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Prática e discurso na transmissão do conhecimento no Brasil

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-PRÁTICA E DISCURSO NA TRANSMISSÃO DO

CONHECIMENTO NO BRASIL

ihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

E

yxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

m nossa tese de

dou-toramento sobre o imaginário político

brasileiro, tentamos

mos-trar que os governantes deste país, ao

considera-rem a instauração de

onmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

u m clima d emo cr á tico , d e

li-b er d a d e e d e r esp eito p

e-lo s D ir eito s d o H o mem, 1

praticam o que Georges

Balandier (991) chama de estr a tég ia . Segundo este

autor, tal prática consiste

na construção de uma so-ciedade oficial por parte

dos detentores do poder

de um determinado sistema social que

utili-zam suas normas e regras em seu benefício próprio mas que apresentam uma enorme

de-fasagem em relação à sociedade que se

mani-festa pelas práticas de seus principais agentes sociais, e políticos.?

Pensamos que a necessidade de

constru-ção de uma sociedade oficial democrática,

con-forme os valores dominantes nas relações

internacionais contemporâneas, deve-se às

rela-ções cada vez mais profundas existentes entre o Brasil e outros países no comércio mundial,

prin-cipalmente hoje, quando a mundialização se

im-põe co mo ideologia hegemônica. Acreditamos que através da renovação das instituições e

organis-mos oficiais de Estado, os detentores do poder político deste país apresentam-se interna e

exter-namente como estando em acordo com os mo-delos universais em voga, mas que na realidade

esconderiam a reconciliação de práticas exercidas

por representantes de

anti-gas estruturas. Em outras

palavras, a construção des-ta sociedade oficial " p a r a

in g lês ver " , em

conformida-de com os moconformida-delos ditados pelos países ocidentais

atra-vés de organizações

supra-nacionais, permite-lhes ao

mesmo tempo a

perpetua-ção da ordem social e polí-tica estabelecida pois

conciliam, desta forma, uma

modernidade aparente a

práticas seculares.

Tentamos mostrar

que se esta empreitada

ob-tém sucesso, é porque os detentores do poder político deste sistema social agem organizando

imagens e encenando crenças compartilhadas através da criação de instrumentos que

confir-mam sua legitimidade.

Dentre os diversos instrumentos que agem no sentido de uma legitimação da ordem social

e política estabelecida, pensamos que se

encon-tra o modo como é encon-transmitido o conhecimento

no Brasil. Acreditamos que a prática desta estr a

-tég ia proposta por Balandier manifesta-se no sis-tema educacional brasileiro.

José W illington Germano (2000), ao

estu-dar as formas adotadas pela educação no Brasil durante o Estado militar, parece-nos confirmar

tal idéia ao mostrar em sua análise a defasagem

existente entre o discurso e as práticas dos

governantes brasileiros no que concerne espe-cificamente a política educacional aplicada

nes-te período. Segundo este autor,

L1NEIMAR PEREIRA MARTINS

R E S U M O

O a rtig o d iscu te o m o d o co m o é tra n sm itid o o co n h e cim e n to n o B ra sil, co n sid e ra n d o su a s o cim issõ e s e co n se

-q ü e n te p a p e l -q u e e ste d e se m p e n h a n a le g itim a çã o d a o rd e m so cia l. C o n sid e ra -se q u e o siste m a e d u ca cio n a l in sta u ra d o n o B ra sil, d e sd e o s se u s p rim ó rd io s, n ã o

o b sta n te a s re fo rm a s in stitu id a s, re ve la a d e fa sa g e m e n tre a so cie d a d e o ficia l e a s p rá tica s d o s a g e n te s p o

litico s. O b se rva se , n e sse se n tid o , u m a d iscre p â n cia e n -tre fa to s e in te rp re ta çõ e s d a h isto rio g ra fia , e m livro s

e sco la re s, q u e o m ite m m o vim e n to s p o p u la re s e e n fa tiza m a a çã o re p re sso ra e "p a cifica d o ra " d o E sta d o .

• D o u to ra e m S o cio lo g ia , U n ive rsité L u m ié re L yo n II/U F C .

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a s in ten çõ es d ecla r a d a s, exp r essa s p o r a u to r i-d a i-d es [ ' .

NMLKJIHGFEDCBA

.J d eixa m tr a n sp a r ecer u ma a u to n o -mia d o seto r ed u ca cio n a l q u e n ã o co r r esp o n d e

à r ea lid a d e. Na ver d a d e, existe u m h ia to en tr e

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o mo men to d e ela b o r a çã o e o d e imp le-men ta çã o d a s p o lítica s so cia is - n a s q u a is se in clu i, evid en temen te, a p o lítica ed u ca cio n a l.í

Na análise das políticas educacionais

pos-tas em prática pelos militares de 1964 a 1985

efetuada por Germano, podemos perceber a

d ifer en ça en tr e os o b jetivo s p r o cla ma d o s e as

p r io r id a d es r ea is d a a çã o d o E sta d o .' Ele

de-monstra então que o Estado Militar ao efetuar

uma reforma no ensino, expressava a intenção

de proporcionar uma igualdade de

oportunida-des a todos na busca da melhoria das condições de vida das grandes massas do povo, mas

pro-curava na realidade ampliar e consolidar as

ba-ses de legitimação do Estado. Este regime mantinha deliberadamente, segundo ele, o

me-canismo responsável pela manutenção e

ampli-ação das desigualdades. Em síntese, Germano

demonstra que a política educacional aplicada

pelos militares desenvolveu-se em torno princi-palmente do controle político e ideológico da

educação escolar.

Desta forma, construímos a hipótese de que na busca de tal controle político e

ideoló-gico, construiu-se no Brasil uma história oficial

idealizada e não conforme aos fatos, sendo apre-sentada freqüenternente uma visão unilateral

dos mais importantes eventos sociopolíticos

ocorridos no país. Esta história oficial seria

tri-butária de uma certa dualidade que, segundo Otaíza de O. Romanelli (988), caracteriza o

sistema educacional brasileiro. Ela afirma em

seu livro que este sistema oficializa a distância

manifesta entre a educação da classe

dominan-te representada pelas escolas secundárias aca-dêmicas e superiores e a educação do povo

representada pelas escolas primárias e

profissionalizantes refletindo op r ó p r io r etr a to

d a o r g a n iza çã o b r a sileir a ?

Partindo desta idéia, podemos constatar e compreender a existência do que Florestan

88

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R E V IS T A D E C IÊ N C IA S S O C IA IS V.33 N . 1

Fernandes (1981) chama de uma certa tr a d içã o

d o min a n te na transmissão do conhecimento no

Brasil, que segundo ele,

co n d u ziu os melh o r es esp ír ito s a u ma esp écie d e "história oficial" sin g u la r men te d esp r en d id a id e in ten çõ es in ter p r eta tiva s e, em p a r ticu -la r , mu ito su jeita a co n ver ter os mó veis d ecla r a d o s e a s a sp ir a çõ es id ea is co n scien tes d o s a g en tes h istó r ico s em r ea lid a d e h istó r ica ú ltima , tã o ir r ed u tível q u a n to ver d a d eir a em si r n esr n à ''

Contudo, a construção de uma

historio-grafia nacional oficial neste país não começou durante o regime militar ditatorial. As fortes

re-lações entre os grupos sociais dominantes e o

ensino no Brasil, responsáveis por tal processo nasceram antes mesmo da nação com a

instau-ração de um ensino superior por D. João VI, que visava tão-somente proporcionar educação

para a elite aristocrática e nobre que compunha

a Corte. Mais tarde, segundo Romanelli (1988),

a independência não modificaria o quadro da

situação do ensino pois este atribuía aos

letra-dos um papel central na nova ordem política:

A imp o r tâ n cia a ssu mid a p ela ed u ca çã o d e le-tr a d o s d u r a n te to d a a mo n a r q u ia esta va d ir e-ta men te lig a d a à n ecessid a d e d e o p a ís ter d e p r een ch er oq u a d r o g er a l d a a d min istr a çã o e d a p o lítica . A esco la , r ep r esen ta d a so b r etu d o p ela s n o va s F a cu ld a d es d e D ir eito , cr ia d a s n a d éca d a d e 1 8 2 0 - u ma em Sã o P a u lo e o u tr a em Recife, a mb a s em 827- p a sso u a d esemp e-n h a r o p a p el d e fo r e-n eced o r a d o p esso a l q u a li-fica d o p a r a essa s fu n çõ es. 7

Foi assim que as estreitas relações entre o s

grupos sociais dominantes e a transmissão do

conhecimento dos eventos sociopolíticos, sobre-tudo aqueles ligados à História do Brasil,

en-gendrariam, segundo Maria Eurydice de Barros

Ribeiro (1990) em sua tese sobre a historiografia

e as representações simbólicas do Império, a

nomeação de José da Silva Lisboa, o Visconde de Cairu, como Historiador Principal do Reino

pela portaria de 7 de janeiro de 1825. Esta

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ra afirma que o objetivo do Imperador D. Pedro I era, com isto, perpetuar a memória dos

even-tos ocorridos sob seu reino através de uma

ver-são oficial dos fatos. Desde então a historiografia

oficial teria sido estruturada sob formas e com

objetivos ditados pelo Estado, que se tornou o responsável pela formação dos profissionais desta

área com a criação do Instituto Histórico e Geo-gráfico Brasileiro em 1838.

Várias reformas viriam modificar as

diver-sas políticas educacionais aplicadas pelos

dife-rentes gover.nos que se sucederam no Brasil, principalmente depois da Proclamação da

Re-pública. Dentre elas, Romanelli (988) destaca a

Lei Orgânica Rivadávia Corrêa em 1911, que pro-curava suprimir o caráter oficial do ensino.

Po-rém, para esta autora nenhuma destas reformas

trariam mudanças substanciais ao sistema pois

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to d a s essa s r efo r ma s n ã o p a ssa r a m d e ten ta ti-va s fr u str a d a s e, mesmo q u a n d o a p lica d a s, r ep r esen ta r a m o p en sa men to iso la d o e d eso r d en a d o d o s co ma n d o s p o lítico s, o q u e es-ta va mu ito lo n g e d e p o d er co mp a r a r -se a u ma p o lítica n a cio n a l d e ed u ca çã o ê

Assim sendo, mesmo as modificações advindas neste quadro nos anos 1930, pela

in-tensificação do capitalismo industrial moderno

e o surgimento de novas exigências

educacio-nais nascidas das aspirações sociais das classes

média e operária emergentes, não representari-am uma ruptura profunda no modelo de então.

Como nos explica Romanelli (988), apesar do crescimento da demanda pelo ensino nesta época

ter exercido uma forte pressão por melhorias no

sistema educacional,

q u a n tita tiva men te fa la n d o , a exp a n sã o existiu , ma s

NMLKJIHGFEDCBA

f o i co n tid a p ela in ela sticid a d e d a o fer ta p elo b a ixo r en d imen to d o sistema esco la r e p o r

seu a cen tu a d o a sp ecto d e d iscr imin a çã o so ci-a l. Q u ci-a litci-a tivci-a men te, essa exp a n sã o so fr eu d e-ficiên cia s d e ca r á ter estr u tu r a l, p o r q u e ta n to em r ela çã o à d ema n d a q u a n to em r ela çã o à o fer ta ela se p r o cesso u em d ir eçã o o p o sta à q u ela exig id a p elo d esen vo lvimen to b r a sileir a ?

Corroborando esta afirmação no que diz respeito principalmente ao aspecto qualitativo do

ensino, Maria E. Ribeiro (990) considera que

mesmo a criação de importantes universidades

brasileiras naqueles anos, dentre as quais a

facul-dade de Filosofia em São Paulo, assim como a admissão de professores estrangeiros, não teria

sido em número suficientemente importante para suprir o quadro de profissionais fo r ma d o s pelo

Estado. Deste modo, membros de Institutos

His-tóricos e da Academia de Letras marcariam ainda

sua participação na defesa de antigas orientações. Uma evolução no sentido de uma

desin-compatibilização ideológica entre as diretrizes

do poder político central e o ensino encontraria

seu apogeu na Constituição de 1946, que aliava garantias, direitos e liberdades individuais com

a limitação da intervenção do Estado ao papel

de provedor de condições materiais de tais ga-rantias. Ou seja, tentou-se descentralizar

admi-nistrativa e pedagogicamente a organização do

sistema educacional, ao mesmo tempo que

constitucionalizou-se a previsão dos recursos mínimos destinados à educação, que

asseguras-se o direito de cada um a educação. Ambas

in-tenções encontrariam-se materializadas nos artigos 141 e 166 da Constituição Federal

efeti-vada naquele ano, como segue:

Ar t. 141, § 50 - É livr e a ma n ifesta çã o d o p en sa men to sem q u e d ep en d a d e cen su r a ... (. . .) A p u b lica çã o d e livr o s e p er ió d ico s n ã o

d ep en d er á d e licen ça d o p o d er p ú b lico ; §

70 - É in vio lá vel a lib er d a d e d e co n sciên -cia e cr en ça .

Ar t. 166: A ed u ca çã o é d ir eito d e to d o s e ser á d a d a n o la r e n a esco la . D eve in sp ir a r -se n o s p r in cíp io s d e lib er d a d e e n o s id ea is d e so lid a

-r ied a d e h u ma n a .

Independentemente das contradições pre-sentes na política educacional deste período, ele

representaria, para Romanelli, u m d o s ma is

fe-cu n d o s d a lu ta id eo ló g ica em to r n o d o s p r o b

le-ma s d a e d u c a ç ã o l'' Tal período mostrou-se

contudo incapaz de absorver a crise do sistema

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educacional que perdurou até a década de 60,

pelo fato de ter buscado soluções que

respon-dessem mais a interesses de ordem política do

que a interesses sociais emergentes.

Em 1964, a redefinição do processo

políti-co provocada pelo golpe militar representou uma

mudança mais radical na evolução do sistema de ensino. José W. Germano (2000) considera

as reformas instauradas no ensino, pelo Estado

no período áureo do regime, como uma

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ma n o -b r a p elo a lto , entendendo-a como fragmentos de

uma r evo lu çã o p a ssiva pois além de não contar

com a participação da sociedade civil, visavam

desmobilizar eventuais movimentos neste cam-po.!' Ao mesmo tempo, tais reformas

procura-vam, segundo este autor, atender a uma demanda

efetiva de segmentos da sociedade excluídos dos

privilégios:

E m d eco r r ên cia , o r eg ime p o lítico exclu d en te d efin e u m d o s seu s p r o jeto s d e eq u a liza çã o so cia l, p r o d u z u m d iscu r so d e va lo r iza çã o d a ed u ca çã o e tr a n sfo r ma a p o lítica ed u ca cio n a l

n u ma estr a tég ia d e b eg emo n ia , veícu lo p a r a a o b ten çã o d e c o n se n so l+ 'ê

Pensando, com Otaíza Romanelli (988),

que a forma como se origina e evolui o poder

político em um determinado sistema social tem

implicações fundamentais no modo como

evo-lui seu sistema de educação escolar, não nos parece surpreendente que a política

educaci-onal posta em prática pelos militares assuma

o caráter ditatorial e arbitrário que caracteri-zou este regime. Por esta razão,

interessamo-nos no modo como é aplicada tal política no

período posterior ao fim da ditadura, ou seja,

após a instauração de um regime democrático

no país.

Germano (2000) nos mostra que as

refor-mas que marcaram a política educacional no

período de transição democrática iniciadas no final dos anos 1970, sob o governo do presidente

Ernesto Geisel, fazia fortes apelos parti-cipacionistas e redistributivistas pois procurava,

através de medidas que favorecessem as

cornu-90

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nidades carentes, legitimar seu poder

enfraque-cido pela crise econômica de então.

Assim, a concretização das mais

importan-tes mudanças ligadas ao sistema educacional no período pós-1964 foram aquelas inscritas na

Constituição Federal de 1988, que dizem

respei-to aos direirespei-tos sociais e dentre eles, aspectos ligados à política educacional. Nela, como na

Constituição de 1946, defende-se a igualdade de

condições para o acesso ao ensino, cabendo ao

Estado o dever de assegurar tal direito, assim

como o pluralismo de idéias na sua aplicação:

Ar t. 2 0 6 . O en sin o ser á min istr a d o co m b a se n o s seg u in tes p r in cíp io s:

I ig u a ld a d e d e co n d içõ es p a r a o a cesso e p er

-ma n ên cia n a esco la ;

1 1-lib er d a d e d e a p r en d er , en sin a r , p esq u isa r e

d ivu lg a r op en sa men to , a a r fe eosa b er ; 1 1 1- p lu r a lismo d e id éia s e d e co n cep çõ es p

e-d a g ó g ica s, e co existên cia e-d e in stitu içõ es p ú b li-ca s e p r iva d a s d e en sin o ;

IV - g r a tu id a d e d o en sin o p ú b lico em esta b e-lecimen to s o ficia is;

Ar t. 2 0 8 . O d ever d o E sta d o co m a ed u ca çã o

ser á efetivo med ia n te a g a r a n tia d e:

I - en sin o fu n d a men ta l, o b r ig a tó r io e g r a tu i-to , in clu sive p a r a o sq u e a ele n ã o tiver a m a

ces-s o n a id a d e p r ó p r ia .

Contudo, consideramos com Germano

(2000) que as funções sociais do sistema

educa-cional não podem ser observadas

adequadamen-te, se limitamos nossa observação somente às intenções declaradas das autoridades

envolvi-das neste processo. Por esta razão, propomos uma análise do conteúdo de um livro de

Histó-ria do Brasil editado e adotado por órgãos oficiais

de ensino, em um período no qual a

democra-cia é vista como consolidada, ou seja, posterior

a instauração das eleições diretas para

presiden-te em 1989. Tentamos, com isto, apreender que valores são colocados em evidência e

transmiti-dos aos alunos de 1º grau, quando tal matéria lhes é ensinada.

Destacamos os momentos em que

mudan-ças de regime ou de governo aconteceram no

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país, pois pensamos que o modo como tais

even-tos são apresentados é revelador da ideologia

por eles veiculadas: serão expressos os pontos

de vista de todos os atores ou facções

envolvi-dos em tais eventos na busca de uma plural ida-de ida-de idéias como inscrito na Constituição? Se

não, que conseqüências podem resultar de tal

posicionamento?

Em nossa pesquisa, pudemos perceber o esforço efetuado por estudiosos no assunto que

procuram, há alguns anos, reverter a visão

uni-lateral dos temas abordados. Mas, permanecem,

contudo, ainda nos dias de hoje, livros que apre-sentam a História, principalmente a História do

Brasil, através de um olhar idealizado, quando a

atuação do Estado é mistificada. Este

posicio-namento corrobora a constatação do intelectual

brasileiro Enio Silveira quando diz que

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M u ito s d e n o sso s livr o s d id á tico s so b r e a H istó -r ia - n a cio n a l e u n ive-r sa l- n ã o exer cem o u

-tr a fu n çã o q u e a vo lu n tá r ia d efo r ma çã o d e jo ven s men ta lid a d es, co r r o mp en d o -a s co m p r e-co n ceito s d e q u a lq u er n a tu r eza , co n fu n d in -d o -a s co m -d a -d o s q u e, em fim d e co n ta s, n ã o têm n en h u m p eso o u n en h u ma imp o r tâ n cia ,

e q u e

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o s leva a a b a n d o n a r o exer cício d e u m o lh a r cr ítico .

NMLKJIHGFEDCBA

1 4

Assim, para dar alguns exemplos do modo

como a historiografia oficial recente transmite a

História do Brasil, utilizaremos o livro escolar de Elian Alabi Lucci H istó r ia d o Br a sil- OImp

é-r io , a Rep ú b lica e o Bé-r a sil co n temp o é-r â n eo '?

edi-tado em 1991 como ilustração. Nele, esta disciplina está dividida em dois volumes, que

correspondem a dois anos de estudos,

confor-me os títulos abaixo:

1. As origens, a colonização e a

indepen-dência,

11. O império, a república e o Brasil

con-temporâneo.

O período que nos interessa particularmen-te começa com a Independência e vem até os

dias de hoje pois adotamos tal evento como

aquele que simboliza o nascimento da nação.

Por isso interessamo-nos particularmente ao

se-gundo volume deste livro que comporta quinze

capítulos que cabem em 97 páginas e todos se referem à ação da estrutura governamental.

As revoltas populares que, segundo o

his-toriador Monteiro, um dos autores da H istó r ia

G er a l d o Br a sil, p r o cu r a va m a lter a r

a

o r d em p o lítica

e

so cia l [ d e cu n h o } r ep u b lica n o

e

ig u a -litá r io1 6 recebem poucos comentários, e estão,

todas, reagrupadas em um único capítulo

rece-bendo o título de A p a cifica çã o d a s P r o vín cia s

e a

O r g a n iza çã o P o litic a d o Seg u n d o Imp ér io .17

Pensamos que se extrai todo o sentido

revolucionário e de busca de justiça social de

movimentos como a Guerra dos Farrapos no Rio

Grande do Sul (1835- 1845), a Setembrada em

Pernambuco (1832), a Balaiada no Maranhão (1839-1841), a Cabanagem no Pará (1835-1840),

a Sabinada na Bahia (1837-1838),18 entre outros

levantes ocorridos principalmente no período que seguiu o retorno de D. Pedro I a Portugal. 1 9

Estes movimentos, embora possuindo diferen-tes colorações ideológicas e tendo-se constituí-do contra a ordem Imperial, foram rodos apresentados massificados em um grupo único considerados como indisciplinados perdendo

assim suas particularidades contextuais e o

sig-nificado maior de suas lutas. Contudo, todos

foram fortemente reprimidos e por esta razão, a

maior parte deles foi de curta duração.

Assim sendo, o aspecto para o qual pre-tendemos chamar a atenção é o fato de que na

transmissão da história oficial, ressalta-se a ação

repressora e não a reivindicadora. Esta ação repressora é apresentada como atos de

pacifica-ção que garantiam a ordem em represália aos

representantes da desordem.

O próprio título nos parece evocado r: a palavra pacificação sugere que uma ordem

esta-va ameaçada por agentes desordeiros, cujos

le-gítimos defensores da pátria souberam domar e, em seguida, (rejorganizar. Este aspecto é

confir-mado por uma passagem desse livro referente à

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Guerra dos Farrapos, a mais longa das

insurrei-ções ocorridas no território brasileiro, que

du-rou de 1835 a 1845:

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D ia n te d a p r o p o r çã o q u e essa Revo lu çã o vi-n h a to ma n d o , o Imp er a d o r , p r eo cu p a d o em p a cificá -Ia , n o meo u p a r a p r esid en te d a P r o

-vín cia e co ma n d a n te d e a r ma s o Ba r ã o d e

NMLKJIHGFEDCBA

C a x ia s ... q u e a g in d o co m fo r ça milita r , ven ceu d iver sa s b a ta lh a s e, ta mb ém co m d ip lo ma -cia , co n seg u iu , em 1845, u m a co r d o d e p a z co m o sfa r r o u p ilh a s , p o n d o , a ssim, fim a essa Revo lu çã o , q u e d u r o u exa ta men te d ez a n o s (. ..) D ep o is d e p a cifica d a s a s r evo lta s q u e d o

-min a va m a lg u ma s p r o vín cia s, u ma o u tr a ta -r efa d e D . P ed -r o , a in d a d u r a n te seu p r imeir o p er ío d o d e g o ver n o , fo i o r g a n iza r a vid a p o

lí-tica d op a is.ê"

Os personagens governamentais encontram,

assim, suas ações valorizadas ao mesmo tempo

em que os insurgentes são chamados de r evo lto so s e não revolucionários. Ora, como esta última

ape-lação sugere heroísmo, ela é substituída por uma

outra que sugere desordem, cuja

conotação

mais agressiva é conforme à imagem que se lhes

dese-jou inculcar: E m d ezemb r o d e 1847 e ju n h o d e

1 8 4 8 , o co r r er a m vio len to s mo tin s d e r u a , a lg u n s

co m co n seq ü ên cia s b a sta n te g r a u es/"

ihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

É a própria autoridade que se ressalta,

transmitida como virtude dos representantes do Estado a quem se deve obediência, quando os

p o r tu g u eses r eb eld es [ jo r a m o b r ig a d o s}a a ceita r a In d ep en d ên cia e a a u to r id a d e d e D. Pedro.

Na página 10 deste livro, uma história em

quadrinhos apresenta a personagem histórica

Maria Quitéria:

Na scid a n aB a b ia , em1 7 9 2 ,M a r ia Q u itér ia d e J esu sM e d e ir o s , a p esa r d e d ed ica r -se a p en a s à s o cu p a çõ es d o méstica s, n a s h o r a s d e fo lg a p r a tica -va tir o a o a lvo , sen d o , a ssim, eximia a tir a d o r a . P r eten d en d o a lista r -seco mo vo lu n tá r ia p a r a lu ta r p ela in d ep en d ên cia , fa lo u co m seu p a i.

- P a i, g o sta r ia d e o b ter su a p er missã o p a r a lu ta r p ela n o ssa in d ep en d ên cia .

- Nã o , filh a , isto é co isa p a r a h o men s. C o n tr a r ia n d o a d ecisã o d e seu p a i, M a -r ia Q u ité r ia a listo u -se co mo vo lu n tá r ia .

Ves-92

R E V IS T A D E C IÊ N C IA S S O C IA IS v.3 3 N .1

tin d o mesmo u n ifo r me d o s so ld a d o s b r a silei-r o s, lu to u co m h esilei-r o ísmo em P itu b a , T a b a p u ã

e n a F o z d o Rio P a r a g u a ç u , o n d e, ju n to co m u m g r u p o d e mu lh er es, fez r ecu a r o in imig o .

Ter min a d a s a s lu ta s e co n so lid a d a a n o ssa In d ep en d ên cia , M a r ia Q u itér ia r eceb eu d e D . P ed r o Io títu lo d e ca va leir o d a o r d em Imp er ia l d o C r u zeir o . A p ed id o d e M a r ia

Q u ité r ia , o Imp er a d o r in ter ced eu ju n to a seu

p a i, fa zen d o co m q u e este a p er d o a sse.

Pensamos que esta passagem ilustra

para-lelamente o aspecto heróico atribuído aos

re-presentantes da ordem, dentre os quais D. Pedra I que é apresentado através de uma dimensão

nobre e humana (O Imp er a d o r in ter ced eu ju n to

a seu p a i, ja zen d o co m q u e estea p er d o a sse), e

confirma também o modo redutor e unilateral

como tais fatos são transmitidos.

A passagem sobre a abolição da

escrava-tura recebe duas páginas, com destaque para a carta enviada pela princesa Isabel, que assinou

a Lei Áurea, apresentada como resultado de

ár-duo combate humanista dos monarcas contra a escravidão:

Ta mb ém fo i co m oco r a çã o ma is a livia d o q u e p er to d e u ma h o r a d a ta r d e p a r timo s p a r a o Rio a fim d e a ssin a r a g r a n d e lei, c u ja ma io r g ló r ia ca b e a P a p a i q u e h á ta n to s a n o s esfo r

-ça -se p a r a u m ta lfim. E u ta m b é m fiz a lg u ma

co isa e co n fesso q u e esto u b em co n ten te d e ta m-b ém ter tr a m-b a lh a d o p a r a id éia tã o h u ma n itá -r ia e g -r a n d io sa . A ma n eir a p ela q u a l tu d o se p a sso u h o n r a n o ssa p á tr ia e ta n to ma io r jú b

i-lo me ca u sa .ê?

ão

são mencionados os fatores exter-nos que influenciaram tal decisão, ou seja,

ne-nhuma referência é feita ao aparecimento do

capitalismo como sistema econômico mundial que conduziu à Lei Áurea no Brasil. Também

não é abordada a situação em que se

encontra-ram os antigos escravos após a abolição da es-cravatura nem as formas que adotariam as

relações sociais de produção neste período e

os diversos tipos de trabalho não-assalariado

que predominariam então.

(7)

-

yxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Duas pagmas contam a Proclamação da

República, explicando a influência do positivismo

cujos defensores

onmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

se b a tia m p o r u m p r o jeto p o líti-co d e r efo r ma d a so cied a d e, que encontraram

no regime republicano O ma is a d eq u a d o p a r a se a tin g ir em as r efo r ma s so cia is p r eten d id a s.

Excluem de tal evento as razões que segundo

estudiosos como Monteiro (997), Ribeiro (982)

e Fernandes 09RI) o provocaram, ligadas à in-satisfação das condições de vida dos militares e

seu desejo de maior participação política. Não se pronuncia a expressão g o lp e d e E sta d o .

Mais tarde, outros golpes de Estado se

encontrarão esvaziados de seu aspecto

autoritá-rio, quando são definidos pela palavra revolu-ção. Referimo-nos aos golpes de Estado de 1930

e de 1964. O primeiro é apresentado como uma

reação a revoltas originadas pela alegação de fraudes nas eleições de 1929 e ao assassinato do

vice-presidente de Getúlio Vargas. O segundo

recebe do autor o comentário de que este

re-presentou uma resposta dos militares ao clima de indisciplina que emergia na sociedade, em

conseqüência das reformas que o Presidente João

Goulart tentava estabelecer. Ele recebe assim a designação d e A Revo lu çã o d e ma r ço d e 1 9 6 4 .

Notamos que as reformas consideradas como a justificativa de uma tal reação não são

mencio-nadas em nenhum momento neste livro.

Segun-do o historiador Frédéric Mauro (995) ela continha, entre outras medidas importantes, um

decreto lançando a reforma agrária e um outro nacionalizando as refinarias de petróleo.P

Constata-se, através deste livro para alu-nos do 1Q grau, que a violência contra aqueles

que representam a desordem

e

justificada, como

nos mostra, por exemplo, uma foto do exército na rua durante o golpe militar em 1964. Sua

le-genda Br a sília - M ilita r es r evo lu cio n á r io s p u

se-r a m-se às se-r u a s co mo p se-r eca u çã o demonstra que

as tropas militares em Brasília que sustentaram

o golpe militar de 1964 são identificadas com a segurança pública, tendo sido colocadas na rua

como prevenção a qualquer ato contra os

golpistas que representam nocividade.

Em suas teorias sobre o imaginário social,

o filósofo Cornelius Castoriadis (975) afirma que uma instituição é uma rede ao mesmo tempo

real e simbólica que se sanciona a ela própria.

Esta rede simbólica pode, segundo ele, se

autonomizar. Isso ocorre quando sua compo-nente imaginária domina a instituição relativa à

sociedade. Assim sendo, dominada por um

ima-ginário vivido como mais real que a realidade, apesar de não sabido como tal, a autonomização se incarna na materialidade da vida social.

Este evento não é, contudo, traumático pois

segundo este autor, os indivíduos que o vivenciam

lhe imputam uma determinada significação

mui-tas vezes vista e vivida como n a tu r a i/"

Se evocamos tais teorias é porque

gostarí-amos de propor que, no caso do Brasil, a historiografia oficial, ao posicionar-se ao lado

de quem reprime, legitima a ação autoritária do

governo. Ela transmite assim a idéia de que este

representa o penhor da ordem, e parece-nos

reforçar, com isto, a instituição imaginária que divide a sociedade em dominantes e

domina-dos. Pensamos que uma das conseqüências desta

forma de transmissão consiste em uma possível interiorização, por estes últimos, de sua

não-participação enquanto agentes determinantes de sua própria história. Deste modo, eles tendem a

atribuir uma superioridade inquestionável ao

poder supremo pela sacralização de uma ordem social e política apresentada e por conseguinte

considerada n a tu r a l.

Cremos, com Castoriadis (975), que para

que aconteça uma contestação desta ordem,

te-ria sido necessáte-ria uma alteração profunda no social-histórico, permitindo o questionamento

das instituições políticas que os cercam. Foram estas mesmas instituições que produziram as

sig-nificações imaginárias estabelecidas pelas

rela-ções sociais que perduraram por mais de três

séculos nesta sociedade constituídas por

senho-res de terras e de homens de um lado e uma

diversidade de diferentes tipos de mão-de-obra servil que constituem, por outro lado, a massa

de trabalhadores.

ihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

(8)

Ora, constatando que o social-histórico não

vivenciou uma alteração profunda desde a

insti-tuição da ordem social e política estabelecida

quando do surgimento da nação simbolizado aqui pela Independência do país, porque todos os

movimentos de protesto ou contestação das

ins-tituições oficiais foram e são ainda reprimidos, seja pela coerção física seja pela lei, podemos

considerar que a inversão ou o questionamento

desta ordem parece-nos sempre ter sido

onmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

cen su -r a d o e ap-resentado como nocivo à nação.

Achamos, por esta razão, interessante co-mentar aqui que mesmo a emergência de uma

nova forma de ação política nos anos 1960 re-presentada pelos movimentos sociais urbanos

se constituiu em paralelo à permanência destas

instituições, tendo-se estabelecido uma forma de

co n vivên cia , entre os representantes da ordem

e os agentes sociais inovadores. Este modo de coabitação, mesmo não sendo pacífico,

permi-tiu a constituição de um espaço de expressão

dos dominados que, segundo Irlys Barreira

(992), criaram um outro campo de conflito, dissociado das instituições oficiais de poder.

Tendo efetuado um estudo sobre os

confli-tos urbanos emergentes na cidade de Fortaleza, no Ceará, a partir dos anos 60, Barreira chama a

atenção para as in d efin içõ es ou a mb ig ü id a d es dos

movimentos quanto ao fato de assumirem

for-mas variadas de comunicação com o Estado, que

representam, para ela, p r o va s d e q u e é g esta d a n o in ter io r d essa s p r á tica s so cia is o u tr a fo r ma d e

co n ceb er a p o lítica e a tu a r n o s seu s mea n d r o s/é

Esta autora afirma que o próprio discurso de grande parte dos movimentos enfatiza o fato

de se situarem d e co sta s p a r a o E sta d o , pois

con-sideram a política como um lugar in a cessível à

p a r ticip a çã o p o p u la r /"

Estas considerações levam-nos a pensar que estes novos atores não se vêem como se

fizessem política, esta sendo para eles reservada

aos homens políticas que se situam no esp a ço d a p o lítica .

NMLKJIHGFEDCBA

2 7

Assim, embora reconhecendo o quanto tais movimentos modificaram a dinâmica

inter-94

ihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

R E V IS T A D E C I~ N C IA S S O C IA IS V.

33

N .1

na da sociedade brasileira nestes últimos anos,

as características por eles apresentadas

parece-nos, contudo, minimizarem sua eficácia no que se refere à atenuação das significações

imagi-nárias que separa e divide a sociedade entre

dominantes e dominados. Ora, sendo cons-truídos, como nos mostra Barreira (992), à

margem das estruturas estatais oficiais (d e co

s-ta s p a r a o E ss-ta d o ), cremos que estes

movimen-tos não contribuem com a modificação da

ordem social e política estabelecida por terem-se constituído simultânea e paralelamente a esta.

É como se suas ações fossem intrinsecamente

delimitadas pelo lugar que esses agentes ocu-pam na sociedade ou, em outras palavras, pela

sua condição social percebida como n a tu r a l-men te em baixo da pirâmide social.

Além das características singulares de tais

movimentos, o censo realizado pelo IBGE, em

1996, em seis das dez áreas metropolitanas bra-sileiras, leva-nos à constatação do número

incipiente de pessoas ligadas a sindicatos, ór-gãos comunitários e associações de classe que

podem, para nós, indicar duas coisas. A primei-ra hipótese relativa a estas baixas taxas de

filiação, seria a de que elas representam uma participação pontual das forças atuantes em

vis-ta de resulvis-tados imediatos e/ou específicos e a

segunda seria a de que elas consistem em uma

forma de ação que não deve ser considerada

como representativa da população como um

todo. Segundo os dados fornecidos por este ins-tituto mais de 80% das 22,5 milhões de pessoas

pesquisadas (de 18 anos ou mais) não são filiadas a quaisquer destas associações citadas.

Por esta razão, sugerimos que a rede

simbólica engendrada pelas significações

imaginárias originárias autonomizou-se e

institucionalizou-se, a ponto de definir a rea-lidade para grande parte dos membros desta

sociedade. E que a escola, que poderia ou

de-veria desempenhar um papel cívico importan-te, igualador de condições e oportunidades,

reproduz e legitima esta ordem hierárquica.

Germano (2000) corrobora tal idéia ao dizer que

(9)

-

onmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

a exclu sã o d a esco la r esu lta a n tes d e tu d o d a exclu sã o so cia l e eco n ô mica d e sig n ifica tiva s p a r cela s d a p o p u la çã o b r a sileir a co n d en a d a s a viver em co n d içõ es miser á veis, em vir tu d e d a

b r u ta l co n cen tr a çã o d e r en d a existen te n o p a ís.

yxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

E no que concerne aos aspectos simbóli-cos desta exclusão, tentamos mostrar que a

ma-neira como a história oficial é transmitida através

do livro analisado representa um fator de

refor-ço e não um questionamento deste circuito, o que contribui com o fato das classes

subalter-nas, interiorizando o seu papel de dominados, acreditem que não devem contestar as

institui-ções oficiais, nem a ordem social e política

estabelecida. Ou seja, a repressão sofrida pelos

contestadores é apresentada como uma defesa

legítima dos detentores do poder contra os re-presentantes da desordem. Isto faz com que a

não-contestação seja apresentada como o com-portamento a ser adotado gerando, em última

instância, a perpetuação de formas de

submis-são que se propagaram pela sociedade.

Em 1978, Roberto DaMatta

ihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

2 8 descreve a

pirâmide social brasileira como sendo composta de um universo hierarquizado, formado por um

pequeno número dep esso a s que comanda a vida

e o destino de uma multidão de in d ivíd u o s, lo-calizada, por sua vez, na base da pirâmide,

de-vendo aos do topo obedecer.

Prolongando as teorias de Marcel Mauss

sobre a noção de in d ivíd u o , DaMatta mostra que a idéia de p esso a é também uma construção

so-cial, mas que expressaria um outro aspecto da

realidade social. Assim, para este autor,

enquan-to que nas sociedades ocidentais a idéia de

indi-víduo foi apropriada ideologicamente como o centro do universo social que contém a

socie-dade em si, estando' esta ao serviço do in d

iví-d u o , a iiví-déia iví-de p esso a seria o elemento de base através do qual se cristalizariam as relações

es-senciais e complementares que constituem um outro universo social.

Segundo DaMatta, na sociedade brasileira

essas duas noções coexistem e fundam a base de seu universo social, onde coabitam dois

uni-versos paralelos: o primeiro constitui aquele onde in d ivíd u o s estão sujeitos às leis universais e

igua-litárias, o mundo da rua; e o segundo, o

univer-so das p esso a s que exigem o desvio da lei a seu favor e benefício, o mundo da ca sa . Este último

mundo seria aquele onde transitam as grandes

figuras da vida sociopolítica que se colocam, não

somente acima da lei, mas também além de toda

e qualquer acusação, tornando-se muitas vezes patrimônios nacionais.

No sistema so cia l b r a sileir o , en tã o , a lei u n iver sa liza n te e ig u a litá r ia é u tiliza d a fr eq ü en temen te p a r a ser vir co mo u m elemen

-tofu n d a men ta l d e su jeiçã o e d ifer en cia çã o p o -lítica e so cia l. E m o u tr a s p a la vr a s, a s leis só se a p lica m a o s in d ivíd u o s e n u n ca à s p esso a s; o u , melh o r a in d a , r eceb er a letr a fr ia e d u r a d a lei é to ma r -se imed ia ta men te u m in d ivíd u o . P o d er p er so n a liza r a leiésin a l d e q u e seéu ma p esso a29

É nesse mesmo registro que a filósofa

bra-sileira Marilena Chauí (986) considera o

uni-verso social brasileiro, discordando, porém, da concepção na qual o universo dos in d ivíd u o s

seria o das leis universais igualitárias. Para

Chauí, o universo dos in d ivíd u o s é aquele onde

a noção de cidadania é também inexistente e

as leis não são igualitárias. Este universo seria, então, o prolongamento do espaço privado da

classe dominante que submete aqueles outros

a seu poder autoritário e arbitrário. Deste modo,

os indivíduos não estariam procurando atingir

o universo das pessoas, mas seu combate

esta-ria ainda no estágio de querer ver a lei aplica-da, uma lei que deveria a princípio ser igual

para todos:

oa u to r [ D a M a tta } d escr eve "O mu n d o d a r u a " co mo se n o Br a sil h o u vesse a cid a d a n ia p len a e u n iver sa l, a in d a q u e a b str a ta . O r a , é a d i-men sã o d a cid a d a n ia q u e n ã o existe n a so ci-ed a d e b r a sileir a , p elo men o s n o q u e se r efer e à s ca ma d a s p o p u la r es (. . .)

NMLKJIHGFEDCBA

Éju sta men te p o r -q u e o " mu n d o d a r u a " n ã o ésen ã o o " mu n d o d a ca sa " d a cla sse d o min a n te q u e a " r u a " é

a r b itr á r ia e vio len ta (. . .) Eép o r q u e a p o lítica

(10)

-

onmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

b r a sileir a ér ela çã o d e tu tela e d e fa vo r , e p o r

-q u e n ela

yxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

o esp a ço p ú b lico é tr a ta d o co mo es-p a ço es-p r iva d o d o s d o min a n tes, q u e n ã o h á

cid a d a n ia n o p a ís.

NMLKJIHGFEDCBA

3 D

Através destas duas análises do

univer-so social brasileiro, gostaríamos de propor

nossa própria interpretação. Cremos que ambas concepções constituem a atualização

e a permanência, na sociedade brasileira

con-temporânea, das significações engendradas

pela estrutura social colonial, cujo sentido

organizador se encontra visível ainda hoje, porém, revestido de aspectos mo d er n iza n tes

decorrentes do desenvolvimento tecnológico:

da urbanização, de modos de produção capi-talista etc. Nela se encontra, contudo,

perpe-tuada a divisão entre universos sociais

distintos, nos quais o espaço público dos in

-d iví-d u o s - a grande massa trabalhadora , re-

ihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

presenta a continuidade do espaço privado dos senhores, que se tornaram pessoas.

Porém, não consideramos, diferentemente

de Chauí, que os indivíduos combatam para ver aplicadas as leis e adquirir uma cidadania.

Nem tampouco concordamos com DaMatta quando afirma que o universo dos indivíduos

é aquele da lei universalizante e igualitária. O

que gostaríamos de sugerir aqui, é que uma grande parte dos membros da sociedade

brasi-leira, interiorizando as significações

imaginári-as instituídimaginári-as pela relação social de senhores e mão-de-obra servil que se autonomizaram ,

acei-te seu papel de in d ivíd u o s, acreditando que

devem fica r no seu lu g a r . Por esta razão, não associam política institucional ao seu

cotidia-no, desconhecendo, muitas vezes, seus

direi-tos jurídicos, assim como o papel igualador que

as leis deveriam desempenhar inclusive pela

reivindicação de melhores condições de ensi-no que deveriam nivelar o acesso à cultura à

informação, à educação e à instrução entre to-das as camato-das sociais.

Cremos que esta aceitação é o resultado de uma ordem social vivida como n a tu r a l, onde

eles situam-se n a tu r a lmen te não somente em

96

R E V IS T A D E C I~ N C IA S S O C IA IS V.33 N .1

baixo da pirâmide social mas sobretudo em uma posição de inferioridade simbólica-". E se

cha-mamos a atenção para a permanência de tais

valores e não para aqueles que representam mudanças, é porque pensamos que tal visão de

mundo persiste, se reproduz e resiste às impor-tantes conquistas adquiridas pelos membros

desta sociedade desde o início do século

passa-do e principalmente com o processo de

demo-cratização do país.

Pensando com Florestan Fernandes (966)

que o va lo r do en sin o para um p o vo é d eter mi-n a d o , h isto r ica memi-n te, p ela s vimi-n cu la çõ es da

ex-p er iên cia ed u ca cio n a i esco la r iza d a co m os in ter esses

e

os id ea is so cia is, p a r ticu la r ista s o u co mu n s, das cla sses so cia is existen tes= tememos

que ele represente, ainda hoje, os interesses dos

grupos econômica e politicamente dominantes.

As políticas educacionais declaradas de busca de eqüidade social propondo-se a ser um

ins-trum~nto de correção das desigualdades sociais

apresenta-se assim distante das práticas exercidas caracterizando-se, segundo Germano (2000),

como um mecanismo de exclusão social dos

despossuídos da escola. Elas revelam o que este

autor chama de discrepância entre os objetivos proclamados e a prioridade real da ação do

Es-tado sintetizada nesta frase: Isso sig n ifica d izer

q u e mu d o u

o

d iscu r so , a meto d o lo g ia d e a çã o , p o r ém p er ma n eceu a estr a tég ia d e exclu sã o so

-cia l d a s cla sses su b a lter n a s=

Por essa razão pensamos que o sistema educacional instaurado no Brasil desde seus

primórdios e apesar das reformas instituídas através de diferentes medidas como algumas

apresentadas aqui, constitui parte da estr a tég ia

que descrevemos acima, representada pela

re-novação das instituições e organismos oficiais

de um determinado sistema social ao mesmo

tempo que reproduzem práticas exercidas por representantes de antigas estruturas e, por esta

razão, reveladora da defasagem existente entre a sociedade oficial apresentada pelos

detento-res do poder e as práticas dos seus principais

agentes políticos.

(11)

-

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.

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IV,-'

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NOTAS

1 Discurso pronunciado por Fernando Henrique

Car-doso em visita oficial na França em maio de 1996,

onmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

in documento impresso pela Embaixada do Brnsil

de Paris, página 18.

2 Balandier G., Sen s et p u issa n ce, Paris, Puf, 1971.

3 Gennano J. W., E sta d o milita r e ed u ca cã o n o Br a sil

(1964-1985), São Paulo, Cortez Editora, 2000: 265.

4 Gennano J. W., E sta d o milita r e ed u ca cã o n o Br a sil

(1964-1985), São Paulo, Cortez Editora, 2000: 265.

5 Romanelli o .de O., H istó r ia d a ed u ca çã o n o Br a -sil, Petrópolis, Vozes, 1988: 41.

6 Fernandes F.,A r evo lu cã o b u r g u esa n o Br a sil, Rio

de Janeiro, Zahar Editores, 1981:15.

7 Romanelli o .de O., H istó r ia d a ed u ca çã o n o Br a -sil, Petrópolis, Vozes, 1988: 39.

8 Romanelli o .de O., H istó r ia d a ed u ca çã o n o Br a -sil, Petrópolis, Vozes, 1988: 43.

9 Romanelli o .de O., H istó r ia d a ed u ca çã o n o Br a -sil, Petrópolis, Vozes, 1988: 127.

10 Romanelli o .de O., H istó r ia d a ed u ca çã o n o Br a -sil, Petrópolis, Vozes, 1988: 171.

11 Germano J. W., E sta d o milita r e ed u ca cã o n o Br a

-sil (1964-1985), São Paulo, Cortez Editora, 2000.

Ver também a referência de J. W. Germano sobre

este assunto em Vieira E., E sta d o e misér ia so cia l

n o Br a sil, São Paulo, Cortez, 1983.

12 Germano J. W., E sta d o milita r e ed u ca çã o n o Br a sil

(1964-1985), São Paulo, Cortez Editora, 2000:104.

13 Parece-nos pertinente ressaltar a introdução em

1969 de matérias obrigatórias como os Estudos

Sociais e a Educação Moral e Cívica em diferentes

níveis do ensino do lQ grau ao ensino superior,

ambas ensinadas por militares.

14 Apresentação do livro de Sodré N.W., F o n n a cã o H istó r ica d o Br a sil, RJ, Bertrand Brasil, 1990.

15 Lucci E. A, H istó r ia d o Br a sil- o

NMLKJIHGFEDCBA

Im n é r io , a Rep ú -b lica eoBr a sil co n temp o r â n eo , São Paulo, Sarai-va, 1991.

16 Monteiro H. de M., H istó r ia G er a l d o Br a sil Rio

de Janeiro, Editora Campus, 1997: 138. '

17 O Segun doo Jmoériomperio e o penoé , do que começa

com a subida de D. Pedro II ao trono, filho de

D. Pedro I, que deixa o Brasil em 1831 para

voltar a Portugal após a morte de seu pai, o rei

D. João VI. Assim, D. Pedro I abdica ao trono

brasileiro em favor de seu filho, na época com 5

anos de idade. Somente quando este atinge a

maioridade, 18 anos, é que tem início o

Segun-do Império. In Mauro F., H isto ir e d u Br ésil,

Pa-ris, Chandeigne, 1995.

18 Monteiro H. de M.,H istó r ia G er a l d o Br a sil, Rio de Janeiro, Editora Campus, 1997. Este autor atenta

po-rém para o fato de que paralelamente a movimentos

nitidamente populares com forte participação de

ca-madas sociais subalternas, desenrolam-se levantes

de grupos minoritários da elite imperial desconten-tes com a política centralizadora da coroa. Com

rela-ção à Farroupilha, Fragoso e Teixeira da Silva

ressaltam seu caráter distinto pois representava um

conflito entre segmentos dos setores dominantes

regionais e também contra a centralização imperial.

Seja como for, estes levantes são percebidos pelos

detentores do poder como ameaçadores da ordem e

por conseguinte dos privilégios adquiridos por

de-terminados segmentos da classe dominante.

19 Este período não será desenvolvido neste estudo,

mas é interessante constatar que a maioria dos

mo-vimentos insurrecionais citados ocorreram durante

o período entre a volta de D. Pedra I a Portugal em

1831 e a subida ao trono de D. Pedro II em 1840.

Inversamente às razões alega das para tais movimen-tos de reivindicações contra o excesso de centralismo exercido pelas instituições imperiais, não estariam

os mesmos motivados pelo vazio deixado pela

au-sência de uma forte figura simbólica à frente do país?

20 Lucci E. A, H istó r ia d o Br a sil, São Paulo ,Saraiva , 1991:25.

21 Lucci E. A, H istó r ia d o Br a sil, São Paulo ,Saraiva , 1991:27.

2 2 Lucci E. A, H istó r ia d o Br a sil, São Paulo, Saraiva,

1991:59.

2 3 Mauro F.,H isto ir e d u Br ésil, Paris, Chandeigne, 1995.

24 Castoriadis C.,L 'in stitu tio n ima g jn a ir e d e Ia so ciété, Paris, Senil, 1975.

2 5 Barreira I., O r ever so d a s vitr in es, Rio de Janeiro,

Rio Fundo Editora, 1992: 156.

26 Barreira L , O r ever so d a s vitr in es, Rio de Janeiro,

Rio Fundo Editora, 1992.

27 A definição deste esp a ço d a p o lítica isolado da

sociedade abrangente foi desenvolvido em nossa

tese de doutorado Br a sil, p o is d o fu tu r o ? E stu d o d o ima g in á r io co letivo a tr a vés d e u ma eleiçã o p r e-sid en cia l.

2 8 DaMatta R., C a r n a va is. ma la n d r o s e h er ó is. Rio

de Janeiro, Zahar Editores, 1978.

2 9 DaMatta R., C a r n a va is. ma la n d r o s e h er ó is, Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1978 : 184.

30 Chauí M., C o n fo r mismo e r esistên cia , São Paulo, Brasiliense, 1986: 136.

31 Não obstante, concordamos com DaMatta no que

se refere às aspirações de grande parte dos

indiví-duos, quando ele considera que estes, longe de

(12)

-

yxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

reivindicarem seu tratamento igualitário diante da

lei procura, ao contrário, atingir o universo das

pessoas, espaço onde se existe socialmente.

32 Femandes F,

onmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

E d u ca çã o e so cied a d e n o Br a sil, São

Paulo Dominus Editora, 1966: 92.

33 Germ~no

ihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

J.W., E sta d o milita r e ed u ca cã o n o Br a sil

NMLKJIHGFEDCBA

0 9 6 4 - 1 9 8 5 ) , São Paulo, Cortez Editora, 2000: 276.

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Referências

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