CQ135 – FUNDAMENTOS DE QUÍMICA INORGÂNICA IV
Prof. Dr. Herbert Winnischofer– hwin@ufpr.br
Ementa: Modelo de ligações químicas no estado sólido,
forças intermoleculares, sistemas no estado sólido e suas
aplicações
Estados da matéria
Estados “condensados” – partículas juntas
Forças Intermoleculares
Substâncias elementares, T. amb:
- maioria sólidos
- 11 gases
- 2 líquidos
Ciências do Estado
Sólido
Introdução
QUÍMICA
• Síntese,
• Correlação estrutura / propriedades
•Aplicações
Propriedades
• Óticas (absorção, reflexão, emissão,
espalhamento)
• Elétricas (condutores, isolantes,
semicondutores, supercondutores)
• Magnéticas (diamagnéticos, paramagnéticos,
ferromagnéticos, ferrimagnéticos, anti-
ferromanéticos, superparamagnéticos)
• Mecânicas (plasticidade, viscoelasticidade)
Propriedades Mecânicas
- Metais, ligas metálicas (aço, titânio) - Cimento, concreto (Ca3SiO5) - Cerâmicas, argilas, SiC, BN - Lubrificantes (grafite, MoS2) - Abrasivos (Diamente, quartzo - SiO2)
Propriedades de Sólidos
Propriedades Elétricas
- Condutores metálicos (metais)
- Semicondutores (Si, GaAs, polímeros condutores, ...) - Supercondutores (YBa2Cu3O7)
- Piezoelétricos (-quartzo em relógios, scanner de microscópios SPM)
Propriedades de Sólidos
Propriedades Magnéticas- Em tecnologia de gravação (CrO2, Fe3O4) Propriedades Óticas
- Pigmentos (TiO2) - Fosforescência (Eu3+)
- Lasers (semicondutores, Cr3+em Al2O3- Rubi) - Desdobradores de frequência (LiNbO3) - Janelas Inteligentes (Eletrocrômicos) - Fibras Óticas (vidros silicatos e fluoretos) Catalisadores
- Zeólitos (ZSM-5 - aluminossilicato) - refino de petróleo
Sensores - glicose
- controle qualidade, vigilância sanitária, etc.
• são substâncias (ou misturas de
substâncias) que possuem
propriedades que as tornam úteis em
produtos, dispositivos, estruturas e
máquinas.
Materiais
Tipos de Materiais
1. Metais- constituídos de elementos metálicos (puros ou em combinação – ligas) como ferro, cobre, aço, bronze etc. Possuem elétrons deslocalizados em sua estrutura e se caracterizam pela alta condutividade elétrica e térmica, brilho, maleabilidade, ductibilidade e resistência mecânica.
Ponte do Brooklyn – 1a. de aço do mundo
Tipos de Materiais
2. Polímeros- compostos macromoleculares, de origem natural ou sintética, formados pela repetição de um grande número de unidades químicas estruturais (meros). Normalmente estes materiais apresentam baixas condutividades elétrica e térmica, têm baixa resistência mecânica e não podem ser utilizados para aplicações que requeiram altas temperaturas.
Tipos de Materiais
3. Cerâmicas- compostos fundamentalmente inorgânicos, como óxidos, sulfetos, nitretos, carbetos, silicatos, carbonatos. São geralmente isolantes térmicos e elétricos, apresentam altas resistências térmica e química, alta dureza, mas são materiais quebradiços.
4. Semicondutores- apresentam condutividade elétrica intermediária entre os metais e os isolantes, e mecanismo de condução diferenciado dos metais. São materiais essenciais em aplicações eletrônicas, em computadores e tecnologia de comunicação, responsáveis pelo advento dos transistores, diodos e circuitos integrados, que revolucionaram a indústria eletrônica a partir da década de 60
Tipos de Materiais
Tipos de Materiais
5. Compósitos- materiais formados pela combinação de dois ou mais diferentes materiais, produzindo propriedades únicas e sinergísticas, diferentes daquelas de seus componentes individuais.
Introdução – Definições importantes
1.1) Sólidos iônicos- formados por ligações iônicas - forças coulômbicas
- forte coesão, dureza, altas T.F., baixa condutividade elétrica
1.2) Sólidos Moleculares
- Sólidos formados por moléculas unidas por forças intermoleculares: van der Waals
- Presença de forças fracas que mantém as moléculas unidas acarreta em sólidos de baixa T.F. (ex.?)
Introdução – Definições importantes
1.3) Sólidos Covalentes
- Sólidos formados por arranjos covalentes por toda a sua extensão (diamante)
- sólidos com alta dureza e altas T.F.
Introdução – Definições importantes
1.4) Sólidos Metálicos
- Sólidos formados somente por átomos metálicos mantido por ligações ligações metálicas
- bons condutores de calor e de eletricidade
Introdução – Definições importantes
cobre
Cristal: Um cristal consiste de um arranjo de átomos organizados em um padrão que se repete periodicamente em três dimensões Sólidos cristalinos: espécies que formam o sólido (átomos, íons, moléculas) adotam uma posição regular e periódica no espaço, que repete-se nas três dimensões ordem à longa distância
Sólidos não-cristalinos (amorfos): não apresentam ordem à longa distância ausência de periodicidade
Cristalografia Básica
Uma base de átomos deve ser colocada de forma
idêntica sobre cada ponto do retículo
Retículo: Conjunto de pontos “imaginários” no
espaço no qual cada ponto possui as mesmas
características que todos os outros pontos
Estrutura Cristalina Estrutura Cristalina
retículo
base
estrutura cristalina = retículo + base
Retículo Tridimensional Célula Unitária
Célula Unitária: Porção representativa mais simples de uma estrutura cristalina, que repete-se periodicamente por todo o cristal
- consiste de um paralelepípedo, com comprimentos e ângulos muito bem definidos
- Tamanho e tipo da célula unitária pode ser definido por a, b e c e por
, e
- conhecendo-se o exato arranjo dos átomos na célula unitária é suficiente para se conhecer exatamente o arranjo dos átomos em todo o cristal
1 2
retículo
3
4
• Os paralelogramos 1, 2 e 3 tem a mesma área e podem
ser escolhidos como representações da célula;
• O paralelogramo 4 tem duas vezes a área de 1, 2 e 3: a
cela não é primitiva pq o vetor T não resulta de combinação
de valores inteiros de a e b;
a1 b1
a2 b2 a3
b3 a4
b4 T
retículo
célula unitária
Quatro tipo de retículos Sete Classes Cristalinas (Sistemas Cristalinos)
Infinitas maneiras de se escolher uma célula unitária em um cristal
Prioridades: - maior número de ângulos de 90o - eixos possuindo mesmo
comprimento - maior simetria
possível Sete combinações possíveis (Sete Classes
Cristalinas)
Quatorze retículos de Bravais
a = b = c, = = : cúbico
P ou sc: simples ou primitiva
I ou bcc: cúbico de corpo centrado
F ou fcc: cúbico de face centrada
Estrutura Cúbica
a
b
c
primitiva (P)
fcc (F) bcc (I)Estrutura Tetragonal
a = b c, = = = 90
o: tetragonal
P: simples ou primitiva
I ou bcc: tetragonal de corpo centrado
a
b
c
Estrutura Ortorrômbica
a b c, = = = 90
o: ortorrômbico
P: simples ou primitiva
I ou bcc: ortorrômbica de corpo centrado
F ou fcc: ortorrômbica de face centrada
C: ortorrômbica de base centrada
a
b
c
P F I C
Monoclínica e
Triclínica
• a b c, = = 90
o; 90
o: monoclínica
P: simples ou primitiva
C: ortorrômbica de base centrada b a
c
• a b c, : triclínico
P: simples ou primitiva
Trigonal e Hexagonal
• a = b = c, = = < 120
o;
90
o: trigonal
R: romboédrica
• a = b c, = = 90
o; = 120
o;
hexagonal
P: primitiva
a
b
c
Empacotamentos compactos
• Estruturas cristalinas podem ser visualizadas pelo modelo do empacotamento de esferas
hcp fcc
NC = 12
> F.E.
Polimorfismo
Fenômeno pelo qual, no estado sólido, um mesmo composto pode ser formado por mais de uma estrutura
Ex: Sulfeto de zinco (ZnS)
cúbico hexagonal
Contando átomos na célula unitária
• Átomos em diferentes posições são compartilhados por diferentes células unitárias
- átomos nos vértices – compartilhados por 8 celas – 1/8 átomo/cela - átomos nas bordas – compartilhados por 4 celas – 1/4 átomo/cela - átomos nas faces – compartilhados por duas celas – 1/2 átomo/cela - átomo no centro – compartilhado por 1 cela – 1 átomo/cela
Célula Unitária
• Coordenadas fracionárias
- a localização de um átomo (ou de um ponto qualquer) em uma célula unitária pode ser definida por 3 coordenadas fracionárias x, y e z
- origem: (x,y,z) = (0,0,0)
- ponto (x,y,z) é localizado partindo-se da origem e movendo-se x pelo eixo a, y pelo eixo b e z pelo eixo c
Toda uma estrutura cristalina pode ser totalmente especificada através de coordenadas fracionárias
Grupamentos fórmula
• Conjunto de partículas definidas pela fórmula de composição do sólido considerado
• Fórmula escolhida com os menores índices possíveis (NaCl, MgBr2, etc)
• Letra “Z” representa o número de grupamentos fórmula presente em uma célula unitária
Z = d(g.cm-3) x V (cm3) / M.M. (uma) x 1,66 x 10-24(g.uma-1)
Modelo da ligação iônica
- +
z - z +
r
z
E z
4
01
• Energia coulômbica
z
+z
-= +ze.(-ze) < 0
Energia da rede cristalina
• U
0= energia liberada qdo os íons se unem de
distâncias infinitas para formar a rede cristalina.
M
+(g) + X
-(g) MX(s) U
0< 0
U
0 E
cEnergia da rede cristalina
• Contribuição geométrica
2 2 4...) 1 3 1 2 1 1 2 ( 4 ... 2 3 2 2 2
2 2 2 2 2 2 2
r n z r
z r z r z r z r
I
z
2
4 2
1
0
r n
z
E z
(termo geométrico)386
.
1
2
2 n
Estruturas Cristalinas
• Estrutura do NaCl (Halite)
– Tipo cúbico de face centrada (fcc)
– Coordenação (6,6) - octaedral
– Ex. Haletos de metais alcalinos e alguns
óxidos
• Estrutura do CsCl
– Cúbico
– Coordenação (8,8) - cúbico
– Ex. CsX (X = Cl, Br, I) e sais de NH
4+Estrutura Cristalina
• ZnS cristaliza em duas estruras
(polimorfos)
• Wurtzita: hexagonal
– (4,4) - tetraedral
• Blenda de Zn (esfalerita): cúbica
– (4,4) - tetraedral
• Ex. AgI, SiC, ZnO
Estrutura Cristalina
• Fluorita (CaF
2)
– Cúbica
– (8,4) - cúbico
– Antifluorita (K
2O)
• Rutilo (TiO
2)
– Hexagonal
– (6,3) - octaedral
A = Constante de Madelung
74756
.
1
...
6
122
83
A
r A
z
z
E N
4
0N = node Avogadro N = 6.022 x 1023mol-1
Constante de Madelung Fator de repulsão
• Repulsão devido à
sobreposição orbital
(overlap)
– entre as nuvens de e
-– entre núcleos
Equação de Born-Landé
R n
r E
BR n
C
r
A NB
r
z
z
E N
E
U
4
0•B = cte
•n = expoente de Born – depende do
raio iônico (empírico)
n
r
z
B Az
r
A nNB
r
z
z
N
dr
dU
n
n 1
0
1 2
0
4
0 4
Equação de Born-Landé
n
r
z
U ANz
n
r
z
Az
r
N
r
z
z
U AN
n n
1 1
1
4
4
4
0 0 0
0 1
0 0 0
Configuração do íon n
• He
5• Ne
7• Ar
9• Kr
10• Xe
12Cálculo de U 0 (kJ.mol -1 )
• Ex. (NaCl)
• N = 6.022 x 10
23mol
-1• e
0= 8.854188 x 10
-12C
2.J
-1m
-1• r
0= ?; r{Na
+} = 98 pm, r{Cl
-} = 181 pm; p = 10
-12• e = 1.60218 x 10
-19C
n
r
z
U ANz 1 1 1
4
0 00
Ciclo de Born-Haber
M+(g) + X-(g) MX(s)
U0
M(g) + X-(g)
EI (RT) M(g) + X(g) AE
M(g) + 1/2 X2(g)
AxH
AMH
M(s) + 1/2 X2(g)
fH
Ciclo de Born-Haber
• Ex: NaCl: Calcule U
0(kJ.mol
-1)
– PI(Na)= 496 kJ.mol
-1– RT (298 K) = 2.5 kJ.mol
-1– AE(Cl)=349 kJ.mol
-1– ∆
dissoc.H (Cl
2) = 121 kJ.mol
-1– ∆
subl.H (Na) = 108 kJ.mol
-1– ∆
fH (NaCl) = -411 kJ.mol
-1Aproximação de Kapustinkii
Kapustinskii: A/h~ cte
– h= n
oíons na fórmula
– K = 1.21 MJ.Å mol
-1– r* = 0.345 Å
r K
r
r
z
U z
0
0
0
1 *
raio termoquímico = conjunto de dados auto-
consistentes.
Aproximação de Kapustinkii
• Pela aprox. de Kapustinskii determine raio
termoquímico do Fe
3+no FePO
4.
• Dados: U
0(FePO
4) = 7251 kJ.mol
-1• r(PO
43-) = 0.224 Å
Raio iônico
• Aumenta no grupo: Li
+<Na
+<K
+• Diminui no período: Ca
2+> Mn
2+> Zn
2+• Diminui com o número de oxidação:
Fe
2+>Fe
3+• Aumenta com o número de coordenação*
Regras de Pauling para sólidos
iônicos
• 1ª. Razão em raios: Um poliedro de
coordenação de ânions é formada sobre cada
um cátion, distância cátion-ânion é determinada
pela soma dos raios iônicos e o número de
coordenação (NC) pela razão entre raios.
r
r
Previsão da possível estrutura com
base em
• NaCl
• FeO
• SnO 2
• SrF 2
2ª Regra: A regra da soma das
valências.
• A valência de um ânion situado no centro
de um poliedro de uma estrutura iônica
estável irá compensar as cargas
eletrostáticas dos cátions situados nos
vértices, e vice-versa.
.
.N
C
s Z
i i
s i
2ª Regra: A regra da soma das
valências.
• NaCl: Estrutura da halita, geometria
octaédrica.
6 1
6 1
6
1
6
1
)
(
)
(
x
s
Cl
Na
2ª Regra: A regra da soma das
valências.
• Rutilo: Geometria octaédrica ao redor do
Ti
4+3
6 2
4
6
2 4
6
4
) (
) (
2 4
n
n
s
O Ti
Regras de Pauling para sólidos
iônicos
• Existem: 3ª: Conexão entre poliedros;
• 4ª: Alta valência e baixo número de
coordenação;
• E 5ª regra: A regra da parcimônia.
Exercício
• Por meio das regras de 1 e 2 de Pauling
para os cristais iônicos, preveja qual deve
ser a geometria ao redor do metal, a
estrutura iônica e o número de
coordenação do ânion para o ZnS.
• Dados: Zn
2+: r (CN4)=0,60; (CN6)=0,74;
(CN8) = 0,90; S
2-: r = 1,84.
Propriedades de substâncias
iônicas
• São normalmente solúveis em solventes polares
de alta permissividade (constante dielétrica).
– H
2O: 82ε
0(ε
0= 8.85 x 10
-12C
2m
-1J
-1)
– CH
3CN: 33ε
0– NH
3: 25ε
0– Normalmente a interação íon-dipolo fornece energia
suficiente para romper a rede cristalina
n
r
z
U ANz 1 1 1
4
0 00
Solubilidade
MX(s) M+(aq) + X-(aq)
disH
MX(s)
M+(g) + X-(g)
U
M+(aq) + X-(aq)
hydH
disH
Solubilidade
r
H r
r
U r
hid
1
1
1
0 MX(s)
M+(g) + X-(g)
U
M+(aq) + X-(aq)
hydH
disH
Caráter covalente em ligações
iônicas
• Regras de Fajans
1. Cátions de alta densidade de carga exercem maior
efeito sobre ânions maiores.
2. Ânions mais carregados e mais polarizáveis sofrem
mais efeitos de polarização
3. Configuração eletrônica do cátion; elétrons d
blindam pouco metais de transição são mais
polarizáveis
r
ou z
r
z
(
)
2
1)
Efeitos de polarização
2) LiF (845
oC); LiCl (605
oC); LiBr (550
oC)
3) CaCl
2pf = 782
oC x HgCl
2pf = 276
oC
r(Ca
2+) = 106 pm r(Hg
2+) = 112 pm
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