fl. 46 e fl. 47 v.°, que dicidiu em contrário, embora reconhecendo certa possibili- dade de confusão com as expressões «Gitana» e «Triana» no aspecto fonético.

Nesta conformidade, acordam os juízes desta Rela- ção em dar provimento ao recurso e, em consequên- cia, revogar-se a sentença recorrida e confirmar-se o despacho administrativo que ela revogara.

Custas pelo apelado nas duas instâncias.

Lisboa, 23 de Junho de 1972. - Bernardo Per- loiro - Pinheiro Farinha -Azevedo Ferreira.

Está conforme.

Lisboa, 28 de Junho de 1972. - O Escrivão de Di- reito, (Assinatura ilegível.)

Acordam no Supremo Tribunal de Justiça:

Caetano da Silva Correia requereu ao Sr. Director- -Geral do Comércio para que fosse protegida em Portugal a marca comercial e industrial Triana, que se destina a café.

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Depois de ter havido oposição de Vitorino Augusto Martins, que se diz titular da marca Gitana também para cafés, com o n.° 129 068, com eficácia até 16 de Dezembro de 1975, a referida autoridade indeferiu o pedido, fundando-se na circunstância dos elementos figurativos das marcas em apreço, bem como as res- pectivas expressões poderem originar erro ou confusão e assim favorecer actos de concorrência, intencionais ou não, a cuja simples expectativa a lei dedica cuidados especiais de prevenção.

Interposto pelo requerente o competente recurso para o juiz de direito, foi ao mesmo, que coube ao 7.° Juízo Cível de Lisboa, dado provimento; contudo, a Relação, conhecendo do feito por virtude de recursos interpostos pelo Ministério Público e pelo opositor Vitorino Augusto Martins, também lhe deu provi- mento, assim mantendo a decisão do Sr. Director- -Geral.

Apoia-se fundamentalmente o decidido pela Relação no facto de haver grande semelhança entre as marcas Gitana e Triana, isto independentemente da posição gráfica que lhes seja dada na embalagem, o que ori- gina a possibilidade de confusão, pois na sua fonética se assemelham, já que, quanto às duas, o ouvido retém a mesma nota.

Daqui a presente revista, interposta pelo requerente do registo, o qual pede a anulação do julgamento efectuado pela Relação, porque este tribunal firmou a sua decisão numa embalagem do recorrido (fl. 39) que não constitui a sua marca registada, nem faz parte do processo instrutor; e desprezou a marca re- gistada a fl. 10 do apenso; que não se confunde com aquela cuja protecção vem solicitada. O recorrido Martins também alegou em defesa do que vem jul- gado e o Ex.mo Procurador da República junto da Secção opina no sentido de o recurso não merecer provimento, por entender que a determinação da exis- tência de semelhanças fonéticas ou figurativas em marcas é pura questão de facto, da exclusiva compe- tência das instâncias.

Cumpre apreciar e decidir:

A Relação decidiu: «Há efectivamente grande seme- lhança entre elas [as marcas] a tornar fácil a con- fusão.» E tal semelhança foi constatada, independen- temente da posição gráfica que lhe seja dada na embalagem, visto que na sua fonética se assemelham, embora venha consignado também que a observação visual de ambas lhe dá uma representação extrema- mente confundível, quanto à tonalidade na sua pre- ponderância e aos dizeres que seguem a mesma ordem na parte superior e na parte inferior da embalagem. Portanto, a semelhança entre as marcas foi consta- tada em relação aos elementos figurativos e aos ele- mentos fonéticos.

E nem se diga, como se alega, que a Relação, para determinar a semelhança figurativa, se serviu de ele- mentos, ou só de elementos, que não foram levados ao processo de instrução, pois já o Sr. Director-Geral do Comércio, à face, evidentemente, dos elementos constantes desse processo, havia decidido, dado o documento a fl. 10 do apenso, que nas marcas em causa havia semelhança, especialmente em relação aos elementos figurativos.

Embora a figura a fl. 39 não conste do processo de instrução, o certo é que o tribunal a quem a mesma poderia recorrer para o efeito do exame minucioso da semelhança, ali melhor patenteada talvez do que na figura que consta do registo, por esta ser de me-

nores dimensões, e ainda que seja certo que na apreciação da semelhança de marcas se não deve proceder a uma escalpelização minuciosa, mas antes tomar a posição do consumidor pouco atento e a quem só impressionam as características predominan- temente semelhantes, não é menos certo que os tri- bunais, para bem avaliarem as possibilidades de con- fusão (os tribunais de instância, é claro) se podem servir dos elementos de facto que não tenham sido levados ao processo instrutório, mas que sirvam para mostrar que essa mesma semelhança existe e que, por- tanto, a confusão é susceptível de se gerar.

Aliás, bastaria a semelhança fonética, e essa foi constatada pela Relação, para o registo da nova marca ter de ser recusado, como o foi, nos termos do artigo 94.° do Código da Propriedade Industrial. Quer dizer, a Relação decidiu, agora sem possibilidade de censura, que entre as marcas Triana e Gitana, ambas para café, havia semelhança que podia induzir em erro ou confusão o consumidor, pelo menos seme- lhança fonética. E a constatada semelhança figurativa, que foi determinada não só em função de documento que foi levado oportunamente ao processo instrutor, mas também noutro posteriormente junto ao pro- cesso de recurso, foi-o sem infringir qualquer dispo- sição processual, motivo por que se não verifica a nulidade invocada do artigo 668.°, n.° 1, alínea d), do Código de Processo Civil. É que a Relação podia, como é evidente, conhecer de todos os factos que conduzissem à determinação da semelhança ou não semelhança das marcas em causa, razão por que também se não verifica a violação dos artigos 66.° e 67.° do citado Código.

Apurada a questão de facto, segundo as normas legais, relativas à possibilidade de confusão entre as duas marcas, a recusa do pedido registo não ofendeu o disposto no artigo 94.° do Código de Processo Industrial.

Termos em que se nega a revista, com custas a cargo do recorrente.

Lisboa, 16 de Janeiro de 1973. - (Assinaturas ile- gíveis.)

Acordam no Supremo Tribunal de Justiça:

Caetano da Silva Correia, recorrente nos autos de revista n.° 64 400, em que é recorrido Vitorino Augusto Martins, vem arguir a nulidade do acórdão final provido no aludido processo, dizendo que houve excesso de pronúncia sobre questões determinadas, pois o Supremo não podia apreciar se entre as marcas em causa havia ou não semelhança fonética.

Ora, tal excesso de pronúncia não se verifica por- que, efectivamente, este Supremo Tribunal, longe de apreciar tal semelhança, limitou-se a constatar que a Relação, no acórdão recorrido, tinha decidido no sentido da verificação da mesma semelhança. E decidiu-se também (não está agora em causa a bondade da mesma decisão) que à Relação era lícito fazer tal apreciação, como lícito era também, isto em conformidade com as conclusões 9.a e 10.a da aliás douta alegação do recorrente à Relação, servir- -se de elementos que não foram levados ao processo de instrução.

O que o agora reclamante alega quanto a nuli- dades não é mais do que a sua discordância com o

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julgado, discordância de fundo, para a qual este meio não é susceptível de curar.

Termos em que se indefere a reclamação. Custas pelo reclamante, com o imposto de um quarto.

Lisboa, 18 de Maio de 1973. - (Assinaturas ile- gíveis.)

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