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Rev. Bras. Reumatol. vol.44 número1

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Academic year: 2018

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Imagem e Doença Intersticial Pulmonar na Esclerose Sistêmica

(*)

Image and Interstitial Lung Disease in Systemic Sclerosis

Elza Maria F. P. Cerqueira(1) e Percival D. Sampaio-Barros(2)

V

INHETA

I

MAGENOLÓGICA

I

MAGENOLOGIC

V

IGNETTE

Responsáveis: Artur da Rocha Corrêa Fernandes e Jamil Natour

* Trabalho realizado na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM-UNICAMP). 1. Radiologista Assistente do Departamento de Radiologia. FCM-UNICAMP.

2. Assistente-Doutor da Disciplina de Reumatologia. FCM-UNICAMP.

Endereço para correspondência: Dr. Percival D. Sampaio-Barros. Disciplina de Reumatologia, Departamento de Clínica Médica. Faculdade de Ciências Médicas – Universidade Estadual de Campinas (FCM-UNICAMP). Barão Geraldo, Campinas, SP, CEP 13081-970. E-mail: psbarros@fcm.unicamp.br

A doença intersticial pulmonar é observada em até 90% dos pacientes com esclerose sistêmica (ES) e significativo número de casos graves ocorre nos primeiros três anos de evolução da doença. A pneumonia intersticial não específica (NSIP) e a pneumonia intersticial usual (UIP) são os padrões histopatológicos mais freqüentemente observados.

A tomografia computadorizada de alta resolução (TCAR) de tórax é o método de escolha para avaliar a existência e

a extensão da doença intersticial pulmonar, com sensibi-lidade superior à radiografia simples de tórax (Figura 1). Os métodos de imagem não permitem a diferenciação fidedigna entre NSIP e UIP; especificidade de 63% na diferenciação das formas de doença intersticial pulmonar através da TCAR foi observada em estudo com 21 casos de UIP e 32 casos de NSIP.

FIGURA 1 – Radiografia simples de tórax normal em PA(A) e perfil (B).

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Cerqueira et al.

Os principais achados de doença intersticial pulmonar na TCAR são:

- vidro fosco, representado pelo aumento da densidade do parênquima pulmonar, sem obscurecimento das imagens vasculares. Reflete a existência de espessamento intersticial por inflamação ou fibrose das paredes alveolares. Pode signi-ficar também preenchimento ou colapso parcial dos espaços alveolares (Figura 2);

- reticulado ou espessamento intersticial intralobular, representado por finas linhas, distantes umas das outras por

FIGURA 2 – Vidro fosco: aumento de atenuação pulmonar sem

obscureci-mento de estruturas vasculares. Observar o contraste entre o parênquima pulmonar normal (cinza escuro) e as áreas de vidro fosco (cinza claro).

FIGURA 3 – Espessamento intersticial intralobular: finas linhas distanciadas umas das outras por alguns milímetros.

FIGURA 4 – Faveolamento: Cistos de paredes espessas, dispostos em

camadas na região subpleural. Com a evolução os cistos podem aumentar de tamanho.

FIGURA 5 – Focos de consolidação subpleurais (circundados), bronquiectasias

de tração (entre linhas), áreas de faveolamento e dilatação esofagiana. alguns milímetros. Reflete geralmente a existência de fibrose intersticial (Figura 3);

- faveolamento, representado por cistos subpleurais de paredes espessas, geralmente dispostos em camadas. Reflete o acometimento pulmonar pela fibrose (Figura 4);

- bronquiectasias e bronquioloectasias de tração, ou dilatação de brônquios e bronquíolos secundária à fibrose pulmonar (Figura 5).

Outros achados que podem ser observados são consoli-dações pulmonares e micronódulos subpleurais (Figura 5).

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77 FIGURA 6 – Opacidade gravitacional dependente: vidro fosco na região subpleural posterior, que desaparece com o posicionamento do paciente em decúbito

ventral, indicando portanto a existência de estase de decúbito e ausência de doença intersticial pulmonar.

FIGURA 8 – Extenso faveolamento , com poucas áreas de vidro fosco.

O vidro fosco neste caso representa fibrose de paredes alveolares. FIGURA 7 – Doença intersticial pulmonar com vidro fosco predominante, sem

faveolamento sugerindo atividade inflamatória.

As alterações em geral são bilaterais, e se distribuem ao longo das regiões subpleurais, predominando nos campos pulmonares inferiores. Colapso parcial de alvéolos nas regiões pulmonares dependentes (estase de decúbito) pode ser obser-vado em alguns pacientes, simulando a existência de doença intersticial. A realização de cortes tomográficos com o paciente em decúbito ventral é de importância fundamental para excluir estase de decúbito, evitando o diagnóstico incor-reto de doença intersticial pulmonar (Figura 6).

Há maior probabilidade de processo inflamatório em atividade, quando o vidro fosco predominar sobre os sinais de fibrose (espessamento intersticial e faveolamento) (Figura 7). Nos casos em que são marcantes o espessamento intersticial e o faveolamento, o vidro fosco associado a esses achados representa habitualmente fibrose intersticial abaixo da resolução tomográfica, não sendo geralmente sinal indi-cativo de atividade inflamatória (Figura 8).

Imagem e Doença Intersticial Pulmonar na Esclerose Sistêmica

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78 Rev Bras Reumatol, v. 44, n. 1, p. 75-8, jan./fev., 2004

FIGURA 9 – Vidro fosco e espessamento intersticial intralobular comprometendo de forma homogênea os pulmões desde os campos superiores às bases.

Não há faveolamento.Este quadro tomográfico sugere o diagnóstico de pneumonia intersticial não específica. A distinção entre pneumonia intersticial não específica

e pneumonia intersticial usual tem implicação terapêutica e prognóstica, já que a resposta ao tratamento e a evo-lução são melhores na forma não específica. Na NSIP, o achado de vidro fosco tende a ser predominante, com pouco ou nenhum faveolamento (Figura 9), enquanto os sinais de fibrose com distorção arquitetural e

faveo-lamento são mais marcantes na UIP. No entanto, o padrão fibrótico da NSIP pode ser indistinguível da UIP em grande número de casos. Estudos internacionais estão atualmente sendo realizados na perspectiva de se conse-guir estabelecer padrões tomográficos de doença inters-ticial pulmonar sem a necessidade de se realizar biópsia pulmonar.

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