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PROCESSO Nº TST-ARR A C Ó R D Ã O 6ª Turma GDCCAS/sp

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A C Ó R D Ã O 6ª Turma

GDCCAS/sp

AGRAVO DE INSTRUMENTO. NULIDADE DO JULGADO REGIONAL POR NEGATIVA DE

PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. O

processamento do recurso de revista está adstrito à demonstração de divergência jurisprudencial (art. 896, alíneas a e b, da CLT) ou violação direta

e literal de dispositivo da

Constituição da República ou de lei federal (art. 896, c, da CLT). Não demonstrada nenhuma das hipóteses do art. 896 da CLT, não há como reformar o r. despacho agravado. Agravo de Instrumento de que se conhece e a que se nega provimento.

PRESCRIÇÃO. EXPOSIÇÃO A AMIANTO. DATA DA CIÊNCIA DA LESÃO. APLICAÇÃO DA PRESCRIÇÃO BIENAL A CONTRATO EXTINTO. Deve ser processado o recurso de revista quando demonstrada aparente violação ao art. 7º, XXIX, da CF. Agravo de instrumento de que se conhece e a que se dá provimento.

RECURSO DE REVISTA. PRESCRIÇÃO.

EXPOSIÇÃO A AMIANTO. DATA DA CIÊNCIA DA LESÃO. APLICAÇÃO DA PRESCRIÇÃO BIENAL A CONTRATO EXTINTO. A prescrição bienal está relacionada à contagem do prazo a partir da rescisão do contrato de trabalho, e não tem correlação com prazo para buscar reparação judicial em lesão com conhecimento em data posterior ao encerramento do contrato de trabalho. Por se tratar de caso em que o conhecimento da lesão ocorreu após a

vigência da EC 40/2004, a

jurisprudência do c. TST aplica a prescrição quinquenal trabalhista, nos termos do art. 7º, XXIX, da CF. O empregado teve ciência de que estava acometido de espessamento pleural em 2012, sendo compatível a doença com exposição ao amianto no período do

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contrato de trabalho que se encerrou em 1996. A data da ciência inequívoca da lesão é a data do laudo médico da Fundação Oswaldo Cruz que diagnosticou a doença. Não há portanto, prescrição a ser declarada, porque respeitado o prazo de cinco anos trabalhista. Precedentes. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá provimento.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista com Agravo n° TST-ARR-100553-49.2016.5.01.0064, em que é Agravante e Recorrente FRANCISCO ARLINDO DA SILVA e Agravados e Recorridos ETERNIT S.A. e SAINT-GOBAIN DO BRASIL PRODUTOS INDUSTRIAIS E PARA CONSTRUÇÃO LTDA..

Trata-se de Agravo de Instrumento interposto com o fim de reformar o despacho que denegou seguimento ao Recurso de Revista apresentado contra decisão regional publicada em 05/04/2017, anteriormente à vigência da Lei 13.467/2017.

Contraminuta e contrarrazões apresentadas pelas agravadas, pela manutenção do decisum.

Desnecessária a remessa dos autos ao d. Ministério Público do Trabalho.

É o relatório. V O T O

CONHECIMENTO

Conheço do Agravo de Instrumento, porque regular e tempestivo.

MÉRITO

Eis o teor do despacho denegatório:

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PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Tempestivo o recurso.

Regular a representação processual). Dispensado o preparo.

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Atos Processuais / Nulidade / Negativa de prestação jurisdicional.

DIREITO CIVIL / Fatos Jurídicos / Prescrição e Decadência. Alegação(ões):

- contrariedade à(s) Súmula(s) nº 297 do Tribunal Superior do Trabalho.

- contrariedade à Orientação Jurisprudencial SBDI-I/TST, nº 118. - violação do(s) artigo 5º, inciso XXXV; artigo 5º, inciso LIV; artigo 5º, inciso LV; artigo 93, inciso IX; artigo 1º, inciso III; artigo 5º, inciso X; artigo 7º, inciso XXIX; artigo 6º, da Constituição Federal.

- violação d(a,o)(s) Consolidação das Leis do Trabalho, artigo 832; artigo 897-A; Código de Processo Civil, artigo 489, §1º, inciso II; artigo 489, §1º, inciso IV; Consolidação das Leis do Trabalho, artigo 896, §1º-A; Código Civil, artigo 11; artigo 189; artigo 205; artigo 206, §3º.

- divergência jurisprudencial:

Nos termos em que prolatada a decisão, não se verificam as violações apontadas. Na verdade, trata-se de mera interpretação dos mencionados dispositivos, o que não permite o processamento do recurso. Não se vislumbra, também, nenhuma afronta à jurisprudência sedimentada da C. Corte.

Os arestos transcritos para o confronto de teses não se prestam ao fim colimado, seja por se revelarem inespecíficos, vez que não se enquadram nos moldes estabelecidos pelas Súmulas 23 e 296 do TST, seja ainda por se revelarem inservíveis, porquanto não contemplados na alínea "a" do art. 896 da CLT. No mesmo sentido é o entendimento consubstanciado na Orientação Jurisprudencial 111 da SDI-I do TST. Podem ser, ainda, enquadrados na categoria de inservíveis os arestos não adequados ao entendimento consagrado na Súmula 337 do TST.

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A análise da fundamentação contida no v. acórdão recorrido revela que a prestação jurisdicional ocorreu de modo completo e satisfatório, inexistindo qualquer afronta aos dispositivos que disciplinam a matéria. Não há falar na ocorrência de conflito jurisprudencial, uma vez que a existência do dissenso pretoriano exige a possibilidade de confronto de teses. No caso específico da alegação de negativa de prestação jurisdicional, tal conflito é inexistente, até porque a própria parte recorrente afirma que a questão jurídica não foi, no seu entendimento, enfrentada no v. acórdão regional. Desse modo, arestos porventura colacionados para tal finalidade revelam-se plenamente inúteis e, portanto, não devem sequer ser analisados. Nesse aspecto, sob a ótica da restrição imposta pela Súmula 459 do TST, o recurso não merece processamento.

CONCLUSÃO

NEGO seguimento ao recurso de revista.

Na minuta do Agravo de Instrumento, sustenta o reclamante que demonstrou o desacerto da decisão regional, renovando as violações indicadas.

Quanto à nulidade do acórdão regional por negativa de prestação jurisdicional, o reclamante indicou o seguinte teor do acórdão regional:

Não obstante o contrato de trabalho tenha sido rescindido em 1996, a ciência da lesão de deu em 28.09.2012, após a vigência da Emenda Constitucional n° 45/2004, razão pela qual o prazo prescricional deve observar o artigo 7°, XXIX, da CRFB, contudo a demanda somente foi ajuizada em 19.04.2016, após o biênio da extinção do contrato de trabalho e da ciência da lesão, pelo que irremediavelmente prescrito o direito de ação.

(...) Ainda que se entendesse pela inaplicabilidade da prescrição trabalhista prevista no artigo 7°, XXIX, da CRFB, mas sim pela civil em razão de doença contraída no curso do contrato de trabalho, que findou em 1996, a perscrição total também há de ser pronunciada, pois com base na regra de transição prevista no artigo 2.028 do Código Civil/2002, cuja vigência iniciou em 11.1.2003, não havia transcorrido mais da metade do prazo prescricional de vinte anos previsto no Código Civil de 1916, pelo que

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aplicável o artigo 206, ° 3°, V do Código Civil de 2002, ou seja, o de 3 (três) anos, contados do início da vigência do referido diploma legal, terminando, portanto, em 11.01.2006, tendo a ação sido ajuizada em 19.04.2016, donde prescrita.

(...) Nego Provimento"

Indicou, seguida, os termos da petição dos embargos de declaração opostos:

a. a Corte Regional teria sido omissa quanto à análise dos contornos da ação em perspectiva com as especificidades do tipo de doença que acometeu o Reclamante. Dessa forma, conforme consta em embargos de declaração, "o marco inicial do prazo prescricional da ação de indenização é a data inequívoca da incapacidade laboral, segundo preceituam a Súmula 278/STJ e a Súmula 230/STF. Contudo, tratando-se de possibilidade de doença decorrente de agente etiológico cujo prazo de latência é extremamente extenso, como é o caso do amianto, a presença de marcador do contato, sem a identificação da consolidação das lesões para fins de incapacidade laborativa, torna inviável declarar prescrita a pretensão"; b. o laudo da Fundação Oswaldo Cruz (ID. 730228a - Pág. 1) consignou que o Autor "trabalhou na indústria de fibrocimento por 22 anos e 10 meses, como operador de matéria prima (AMIANTO)", com "alterações radiográficas iniciais compatíveis com a exposição ao AMIANTO". Em sede de declaratórios, o Autor indicou que "dos documentos acostados aos autos, pode-se apenas extrair o conhecimento da enfermidade (presença de espessamento pleural com exposição ao amianto), mas não a redução da capacidade física ou incapacidade laborativa do Reclamante"; c. no que tange à inaplicabilidade do art. 7º, XXIX, da Constituição Federal à hipótese dos autos, o Reclamante apontou que "não houve efetiva consolidação das lesões para fins de fixação do marco temporal prescricional sob a ótica de nenhum dos prazos previstos no art. 7º, XXIX, da Constituição Federal" uma vez que "a perícia sequer foi autorizada pelo Juízo na fase de instrução, registro que também se mostra essencial ao deslinde do feito, já que não foi possível detectar, mediante prova pericial especializada, a existência de redução da capacidade laborativa. Por igual razão, alegou-se em declaratórios que "não houve consolidação das lesões para fins de fixação

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do marco inicial da prescrição", razão pela qual haveria que se "falar em alteração da causa de pedir"; d. em relação ao pedido de condenação da reclamada a pagar pensões mensais vencidas e vincendas, o Autor alegou que a Corte Regional "deixou de observar a existência de pedido de pensões mensais vencidas e vincendas, formulado nos termos do art. 950 do Código Civil, que demanda a aplicação da prescrição parcial e quinquenal. Isso porque a caracterização de redução parcial e permanente para o trabalho, a motivar o deferimento de pensão mensal vitalícia, configura direito a prestações periódicas, atraindo, assim, a prescrição apenas parcial, que não atinge o fundo do direito"; e. por fim, requereu-se "o prequestionamento das Súmulas 278/STJ e 230/STF, que definem como marco inicial da prescrição a data da ciência inequívoca da incapacidade para o trabalho; do art. 2º, §2º, da CLT, que prevê a condenaçãosolidária das empresas integrantes de grupo econômico; dos arts. , que versam sobre a necessidade de adoção de medidas 154, 157 e 166 da CLT de segurança do trabalho; do art. 7º, XXVIII, da Constituição, que garante o pagamento de indenização por acidente de trabalho nos casos de culpa do empregador; dos arts. 444 e 468 da CLT, que impedem a estipulação de normas que contravenham as disposições de proteção ao trabalho; do art. 950 do Código Civil, que garante o pagamento de pensão; do art. 402 do Código Civil, que garante o pagamento de lucros cessantes; dos artigos 1º, III, 5º, V e X, e 6º da Constituição Federal, que asseguram o respeito à dignidade da pessoa humana, o direito à vida, o direito à integridade física e o pagamento de indenização por danos morais e materiais; bem como dos artigos 186, 927 e 944 do Código Civil, que asseguram o pagamento de indenização segundo a extensão do dano e a capacidade econômica do empregador".

Indicou a resposta dos embargos de declaração:

"o fundamento do Colegiado para pronunciar a prescrição total é justamente a informação constante da inicial (causa de pedir), de que tomou conhecimento da doença ocupacional em razão da exposição à poeira do amianto através do Laudo Pericial da Fundação Oswaldo Cruz de 28.09.2012, após vigência da Emenda Constitucional n° 45/2004, razão pela qual o prazo prescricional deve observar o artigo 7°, XXIX, da CRFB,

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contudo, a demanda somente foi ajuizada em 19.04.2016, após o biênio da extinção do contrato de trabalho e da ciência da lesão, pelo que irremediavelmente prescrito o direito de ação, donde inexiste qualquer omissão no julgado.

(...)

alegação de que os pedidos de pensões vencidas e vincendas são imprescritíveis não constou do apelo, onde suscitou apenas a imprescritibilidade do pedido de indenização por dano à personalidade, pelo que mais uma vez inova no recurso."

(...)

o acórdão está claro e bem fundamentado e basta para a completa prestação jurisdicional, em consonância com o princípio do livre convencimento motivado (art. 371 do Novo CPC), desnecessário, portanto, que seja examinada cada uma das questões trazidas pelo embargante

Sustenta o reclamante nas razões de recurso de revista que a v. decisão viola os arts. 489, inciso II e §1º, IV, do CPC e 832 da CLT e art. 93, IX, da CF, porque não sanadas as omissões indicadas. Em relação aos pontos tidos por omisso verifica-se que a decisão regional examinou acerca de pretensão de afastamento da prescrição em face da data da ciência inequívoca da lesão, que o reclamante indicou como sendo em 28.09.2012, quando houve laudo médico da Fundação Oswaldo Cruz que indicou que o autor era portador de espessamento pleural compatível com exposição ao amianto.

Ainda que o contrato de trabalho tenha sido rescindido em 1996, analisou a data da ciência da lesão, em 28.9.2012, aplicando-se a prescrição total da pretensão.

De tal modo, as alegações trazidas acerca de redução progressiva da capacidade e consolidação das lesões, e inexistência de prescrição a ser declarada, foram afastadas na v. decisão, pela tese de que a informação trazida na inicial de que tomou conhecimento da lesão foi trazida pelo reclamante, sendo essa a razão pela qual se aplicou a prescrição bienal.

Em relação à ausência de prescrição das prestações sucessivas, quanto a pensões vencidas e vincendas, a v. decisão deixou

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claro que não constou do apelo, porque houve apenas o pedido de imprescritibilidade do pedido de indenização por dano à personalidade. Os pontos tidos por omissos, portanto, não equivalem com a literalidade dos embargos de declaração, e remetem a questões que encontram-se devidamente examinadas.

De tal modo, não há nulidade do julgado regional por negativa de prestação jurisdicional, restando ilesos os dispositivos invocados.

Em relação ao tema da prescrição, o reclamante sustenta que o marco prescricional aplicado não foi devidamente examinado, em violação dos arts. 189 do Código Civil e do art. 7º, XXIX, da CF e indica o seguinte trecho: “não obstante o contrato de trabalho tenha sido rescindido em 1996, a ciência da lesão se deu em 28.09.2012, após a vigência da Emenda Constitucional n° 45/2004, razão pela qual o prazo prescricional a Corte Regional violou deve observar o artigo 7°, XXIX, da CRFB”.

Sustenta, ainda, contrariedade à Súmula 278 do c. STJ e 230 do STF, e traz o seguinte trecho para o fim de demonstrar violação dos arts. 11 e 205 do Código Civil, e dos arts. 1º, III, e 5º, X, da CF: "não obstante o contrato de trabalho tenha sido rescindido em 1996, a ciência da lesão se deu em 28.09.2012, após a vigência da Emenda Constitucional n° 45/2004, razão pela qual o prazo prescricional deve observar o artigo 7°, XXIX, da CRFB" e que "ainda que se entendesse pela inaplicabilidade da prescrição trabalhista prevista no artigo 7º, XXIX, da CRFB, mas sim pela civil em razão de doença contraída no curso do contrato de trabalho, que findou em 1996, a prescrição total também há de ser pronunciada, pois com base na regra de transição prevista no artigo 2.028 do Código Civil/2002, cuja vigência iniciou em 11.1.2003, não havia transcorrido mais da metade do prazo prescricional de vinte anos previsto no Código Civil de 1916, pelo que aplicável o artigo 206, § 3º, V, do Código Civil de 2002, ou seja, o de 3 (três) anos, contados do início da vigência do referido diploma legal, terminando, portanto, em 11.01.2006, tendo a ação sido ajuizada em 19.04.2016".

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Ao indicar aresto para confronto, oriundo do eg. TRT da 4ª Região, o reclamante indica o seguinte trecho: “não obstante o contrato de trabalho tenha sido rescindido em 1996, a ciência da lesão se deu em 28.08.2012, após a vigência da Emenda Constitucional n° 45/2004, razão pela qual o prazo prescricional deve observar o artigo 7°, XXIX, da CRFB, contudo a demanda somente foi ajuizada em 19.04.2016, após o biênio da extinção do contrato de trabalho e da ciência da lesão, pelo que irremediavelmente prescrito o direito de ação”.

Quanto à pretensão de demonstrar divergência jurisprudencial, verifica-se que o reclamante, ao indicar conflito jurisprudência em relação ao trecho, indica aresto de Turma do c. TST, que desserve ao confronto pretendido e faz remissão a dois arestos regionais que, contudo, não traduzem exame de doença ocupacional correlata a analisada pelo eg. TRT, indicando tese já superada pelo c. TST, em que as vv. decisões se referem a imprescritibilidade de pretensão relacionada com doença profissional.

Todavia, o reclamante logra demonstrar que a decisão regional, ao aplicar a prescrição bienal, levando em consideração a data da ciência da lesão em 2012, denota má aplicação do art. 7º, XXIX, da Constituição Federal, que se refere ao biênio da data da extinção do contrato de trabalho, o que não é o caso.

Dou provimento ao agravo de instrumento para melhor exame da violação do art. 7º, XXIX, da CF.

RECURSO DE REVISTA

DOENÇA PROFISSIONAL - FIXAÇÃO ERRÔNEA DA ACTIO NATA. PRESCRIÇÃO BIENAL. CONTRATO DE TRABALHO EXTINTO

CONHECIMENTO

Pelas razões expostas no julgamento do Agravo de Instrumento, conheço do Recurso de Revista por violação do art. 7º, XXIX, da Constituição Federal.

MÉRITO

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O debate cinge-se à declaração de prescrição bienal em relação a contrato de trabalho extinto, pela contagem da data em que o autor indica ter conhecimento da lesão que ocupacional a doença ocupacional, com nexo com o contrato de trabalho extinto.

O autor foi diagnosticado com espessamento pleural, compatível com exposição ao amianto – doença reconhecida como incapacitante e altamente lesiva, conforme os termos da decisão regional. Não há pedido de parcelas decorrentes do contrato de trabalho que se extinguiu em 1996, mas apenas a indenização reparadora em razão do conhecimento da lesão em 28.9.2012, data do laudo da Fundação Oswaldo Cruz.

A prescrição bienal está relacionada a contagem do prazo a partir da rescisão do contrato de trabalho, e não tem correlação com prazo de conhecimento de lesão para o fim de buscar reparação judicial posterior ao encerramento do contrato.

Por se tratar de caso em que o conhecimento da lesão ocorreu após a vigência da EC 40/2004, a jurisprudência do c. TST é tranquila quanto à aplicação da prescrição quinquenal.

Nesse sentido, os seguintes precedentes:

I - AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMANTE.(...) II - RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014. 1. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL.

PRESCRIÇÃO APLICÁVEL. TERMO INICIAL. DOENÇA

OCUPACIONAL. AÇÃO AJUIZADA APÓS A PUBLICAÇÃO DA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 45/04. 1.1. Tratando-se de pedido de indenização por dano moral decorrente da relação de emprego, o prazo prescricional aplicável é aquele previsto no art. 7º, XXIX, da Constituição Federal, de cinco anos, contados da ocorrência da lesão, observado o prazo de dois anos após a extinção do contrato de trabalho. Ademais, o termo inicial do prazo prescricional da pretensão de indenização por danos decorrentes de doença ocupacional é a data em que o trabalhador teve ciência inequívoca da incapacidade laboral ou do resultado gravoso, ante a compreensão da Súmula 278 do STJ. Da expressão "ciência inequívoca da incapacidade", infere-se que não se trata da ciência das primeiras lesões da

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doença, mas da efetiva consolidação da moléstia e da consequente repercussão na capacidade de trabalho do empregado. 1.2. No caso concreto, o Regional não estabeleceu quando ocorreu a ciência inequívoca da lesão. Assim, proposta a presente ação em 14.10.2013, não há como aferir se foi ultrapassado o prazo quinquenal aplicável, inexistindo prescrição a ser

declarada. Recurso de revista não conhecido. (...) (ARR -

1620-75.2013.5.12.0020, Relator Ministro: Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, Data de Julgamento: 08/06/2016, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 17/06/2016)

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. 1. PRESCRIÇÃO. DOENÇA OCUPACIONAL. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. MARCO INICIAL. CIÊNCIA INEQUÍVOCA DA LESÃO. É pacífico o entendimento desta Corte de que a fluência do prazo prescricional tem início com a ciência inequívoca da lesão, a qual não se confunde com o simples conhecimento da doença nem com a concessão do primeiro afastamento previdenciário, pois não evidenciam a certeza e a extensão do dano. In casu, o Regional registra que, apesar de a reclamante encontrar-se afastada de suas funções laborais desde março/2010, por motivo de doença, com o percebimento de benefício previdenciário, sendo submetida a procedimento cirúrgico em 2016, o qual não resultou no sucesso esperado, certo é que ainda não houve a consolidação das suas lesões. Dessa forma, considerando a premissa fixada pela Corte regional de que ainda não ocorreu a actio nata, na medida em que não houve ainda a consolidação das lesões, não há falar em prescrição, pois sequer inciada a contagem do prazo prescricional. Sendo assim, considerando que a decisão regional se amolda à atual, iterativa e notória jurisprudência deste Tribunal, incidem os óbices preconizados na Súmula nº 333/TST e no art. 896, § 7º, do TST. (...)Agravo de instrumento conhecido e não provido. (AIRR - 422-25.2017.5.14.0111, Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data de Julgamento: 27/02/2019, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 01/03/2019)

AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/14. DOENÇA OCUPACIONAL. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAL E

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MATERIAL. CIÊNCIA INEQUÍVOCA DA INCAPACIDADE LABORAL POSTERIOR À EC Nº 45/2004. PRESCRIÇÃO. REGRA APLICÁVEL. A parte agravante não apresenta argumentos capazes de desconstituir a decisão que negou seguimento ao agravo de instrumento, uma vez que o recurso de revista não demonstrou pressuposto intrínseco previsto no art. 896 da CLT. A jurisprudência desta Corte Superior é firme no sentido de que, em se tratando de pretensão indenizatória que tem como causa de pedir efeitos danosos decorrentes de acidente de trabalho, ou doença ocupacional, constatado posteriormente à edição da Emenda Constitucional nº 45/2004, o prazo prescricional aplicável é o previsto no art. 7º, XXIX, da Constituição Federal, a contar da data da ciência inequívoca da lesão. Proposta a reclamação trabalhista mais de cinco anos após a ciência inequívoca da suposta lesão, em abril de 2010, conforme reconhecido na origem, mostra-se correto o reconhecimento da prescrição extintiva da pretensão indenizatória na instância da prova. Incidência do art. 896, § 7º, da CLT. Agravo a que se nega provimento. (Ag-AIRR - 1001461-67.2015.5.02.0362 , Relator Ministro: Walmir Oliveira da Costa, Data de Julgamento: 27/02/2019, 1ª Turma, Data de Publicação: DEJT 01/03/2019)

De tal modo, sendo a ação trabalhista ajuizada em 19.04.2016, não se verifica prescrição a ser declarada, pois respeitado o prazo de cinco anos da ciência da lesão.

Pelo exposto, dou provimento ao recurso de revista para afastar a prescrição da pretensão do autor e determinar o retorno dos autos à Vara do Trabalho de origem a fim de que prossiga no exame do mérito da presente demanda.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Sexta Turma do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade: a) conhecer do Agravo de Instrumento e, no mérito, negar-lhe provimento em relação ao tema “nulidade do julgador por negativa de prestação jurisdicional; b) conhecer do Agravo de Instrumento e, no mérito, dar-lhe provimento em

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relação ao tema “prescrição – doença ocupacional” para determinar o processamento do recurso de revista; c) conhecer do recurso de revista por violação do art. 7º, XXIX, da Constituição Federal e, no mérito, dar-lhe provimento para determinar o retorno dos autos à Vara do Trabalho de origem a fim de que prossiga no exame do mérito da presente demanda. Invertido o ônus da sucumbência.

Brasília, 8 de maio de 2019.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)

CILENE FERREIRA AMARO SANTOS

Desembargadora Convocada Relatora

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