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IGREJA PRESBITERIANA RENOVADA DO BRASIL DE REFORMADOS À AVIVADOS: UMA IGREJA BRASILEIRA

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II CONINTER – Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades Belo Horizonte, de 8 a 11 de outubro de 2013

IGREJA PRESBITERIANA RENOVADA DO BRASIL DE

REFORMADOS À AVIVADOS: UMA IGREJA BRASILEIRA

ANTUNES, CASSIANO (1).

1. Universidade Metodista de São Paulo.

RESUMO

As transformações religiosas ocorridas a partir da Reforma protestante do século XVI trouxeram inovações no meio religioso que a liberdade de acesso a Bíblia permitiu. Os presbiterianismos surgem em meio a essa liberdade exegética e hermenêutica do livro sagrado, redundando em processos interessantíssimos de criação de novas denominações. Estudaremos os processos históricos e tramites políticos que convergiram na formação de uma nova denominação evangélica e brasileira. Neste contexto transformacional o caso da Igreja Presbiteriana Renovada do Brasil, que saindo dos moldes tradicionais presbiterianos incorporou em sua doutrina e práxis, práticas avivalistas pentecostais.

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SUMÁRIO

Introdução ________________________________________________________ 4

Capítulo 1 Movimento Reformador e sua expansão ________________________ 5

1 Breve histórico do movimento reformador ____________________________ 5

2 Surgimento das igrejas reformadas calvinistas _________________________ 6

3 Protestantismo em expansão no Brasil _______________________________ 7

Capítulo 2 Igreja Presbiteriana Brasileira e as origens do pentecostalismo _____ 8

1 Ashbel Green Simonton ___________________________________________ 8

2 Formação da IPB _______________________________________________ 9

3 Expansão presbiteriana em solo brasileiro ___________________________ 10

4 Origens do Pentecostalismo ______________________________________ 11

Capítulo 3 Cisões Presbiterianas _____________________________________ 13

1 Primeira grande cisão presbiteriana ________________________________ 13

2 Igreja Presbiteriana Independente: A igrejinha dos milagres _____________ 14

3 Outras Cisões _________________________________________________ 15

Capítulo 4 Igreja Presbiteriana Renovada do Brasil: uma igreja híbrida _______ 16

1 Motivações para uma nova cisão __________________________________ 16

2 IPIR e ICP unidas pela causa. ____________________________________ 18

3 Uma classificação ______________________________________________ 22

Considerações finais ______________________________________________ 23

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INTRODUÇÃO

No presente trabalho, iremos nos ater ao desenvolvimento do presbiterianismo em solo brasileiro para que encontremos a convergência da formação da Igreja Presbiteriana Renovada do Brasil (IPRB); e compreender quais foram às motivações e interesses por trás destas cisões ocorridas e da posterior formação da “nova igreja” e refletir um pouco sobre as mudanças ocorridas a partir do presbiterianismo calvinista tradicional até a renovação de seus costumes.

O objetivo de este artigo analisar a história da IPI e da IPB e das dissidências na década de 60 e 70 para demonstrar o surgimento de uma igreja paradoxal que possui detalhes sociais e religiosos que são riquíssimos desde um olhar sociológico como institucional. Paradoxo esse que perpassa pela sua nominação, presbiteriana até sua transformação religiosa e política como igreja de renovação carismática.

A IPRB foi escolhida como objeto de estudos por três razões básicas: primeiro por ser uma denominação com números expressivos de crescimento e membresia (segundo pesquisas da própria instituição e do CEPAL (7-9%) ao ano – Atualmente são 132.000 membros arrolados no país e 1099 pastores; em segundo lugar por ela não ser muito estudada no meio acadêmico; em terceiro, porém não menos relevante por uma busca de identidade da própria igreja e do autor, que é há 10 anos membro da mesma.

Este trabalho será dividido em quatro partes, inicialmente faremos um breve histórico do desenvolvimento do movimento reformador até protestantismo brasileiro para que entendamos as origens; de igual modo, explicaremos um pouco sobre o avivamento e pentecostalismo; e em segundo lugar veremos a formação da IPB no Brasil e as origens do movimento avivalista; subsequentemente veremos um pouco sobre as principais cisões sofridas no meio presbiteriano e em uma quarta parte, estudaremos o movimento de renovação que atingiu o seio da Igreja Presbiteriana do Brasil no inicio do século XX e da Igreja Presbiteriana Independente nos anos 70; para que posteriormente descrevamos o surgimento da IPRB suas motivações e seus entraves.

CAPÍTULO 1

MOVIMENTO REFORMADOR E SUA EXPANSÃO

1 Breve histórico do movimento reformador

O movimento reformador do século XVI onde o principal fato foi mover-se contra a Igreja Católica Romana (ICAR), suas práticas e sua corrupção trouxeram mudanças teológicas

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profundas no Cristianismo até então vigente. Martinho Lutero, que era monge agostiniano, começou a questionar o poder hegemônico religioso na Alemanha em 1517, publicando as famosas 95 teses contra a Igreja Católica de Roma, surge então a Igreja Luterana. Reforma esse que avançou por diversos países europeus segundo Leonard, 1950, que envolveram países como França, Suíça, Países Baixos, Reino Unido e varias partes do Leste da Europa. Mendonça (1990) evidencia em sua obra que a fé protestante tomou dimensões mundiais entre os séculos XIX e XX.

Retornando ainda ao século XVI, uma figura emblemática emerge no cenário reformista pós Lutero, ele fez parte da segunda geração de reformadores, João Calvino e é considerado o grande teólogo da Reforma Protestante. Em Genebra na Suiça, através das Institutas da Religião Cristã (1536), e do seu engajamento político fez grandes modificações no pensamento cristão.

Essa dissidência, abreviando a história, geraria o conhecido Calvinismo, teologia essa que auxiliou, segundo Weber, na secularização do mundo ocidental com o seu discurso de salvação mediante a fé sem mediações terrenas. O protestantismo surge como alternativa revolucionaria à ICAR.

2 Surgimento das igrejas reformadas calvinistas

Surgem então as chamadas igrejas reformadas calvinistas, estas, principalmente nos países do continente europeu, o tipo de protestantismo que sofreu a influência de Calvino e de homens como Farel, Bucer e Knox. Um primeiro contrassenso deveras interessante emerge das definições de igrejas reformadas, pois tradicionalmente as igrejas reformadas seriam todas as igrejas protestantes, entretanto, as igrejas de tradição calvinista são assim chamadas. Essa nominação traz consigo a ideia de “verdadeira igreja” que prega as “verdades do evangelho”.

Segundo MATOS (2004) esse termo é utilizado desde o segundo movimento da Reforma Protestante, na Suíça através dos reformadores Zuínglio e Calvino no século XVI. O Professor Antônio Gouvêa Mendonça (1990) demonstra que os reformados aparecem no Brasil e em parte da Europa como presbiterianos, congregacionais e cristãos reformados europeus (das igrejas holandesas, francesas dentre outras). As igrejas reformadas portanto delimitaram no Sínodo de Dort em 1618-1619 suas primevas doutrinas, corroboradas e desenvolvidas 30 anos mais tarde na Assembleia de Westminster onde foi redigida a Confissão. Como denominação, na Europa adotou-se o nome de Igreja Reformada em países Europeus, exceto nas Ilhas Britânicas e posteriormente na América do Norte, onde adotou-se o nome de Igreja Presbiteriana. Nome esse dado por adotar um sistema eclesiástico regido diretamente pelos

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presbíteros, termo do Novo Testamento, que é uma palavra de origem grega universalmente traduzida como ancião.

Entre os protestantes, João Calvino reavivou a tradição do presbiterato dos primeiros cristãos aplicando-os na igreja Protestante. Ele elaborou a proposta, baseada nos escritos bíblicos, quatro funções oficiais para os clérigos e os reformados (principalmente os franceses, holandeses e escoceses) adotaram esta divisão: diáconos, presbíteros, mestres e pastores. A oficialização deste tipo de governo Eclesiástico deu-se de modo organizacional no ano de 1645 através de documentos oficializados na Assembleia de Westminster.

No que tange o Brasil após a criação o Sínodo Presbiteriano em 1888, o oficio presbiteral foi adotado como prática.

3 Protestantismo em expansão no Brasil

Tendo como pano de fundo a Contra Reforma da ICAR, que tentava a todo custo deter ou mesmo suprimir o protestantismo no século XVI, aportaram no Brasil os pioneiros protestantes franceses, no Rio de Janeiro. Os holandeses ancoraram no Brasil no século seguinte no nordeste do país, no ano de 1649.

Porém, a Igreja Protestante não se instalou de modo contundente até as primeiras décadas de 1800, quando ocorre a abertura portuária brasileira ao comércio britânico e com o incentivo governamental para a imigração dos europeus (protestantismo de imigração), além de políticas constitucionais para a proteção de outras religiões.

Até então, segundo Boanerges Ribeiro, praticamente não ficaram vestígios das investidas protestantes de nenhum do trabalho dos protestantes europeus no Brasil. Mas só no século XIX, após o estabelecimento da tolerância aos cultos não católicos motivou os anglicanos, episcopais e luteranos a trazerem seu credo para o solo brasileiro. O protestantismo com intuitos proselitistas então aportam no país, e assim, há uma grande “invasão” dos protestantes congregacionais, metodistas, presbiterianos e episcopais em terras tupiniquins. No fim do século praticamente todas as igrejas protestantes históricas já haviam aberto seus trabalhos.

A igreja Congregacional inicia seus trabalhos com sede em Petrópolis, no Rio de Janeiro no ano de 1855, o responsável era o escocês Robert Raid Kalley e em 1858 organiza-se a Primeira Igreja Congregacional Brasileira. Subsequentemente ocorre a fundação da primeira Igreja Presbiteriana no Brasil (1862).

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CAPÍTULO 2

IGREJA PRESBITERIANA BRASILEIRA E AS ORIGENS DO

PENTECOSTALISMO

A ideia de unir em um capítulo temas tão vastos em um breve espaço tem como motivação fazermos a ligação importante entre os “protestantismos” em seus três grandes grupos e a dissensão que originou o “avivamento presbiteriano”. Sobre o termo presbiteriano, cabe colocarmos que a nominação, segundo o professor Alderi Matos surgiu na conjuntura da introdução da teologia calvinista na Escócia e Inglaterra. Chegou ao local em contrapartida ao regime episcopal de governança, como uma ideia de mudança: uma igreja governada por presbíteros eleitos pelos seguidores e pelos seus concílios. Matos, Mendonça e Velasquez são utilizados neste capítulo para delinearmos a história da IPB e as origens pentecostais.

1 Ashbel Green Simonton

No fim do século XIX, já nos EUA, a igreja presbiteriana estava particionada em dois segmentos a igreja do norte e a igreja do sul (1861), divididas por questões ideológicas em relação à libertação dos escravos e da Secessão americana. O presbiterianismo chega ao Brasil em um momento histórico ímpar: a transição do Império para a República. A implantação e a consolidação da IP se deram entre 1859 e 1888, em períodos muito bem definidos historicamente.

Emerge uma figura importante neste contexto, influenciado pelas igrejas do norte dos Estados Unidos da América, seu nome: Ashbel Green Simonton. Analisemos brevemente sua história até ele chegar ao Brasil em 1859.

Ingressou no colégio de Princeton, New Jersey formando-se em 1852. Dirigiu um colégio de instrução secundária e abandonando o magistério foi estudar Direito.

Após iniciar o curso teve uma experiência religiosa impactante que o levou a estudar Teologia, curso no qual se formou em 1858, na Universidade de Princeton. Foi ordenado presbítero em 1859, e durante a graduação foi aluno do professor Dr. Charles Hodge, um pastor que o influenciou para a obra missionária no exterior, detalhes desta influência são descritas em seu diário pessoal, e por essa influência no mesmo ano desembarcou no Brasil, mais especificamente no Rio de Janeiro em 12 de agosto de 1859.

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2 Formação da IPB

Aos 26 anos de idade, Simonton chega ao Brasil enviado pela Igreja Americana. Organiza, junto com outros missionários dentre estes um importante ator social para a história da cisão presbiteriana: Alexander L. Blackford a primeira igreja presbiteriana em solo brasileiro, na então capital do Império. Isso deu-se no dia 12 de janeiro de 1862. Adentrou ainda ao interior de São Paulo, fundou os trabalhos da IP.

Fez-se a organização do Presbitério do Rio de Janeiro no ano de 1865. Neste mesmo ano, foi realizada a ordenação do primeiro ministro evangélico brasileiro Pr. Manuel da Conceição. Em 1867, já havia um presbitério organizado no Brasil, com três igrejas, um seminário no Rio de Janeiro e ainda inseriu-se na imprensa, através da Imprensa Evangélica. Simonton faleceu jovem, aos 34 anos de idade, acometido de febre amarela no interior de São Paulo. Segundo MATOS (2004) a Igreja Presbiteriana do Brasil é a mais antiga denominação reformada do país.

3 Expansão presbiteriana em solo Brasileiro

A expansão presbiteriana em território brasileiro deve-se muito ao engajamento dos missionários que surgiram a partir do trabalho do pioneiro Ashbel G. Simonton. Desta forma, no ano de 1867 após a morte de Simonton, com a igreja organizada no Brasil, seu amigo e companheiro, o primeiro “pastor” evangélico brasileiro, J. Manuel da Conceição, ele deu continuidade ao trabalho no interior de São Paulo e no sul de Minas Gerais, este que em 1865 participa organização do presbitério do Rio de Janeiro e da fundação da primeira escola paroquial e do seminário Primitivo em 1867.

Assim, a liderança leiga sendo formada e montada nos Estado de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro foram o embrião do crescimento da Igreja Presbiteriana no Brasil. Em 1868, em Campinas, interior do Estado de São Paulo a missão presbiteriana do sul dos Estados Unidos envia os missionários Edward Lane, G. Nash Norton, William Leconte e J. Rockweel Smith para organizar o presbitério campineiro. Em 1869, chegam ao Brasil, mais missionários para auxiliarem na continuidade e crescimento da igreja presbiteriana George Morton e Edward Lane. Em 1873 inicia-se a expansão da igreja para o nordeste do Brasil, iniciando os trabalhos em Recife-PE.

Em 1888, após a abolição da escravatura as igrejas presbiterianas do norte e do sul se unem e realiza-se o primeiro Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana Brasileira, este realizado com a participação de presbíteros, pastores brasileiros e norte-americanos, onde a IPB torna-se autônoma e desligada, desta forma, das igrejas norte-americanas. Em 1901

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começa a expansão e organização da igreja no sul do Brasil, em Santa Catarina. Em 1902, organiza-se a primeira igreja no leste de Minas Gerais.

Até então, o Presbiterianismo no Brasil era relativamente coeso. Entretanto, em 1903, surgem as primeiras cisões do Presbiterianismo Brasileiro. É neste ponto que pararemos a história da Igreja Presbiteriana para introduzir-se na breve narrativa das primeiras dissensões da IPB, a saber a Igreja Cristã Presbiteriana e a Igreja Presbiteriana Independente.

Apesar de grandes dissensões não terem ocorrido até o fim do século XIX, é importante ressaltar que no Brasil , os primeiros presbíteros demoraram alguns anos para serem eleitos em nosso país, devido também as questões nacionalistas e o baixo número de líderes formados e discipulados na igreja, um dos presbíteros pioneiros em solo tupiniquim foi o emblemático Dr. Miguel Vieira Ferreira. Este, após meteórica ascensão na igreja Presbiteriana do Brasil, tornou-se presbítero e posteriormente pastor da denominação. Mas anos depois, por divergências com a cúpula rompe com a Igreja e funda a Igreja Evangélica Brasileira no ano de 1879, um das primeiras igrejas genuinamente brasileira (BARRERA, 2010).

4 Origens do pentecostalismo

Antes de dar continuidade à explicação desse processo da formação do Presbiterianismo no Brasil e sequencialmente das igrejas “renovadas”, faremos um relato sobre e pentecostalismo e demonstrar a sua influencia na formação de uma nova tradição religiosa, no caso a da IPRB. Para tal nos remeteremos de modo breve aos movimentos que influenciaram a igreja de modo contundente. Cabe aqui, antes disso, atentarmo-nos para a definição de MENDONÇA (1990) para os “protestantismos brasileiros” que com influências diversas são muito peculiares:

O que chamamos de “protestantismo brasileiro” na verdade são vários protestantismos. Esses protestantismos se inseriram no Brasil primeiramente como resultado do movimento imigratório iniciado no começo do século XIX, depois em decorrência da grande expansão missionária ocorrida na mesma época. Esse quadro torna-se ainda mais complexo com a eclosão do pentecostalismo, tanto “clássico” quanto de cura divina, e com o estabelecimento no país de um grande número de organizações protestantes desvinculadas das igrejas tradicionais. (p.11)

As origens do pentecostalismo vêm do chamado movimento de santidade (Holiness), expandido e difundido pelo avivalista John Wesley (1703-1784), na Europa. Um

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“reavivamento religioso” que girava em torno da santificação progressiva e da perfeição cristã, onde a colaboração do ser humano era de suma importância para o desenvolvimento da fé. O termo “avivamento” ganhou notoriedade através dos sermões de um teólogo norte-americano Jonathan Edwards. Esse processo de avivamento seria marcado com uma bênção ou como chamavam de “segunda obra da graça” a chamada santificação. Hoje conhecido pelos pentecostais como “consagração” que seria a experiência distinta da conversão da pessoa a fé evangélica (esta seria a primeira obra da graça de Deus).

Um dos sinais desta segunda benção seria uma terceira grande benção, que tem sido reconhecida no meio pentecostal através da distribuição dos dons do Espirito Santo, em especial, que é o dom de falar em línguas estranhas, em suma o Batismo com o Espírito Santo1 com a evidência das “línguas estranhas” (glossolalia). O agir do Espírito Santo, está nos dons vinculados ao místico: dom de cura, línguas, discernimento de espíritos, profecias, revelações, exorcismo.

Caminhando de modo breve, chegando ao EUA, através de Charles Pahram, e um discípulo seu, William Seymour perpetuaram o avivamento pentecostal nos EUA. O avivamento espiritual chegou ao Brasil por outros adeptos deste movimento norte-americano, a saber, Daniel Berg e Gunnar Vingren (fundadores da Assembleia de Deus) e Luigi Francescon ( fundador da Congregação Cristã do Brasil). Francescon tentou inicialmente inserir-se na Igreja Presbiteriana do Brasil, tanto que a confissão da CCB é calvinista, porém com ideais pentecostais. Para não se delongar em uma história contada e recontada, entendamos que esta manifestação pentecostal, atinge sobremaneira as igrejas históricas brasileiras e a igreja presbiteriana independente, de igual modo, sofreu dissensões quando parte de seus líderes foram influenciados por estas doutrinas avivalistas.

Convergimos então esses temas protestantes para observamos que posteriormente esse avivamento espiritual pentecostal atinge o coração da igreja Presbiteriana do Brasil e da Igreja Presbiteriana Independente. Entretanto antes do pentecostalismo atingir a IPB tivemos algumas cisões que veremos a seguir..

CAPÍTULO 3

CISÕES PRESBITERIANAS

Até aqui fizemos um caminho para compreendermos um pouco sobre o presbiterianismo e sobre o avivamento pentecostal para convergir, logo a frente com as cisões e as motivações que fizeram com que a igreja Presbiteriana Renovada nascesse.

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Vamos agora passar então sobre um pouco da historia das cisões presbiterianas antes das questões de renovação espiritual.

1 Primeira grande cisão Presbiteriana

As divergências iniciam-se com a Criação do Sínodo do Brasil (1888), este foi inicialmente presidido por Alexander Blackford, missionário e pastor norte-americano. Esse sínodo criou o Seminário Presbiteriano e isto gerou uma divisão entre o Presbitério de Campinas e Oeste de Minas em dois presbitérios separados: São Paulo e Minas Gerais. Divergências importantes em relação ao caminho de crescimento da igreja (Sínodo e Juntas de Missões de Nova York).

Um desconforto foi gerado, pois os pastores já estabelecidos reivindicariam uma presidência nacional da igreja brasileira. O sentimento de uma igreja nacional e a animosidade criada resultou em um descontentamento nos pastores brasileiros. Com essa falta de autonomia das igrejas houve então um movimento para tornar a Igreja Presbiteriana independente das igrejas americanas, aqui aparece uma figura importante para esta primeira grande cisão da igreja: Carlos Eduardo Pereira de Magalhães.

Outra motivação para a primeira cisão foi a hoje conhecida Universidade Mackenzie, onde o cerne das brigas seria a utilização dela como Instituição Educacional Confessional ou não. Os americanos queriam um trabalho voltado ao público em geral e com o controle e gestão estrangeira, mesmo que indireta e os brasileiros queriam um trabalho voltado só para evangélicos, de cunho proselitista e, além disso, requeriam o treinamento dos pastores e sua educação teológica. A frente “nacionalista” apoiava a ideia de que o Mackenzie seria de direção brasileira para brasileiros.

Eduardo Carlos Pereira de Magalhaes levanta outra questão polêmica: a maçonaria. Este passa a montar um levante contra a maçonaria e suas práticas ocultas. Leva as questões maçônicas para a discussão em sua igreja local, ao presbitério e ao Sínodo da igreja. O Sínodo debate a questão e decide que suas lideranças têm liberdade de aderirem ou não a maçonaria com uma recomendação de que não se fizesse apologia, nem a favor nem contra os que faziam parte. Cabe colocar que, diversos meios de comunicação da época e alguns ainda hoje colocam a “questão maçônica” como central na cisão, o que não corresponde à realidade.

As IPB sofreu, em seu concílio do ano de 1903, sua primeira grande dissensão. Assim, os descontentes liderados por Pereira apresentam uma declaração de desligamento da instituição, este assinado por vinte pastores dando início então aos trabalhos da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil.

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2 Igreja Presbiteriana Independente: Igrejinha dos milagres

Por ocasião do 6º sínodo da Igreja Presbiteriana em 31 de julho de 1903, surge a Igreja Presbiteriana Independente (IPI), então resultado do projeto nacionalista do Rev. Eduardo Carlos Pereira de Magalhaes, e de divergências como questões missionárias, educacionais e maçônicas. Outros seis pastores fizeram parte desta organização que em 5 anos, já possuía um campo com mais de 50 igrejas e mais de 4000 membros. Em 1908 criou o seu Sínodo, inicialmente formado por três presbitérios, mas só praticamente 50 anos depois se criou o seu Supremo Concílio. Estabeleceu-se ainda o seu órgão oficial de imprensa “O Estandarte”. Houve um crescimento muito significativo da IPI e este crescimento aliado a defesa da fé “genuína” rendeu a igreja o apelido de “igrejinha dos milagres”. A IPI, assim, surgiu como igreja organizada de confissão presbiteriana, independente e brasileira.

Em 1916, após o Congresso do Panamá, houve uma reaproximação da IPI com a IPB e desta reaproximação surge um grupo de intelectuais liberais que pretendiam rever e reformular a liturgia e os costumes da igreja.

3 Outras cisões

Então, forma-se um grupo conservador para combater as ideias liberais deste

grupo e em 1938 uma nova cisão ocorre na igreja, e a elite liberal retira-se da IPI.

A IPI sofre um grande choque estrutural, é decomposta dividindo-se em três

segmentos: primeiramente os que ficaram na igreja, uma segunda partição onde os

líderes que saíram formaram a Igreja Cristã de São Paulo, da ala liberal; e a terceira

partição dos que formaram a Igreja Presbiteriana Conservadora (IPC). Esta grande

cisão ocasionou a saída de líderes proeminentes da IPI e foram ainda depois gerando

novas cisões.

CAPÍTULO 4

IGREJA PRESBITERIANA RENOVADA DO BRASIL: UMA IGREJA

HÍBRIDA

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Em uma década marcada por diversos fatos históricos importantes, dentre eles o apogeu da ditadura militar e a transição de um governo ditatorial para a democracia surge os primeiros movimentos avivalistas no seio da IPI e na IPB. Em meio a um turbilhão de questões políticas e sociais a IPRB tem seu movimento embrionário em meados dos anos 70. Aqui começa a formação de uma nova tradição religiosa.

O golpe sofrido pela IPI não foi bem absorvido e a igreja sofreu uma cisão que abalou suas estruturas, algo que, como veremos, continuou acontecendo com o advento da invasão pentecostal nas igrejas históricas.

Então, posteriormente, no fim da década de 60 e meados de 70, um movimento carismático e avivalista atingem a IPB, no Paraná e em Brasília, concomitantemente atinge a IPI no interior do Estado de São Paulo, no Paraná e Minas Gerais.

Segundo CAMPOS (2011) e (GINI (2010), diversas igrejas históricas , antes do cisma , por volta da década de 50, já abriam as suas portas para muitos missionários americanos avivalistas, como a Igreja Presbiteriana Independente na cidade de Assis, no interior de São Paulo, que era pastoreada por Azor Etz Rodrigues e pelo Reverendo Antônio Elias da Igreja Presbiteriana do Brasil. Essa abertura aos avivalistas americanos redundou também na aproximação dos presbiterianos com os pentecostais brasileiros.

Coincidentemente a isso, segundo a obra de CUNHA (2007) a entrada dos “corinhos” compostos por comunidades paraeclesiásticas nas igrejas históricas acentuou os usos do corpo e modificou a hinologia tradicional evangélica. Esse movimento de introdução dos corinhos foi perpetuado mais fortemente nos anos 70 com os chamados “Movimentos de Jesus” nos EUA que influenciou diretamente as comunidades a criar sua própria composição musical e seus “ministérios de dança”. Isso tudo desencadeou um processo de resistência das igrejas históricas às músicas que tinham como base ritmos e formas de cantar diferentes do convencional. Então como historicamente o repertório dos protestantes eram os hinos compostos com base na música erudita do século XIX e tendo como conteúdo os salmos bíblicos, essa modificação contribuiu para que se acentuassem as influências pentecostais nas igrejas históricas. A modificação da hinologia foi outra porta de entrada para os movimentos pentecostais no protestantismo presbiteriano tendo como resultado o uso do corpo e o apelo à emoção, que é uma característica fortíssima dos movimentos avivalistas.

O prof. Joel Ribeiro de Camargo, em entrevista ao órgão oficial da IPRB, o jornal Aleluia, nos descreve sua experiência pessoal e como foi essa chegada do movimento avivalista na IPI na cidade de Arapongas no estado do Paraná:

Por volta de 1970, o avivamento chegou a Arapongas. Eu já era presbítero, na IPI. Pela primeira vez ouvi falar que alguém poderia transmitir uma profecia. Num culto, numa congregação, pela primeira vez ouvi um cântico espiritual.

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Achei muito bonito; uma senhora muito simples cantou como se tivesse frequentado as melhores escolas de canto.

O movimento foi chegando devagarinho. Primeiro vieram as reuniões de oração mais calorosas. Os testemunhos. O louvor muito animado. As manifestações durante o culto. E conversões... A Igreja foi-se enchendo de novos convertidos. Tudo isso começou a incomodar a alguns. Enfim, formaram-se dois grupos com relação ao avivamento. (Jornal Aleluia fevereiro de 2012, p.14-15)

Para (LIMA,1996) não houveram grandes influências e assédios dos pentecostais brasileiros já estabelecidos para esse avivamento acontecer, mas sim um movimento interno influenciado por pregadores estrangeiros. Por ser um movimento interno, o discurso oficial da IPI e da IPB apontava uma rebelião contra a Igreja de Cristo e contra as decisões conciliares que se relacionavam diretamente com o pentecostalismo, já entendendo isso como algo paradoxal e herético para uma teologia reformada com ideias pentecostais.

A convivência entre avivados e tradicionais não era nada amistosa, as críticas foram se tornando cada vez mais ácidas quando as confissões calvinistas sentiram-se ameaçadas e invadidas pela doutrina pentecostal que não se restringia somente aos presbiterianos, mas também a metodistas, batistas e católicos. Essa conturbada relação inicia-se e remonta a formação das igrejas pentecostais no Brasil que inicialmente para as igrejas históricas não se consistia em ameaça, até os pentecostais com seu dinamismo avançarem as fronteiras do proselitismo fazendo-a perder membresia. Os tradicionais acusavam os pentecostais de práticas “espíritas”.

A reação dos presbiterianos foi excluir pastores, dissolver conselhos, cassar presbíteros e pressionar os pastores “pentecostais” a renunciar. Havendo ou não pressões o consenso de cisão já era eminente. Tanto que nos documentos oficiais da igreja a maioria dos pastores renunciou o cargo frente ao Concílio tanto da IPI como da IPB.

2 IPIR E ICP unidos pela causa

A velocidade com que os conceitos avivalistas se espalharam nas igrejas foi enorme que esse gerou dissidências no meio presbiteriano levando o surgimento de duas igrejas de cunho carismático: Igreja Cristã Presbiteriana (ICP), era uma pequena igreja que iniciou seus trabalhos com dois presbitérios presididos pelo Rev. Jonathan Ferreira dos Santos: o presbitério de Cianorte, no Paraná a qual era a sede da ICP e o presbitério do Brasil Central em Brasília. Realizou-se a organização desta igreja na cidade de Cianorte, com 120 membros

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filiados no dia 16 de dezembro de 1968 e a Igreja Presbiteriana Independente Renovada (IPIR) em 1972.

O Rev. Palmiro Francisco de Andrade, juntamente com o Rev. Abel de Camargo e Rev. Jobel Cândido Venceslau, que são os pioneiros da IPIR e da IPRB, passaram por experiências pentecostais que culminaram no desligamento dos mesmos da IPI. A IPIR foi montada a partir de diversas igrejas e pastores da IPI. Nisso o Prof. Joel faz um admirável relato sobre a exclusão do até então Rev. Palmiro Francisco de Andrade, este foi o único excluído dos pastores que eram ligados a IPI todos os outros renunciaram:

Em 21 de maio de 1972 o Presbitério de Maringá, da IPI, reuniu-se para decidir sobre o avivamento em sua jurisdição. Sem muita discussão, dissolveu-se o Conselho da IPI de Arapongas, e seu pastor, Pastor Palmiro de Andrade, fora desligado dos quadros da denominação. No mesmo domingo, um grupo de pastores, nomeado pelo Presbitério, veio a Arapongas para assumir a Igreja. Quando deram a notícia, as pessoas foram se levantando e deixando o recinto. Colocaram-se à porta do templo. Alguns esbravejavam, várias irmãs choravam e um pequeno tumulto se formou, chamando a atenção dos vizinhos que, não entendendo, pensavam que o pastor havia falecido.

No Supremo Concílio da IPI de 1972, os pastores “avivados” foram cassados e excluídos por seus Presbitérios, um grupo ainda tentou permanecer na IPI, mas devido a resistências da cúpula renunciaram.

Os pastores desligados da denominação se reúnem e iniciam seus trabalhos através de 11 pastores pioneiros, domiciliados em sua maioria no estado de São Paulo, além dos estados do Paraná e Brasilia.. Disponibilizamos o link2 para consulta da Ata de fundação da IPIR datada dia 8 de julho de 1972, e neste primeiro Concílio, Andrade foi eleito presidente da nova denominação e tendo como vice-presidente seu consorte Camargo. O primeiro templo da IPIR foi consagrado na cidade de Santa Cecília do Pavão no Paraná no dia 25 de julho de 19723.

Após esse início, igrejas inteiras da IPI aderiram ao movimento avivalista, o que veio a enfraquecer sobremaneira a denominação mãe.

2

Ata de fundação da Igreja Presbiteriana Independente Renovada. Disponível em: http://www.iprb.org.br/historia/ipir/ipir_ata_fundacao.htm

acesso em jul. 2013. 3

História do 1º templo da IPIR disponível em:

http://www.iprb.org.br/historia/igrejas/S/SantaCeciliaPavao/SantaCecilia_historia01.htm acesso em junho de 2013.

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Tanto na formação da IPIR quanto da ICP e as questões que permearam seu surgimento e divisão, podemos afirmar que foram questões tanto teológicas quanto políticas. O ideal político não pode ser descartado, pois as questões teológicas e litúrgicas e doutrinárias, desencadearam nos líderes avivados uma articulação para tomada política e segundo LIMA (1997), alguns líderes avivados se utilizaram disso para conter um engajamento político dos jovens que frequentavam a IPI e para dissolver as discussões tanto internas na cúpula da igreja (liberalismo e ecumenismo) quanto externas (comunismo).

Os campos que os “avivados” eram maioria, o sentimento era de expansão avivalista. Essa afirmação é baseada em documentos da época como a série de jornais “Estandarte” da IPI, que repeliram publicamente o avivamento dos seus ex-líderes e o “Manifesto de 1972” que mostra a reação dos pastores avivados ao repúdio. A ideia, ou melhor o cerne seria, por parte dos “avivados”, eleger representantes na cúpula da igreja para ocupar o espaço eclesial. Assim, a igreja não se dividiria, mas se adequaria aos pensamentos pentecostais que estavam eclodindo no seio da igreja. Daí a criação do jornal “Aleluia” como um instrumento político e proselitista. Não houve conciliação e ambos mantiveram suas posições contrárias e a ala pentecostal se antecipou para então se retirar da denominação.

No texto enviado ao supremo Concílio da IPI, que ficou conhecido como Manifesto de 19724, da ala Renovada da IPI, o seus pontos divergentes são explicitados ao concílio, bem como, o seu descontentamento contra os posicionamentos da IPI.

Como argumento para a relevante divergência teológica vemos que as principais temáticas da primeira edição do “Jornal Aleluia” foram centralizadas no avivamento da igreja. As diversas matérias da primeira edição do Jornal Aleluia apresentaram os seguintes títulos: Avivamento em Profundidade, Uma Igreja em Chamas, Spurgeon e o Espírito Santo, Dons espirituais, Autoridade do Espírito Santo, Espiritualidade (que era um pedido do Rev. Alfredo Borges Teixeira de aproximação das igrejas históricas dos pentecostais) e ainda a interessantíssima matéria intitulada: Conclusões da segunda reunião de líderes do avivamento espiritual, onde se transcreve em resumo a nova confissão de fé da IPIR relacionada à práxis da igreja Renovada.

Em relação à ICP, por ser uma igreja menor poucas informações sobre a cisão são encontradas, exceto relacionando a divisão à invasão pentecostal na igreja.

Mencionar o cancioneiro da igreja também é muito pertinente para entendermos as motivações e os caminhos se seguiram para a formação e consolidação da IPRB .

Isso se reflete na escolha do Hino oficial da IPRB, “Obra Santa”, composto pelo Rev. Rosivaldo de Araújo, reflete de modo incisivo as questões avivalistas envolvidas na formação e na história da igreja e o tema central é a declaração do avivamento que atingia a igreja:

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Obra Santa do Espírito esta causa é do Senhor. Como um vento impetuoso como fogo abrasador Estamos sobre terra santa reverência e muito amor. Esta hora é decisiva vigilância e destemor.

Ninguém detém! Aleluia! É obra santa!

Nem satã, nem o mundo todo pode apagar esse ardor.

Ninguém detém! Aleluia! É obra santa! Esta causa é do Senhor. (Hinário Aleluia, nº33).

Elementos como fogo, vento, fervor e o batismo no Espírito Santo predominantes no hino acima demonstra a grande transformação pentecostal que ocorreu com os líderes do movimento e seus adeptos. A hinologia da IPRB desenvolveu-se antes da sua formação, na IPIR em 1973, no hinário Aleluia, foram incorporadas muitas músicas que são de conteúdo utilizado também pelas igrejas pentecostais tradicionais como a Assembleia de Deus.

Após três anos, ocorre uma natural aproximação destas das denominações, que tinha conceitos carismáticos muito parecidos; as duas dissidências se unem e em reunião presidida pelo Pastor Nilton Tuller, tendo como secretário o Pastor Jonathan Ferreira dos Santos esta que contou com 58 pastores, 30 evangelistas e 78 igrejas representadas pelos seus presbíteros formou, no dia 08 de janeiro de 1975, na cidade de Maringá, no Estado do Paraná, uma nova denominação: A Igreja Presbiteriana Renovada do Brasil.

3 Uma classificação

Para concluir esse ensaio, utilizaremos a classificação feita por MENDONÇA & VELASQUEZ FILHO (1990), que coloca a Igreja Presbiteriana Renovada do Brasil como uma igreja “híbrida”, e ainda a síntese feita por CUNHA (2007) como igreja protestante de renovação para este trabalho. Híbrida e de renovação, pois herdou tradições presbiterianas reformadas de governo, na nota de rodapé tem-se uma breve explicação sobre a forma de governo da IPRB bem como a organização do culto, mas renovada no que tange as práticas pentecostais. Manteve o nome Presbiteriano pela sua origem, mas derivou como vimos, diretamente das influências avivalistas. Optei por deixar a classificação para o fim para fins didáticos, pois a elucidação da sua formação nos mostra quem ela é.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A IPRB, não difere nada de outras tradições religiosas, com traços que nos levam a entender que os processos sociais que a geraram perpassam por diversas mudanças, rupturas e alinhamentos ideológicos e religiosos. Hoje, esta igreja, está completando quase quarenta anos de história, com sedes estabelecidas em grandes capitais e cidades diversas cidades do Brasil e do Mundo.

As igrejas presbiterianas possuem uma base doutrinária comum que é o calvinismo, entretanto, segundo a obra de Antônio Gouvea Mendonça, “O celeste porvir” ele demonstra que os presbiterianos modernos e liberais afastaram-se da teologia calvinista original, muitas delas mantendo apenas o nome Presbiteriano. Mas o afastamento dos presbiterianos foi parcial, fez-se, como adequação um misto com os ideais de Calvino e de outras tradições. Porém, o caso da Igreja Presbiteriana Renovada é ainda mais interessante. A IPRB adotou uma postura não centralizada na fé confessional calvinista, mas sim em um hibridismo que mantém a IPRB em posições paradoxalmente contrárias. Nominalmente calvinista, por carregar o nome presbiteriano, o sistema de governo e algumas questões doutrinárias, mas essencialmente pentecostal.

Entendemos que há muito para se estudar sobre esse movimento que atingiu as igrejas históricas. Haveria muitas outras questões para serem discutidas, desde as questões conciliares até as confessionais, entretanto o espaço por nós proposto não permite. Assim, tentamos nos ater apenas nas cisões históricas e seus alinhamentos político-religiosos para o entendimento da formação de uma igreja brasileira paradoxal, ou seja, presbiteriana e avivada nos moldes pentecostais.

BIBLIOGRAFIA

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Referências

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