• Nenhum resultado encontrado

Palavras-chave: Sarcoma de partes moles. Quimioterapia adjuvante. Quimioterapia neojuvante.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Palavras-chave: Sarcoma de partes moles. Quimioterapia adjuvante. Quimioterapia neojuvante."

Copied!
15
0
0

Texto

(1)

QUIMIOTERAPIA ADJUVANTE E NEOADJUVANTE NO TRATAMENTO DE SARCOMAS DE PARTES MOLES - EXPERIÊNCIA DO HOSPITAL DE CÂNCER DE BARRETOS

Sergio Vicente Serrano/Gabriela Vardasca Miranda

RESUMO

Os sarcomas de partes moles (STS - "Soft tissue sarcoma") são neoplasias raras que podem acometer músculos lisos e estriados, tecidos adiposos e fibrosos.

Normalmente, aparecem em regiões inespecíficas do corpo como massas superficiais, indolores e de grande extensão. A metástase ocorre, principalmente, para o pulmão e através da via hematogênica. Alguns exames de imagem, como a ressonância e o PET/CT, podem auxiliar no diagnóstico dos STS, porém para sua confirmação é essencial a realização da biópsia do tumor. O estádio do tumor é o principal fator prognóstico no momento do diagnóstico e é calculado a partir do sistema de classificação TNM. O tratamento dos STS visa, principalmente, prolongar a sobrevida, evitar recidivas, maximizar as funções e diminuir a mortalidade. A ressecção cirúrgica é fundamental para a obtenção da cura da doença e na maioria dos STS maiores do que 5 cm, é utilizado o tratamento radioterápico neoadjuvante. As quimioterapias adjuvante e neoadjuvante também podem ser associadas ao tratamento, porém os seus benefícios ainda são incertos. Assim, é relevante um estudo sobre as possíveis vantagens ou desvantagens do uso da quimioterapia adjuvante ou neodjuvante. A pesquisa desenvolveu um banco de dados com características clínicas, demográficas, histopatológicas e relacionados ao tratamento dos STS para análise descritiva dos pacientes que realizaram a quimioterapia neoadjuvante e adjuvante, admitidos no Hospital de Câncer de Barretos no período de 2010 a 2015. Foram descritas, a sobrevida livre de doença e sobrevida global. Tais dados podem ser usados como plataforma de informações para pesquisas futuras. O cronograma da pesquisa foi de 12 meses, envolvendo submissão ao CEP, revisão de prontuários, análises estatísticas e conclusão do projeto. Os resultados mostraram que a quimioterapia neoadjuvante só interferiu significantemente na sobrevida livre de recidiva local.

Palavras-chave: Sarcoma de partes moles. Quimioterapia adjuvante. Quimioterapia neojuvante.

(2)

QUIMIOTERAPIA ADJUVANTE E NEOADJUVANTE NO TRATAMENTO DE SARCOMAS DE PARTES MOLES - EXPERIÊNCIA DO HOSPITAL DE CÂNCER DE BARRETOS

Sergio Vicente Serrano/Gabriela Vardasca Miranda

1.INTRODUÇÃO

Os sarcomas em geral representam menos de 1% das neoplasias malignas na população adulta. Dentre eles, 80% acomete as partes moles e apenas 2% acomete os ossos. (1) Devido à sua origem mesenquimal, o aspecto histopatológico dos sarcomas é amplo, podendo acometer músculos lisos e estriados, tecidos adiposos e fibrosos, ossos e cartilagens. Eles são classificados em subtipos histológicos de acordo com seu tecido de origem e padrão morfológico. Alguns subtipos são mais comuns, como os liposarcomas, leiomiosarcoma, sarcoma sinovial e mesenquimoma maligno. (2)

A diferenciação dos tipos de células, para caracterização do tumor, pode ser feita por meio de marcadores imunohistoquímicos ou testes moleculares, como o FISH e o RT-PCR. A maioria dessas neoplasias não tem uma etiologia bem definida. Porém, existem fatores predisponentes, como: genética, radioterapia, quimioterapia, substâncias químicas carcinogênicas, irritação crônica e linfedema. (3)

O quadro clínico dos sarcomas de partes moles (STS - "Soft tissue sarcoma") é caracterizado pelo aparecimento de massas indolores, de grande extensão e que atingem apenas a superfície do tecido, sendo raro o acometimento das fáscias ou do osso. (4) Esses tumores se distribuem pelo corpo de forma inespecífica, porém, a maioria acomete os membros inferiores (5). Um estudo, feito com 4550 adultos pelo American College of Surgery, mostrou que alguns locais são mais acometidos que outros, conforme é mostrado na tabela 1. (6).

Tabela 1 - Topografias mais frequentes nos STSs - Resultado do estudo realizado pelo American College of Surgery.

Coxa e Glúteos 46%

Tronco 18%

Extremidades Superiores 13%

Retroperitônio 13%

Cabeça e Pescoço 9%

Geralmente, apenas 25% dos pacientes desenvolvem metástase após o tratamento inicial e o padrão de propagação do tumor varia de acordo com o seu tipo e localização. (4-7) Para a maioria dos STS, o principal sítio de metástase é o pulmão. No entanto, existem exceções, como, por exemplo, o lipossarcoma de células mixoides

(3)

redondas, em que ocorrem metástases, principalmente, para o retroperitôneo, coluna vertebral e tecidos moles paraespinhais. (7) A principal via de disseminação é a hematogênica, sendo raro o acometimento linfático. Entre os subtipos de STS que apresentam disseminação linfática, destacam-se o rabdomiossarcoma, o angiossarcoma, o sarcoma sinovial e o sarcoma epitelioide. (8)

O diagnóstico dos STS, muitas vezes, é tardio devido ao quadro indolor inicial.

Assim, quando o tumor é notificado, é preciso atentar-se à velocidade de crescimento, tamanho, profundidade, fixação a estruturas adjacentes e sintomas associados, como edema e comprometimento neural. Além disso, é preciso ter em mente os principais diagnósticos diferenciais. Estes incluem os carcinomas metastáticos, melanomas, linfomas e, também, os tumores benignos, como os lipomas. (3)

Os tumores benignos de partes moles são muito mais comuns que os sarcomas. Para diferenciá-los, pode-se observar os principais marcadores de malignidade, que, segundo estudos da The United Kingdon Departament of Health, são o crescimento acelerado do tumor e tamanho maior que 5 cm. (3)

O exame histológico, feito a partir de biópsia, é essencial para o diagnóstico e planejamento do tratamento. (3) Porém, na prática, muitas vezes a ressecção cirúrgica é feita antes da confirmação do diagnóstico patológico de malignidade. (9)

Alguns exames de imagem, como a ressonância magnética, tomografia computadorizada, PET/CT e o PET scanning, auxiliam na descoberta da etiologia neoplásica, na avaliação da extensão do tumor e na descoberta de abscessos ou metástases. (3)

Após a realização do diagnóstico, é importante definir o estádio que o tumor se encontra. Para isso, o sistema de estadiamento mais utilizado em STS é o TNM, o qual foi desenvolvido pela UICC (União Internacional de Combate ao Câncer) e pelo AJCC (American Joint Committee on Cancer). De acordo com ele, para determinar o estádio do tumor, é necessário avaliar seu tamanho, profundidade, padrão histológico, o envolvimento de linfonodos e a presença ou ausência de metástases. Assim, classifica- se o tumor de I a IV, conforme mostra a tabela 2. (10)

Tabela 2 - Estadiamento TNM para STS*

Tumor Primário (T)

TX Tumor primário que não pode ser avaliado

T0 Nenhuma evidencia de tumor primário

T1 Tumor de até 5 cm

T1a Tumor superficial

T1b Tumor profundo

(4)

T2 Tumores maiores que 5 cm

T2a Tumor superficial

T2b Tumor profundo

Linfonodos Regionais (N)

NX Linfonodos regionais que não podem ser avaliados

N0 Ausência de metástase para os linfonodos

regionais

N1 Presença de metástase para os linfonodos

regionais Metástase a distância (M)

M0 Ausência de metástase a distância

M1 Presença de metástase a distância

Padrão Histológico (G)

GX Padrão não pode ser avaliado

G0 Padrão 1

G1 Padrão 2

G2 Padrão 3

Estágio Anatômico /

Grupo prognóstico

Estágio IA T1a N0 M0 G1, GX

T1b N0 M0 G1, GX

Estágio IB T2a N0 M0 G1, GX

T2b N0 M0 G1, GX

Estágio IIA T1a N0 M0 G2, G3

T1b N0 M0 G2, G3

Estágio IIB T2a N0 M0 G2

T2b N0 M0 G2

(5)

Estágio III T2a, T2b N0 M0 G3

Qualquer T N1 M0 Qualquer G

Estágio IV Qualquer T Qualquer N M1 Qualquer G

O estádio do tumor no momento do diagnóstico é o mais importante fator prognóstico. (3) Segundo dados do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, a sobrevida em 5 anos dos pacientes em estádio 1 é de 86%, em estágio 2 é de 72% e em estágio 3 é de 52%. (10) A maioria dos pacientes que desenvolvem STS metastático são incuráveis, mesmo assim, a terapia é importante, visto que, a sobrevida mediana, após o desenvolvimento de metástase a distância, é de 11 a 15 meses e 20 a 25 por cento dos pacientes ainda estão vivos em dois ou três anos. Além disso, os fatores prognósticos de sobrevivência mais prolongada não estão diretamente relacionados à resposta ao tratamento, sugerindo que, a sobrevida é mais dependente da doença em si, do que do tratamento associado. (7)

O objetivo do tratamento dos STS visa principalmente prolongar a sobrevida, evitar recidivas, maximizar as funções e diminuir a mortalidade. A ressecção cirúrgica é fundamental para a obtenção da cura da doença. (5) Em pacientes selecionados, a ressecção de metástases pulmonares também é viável, podendo atingir uma sobrevida em 5 anos de até 25 a 40%. (7) Para a maioria dos STS maiores do que 5 cm, é utilizado o tratamento radioterápico visando o controle local do tumor e, assim, a preservação do membro afetado. (5)

A radioterapia também pode ser associada à quimioterapia, principalmente em tumores recorrentes de grande extensão e nos tumores primários em estádio avançado. (5) Em doenças metastáticas irressecáveis, a terapia sistêmica paliativa pode aliviar significativamente os sintomas, diminuir o tamanho do tumor e minimizar a progressão da doença. Espera-se que a sobrevivência também possa ser favoravelmente impactada, no entanto, não há ensaios clínicos controlados que mostram a magnitude de qualquer benefício, se ele existir. Além disso, é preciso atentar-se à toxidade relacionada ao tratamento, particularmente com o uso de combinações de quimioterápicos. Assim, a quimioterapia deve ser selecionada de maneira individual e baseada em vários fatores, incluindo a histologia e o comportamento biológico da doença, assim como o estado de saúde do paciente. (7) A quimioterapia adjuvante é padrão para o tratamento dos osteosarcomas, em qualquer faixa etária, devido a sua alta efetividade. Ela também traz melhoras significativas no resultado do tratamento de sarcomas pediátricos, como os rabdomiosarcomas e sarcoma de Ewing, o qual, algumas vezes, é associado à quimioterapia neoadjuvante. (5) Porém, os estudos e meta análises existentes, que mostram vantagens do tratamento quimioterápico adjuvante para os STS em adultos, ainda são conflituosos. Portanto, ainda não é considerado um tratamento padrão para STS e sim uma opção quando as condições do paciente são incertas e quando há alto risco de recidiva. (11)

(6)

Mais de 20 estudos randomizados têm abordado sobre a eficácia da quimioterapia adjuvante no tratamento dos STS em adultos. Porém, há muita divergência e, assim, os benefícios trazidos por ela, na maior parte dos casos, permanecem incertos. (5)

Inicialmente, o tratamento quimioterápico adjuvante era realizado, na maioria das vezes, utilizando apenas a doxorrubicina isolada ou associada à dacarbazina. Porém, das 14 triagens realizadas na época, apenas 2 mostraram melhoras na sobrevida aliadas a esse tratamento. (12) Atualmente, de acordo com a diretriz do NCCN e do ESMO (European Society of Medical Oncology), a quimioterapia adjuvante deve ser utilizada apenas nos pacientes de alto risco e deve-se utilizar o esquema de 5 ou 6 ciclos de doxorrubicina associada à ifosfamida e mesna. (13)

Em uma meta-análise, realizada pela SMAC (Sarcoma MetaAnalysis Collaboration), em 1997, foram avaliados 1568 pacientes com STS de extremidade que realizaram a cirurgia, aliada ou não à quimioterapia adjuvante com doxorubicina. No grupo que realizou o tratamento sistêmico foram observados benefícios como o aumento do intervalo livre de recorrências locais e a distância e o aumento da sobrevida global livre de recorrências. (14) Em 2008, essa meta-análise foi atualizada, a partir de estudos que utilizaram a doxorrubicina aliada à ifosfamida, e comparada aos resultados da meta- análise anterior. Ao analisar as novas taxas de recidiva local e a distância, não houveram diferenças. Já os resultados em relação ao risco de morte foram significativos, o que não ocorreu na meta-análise anterior. As estatísticas atuais mostraram que, o risco de morte dos pacientes que realizaram apenas a cirurgia foi de 41%, enquanto que, os que utilizaram a quimioterapia adjuvante, associando doxorrubicina e ifosfamida, foi de 30%. (5)

A suposta vantagem da quimioterapia neoadjuvante seria a redução das células tumorais e o combate imediato a micro-metástases. A citorredução auxilia na realização de uma cirurgia menos invasiva e é muito utilizada em casos de STSs de extremidades de grande extensão, principalmente se o paciente é um candidato à cirurgia de salvamento de membro.(5) Porém, na prática, seu uso costuma ser evitado devido à falta de provas, que demonstram benefícios à sobrevivência, e também à toxicidade associada. (15)

Um estudo realizado pela Universidade de Washington, o qual avaliou pacientes com sarcoma primário do retroperitônio que realizaram o tratamento quimioterápico pré-operatório, mostrou que, em 8% dos pacientes, a doença progrediu, em 50%

deles, ela manteve-se estável e, em apenas 7%, houve uma resposta positiva ao tratamento. O que mostra a incerteza quanto aos benefícios da quimioterapia neoadjuvante. (15) A diretriz da NCCN afirma que essa terapia pré-operatória, seguida da radioterapia pós-operatória, é uma alternativa aceitável para a radioterapia ou quimioradioterapia neoadjuvantes em pacientes com tumores maiores que 10 cm ou quando há uma preocupação com complicações funcionais da cirurgia inicial. (5) 2.JUSTIFICATIVA

Como já mencionado, as vantagens do uso da quimioterapia neoadjuvante, nos pacientes portadores de STS, são incertas. Além disso, de acordo com os estudos já

(7)

citados, não há um consenso de quando se deve utilizar a quimioterapia adjuvante ou a neoadjuvante, pois não há dados que comprovam que uma abordagem seja melhor do que a outra. Assim, a escolha depende da experiência e conhecimento da instituição em que é desenvolvida. (5)

No Hospital do Câncer de Barretos (HCB) também não há um consenso de quando cada tipo de tratamento deve ser utilizado. Dessa forma, este estudo descreve a evolução dos pacientes portadores de STS, tratados no HCB, de acordo com o subtipo histológico do tumor e com o tratamento escolhido, visando entender melhor a realidade desses pacientes, os resultados obtidos pelo HCB e as vantagens ou desvantagens na escolha da quimioterapia adjuvante ou neoadjuvante.

3.OBJETIVOS

3.1) Objetivo Geral:

Descrever a evolução dos pacientes portadores de sarcoma de partes moles (STS), admitidos no HCB, entre os anos de 2010 e 2015, de acordo com o tratamento realizado.

3.2) Objetivos Específicos:

 Desenvolver um banco de dados de pacientes portadores de STS tratados no HCB, pareado aos números de amostras biológicas armazenadas (tecido e sangue).

 Descrever os indicadores terapêuticos dos pacientes portadores de STS que realizaram a quimioterapia neoadjuvante e/ou adjuvante (sobrevida livre de doença e sobrevida global).

 Identificar subgrupos de interesse para futuros estudos de biologia molecular.

4.MATERIAIS E MÉTODOS:

O estudo descreve a evolução dos pacientes admitidos no HCB entre os anos de 2010 e 2015, diagnosticados com STS, que foram submetidos ao tratamento quimioterápico adjuvante e/ou neoadjuvante. Portanto, trata-se de um estudo descritivo retrospectivo, que foi realizado mediante à revisão de prontuários no Serviço de Arquivo Médico e Estatística (SAME), do HCB. Foram avaliadas variáveis relacionadas aos dados clínicos, aos tratamentos realizados e à evolução dos pacientes.

As informações foram coletadas a partir de uma ficha de coleta, composta dos seguintes itens: Identificação (nome; RH; sexo; data de nascimento); História familiar de câncer; Data do diagnóstico; Data da primeira consulta; Número(s) da amostra parafina HCB; Número(s) de amostra criopreservada; Local da lesão primária; Tipo histológico (STS); Estádio Clínico (e/ou patológico); Estadiamento TNM; Recidiva Loco- regional (Data); Recidiva à Distância (Data; Órgão); Data do último follow-up/óbito;

(8)

Status(Vivo sem doença; Vivo com doença; Óbito pela doença; Óbito por outras causas); Cirurgia (Data; Extensão; Intenção); Radioterapia (Data; Intenção);

Quimioterapia (Linhagem; Data; Intenção; Esquema).

Para a realização das análises estatísticas, os dados foram descritos considerando a média, desvio padrão, valor mínimo, máximo e quartis para as variáveis quantitativas e tabelas de frequência para variáveis qualitativas. Foram estimadas a sobrevivência global (óbito por qualquer motivo) e livre de doença (recidiva ou metástase) pelo método de Kaplan-Meier. As características dos pacientes foram comparadas utilizando o teste de Log-Rank de forma simples. Em todo estudo, foi considerado a significância de 0,05. O banco de dados foi criado e alimentado pelo REDCap (15) e as análises estatísticas foram realizadas utilizando o Software SPSS v21.

5.RESULTADOS:

Foram incluídos no estudo, 58 pacientes, os quais cumprem os seguintes critérios:

(1) Portador de Sarcoma de Partes Moles; (2) Admissão no Hospital do Câncer de Barretos entre 2010 e 2015; (3) Maiores de 18 anos de idade, ao diagnóstico; (4) Realização do tratamento quimioterápico neoadjuvante e/ou adjuvante, de acordo com a prescrição médica; (5) Seguimento e Situação atualizados; (6) Ausência de metástase no início do tratamento (Estádio Clínico inicial para STS do I ao III).

Como já mencionado acima, todos os pacientes do estudo são maiores de 18 anos.

A média de idade é de 42 anos e a idade máxima de 76. Em relação ao gênero, 50 % dos pacientes são do sexo feminino e 50% do sexo masculino. Verificamos presença de história familiar de câncer em 57% dos casos e os tipos histológicos mais encontrados na análise, foram o Sarcoma Sinovial (38%), Leiomiosarcoma (17%), Liposarcoma (13%) e Fibrosarcoma (8%). Houve predominância do sarcoma de extremidades, sendo 56%

de membros inferiores e 12% de membros superiores, porém, alguns pacientes apresentaram a lesão primaria em outros locais, como: Cabeça e pescoço; pelve; tórax e retroperitônio.

Para definir o estádio do tumor, foi utilizado o estadiamento TNM, para STS. Não foram incluídos no estudo, casos que apresentavam metástase no momento do diagnóstico, portanto, nenhum paciente apresentou estádio clinico inicial IV. Também não houve nenhum caso com estádio IA. O estádio clínico III foi o mais predominante, estando presente em 45 casos (80%), e poucos pacientes apresentaram EC IB (3 pacientes), IIA (3 pacientes) e IIB (5 pacientes).

Outra variável avaliada, foi quanto a ocorrência de recidivas local e a distancia, sendo que 23 pacientes (40%) obtiveram recidiva do tumor na mesma região da lesão primária e 24 pacientes (41,5%) desenvolveram metástase. O local mais predominante de recidiva a distancia, foi o pulmão (40%). Em alguns casos também ocorreu metástase para o osso, fígado, baço, e partes moles.

Os 58 pacientes incluídos no estudo realizaram quimioterapia neoadjuvante e/ou adjuvante, sendo que, 39 não receberam tratamento pré operatório e 29 receberam.

Apenas 5 pacientes, que realizaram a quimioterapia neoadjuvante, receberam o tratamento quimioterápico após a cirurgia. Em todos os casos, o esquema mais

(9)

utilizado de quimioterapia foi a base de Doxorrubicina, sendo que, a maioria foi aliado a Ifosfamida. Outros esquemas, também foram utilizados, como descrita na tabela 3.

Tabela 3- Esquemas de quimioterapia (QT).

Em relação ao tipo histológico do tumor, os pacientes que realizaram quimioterapia adjuvante estão de acordo a proporção global, descrita anteriormente. Nos casos que receberam tratamento pré operatório, o sarcoma sinovial continuou predominante.

No entanto, notou-se que esse tratamento foi mais utilizado nos casos de sarcoma pleomórfico, do que a quimioterapia adjuvante, como mostrado na tabela 4.

Tabela 4 – Tipos histológicos.

C

Intenção

Neoadjuvante Adjuvante

N % N %

Tipo histológico (STS) (1) Sarcoma SOE 0 0,0% 1 2,6%

(2) Sarcoma pleomorfico 3 15,8% 1 2,6%

(3) Leiomiossarcoma 2 10,5% 8 20,5%

(4) Rabdomiossarcoma 1 5,3% 2 5,1%

(5) Sarcoma sinovial 9 47,4% 13 33,3%

(6) TBNP 1 5,3% 0 0,0%

(7) Lipossarcoma 1 5,3% 7 17,9%

(8) Fibrossaroma 2 10,5% 3 7,7%

(10)Familia do Sarcoma Ewing

0 0,0% 1 2,6%

(11) Angiossarcoma 0 0,0% 1 2,6%

(12) Sarcoma Epitelioide 0 0,0% 2 5,1%

Foram estimadas a sobrevida global, livre de metástase e livre de recidiva local.

Essas estimativas, foram feitas em relação ao total de pacientes analisados e também, separadamente, comparando aqueles pacientes que realizaram a quimioterapia neoadjuvante com os que não realizaram. Esses dados estão demonstrados do gráfico 1 ao 6.

Primeira linha QT

Neoadjuvante Adjuvante

N % N %

Esquema (1) VAC/IE 1 5,3% 3 7,7%

(2) VAC 1 5,3% 0 0,0%

(3) DTIC + Gemzar 0 0,0% 1 2,6%

(4) Docetaxel + Gemzar 1 5,3% 2 5,1%

(5) DTIC 0 0,0% 1 2,6%

(6) Doxorrubicina 0 0,0% 8 20,5%

(7) Doxo + Ifosfamida 16 84,2% 22 56,4%

(8) Ifosfamida 0 0,0% 1 2,6%

(9) MTX em altas doses 0 0,0% 0 0,0%

(88) Outro 0 0,0% 1 2,6%

(10)

Gráfico 1 – Descrição da sobrevida global.

De acordo com o Gráfico 1, a sobrevida global dos pacientes em 2 anos foi de 88% e, em 5 anos, de 70%. A média, em meses, do tempo da sobrevida global, a partir da data do diagnóstico, foi de 40 meses.

Gráfico 2 – Comparação da sobrevida global.

Conforme mostra o Gráfico 2, quando comparadas as sobrevidas globais dos pacientes que realizaram QT neoadjuvante com os que não realizaram, não houve diferença significativa (significância de 0,966).

(11)

Gráfico 3 – Descrição da sobrevida livre de metástase.

O Gráfico 3 revela que, a sobrevida livre de metástase dos pacientes, em 2 anos, foi de 75% e, em 5 anos, foi de 55%.

Gráfico 4 – Comparação da sobrevida livre de metástase.

Assim como ocorreu na comparação das sobrevidas globais, também não houve diferença significativa (significância de 0,596) nas sobrevidas livre de metástase dos pacientes que realizaram QT neoadjuvante, em relação aos que não realizaram.

(12)

Gráfico 5 – Descrição da sobrevida livre de recidiva local.

De acordo com o Gráfico 5, nota-se que a sobrevida livre de recidiva local, em 2 anos, foi de 70% e, em 5 anos, foi de 52%.

Gráfico 6 – Comparação da sobrevida livre de recidiva local.

Gráfico 6, mostrou significância de 0,042, mostrando que a realização de quimioterapia neoadjuvante pode ter interferido diretamente na sobrevida livre de recidiva local.

(13)

6.DISCUSSAO:

Nos dois primeiros meses do projeto (Agosto e Setembro de 2016), mediante o auxilio do meu orientador, Dr. Sergio Vicente Serrano, o projeto foi cadastrado na Plataforma Brasil, submetido e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa(CEP) do HCB.

De outubro de 2016 a janeiro de 2017, foi realizada a seleção dos pacientes a partir dos dados do RHC, Registro Hospitalar de Câncer. Com a ajuda da Coordenadora do RH, Allini Mafra da Costa, foi feito um banco de dados no Software SPSS v21, o qual consta de 330 casos. Estes foram selecionados a partir dos seguintes critérios: (1) Portador de Sarcoma; (2) Admissão no Hospital do Câncer de Barretos entre 2010 e 2015; (3) Administração de 1ª linhagem de quimioterapia adjuvante, neoadjuvante, paliativa ou exclusiva.

Posteriormente, foi realizada a revisão de prontuários de todos os pacientes desse banco, a qual foi desenvolvida por mim, mediante instruções do meu orientador. Para isso, solicitei prontuários no SAME e consultei o sistema SISONCO no HCB. Assim, pude selecionar os casos que estrariam no estudo (58 pacientes). Os critérios de inclusão estão descritos no item 5.

Após concluir a seleção dos casos, no final do mês de Janeiro de 2017, iniciei a coleta de dados desses pacientes. Para guiar o estudo, foi realizada a montagem de uma ficha de coleta (descrita no item 4), a qual foi organizada com a ajuda do meu orientador. Assim, até o final do mês de maio, foi realizada a revisão de prontuários dos 58 pacientes selecionados, para o preenchimento das fichas. Todas foram completamente preenchidas manualmente por mim e, posteriormente, repassadas para o Núcleo de Apoio ao Pesquisador (NAP), onde foi feita a transferência dos dados para o REDCap.

Nos meses de junho e julho de 2017, com o auxilio dos funcionários do NAP, Livia Telles e Marcos Lima, foi desenvolvida a consistência e análise das informações. Para isso, foi utilizado o sistema operacional SPSS, no qual criamos um banco de dados, organizamos tabelas descritivas e estimamos a sobrevida global e livre de doença dos pacientes incluídos no estudo. Assim, pude obter os resultados descritos no item 5 e concluir o projeto.

A produção do projeto, por meio do resumo: Quimioterapia adjuvante e neoadjuvante no tratamento de sarcoma de partes moles – Experiência do Hospital de Câncer de Barretos, foi submetida e aceita para apresentação em pôster no VIII Encontro Científico do Hospital de Câncer de Barretos, o qual ocorreu nos dias 09 e 10 de dezembro de 2016.

(14)

7.CRONOGRAMA DE ATIVIDADES

O cronograma de atividades efetuadas durante os 12 meses de realização do projeto está representado na Tabela 3, a seguir. Em um primeiro momento o projeto foi submetido à aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). Em seguida, foi realizada a seleção dos pacientes para, posteriormente, iniciar a revisão dos prontuários. Após a obtenção de todas as informações necessárias, foi realizada a análise e avaliação dos dados. Decorridos seis meses, foi apresentado o relatório parcial. E a etapa final do projeto é concluída com este relatório final.

Tabela 3 - Cronograma

ATIVIDADES / MÊS

08/16 09/16 10/16 11/16 12/16 01/17 02/17 03/17 04/17 05/17 06/17 07/17 Submissão ao

CEP

X X

Seleção dos pacientes

X X X X

Realização do Relatório Parcial

X X

Revisão de

Prontuários

X X X X X

Análises Estatísticas

X X X

Conclusão do Projeto e Realização do Relatório Final

X X

(15)

REFERÊNCIAS

1. Siegel RL, Miller KD, Jemal A. Cancer statistics, 2016. CA Cancer J Clin 2016; 66:7.

2. Fletcher CDM, Bridge JA, Hogendoorn PCW, Mertens F. World Health Organization Classification of tumours of soft tissue and bone, 4th, IARC Press, Lyon 2013.

3. Ryan CW, Meyer J. Clinical presentation, histopathology, diagnostic evaluation, and staging of soft tissue sarcoma. In: UpToDate, Post TW (Ed), UpToDate, Waltham, MA. (Acesso em 02 jul 2016).

4. Weitz J, Antonescu CR, Brennan MF. Localized extremity soft tissue sarcoma:

improved knowledge with unchanged survival over time. J Clin Oncol 2003;

21:2719.

5. Maki, R. Adjuvant and neoadjuvant chemotherapy for soft tissue sarcoma of the extremities. In: UpToDate, Post TW (Ed), UpToDate, Waltham, MA. (Acesso em 02 jul 2016).

6. Lawrence W Jr, Donegan WL, Natarajan N, et al. Adult soft tissue sarcomas. A pattern of care survey of the American College of Surgeons. Ann Surg 1987;

205:349.

7. George, S. Systemic treatment of metastatic soft tissue sarcoma. In: UpToDate, Post TW (Ed), UpToDate, Waltham, MA. (Acesso em 02 jul 2016).

8. Johannesmeyer D, Smith V, Cole DJ, et al. The impact of lymph node disease in extremity softtissue sarcomas: a populationbased analysis. Am J Surg 2013;

206:289.

9. Noria S, Davis A, Kandel R, et al. Residual disease following unplanned excision of softtissue sarcoma of na extremity. J Bone Joint Surg Am 1996; 78:650.

10. American Joint Committee on Cancer Staging Manual, Edge SB, Byrd DR, Compton CC, et al (Eds), Springer, New York 2010. p.291.

11. Paolo, G. Casali, MD. Adjuvant Chemotherapy for Soft Tissue Sarcoma. ASCO EDUCATIONAL BOOK. 2015.

12. GoldsteinJackson SY, Gosheger G, Delling G, et al. Extraskeletal osteosarcoma has a favourable prognosis when treated like conventional osteosarcoma. J Cancer Res Clin Oncol 2005; 131:520.

13. Casali PG, Blay JY, ESMO/CONTICANET/EUROBONET Consensus Panel of experts.

Soft tissue sarcomas: ESMO Clinical Practice Guidelines for diagnosis, treatment and followup. Ann Oncol 2010; 21 Suppl 5:v198.

14. Sarcoma Metaanalysis Collaboration (SMAC). Adjuvant chemotherapy for localised resectable soft tissue sarcoma in adults. Cochrane Database Syst Rev 2000; :CD001419.

15. Fairweather, MMD; Keung, EMD. Neoadjuvant Therapy for Soft-Tissue Sarcomas. Review Article. Oncology Journal. January 15, 2016.

16. http://www.hcbredcap.com.br (Acesso em 21 jul 2016)

Referências

Documentos relacionados

Compreendendo- se que o estudo dos eventos do século XX podem ser relevantes e esclarecedores para a compreensão da história e da sociedade de hoje, e levando-se em conta o

Os autores conseguiram uma relação molar de 4:1 (metanol / óleo), temperatura de 150 º C no refervedor e uma conversão em éster metílico de 97,36% com apenas 5,6 minutos

determinou, nomeadamente: “III - Salvo prova em contrário, de ocorrência de circunstâncias excecionais, o acordo no qual o sócio e gerente de uma sociedade garante

In the current study, in accordance with Hogarth (2001), we manipulated the possibility to generate a learning environment (learning environment manipulation from now on)

O teste de patogenicidade cruzada possibilitou observar que os isolados oriundos de Presidente Figueiredo, Itacoatiara, Manaquiri e Iranduba apresentaram alta variabilidade

Mediante o impacto do paciente com o ambiente do centro cirúrgico, a equipe de enfermagem deve estar voltada para o aspecto humano do atendimento, centrando suas

1 Artes/Música Música ME 3 UFPE Universidade Federal de Pernambuco PE Nordeste 2 Astronomia/Física Física e Astronomia ME 3 UTFPR Universidade Tecnológica Federal do Paraná PR Sul

No significant differences were observed (Friedman test with Dunn’s multiple comparisons and Wilcoxon test, respectively).. Differences in relative frequencies of