• Nenhum resultado encontrado

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA CURSO DE ENGENHARIA DE ENERGIAS RENOVÁVEIS SARA DUARTE PAIVA FÉLIX

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA CURSO DE ENGENHARIA DE ENERGIAS RENOVÁVEIS SARA DUARTE PAIVA FÉLIX"

Copied!
69
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA CURSO DE ENGENHARIA DE ENERGIAS RENOVÁVEIS

SARA DUARTE PAIVA FÉLIX

ANÁLISE DAS IMPLANTAÇÕES DE USINAS EÓLICAS NO CEARÁ DE 2010 A 2016 E COMPARATIVO COM OUTROS ESTADOS

(2)

SARA DUARTE PAIVA FÉLIX

ANÁLISE DAS IMPLANTAÇÕES DE USINAS EÓLICAS NO CEARÁ DE 2010 A 2016 E COMPARATIVO COM OUTROS ESTADOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Engenharia de Energias Renováveis do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do Título de Engenheira de Energias Renováveis.

Orientador: Prof. Dr. Paulo Alexandre Costa Rocha.

(3)
(4)
(5)
(6)

AGRADECIMENTOS

À Universidade Federal do Ceará, pela grande oportunidade de estudo.

Ao Prof. Dr. Paulo Alexandre Costa Rocha, pela orientação e valiosa ajuda, especialmente no final.

Aos professores participantes da banca examinadora, Prof.ª Dr.ª Ana Fabíola Leite Almeida e Prof. Dr. Francisco Nivaldo Aguiar Freire, pelo apoio dado mesmo quando a procura foi no último segundo.

A todos os meus professores da graduação, que tentaram oferecer o melhor sempre que possível.

À Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Estado do Ceará (ARCE), pela colaboração na disponibilização de dados, sem os quais esse trabalho não seria possível.

À toda equipe da Coordenadoria de Energia da ARCE, em especial ao Coordenador Eugênio Bittencourt e ao Analista Dickson Araújo, pelas valiosas orientações e pela imensa paciência no período do meu estágio.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), por oferecer uma oportunidade única através do programa Ciência Sem Fronteiras.

Aos meus amigos, sem os quais eu não poderia aproveitar essa fase da minha vida. Aos meus tios, primos e outros parentes, que sempre me ajudaram e torceram para meu sucesso.

Ao meu irmão, Ismael, por estar ao meu lado sempre.

(7)
(8)

RESUMO

A energia eólica atualmente é uma opção atrativa para empreendedores na área de geração de energia. Devido ao seu grande potencial, o nordeste brasileiro teve recentemente uma expansão expressiva nas implantações de usinas eólicas, especialmente nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e da Bahia. O Ceará, pioneiro na exploração de energia eólica no Brasil, vem cedendo espaço para esses estados nesse quesito, caindo de primeiro para quarto lugar em produção de energia eólica. Com o objetivo de avaliar as implantações de usinas eólicas no Ceará de 2010 a 2016 e fazer uma comparação com outros estados, coletaram-se os dados da Agência Nacional de Energia Elétrica e do Banco de Informações de Geração relacionados aos atos de outorga emitidos desde 2010 e observou-se que a maioria das 282 implantações nos referidos estados não cumpriu os prazos para início de operação comercial dispostos no ato de outorga. Além disso, averiguou-se, a partir de dados fornecidos pela Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Estado do Ceará, que as principais alegações para mudanças no cronograma de implantação no Ceará estão relacionadas à problemas com linhas de transmissão, conexão à rede, fornecedores e financiamento. Assim, conclui-se que, de forma geral, há uma morosidade nas instalações de usinas eólicas, e as causas podem ser numerosas.

(9)

ABSTRACT

Wind power is currently an attractive option for entrepreneurs in the power generation area. Due to its great potential, Brazil’s northeastern region has recently had a large expansion of wind farms, especially in the states of Ceará, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul and Bahia. The state of Ceará, the pioneer in the wind energy exploration in Brazil, has been losing space to these states in this regard, falling from first to fourth place in the rank of wind energy production. In order to survey the wind farm’s implantations in Ceará from 2010 to 2016 and compare them with those of others states, data were collected from the National Agency of Electric Energy and the Generation Information Bank in regards of wind farm granting permissions issued since 2010 and it was noticed that the majority of the 282 implantations in the referred states did not meet the commercial operation’s deadlines that were stated in the grating permissions. Besides, from the data provided by the Ceará State’s Regulatory Agency of Delegated Public Services, the main reasons for changes in the wind farms’s implementation schedule in Ceará are related to problems regarding transmission lines, connections to the power grid, suppliers and financing. Thus, it is concluded that in general there is a slowness in the installations of the wind power plants, and its causes can be numerous.

(10)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 − Primeira turbina eólica no Brasil em Fernando de Noronha - PE... 20

Figura 2 − Central Eólica Morro do Carmelinho (Gouveia - MG) ... 21

Figura 3 − Central Eólica Mucuripe (Fortaleza - CE) ... 21

Figura 4 − Mapa do potencial eólico brasileiro para ventos iguais ou maiores a 7 m/s ... 22

Figura 5 − Central Eólica Prainha (Aquiraz - CE) ... 26

Figura 6 − Central Eólica de Taíba (São Gonçalo do Amarante - CE) ... 26

Figura 7 − Relação entre agentes e consumidores ... 31

Figura 8 − Organograma da estrutura do setor elétrico ... 33

(11)

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 − Capacidade instalada anual global de energia eólica ... 18

Gráfico 2 − Capacidade instalada total global de energia eólica ... 18

Gráfico 3 − Complementaridade eólico-hídrica ... 23

Gráfico 4 − Matriz elétrica brasileira em 2015... 25

Gráfico 5 − Complementaridade eólico-hídrica para os ventos no Ceará ... 28

Gráfico 6 − Matriz elétrica do Ceará em 2015 ... 29

Gráfico 7 − Prazos para operação comercial a partir de assinatura de ato de outorga ... 41

Gráfico 8 − Período real até entrada em operação comercial de usinas eólicas ... 42

Gráfico 9 – Prorrogação do prazo até operação comercial real em meses (BA) ... 43

Gráfico 10 − Duração das implantações de usinas eólicas (BA) ... 43

Gráfico 11 − Prorrogação do prazo até operação comercial real em meses (CE) ... 44

Gráfico 12 − Duração das implantações de usinas eólicas (CE) ... 44

Gráfico 13 − Prorrogação do prazo até operação comercial real em meses (RS) ... 45

Gráfico 14 − Duração das implantações de usinas eólicas (RS) ... 45

Gráfico 15 − Prorrogação do prazo até operação comercial real em meses (RN) ... 46

Gráfico 16 − Duração das implantações de usinas eólicas (RN), parte 1 ... 46

(12)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 − Potência instalada e geração por país em 2015 ... 19

Tabela 2 − Geração total de energia por fonte eólica em GWh ... 22

Tabela 3 − Geração eólica em GWh por estado ... 23

Tabela 4 − Geração de energia a 70 m de altura em diferentes velocidades no Ceará ... 27

Tabela 5 − Geração de energia a 50 m de altura em diferentes velocidades no Ceará ... 27

Tabela 6 − Mudanças recentes no setor elétrico brasileiro ... 32

Tabela 7 − Usinas eólicas nos maiores estados produtores de energia eólica ... 40

Tabela 8 − Emissão de atos de outorga desde 2010... 40

Tabela 9 − Entrada prevista em atos de outorga de usinas eólicas para operação comercial ... 41

Tabela 10 − Início de operação comercial real de usinas eólicas ... 42

(13)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACL Ambiente de Contratação Livre ACR Ambiente de Contratação Regulada ANA Agência Nacional de Águas

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica ANP Agência Nacional do Petróleo

ARCE Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Estado do Ceará ART Anotação de Responsabilidade Técnica

BNDE Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social CADE Conselho Administrativo de Defesa Econômica

CCEAR Contrato de Compra e Venda de Energia no Ambiente Regulado CCEE Câmara de Comercialização de Energia Elétrica

CCT Contrato de Conexão ao Sistema de Transmissão CEDIN Conselho Estadual de Desenvolvimento Industrial CEG Cadastro de Empreendimento de Geração

CELPE Companhia Energética de Pernambuco CEMIG Companhia Energética de Minas Gerais CEPEL Centro de Pesquisas de Energia Elétrica CER Contrato de Energia de Reserva

CGE Câmara de Gestão de Crise de Energia Elétrica CHESF Companhia Hidrelétrica do São Francisco CMSE Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico CNPE Conselho Nacional de Política Energética Coelce Companhia de Eletricidade do Ceará COMAR Comando Aéreo Regional

CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente CTA Centro Técnico Aeroespacial

CUST Contrato de Uso do Sistema de Transmissão DFVL Deutsch Forschungs und Versuchsantalt für Luft DOU Diário Oficial da União

(14)

EOL Usina Eólica

EPE Empresa de Pesquisa Energética

FDI Fundo de Desenvolvimento Industrial do Ceará

GCPS Grupo Coordenador do Planejamento dos Sistemas Elétricos GTZ Deutsche Gesellschaft für Technische Zusammenarbeit GWEC Global Wind Energy Council

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Nacionais Renováveis ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços

IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional IPI Imposto sobre Produtos Industrializados

LI Licença de Instalação LO Licença de Operação

LP Licença Prévia

LT Linha de Transmissão

MAE Mercado Atacadista de Energia

MCSD Mecanismo de Compensação de Sobras e Déficits MJ Ministério da Justiça

MME Ministério de Minas e Energia NOS Operador Nacional do Sistema PBA Projeto Básico Ambiental PBT Projeto Básico Técnico

PIA Produtores Independentes Autônomos PIE Produtor Independente de Energia PPT Programa Prioritário de Termelétricas PROEÓLICA Programa Emergencial de Energia Eólica

PROEÓLICA Programa de Desenvolvimento de Cadeia Produtiva Geradora de Energia Eólica

PROINFA Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica PROVIN Programa de Incentivo ao Desenvolvimento Industrial

RF Relatório de Fiscalização

(15)

SEAE Secretaria de Acompanhamento Econômico

SEINFRA Secretaria de Infraestrutura do Governo do Estado do Ceará SEMACE Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Ceará SIN Sistema Interligado Nacional

SNRH Sistema Nacional de Recursos Hídricos

SUDENE Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste TJLP Taxa de Juros de Longo Prazo

(16)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 15

1.1 Objetivo geral ... 16

1.2 Objetivos específicos ... 16

1.3 Justificativa ... 17

2 ENERGIA EÓLICA NO BRASIL E NO CEARÁ ... 18

2.1 Histórico e potencial da energia eólica no Brasil ... 19

2.1.1 Primeiras instalações ... 20

2.1.2 Potencial eólico ... 21

2.1.3 Políticas públicas ... 23

2.1.4 Situação atual ... 24

2.2 Histórico e potencial da energia eólica no Ceará ... 25

2.1.1 Primeiras instalações ... 26

2.2.2 Potencial eólico ... 27

2.2.3 Políticas públicas ... 28

2.2.4 Situação atual ... 29

3 REGULAÇÃO NA GERAÇÃO DE ENERGIA EÓLICA ... 30

3.1 Setor elétrico brasileiro ... 30

3.2 Implantação de usinas eólicas ... 35

4 METODOLOGIA ... 38

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 40

5.1 Comparativo entre implantações de usinas eólicas no Ceará, na Bahia, no Rio Grande do Norte e no Rio Grande do Sul ... 40

5.2 Entraves nas implantações de usinas eólicas no Ceará ... 48

6 CONCLUSÃO ... 50

REFERÊNCIAS... 52

APÊNDICE A – USINAS EÓLICAS EM OPERAÇÃO NA BAHIA ... 55

APÊNDICE B – USINAS EÓLICAS EM OPERAÇÃO NO CEARÁ ... 58

APÊNDICE C – USINAS EÓLICAS EM OPERAÇÃO NO RIO GRANDE DO NORTE ... 60

(17)

15

1 INTRODUÇÃO

Desde a Primeira Revolução Industrial, em meados do século XVIII, a humanidade vem se utilizando de energias de origem fóssil de forma intensa. A evolução econômica das sociedades e o progresso em forma geral geram uma demanda crescente de energia, e acreditou-se até poucas décadas atrás que essa energia teria de vir quaacreditou-se que exclusivamente de fontes fósseis, como o carvão, o gás natural e, especialmente, o petróleo. Entretanto, com a Crise do Petróleo ocorrida na década de 1970, percebeu-se que essa grande dependência de poucas fontes de energia poderia ser perigosa e potencialmente prejudicial ao desenvolvimento de qualquer nação que não possua esses combustíveis em abundância.

Além disso, a partir da metade do século XX foi introduzido um tema que se tornou uma preocupação não anteriormente vista: a sustentabilidade. O meio ambiente transformou-se em um fator a ser considerado ao se pensar em qualquer negócio, e empreendimentos de geração de energia estão no centro dessa discussão. Fontes de energia como carvão e petróleo emitem grandes quantidades de gases poluentes ao serem queimados, e pesquisadores de todo o mundo começaram a trazer à tona como a utilização desenfreada e não planejada dessas fontes contribuem para o efeito estufa.

O interesse ambiental, apesar de nunca ter conseguido ser tão preponderante a ponto de sobrepujar o interesse financeiro, veio a contribuir com a crescente discussão sobre a dependência dessas fontes de energia fóssil. Assim, novas fontes começaram a ser buscadas e eventualmente introduzidas como potenciais formas para obter-se uma diversificação da matriz energética. Dentre essas novas fontes pode-se destacar a energia eólica, a energia solar e a biomassa.

A energia eólica é, na verdade, uma fonte de energia utilizada há séculos. Embora não tenha mostrado uso expresso para produção de eletricidade antes dos últimos anos, a energia dos ventos não é uma estranha ao homem: seu uso para mover moinhos vem de longa data e até hoje encontram-se, especialmente em países do norte europeu, moinhos e cata-ventos antigos, mas praticamente intactos.

(18)

16

Essa energia elétrica produzida pode ser um bem a ser comercializado, e tal compreensão fez com que investidores se interessassem em empreendimentos de geração de energia eólica, especialmente com a queda de preço pela qual esse tipo de energia vem passando. Os empreendedores brasileiros não são diferentes, e nos últimos anos o Brasil vem presenciando uma explosão de investimentos na área. O potencial brasileiro também é um grande atrativo para a implantação de agentes geradores devido à sua grande extensão litorânea, onde geralmente encontram-se ventos com maior velocidade.

Por isso, os estados do Nordeste apresentam uma expressiva concentração de implantações de usinas, especialmente o Rio Grande do Norte, o Ceará e a Bahia. Empresas vêm procurando, mesmo em momentos de crise econômica, conseguir a autorização do Poder Público para construir usinas eólicas. E o Estado Brasileiro, seguindo na busca pela diversificação da matriz energética, cria mecanismos para que a energia eólica tenha uma fatia cada vez maior na geração de energia no Brasil.

Entretanto, devido à importância de empreendimentos de geração de energia, é necessário que a implantação e o funcionamento de uma usina eólica sigam uma série de exigências para que o fornecimento de energia não seja prejudicado por erros banais e para que a construção da usina não só não atrapalhe como também contribua para realidade local. Mesmo assim, por vezes a construção de uma usina encontra obstáculos e não prossegue como previsto. Questões envolvendo exigências impostas pela legislação brasileira, problemas com fornecedores e inclusive atrasos em outras obras das quais o funcionamento de uma usina eólica depende podem dificultar o cumprimento do cronograma e, consequentemente, impedir a entrada em operação comercial.

1.1 Objetivo geral

Este trabalho teve como objetivo analisar as implantações de empreendimentos de geração de energia eólica no estado do Ceará no período de 2010 a 2016, no tocante ao cumprimento do prazo para entrada em operação comercial e em comparação a outros estados.

1.2 Objetivos específicos

(19)

17

a) averiguar se os prazos para entrada em operação comercial dados nos atos de outorga às usinas eólicas no Ceará são cumpridos, e, em caso negativo, quantificar os atrasos;

b) comparar o caso do Ceará com os três estados que mais produzem energia eólica no Brasil, sendo estes Rio Grande do Norte, Bahia e Rio Grande do Sul;

c) observar as justificativas mais frequentemente dadas pelos agentes de geração para a demora nas implantações no Ceará.

1.3 Justificativa

A importância desse estudo se justifica nas possíveis melhorias que podem ser implementadas ao processo de implantação de centrais eólicas com a compreensão dos principais motivos para atrasos no cronograma. Tais melhorias podem partir do Poder Público, com a otimização de alguns procedimentos que afetam as construções, e também dos próprios agentes geradores, que podem se preparar de forma mais completa ao entender como as obras de construção de uma usina eólica podem atrasar e quais são os principais motivos alegados pelos empreendedores.

(20)

18

2 ENERGIA EÓLICA NO BRASIL E NO CEARÁ

A energia eólica é uma das formas de energia renovável que mais tem recebido investimentos em todo o mundo. Embora haja registros de seu uso de séculos passados, a energia eólica começou a ganhar destaque no cenário mundial apenas após a primeira crise do petróleo, em 1973, devido à busca pela diminuição da dependência de fontes de energia de origem fóssil e à inserção do conceito de sustentabilidade nos meios de produção de energia.

Segundo o Global Wind Energy Council (2016a), apesar de representar apenas 3,7% da eletricidade fornecida em todo o mundo, a energia eólica conseguiu atingir, em 2015, o recorde de 63,5 GW de potência instalada anual, totalizando assim uma capacidade instalada mundial de cerca de 432,9 GW, conforme pode ser visto nos Gráficos 1 e 2.

Gráfico 1 − Capacidade instalada anual global de energia eólica

Fonte: Global Wind Energy Council (2016b).

Gráfico 2 − Capacidade instalada total global de energia eólica

Fonte: Global Wind Energy Council (2016b).

Em 2015, o Brasil ficou com a 8ª posição no ranking mundial de países produtores de energia elétrica de origem eólica, subindo duas posições em relação ao ano anterior e sete posições em relação a 2013, ficando atrás de países como Estados Unidos, China e Alemanha. Teve, ainda, a 4ª maior expansão de potência instalada, no valor de 2,7 GW (BRASIL, 2016a).

(21)

19

Tabela 1 − Potência instalada e geração por país em 2015

País Geração (TWh) % do total

gerado no país

Potência instalada (MW)

Expansão no ano (MW)

EUA 192,9 4,5 74.740 8.594

China 185,1 3,1 145.109 30.500

Alemanha 88,0 14,6 45.018 5.825

Espanha 49,3 18,2 23.025

-Índia 41,4 3,1 25.088 2.623

Reino Unido 40,4 12,8 14.191 1.204

Canadá 24,6 3,9 11.190 1.506

Brasil 21,6 3,5 7.633 2.745

França 20,2 3,7 10.269 932

Suécia 16,6 10,7 6.126 602

Fonte: Brasil (2016a).

Tais dados mostram que o Brasil vem se tornando cada vez mais relevante no cenário mundial no tocante à geração de energia eólica.

2.1 Histórico e potencial da energia eólica no Brasil

O Brasil iniciou a exploração da energia eólica ainda na década de 1970, logo após a crise do petróleo. Entretanto, de acordo com Pinto (2013), o que viria a ser considerado o marco inicial da energia eólica no Brasil, o Projeto Debra, ocorreria apenas em 1981. Promovido pelo Centro Técnico Aeroespacial (CTA) e o Deutsch Forschungs und Versuchsantalt für Luft (DFVL), Centro Aeroespacial da Alemanha, o projeto consistiu no desenvolvimento de turbinas a serem instaladas no nordeste brasileiro. Apesar de ter sido cancelado poucos anos depois, a energia eólica não foi descartada no Brasil, e estudos sobre os ventos, utilizando-se de anemômetros, começaram a ser feitos.

(22)

20

2.1.1 Primeiras instalações

Numa parceria entre a CHESF, a Companhia Energética de Pernambuco (CELPE) e a Folkcenter, um instituto de pesquisa dinamarquês, foi instalada a primeira turbina eólica no Brasil em 1992, na ilha de Fernando de Noronha, com uma torre de 23 m de altura, um rotor de 17 m de diâmetro e 75 kW de potência, conforme visto na Figura 1 (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2008; FERREIRA, 2008).

O primeiro parque eólico brasileiro ligado à rede de transmissão elétrica foi o parque Morro do Carmelinho, instalado na cidade de Gouveia, em Minas Gerais, no ano de 1994. Construído pela Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG) e financiado pelo governo alemão, o parque era constituído de quatro turbinas de 250 kW cada, com torres de 20 m e rotores de 29 m de diâmetro (FERREIRA, 2008).

Outro resultado importante desse acordo entre o Brasil e a Alemanha, chamado Projeto Eldorado, foi a instalação de quatro turbinas eólicas no Porto do Mucuripe, em Fortaleza, no estado do Ceará, que formaram a Central Eólica Mucuripe, com capacidade instalada de 1,200 MW (PINTO, 2013).

As Figuras 2 e 3 exibem as Centrais Eólicas Morro do Camelinho e Mucuripe, respectivamente. Esta última foi reconfigurada em 2000, tendo o modelo de suas turbinas alterado, e passou a contar com o dobro da potência originalmente instalada, totalizando então uma capacidade de 2,400 MW (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2005).

Figura 1 − Primeira turbina eólica no Brasil em Fernando de Noronha - PE

(23)

21

Figura 2 − Central Eólica Morro do Carmelinho (Gouveia - MG)

Fonte: Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sérgio de Salvo Brito apud Agência Nacional de Energia Elétrica (2005).

Figura 3 − Central Eólica Mucuripe (Fortaleza - CE)

Fonte: WOBBEN apud Agência Nacional de Energia Elétrica (2005).

2.1.2 Potencial eólico

A exploração da energia eólica no Brasil continuou avançando, motivada principalmente pelo grande potencial eólico observado no País no Atlas de Levantamento Preliminar do Potencial Eólico Nacional, cujos registros de medição foram realizados até o final da década de 1980 a 10 m de altura (PINTO, 2013).

Apenas em 2001, porém, foi publicado o Atlas do Potencial Eólico Brasileiro, cuja elaboração foi de responsabilidade do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (CEPEL). Segundo este Atlas, o Brasil tem um potencial de aproximadamente 143,5 GW de potência eólica, com produção anual de até 272,2 TWh para ventos com velocidade média anual igual ou superior a 7 m/s (CENTRO DE PESQUISAS DE ENERGIA ELÉTRICA, 2001), como pode ser observado na Figura 4.

(24)

22

Tabela 2 − Geração total de energia por fonte eólica em GWh

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Geração

total 237 663 1.183 1.238 2.177 2.705 5.050 6.576 12.210 21.626 Fonte: Empresa de Pesquisa Energética (2016a).

Figura 4 − Mapa do potencial eólico brasileiro para ventos iguais ou maiores a 7 m/s

Fonte: Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (2001).

(25)

23

Tabela 3 − Geração eólica em GWh por estado

CE RN BA RS SC PI PB RJ PE SE PR Total

2014 3.771 3.766 1.881 1.707 444 279 148 78 66 65 4 12.210

2015 4.472 7.469 3.999 3.499 320 898 158 76 648 65 21 21.625

% 20,7 34,5 18,5 16,2 1,5 4,2 0,7 0,4 3,0 0,3 0,1 100,0

Fonte: Brasil (2016b).

Além do potencial eólico, observou-se que existe no Brasil uma complementaridade eólico-hídrica. Em outras palavras, nos períodos de estiagem, a velocidade dos ventos costuma ser maior, o que possibilitaria no Nordeste a redução da dependência de energia térmica ou transferida de outras regiões. No Gráfico 3 pode ser observada a complementaridade entre a vazão do rio São Francisco e a geração nas usinas eólicas no Nordeste.

Gráfico 3 − Complementaridade eólico-hídrica

Fonte: Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (2007).

2.1.3 Políticas públicas

(26)

24

Tendo em vista que, no início da exploração da energia eólica, os preços da energia elétrica adquirida a partir desta fonte eram mais altos que os de outras fontes já bem estabelecidas no Brasil, especialmente a hidráulica, é importante destacar que foi necessária a implantação de dois programas de incentivo para impulsionar a energia eólica no País: o Programa Emergencial de Energia Eólica (PROEÓLICA) e o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (PROINFA).

O PROEÓLICA foi criado pela Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica (CGE), em julho de 2001, com o objetivo de incentivar a implantação de usinas eólicas até o fim de 2003, porém nunca foi regulamentado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e não resultou em novas usinas eólicas implantadas. Sua importância se dá no fato de ter aberto as portas para o PROINFA. Segundo Ferreira (2008, p. 57):

O Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica – PROINFA surgiu da sanção da Lei 10.438 em 26 de abril de 2002 que regulamentou a medida provisória nº 14 de 2001. O objetivo desse programa, apresentado pelo governo, é o de aumentar a participação da energia elétrica produzida por empreendimentos de Produtores Independentes Autônomos (PIA), concebido com base em fonte eólica, pequenas centrais hidrelétricas e biomassa.

Dividido em duas fases, o PROINFA estabeleceu como meta em sua primeira fase a contratação de 3.300 MW de potência instalada, o que não foi alcançado em razão da dificuldade com o limite financeiro, mesmo com a possibilidade de financiamento pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da necessidade de revisão dos projetos, dos contratempos com novas regras na obtenção de licenças ambientais e do baixo know how relativo ao tema. Assim, o programa foi descontinuado e o sistema de leilões de energia para contratação de agentes produtores foi introduzido (PINTO, 2013).

Atualmente, o governo brasileiro possui uma série de incentivos para a energia eólica, dentre eles a isenção de Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) e de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e desconto na Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição/Transmissão (TUSD/TUST) (BRASIL, 2016a).

2.1.4 Situação atual

(27)

25

Gráfico 4 − Matriz elétrica brasileira em 2015

Fonte: Brasil (2016c).

De acordo com o Banco de Informações de Geração (2016a), o Brasil possuía, até outubro de 2016, 392 empreendimentos de geração de energia eólica em operação, com potência de 9.569.660 kW. Além disso, havia um total de 360 empreendimentos já outorgados, dentre os quais 135 estavam em fase de obras.

2.2 Histórico e potencial da energia eólica no Ceará

O Ceará iniciou a exploração de seu potencial eólico em 1990 através de um projeto da Companhia de Eletricidade do Ceará (Coelce), atual Enel, em parceria com a Deutsche Gesellschaft für Technische Zusammenarbeit (GTZ), para estudo dos ventos no Estado. Segundo Pinto (2013, p. 276), “o estudo durou 2 anos, com três estações anemométricas, respectivamente, em Cofeco, Fortaleza, Jericoacoara, Gijoca, Palmeiras e Beberibe.”

Em seguida, outros estudos foram feitos, como o resultado do convênio entre a Coelce e o grupo empresarial cearense J. Macedo, estabelecido no ano de 1992 e feito com o intuito de construir o parque eólico de Mucuripe, e o apresentado pela CHESF em 1996, que mostrava o potencial eólico do Rio Grande do Norte e do Ceará. Com relação a este caso, Pinto (2013, p. 276) afirma que:

O estudo fez uso de simulações computacionais de curvas de desempenho de turbinas eólicas de 500 kW e 600 kW, indicando a possibilidade de geração de 9,55 TWh/ano (Ceará) e 2,96 TWh/ano (Rio Grande do Norte) ocupando apenas 10% do litoral de cada estado. O litoral do Ceará tem 640 km de extensão e 543 km² de dunas, com ventos intensos e constantes.

Origem hídrica 62% Bagaço de cana

(28)

26

2.1.1 Primeiras instalações

Conforme dito anteriormente, a primeira central eólica em operação no estado do Ceará foi, também, uma das primeiras usinas eólicas brasileiras ligadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN): a Central Eólica Mucuripe.

Após a inauguração do parque eólico de Mucuripe, a empresa alemã de energia eólica Wobben-Enercon firmou contrato com o governo do Ceará e as prefeituras de Aquiraz e São Gonçalo do Amarante para a instalação de dois parques eólicos, chamados respectivamente de Central Eólica Prainha e Central Eólica de Taíba.

Inaugurado em 1999, a Central Eólica Prainha foi por vários anos, de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (2005), o maior parque eólico do País em potência instalada, com vinte turbinas de 500 kW, totalizando uma capacidade de 10.000 kW. Tal valor é o dobro da potência instalada na Central Eólica de Taíba, cuja operação se iniciou no final de 1998 e que possui dez turbinas de 500 kW, sendo a primeira usina eólica classificada como Produtor Independente de Energia (PIE). Ambas são as únicas usinas eólicas no mundo construídas sobre dunas (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2005; PINTO, 2013).

A Central Eólica Prainha e a Central Eólica de Taíba podem ser vistas nas Figuras 5 e 6, respectivamente.

Figura 5 − Central Eólica Prainha (Aquiraz - CE)

Fonte: Centro Brasileiro de Energia Eólica; Universidade Federal de Pernambuco apud Agência Nacional de Energia Elétrica (2005).

Figura 6 − Central Eólica de Taíba (São Gonçalo do Amarante - CE)

(29)

27

2.2.2 Potencial eólico

Em 2001, a Secretaria de Infraestrutura do Governo do Estado do Ceará (SEINFRA) apresentou o Atlas do Potencial Eólico do Estado do Ceará, tornando o Ceará pioneiro no estudo dos ventos no Brasil. Considerando medições de 33 estações anemométricas, o atlas estima que o potencial cearense para geração anual de eletricidade por fonte eólica em áreas onde o vento tem velocidade igual ou superior a 7 m/s aproxima-se dos 12 TWh a 50 m de altura e 51,9 TWh a 70 m. Caso se considerem áreas com velocidade mínima de 6 m/s, esse potencial anual aumenta para 123,5 TWh a 50 m e 233,7 TWh a 70 (CEARÁ, 2001).

As Tabelas 4 e 5 mostram o potencial de geração de energia eólica no Ceará para as alturas de 70 m e 50 m, respectivamente.

Tabela 4 − Geração de energia a 70 m de altura em diferentes velocidades no Ceará

Velocidade Área (km²) Potência instalável

(GW)

Potencial de produção de eletricidade (TWh/ano)

> 8,5 m/s 483 0,97 3,2

8,0 – 8,5 m/s 515 1,0 2,9

7,5 – 8,0 m/s 1427 2,9 6,7

7,0 m/s – 7,5 m/s 10000 20,0 39,1

6,5 – 7,0 m/s 25943 51,9 82,3

6,0 – 6,5 m/s 39449 78,9 99,5

Fonte: Ceará (2001).

Tabela 5 − Geração de energia a 50 m de altura em diferentes velocidades no Ceará

Velocidade Área (km²) Potência instalável

(GW)

Potencial de produção de eletricidade (TWh/ano)

> 8,5 m/s 207 0,41 1,3

8,0 – 8,5 m/s 372 0,74 1,9

7,5 – 8,0 m/s 509 1,0 2,2

7,0 m/s – 7,5 m/s 1824 3,6 6,5

6,5 – 7,0 m/s 13672 27,3 29,9

6,0 – 6,5 m/s 30671 61,3 71,7

Fonte: Ceará (2001).

(30)

28

complementaridade eólico-hídrica observada no resto do Brasil também pode ser percebida no território cearense, conforme se vê no Gráfico 5.

Gráfico 5 − Complementaridade eólico-hídrica para os ventos no Ceará

Fonte: Ceará (2001).

2.2.3 Políticas públicas

O programa de incentivo à energia eólica mais emblemático para o estado do Ceará foi o Programa de Desenvolvimento de Cadeia Produtiva Geradora de Energia Eólica (PROEÓLICA), disposto pelo Decreto nº 27.951, de 10 de outubro de 2005.

O decreto considera, dentre outros fatores, que a posição privilegiada do estado do Ceará, no que concerne o potencial de geração de energia eólica, provê uma oportunidade de diversificação da matriz energética do estado a fim de atingir uma autossuficiência de energia. Para tanto, cria o Fundo de Desenvolvimento Industrial do Ceará (FDI) objetivando assegurar “incentivos destinados à implantação de sociedades empresárias fabricantes de equipamentos utilizados na geração de energia eólica e das que pretendam implantar usinas eólicas localizadas no Estado do Ceará.” (CEARÁ, 2005). Além disso, outros benefícios são assegurados, de tal forma que:

Art. 6º As sociedades empresárias enquadradas no PROEÓLICA, serão beneficiárias,

(31)

29

2.2.4 Situação atual

De acordo com o Banco de Informações de Geração (2016b), até outubro de 2016 o estado do Ceará possuía 93 empreendimentos de geração de energia, que juntos resultam em uma potência de cerca de 3.451.543 kW, dos quais 55 são usinas eólicas, com uma capacidade instalada de 1.491.464 kW. Isso representa aproximadamente 43,21% da potência instalada no Ceará.

No Gráfico 6, vê-se a matriz elétrica do estado cearense em 2015, quando se teve uma geração total de 16.509 GWh.

Gráfico 6 − Matriz elétrica do Ceará em 2015

Fonte: Brasil (2016c).

Carvão 48%

Gás 19% Óleo

6% Eólica

(32)

30

3 REGULAÇÃO NA GERAÇÃO DE ENERGIA EÓLICA

Para que possam ser implantadas usinas de geração de energia no Brasil, devem ser considerados não só as características técnicas e operacionais do projeto como também os aspectos regulatórios no que concerne a produção de energia no País. Portanto, é necessária a compreensão do funcionamento do setor elétrico brasileiro e do processo de implantação de usinas eólicas em relação à regulação do mesmo.

3.1 Setor elétrico brasileiro

De acordo com Faria (2003), o histórico do setor elétrico brasileiro pode ser dividido em quatro fases: privada (1879 a 1933), mista (1934 a 1963), estatal (1964 a 1988) e regulada (a partir de 1989).

Na fase privada, que é iniciada com a inauguração da primeira instalação elétrica permanente na Estação Central da Estrada de Ferro D. Pedro II, o financiamento dos projetos vinha de investidores privados estrangeiros. Com o pouco desenvolvimento do setor no final século XIX, apenas no século XX o Estado começou a procurar disciplinar o uso da energia elétrica no País, sendo o Decreto 5.401, de 1904, considerado o marco inicial da legislação brasileira no que diz respeito ao setor elétrico. Apesar disso, o Estado manteve uma postura pouco intervencionista no desenvolvimento e ampliação do setor elétrico.

A fase mista é caracterizada pela interferência crescente do Estado com a regulamentação das atividades de produção de energia e começa com a promulgação do Código de Águas, pelo Decreto 24.643 de 1934, que forneceu um instrumento legal para a regulação do uso de águas e do setor elétrico. Além de vários órgãos e empresas estatais no ramo de energia, foram criados o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) em 1952, atualmente denominado BNDES, e o próprio Ministério de Minas e Energia (MME), em 1960.

Na fase estatal, o Estado não apenas é o Poder Concedente e como também passa a ser o único ator no fornecimento de energia com as concessionárias estatais. Problemas de financiamento e escassez de recursos culminaram numa crise no setor energético no final da década de 1980.

(33)

31

Houve dois grandes marcos no setor elétrico brasileiro desde o início da fase regulada: a Lei 8.987, de 1995, chamada de Lei das Concessões, que “dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos”(BRASIL, 1995, p. 1917); e o Novo Modelo do Setor Elétrico, em 2004.

Com a Lei das Concessões, iniciou-se um processo de privatização das operadoras. Segundo Barroso Neto(2010, p. 51):

Durante o governo de Fernando Henrique Cardoso foi implantada a livre concorrência para promover a eficiência no setor elétrico e iniciou-se a fase regulatória e de fiscalização na busca de atrair o capital privado. A perspectiva do governo era de privatizar praticamente todo o setor de distribuição de energia elétrica, criar um programa de termelétricas, chamado de Programa Prioritário de Termelétricas (PPT) e implantar o Mercado Atacadista de Energia (MAE).

Houve, ainda, a criação de importantes órgãos para o setor elétrico brasileiro, como a ANEEL, o Operador Nacional do Sistema (ONS) e, posteriormente no Novo Modelo, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), que substituiu o MAE.

Tais alterações não propiciaram a melhora desejada na área e levaram a uma desestabilização do setor elétrico, o que impulsionou a implantação do Novo Modelo do Setor Elétrico, que objetivava “garantir a segurança no suprimento; promover a modicidade tarifária; e promover a inserção social, em particular pelos programas de universalização (como o Luz para Todos).” (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2008, p. 18).

A primeira mudança significativa que o Novo Modelo implantou foi a desverticalização das empresas participantes do setor elétrico. Enquanto antes uma única empresa poderia ser geradora, transmissora e distribuidora, agora elas precisariam sofrer uma cisão entre os ramos de atuação. Além disso, um novo agente foi introduzido: o comercializador, que pode comprar e vender energia sem precisar consumi-la (CUBEROS, 2008).

As relações entre tais agentes e consumidores podem ser verificadas na Figura 7.

Figura 7 − Relação entre agentes e consumidores

(34)

32

Outra mudança significativa foi a instituição de dois ambientes de contratação de compra e venda de energia elétrica: o Ambiente de Contratação Regulada (ACR), exclusivo para geradoras e distribuidoras; e o Ambiente de Contratação Livre (ACL), para geradoras, comercializadoras, importadores, exportadores e consumidores livres (PINTO, 2013).

Podem ser vistas, na Tabela 6, as principais mudanças ocorridas nas últimas décadas no setor elétrico brasileiro.

Tabela 6 − Mudanças recentes no setor elétrico brasileiro

Modelo antigo (até 1995) Modelo livre mercado (1995

a 2003) Novo modelo (2004)

Financiamento através de

recursos públicos recursos públicos e privadosFinanciamento através de recursos públicos e privadosFinanciamento através de

Empresas verticalizadas

Empresas divididas por atividade: geração, transmissão, distribuição e

comercialização

Empresas dividas por atividade: geração, transmissão, distribuição, comercialização, importação

e exportação Empresas

predominantemente estatais privatização das empresasAbertura e ênfase na Convivência ente empresas estatais e privadas Monopólios – competição

inexistente Competição na geração e comercialização Competição na geração e comercialização Consumidores cativos Consumidores livres e cativos Consumidores livres e cativos

Tarifas reguladas em todos os seguimentos

Preços livremente negociados na geração e

comercialização

No ambiente livre: preços livremente negociados na geração e comercialização. No ambiente regulado: leilão

e licitação pela menor tarifa Mercado regulado Mercado libre Convivência entre mercados livre e regulado Planejamento determinativo

– Grupo Coordenador do Planejamento dos Sistemas

Elétricos (GCPS)

Planejamento Indicativo pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE)

Planejamento pela Empresa de Pesquisa Energética

(EPE)

Contratação: 100% do mercado

Contratação: 85% do mercado (até agosto/2003) e

95% do mercado (até dezembro/2004)

Contratação: 100% do mercado + reserva

Sobras/déficits do balanço energético rateado entre

compradores

Sobras/déficits do balanço energético liquidados no

MAE

Sobras/déficits do balanço energético liquidados na

CCEE. Mecanismo de Compensação de Sobras e

(35)

33

No decorrer do tempo, o setor elétrico brasileiro foi composto por diferentes órgãos, alguns dos quais eventualmente foram dissolvidos. Atualmente, o setor elétrico brasileiro encontra-se organizado de acordo com o disposto na Figura 8.

Figura 8 − Organograma da estrutura do setor elétrico

Fonte: Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (2016b).

O CNPE foi instituído pela Lei 9.478 de 1997 e é um órgão que assessora a Presidência da República na formulação de políticas energéticas. Presidido pelo Ministro de Minas e Energia, tem como objetivo promover o aproveitamento dos recursos energéticos do Brasil, rever periodicamente as matrizes energéticas regionais, estabelecer diretrizes para o uso das diversas fontes de energia, bem como a importação e exportação das mesmas, entre outros (BRASIL, 1997a).

O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), autorizado pelo artigo 14 da Lei 10.848 de 2004 e constituído pelo Decreto 5.175, também de 2004, é diretamente ligado ao MME, sendo presidido pelo ministro deste ministério, e tem a função de “acompanhar e avaliar permanentemente a continuidade e segurança do suprimento eletroenergético em todo o território nacional.” (BRASIL, 2004a, p. 4).

(36)

34

A ANEEL é uma autarquia de regime especial que se propõe ser uma agência reguladora de energia a nível nacional. Instituída pela Lei nº 9.427 de 1996, “tem por finalidade regular e fiscalizar a produção, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica, em conformidade com as políticas e diretrizes do governo federal.” (BRASIL, 1996, p. 28653). Dentre as várias responsabilidades da ANEEL, estão os leilões para contratação de energia elétrica pelos agentes de distribuição do SIN, cuja operacionalização é repassada para a CCEE.

Criado pela Lei nº 9.648 de 1998, o ONS é uma pessoa jurídica de direito privado que tem dentre suas atribuições o planejamento da operação de geração, a supervisão dos centros de operação de sistemas elétricos e dos sistemas eletroenergéticos nacionais interligados e das interligações internacionais, a contratação e administração de serviços de transmissão de energia elétrica e a proposição de regras para a operação das instalações de transmissão da rede básica do SIN (BRASIL, 1998).

Passando a compor desde 2004 o CMSE, a CCEE foi autorizada pela Lei nº 10.848 de 2004 e é uma pessoa jurídica de direito privado. Regulamentada pelo Decreto nº 5.177 de 2004, “a CCEE tem por finalidade viabilizar a comercialização de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional – SIN,” (BRASIL, 2004c, p. 5). Promove, por exemplo, leilões de compra e venda de energia elétrica.

Devido a uma tentativa de descentralização dos serviços, há, ainda, os órgãos estaduais, que podem realizar atividades de fiscalização, de acordo com o disposto na Lei nº 9.427 e mediante convênio com a ANEEL. No estado no Ceará, este órgão é a Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Estado do Ceará (ARCE), instituída pela Lei Estadual nº 12.786 de 1997 e que tem como atribuições principais a regulação econômica dos serviços públicos delegados, a regulação técnica e controle dos padrões de qualidade e o atendimento ao usuário(CEARÁ, 1998).

(37)

35

Figura 9 − Estrutura institucional do setor elétrico brasileiro

Fonte: Agência Nacional de Energia Elétrica (2008).

3.2 Implantação de usinas eólicas

Para que a iniciativa privada possa explorar o potencial eólico no Brasil, é necessário que o empreendedor não só considere os aspectos técnicos do projeto da usina eólica, como características dos aerogeradores, localização do terreno, dentre outros, mas também siga os procedimentos necessários e as exigências determinadas pela legislação brasileira para implantação da usina.

O Estado Brasileiro, apesar de não mais se responsabilizar diretamente pela produção de energia, ainda se configura como Poder Concedente, utilizando-se do sistema de leilões como principal ambiente de contratação de energia no País. Os leilões de energia foram introduzidos pelo Novo Modelo do Setor Elétrico e, segundo Pinto (2013), atualmente se dividem em quatro grupos:

a) de energia existente (A-1), destinados às usinas já em operação e cujo prazo de entrega de energia é reduzido;

b) de energia nova (A-3 e A-5), para usinas que ainda serão construídas e cujo prazo para entrada em operação é de 3 ou 5 anos;

c) de ajuste, que buscam complementar o volume de energia elétrica demandada

(38)

36

d) de reserva, para usinas que entram em operação apenas em caso de escassez na produção de energia.

Tais leilões encontram-se no ACR e os contratos feitos podem ser Contratos de Compra e Venda de Energia no Ambiente Regulado (CCEAR) ou Contratos de Energia de Reserva (CER).

Para participar dos leilões, o empreendedor deve efetuar o cadastramento junto à EPE, para o qual é feita uma série de exigências, como: registro na ANEEL, memorial descritivo do projeto da central geradora, Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), licença ambiental compatível com as características do projeto e com a fase do processo de licenciamento, estudos e relatórios de impacto ambiental de acordo com a etapa do projeto, dentre outros (EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA, 2016b).

De acordo com o Conselho Nacional de Meio Ambiente (BRASIL, 1997b), as licenças ambientais necessárias para a implantação de uma usina eólica são três:

a) licença prévia (LP), emitida na fase preliminar do projeto e que atesta sua viabilidade ambiental, bem como estabelece requisitos a serem atendidos na próxima fase da implementação do projeto;

b) licença de instalação (LI), que autoriza a instalação do empreendimento de acordo com especificações aprovadas, incluindo as medidas de controle ambiental;

c) licença de operação (LO), que autoriza a operação do empreendimento quando há cumprimento das exigências das licenças anteriores.

As licenças prévia, de instalação e de operação têm prazo de, respectivamente, 5, 6 e 4 a 10 anos, que podem ser prorrogados, e compete ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) o licenciamento ambiental. Entretanto, o IBAMA pode delegar o licenciamento ambiental de atividades com significativo impacto ambiental regional aos estados. No estado do Ceará, o órgão responsável por emitir tais licenças é a Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Ceará (SEMACE).

O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), definidos pela Resolução 001/86 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), são essenciais para o licenciamento do projeto. Elaborado por uma empresa independente, o EIA/RIMA deve apontar os impactos ambientais causados pelo projeto, bem como suas vantagens e desvantagens, além de recomendações (BRASIL, 1986).

(39)

37

executivo, a autorização para implantação e exploração da energia eólica através de uma portaria do MME ou uma resolução autorizativa da ANEEL, na qual são descritas as características básicas do empreendimento, incluindo especificações técnicas, como número de unidades geradoras, capacidade instalada e dados do Sistema de Transmissão de Interesse Restrito, e o cronograma da implantação da usina. Algumas exigências também são dispostas, como integração à CCEE e submissão aos Procedimentos de Rede do ONS, que especificam os requisitos para obtenção do Contrato de Conexão ao Sistema de Transmissão (CCT) e o Contrato de Uso do Sistema de Transmissão (CUST).

O cronograma de implantação de uma usina eólica geralmente possui, além das datas-limite para obtenção da LI e da LO, os seguintes marcos:

a) início da montagem do canteiro de obras;

b) início das obras civis das estruturas;

c) início das obras do Sistema de Transmissão de Interesse Restrito;

d) início da concretagem das bases da usinas geradoras;

e) início da montagem das torres das unidades geradoras;

f) operação em teste;

g) operação comercial.

A partir desse momento, o empreendimento é fiscalizado pelo agente regulador responsável, que no caso do Ceará é a ARCE. O acompanhamento ocorre à distância, através de relatórios padronizados enviados no formato eletrônico pelo empreendedor à agência, e de forma presencial, através de fiscalizações que objetivam verificar se as obras de implantação seguem as especificações já estabelecidas. Por vezes, alterações no projeto inicial podem ser solicitadas ou imprevistos que levam a atrasos nas obras de implantação podem surgir. Quaisquer alterações relacionadas ao disposto no ato de outorga, entretanto, devem ser informadas e autorizadas pela ANEEL.

Ao final da fase de construção e após a fase de testes, é necessária a solicitação de liberação como apta à operação comercial, e para tanto uma lista de requisitos deve ser satisfeita, de acordo com o disposto na Resolução ANEEL nº 583/2013, como conformidade com o ato de outorga e projeto básico, conclusão de todas as obras, incluindo o Sistema de Transmissão e o Sistema de Medição de Faturamento, o Parecer de Acesso à rede, o CCT e o CUST e a Licença de Operação (BRASIL, 2013).

(40)

38

4 METODOLOGIA

O estudo deste trabalho tem como método uma pesquisa quanti-qualitativa, de caráter descritivo. Esse tipo de pesquisa busca, através de uma análise de dados, observar, esclarecer e compreender uma situação ou realidade.

No caso da presente pesquisa, o objetivo foi verificar se as implantações de usinas eólicas no estado do Ceará cumprem a data-limite disposta no ato de outorga para entrada em operação comercial em comparação com outros estados. Para tanto, o estudo foi dividido em duas partes:

a) averiguação dos atrasos nas obras de implantação de usinas eólica no estado do Ceará e comparação com outros estados brasileiros que se destacam na produção de energia de fonte eólica;

b) verificação das supostas causas da demora nas implantações de usinas eólicas no estado do Ceará.

Na primeira parte desta pesquisa, foi feita uma coleta de dados através do Banco de Informações de Geração (BIG) e da biblioteca virtual da ANEEL, o SophiA. Primeiramente, fez-se uma lista das usinas eólicas localizadas nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e da Bahia com os dados obtidos pelo BIG (BANCO DE INFORMAÇÕES DE GERAÇÃO, 2016c). São eles: Cadastro de Empreendimento de Geração da ANEEL (CEG), nome da usina, data de operação, potência instalada e proprietário. Todos os agentes listados são produtores independentes de energia e tiveram sua data de operação, ou seja, a data em que a primeira unidade geradora entrou em operação comercial, até 25 de dezembro de 2016.

Em seguida, utilizou-se a ferramenta de busca da biblioteca SophiA para obter os atos de outorga das usinas (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2016). A partir de tais normas autorizativas, foram coletadas as datas-limite originalmente determinadas para entrada em operação comercial. Visto que quase a totalidade das usinas eólicas nos estados estudados foi autorizada desde 2010, ano a partir do qual se iniciaram, no Ceará, os registros de acompanhamento de obras e operação dos agentes geradores de energia pela ARCE, as poucas usinas eólicas autorizadas antes de 2010 foram desconsideradas.

(41)

39

empreendimentos do Ceará e dos outros três estados. É importante salientar que esse estudo desconsidera alterações posteriores no cronograma de implantação das usinas.

Na segunda etapa da pesquisa, focou-se no estado do Ceará e foram averiguados os principais motivos alegados pelos agentes de geração que, segundo eles, contribuíram para as dificuldades no cumprimento do cronograma. Essas justificativas foram coletadas dos processos de fiscalização de implantação de agente de geração disponibilizados pela ARCE. Tais processos contêm todos os dados envolvendo a implantação das usinas eólicas desde o momento de sua outorga, incluindo os Relatórios de Fiscalização, elaborados pela Coordenadoria de Energia e resultantes das fiscalizações feitas pela Agência Reguladora, e as manifestações dos agentes geradores a esses relatórios.

(42)

40

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 Comparativo entre implantações de usinas eólicas no Ceará, na Bahia, no Rio Grande do Norte e no Rio Grande do Sul

No Ceará, há 57 usinas eólicas em operação, das quais 39 tiveram seu ato de outorga emitido a partir de 2010. Apesar de ter sido pioneiro na exploração de energia eólica no País, o Ceará vem perdendo espaço para os estados da Bahia, do Rio Grande do Sul e, especialmente, do Rio Grande do Norte. Na Tabela 7 consta o número de usinas eólicas em operação nesses quatro estados.

Tabela 7 − Usinas eólicas nos maiores estados produtores de energia eólica

Estado EOL em operação EOL PIE em operação (ato

de outorga a partir de 2010)

Bahia 68 68

Ceará 57 39

Rio Grande do Norte 119 113

Rio Grande do Sul 68 62

Fonte: Adaptado de Banco de Informações de Geração (2016c).

Tais dados mostram que o estado do Rio Grande do Norte foi o que mais avançou nas implantações de usinas eólicas, com 113 usinas instaladas, enquanto que o estado do Ceará ficou em quarto lugar, com 39 usinas instaladas.

Do total de 282 usinas eólicas instaladas nesses quatro estados, a maioria dos atos de outorga foi assinada nos anos de 2010, 2011 e 2012, conforme pode ser visto na Tabela 8.

Tabela 8 − Emissão de atos de outorga desde 2010

Estado 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Total

Bahia 18 12 24 1 13 0 68

Ceará 17 12 4 0 5 1 39

Rio Grande do Norte 23 28 26 6 9 1 113

Rio Grande do Sul 8 10 27 1 16 0 62

Fonte: Elaborada pela autora.

(43)

41

empreendimentos dos quais uma usina eólica é dependente, como, por exemplo, a subestação elevadora de tensão. Entretanto, a maioria dos prazos dados para entrada em operação comercial das usinas eólicas fica entre 18 e 26 meses. O Gráfico 7 mostra a distribuição de tais prazos em meses para a totalidade das usinas estudadas.

Gráfico 7 − Prazos para operação comercial a partir de assinatura de ato de outorga

Fonte: Elaborado pela autora.

Na amostra estudada, os anos de 2012, 2013 e 2014 concentram aproximadamente 70% das entradas em operação comercial de usinas eólicas outorgadas a partir de 2010. A Tabela 9 mostra os números de usinas eólicas previstas para entrada em operação comercial por ano.

Tabela 9 − Entrada prevista em atos de outorga de usinas eólicas para operação comercial

Estado 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Após

2016 Total

Bahia 1 23 6 19 10 6 3 68

Ceará 0 26 0 7 0 5 1 39

Rio Grande do Norte 4 41 26 13 15 10 4 113

Rio Grande do Sul 3 14 22 6 4 13 0 62

Total 8 104 54 45 29 34 8 282

Fonte: Elaborado pela autora.

(44)

42

Gráfico 8 − Período real até entrada em operação comercial de usinas eólicas

Fonte: Elaborado pela autora.

Os períodos para implantação das usinas eólicas a partir da assinatura do ato de outorga até o início da operação comercial se estendem, em maior frequência, entre 34 e 47 meses, o que resulta numa divergência entre as datas de entrada de operação comercial dispostas no ato de outorga e as datas reais. A Tabela 10 mostra o número de usinas que entraram em operação comercial nesses estados anualmente.

Tabela 10 − Início de operação comercial real de usinas eólicas

Estados 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Total

Bahia 0 3 5 25 14 21 68

Ceará 0 2 3 22 0 12 39

Rio Grande do Norte 5 2 2 47 25 32 113

Rio Grande do Sul 4 4 4 9 39 2 62

Total 9 11 14 103 78 67 282

Fonte: Adaptado de Banco de Informações de Geração (2006c).

Nos Apêndices A, B, C e D constam as listas de usinas eólicas de cada um desses estados, juntamente com o número do ato de outorga, a data de publicação do ato no Diário Oficial da União (DOU), a data originalmente disposta no ato de outorga para início de operação comercial, e a data em que tais usinas efetivamente começaram a operar comercialmente.

(45)

43

Gráfico 9 – Prorrogação do prazo até operação comercial real em meses (BA)

Fonte: Elaborado pela autora.

Gráfico 10 − Duração das implantações de usinas eólicas (BA)

Fonte: Elaborado pela autora.

0 10 20 30 40 50 60 70

MACAÚBAS PEDRA DO REINO NOVO HORIZONTESEABRA SERRA DO SALTOILHÉUS CANDIBA LICÍNIO DE ALMEIDA NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃOPAJEÚ DO VENTO ALVORADAIGAPORÃ PLANALTINA PORTO SEGUROPINDAÍ GUANAMBIRIO VERDE GUIRAPÁ CAETITÉ 2 PEDRA BRANCACAETITÉ 3 SETE GAMELEIRAS SÃO PEDRO DO LAGO VENTOS DO NORDESTEDA PRATA DOS ARAÇÁSMORRÃO TANQUE SERAÍMA PEDRA DO REINO IIITEIU ANGICAL COQUEIRINHOCAITITU INHAMBU CORRUPIÃO TAMANDUÁ MIRIMMARON PILÕES DOURADOSAMETISTA CAETITÉ PELOURINHOJOANA SERRA DO ESPINHAÇOESPIGÃO EMILIANABORGO VENTOS DE CAMPO FORMOSO IVENTOS DA ANDORINHA VENTOS DE MORRINHOSVENTOS DO SERTÃO CAETITÉ 1 VENTOS DE CAMPO FORMOSO IIDOIS RIACHOS BARAÚNAS I MORRO BRANCO IDAMASCENA ASSURUÁ VCAETITÉ B ASSURUÁ IICAETITÉ A MUSSAMBÊ ASSURUÁ VIICAETITÉ C VENTOS DE GUARÁS IBANDA DE COURO BARAÚNAS II

(46)

44

Gráfico 11 − Prorrogação do prazo até operação comercial real em meses (CE)

Fonte: Elaborado pela autora.

Gráfico 12 − Duração das implantações de usinas eólicas (CE)

Fonte: Elaborado pela autora.

0 10 20 30 40 50 60 70

TAÍBA ÁGUIA BURITI COQUEIROS ICARAÍ CAJUCOCO COLÔNIA DUNAS DE PARACURU FAÍSA V FAÍSA IV FAÍSA II FAÍSA III EMBUACA FAÍSA I ICARAÍ II QUIXABA ICARAÍ I TAÍBA ANDORINHA VENTOS DO MORRO DO CHAPÉU VENTOS DE TIANGUÁ NORTE VENTOS DE TIANGUÁ VENTO FORMOSO VENTOS DO PARAZINHO MUNDAÚ TRAIRÍ GUAJIRÚ FLEIXEIRAS I ILHA GRANDE RIBEIRÃO BOCA DO CÓRREGO MALHADINHA 1 SÃO JORGE SÃO CRISTOVÃO SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA ITAREMA V ITAREMA II ITAREMA III ITAREMA I ITAREMA IX SANTA MÔNICA I

(47)

45

Gráfico 13 − Prorrogação do prazo até operação comercial real em meses (RS)

Fonte: Elaborado pela autora.

Gráfico 14 − Duração das implantações de usinas eólicas (RS)

Fonte: Elaborado pela autora.

0 10 20 30 40 50 60 70

OSÓRIO 2 SANGRADOURO 3 FAZENDA ROSÁRIO 3FAZENDA ROSÁRIO CERRO CHATO I (COXILHA NEGRA V) CERRO CHATO II (COXILHA NEGRA VI) CERRO CHATO III (COXILHA NEGRA VII)SANGRADOURO 2 OSÓRIO 3 ATLÂNTICA IPONTAL 2 B ATLÂNTICA IVATLÂNTICA II REB CASSINO IIIREB CASSINO I REB CASSINO II FAZENDA ROSÁRIO 2ATLÂNTICA V PARQUE EÓLICO DOS ÍNDIOS 2VERACE VI VERACE IVVERACE II VERACE I VERACE III VERACE VIIVERACE IX VERACE X IBIRAPUITÃ ICHUÍ IV VERACE VIII CERRO CHATO VICHUÍ V CERRO DOS TRINDADECHUÍ I CERRO CHATO IVCERRO CHATO V CHUÍ II MINUANO II CORREDOR DO SENANDES IIIVERACE V VENTO ARAGANO I CORREDOR DO SENANDES IVCORREDOR DO SENANDES II MINUANO I PARQUE EÓLICO DOS ÍNDIOS 3XANGRI-LÁ GALPÕES COXILHA SECAPONTAL 2 A CAPÃO DO INGLÊSCHUÍ 09 VERACE 35 VERACE 25 VERACE 29 VERACE 31 VERACE 26 VERACE 24 VERACE 28 VERACE 27 VERACE 34 VERACE 30 VERACE 36

(48)

46

Gráfico 15 − Prorrogação do prazo até operação comercial real em meses (RN)

Fonte: Elaborado pela autora.

Gráfico 16 − Duração das implantações de usinas eólicas (RN), parte 1

Fonte: Elaborado pela autora.

0 10 20 30 40 50 60 70

MANGUE SECO 3 MANGUE SECO 2 MANGUE SECO 1 MANGUE SECO 5SANTA CLARA I SANTA CLARA III MORRO DOS VENTOS VIMORRO DOS VENTOS I MORRO DOS VENTOS IXSANTA CLARA VI SANTA CLARA IVSANTA CLARA II MORRO DOS VENTOS III MORRO DOS VENTOS IV PARQUE EÓLICO CABEÇO PRETOMIASSABA 3 AREIA BRANCAEURUS VI MIASSABA II SANTA CLARA VMAR E TERRA REI DOS VENTOS 1 REI DOS VENTOS 3MEL 02 RENASCENÇA V ASA BRANCA IVEURUS II CAMPO DOS VENTOS II PARQUE EÓLICO CABEÇO PRETO IVFAROL EURUS I EURUS III ASA BRANCA I ASA BRANCA V ASA BRANCA VIIIEURUS IV CALANGO 1 DREEN BOA VISTAASA BRANCA VII VENTOS DE SÃO MIGUELRENASCENÇA I RENASCENÇA IICALANGO 2 ASA BRANCA VI RENASCENÇA III DREEN SÃO BENTO DO NORTECALANGO 4 CALANGO 3 ASA BRANCA II ASA BRANCA III DREEN OLHO D ÁGUARENASCENÇA IV CALANGO 5 UNIÃO DOS VENTOS 1 UNIÃO DOS VENTOS 2 UNIÃO DOS VENTOS 3 UNIÃO DOS VENTOS 4 UNIÃO DOS VENTOS 5 UNIÃO DOS VENTOS 6 UNIÃO DOS VENTOS 7 UNIÃO DOS VENTOS 8 UNIÃO DOS VENTOS 9 UNIÃO DOS VENTOS 10SERRA DE SANTANA II SERRA DE SANTANA IIIARIZONA 1

(49)

47

Gráfico 17 − Duração das implantações de usinas eólicas (RN), parte 2

Fonte: Elaborado pela autora.

As implantações de usinas eólicas nos quatro estados observados sofreram alterações significativas quanto ao cronograma disposto no ato de outorga, chegando-se a demorar o dobro ou mesmo o triplo do tempo originalmente previsto para entrada em operação comercial, apesar de haver casos em que o início da operação comercial se dá antes da data prevista. Na Tabela 11 pode ser vista a média de meses decorridos após a data de início de operação comercial do ato de outorga até a entrada em operação comercial efetiva por estado.

Tabela 11 − Média de meses após data de operação comercial outorgada até operação comercial

Estado Meses

Bahia 12

Ceará 19

Rio Grande do Norte 14

Rio Grande do Sul 8

Fonte: Elaborada pela autora.

0 10 20 30 40 50 60 70

SERRA DE SANTANA IJUREMAS MACACOS PEDRA PRETA COSTA BRANCAMODELO I MODELO II VENTOS DE SANTO URIELCARCARÁ I SANTA HELENA PARQUE EÓLICO PELADO PARQUE EÓLICO LANCHINHASM RIACHÃO I RIACHÃO II RIACHÃO VI RIACHÃO VIIRIACHÃO IV PARQUE EÓLICO CABEÇO PRETO VMORRO DOS VENTOS II CAIÇARA I CARCARÁ IITERRAL PARQUE EÓLICO CABEÇO PRETO VIJUNCO I JUNCO II CAIÇARA II BAIXA DO FEIJÃO IVBAIXA DO FEIJÃO I BAIXA DO FEIJÃO II BAIXA DO FEIJÃO III PARQUE EÓLICO CABEÇO PRETO IIIMACAMBIRA I MACAMBIRA II CAMPO DOS VENTOS V CAMPO DOS VENTOS IIICAMPO DOS VENTOS I VENTOS DE SANTO DIMAS VENTOS DE SÃO BENEDITO VENTOS DE SÃO MARTINHOSANTA ÚRSULA SANTA MÔNICA VILA AMAZONAS VVILA PARÁ II VILA PARÁ I VILA PARÁ III SÃO DOMINGOS

(50)

48

O estado do Ceará, além de possuir uma média maior de meses, ainda possui os únicos empreendimentos que demoraram mais de 60 meses para entrada em operação comercial. Entretanto, não é possível afirmar que os outros estados estão muito a frente do Ceará nesse quesito, especialmente o Rio Grande do Norte, pois eles também apresentam demoras significativas nas implantações de seus empreendimentos de geração, apesar de não tão expressivas comparativamente.

5.2 Entraves nas implantações de usinas eólicas no Ceará

As justificativas mais comumente utilizadas pelos agentes de geração para alterações no cronograma inicial podem ser divididas em quatro tipos:

a) problemas com o escoamento de energia;

b) problemas com a LT;

c) problemas com o fornecedor;

d) problemas com financiamento.

Depois que a energia é produzida, o Sistema de Transmissão de Interesse Restrito da usina escoa tal energia até outra Subestação Elevadora (SE). Por vezes, essa SE, de propriedade de terceiros, tem um atraso na construção, o que impede a conexão da usina eólica com a rede. Nesses casos, a usina eólica tem duas alternativas: aguardar a finalização das obras da SE ou procurar outra SE já construída para conexão. Caso se escolha a segunda alternativa, é necessário fazer um desvio da LT e, portanto, alteram-se as características técnicas do empreendimento eólico, o que exige aprovação da ANEEL.

A LT muitas vezes precisa ser implantada em áreas que não são de propriedade do empreendedor. Em alguns casos, há dificuldades na instituição das servidões administrativas necessárias à passagem da LT, o que leva alguns agentes a efetuarem desvios, para os quais é necessária a aprovação da ANEEL para que, futuramente, sejam obtidos o Parecer de Acesso e a LO.

Alguns agentes ainda citam questões relacionadas ao fornecedor de equipamentos, como dificuldades financeiras do mesmo, o que pode causar lentidão às obras, e problemas no financiamento do projeto, como a demora para liberação de verbas.

(51)

49

(52)

50

6 CONCLUSÃO

Com o grande potencial eólico visto no estado do Ceará, o estado cearense saiu na frente nas implantações de usinas eólicas em comparação com outros estados, porém nos últimos anos perdeu essa liderança. Só o Rio Grande do Norte teve, desde 2010, mais que o triplo de instalações de centrais eólicas que o Ceará teve no mesmo período. Os estados da Bahia, do Rio Grande do Norte e do Rio Grande do Sul tiveram um número expressivo de emissões de atos de outorga e, consequentemente, de instalações de usinas eólicas.

Apesar de especificidades das usinas terem impacto em seus prazos para entrada em operação comercial, a previsão para finalização das obras a partir da publicação do ato de outorga é, em média, aproximadamente dois anos, nos quais o agente deve adquirir todas as licenças e autorizações necessárias para o prosseguimento e finalização das obras, como as licenças ambientais e o Parecer de Acesso. Entretanto, por questões adversas, na maioria das vezes as implantações de usinas não seguem o cronograma previsto no ato de outorga, e o novo fornecimento de energia é postergado, podendo esse novo prazo ter um aumento de cerca de quatro anos.

O estado do Ceará, com o menor número de usinas instaladas dentre as estudadas, não apresenta grande destaque no número nas instalações, tendo apenas 39 das 282 centrais estudadas, mas é notável que as usinas do estado cearense têm, de forma geral, um aumento no período de implantação mais expressivo que as dos outros estados, mesmo em comparação com o vizinho Rio Grande do Norte.

Por fim, foi verificado que as justificativas mais usadas pelos empreendedores no estado do Ceará para prorrogação dos cronogramas de implantação estão relacionadas, na maioria das vezes, à problemas na LT, na SE, com os fornecedores e com o financiamento do projeto. Salienta-se, entretanto, que nem sempre tais justificativas são acatadas pela Agência Reguladora, o que pode resultar em um processo administrativo punitivo devido à não conformidade do cronograma.

Conclui-se, assim, que:

a) há um número expressivo de usinas eólicas no Ceará e em outros três estados, Bahia, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul, que sofreram alteração na data de entrada em operação comercial;

(53)

51

c) existe uma série de fatores que podem afetar o cronograma de implantação e que, por vezes, estão além do poder do agente de geração.

Destaca-se que, de acordo com as características de cada implantação, em alguns casos as agências reguladoras consideram que o agente de geração não é responsável pelo aumento na duração das obras de implantação das usinas, o que não resulta num processo administrativo punitivo.

Imagem

Tabela 1 − Potência instalada e geração por país em 2015  País Geração (TWh) % do total
Figura 1 − Primeira turbina eólica no Brasil  em Fernando de Noronha - PE
Figura  2  −  Central  Eólica  Morro  do  Carmelinho (Gouveia - MG)
Tabela 2 − Geração total de energia por fonte eólica em GWh
+7

Referências

Documentos relacionados

No final, os EUA viram a maioria das questões que tinham de ser resolvidas no sentido da criação de um tribunal que lhe fosse aceitável serem estabelecidas em sentido oposto, pelo

Taking into account the theoretical framework we have presented as relevant for understanding the organization, expression and social impact of these civic movements, grounded on

[r]

Depois de exibido o modelo de distribuição orçamentária utilizado pelo MEC para financiamento das IFES, são discutidas algumas considerações acerca do REUNI para que se

da equipe gestora com os PDT e os professores dos cursos técnicos. Planejamento da área Linguagens e Códigos. Planejamento da área Ciências Humanas. Planejamento da área

O fortalecimento da escola pública requer a criação de uma cultura de participação para todos os seus segmentos, e a melhoria das condições efetivas para

intitulado “O Plano de Desenvolvimento da Educação: razões, princípios e programas” (BRASIL, 2007d), o PDE tem a intenção de “ser mais do que a tradução..

A presente dissertação é desenvolvida no âmbito do Mestrado Profissional em Gestão e Avaliação da Educação (PPGP) do Centro de Políticas Públicas e Avaliação