DINAMICA DO FORRAGEAMENTO EM CONDI<;OES NATURAIS EM Cyphomyrmex transversus Spinola, 1851 (MYRMICINAE: ATTINI)
LUCIMEIRE DE SOUZA RAMOSI, ODAlR CORREA BUENOI, JACQUES HUBERT CHARLES DELABlE2, LUCILEIDE DE SOUZA RAMOS2 & SEBASTlEN LACAU2
Apoio financeiro CNPq
ICEIS - Centra de Estudos de Insetos Sociais: UNESP, 13506-900, Rio Clara-SP, BrasH.
2u.p.A. Laborat6rio de Mirmecologia, Convenio UESC/CEPLAC, c.P. 7, 45650-000, Itabuna-BA, BrasH.
Introdu~ao
Cyphomyrmex e urn genera Neotrapical bem diversificado, abundante nos biomas da America do Sui (Mayhe-Nunes, 1995). Existem poucas informa~5es sobre sua biologia, enquanto e considerado urn dos mais primitivos dentra das Attini (Mayhe-Nunes, 1995; Schultz & Meier, 1995). Cyphomyrmex transversus pertence ao grupo rimosus (Kempf, 1965) distribuido desde 0 SuI dos E.U.A. ate a Argentina. Como todas as Attini, esta especie cultiva urn fungo simbionte 0 qual necessita de diversos substratos organicos para crescer, de origem animal ou vegetal. Todas as especies do grupo cultivam leveduras que pertencem a urn mesmo grupo monofiletico (Mueller et aI., 1998). Estudos realizados corn diferentes especies de Cyphomyrmex indicam que as colOnias SaDnormalmente monoginicas (Murakami & Higashi, 1997). Em BMus-BA, os voos nupciais desse genera ocorrem praticamente em todos os meses do ana (Nascimento & Delabie, 1998).
-Material e metodos
Objetivou-se estudar aspectos do comportamento de forrageamento de C. transversus em uma area litoranea do municipio de BMus, no Sui da Bahia. As observa~5es foram conduzidas num coqueiral durante 0 mes de maio de 2003. Foram coletados 20 ninhos para estimar a popula~ao adulta. Foram
tambem selecionadas 5 co16nias, as quais foram observadas durante 0 dia, por 5 dias consecutivos, em intervalos de 20 minutos a cada hora. Durante esse perfodo, foram anotados safdas e retornos das openirias, verificando se as mesmas carregavam ou nao substratos s6lidos, bem coma a distancia maxima percorrida pelas operarias de cada co16nia. 0 horario preciso de cada observa<;aofoi anotado. Os dados foram analisados corn auxflio do programa Excel.
Resultados e Discussao
No litoral da regiao de Ilheus c. transversus faz ninhos debaixo ou dentro de cocos secos (Cocos nucifera) cafdos no chao. Salvo rara exce<;ao, essa especie e monogfnica, apesar de existir corn freqtiencia mais de uma femea desalada no interior do ninho. 0 mimero de operarias nas colonias estudadas variou de 100 a 725, sendo 0 de femeas aladas quase sempre superior ao de machos. A quantifica<;ao minima de imaturos nas observa<;6es de campo se deve, provavelmente em razao das dificuldades de separa<;ao da cria, uma vez que se confunde corn 0 substrato arenoso do local de coleta.
De urn modo geral, foi observado que a area de forrageamento de C. transversus distribui-se em todas as dire<;6es radialmente ao ninho. Na busca do substrato para 0 fungo, as operarias recolhem fragmentos de vegetais cafdos em estado parcial de decomposi<;ao, sementes de gramineas e tambem muitas carca<;as ou fezes de insetos. Tambem nao foi verificada a forma<;ao de trilhas permanentes, sendo que as operarias forrageiam sempre individualmente, corroborando estudos de Mayhe-Nunes (1995) e Leal (1998). A individualidade de forrageamento pode trazer vantagens para a colonia, uma vez que as operarias sao, ao mesmo tempo, exploradoras e coletoras.
0 estudo do forrageamento mostra que, aparentemente, quanto maior 0 numero de safdas de operarias, maior a distancia percorrida para encontrar 0 substrato. Provavelmente, existe uma certa competi<;ao entre operarias de uma mesma colonia, fazendo corn que algumas delas precisem forragear mais longe para encontrar algum substrato. Nao houve correla<;ao entre 0 numero de safdas de forrageadoras, nem da distancia de forrageamento, em fun<;ao da popula<;ao dos ninhos.
0 maior pico de atividade de forrageamento foi entre 13:00 h e 15:00 h, diminuindo de forma regular ate 17:00h, discordando dos estudos realizados corn outras especies de Cyphomyrmex do grupo rimosus (Leal, 1998; Lopes, 2001). Possivelmente, a proximidade do mar em que brisas constantes amenizam rapidamente a temperatura no final da tarde contribui corn a queda
da atividade de forrageamento.
Foi observada uma forte correla~ao (R2
=
0,91) entre 0 numero dt operarias forrageadoras voltando para a co16nia corn e sem substrato. ESSt resultado sugere que as operarias que chegam sem carga, a priori, nad, poderiam estar de fato trazendo lfquidos. Como mostrado por Murakami & Higashi (1997), as operarias mais velhas de Cyphomyrmex rimosus preferen alimentos lfquidos coma nectar ou seiva de plantas, enquanto as larvas, a~ operarias jovens e a rainha preferem as leveduras.Referencias bibliognificas
Kempf, W.W. 1965. A revision of the neotropical ants of the genw Cyphomyrmex Mayr. Part 11. Group of rimosus (Spinola) (Hymenoptera Formicidae). Stud. Entomol. 8: 161-200.
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Mayhe-Nunes, A. J. 1995. Filogenia de los Attini (Hymenoptera: Forrnicidae): un aporte al conocimiento de las horrnigas fungfvoras. Sartenejas: 274p. Tese de Doutorado, Universidade Simon Bolfvar, Caracas, Venezuela.
Mueller, u.G.; Rehner, S.A.& Schultz, T.R. 1998. The evolution oi agriculture in ants. Science, 281: 2034-2038.
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