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Só diploma não adianta mais

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Academic year: 2021

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educação e carreira Ana Lúcia Moura Fé

Especialistas enfatizam o aperfeiçoamento

permanente como forma de evitar a obsolescência acelerada de qualificações.

Só diploma não adianta mais

Os altos investimentos tecnoló- gicos das empresas brasileiras têm evidenciado desafios no âmbito dos recursos humanos.

Estudos apontam a dificuldade crescente das organizações para encontrar pro- fissionais aptos a lidar com tecnologias emergentes e capazes de, por meio delas, tirar proveito da enxurrada de informa- ções corporativas geradas nos mundos fí- sico e virtual. Para dar ideia do imbróglio, somente nas empresas de TI, a defasagem de mão de obra beira 90 mil profissionais.

Até 2013, esse número deverá superar 200 mil, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informa- ção e Comunicação (Brasscom).

Essa carência, entretanto, nem de lon- ge representa emprego certo para gradua- dos recentes ou antigos. Isso porque uma forte tendência nas corporações é a busca por perfis talhados para suas necessida- des específicas e para formação de equi- pes cada vez mais especializadas – reflexo da expansão de modelos emergentes de

computação, como outsourcing, SaaS e Cloud Computing, que “exportam” para fornecedores de software e para provedo- res de serviços os profissionais com perfil mais técnico, enquanto concentram nas corporações as competências mais volta- das para gerir processos e pessoas.

Uma consequência disso tudo é que, mesmo precisando contratar pes- soal, muitas organizações mantêm vagas ociosas por não encontrarem as competências que buscam. “Em sua maioria, a mão de obra que sai das uni- versidades é inadequada e não pode ser aproveitada pelas empresas sem antes passar por treinamento”, testemunha Djalma  Petit, diretor de mercado da Softex, associação que promove softwa- res brasileiros e elabora projeções sobre demanda de profissionais. Segundo ele, a dinâmica do mercado de tecnologia iguala o recém-formado e o experiente no desafio de manter-se permanente- mente atualizados, sob pena de verem suas qualificações acadêmicas ou pro-

fissionais obsoletas em um curto espa- ço de tempo.

Se para quem lida com tecnologia da informação, de uma forma geral, os treinamentos e a especialização adqui- rem um senso de urgência, o desafio parece ser ainda maior para quem atua ou planeja atuar em gestão de conteú- do empresarial. “O aperfeiçoamento profissional é o grande desafio nessa área, porque o fluxo gigante e crescente de informações exige um profissional constantemente ‘plugado’ e com capa- cidade efetiva de transformar dados em vantagem competitiva para o ne- gócio”, diz Francisco Paletta, professor e diretor da Faculdade de Engenharia da FAAP (Fundação Armando Alvares Penteado).

A equAção dA empregAbilidAde

Paletta, a exemplo de Petit, também ob- serva perda de status do diploma univer- sitário, por si só, nos processos de seleção

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das empresas. “Até um passado recente, os três principais fatores que compu- nham uma boa empregabilidade eram a graduação, a experiência profissional e o domínio da língua inglesa. Essa equação mudou e incluiu definitivamente o aper- feiçoamento e a especialização”, afirma o diretor.

Outra evidência desse fato, segundo Paletta, é a proliferação de programas de aperfeiçoamento, especializações e pós-graduações lato sensu e stricto sen- su relacionadas a gestão da informação e do conhecimento. Em sua percepção, essa onda se intensificou nos últimos anos e resulta da maior consciência, no meio empresarial, de que informa- ção se converte em valor apenas quan- do bem gerida e colocada a serviço do processo de tomada de decisão. “Dados desestruturados são transformados em inteligência a ser disponibilizada para a pessoa certa na hora certa. Isso é o maior patrimônio e o diferencial das empresas hoje em dia, e não mais a tec-

nologia em si. É o que torna o negócio relevante e apto a enfrentar a concor- rência local e global”, afirma Paletta.

Os desafios do mundo digital já não escolhem segmentos econômicos, con- forme ressalta o diretor. “A inteligência estratégica passa a ser disciplina de des- taque na agenda de todo tipo de organi- zação”, diz o educador, que não esconde sua visão crítica acerca da academia.

“Os cursos que preparam profissionais da área, do bibliotecário ao analista de computação, precisam se modernizar para atender aos avanços tecnológicos.

A preparação permanente e eficaz desses profissionais requer mudanças radicais do ponto de vista de graduação e pós- -graduação”, diz ele.

Na FAAP, uma das ações nesse senti- do foi a criação do Master em Gestão da Informação Digital e do Conhecimento, curso que forma sua primeira turma de 32 alunos neste ano e inicia a segunda em março de 2012. Fruto de convênio com a Universidade de Montpellier (Fran-

ça), o curso foi montado em formato de MBA (520 horas) e destina-se a gradua- dos de um amplo leque de áreas, desde Computação, Informática e Sistemas de Informação até Webdesign e Projetos Documentários, passando por Bibliote- conomia, Ciência da Informação, Arqui- vologia, Museologia e Jornalismo, entre várias outras. O programa é igualmente extenso, cobrindo mais de uma dezena de disciplinas. Começa com armazena- mento e recuperação de informação di- gital e termina com tópicos avançados da gestão da informação e temas sofistica- dos, como Web Semântica e Ontologia.

O preço continua sendo uma barreira importante para esse tipo de qualificação.

No caso da FAAP, o subsídio fornecido pelo governo francês reduziu o custo de R$ 35 mil para cerca de R$ 12 mil a R$ 14 mil. Outra vantagem é a possibilidade de o aluno obter duplo diploma, desde que comprove proficiência no idioma fran- cês. “Três dos nossos alunos já receberam o título francês, que equivale ao nosso

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mestrado. Já o diploma brasileiro é de especialista lato sensu”, explica o diretor, que prepara para 2012 levantamento que verifica o impacto que cursos como esse têm na carreira, no salário e na emprega- bilidade dos participantes.

impActo nA cArreirA Quem já consegue fornecer um teste- munho sobre esse tipo de impacto é Edson Becker, coordenador da área de gestão de documentos compartilhados do Sistema FIEP (que atua no Paraná por meio da FIEP,  SESI,  SENA, IEL, C2i e Unindus). “De um tempo para cá, aumentou o assédio de empregadores, principalmente na área de consultoria”, diz o gestor, que participa do projeto de ECM da entidade, desde a sua origem departamental até a expansão para toda a corporação, resultando na criação da área específica para gestão de docu- mentos. “Minha dedicação ao projeto exigiu da minha parte uma busca por conhecimentos na medida em que avançávamos, e isso resultou na minha promoção e em consequente aumento

salarial”, diz o coordenador.

Graduado em Ciência da Computa- ção e com duas pós-graduações, uma em Gestão Empresarial e outra em Gestão da Tecnologia da Informação, Becker, aos 41 anos de idade, nem cogita reduzir o ritmo quando o tema é aperfeiçoamento profissional. “Trabalho diretamente com profissionais da área de gestão da infor- mação. Preciso ter conhecimento para aprofundar o diálogo”, diz ele. Para alguns treinamentos, ele contou com o subsídio da empresa, mas não hesitou em pagar do próprio bolso quando necessário. O resultado é um currículo recheado de cursos que vão de ERM (Electronic Re- cord Management) e conceitos de ECM até Captação da Informação e Document Imaging, além das pós-graduações.

No Sistema FIEP, Becker costuma receber visitas técnicas de empresas e confederações interessadas em apren- der com o projeto de ECM da entidade.

“Claramente, todas têm necessidade de profissionais com conhecimentos espe- cíficos nessa área, o que reforça a impor- tância de se investir em capacitação”, diz

ele, lembrando que ter algum domínio do inglês é essencial. “Todas as apostilas para as certificações que usei estavam nesse idioma”, diz.

As certificações às quais Becker se refere, seu mais recente esforço de ca- pacitação, são as da Association for Information and Image Management (AIIM), entidade internacional focada no mercado do gerenciamento de in- formações. “Em 2009, fiz treinamento sobre estratégias, métodos e ferramen- tas para gestão de conteúdo e obtive o Certified AIIM ECM Practitioner. Em 2011, avancei mais um passo e conquis- tei o título de Specialist. A meta agora é alcançar a mais alta certificação AIIM, que é o ECM Master”, diz o gestor, que contou com a ajuda financeira do em- pregador, mas não descartaria assumir os custos. “Os preços são acessíveis e o custo-benefício excelente”, avalia. Ele ressalta ainda que a iniciativa dá acesso a uma rede de profissionais certificados que exercita o compartilhamento de conhecimentos. “Todos se conhecem e trocam informações”, diz.

Francisco Paletta: As informações tem mais valor se geridas por profis sionais especializados -

Francisco Amaral alerta que as empresas estão interessadas em formar profis- sionais com habilidades específicas

educação e carreira

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“O conhecimento permite aprofundar o diálogo entre os profissionais” -

Edson Becker do sistema FIEP/PR

Carreira planejada

Especialistas de RH apontam o plano de carreira como excelente antídoto contra a obsolescência de qualificações, contornando o risco de o profissional cair em uma espécie de “limbo”, quando o seu perfil não se encaixa mais nem como gestor, nem como técnico. A escolha de treinamentos e de cursos de especialização deve levar em conta esse aspecto. Nas grandes corporações, por exemplo, as competências que estão em alta são as relacionadas com gestão de processos e de pessoas, e que ajudam a alinhar a tecnologia à estratégia do negócio. Já funções mais técnicas são mais numerosas entre os fornecedores de tecnologia e serviços. Um aspecto destacado pelos especialistas em recrutamento é que atualmente o conhecimento do negócio e a habilidade de negociação e comunicação passaram a ser exigidos de todos os profissionais que lidam com tecnologia da informação, independentemente de ser gerencial ou técnico. Confira as características que, de uma forma geral, estão relacionadas a cada perfil.

Perfil gerencial

l Visão macro da TI, envolvendo estratégia, processos e operações l Capacidade de planejamento e de liderança

l Equilíbrio entre conhecimento tecnológico e conhecimento do negócio

l Entendimento de gestão de processos e de pessoas l Forte habilidade de negociação e comunicação Perfil técnico

l Forte raciocínio lógico e analítico

l Habilidade e motivação para resolução de problemas, movido a desafios

l Foco em tecnologia, atualização permanente, busca de soluções inovadoras

l Grande parte do tempo destinado a atividades operacionais

l Habilidade de negociação e comunicação

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estAdo dA Arte

Walter  Koch, diretor da ImageWare e consultor internacional em ECM, infor- ma que essas certificações citadas por Becker – AIIM ECM Practitioner, AIIM ECM Specialist e AIIM ECM Master – estão entre as mais importantes para quem quer se destacar na área de con- teúdo empresarial. Ele diz que o treina- mento prévio que elas exigem impacta a carreira porque atualiza o profissional sobre as principais normas e padrões da indústria, ao mesmo tempo em que o fa- miliariza com as estratégias para a gestão eficiente do conteúdo corporativo.

Do lado do empregador, a relevância dos títulos é inquestionável, segundo o consultor. ”Cresce o número de organi- zações que exigem profissionais certifi- cados ao fazerem os seus processos de aquisição de soluções, para assegurar-se de que receberão o estado da arte. Temos recebido constantemente solicitação de indicações de gente certificada e a infor- mação que temos é que a demanda por este tipo de funcionário está maior que a oferta”, informa Koch. Como instrutor da matéria, ele tem percebido um núme- ro cada vez maior de profissionais que arcam pessoalmente com os custos da certificação. “Isso está ocorrendo inde-

pendentemente da organização em que trabalham”, ressalta.

tecnologiAs específicAs

Na faculdade de tecnologia FIAP, o diretor acadêmico do Centro de Pós-Graduação, Francisco  Amaral, utiliza a comunidade de 1.250 alunos dos cursos de pós-gra- duação da instituição como termômetro para medir as demandas das empresas no que concerne competências profissionais relacionadas com gestão da informação e conhecimento. Segundo ele, as universi- dades ainda não estão preparando profis- sionais na área específica de ECM, mas os interessados podem se qualificar buscan- do especializações em áreas correlatas ou mesmo treinamentos de curta duração.

“Além disso, os grandes players da área es- tão muito interessados em formar pessoas nas suas tecnologias específicas”, orienta o educador.

Com base em seu termômetro, Ama- ral afirma que a demanda por competên- cias relacionadas com ECM se concentra mais nos negócios de maior porte. “Gran- des empresas atingiram um estágio de amadurecimento que lhes permite tratar a informação de forma mais avançada, e precisam de especialistas para isso”, diz o Walter Koch: É crescente o número de

organizações que exigem profissionais certificados

educação e carreira

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diretor, que não descarta lançar um pro- grama focado em ECM, desde que haja demanda do mercado e amadurecimen- to e massificação da tecnologia.

Professor de planejamento estraté- gico de sistemas de informação, com mais de 30 anos de atuação na área de TI, Amaral acompanhou, ao longo dos anos, o deslocamento da informação para o foco central dos cursos de tec- nologia e das estratégias empresariais.

“As grandes mudanças econômicas e sociais, o advento da internet e a in- controlável gama de dados trazida pela rede fizeram as empresas olharem para além da gestão da informação, buscan- do a gestão do conhecimento. Ou seja, além de tratar a informação em si, elas precisam armazenar elementos adicio- nais, como vivências, experiências e ca- pacidade analítica para explicar o que ocorreu e o porquê”, diz ele. A forma- ção e especialização dos profissionais dessa área, ele acrescenta, precisam acompanhar o ritmo dinâmico imposto pelas inovações.

IBICT-UFRJ - Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação - PPGCI - Tel: 21 2275-0321 - E-mail janete@ibict.br UFBA - Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (Posici) - Tel: 71 3283- 7751 / 7752 E-mail: posici@ufba.br UFMG - Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação - Tel: 31 3409- 6103 E-mail: ppgci@eci.ufmg.br UFRGS - Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação - Tel: 51 3308.5116 E-mail: ppgcom@ufrgs.br UFSC - Pós-Graduação em Ciência da Informação - Tel: 48 3721-8516 E-mail: pgcin@cin.ufsc.br

UFSC - Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento (EGC) - Tel: 48 3721-7121 E-mail: secretaria@egc.ufsc.br UNB - Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCINF) – Tel: 61 3107-2633 E-mail: pgcinf@unb.br

UNESP - Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação - Tel: 14 3402- 1336 E-mail: posci@marilia.unesp.br UFPB - Pós-Graduação em Ciência da Informação - UFPB - Tel: 83 3216 7483 UNIRIO– Programa de Pós-Graduação em Memória Social - Tel: 21 2542-2820 / 2708 E-mails: ppgms.coordenacao@unirio.br e ppgms.secretaria@unirio.br

USP – ECA - Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação – Tel: 11 3091-4019 E-mail: pgeca@usp.br Telefone:

UEL- Pós-Graduação em Gestão da Informação - Mestrado Profissional - Tel: 43 3371-5914 E-mail: mpgi@uel.br

UNIRIO - Pós-Graduação em Museologia e Patrimônio – Tel: 21 3514-5213 E-mail:

coordenacaoppg-pmus@unirio.br FAAP - Master em Gestão da Informação Digital e do Conhecimento – Tel: 11 3662- 7449 E-mail: pos.atendimento@faap.br

Onde fazer pós-graduação nas áreas de informação e conhecimento

Fontes: ANCIB e sites das instituições

Referências

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