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Sumário. Considerações Iniciais... 4 LIVRÃO PARA A 2ª FASE DE DIREITO CIVIL DA OAB I. Principais peças processuais Petição inicial...

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Sumário

Considerações Iniciais ... 4

LIVRÃO PARA A 2ª FASE DE DIREITO CIVIL DA OAB ... 5

I. Principais peças processuais ... 5

1. Petição inicial ... 5

2. Contestação ... 10

3. Apelação ... 14

4. Agravo de instrumento ... 19

5. Recurso Especial ... 25

II. Resumo dos principais temas materiais e processuais ... 30

1. Cumulação de partes ... 30

2. Intervenção de terceiros ... 32

3. Respostas do réu ... 34

4. Execução de título extrajudicial e Cumprimento de sentença ... 36

5. Teoria geral dos recursos ... 37

6. Fraude à execução e Fraude contra credores ... 39

(3)

15. Doação ... 44

16. Lei de Locações ... 44

17. Responsabilidade Civil nas relações de consumo ... 45

18. Posse ... 46

19. Servidões ... 47

20. Regimes de bens ... 47

(4)

C

ONSIDERAÇÕES

I

NICIAIS

Olá!

Sou o Prof. Paulo Sousa. Tenho Graduação, Mestrado e Doutorado em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Fui, durante o Doutorado, Visiting Researcher no Max-Planck-Institut für ausländisches

und internationales Privatrecht, em Hamburgo/Alemanha.

Estou envolvido com concursos já há bastante tempo e desde os tempos da faculdade transito pelo Direito Privado. Estudo o Direito Civil há mais de uma década; sou um civilista nato!

Fui aprovado num dos primeiros exames nacionais, em 2010, quando ele ainda não era 100% unificado e o Paraná era conhecido pelas altas taxas de reprovação. Exerço a advocacia desde então, com atual principal nos Tribunais Superiores (STJ e STF).

Sou ex-professor de Direito Civil, aprovado em concurso de provas e títulos, na Universidade Estadual do Oeste do Paraná, a UNIOESTE. Atualmente, sou professor de Direito Civil e Prática Jurídica, aprovado em teste seletivo público, na Universidade Federal de Brasília, a UnB.

Essas são, para quem me conhece, minhas paixões profissionais: a docência e a advocacia. Essas paixões têm um ponto em comum: o Direito Civil! Sou um civilista nato =)

Aqui no Estratégia OAB, sou o responsável pelo Direito Civil tanto na 1ª Fase quanto na 2ª Fase. Na 2ª Fase fico integralmente responsável pelo curso, incluindo o Direito Civil Material e Processual, além de Direito do Consumidor e Direito da Criança e Adolescente. Sim, eu sou integralmente o professor de 2ª Fase em Direito Civil na OAB; prefiro ficar responsável por todo o Curso, porque assim sinto que o aluno tem uma preparação integral de verdade!

Qualquer dúvida, fale comigo:

facebook.com/prof.phms t.me/profphms

youtube.com/c/ProfPauloSousa

(5)

LIVRÃO

PARA

A

2

ª

FASE

DE

DIREITO

CIVIL

DA

OAB

I. Principais peças processuais

Chegou a hora de falar sobre o tão sonhado e importante "quinteto mágico". É ele que define boa parte da sua aprovação na 2ª Fase do Exame da OAB em Direito Civil. Você precisa d-o-m-i-n-a-r o cabimento e a redação dessas cinco peças que compõem a quase totalidade de peças que aparecem no Exame!

1. Petição inicial

1.1. Noções gerais

Vou trazer os aspectos mais relevantes sobre a petição inicial, já que ela varia muito, a depender do conteúdo material envolvido (uma inicial de alimentos é beeem diferente de uma inicial de reintegração de posse, mas a estrutura elementar é a mesma).

Primeiro, algo que é importantíssimo na 2ª Fase: os PONTOS FÁCEIS! Quase todas as peças necessitarão desses requisitos, exceto, em linhas gerais, o valor da causa e o requerimento de audiência, que são exclusivos da petição inicial. Os demais valem para todas as outras peças da 2ª Fase da OAB, por isso atenção!

São os requisitos da petição inicial (art. 319): I – o juízo a que é dirigida;

II – os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;

III – o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV – o pedido com as suas especificações;

V – o valor da causa;

VI – as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII – a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação.

O §1º estabelece que se o autor não dispuser dessas informações, deve solicitar ao juiz medidas para sua obtenção. A falta de alguma delas, no entanto, não gera o indeferimento da ação (§2º).

(6)

Eventualmente, se a inicial não está “100%”, juiz deve determinar ao autor que a emende, ou a complete, no prazo de 15 dias (art. 321).

Outro ponto importante são os pedidos, que não, por assim dizer, o mais importante da petição. Ora, você faz uma peça justamente para pedir algo ao juiz, daí o termo “petição”: faça o réu pagar os alimentos ao filho, como o autor não precisa de tanto dinheiro eu quero pagar menos, essa pessoa invadiu minha propriedade e quero ela fora, estou aqui há tantos anos e quero o título de propriedade dessa terra, o réu não quer aceitar o aluguel mas eu quero pagar, meu pai morreu e eu preciso fazer o inventário, o testamento que apresentaram nesse inventário é falso e eu quero que eu seja anulado, e por aí vai...

De regra, o pedido deve ser determinado. Ou seja, “como o réu não fez isso, quero que ele faça aquilo”, “como o fulano não pagou o aluguel, quero que ele seja despejado”, “o réu está cobrando 100, mas eu calculei e tenho que pagar apenas 75”..., Porém, pode-se formular pedido genérico (art. 324, §1º, incisos):

I - nas ações universais, se não puder o autor individuar na petição os bens demandados; II - quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato; III - quando a determinação do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu.

Lembra das obrigações alternativas? O art. 288 estabelece que, em caso de obrigação alternativa, o

pedido será alternativo também. Assim, se eu poderia pedir o carro A ou o carro B, e para mim tanto faz,

peço ao juiz que ordene que o réu me entregue o carro A ou o carro B; que ele publique uma retratação no Jornal A ou no Jornal B; que ele entregue os filhos no horário A ou no horário B etc.

Lembra que nas obrigações alternativas podia ser o devedor a escolher? E se o autor não indicou que era uma alternativa, e pediu ao juiz o carro B? Nesse caso, o juiz assegurará ao devedor o direito de cumprir a

prestação de um ou de outro modo, ainda que o autor não tenha formulado pedido alternativo, na dicção

do art. 325, parágrafo único.

Igualmente, é possível formular mais de um pedido em ordem subsidiária, a fim de que o juiz conheça do posterior, quando não acolher o anterior (art. 326). Assim, eu peço ao juiz que ordene que o pai pague todas as despesas mensais dos filhos, incluindo as domésticas; sucessivamente, que ele pague 100% das despesas, excluindo as domésticas; sucessivamente que pague 50% das despesas dos filhos, incluindo as domésticas; sucessivamente que pague 50% das despesas dos filhos, excluindo as domésticas etc.

No caso de prestações periódicas, como nos casos de alimentos, locações, mútuos, financiamentos, comodatos etc., o art. 323 estabelece que se consideram incluídas no pedido; se o devedor, no curso do

processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las, a sentença as incluirá na condenação, enquanto durar a

obrigação. Isso é importante, pois apesar desse dispositivo dizer que elas se incluem ainda que você não peça, a OAB pontua. Se você esquecer de colocar as “parcelas vincendas”, por exemplo, perde pontos! Por fim, se a petição inicial por indeferida, nos casos do art. 330, incisos, o art. 331 estabelece que o autor

(7)

1.2. Modelo de peça

Ao invés de colocar um modelo absolutamente genérico, vou trazer a você o modelo da última petição inicial que apareceu na prova da OAB, no XXVI Exame. Assim, você vê, de maneira mais palpável, como a FGV cobrou essa peça! =)

Para facilitar, vou destacar em AMARELO os elementos que são variáveis dentro de uma petição inicial e em CINZA os elementos que são peculiares dessa petição inicial em específico, que não se repetiriam em outras petições iniciais. Além disso, deixarei um ponto ( . ) nas linhas onde eu pularia uma linha; você pode pular mais linhas, se quiser, mas eu acho arriscado, porque pode faltar espaço no final...

Enunciado

Aline é proprietária de uma pequena casa situada na cidade de São Paulo, residindo no imóvel há cerca de 5 anos, em terreno constituído pela acessão e por um pequeno pomar. Pouco antes de iniciar obras no imóvel, Aline precisou fazer uma viagem de emergência para o interior de Minas Gerais, a fim de auxiliar sua mãe que se encontrava gravemente doente, com previsão de retornar dois meses depois a São Paulo. Aline comentou a viagem com vários vizinhos, dentre os quais, João Paulo, Nice, Marcos e Alexandre, pedindo que “olhassem” o imóvel no período.

Ao retornar da viagem, Aline encontrou o imóvel ocupado por João Paulo e Nice, que nele ingressaram para fixar moradia, acreditando que Aline não retornaria a São Paulo. No período, João Paulo e Nice danificaram o telhado da casa ao instalar uma antena “pirata” de televisão a cabo, o que, devido às fortes chuvas que caíram sobre a cidade, provocou graves infiltrações no imóvel, gerando um dano estimado em R$ 6.000,00 (seis mil reais). Além disso, os ocupantes vêm colhendo e vendendo boa parte da produção de laranjas do pomar, causando um prejuízo estimado em R$ 19.000,00 (dezenove mil reais) até a data em que Aline, 15 dias após tomar ciência do ocorrido, procura você̂, como advogado.

Na qualidade de advogado(a) de Aline, elabore a peça processual cabível voltada a permitir a retomada do imóvel e a composição dos danos sofridos no bem. (Valor: 5,00)

Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere pontuação.

MODELO DE PETIÇÃO INICIAL

MERITÍSSIMO JUÍZO DA __VARA CÍVEL DA COMARCA DE SÃO PAULO .

ALINE, estado civil, profissão, inscrita no CPF sob o nº, endereço eletrônico, residente e domiciliada no endereço completo, representada por seus advogados, com endereço profissional (procuração anexa), vem, respeitosamente, com fundamento nos arts. 1.260 do CC/2002 e nos arts. 560 e ss. do CPC, propor .

(8)

.

em face de JOÃO PAULO, estado civil, profissão, inscrito no CPF sob o nº, endereço eletrônico, residente e domiciliado no endereço completo e NICE, estado civil, profissão, inscrita no CPF sob o nº, endereço eletrônico, residente e domiciliada no endereço completo, pelas razões fáticas e jurídicas a seguir expostas. .

I - DOS FATOS .

Os réus invadiram a residência da autora depois que ela fez uma viagem de emergência, apesar de ter pedido que eles, Marcos e Alexandre, “olhassem” o imóvel. Não bastasse isso, ainda danificaram o telhado da casa ao instalar uma antena “pirata”, além de terem colhido e vendido sua produção de laranjas. Tomando conhecimento da situação há 15 dias, a autora pretende se ver reintegrada na posse de seu imóvel.

.

II - DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS .

a. Do rito

Aline tomou conhecimento do esbulho há 15 dias, em prazo inferior ao de ano e dia (art. 558 do CPC/2015). Como o esbulho ocorreu há menos de ano e dia da propositura da demanda, deve ser adotado o procedimento previsto no art. 560 e ss. do CPC/2015, ou seja, pelo rito especial.

Além disso, permite o art. 555, incs. I e II, do CPC/2015 que o autor da demanda cumule ao pedido possessório os pedidos de condenação em perdas e danos, bem como de indenização dos frutos.

.

b. Do esbulho possessório

Aline claramente solicitou aos réus que “olhassem” os imóvel, como é comum entre vizinhos de casas. Fez isso porque precisou ir a Minas Gerais, urgentemente, cuidar da mãe.

A autora, proprietária do imóvel, era legítima possuidora do imóvel, pelo que o fato de os réus terem invadido a casa configura clara situação de esbulho possessório. Assim, nos termos do art. 561, incisos, do CPC/2015, resta provada sua posse, o esbulho possessório praticado pelo réu, bem como sua data, e a perda, causada pelos réus.

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clandestinidade, pela previsão do art. 1.200 do CC72002, tendo que vista que a autora solicitou que eles “olhassem” a casa.

.

c. Da indenização

Não bastasse o esbulho, os réus ainda causaram prejuízos de grande monta à autora, que devem ser indenizados.

No período, João Paulo e Nice danificaram o telhado da casa ao instalar uma antena “pirata” de televisão a cabo, graças a graves infiltrações no imóvel, gerando um dano estimado em R$ 6.000,00. Assim, como eram possuidores de má-fé, devem indenizar esses prejuízos, na forma do art. 1.218 do CC/2002.

Além disso, os ocupantes colheram e venderam a parte da produção de laranjas do pomar, causando um prejuízo de R$ 19.000,00 (dezenove mil reais). Igualmente, devem indenizar pelos frutos colhidos de má-fé, segundo o art. 1.216 do CC/2002.

.

d. Da liminar

Como a petição inicial está devidamente instruída, o juiz deve deferir, sem oitiva do réu, a expedição do mandado liminar de reintegração de posse. Por isso, a autora tem direito à reintegração provisória liminar na posse, com base no art. 562 do CPC/2015 (0,10).

.

DO PEDIDO .

Diante do exposto, requer-se que seja:

a. concedida liminar, determinando a reintegração provisória da autora na posse do imóvel, nos termos acima aludidos;

b. designada audiência de conciliação ou mediação na forma do previsto no art. 334 do CPC/2015, caso esse seja o entendimento do Juízo;

c. julgado procedente o pedido, para que a autora seja reintegrada definitivamente na posse do imóvel, com confirmação da liminar;

d. julgado procedente o pedido de condenação dos réus ao pagamento de indenização dos danos materiais ocasionados ao imóvel;

(10)

f. julgado procedente o pedido para condenar o réu ao pagamento das custas judiciais e honorários advocatícios na ordem de 20% sobre o valor da causa.

Requer-se, ainda, a produção de todas as provas em direito admitidas, nos termos dos arts. 369 e ss. do CPC/2015, em especial a prova documental, a prova pericial, a testemunhal e o depoimento pessoal dos réus.

Dá-se à causa o valor de R$25.000,00 (vinte e cinco mil reais). Nestes termos, pede deferimento.

Local, data Assinatura OAB

2. Contestação

2.1. Noções gerais

Vou analisar os elementos específicos da contestação quando falar das respostas do réu. Lembro, aqui, que a contestação pode ser simples, ou com reconvenção, quando o réu, além de rebater os pedidos da inicial, faz verdadeiro pedido inicial, cumulado à contestação. Isso tudo, claro, na mesma peça!

2.2. Modelo de peça

Ao invés de colocar um modelo absolutamente genérico, vou trazer a você o modelo da última contestação que apareceu na prova da OAB, no XVI Exame. Assim, você vê, de maneira mais palpável, como a FGV cobrou essa peça! =)

Para facilitar, vou destacar em AMARELO os elementos que são variáveis dentro de uma contestação e em CINZA os elementos que são peculiares dessa contestação em específico, que não se repetiriam em outras petições iniciais. Além disso, deixarei um ponto ( . ) nas linhas onde eu pularia uma linha; você pode pular mais linhas, se quiser, mas eu acho arriscado, porque pode faltar espaço no final...

Enunciado

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realizando novos fretes. Contudo, 20 dias após seu retorno às atividades laborais, João, sentindo-se mal, voltou ao Hospital X. Foi constatada a necessidade de realização de nova cirurgia, em decorrência de uma infecção no crânio causada por uma gaze cirúrgica deixada no seu corpo por ocasião da primeira cirurgia. João ficou mais 30 dias internado, deixando de realizar outros contratos. A internação de João, por este novo período, causou uma perda de R$ 10 mil.

João ingressa com ação indenizatória perante a 2a Vara Cível da Comarca da Capital contra o Condomínio Bosque das Araras, requerendo a compensação dos danos sofridos, alegando que a integralidade dos danos é consequência da queda do pote de vidro do condomínio, no valor total de R$ 30 mil, a título de lucros cessantes, e 50 salários mínimos a título de danos morais, pela violação de sua integridade física. Citado, o Condomínio Bosque das Araras, por meio de seu síndico, procura você̂ para que, na qualidade de advogado(a), busque a tutela adequada de seu direito.

Elabore a peça processual cabível no caso, indicando os seus requisitos e fundamentos, nos termos da legislação vigente. (Valor: 5,00)

Responda justificadamente, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.

MODELO DE CONTESTAÇÃO

MERITÍSSIMO JUÍZO DA 2ª VARA CÍVEL DA COMARCA DA CAPITAL DO RIO DE JANEIRO/RJ .

Autos nº. .

CONDOMÍNIO BOSQUE DAS ARARAS, pessoa jurídica de direito privado, inscrito no CNPJ sob o nº, endereço eletrônico, domiciliado no endereço completo, neste ato representado por seu síndico, MARCELO RORIGUES, estado civil, profissão, inscrita no CPF sob o nº, endereço eletrônico, residente e domiciliado no endereço completo, representado por seus advogados, com endereço profissional (procuração anexa), vem, respeitosamente, com fundamento no art. 938 do CC/2002 e nos arts. 335 e ss. do CPC, propor

.

CONTESTAÇÃO .

em face de JOÃO, estado civil, profissão, inscrito no CPF sob o nº, endereço eletrônico, residente e domiciliada no endereço completo, pelas razões fáticas e jurídicas a seguir expostas.

(12)

I - DOS FATOS .

O autor andava em frente ao Condomínio réu, quando foi atingido por um objeto lançado da unidade 601. Posteriormente ao fato, foi encaminhado ao Hospital X, no qual, em virtude de erro médico, teve danos de monta. Reclama indenização por danos, imputando-os ao demandado, de maneira inadequada.

.

II - DAS PRELIMINARES .

a. Ilegitimidade passiva

Estabelece o art. 337, inc. IX, do CPC/2015 que incumbe ao réu, antes de tratar do mérito, alegar incapacidade da parte, se for o caso, preliminarmente. No presente caso, o Condomínio é parte ilegítima a figurar no polo passivo da demanda.

Isso porque, em relação à queda do pote de vidro, pode ser identificado o condômino que causou o dano. Quanto ao erro médico, deve ser responsabilizado o Hospital Municipal X, em vista do tratamento inadequado.

Assim, tendo em vista a identificação do real causador do dano, o réu é parte ilegítima, deve o juiz extinguir o feito, sem resolução do mérito, nos termos do art. 485, inc. IV, do CPC/2015, ante a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo.

Por fim, em cumprimento ao art. 339 do CPC/2015, são passivamente legítimos o hospital e o proprietário ou possuidor da unidade condominial 601.

.

III - DO MÉRITO .

a. Da identificação do causador do dano

O réu não deve responder pela indenização em relação à primeira cirurgia, tendo em vista que o pote de vidro foi lançado de uma unidade que foi identificada, o apartamento 601. De acordo com o art. 938 do CC/2002, quem habita prédio responde pelos danos causados pelas coisas lançadas indevidamente.

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Melhor razão não assiste ao autor quanto aos danos da segunda cirurgia sofrida pelo autor, na medida em que o dano é resultado de erro médico cometido pela equipe cirúrgica do hospital X. A queda do pote de vidro nada tem a ver com isso, portanto.

Ainda que materialmente relacionado ao evento, a queda do pote de vidro do edifício somente se pode atribuir a consequências danosas do primeiro evento. O art. 403 do CC/2002 esclarece que as perdas e danos incluem apenas os prejuízos efetivos e os lucros cessantes causados direta e imediatamente pelo evento.

Nesse sentido, indevidos os pedidos de perdas e danos, os lucros cessantes, quanto ao tempo pelo qual o autor ficou “parado”.

Em suma, tanto os danos materiais causados pela primeira cirurgia quanto os danos materiais causados pela segunda não podem ser imputados ao réu. Os primeiros são de responsabilidade do morador da unidade condominial e os segundos aos hospital, respectivamente.

.

b. Dos danos morais

Ademais, inexistem danos morais a serem indenizados, porque a situação trata apenas de danos materiais eventualmente sentidos pelo autor. Subsidiariamente, caso seja diferente o entendimento do Juízo, o valor a ser fixado a título de indenização por danos morais deve ser inferior aquele pedido pelo autor. Do inverso, haverá claro enriquecimento sem causa, chancelado pelo Juízo.

.

IV - DO PEDIDO .

Diante do exposto, requer-se que seja:

a. acolhida a preliminar de mérito de ilegitimidade passiva do réu, extinguindo-se o processo sem resolução do mérito, nos termos do art. 485, inc. IV, do CPC/2015;

b. caso não acolhida a preliminar, julgado improcedente o pedido autoral, no mérito, conforme o art. 487, inc. I, do CPC/2015, quanto aos danos materiais, incluindo-se os lucros cessantes;

c. julgado improcedente também o pedido de condenação do réu a pagar indenização por danos morais, nos termos do art. 487, inc. I, do CPC/2015;

d. subsidiariamente, caso o Juízo entenda cabíveis os danos morais, que seja o réu condenado a indenizar em valor inferior ao pleiteado pelo autor;

(14)

Requer-se, ainda, a produção de todas as provas em direito admitidas, nos termos dos arts. 369 e ss. do CPC/2015, em especial a prova documental, a prova pericial, a testemunhal e o depoimento pessoal dos réus.

Nestes termos, pede deferimento. Local, data

Assinatura OAB

3. Apelação

3.1. Noções gerais

Da sentença cabe apelação, segundo o art. 1.009 do CPC/2015. Ou seja, nos casos de extinção da lide com ou sem análise de mérito. A apelação deve ser interposta por petição dirigida ao juiz, pelo que é

necessário, na prova, fazer uma peça de interposição (“folha de rosto”) e uma peça de razões (as “razões recursais”). O que deve conter uma Apelação? Segundo o art. 1.010 do CPC/2015:

I - os nomes e a qualificação das partes; II - a exposição do fato e do direito;

III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade; IV - o pedido de nova decisão.

Segundo o art. 1.013, §3º, do CPC/2015, se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o

tribunal deve decidir desde logo o mérito quando:

I - reformar sentença fundada no art. 485;

II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir;

III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo; IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.

(15)

Interposta a apelação, o juiz, declarando os efeitos em que a recebe (se apenas devolutivo, ou seja, “devolvendo” ao tribunal o julgamento, ou se suspensivo, ou seja, além de “devolver”, suspende a própria decisão), manda dar vista ao apelado para responder (art. 1.010, §1º, do CPC/2015.

A apelação será recebida em seu efeito devolutivo e suspensivo, em regra. Produzirá, no entanto, efeitos

desde já (ou seja, será recebida apenas no efeito devolutivo), nas seguintes hipóteses (art. 1.012, §1º),

além de outras previstas em lei:

I - homologa divisão ou demarcação de terras; II - condena a pagar alimentos;

III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado; IV - julga procedente o pedido de instituição de arbitragem;

V - confirma, concede ou revoga tutela provisória; VI - decreta a interdição.

3.2. Modelo de peça

Ao invés de colocar um modelo absolutamente genérico, vou trazer a você o modelo da última apelação que apareceu na prova da OAB, no XXIII Exame. Assim, você vê, de maneira mais palpável, como a FGV cobrou essa peça! =)

Para facilitar, vou destacar em AMARELO os elementos que são variáveis dentro de uma apelação e em CINZA os elementos que são peculiares dessa apelação em específico, que não se repetiriam em outras apelações. Além disso, deixarei um ponto ( . ) nas linhas onde eu pularia uma linha; você pode pular mais linhas, se quiser, mas eu acho arriscado, porque pode faltar espaço no final...

Enunciado

Ricardo, cantor amador, contrata Luiz, motorista de uma grande empresa, para transportá-lo, no dia 2 de março de 2017, do Munícipio Canto Distante, pequena cidade no interior do Estado do Rio de Janeiro onde ambos são domiciliados, até a capital do Estado. No referido dia, será́ realizada, na cidade do Rio de Janeiro, a primeira pré-seleção de candidatos para participação de um concurso televisivo de talentos musicais, com cerca de vinte mil inscritos. Os mil melhores candidatos pré-selecionados na primeira fase ainda passarão por duas outras etapas eliminatórias, até que vinte sejam escolhidos para participar do programa de televisão. Luiz costuma fazer o transporte de amigos nas horas vagas, em seu veículo particular, para complementar sua renda; assim, prontamente aceita o pagamento antecipado feito por Ricardo.

(16)

Inconformado, Ricardo ingressa com ação indenizatória em face de Luiz menos de um mês após o ocorrido, pretendendo perdas e danos pelo inadimplemento do contrato de transporte e indenização pela perda de uma chance de participar do concurso. A ação foi regularmente distribuída para a Vara Cível da Comarca de Canto Distante do Estado do Rio de Janeiro. Citado, o réu alegou em contestação que Ricardo errou ao não tomar um ônibus na rodoviária da cidade, o que resolveria sua necessidade de transporte. Ao final da instrução processual, é proferida sentença de total procedência do pleito autoral, tendo o juízo fundamentado sua decisão nos seguintes argumentos:

i) o inadimplemento contratual culposo foi confessado por Luiz, devendo ele arcar com perdas e danos, nos termos do Art. 475 do Código Civil, arbitrados no montante de cinco vezes o valor da contraprestação originalmente acordada pelas partes;

ii) o fato de Ricardo não ter contratado outro tipo de transporte para o Rio de Janeiro não interrompe o nexo causal entre o inadimplemento do contrato por Luiz e os danos sofridos;

iii) Ricardo sofreu evidente perda da chance de participar do concurso, motivo pelo qual deve ser indenizado em montante arbitrado pelo juízo em um quarto do prêmio final que seria pago ao vencedor do certame.

Na qualidade de advogado(a) de Luiz, indique o meio processual adequado à tutela integral do seu direito, elaborando a peça processual cabível no caso, excluindo-se a hipótese de embargos de declaração, indicando os seus requisitos e fundamentos nos termos da legislação vigente. (Valor: 5,00)

Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere pontuação.

MODELO DE APELAÇÃO

MERITÍSSIMO JUÍZO DA COMARCA DE CANTO DISTANTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO .

Autos nº. .

LUIZ, estado civil, profissão, inscrito no CPF sob o nº, endereço eletrônico, residente e domiciliado no endereço completo, representado por seus advogados, com endereço profissional (procuração anexa), vem, respeitosamente, com fundamento no art. 1.009 e ss. do CPC/2015, interpor

.

(17)

contra a decisão proferida na lide em que contende com RICARDO, estado civil, profissão, inscrito no CPF sob o nº, endereço eletrônico, residente e domiciliado no endereço completo, pelas razões fáticas e jurídicas a seguir expostas.

Frise-se, de antemão, que o presente recurso é tempestivo, tendo sido interposto no prazo de 15 dias úteis, na forma do art. 1.003, §5º, do CPC/2015. Igualmente, segue o recurso com seu preparo, conforme documentos em anexo, para que possa o Tribunal analisar sua regularidade.

Requer-se que, após comprovação de regularidade, seja o presente recurso encaminhado ao Tribunal, para análise de seu mérito, de modo que nova decisão seja proferida.

Nestes termos, pede deferimento. Local, data

Assinatura OAB .

AO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO .

Recorrente: LUIZ Recorrido: RICARDO Autos nº.

Origem: Vara Cível de Canto Distante

Colenda Câmara, Meritíssimos Desembargadores, .

I - DOS FATOS .

O recorrente foi contratado para fazer o transporte do recorrido. Ocorre que, na data avençada, não pôde fazê-lo, em razão da necessidade de reparos no automóvel, que poderia tornar a viagem insegura. Devolveu o valor ao recorrido e ele, por razões alheias ao recorrente, deixou de fazer a viagem, de modo que sofreu dano. Não obstante, o recorrente não tem o dever de indenizar, como se verá.

(18)

II - DO DIREITO .

a. Ausência de responsabilidade

No presente caso, está-se diante de evidente hipótese de responsabilidade contratual, já que as partes celebraram contrato de transporte. Por isso, o art. 475 do CC/2002, que rege a matéria, permite ao credor perante o qual há inadimplemento resolver o contrato e cobrar perdas e danos.

Como se extrai do art. 402 do CC/2002, as perdas e danos abrangem os prejuízos havidos e os lucros não percebidos. No entanto, o art. 392 do CC/2002 é claro ao exigir que o lesado prove a culpra da contraparte, no caso de contratos onerosos. O contrato de transporte, como é sabido, é um contrato oneroso.

Ou seja, a eventual indenização devida pelo recorrente dependeria da demonstração de algum prejuízo efetivamente sofrido por Ricardo. Não pode a indenização decorrer do simples fato de ter havido a resolução do pacto. Como ele nada provou, não há dever de indenizar, na foram do art. 927 do CC/2002. O fato de Ricardo não ter tomado nenhuma medida para realizar a viagem para o Rio de Janeiro configura culpa exclusiva da vítima. Nesses casos, quebra-se o nexo de causalidade e não há de se falar em indenização.

Eventualmente, se for reconhecida não a culpa exclusiva, mas a culpa concorrente da vítima, nos termos do art. 945 do CC/2002, ainda é necessário provar a culpa do ofensor. Por isso, caso se reconheça algum dano imputável ao recorrente, o montante indenizatório deve ser reduzido proporcionalmente.

.

b. Ausência de dano

Quanto às perdas e danos, incorreto o julgamento de primeiro grau. Não existe na legislação civil a pretendida indenização em cinco vezes o valor do contrato. Por isso, deve a sentença ser reformada quanto ao ponto.

Relativamente à perda de uma chance, melhor razão não assiste à decisão. A aplicação desse Teoria, no direito brasileiro, exige para a sua configuração que exista a probabilidade grande, séria e real de obtenção de determinado resultado.

(19)

Diante do exposto, requer-se que seja:

a. admitido o presente recurso, para conhecimento e análise de suas razões;

b. no mérito, conhecido e provido o recurso, para que seja reformada a decisão recorrida de modo a se afastar a responsabilidade civil do recorrente, em virtude da culpa exclusiva do recorrido, relativamente às perdas e danos;

c. sucessivamente, reformada a decisão recorrido, para se reconhecer a culpa concorrente do recorrido, devendo o valor de indenização ser minorado, quanto às perdas e danos;

d. afastada a aplicação da teoria da perda de uma chance, pelas razões supramencionadas, afastando-se o dever de indenizar quanto a esse dano eventual.

Requer-se ainda a inversão dos ônus sucumbenciais, segundo o art. 82, §2º, bem como a majoração dos honorários advocatícios, nos termos do art. 85, §11, do CPC/2015.

Nestes termos, pede deferimento. Local, data

Assinatura OAB

4. Agravo de instrumento

4.1. Noções gerais

Das decisões interlocutórias cabe agravo de instrumento, no prazo de 15 dias, apenas nas seguintes hipóteses (art. 1.015):

I - tutelas provisórias; II - mérito do processo;

III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem; IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;

V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação;

VI - exibição ou posse de documento ou coisa; VII - exclusão de litisconsorte;

(20)

IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;

X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução; XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1º;

XIII - outros casos expressamente referidos em lei.

Há discussão a respeito desse rol na doutrina, mas ela é irrelevante para a sua prova. O Agravo de Instrumento tem uma distinção fundamental em relação à Apelação: a interposição.

A Apelação é direcionada ao juiz que prolatou a sentença (Juízo a quo, que recebe a petição de interposição), que a remete para a autoridade que vai julgar esse recurso (Juízo ad quem, que julga, a partir da petição de razões). Já o Agravo deve ser dirigido diretamente ao Tribunal competente, ou seja, não se faz petição de interposição, mas apenas a peça de razões.

Por quê? Porque na Apelação o juiz não precisa mais ficar com os autos do processo. Ele pode mandar a coisa toda para o Tribunal. No Agravo de Instrumento não, a lide precisa continuar tramitando no 1º grau de jurisdição, mas ao mesmo tempo eu preciso que o Tribunal reveja uma decisão interlocutória.

Por isso, no Agravo eu preciso formar o “instrumento”, que nada mais é do que uma cópia dos documentos que são necessários para que o Tribunal analise meu recurso. Essa petição precisa conter os seguintes

requisitos (art. 1.017 do CPC/2015):

I - obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, da contestação, da petição que ensejou a decisão agravada, da própria decisão agravada, da certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que comprove a tempestividade e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado;

II - com declaração de inexistência de qualquer dos documentos referidos no inciso I, feita pelo advogado do agravante, sob pena de sua responsabilidade pessoal;

III - facultativamente, com outras peças que o agravante reputar úteis.

Segundo o art. 1.018, o agravante PODE requerer a juntada, aos autos do processo, de cópia da petição

do agravo de instrumento, do comprovante de sua interposição e da relação dos documentos que

instruíram o recurso. É obrigado ele a tomar tal providência, como no CPC/1973?

Não, mas, segundo o §2º, não sendo eletrônicos os autos, o agravante tomará a providência prevista no

caput, no prazo de 3 dias a contar da interposição do agravo de instrumento. O descumprimento dessa

exigência, desde que arguido e provado pelo agravado, importa inadmissibilidade do agravo de instrumento (§3º). Ou seja, se os autos forem físicos, o agravante é OBRIGADO a requerer essa juntada. De qualquer forma, aduz o §1º, se o juiz comunicar que reformou inteiramente a decisão, o relator

(21)

O Agravo de Instrumento não cabe nas decisões dos JEC, que só admitem três recursos: o Recurso

(“Inominado”) contra a sentença, os Embargos de Declaração (que cabem basicamente sempre) e o

Recurso Extraordinário (em que caso de violação da norma constitucional. O JEC funciona como a Justiça

do Trabalho: quer reclamar? Só no final... O CPC/2015 tentou “imitar” o processo trabalhista e o JEC, nesse sentido, restringindo as hipóteses de Agravo de Instrumento.

Nesse sentido, o art. 1.009, §1º, do CPC/2015 prevê que as questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar Agravo de Instrumento, não são cobertas pela preclusão. Ou seja, se não cabia Agravo (e consequentemente eu não recorri da decisão, que era irrecorrível), eu posso “reclamar” dessa decisão em sede de Apelação.

Como? O apelante deve suscitar a reclamação em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões. Se essas questões forem suscitadas em contrarrazões, o recorrente será intimado para, em 15 dias, manifestar-se a respeito delas (§2º).

4.2. Modelo de peça

Ao invés de colocar um modelo absolutamente genérico, vou trazer a você o modelo do último agravo de instrumento que apareceu na prova da OAB, no XXII Exame. Assim, você vê, de maneira mais palpável, como a FGV cobrou essa peça! =)

Para facilitar, vou destacar em AMARELO os elementos que são variáveis dentro de um agravo e em CINZA os elementos que são peculiares desse agravo em específico, que não se repetiriam em outros agravos de instrumento. Além disso, deixarei um ponto ( . ) nas linhas onde eu pularia uma linha; você pode pular mais linhas, se quiser, mas eu acho arriscado, porque pode faltar espaço no final...

Enunciado

A editora Cruzeiro lançou uma biografia da cantora Jaqueline, que fez grande sucesso nas décadas de 1980 e 1990, e, por conta do consumo exagerado de drogas, dentre outros excessos, acabou por se afastar da vida artística, vivendo reclusa em uma chácara no interior de Minas Gerais, há quase vinte anos.

Poucos dias após o início da venda dos livros, e alguns dias antes de um evento nacional organizado para sua divulgação, por meio de oficial de justiça, a editora foi citada para responder a uma ação de indenização por danos morais cumulada com obrigação de fazer, ajuizada por Jaqueline. No mesmo mandado, a editora foi intimada a cumprir decisão do Juízo da 1a Vara Cível da Comarca da Capital do Estado de São Paulo, que deferiu a antecipação de tutela para condenar a ré a não mais vender exemplares da biografia, bem a recolher todos aqueles que já́ tivessem sido remetidos a pontos de venda e ainda não tivessem sido comprados, no prazo de setenta e duas horas, sob pena de multa diária de cinquenta mil reais.

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A editora procura você̂ como advogado(a), informando que foi intimada da decisão há três dias (mas o mandado somente foi juntado aos autos no dia de hoje) e que pretende dela recorrer, pois entende que não se justifica a censura à sua atividade, por tratar-se de informações verdadeiras sobre a vida de uma celebridade, e afirma que o recolhimento dos livros lhe causará significativos prejuízos, especialmente com o cancelamento do evento de divulgação programado para ser realizado em trinta dias.

Na qualidade de advogado(a) da editora Cruzeiro, elabore o recurso cabível voltado a impugnar a decisão que deferiu a antecipação da tutela descrita no enunciado, afastados embargos de declaração. (Valor: 5,00) Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere pontuação.

MODELO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO .

Autos nº. .

EDITORA CRUZEIRO, pessoa jurídica de direito privado, inscrito no CNPJ sob o nº, endereço eletrônico, domiciliado no endereço completo, neste ato representado por X, estado civil, profissão, inscrita no CPF sob o nº, endereço eletrônico, residente e domiciliado no endereço completo, representado por seus advogados, com endereço profissional (procuração anexa), vem, respeitosamente, com fundamento no nos arts. 1.015, inc. I e ss. do CPC, interpor

.

AGRAVO DE INSTRUMENTO .

contra a decisão liminar proferida em favor de JAQUELINE, estado civil, profissão, inscrita no CPF sob o nº, endereço eletrônico, residente e domiciliada no endereço completo, pelas razões fáticas e jurídicas a seguir expostas. Seguem, o nome, qualificação e endereço dos advogados do agravante e do agravado, nos termos do art. 1.016, inc. IV, do CPC/2015.

Seguem, em anexo às razões, os documentos obrigatórios – incluindo a inicial, a decisão agravada, a certidão de intimação e as procurações –, como exige o art. 1.017, inc. I, do CPC/2015. O agravante também anexou os documentos facultativos necessários à compreensão do recurso, como lhe permite o art. 1.017, inc. III, do CPC/2015.

(23)

I - DOS FATOS .

A agravante lançaria a biografia da agravada. No entanto, ela conseguiu, liminarmente, suspender a comercialização das obras, sob o argumento de violação de seus direitos de personalidade. A decisão, no entanto, merece ser cassada, como se verá agora.

.

II - DO CABIMENTO .

A decisão agravada é interlocutória e concessiva de tutela provisória, pelo que desafia, segundo o art. 1.015, inc. I, do CPC/2015, a interposição de agravo.

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III - DA TEMPESTIVIDADE .

O recurso foi interposto no prazo, pelo que merece conhecimento. Conforme o art. 1.003, §5º, do CPC/2015, o agravo deve ser interposto em até quinze dias úteis, contados da data da juntada aos autos do mandado de intimação, por força do art. 231, inc. II, do CPC/2015.

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IV - DO DIREITO .

a. Direito

É desnecessária a autorização prévia da pessoa para que seja sua biografia feita, em virtude de interpretação conforme a CF/1988 dada aos arts. 20 e 21 do CC/2002. Assim, a liberdade de expressão abrange também o direito a biografar uma pessoa notória ou publica, especialmente em se tratando de fatos verdadeiros a respeito dela.

(24)

Há evidente probabilidade de direito, especialmente por causa da aplicação das normas constitucionais ao caso. Por isso, a decisão recorrida deve ser cassada, por ferir direitos constitucionalmente assegurados e servir de censura prévia à liberdade de expressão.

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b. Efeitos suspensivo

Estabelece o art. 995 do CPC/2015 que os provimentos judiciais têm efeito imediato, pelo que os recursos não têm, em regra, eficácia suspensiva. No entanto, na forma do art. 1.019, inc. I do CPC/2015, pode ser atribuído efeito suspensivo ao recurso ou se deferir, em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal. É o que se requer.

Há dano grave ou de difícil reparação, em caso de manutenção da decisão agravada. Isso porque a antecipação de tutela condenou o agravante a não mais vender exemplares da biografia, bem a recolher todos aqueles que já tivessem sido remetidos a pontos de venda e ainda não tivessem sido comprados. Ademais, há probabilidade de provimento do recurso, precisamente porque a decisão recorrida viola direitos fundamentais e se transmuta em censura prévia, desafiando a jurisprudência do STF. Por isso, necessária sua cassação de pronto.

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V - DO PEDIDO .

Diante do exposto, requer-se que seja:

a. atribuído o efeito suspensivo ao presente recurso, para se suspender a decisão recorrida;

b. provido o recurso, confirmando-se a liminar de suspensão, de modo a se indeferir a tutela provisória; c. condenado o autor ao pagamento das custas acrescidas e honorários de advogado, nos termos do art. 82, §2º, e do art. 85, §2º, incisos, ambos do CPC/2015, respectivamente.

Requer-se, ainda, a juntada da guia de recolhimento das custas processuais, na forma da lei. Nestes termos, pede deferimento.

(25)

5. Recurso Especial

5.1. Noções gerais

O REsp, nos casos previstos na CF/1988, será interposto perante o Presidente ou o Vice-Presidente do

tribunal recorrido, em petições distintas. Esse recurso funciona portanto, como uma Apelação, mas não

do juiz de primeiro grau para o Tribunal local, mas do Tribunal local para o STJ.

Assim, o recurso deve contar com uma petição de interposição (dirigida ao Presidente ou Vice do Tribunal local) e uma petição de razões (dirigida ao STJ). O que eu devo apresentar nesse tipo de recurso? Segundo o art. 1.029 do CPC/2015:

I - a exposição do fato e do direito;

II - a demonstração do cabimento do recurso interposto;

III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão recorrida.

Cuidado com a “demonstração do cabimento do recurso interposto”, que costuma ter pontuação elevada! Você deve indicar a razão pela qual seu recurso é cabível, na forma da CF/1988. Segundo o art. 1.030 do CPC/2015, recebida a petição, será intimado o recorrido para apresentar contrarrazões.

Cabe ao STJ julgar, segundo o art. 105, inc. III, da CF/1988, REsp em relação a decisões recorridas de única ou última instância dos TJs, TRFs e TJDFT que:

a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;

b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal;

c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.

Não admitido o REsp, caberá agravo, no prazo de 15 dias (art. 1.042 do CPC/2015). O agravado será

intimado para no prazo de 15 dias oferecer resposta (§3º).

5.2. Modelo de peça

Ao invés de colocar um modelo absolutamente genérico, vou trazer a você o modelo do último recurso especial que apareceu na prova da OAB, no XXV Exame. Assim, você vê, de maneira mais palpável, como a FGV cobrou essa peça! =)

Para facilitar, vou destacar em AMARELO os elementos que são variáveis dentro de um recurso especial e em CINZA os elementos que são peculiares desse recurso especial em específico, que não se repetiriam em outros recursos especiais. Além disso, deixarei um ponto ( . ) nas linhas onde eu pularia uma linha; você pode pular mais linhas, se quiser, mas eu acho arriscado, porque pode faltar espaço no final...

(26)

Em uma determinada ação indenizatória que tramita na capital do Rio de Janeiro, o promitente comprador de um imóvel, Serafim, pleiteia da promitente vendedora, Incorporadora X, sua condenação ao pagamento de quantias indenizatórias a título de (i) lucros cessantes em razão da demora exacerbada na entrega da unidade imobiliária e (ii) danos morais. Todas as provas pertinentes e relevantes dos fatos constitutivos do direito do autor foram carreadas nos autos.

Na contestação, a ré́ suscitou preliminar de ilegitimidade passiva, apontando como devedora de eventual indenização a sociedade Construtora Y contratada para a execução da obra. Alegou, no mérito, o descabimento de danos morais por mero inadimplemento contratual e, ainda, aduziu que a situação casuística não demonstrou a ocorrência dos lucros cessantes alegados pelo autor.

O juízo de primeira instância, transcorridos regularmente os atos processuais sob o rito comum, acolheu a preliminar de ilegitimidade passiva.

Da sentença proferida já́ à luz da vigência do CPC/15, o autor interpôs recurso de apelação, mas o acórdão no Tribunal de Justiça correspondente manteve integralmente a decisão pelos seus próprios fundamentos, sem motivar específica e casuisticamente a decisão.

O autor, diante disso, opôs embargos de declaração por entender que havia omissão no Acórdão, para prequestionar a violação de norma federal aplicável ao caso em tela. No julgamento dos embargos declaratórios, embora tenha enfrentado os dispositivos legais aplicáveis à espécie, o Tribunal negou provimento ao recurso e também aplicou a multa prevista na lei para a hipótese de embargos meramente protelatórios.

Na qualidade de advogado(a) de Serafim, indique o meio processual adequado para a tutela integral do seu direito em face do acórdão do Tribunal, elaborando a peça processual cabível no caso, excluindo-se a hipótese de novos embargos de declaração, indicando os seus requisitos e fundamentos nos termos da legislação vigente. (Valor: 5,00)

Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere pontuação.

MODELO DE RECURSO ESPECIAL

MERITÍSSIMO PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO .

Autos nº. .

(27)

RECURSO ESPECIAL .

contra o Acórdão proferido pelo supracitado Tribunal, na lide em que contende com INCORPORADORA Y, pessoa jurídica de direito privado, inscrito no CNPJ sob o nº, endereço eletrônico, domiciliada no endereço completo, e com CONSTRUTORA X, pessoa jurídica de direito privado, inscrito no CNPJ sob o nº, endereço eletrônico, domiciliada no endereço completo, pelas razões fáticas e jurídicas a seguir expostas.

Frise-se, de antemão, que o presente recurso é tempestivo, tendo sido interposto no prazo de 15 dias úteis, na forma do art. 1.003, §5º, do CPC/2015. Igualmente, segue o recurso com seu preparo, conforme documentos em anexo, para que possa o Tribunal analisar sua regularidade.

Requer-se que, após comprovação de regularidade, seja o presente recurso encaminhado ao órgão julgador para que possa promover seu Juízo de retratação, se houver entendimento divergente com o entendimento do STJ em sede de recurso repetitivo, nos termos do art. 1.030, inc. II, do CPC/2015. Se desnecessária a medida, requer-se processado o presente recurso, com a realização do juízo de admissibilidade para que sejam as razões remetidas ao Superior Tribunal de Justiça para análise do mérito, como determina o art. 1.030, inc. V, do CPC/2015.

Nestes termos, pede deferimento. Local, data

Assinatura OAB .

AO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA .

Recorrente: SERAFIM

Recorridas: CONSTRUTURA X e INCORPORADORA Y Autos nº.

Colenda Turma, Meritíssimos Ministros, .

(28)

Trata-se de decisão proferida pelo Tribunal a quo, em última instância, a ensejar o manejo do presente Recurso Especial. A decisão recorrida violou dispositivo de lei federal, autorizando a interposição do recurso, nos termos do art. 103, inc. III, alínea “a”, da CF/1988 e do art. 1.029 do CPC/2015.

Ao desafiar a aplicação da lei federal, o Tribunal recorrido permitiu que o ora recorrente fizesse o recurso ao remédio constitucional especial, para a correta aplicação da lei.

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II – DO PREQUESTIONAMENTO .

O recorrente requereu ao Tribunal recorrido que se manifestasse especificamente quanto a determinadas normas contidas na legislação federal. No entanto, mesmo assim a Corte se manteve omissa, pelo que foram manejados os Embargos de Declaração com fins de prequestionamento, como autoriza o art. 1.025 do CPC/2015.

Assim, é de se considerar incluídos no acórdão os elementos que o recorrente suscitou, para fins de prequestionamento. Foram violados o art. 489, §1º, do CPC/2015, o art. 942 do CC/2002 e o art. 25, §1º, do CDC, como se detalhará adiante.

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III - DA FUNDAMENTAÇÃO .

a. Ausência de fundamentação

O acórdão recorrido não fundamentou especificamente as razões pelas quais a decisão de primeiro grau foi mantida. Houve, assim, violação ao art. 489, §1º, do CPC/2015, que exige fundamentação específica das decisões judiciais em geral. Nulo é, portanto, o referido acórdão.

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b. Ilegitimidade passiva

Errou o julgador ao reconhecer a ilegitimidade passiva da Incorporadora X, reputando a responsabilidade pelos danos havidos exclusivamente à Construtora X. Isso porque é aplicável à situação o CDC.

(29)

Sequer se pode cogitar no afastamento da Incorporadora Y da demanda, já que mesmo que a exoneração fosse estabelecida em contrato, seria tal previsão nula, por força do art. 25, caput, do CDC. Assim, violada a lei federal, a decisão recorrida é inadequada à solução da demanda.

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c. Conduta ilícita e danos causados ao recorrente

A conduta das recorrentes é claramente ilícita. Isso porque a entrega do imóvel demorou de maneira exacerbada, ultrapassando em muito o prazo contratual. Responsáveis, por isso, a construtora, pelo atraso na entrega, bem como a incorporadora, também fornecedora e que não tomou as cautelas devidas com a obra.

Por conta disso, o atraso na obra causou danos de monta ao recorrente. Primeiro, a demora na entrega gerou lucros cessantes ao recorrente, já que ele não pôde se utilizar do imóvel, seja para residir, seja para locação. Ou seja, potencialmente deixou de lucrar com a fruição do bem.

Igualmente, verificáveis danos morais a indenizar. Isso porque a demora não foi de pequena monta, mas de prazo alongado, o que gerou justa expectativa de recebimento do bem, que não se verificou na situação concreta. Assim, o recorrente passou por dificuldade pessoais, havendo clara violação de seus direitos de personalidade, a ensejar a indenização por danos morais.

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IV - DA MULTA .

Por fim, indevida a aplicação de multa pela oposição dos Embargos de Declaração. Isso porque os Embargos tinham clara e notória finalidade de prequestionamento, para fins de propositura do presente Recurso Especial.

Tal premissa, delineada de maneira inequívoca no art. 1.025 do CPC/2015, impede que o recurso tenha reconhecida natureza protelatória, o que resulta na inaplicabilidade do art. 1.026, §2º do CPC/2015. Assim, deve a multa ser afastada de pronto.

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V - DO PEDIDO .

Diante do exposto, requer-se que seja:

(30)

b. provido o recurso, para que seja anulado o acórdão recorrido, em razão da ausência de fundamentação exigida pelo art. 489, §1º, do CPC/2015;

c. sucessivamente, provido o recurso para que reformada integralmente a decisão recorrida, afastando-se a preliminar de mérito de ilegitimidade passiva da Incorporadora, bem como reconhecidos os danos havidos, de acordo com a fundamentação acima exposta;

d. afastada a aplicação da multa pelo oposição dos Embargos de Declaração, haja vista sua natureza de prequestionamento.

Nestes termos, pede deferimento. Local, data

Assinatura OAB

II. Resumo dos principais temas materiais e processuais

Hora de revisar os conteúdos teóricos mais relevantes para a prova, sejam materiais, sejam processuais. Processualmente, o grosso e mais importante está no tópico acima, o "quinteto mágico", pelo que vou apenas complementar tópicos conexos às peças e questões. No direito material, relevante o Direito Civil e o Direito do Consumidor. ECA, apesar de aparecer no Edital, caiu uma única vez num subitem de uma questão, já bem antiga.

1. Cumulação de partes

O litisconsórcio se verifica quando há uma “cumulação” de pessoas diferentes num mesmo polo, seja no

ativo, seja no passivo. O art. 113 estabelece que duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo,

em conjunto, ativa ou passivamente, quando:

I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide; II - entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir;

III - ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito.

(31)

Ao contrário do litisconsórcio facultativo, nos termos do art. 114, há litisconsórcio necessário, quando, pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir a lide de modo uniforme para todas as partes.

Ora, se a decisão judicial tem que ser igual a todos, depende-se da citação de todos os litisconsortes no processo. Se houver prolação de sentença sem que todos os litisconsortes

integrem a lide, a decisão será nula, segundo o art. 115, inc. I.

De regra, os litisconsortes têm interesses em comum, já que foram colocados no mesmo polo passivo pelo autor, ou estão junto com ele, contra um mesmo réu, ou contra vários. Ainda assim, o art. 117 esclarece que os litisconsortes serão considerados, em suas relações com a parte adversa, como litigantes

distintos, pelo que os atos e as omissões de um não prejudicarão, mas beneficiarão os outros.

De outro lado, temos o instituto da assistência, que se diferencia do litisconsórcio porque sua causa e seus efeitos são distintos. A assistência ocorre quando, pendendo uma causa entre mais de uma pessoa, um

terceiro tem interesse jurídico em que a sentença seja favorável a uma delas, pelo que pode intervir no processo para assistir à pessoa na qual tem ele interesse (art. 119). Ela cabe em qualquer dos tipos de

procedimentos e em todos os graus da jurisdição, mas o assistente recebe o processo no estado em que ele estiver (parágrafo único).

Não havendo impugnação dentro de 15 dias, o pedido do assistente será deferido, segundo o art. 120. Porém, as partes podem não querer a assistência, pela falta de interesse jurídico. Nesses casos, podem elas apresentar impugnação. O juiz, então, decide o incidente, sem suspensão do processo, retirando o assistente da lide ou o mantendo.

Mantendo o assistente o juiz, ou ninguém o impugnando, segundo o art. 121, o assistente atuará como

auxiliar da parte principal, exercerá os mesmos poderes e se sujeita aos mesmos ônus processuais que o

assistido. A exceção fica por conta da revelia ou omissão do assistido. Nesse caso, o parágrafo único determina que o assistente será considerado seu substituto processual.

No entanto, o assistido pode reconhecer a procedência do pedido, desistir da ação, renunciar ao direito ou fazer transação sobre os direitos controvertidos, pelo que a assistência cessa, por lógica, por força do art. 122.

De modo a evitar um conflito de decisões, no qual o assistente, numa dada lide, não tem seu direito reconhecido e, posteriormente, em lide autônoma, consegue o reconhecimento, o art. 123 determina que transitada em julgado a sentença, na causa em que interveio, o assistente não poderá em processo posterior discutir a decisão, salvo se alegar e provar que:

I - pelo estado em que recebera o processo, ou pelas declarações e atos do assistido, fora impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença;

(32)

2. Intervenção de terceiros

Primeiro, tome cuidado. Segundo o art. 10 da Lei 9.099/1995, não se admite nos processos em trâmite perante os Juizados Especiais qualquer forma de intervenção de terceiro nem de assistência. Admite-se, apenas, o litisconsórcio.

Existe uma exceção jurisprudencial, que admite a denunciação da lide nos casos em que o autor da ação

concorda com a denunciação feita pelo réu, em audiência. Porém, dificilmente creio que a OAB chegará a

esse detalhe. Pelo sim, pelo não, vale saber.

Primeiro, vamos à oposição. Eventualmente, duas pessoas litigam sobre direito que eu julgo meu. De um

lado, o autor diz que o réu está “errado” e que ele tem direito; do outro, o réu diz que o autor entrou com lide indevida, já que o direito é dele. No entanto, julgo eu que o direito é meu. O que fazer? Este é o caso da oposição.

A oposição se oferece, até ser proferida a sentença, quando alguém pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre que controvertem autor e réu (art. 682). Se oferecida antes da audiência, será apensada aos autos principais e correrá simultaneamente com a ação, sendo ambas julgadas pela mesma sentença (art. 685); se ofertada depois de iniciada a audiência, o parágrafo único determina que o juiz suspenderá a lide para produção de provas, exceto se concluir que a unidade da instrução é melhor (sem correspondência com o CPC anterior).

A oposição funcionará do mesmo jeito que uma petição inicial comum (art. 683), sendo distribuída por dependência, e citados os opostos para contestar o pedido no prazo comum de 15 dias. Se um dos opostos reconhecer a procedência do pedido, contra o outro prosseguirá o opoente (art. 684).

Quando for julgar, o juiz deve decidir simultaneamente a ação e a oposição, mas desta conhecerá em primeiro lugar (art. 686), por lógica, já que se julgar que o terceiro, que se opôs, tem o direito, não há razão para julgara lide principal.

Por fim, a oposição deixou de ser uma típica intervenção de terceiros, para ser tratada como procedimento especial, no CPC/2015. Exceto por isso, nada mudou.

Mudando com o CPC/2015 também veio a nomeação à autoria. Ela deixa de existir como típica

intervenção de terceiros. Agora, regem a matéria os arts. 338 e 339, mas em outro sentido.

Segundo o art. 338, se o réu alegar, na contestação, ser parte ilegítima ou não ser o responsável pelo prejuízo invocado, o juiz facultará ao autor, em 15 dias, a alteração da petição inicial para substituição do réu.

Quando alegar sua ilegitimidade, o réu deve indicar o sujeito passivo da relação jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despesas processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indicação, na forma do art. 339.

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Veja-se que, nos termos do art. 339, §1º, o autor, ao aceitar a indicação, procederá, no prazo de 15 dias, à alteração da petição inicial para a substituição do réu. No entanto, reza o §2º, no prazo de 15 dias, o autor pode optar por alterar a petição inicial para incluir, como litisconsorte passivo, o sujeito indicado pelo réu. Por outro lado, a situação mais comum de intervenção de terceiros é a denunciação da lide. Ela cabe tanto em relação ao autor quanto em relação ao réu. Em outras palavras, tanto o autor quanto o réu podem denunciar a lide a terceiro. O objetivo da denunciação da lide é trazer terceiro ao processo para que a

responsabilidade recaia sobre ele, resumidamente.

Assim, na sentença em que sou condenado, a condenação não recai efetivamente sobre mim, mas sobre o denunciado. Isso acontece, por exemplo, quando sou acionado numa ação de indenização por acidente automobilístico. Na contestação, eu nego que a culpa pelo acidente seja minha, mas faço a denunciação da lide à seguradora; ou seja, digo que não sou culpado, mas que ainda que eu seja culpado, não sou eu que devo indenizar, mas sim a seguradora, que assegurou esse tipo de dano num contrato de seguro.

Nem sempre eu preciso fazer a denunciação, conseguindo a responsabilização do terceiro

posteriormente, por meio da ação de regresso. Segundo o art. 125, pode-se fazer a denunciação nos

seguintes casos:

I - ao alienante, na ação em que terceiro reivindica a coisa, cujo domínio foi transferido à parte, a fim de que esta possa exercer o direito que da evicção lhe resulta;

II - àquele que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo do que perder a demanda.

A denunciação da lide deixou de ser obrigatória no CPC/2015, cuidado! Pois bem, a citação

do denunciado será requerida, juntamente com a do réu, se o denunciante for o autor; e, no prazo para contestar, se o denunciante for o réu (art. 126).

Se feita a denunciação pelo autor, o denunciado, comparecendo, assumirá a posição de

litisconsorte do denunciante e poderá acrescentar novos argumentos, procedendo-se em

seguida à citação do réu, segundo o art. 127 . Se feita a denunciação pelo réu (art. 128), a resposta é mais complexa.

Se o denunciado contestar o pedido formulado pelo autor, o processo prosseguirá tendo, na ação

principal, em litisconsórcio, denunciante e denunciado.

Se o denunciado for revel, o denunciante pode deixar de prosseguir com sua defesa, eventualmente

oferecida, e abster-se de recorrer, restringindo sua atuação à ação regressiva.

Se o denunciado confessar os fatos alegados pelo autor na ação principal, o denunciante poderá́

prosseguir com sua defesa ou, aderindo a tal reconhecimento, pedir apenas a procedência da ação de regresso.

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O art. 129 estabelece que se o denunciante for vencido na ação principal, o juiz passará ao julgamento da denunciação da lide. Ao contrário, trata o parágrafo único. Se o denunciante for vencedor, a ação de denunciação não terá́ o seu pedido examinado, sem prejuízo da condenação do denunciante ao pagamento das verbas de sucumbência em favor do denunciado.

Por sua vez, o chamamento ao processo amplia a demanda no polo passivo, por instigação do réu. Cabe, em linhas gerais, quando há devedores comuns em relação ao réu que foi demandado. Segundo o art. 130, é admissível o chamamento ao processo, requerido pelo réu:

I – do afiançado, na ação em que o fiador for réu;

II – dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles;

III – dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns o pagamento da dívida comum.

Estabelece o art. 131, de maneira nova em relação ao CPC/1973, que a citação daqueles que devam figurar em litisconsórcio passivo será́ requerida pelo réu na contestação e deve ser promovida no prazo de 30 dias, sob pena de ficar sem efeito o chamamento.

Por fim, prevê o art. 132 que a sentença de procedência vale como título executivo em favor do réu que satisfizer a dívida. Com isso, pode ele exigi-la, por inteiro, do devedor principal, ou, de cada um dos codevedores, a sua quota, na proporção que lhes tocar.

3. Respostas do réu

As respostas do réu são sempre oferecidas no prazo de 15 dias (art. 335), cujo termo inicial será a data: I – da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última sessão de conciliação, quando qualquer parte não comparecer ou, comparecendo, não houver autocomposição; II – do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de conciliação ou de mediação apresentado pelo réu, quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4o, inciso I;

III – prevista no art. 231, de acordo com o modo como foi feita a citação, nos demais casos.

Além disso, o art. 343 estabelece que na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar

pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa. Igualmente, prevê o art.

64, a incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar de contestação. Quanto à contestação, alguns pontos a retomar.

A contestação deve sempre rebater todos os pontos da inicial. Do contrário, presumem-se verdadeiros os

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público que a lei considerar da substância do ato; se estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto.

Antes da matéria de mérito, porém, o réu deve alegar, preliminarmente (art. 301): I – inexistência ou nulidade da citação;

II – incompetência absoluta e relativa; III – incorreção do valor da causa; IV – inépcia da petição inicial;

V – perempção; VI – litispendência; VII – coisa julgada; VIII – conexão;

IX – incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização; X – convenção de arbitragem;

XI – ausência de legitimidade ou de interesse processual;

XII – falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar; XIII – indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça.

Quanto às exceções, são três as processuais. Há também exceções no direito material, mas que se inserem dentro da contestação, como a exceção de contrato não cumprido, por exemplo.

São as exceções processuais: a incompetência (art. 64), o impedimento e a suspeição (arts. 144 e ss.). Se tiver tempo, volte ao CPC e dê uma lida nesses dispositivos, para rememorar. Como se processam as exceções?

O excipiente deve arguir a incompetência na própria contestação, em sede de preliminar, indicando o juízo

para o qual declina. O juiz ouve a contraparte (art. 64, §2º) e julga a exceção. Caso a alegação de

incompetência seja acolhida, os autos são remetidos ao juízo competente (§3º).

Salvo decisão em contrário, conservam-se os efeitos de decisão proferida pelo juízo incompetente até que outra seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente (§4º). Atente porque, sendo caso de competência relativa e se o réu não alegar a incompetência em preliminar de contestação, prorroga-se a competência (art. 65 do CPC/2015). Vale dizer, o juiz incompetente se torna competente.

Referências

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