• Nenhum resultado encontrado

Estudo de impacto ambiental e relatórios de sustentabilidade: contribuições para os objetivos do desenvolvimento sustentável na Klabin S.A.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2023

Share "Estudo de impacto ambiental e relatórios de sustentabilidade: contribuições para os objetivos do desenvolvimento sustentável na Klabin S.A."

Copied!
182
0
0

Texto

(1)

SARA COIMBRA DA SILVA

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL E RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE:

CONTRIBUIÇÕES PARA OS OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA KLABIN S.A.

SÃO PAULO 2022

(2)

SARA COIMBRA DA SILVA

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL E RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE:

CONTRIBUIÇÕES PARA OS OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA KLABIN S.A.

ENVIRONMENTAL IMPACT STUDY AND SUSTAINABLE REPORTS:

CONTRIBUTIONS TO SUSTAINABLE DEVELOPMENT GOALS AT KLABIN S.A.

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Cidades Inteligentes e Sustentáveis da Universidade Nove de Julho – UNINOVE, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Cidades Inteligentes e Sustentáveis

Orientador: Profª. Drª. Amarilis Lucia Casteli F.

Gallardo

SÃO PAULO 2022

(3)

FICHA CATALOGRÁFICA

Silva, Sara Coimbra da.

Estudo de impacto ambiental e relatórios de sustentabilidade:

contribuições para os objetivos do desenvolvimento sustentável na Klabin S.A. / Sara Coimbra da Silva. 2022.

181 f.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Nove de Julho - UNINOVE, São Paulo, 2022.

Orientador (a): Profª. Drª. Amarilis Lucia Casteli Figueiredo Gallardo.

1. Avaliação de impacto ambiental. 2. Estudo de impacto ambiental. 3. Objetivos do desenvolvimento sustentável. 4.

Relatórios de sustentabilidade. 5. GRI.

I. Gallardo, Amarilis Lucia Casteli Figueiredo. II. Título.

CDU 711.4

(4)

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL E RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE:

CONTRIBUIÇÕES PARA OS OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA KLABIN S.A

Por

SARA COIMBRA DA SILVA

Dissertação de Mestrado apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Cidades Inteligentes e Sustentáveis da Universidade Nove de Julho – UNINOVE, como requisito da disciplina Seminário de Dissertação.

___________________________________________________________

Profª. Drª. Amarilis Lucia Casteli F. Gallardo–Universidade Nove de Julho–UNINOVE

___________________________________________________________

Prof. Dra. Andreza Portella Ribeiro – Universidade Nove de Julho – UNINOVE

___________________________________________________________

Prof. Dr. Giovano Candiani – Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)

São Paulo, 06 de dezembro de 2022.

(5)

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por estar sempre comigo na realização dos meus sonhos e por colocar no meu caminho pessoas especiais. Obrigada por cuidar de mim e nunca me deixar sozinha.

Aos meus pais, Sonia e José, que sempre me incentivaram a estudar e se esforçaram para que eu tivesse a melhor educação possível e que sempre estão comigo, me estimulando a sonhar cada vez mais alto. Ao meu irmão, Renan, colega de profissão, que é meu parceiro para todas as horas.

À querida professora Amarilis, a qual tive a honra de ser orientada e que é uma grande referência na minha área de estudo. Obrigada por ser uma amiga, por me apoiar nas ideias desde o início, se preocupar comigo, ajudar a trilhar o caminho para conseguir desenvolver o trabalho da melhor forma possível. Não conseguiria sem a sua ajuda, atenção e disponibilidade.

Aos meus amigos incríveis que fiz durante o curso e vou levar para sempre no meu coração: Evandro Nogueira, Dara Meira e Mateus Taraborelli.

À UNINOVE por disponibilizar a bolsa de estudo no Mestrado em Cidades Inteligentes e Sustentáveis, um curso de extrema relevância e único, com professores extraordinários, aos quais também gostaria de agradecer

Ao Instituto Água e Terra, um órgão que tenho muito orgulho em ter trabalhado, que me ensinou muito, que me estimulou a entrar nesse curso e que me fez me apaixonar ainda mais pelo meio ambiente.

À Klabin pela oportunidade de registrar momentos de sua história e por ter me acompanhado nessa jornada.

A todos que contribuíram direta ou indiretamente para realização deste trabalho, meus sinceros agradecimentos.

(6)

“Quando 193 governos se juntam para concordar e alcançar 17 objetivos combatendo os maiores problemas do mundo, só parece sensato que as empresas alinhem sua estratégia e relatórios ao encontro dos mesmos objetivos”

Global Sustainability Leader (tradução nossa)

(7)

RESUMO

Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU estão norteando políticas públicas e privadas ao redor do mundo, em busca do cumprimento da Agenda 2030 que promete um mundo mais sustentável alinhado com questões sociais e econômicas. Estudos indicam que as empresas com práticas sustentáveis estão sendo as mais rentáveis, o que abre o olhar de investidores, que fazem uso dos Relatórios de Sustentabilidade (RS), em especial os em conformidade com a Norma Global Reporting Iniciative (GRI), como fonte para obtenção de informações sobre as questões ambientais, sociais e econômicas das companhias e a relevância dada por elas em cada tema. Pela extensão do conteúdo, o GRI é uma grande oportunidade para mostrar o andamento do cumprimento da Agenda 2030 e para relatar e direcionar ações pertinentes aos temas materiais da governança das companhias. O Estudo de Impacto Ambiental (EIA), dentro do processo de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), é considerado o instrumento de planejamento e gestão ambiental mais utilizado em todo o mundo, e é exigido para implantação ou expansão de novos empreendimentos que possam causar significativo impacto ambiental. Debates, principalmente no meio acadêmico, têm sugerido promover a integração entre os ODS e o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) uma vez que ambos visam, dentre outros objetivos, a promoção do desenvolvimento sustentável. De modo a contribuir com evidências para essas discussões, realizou-se a análise de um estudo de caso do maior empreendimento da companhia Klabin S. A., a Unidade Puma. Assim, o objetivo dessa pesquisa foi de analisar a integração do ODS desde a etapa de planejamento, através do EIA, à operação, com o GRI. Utilizou-se como método a análise de conteúdo desses relatórios técnicos (EIA e GRI), com subsídios de referencial da literatura. Os resultados demonstram que o GRI esteve 80% integrado ao EIA, tendo os ODS como elemento integrador, e que essa conexão pode ser utilizada de forma estratégica. O GRI, por sua vez, obteve 95% de integração às metas ODS, tendo apenas a meta 12.8 como inexplorada. O EIA da Unidade Puma teve 85% de integração com as metas ODS e deixou de explorar as metas 3.4, 7.2 e 7.3. Conclui-se que os resultados dessa pesquisa podem ser aproveitados como modelo para concepção no desenvolvimento de EIAs e GRI com maior integração às metas ODS e, consequentemente para colaborar na promoção do desenvolvimento sustentável.

Palavras chaves: Avaliação de Impacto Ambiental, Estudo de Impacto Ambiental, Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, Relatórios de Sustentabilidade, GRI.

(8)

ABSTRACT

The UN Sustainable Development Goals (SDGs) are guiding public and private policies around the world in pursuit of the Agenda 2030, which promises a more sustainable world aligned with social and economic issues. Studies indicate that companies with sustainable practices are being the most profitable, which attracts eyes of investors, who use Sustainability Reports (SR), especially those in conformity with Global Reporting Initiative (GRI) Standard, as source for obtaining information on environmental, social, and economic issues of the companies, also the relevance given by them in each theme. Due to the extent of its content, the GRI is a great opportunity to show the progress in compliance with Agenda 2030 and to report relevant actions related to material topics of corporate governance. The Environmental Impact Study (EIS), inside the process of Environmental Impact Assessment (EIA), is considered the most widely used planning and environmental management instrument in the world, and it is required for implementation or expansion of new projects that may cause significant environmental impact.

Debates, mainly in academia, have suggested promoting the integration between the SDGs and the Environmental Impact Study (EIS) since both aims, among other objectives, to promote sustainable development. In order to contribute with evidence for these discussions, an analysis of a case study of the largest enterprise of the company Klabin S. A., the Puma Unit, was carried out. The objective of this research was to analyze the integration of the SDG from the planning stage, through the EIS, to operation phase, with GRI. The content analysis of these technical reports (EIS and GRI) was used as the method used, with references from the literature. The results demonstrate that the GRI was 80% integrated with the EIS, having some SDG targets as integrating elements, and that this connection can be used strategically. The GRI, in turn, achieved 95% integration with the SDG targets, with only target 12.8 as unexplored. The Puma Unit EIS had 85% integration with the SDG targets and failed to explore targets 3.4, 7.2 and 7.3. It is concluded that the results of this research can be used as a model for designing the development of EIS and GRI with greater integration with the SDG goals and, consequently, to collaborate in promotion of sustainable development.

Keywords: Environmental Impact Assessment, Environmental Impact Study, Sustainable Development Goals, Sustainable Reports, GRI.

(9)

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Unidade Puma da Klabin ... 21

Figura 2. Construção da MP28 ... 23

Figura 3. Processo de AIA ... 27

Figura 4. Principais etapas no planejamento e execução do EIA ... 32

Figura 5. Os oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs) ... 34

Figura 6. Objetivos do Desenvolvimento Sustentável... 35

Figura 7. Organização dos KODS ... 37

Figura 8. Danica Pension em Tuborg Syd ... 48

Figura 9. Firskovvej ... 48

Figura 10. Planta de incineração Vestforbrænding ... 49

Figura 11. Porto de Odense ... 49

Figura 12. Ampliação Skagen Havn ... 50

Figura 13. Conteúdo 102-6 - Valores, princípios, normas e códigos de comportamento ... 56

Figura 14. Requisitos do Conteúdo 303-5 – Consumo de Água ... 57

Figura 15. Linha do tempo da história da GRI ... 57

Figura 16. Cabeçalho do Sumário GRI da Klabin S. A. ... 60

Figura 17. Detalhamento GRI do ‘Desempenho socioambiental de fornecedores’ ... 60

Figura 18. Detalhamento GRI do Desempenho Econômico ... 61

Figura 19. Processo de definição da materialidade no Relatório GRI de 2018 ... 80

Quadro 1. Principais definições de AIA ... 24

Quadro 2. Conexões diretas e indiretas do EIA com as metas ODS ... 52

Quadro 3. Metas ODS aplicáveis às normas GRI ... 58

Quadro 4. Metas ODS aplicáveis ao EIA brasileiro ... 66

Quadro 5. Metas aplicáveis ao EIA e ao negócio da Klabin S.A. ... 67

Quadro 6. Palavras-chave identificadas no EIA da Unidade Puma ... 73

Quadro 7. Conexões diretas e indiretas do EIA da Unidade Puma com os ODS ... 75

Quadro 8. Relatórios GRI analisados da Klabin S. A. ... 81

Quadro 9. Metas ODS relacionadas com o RS de 2017 da Klabin S. A. ... 84

Quadro 10. Conexão dos Relatórios GRI com as metas ODS ... 85

Quadro 11. Conexão das metas ODS com os Relatórios GRI e o EIA ... 86

(10)

Quadro 12.Comparação de conexão das metas ODS do EIA com Boess et al (2021b) ... 89

Quadro 13. Uniformização dos parâmetros de EIA ... 91

Quadro 14. Comparação de EIAs por parâmetro ... 92

Quadro 15. ODS e metas da ONU ... 110

Quadro 16. KODS e metas ... 128

Quadro 17. Normas Universais GRI: 102 – Conteúdos Gerais ... 133

Quadro 18. Normas Universais GRI: 103 – Forma de Gestão ... 139

Quadro 19. Normas Específicas GRI: 201 – Desempenho econômico ... 140

Quadro 20. Normas Específicas GRI: 202 – Presença no Mercado ... 141

Quadro 21. Normas Específicas GRI: Impactos Econômicos Indiretos ... 142

Quadro 22. Normas Específicas GRI: Práticas de Compra ... 142

Quadro 23. Normas Específicas GRI: Combate à Corrupção ... 143

Quadro 24. Normas Específicas GRI: 206 – Concorrência Desleal ... 144

Quadro 25. Normas Específicas GRI: Econômico 207 – Tributos... 144

Quadro 26. Normas Específicas GRI: Ambiental 301 – Materiais ... 145

Quadro 27. Normas Específicas GRI: Ambiental 302 – Energia ... 145

Quadro 28. Normas Específicas GRI: Ambiental 303 – Água e efluentes... 147

Quadro 29. Normas Específicas GRI: Ambiental 304 - Biodiversidade ... 149

Quadro 30. Normas Específicas GRI: Ambiental 305 - Emissões ... 150

Quadro 31. Normas específicas GRI: Ambiental 306 - Resíduos ... 152

Quadro 32. Normas específicas GRI: Ambiental 307 – Conformidade Ambiental ... 154

Quadro 33. Normas específicas GRI: Ambiental 308 – Avaliação Ambiental de Fornecedores ... 154

Quadro 34. Normas específicas GRI: Social 401– Emprego ... 155

Quadro 35. Normas específicas GRI: Social 402 – Relações de trabalho ... 155

Quadro 36. Normas específicas GRI: Social 403 – Saúde e Segurança do Trabalho ... 156

Quadro 37. Normas Específicas GRI: Social 404 – Capacitação e Educação ... 159

Quadro 38. Normas específicas GRI: Social 405 – Diversidade e Igualdade de Oportunidades ... 160

Quadro 39. Normas específicas GRI: Social 406 – Não Discriminação ... 160

Quadro 40. Normas específicas GRI: Social 407 – Liberdade Sindical e Negociação Coletiva ... 160

Quadro 41. Normas específicas GRI: Social 408 – Trabalho Infantil ... 161

(11)

Quadro 42. Normas específicas GRI: Social 409 – Trabalho Forçado ou Análogo ao Escravo

... 161

Quadro 43. Normas específicas GRI: Social 410 – Práticas de Segurança ... 161

Quadro 44. Normas específicas GRI: Social 411 – Direitos de Povos Indígenas ... 162

Quadro 45. Normas específicas GRI: Social 412 – Avaliação de Direitos Humanos ... 162

Quadro 46. Normas específicas GRI: Social 413 – Comunidades Locais ... 163

Quadro 47. Normas específicas GRI: Social 414 – Avaliação social de fornecedores ... 163

Quadro 48. Normas específicas GRI: Social 415 – Políticas Públicas ... 164

Quadro 49. Normas específicas GRI: Social 416 – Saúde e Segurança do Consumidor ... 164

Quadro 50. Normas específicas GRI: Social 417 – Marketing e Rotulagem ... 165

Quadro 51. Normas específicas GRI: Social 418 – Privacidade do Cliente... 165

Quadro 52. Normas específicas GRI: Social 419 – Conformidade Socioeconômica ... 166

Tabela 1. Análise das metas ODS ... 41

Tabela 2. Metas ODS e palavras-chave relacionadas a AIA ... 42

Tabela 4. Palavras-chave dos EIAs analisados agrupadas por parâmetros ... 45

Tabela 5. Resultado das palavras-chave dos EIAs analisados... 50

Tabela 6. RS da Klabin S. A. analisados ... 63

Tabela 7. Metas eliminadas por não se aplicarem ao contexto dinamarquês ... 65

Tabela 8. Metas ODS com relação ao EIA, negócio da Klabin e GRI ... 68

Tabela 9. Palavras-chave dos ODS com relação ao EIA e ao negócio da Klabin ... 70

Tabela 10. Divisão e conteúdo do EIA e RIMA da Unidade Puma ... 71

Tabela 11. Fatores ambientais passíveis de impacto ... 72

Tabela 12. Metas ODS e Conteúdo normativo GRI ... 76

Tabela 13. Integração dos Relatórios GRI da Klabin às metas ODS selecionadas ... 86

(12)

LISTA DE ABREVIAÇÃO E SIGLAS

AAE – Avaliação Ambiental Estratégica AIA – Avaliação de Impacto Ambiental AS – Avaliação da Sustentabilidade

ARH – Administração de Recursos Hídricos ASG – Ambiental, Social e Governança

CISL – Cambridge Institute for Sustainability Leadership CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

COP26 – 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima DJSI - Dow Jones Sustainability Index

EIA – Estudo de Impacto Ambiental

EPCI - Environmental Paper Company Index FSC – Forest Stewardship Council

GEE – Gases de Efeito Estufa GRI – Global Report Iniciative

GTSC A2030 – Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030 IAIA – International Association for Impact Assessment

IAP – Instituto Ambiental do Paraná

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente IBE – Índice de Sustentabilidade Empresarial IEA - Institute of Environmental Assessment

ISAR - International Standards of Accounting and Reporting ITCG - Instituto de Terras, Cartografia e Geologia do Paraná KODS - Objetivos Klabin para o Desenvolvimento Sustentável KPI - Key Performance Indicator

MP27 – Máquina de Papel 27 MP28 – Máquina de Papel 28

ODM – Objetivos do Desenvolvimento do Milênio ODS – Objetivo do Desenvolvimento Sustentável

(13)

ONG – Organização Não Governamental ONU – Organização das Nações Unidas PBA – Programas Básicos Ambientais

PNMA – Política Nacional de Meio Ambiente RIMA – Relatório de Impacto Ambiental RS – Relatório de Sustentabilidade

SEMA – Secretaria de Estado do Meio Ambiente

SUREHMA - Superintendência dos Recursos Hídricos e Meio Ambiente UN – United Nations

WWF- World Wide Fund

(14)

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 14

2. OBJETIVOS ... 17

2.1 Objetivo Geral ... 17

2.2 Objetivos Específicos ... 17

3. REFERENCIAL TEÓRICO ... 18

3.1 Klabin S. A. ... 18

3.2 Avaliação de Impacto Ambiental ... 24

3.2.1. Avaliação de Impacto Ambiental no Brasil ... 28

3.2.2 Avaliação de Impacto Ambiental no Paraná ... 32

3.3 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável ... 34

3.3.1 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e Avaliação de Impacto Ambiental .... 37

3.4. Relatórios de Sustentabilidade ... 53

3.4.1 Relatórios GRI e ODS ... 58

3.4.2 Relatórios GRI da Klabin S. A. ... 59

4. METODOLOGIA ... 61

4.1 Análise do EIA ... 62

4.2 Análise dos Relatórios GRI ... 63

4.3 Integração das metas ODS com o EIA e Relatórios GRI ... 64

5. RESULTADOS ... 65

5.1 Validação do método ... 65

5.2 Aplicação do método ... 69

5.2.1 Análise do EIA ... 69

5.2.2 Análise dos Relatórios GRI ... 76

5.2.3 Integração das metas ODS com o EIA e Relatórios GRI ... 86

5.3. Discussão dos Resultados ... 87

6. CONCLUSÕES ... 95

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 98

ANEXO A – Lista dos ODS e metas da ONU ... 110

ANEXO B – Objetivos Klabin de Desenvolvimento Sustentável ... 128

ANEXO C - Conteúdo GRI e requisitos ... 133

ANEXO D – Principais impactos ambientais e medidas mitigadoras e compensatórias da Unidade Puma ... 167

(15)

1. INTRODUÇÃO

Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos em 2015 pela ONU para cumprimento até 2030, refletem os grandes desafios urgentes que a comunidade global precisa conduzir para assegurar sustentabilidade econômica, qualidade ambiental, coesão social e prosperidade para as futuras gerações (United Nations [UN], 2015).

Os ODS se tornaram um ponto de referência mundial para a elaboração de políticas tanto públicas (Abhayawansa, Adams e Neesham, 2021), como privadas. Nos últimos anos, têm crescido consideravelmente a adoção voluntária dos ODS pelo setor privado, o que representa como o desenvolvimento é considerado em cada aspecto da sociedade, e retrata uma mudança no pensamento sobre desenvolvimento, economia, meio ambiente e sociedade, com transformação desses critérios em torno da sustentabilidade (Hacking, 2018).

As tendências do mercado têm mostrado que empresas com práticas sustentáveis apresentam maiores retornos financeiros quando comparadas com as demais e por conta disso, têm sido a opção preferida dos investidores (Grecco, 2013; Agustini, Almeida, Agostinho e Giannetti, 2015). Uma das principais formas que os investidores acessam informações sem cunho financeiro, mas relevantes ao impacto social, ambiental e econômico das empresas, é pelos Relatórios de Sustentabilidade (RS), na busca de compreensão da organização e seu sistema de valor (Al-Ajmi, 2009; Jensen e Berg, 2012).

Os RS são divulgados voluntariamente pelas empresas anualmente e trazem um resumo com as ações praticadas mais relevantes relacionadas a sustentabilidade, sendo o modelo da Global Report Iniciative (GRI) o mais utilizado (Andriadi e Werastuti, 2022). Dentro dos RS são publicados os temas materiais relevantes para as empresas, os quais traçam o direcionamento das ações em operação e planejadas para execução.

O Relatório GRI aborda aspectos sociais, ambientais e econômicos que podem ser aproveitados para verificar o andamento das companhias em relação a Agenda 2030 e incentivar a incrementar metas para o cumprimento dos ODS. A própria GRI tem divulgado oficialmente guias orientados para a incorporação dos ODS e suas metas dentro dos RS (GRI, 2022a).

Um outro mecanismo institucionalizado globalmente apontado como de grande relevância para o cumprimento dos ODS são os estudos ambientais (International Association for Impact Assessment [IAIA], 2019; Boess, Kørnøv, Lyhne e Partidário, 2021a). A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) é o processo ambiental mais utilizado por governos no mundo todo, possui caráter mandatório e se encontra em uma posição estratégica e de extrema relevância para cooperar com o alcance da Agenda 2030 (Walmsley e Ofosu-Koranteng, 2017).

(16)

O processo de AIA, tem no Estudo de Impacto Ambiental (EIA) seu principal documento técnico, que contempla a análise dos aspectos do meio físico, biótico e socioeconômico na análise de empreendimentos com potencial de significativo impacto ambiental. Ao analisar os aspectos da viabilidade ambiental do empreendimento, o EIA discute a análise das alternativas locacionais e tecnológicas, dentre outros aspectos relevantes para subsidiar a tomada de decisão (Sánchez, 2013a).

O EIA também detalha o plano de gestão do empreendimento para todo o seu ciclo de vida, desde o planejamento até a operação, o qual é composto por principais programas e medidas que serão implantadas relacionadas às etapas de projeto, construção e operação do empreendimento, garantindo a redução e mitigação de impactos negativos ambientais e sociais e promovendo o desenvolvimento sustentável (Gallardo e Sánchez, 2006),

Embora o EIA planeje o ciclo de novos empreendimentos e apresente o propósito em comum com os ODS sobre desenvolvimento sustentável, ainda não foi incorporado na legislação quesitos com relação explícita a Agenda 2030, mesmo após sete anos da publicação dos ODS. O EIA ainda segue primordialmente os critérios estabelecidos pela Resolução CONAMA nº 001/1986 e as legislações estaduais a respeito de licenciamento ambiental (Sánchez, 2013a).

Alguns trabalhos têm discutido a importância de fortalecer o EIA frente a outros instrumentos de gestão ambiental utilizados no mundo para fortalecer a promoção de sustentabilidade. Sozinho, Gallardo, Duarte, Ramos e Ruiz (2018) discutiram a aproximação entre o EIA e a certificação Bonsucro, de demonstração de sustentabilidade para o setor sucroalcooleiro mundial, como meio para captar as dimensões ambientais, sociais e econômicas na viabilidade ambiental de empreendimentos do setor. Gallardo, de Oliveira, Aguiar e Sánchez (2016) discutiram as aproximações entre o processo de AIA e EIA às características e recursos dos sistemas de gestão ambiental (SGA) como uma forma de fortalecer os procedimentos técnicos para realização de futuros EIAs. Boess, Lyhne, Davila, Jantzen, Kjellerup e Kørnøv (2021b) destacam a escassez de estudos explorando a integração entre EIA e os ODS e exploram o tema acerca da contribuição dos ODS no escopo de futuros EIAs.

Com respeito à integração dos ODS aos EIAs, Kørnøv, Lyhne e Davila (2020) enfatizam que embora esse seja um tema emergente e de mútuos benefícios, o conhecimento de modelos e meios para realizar essa ligação ainda são bastante desconhecidos e novos; porém devem tentar ser integrados de alguma forma (Boess et al., 2021b).

De modo a contribuir com esse recente debate na pesquisa e se alinhar com as práticas internacionais, como os ODS contemplam perspectivas do âmbito ambiental, social e

(17)

econômico, assim como os EIA, um estudo focado no planejamento, e o RS, um relatório que reporta a operação e governança das empresas, optou-se por explorar um estudo de caso em profundidade.

Assim, selecionou-se como caso de estudo, a maior e mais sustentável unidade da Klabin S. A., indústria de papel e celulose, que conforme a tipologia precisou entregar o EIA, conforme a Resolução CONAMA nº 001/1986 e Resolução CEMA nº 065/2008, em uma companhia que publica RS, a fim de analisar a integração do planejamento à operação do empreendimento com os ODS.

A Unidade Puma da Klabin, inaugurada em 2016, é considerada o maior empreendimento privado do estado do Paraná e foi projetada para ser referência em sustentabilidade: conta com autossuficiência energética por meio do aproveitamento de biomassa; interligação com a malha ferroviária do Porto de Paranaguá; tratamento terciário de efluentes; matéria-prima proveniente integralmente de florestas certificadas; além de tecnologia e inovação nas suas máquinas, nas quais resultam em menor uso de recursos naturais quando comparada com máquinas convencionais do mercado e no oferecimento de produtos de alta qualidade ao mercado (Vieira, 2016a).

Dada a sua complexidade e tamanho, o empreendimento Klabin Puma passou antes de sua construção pelo processo de AIA em 2012, conduzido pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP), atual Instituto Água e Terra (Instituto Água e Terra, 2022).

A Klabin S.A. publica desde 1999, anualmente, RS e desde 2017, os relatórios começaram a ser publicados seguindo a Norma GRI Standards versão Essencial (Klabin, 2018a); aderiu aos ODS oficialmente, em 2016, e em 2020, aprofundou seu comprometimento da Agenda 2030 com o lançamento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável Klabin (KODS) (Klabin, 2020a).

Como a Klabin possui o histórico de ciclos de expansão e tensiona abrir outras unidades no Brasil em breve, as lições a serem aprendidas e experiências na análise do EIA da Unidade Puma, objeto de avaliação deste trabalho, poderão também contribuir na elaboração de novos EIAs nas eventuais novas ampliações da empresa, com foco nos ODS, e ainda para outros empreendimentos similares.

(18)

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

O objetivo geral dessa pesquisa é analisar a integração dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) do planejamento à operação da Unidade Puma da Klabin S.A.

2.2 Objetivos Específicos

• Analisar se o EIA da Unidade Puma da Klabin possui integração com os ODS;

• Analisar se os Relatórios GRI da Klabin possuem integração com os ODS;

• Verificar se o EIA possui integração com os Relatórios GRI, tendo os ODS como ponto em comum.

(19)

3. REFERENCIAL TEÓRICO

De modo a fornecer uma base para compreensão das análises a serem realizadas, o Referencial Teórico está estruturado em 4 principais tópicos:

• Klabin S. A.: apresentação do que é a Klabin e a importância da Unidade Puma para a companhia;

• Avaliação de Impacto Ambiental: definição sobre a AIA, o EIA e o histórico e valor do instrumento;

• Objetivos do Desenvolvimento Sustentável: surgimento dos objetivos e relevância na sociedade;

• Relatórios de Sustentabilidade: importância de sua publicação, modelo GRI e como a Klabin publica seus RS.

3.1 Klabin S. A.

Fundada em 1899, como inicialmente uma pequena empresa importadora de produtos de papelaria e com produção de artigos de escritório, hoje com mais de 120 anos de história, a Klabin é a maior fabricante e exportadora de papéis para embalagens do Brasil. É caracterizada como líder nos mercados de embalagens de papelão ondulado e sacos industriais, além de ser a única companhia do país a ofertar ao mercado soluções em celuloses de fibra curta, fibra longa e fluff. (Almanaque Klabin 120+, 2021; Klabin, 2022a).

Atualmente, a Klabin conta com 23 unidades industriais, sendo 22 no Brasil uma na Argentina. A capacidade de produção da companhia é de 2,6 milhões t/ano de papel, 1,6 milhão t/ano de celulose e 414 mil t/ano de papéis reciclados, sendo a maior recicladora de papéis do Brasil (Klabin, 2022a).

A companhia possui quatro unidades de negócio: florestal, celulose, papéis e embalagem, as quais contemplam desde a produção e comercialização de madeira e de celulose até a produção de papéis e diversidade de embalagens que abrangem diferentes segmentos do mercado e que são leves, biodegradáveis, recicláveis e originadas de fontes renováveis (Klabin, 2022b).

Quanto a base florestal, matéria-prima para o negócio, a Klabin possui cerca de 549 mil hectares de florestas, sendo mais de 42% composta por matas nativas preservadas (Klabin, 2022a). No Paraná, a companhia detém uma taxa de produtividade florestal de 54 m³/ha. ao ano

(20)

nas áreas de eucalipto, valor superior à média anual brasileira que já é a mais alta do mundo e possui o valor médio de 40 m³/ha. ao ano (Vieira, 2016a).

Na década de 60, a empresa desenvolveu um modelo de plantio inovador chamado de plantio em mosaico, o qual intercala os trechos de florestas homogêneas de eucalipto e pínus com trechos de mata nativa. A Fazenda Monte Alegre, área mais antiga da Klabin no Paraná, foi projetada dessa forma. Esse modelo mais tarde passou a ser amplamente aderido pelas empresas do setor por proporcionar além da diversidade de fauna e flora por meio dos corredores ecológicos que são estabelecidos, benefícios como redução de pragas (Vieira, 2016a).

A Klabin foi pioneira no setor de papel e celulose no Hemisfério Sul a conquistar a certificação de manejo florestal pelo Forest Stewardship Council (FSC) em 1998, contando atualmente 100% de suas unidades florestais e etapas do processo de produção são certificadas (Ishikawa, 2012; Klabin, 2022a).

A certificação FSC é uma influente ferramenta econômica de desenvolvimento sustentável e gestão ambiental que garante o combate ao desmatamento, utilização consciente dos recursos florestais, manutenção ou aperfeiçoamento dos serviços, conservação e regeneração das florestas naturais e da vida silvestre, além de promover o respeito, bem-estar, dignidade e defesa dos direitos dos trabalhadores, das comunidades locais e do público indígena (FSC, 2022).

Segundo Ishikawa (2012), a preocupação com o correto manejo florestal na Klabin e suas boas práticas já existia desde a instituição do projeto florestal na companhia, há mais de 70 anos, desse modo a obtenção do selo FSC não foi um desafio e sim uma consequência do zelo da companhia com o bom desempenho ambiental.

Nas fábricas da Klabin, 89% da matriz energética para abastecimento provém de fontes renováveis e limpas (Klabin, 2022a) e 98,1% dos resíduos sólidos são aproveitados, tendo como meta 100% de reaproveitamento para ser atingido em 2030 (Klabin, 2022b).

A Klabin já recebeu vários prêmios e reconhecimentos por sua atuação sustentável, com destaque para o “Selo Triple A” da CDP, em que foi a primeira empresa da América Latina a obter a classificação, junto com apenas 14 empresas no restante do mundo (Mattos, 2021, 7 de dezembro) e a presença por dois anos consecutivos no Dow Jones Sustainability Index (DJSI), como única empresa no seguimento, índice de ações que tem a finalidade de dar reconhecimento para as melhores práticas de sustentabilidade das empresas cotadas em bolsa de valores, obtendo ainda o selo “Ouro” em 2021 no “The Sustainability Yearbook de 2021”

(Forbes Brasil, 2020, 19 de novembro; Klabin, 2022b).

(21)

A companhia faz parte desde 2017 da carteira anual do Índice de Sustentabilidade Empresarial (IBE) e por quatro vezes consecutivas participou do Environmental Paper Company Index (EPCI), índice levantado a cada dois anos pelo World Wide Fund (WWF), levando a pontuação de 90,5% em 2019 (Klabin, 2020b).

Em 2021, foi a única empresa latino-americana convidada para participar do grupo de Business Leaders da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP26) em Glasgow na Escócia. Desde 1992, durante a Eco-92 a Klabin tem se envolvido com conferências ambientais e possui reconhecimento mundial pelas boas práticas nessa área (Klabin, 2022b).

Após ter sido destaque por anos consecutivos desde 2013 no Guia Exame de Sustentabilidade, no ramo de papel e celulose, em 2016 a Klabin ganhou o ilustre título de

“Empresa Sustentável do Ano” e o artigo publicado no Guia foi intitulado de “Uma fábrica verde para o futuro”, dando o destaque para a inauguração da Unidade Puma, que teve grande peso para a Klabin conseguir o título (Vieira, 2016a)

O Projeto Puma em Ortigueira-PR, referência em sustentabilidade, foi concebido para dobrar a capacidade produção da Klabin em três anos. O Puma, inaugurado em 2016, é reconhecido como o maior empreendimento privado do Paraná e posicionou a Klabin entre os fabricantes globais da commodity. (Klabin, 2020c).

Com localização estratégica, a planta se situa próxima a então agora segunda maior unidade da Klabin, a Unidade Monte Alegre em Telêmaco Borba-PR, município vizinho de Ortigueira-PR. A mesma área florestal abastece as duas fábricas (Monte Alegre e Puma) de celulose e papel, o que resulta na maior operação florestal do mundo, totalizando em 11 milhões de metros cúbicos de abastecimento por ano. O raio médio entre a operação florestal e o Puma é de 72 km a 100 km (Martin, 2016; Klabin, 2020c)

As obras do Projeto Puma, iniciadas em 2014, foram executadas em 24 meses em uma área de 200 hectares, dentro do orçamento previsto. O investimento totalizou em R$ 8,5 bilhões incluindo infraestrutura, impostos e correções contratuais (Martin, 2016).

A Unidade Puma, Figura 1, é a única do mundo a fabricar simultaneamente três tipos de celulose, tendo como capacidade produtiva anual de 1,6 milhões de toneladas, dos tipos branqueada de fibra curta (eucalipto): LyptusCel TM; branqueada de fibra longa (pinus): PineCel

TM; parte desta última é convertida em celulose fluff, levando a marca de PineFluffTM. (Martin, 2016; Klabin, 2022b).

(22)

Figura 1. Unidade Puma da Klabin Fonte: Klabin (2020b)

A unidade fabril tem capacidade de produzir 270 MW de energia elétrica, sendo 120 MW para uso no próprio site e 150 MW de excedente. A quantidade excedente é capaz de abastecer uma cidade de 500 mil habitantes. A energia provém da queima da biomassa gerada no processo de preparação da madeira, queimada em uma caldeira de biomassa, que com base na queima de licor negro, gerado no processo de cozimento de pínus e eucalipto, como também no aproveitamento da totalidade da biomassa que entra na fábrica, obtém esse número expressivo (Martin, 2016).

A fábrica também tem destaque no quesito de consumo de água, utilizando apenas 25 metros cúbicos de água por tonelada de celulose fabricada, defronte a uma média convencional de 30 a 40 metros cúbicos em outras fábricas de celulose. Os motivos do número mais reduzido se devem ao regime de circuito de abastecimento fechado, que viabiliza a reutilização da água de alguns processos em outros e ao uso de um equipamento de lavagem de fibra de celulose mais eficiente (Vieira, 2016a).

O tratamento de esgoto da Unidade Puma é do tipo terciário, com padrões de lançamento que garantem a fácil absorção pelo corpo hídrico (Klabin, 2022b). A Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) é capaz de armazenar e tratar 2700m³/h de efluentes, e é considerado o maior tanque da América Latina (Klabin, 2021a).

No contexto da economia circular, em que a indústria deve observar o resíduo como matéria-prima para novos produtos, a Unidade Puma inicialmente conseguia processar 90% de

(23)

todos os resíduos gerados na planta, que retornava como fertilizantes e corretivos de solo para áreas de plantio e como fibras que eram incorporadas no processo de produção de papel (Vieira, 2016a). No entanto, os dados de 2021 divulgados, demonstram que a capacidade de reciclagem e reutilização aumentou para 99% dos resíduos gerados na produção (Klabin, 2021b).

O empreendimento também possui um ramal ferroviário de 23,5 km de extensão, o qual proporciona a interligação da Unidade Puma com a ferrovia Central do Paraná, percorrendo os municípios de Ponta Grossa e Curitiba (Klabin, 2020c) e em 2021 deu início às operações do terminal ferroviário de contêineres, situado na Unidade em Ortigueira-PR.

O terminal de contêineres está entre os maiores do mundo em capacidade transporte para uma única empresa, cuja capacidade de operação para carregamento mensal é de 125 mil toneladas de celulose e papel inseridos e contêineres. O terminal contribui com a diversidade logística de modais para deslocamento de cargas, acarretando benefícios para aumento da segurança de rodovias, redução e 25% de custos logísticos da Klabin no Paraná e diminui o trânsito de dois a três mil caminhões nas rodovias por mês (Klabin, 2022b).

Em 2019, foi aprovado o Projeto Puma II com investimento de 12,9 bilhões, o maior da história da Klabin. O projeto contempla a ampliação de capacidade no segmento de papéis para embalagem, através da construção de duas máquinas de papel com fabricação de celulose integrada: A Máquina de Papel 27 (MP27), com capacidade de produção de 450 mil toneladas/ano, e Máquina de Papel 28 (MP28), com capacidade de produção de 460 mil toneladas/ano (Klabin, 2020c; Laier, 2021).

O projeto foi dividido em duas fases, sendo a primeira com entrega da MP27 em 2021, e a segunda com a entrega planejada da MP28 para 2023, Figura 2. A MP27 produz o Eukaliner®, um papel kraftliner fabricado exclusivamente com fibra de eucalipto, sendo a Klabin pioneira no mundo com essa inovação, a qual demanda menor área plantada para produzir a mesma quantidade de kraftliner, quando confrontado com papéis comuns de diferentes locais do mundo (Klabin, 2022c).

(24)

Figura 2. Construção da MP28 Fonte: Klabin (2020b)

O Eukaliner® possui alta performance e economiza vapor nas onduladeiras, fator que propicia maior resistência e estrutura mais incorporada. Além disso, o produto tem benefícios quanto à melhor qualidade de impressão e possibilidade de redução de gramatura, mantendo a estrutura das embalagens (Klabin, 2022c). A MP28 será uma máquina de papel-cartão moderna que irá consolidar a Klabin como fabricante global de cartões para alimentos líquidos e industrializados (Klabin, 2022c).

Hoje a Unidade Puma representa a maior fatia de lucro da Klabin dentre as 23 unidades, tendo somente a celulose representado 37% da receita da companhia no terceiro semestre de 2022, cerca de 2.016 bilhões de reais. No negócio de papéis, considerando todas as unidades, o ramp-up do Eukaliner® foram um dos fatores contribuíram com o aumento de 103% acima do terceiro semestre de 2021 (Klabin, 2022d).

A Klabin já percorreu ciclos de expansão consideráveis desde a inauguração do Puma, como a aquisição das Unidades de Manaus (AM), Rio Verde (GO), Suzano (SP), Paulínia (SP) e Franco da Rocha (SP) da International Paper em 2020 (Rosa, 2020). Para os próximos anos, está prevista a construção de uma nova unidade em Piracicaba (SP), o Projeto Figueira, ainda em fase de projeto e com inauguração estimada para o segundo trimestre de 2024 (Moreira, 2022).

(25)

3.2 Avaliação de Impacto Ambiental

A Avalição de Impacto é o processo para aperfeiçoar a tomada de decisão e garantir que as opções disponíveis do empreendimento em questão são ambientalmente e socialmente saudáveis e sustentáveis (Donelly, Dalal-Clayton e Hughes, 1998).

Sánchez (2013) transcreve algumas das principais definições de AIA em seu livro, que estão sintetizadas no Quadro 1 a seguir:

Quadro 1. Principais definições de AIA

Fonte: Adaptado de Sánchez (2020, p. 61-62)

Autor Conceito

Munn (1975, p. 23) Atividade que visa identificar, prever, interpretar e comunicar informações sobre as consequências de uma determinada ação sobre a saúde e o bem-estar humanos.

Horberry (1984, p. 269) Procedimento para encorajar as pessoas encarregadas da tomada de decisões a levar em conta os possíveis efeitos de investimentos e projetos de desenvolvimento sobre a qualidade ambiental e a produtividade dos recursos naturais e um instrumento para coleta e a organização dos dados que os planejadores necessitam para fazer com os projetos de desenvolvimento sejam mais sustentáveis e ambientalmente menos agressivos

Moreira (1992, p. 33) Instrumento de política ambiental, formado por um conjunto de procedimentos, capaz de assegurar, desde o início do processo, que se faça um exame sistemático dos impactos ambientais de uma ação proposta (projeto, programa, plano ou política) e de suas alternativas, e que os resultados sejam apresentados de forma adequada ao público e aos responsáveis pela tomada de decisão, e por eles sejam considerados.

Gilpin, (1995, p.4-5) Apreciação oficial dos prováveis efeitos ambientais de uma política, programa ou projeto; alternativas à propostas; e medidas a serem adotadas para proteger o ambiente.

Glasson, Therivel e Chadwick (1999, p. 4)

Um processo sistemático que examina antecipadamente as consequências ambientais de ações humanas.

Leduc e Raymond (2000, p. 26-27)

Um processo de exame e de negociação do conjunto das consequências de um projeto.

Morgan (2012, p. 5) Avaliação de ações propostas quanto às suas implicações em todos os aspectos do ambiente, do social ao biofísico, antes que sejam tomadas decisões sobre essas ações, e a formulação de respostas apropriadas às questões levantadas na avaliação.

IAIA e Institute of Environmental

Assessment (IEA) (1999, p.2)

Avaliação de impacto, simplesmente definida, é o processo de identificar as consequências futuras de uma ação presente ou proposta.

(26)

A AIA surgiu em 1969 nos Estados Unidos através da implantação da National Environmental Policy Act – NEPA, na qual demandava a elaboração de um documento detalhado analisando os impactos ambientais provenientes de iniciativas do governo americano.

(Sánchez, 2013).

Canadá, Nova Zelândia e Austrália também foram países pioneiros na adoção do sistema de AIA para tomada de grandes decisões governamentais no início da década 1970 (Morgan, 2012).

Apesar do uso em alguns países desse instrumento de proteção, somente em 1972 é que a AIA foi institucionalizada em nível mundial, através da Conferência de Estocolmo organizada pela Organização das Nações Unidas (ONU), por meio da criação do Plano de Ação para o Desenvolvimento Humano. O plano estabeleceu diretrizes para a composição de um relatório de avaliações ambientais e gestão do meio ambiente, muito similar ao AIA norte americano (UN, 1972).

Esse plano também incentivava as agências internacionais de fomento, como o Banco Mundial, a auxiliarem países menos industrializados nos problemas ambientais inseridos dentro dos projetos a serem implantados (UN, 1972).

Duas décadas mais tarde, em 1992, sediada no Rio de Janeiro, a Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, mais conhecida como ECO/92 ou Rio/92, instituiu a AIA como princípio ambiental consubstanciado em sua Declaração Rio 92 (Santos, 2013). O princípio 17, tem como descrição:

A Avaliação de impacto ambiental, como instrumento nacional, deve ser realizada para atividades propostas que provavelmente irão causar impactos negativos significativos no meio ambiente e que esteja sujeita à decisão de uma autoridade nacional competente (UN, 1993, p.6, tradução nossa).

Os princípios tinham o objetivo de estabelecer uma nova e equitativa parceria global através da criação de novos níveis de cooperação entre os países, setores chaves da sociedade e pessoas (UN, 1993) e tiveram uma importância história, visto que a Rio-92 foi uma conferência que contou com grande representatividade, já que teve a presença de 187 Estados, representados, 102 chefes de Estado e governo, 16 agências especializadas, 35 organizações intergovernamentais, 1.800 ONGs e nove mil jornalistas do mundo todo (Campello, 2018).

Muito se evoluiu desde 1969, e a AIA é um dos instrumentos de planejamento ambiental mais aplicados no mundo, Morgan (2012) menciona que em 2012, 191 dos 193 países participantes da ONU continham leis nacionais com referência à AIA ou eram signatários de algum instrumento legal internacional relacionado à AIA.

(27)

A AIA está atrelada à identificação, predição e avaliação dos impactos previsíveis, tanto benéficos como adversos, relativos às atividades de empreendimentos públicos ou privados, incluindo alternativas e medidas mitigadoras. Tem o objetivo de eliminar ou minimizar impactos negativos e otimizar impactos positivos.

Franks, Davis, Bebbington, Ali, Kemp e Scurah (2014) ressaltam que a avaliação do potencial adverso biofísico e social dos impactos em grandes projetos desde o início do ciclo de vida pode prevenir eventuais perdas financeiras ou danos à reputação.

Sánchez (2013b) apresenta um modelo genérico do processo de AIA, o qual abrange três principais etapas, representadas na Figura 1, descritas por Gallardo (2004) como: etapas iniciais, que correspondem a definição do tipo de análise mais apropriada para submissão do projeto; análise detalhada, cujo escopo integra múltiplas atividades até a aprovação do projeto;

e etapa pós-aprovação, que seria o acatamento dos procedimentos após a comprobação da viabilidade ambiental e nos quais a AIA compreende e se associa com outros instrumentos de gestão ambiental.

Como processo de AIA é complexo e moroso, Dias (2001) destaca a necessidade de uma etapa de triagem (screening, na língua inglesa), enquadrada nas etapas iniciais conforme Figura 3. Dessa forma, devem ser expostos à análise detalhada somente projetos que podem gerar impactos ambientais significativos (Gallardo, 2004).

(28)

Figura 3. Processo de AIA Fonte: Sánchez (2013b, p. 160)

A Avaliação de impacto envolve o processo do empreendimento como um todo ao invés de apenas atividades singulares. Quando adotada no nível de projeto, deve ser vista como a parte principal que rege o ciclo de vida do projeto (Donelly, Dalal-Clayton, Hughes, 1998).

Para atingir esses objetivos, a avaliação de impacto precisa ser orientada ao processo, elaborada por uma equipe multidisciplinar e interativa e deve resultar em uma melhor compreensão das conexões entre os sistemas ecológicos, sociais, econômicos e políticos (Donelly et al, 1998).

(29)

Gallardo (2004) ressalta que na etapa após-aprovação, a avaliação da magnitude dos impactos previstos e a eficiência das medidas mitigadoras propostas nas etapas anteriores é desenvolvida pelas relações intervenções-meio.

3.2.1. Avaliação de Impacto Ambiental no Brasil

A década de 30 marcou a abertura das ações governamentais no Brasil sobre políticas ambientais com a promulgação em 1934 do Código das Águas (ainda válido até hoje), Decreto nº 24.643/1934, do Código de Minas, Decreto nº 23.642/1934 e do Código Florestal, Decreto nº 23.793/1934; e em 1938 com a adoção do Código da Pesca, Decreto-lei nº 794/1938 (Lira, 2015).

Ramos (2004) menciona que nesta fase a preocupação dos legisladores incidia sobre a proteção da flora, da fauna e dos recursos naturais, não tendo relação com problemas ambientais e o processo de desenvolvimento econômico. Até então, não era estabelecido nenhum tipo de avaliação prévia dos possíveis impactos ambientais das atividades.

A primeira Avaliação de Impacto no Brasil foi feita em 1972, por conta de uma exigência do Banco Mundial para aprovação de financiamento da Usina Hidrelétrica de Sobradinho (Moreira, 1988; Bramorski, 2019), antes de sua instituição formal por lei.

A história legislativa do EIA no Brasil tem início com o Decreto-lei nº 1.413/1975, o qual introduziu o zoneamento das áreas críticas de poluição e possibilitou uma base legal para o licenciamento ambiental. Antunes (2021) ainda considera esse decreto como um marco temporal, visto que ao dispor sobre o controle da poluição do meio ambiente provocada por atividades industriais, proporcionou uma forte modificação de até então uma sucessão de conceitos jurídicos que eram indiscutíveis.

As empresas que viessem a ser implantadas após a data de expedição do decreto-lei eram obrigadas a possuir antipoluição conforme os critérios previstos e para isso, era indispensável a avaliação prévia dos impactos ambientais provocados pela atividade, ainda que sem um maior rigor metodológico e sem uma imposição legal clara e precisa (Antunes, 2021).

Até mesmo as indústrias que já se encontravam instaladas quando da dição do decreto- lei foram obrigadas a cumprirem as novas exigências de ordem pública ambiental.

Manifestando o rumo soberanista da política ambiental durante o Regime Militar, o Decreto- Lei também previa a competência exclusiva ao Poder Executivo Federal de decretar ou cancelar a suspensão da atividade de estabelecimento industrial cuja prática fosse julgada de alta relevância para desenvolvimento e segurança nacional (Thorstensen e Silva, 2021).

(30)

Sem legitimar o “direito adquirido de poluir”, o decreto foi compreensível a realidades que não poderiam ser mudadas de forma repentina. Antunes (2021) pontua que foi estabelecido um canal de negociação entre governo e indústria, com o objetivo de, em período razoável, mudar situações ambientalmente inadmissíveis, dando como última possibilidade a realocação das empresas que não conseguissem reduzir efetivamente a poluição gerada.

Antunes (2021) exemplifica a realocação das instalações industriais do Curtume Carioca no Rio de Janeiro – RJ como ação resultante do Decreto-lei nº 1.413/1975, que devida a alta densidade populacional da região, não havia mais viabilidade do empreendimento permanecer no local. A realocação da fábrica para a Zona Oeste da cidade foi decidida após uma extensa negociação entre governo, população e indústria.

Em complemento ao Decreto-lei nº 1.413/1975, foi editada a Lei nº 6.803/1980, que representou um marco de grande importância para a AIA, pois foi através dela que foi estabelecido de forma concisa a necessidade da avaliação de impacto ambiental em empreendimentos industriais, em seu art. 10 §3º:

Além dos estudos normalmente exigíveis para o estabelecimento do zoneamento urbano, a aprovação das zonas a que se refere o parágrafo anterior será precedida de estudos especiais de alternativas e de avaliações de impactos, que permitam estabelecer a confiabilidade da solução a ser adotada (Brasil, 1980).

Fiorillo (2013) ressalta que essa lei ainda se distanciava muito do atual instrumento constitucional de prevenção do meio ambiente, EIA/RIMA, já que não previa participação pública, possuía o campo de aplicação restrito às aprovações de estabelecimentos das zonas estritamente industriais, e não compreendia integração com licenciamento ambiental.

A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), Lei nº 6.938/1981 instituiu em seu Art.9º inciso III, a AIA como instrumento de gestão pública ambiental no Brasil (Brasil, 1981).

A PNMA é reconhecida como um marco fundamental na introdução da AIA no Brasil, a qual trouxe a abrangência do instrumento sem limitações ou imposição de condicionantes, podendo alcançar projetos públicos ou privados, urbanos ou rurais, industriais ou não (Dias, 2001).

Após à publicação desta lei, houve a regulamentação da AIA pelos dispositivos – Decreto nº 88.351/83, Decreto nº 99.274/90 e Resolução CONAMA nº 001/1986 – os quais vincularam a AIA ao licenciamento ambiental, subordinando-a a ele. Dessa forma, Dias (2001) ressalta que o alcance do instrumento foi restringido e passou a não incluir mais as políticas, planos e programas no âmbito de aplicação da AIA.

A AIA possibilitou em caráter inédito a participação pública, de forma privilegiada, no processo decisório de empreendimentos potencialmente poluidores e a associação de impactos ambientais de diferentes aspectos (Dias e Sánchez, 2001).

(31)

A Resolução CONAMA nº 001/1986 compõe a AIA nas seguintes etapas tradicionais que devem ser seguidas em qualquer processo:

1) Triagem dos empreendimentos com significativo potencial de degradação do meio ambiente; a definição do escopo do EIA;

2) Composição e análise técnica do EIA;

3) Participação pública, para certificar de que o público diretamente afetado esteja envolvido no processo e exponha suas considerações para que tenham relevância no processo de tomada de decisão; a decisão propriamente dita acerca do projeto;

4) Gestão ambiental do projeto para assegurar a boa implementação das medidas planejadas relativas à redução, eliminação ou compensação dos impactos ambientais negativos; o acompanhamento das atividades realizadas pós-decisão e a documentação de todas essas fases.

A AIA brasileira foi estipulado pela Resolução CONAMA nº 001/1986 como a junção do EIA e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), inseridos dentro do contexto de licenciamento para ambiental com incumbência de aprovação dos órgãos ambientais competentes.

A ata da audiência pública e anexos, a qual se refere à participação pública servirá de base, juntamente com o RIMA, para parecer final do órgão ambiental licenciador quanto à aprovação positiva ou negativa do projeto proposto (Brasil, 1987). Entretanto, a decisão final de deferimento de viabilidade do empreendimento cabe exclusivamente ao órgão ambiental, independentemente da opinião pública.

Apesar da posterior promulgação de outros regulamentos e resoluções no âmbito federal, estadual e municipal, e de algumas particularidades dependendo da jurisdição, o processo de AIA ainda permanece seguindo os elementos principais da Resolução CONAMA nº 001/1986.

Como o licenciamento ambiental no Brasil é primariamente de competência estadual e a AIA está vinculada ao processo deste, a condução do processo de AIA no país é essencialmente feita pelos órgãos estaduais de meio ambiente, exceto nos casos previstos no art. 4º da Resolução CONAMA nº 237/1997, que então compete ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA) o licenciamento (Brasil, 1997).

O EIA é o documento mais significativo de todo o processo de AIA. É com apoio nele que serão definidas as decisões mais importantes relacionadas a viabilidade ambiental de um projeto, demanda de medidas mitigadoras ou compensatórias e o tipo e a abrangência dessas medidas (Sánchez, 2013b).

(32)

Milaré (2021) afirma que o objetivo do EIA é impedir que uma obra ou atividade, sob justificativa econômica ou relacionada aos interesses de seu proponente, aflore posteriormente consequências nefastas ou trágicas para o meio ambiente.

A Constituição Federal de 1988 tornou o EIA um instrumento ambiental constitucional, através da publicação do Art. 225 – inciso IV: “exigir na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade”.

A Resolução CONAMA nº 001/1986 define como conteúdo mínimo do EIA (Brasil, 1986):

I. Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto completa descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações de modo a caracterizar a situação ambiental da área, antes da implantação do projeto, considerando o meio físico, biológico e socioeconômico;

II. Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas;

III. Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos;

IV. Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos positivos e negativos.

As principais etapas do EIA estão ilustradas na Figura 4.

(33)

Figura 4. Principais etapas no planejamento e execução do EIA Fonte: Sánchez (2013b, p. 288)

3.2.2 Avaliação de Impacto Ambiental no Paraná

O primeiro registro de órgão ambiental no Paraná foi em 1973 com a criação da Administração de Recursos Hídricos (ARH) através do Decreto Estadual nº 3209/1973, que possuía competências, entre outras, de estabelecer a política de uso de recursos hídricos e desenvolver estudos e pesquisas relacionadas a tratamento de águas, controle de poluição de cursos d’água e resíduos industriais (Paraná, 1973).

Em 1978 a ARH se transformou na Superintendência dos Recursos Hídricos e Meio Ambiente (SUREHMA) (Paraná, 1978). A SUREHMA era um órgão mais robusto que os

(34)

anteriores, com normas e legislações que transmitiam conceitos de meio ambiente e atividades poluidoras bem definidos, além de pioneirismo nas atividades de avaliação de impactos ambientais, licenciamento ambiental e fiscalização ambiental.

Era atribuído à SUREHMA segundo o Art. 6º do Decreto Estadual nº 857/1979: “avaliar impactos ecológicos decorrentes de obras públicas ou privadas, objetivando estudos e disciplinamentos” e “autorizar a instalação, construção, ampliação, bem como operação ou funcionamento das fontes de poluição definidas neste Regulamento”, entre outras funções (Paraná, 1979). Nessa época se deu início a emissão de licenças ambientais prévias para instalação, funcionamento e ampliação de qualquer atividade considerada poluidora.

O EIA no Paraná foi instituído oficialmente em 1989 através da Constituição Estadual do Paraná e em 1992 foi criado o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), autarquia vinculada à Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA), a qual foi fruto da fusão da SUREHMA com o Instituto de Terras Cartografia e Florestas – ITCF (Paraná, 1992).

O IAP estabeleceu critérios, diretrizes, legislações e procedimentos administrativos de extrema relevância para o processo de AIA, dentre eles se destacam a Resolução CEMA nº 065 de 2008, que ficou vigente até 2019, período que compreendeu o processo de entrega do EIA/RIMA e emissões das licenças ambientais da Unidade Puma da Klabin S.A.

A Resolução CEMA nº 065/2008 traz o rol de atividades sujeitas ao EIA/RIMA conforme tipo, porte e localização do empreendimento (Paraná, 2008), sem grandes mudanças quando comparado ao pela Resolução CONAMA nº 01/1986 (Paraná, 2008).

Em 2019, foi fundado o Instituto Água e Terra, que surgiu através da incorporação do IAP com o Instituto de Terras, Cartografia e Geologia do Paraná (ITCG) pela Lei Estadual nº 20.070/2019 (Paraná, 2019).

No Paraná, atualmente a AIA é regida pela Resolução CEMA nº 107/2020, que substituiu a Resolução CEMA nº 105/2019 que revogou a Resolução CEMA nº 065/208, na qual define os critérios e definições, além do enquadramento das atividades sujeitas ao EIA/RIMA. A AIA insere-se dentro do processo de Licença Prévia, no qual o Termo de Referência do EIA é emitido pelo Instituto Água e Terra após avaliação das características do empreendimento e da sua localização (Paraná, 2020).

O processo é obrigatoriamente sucedido de Audiência Pública (Paraná, 2020) e o EIA/RIMA juntamente o edital do processo são disponibilizados para livre acesso no website do Instituto.

(35)

3.3 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável

Depois da Conferência de Estocolmo, os diálogos sobre sustentabilidade e desenvolvimento sustentável se sucederam em 1992, no Rio de Janeiro com a Rio – 92, que além de resultar na Declaração o do Rio sobre o Meio Ambiente com promoção de seus 27 princípios, também trouxe a Agenda 21. A Agenda 21 proporcionou a sinergia necessária para a mobilização internacional nos anos posteriores para a implantação de um novo padrão de desenvolvimento para o século XXI (Dias, 2016).

No ano de 2000 surgiram os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), Figura 5, através da Declaração do Milênio das Nações Unidas, na qual propunha 8 objetivos e 21 metas, que foram adotados pelos 191 estados membros, incluindo o Brasil (Campello, 2018).

Figura 5. Os oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs) Fonte: ONU, 2019.

Os ODM propunham fazer com que o mundo progredisse rapidamente rumo à eliminação da extrema pobreza e da fome do planeta, fatores que afetavam especialmente as populações mais pobres, dos países menos desenvolvidos (Roma, 2019).

A partir dos ODM, surgiram discussões e negociações que culminaram em setembro de 2015 os ODS, estabelecidos pela Assembleia Geral das Nações Unidas.

Diferente dos ODM, que eram relevantes somente aos países de baixa e média renda, os ODS são aplicáveis a todos os países (IAIA, 2019). Os ODS representam um conjunto de objetivos econômicos, sociais e ambientais mundiais para serem alcançados até 2030, descritos como “a coisa mais próxima de uma estratégia para o planeta Terra nos próximos 15 anos que

(36)

a humanidade já criou” pelo Cambridge Institute for Sustainability Leadership (CISL, 2016, p.

10).

A Agenda 2030 é estruturada em dezessete objetivos, Figura 6, 169 metas, inseridas no Anexo A, e em 231 indicadores únicos globais.

Figura 6. Objetivos do Desenvolvimento Sustentável Fonte: Organização das Nações Unidas [ONU], 2022

Os indicadores globais dos ODS, conhecidos internacionalmente como KPIs (Key Performance Indicators) dos ODS, foram desenvolvidos pela Inter-Agency e pelo Expert Group on SDG Indicators, e aprovados na 48ª sessão da Comissão Estatística das Nações Unidas sediada em março de 2017. Esses indicadores estão disponíveis no site da ONU nos idiomas arábico, chinês, inglês, espanhol, francês e russo (UN, 2022).

Os indicadores possuem refinamento anual, com propostas de mudanças sujeitas à aprovação das Comissões Estatísticas. Apesar de o número total de indicadores listados nos indicadores globais serem 248, trinta e três indicadores se repetem entre dois ou três metas diferentes, resultando em 231 indicadores únicos (UN, 2022).

Silva (2018) menciona o obstáculo na análise dos ODS de forma independente um do outro, pois há uma correlação forte entre eles, além da premissa comum sobre o princípio da indivisibilidade dos direitos humanos, que promove o conceito de que nenhum direito humano pode ser integralmente efetivado sem que os outros direitos também o sejam. Por exemplo, um indivíduo não obterá seu direito à saúde sem o acesso a uma alimentação apropriada (insegurança alimentar).

(37)

Apesar de o ideal ser que o alcance do desenvolvimento sustentável demande o cumprimento de todos os objetivos de forma integrada e complementar ao mesmo tempo, tal complexidade não isenta os países de explorar profundamente cada um dos ODS e de realizar o monitoramento de suas metas (Silva, 2018).

Para a concretização da Agenda 2030, o ODS de número 17 traz a importância das parcerias globais para o desenvolvimento sustentável, no qual é proposto a iniciativa de realização de parcerias multissetoriais que impulsionem e compartilhem conhecimento, expertise, tecnologia e recursos.

Essa parceria é de extrema importância pois alguns dos ODS não conseguem se materializar somente com ações isoladas dos governos, como por exemplo o ODS nº 13 que trata sobre mudanças climáticas, Vieira (2016b, p. 89) salienta que “é consenso que são as empresas, mais do que governos, que terão de protagonizar os esforços de mitigação e adaptação às mudanças climáticas”.

Ainda dentro do contexto de parcerias, a agenda está recebendo bastante atenção do setor privado. CISL (2016) menciona que os ODS representam uma oportunidade única para os negócios por possibilitarem: uma estrutura global com um conjunto visível de resultados endossada pelo governo, sociedade e ramo empresarial; um rumo de longo termo que permite direcionamento para políticas, investimentos e ações inovadoras; além firmar uma linguagem comum para os problemas sociais, ambientais e econômicos que possibilita melhor comunicação, coordenação e colaboração para tomada de ações.

A Klabin é signatária dos ODS desde 2016, a qual após a adesão voluntária incorporou um item dedicado na Política de Sustentabilidade vigente na época:

10. Observar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) e orientar suas ações e seus investimentos para o fortalecimento dessa agenda, agindo de modo afirmativo em favor do desenvolvimento socioambiental positivo dos locais onde atua (Klabin, 2020c).

Em 2020, a companhia acentuou seu comprometimento e lançou os Objetivos Klabin para o Desenvolvimento Sustentável (KODS), baseada na metodologia do SDG Compass. Os KODs representam um conjunto de metas de curto (2021), médio (2025) e longo prazo (2030), organizados em quatro pilares e 23 temas materiais (Klabin, 2021c), possíveis de ver na Figura 7.

(38)

Figura 7. Organização dos KODS Fonte: Klabin (2021c)

Foram aderidos pela companhia os ODS de nº 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13 e 16, com detalhamento de descrição e metas no Anexo B.

3.3.1 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e Avaliação de Impacto Ambiental

Os ODS têm sido direcionadores para os países no lançamento de suas políticas públicas de desenvolvimento, programas e projetos, conforme elencado por IAIA (2019). Como o AIA é instrumento já consolidado em muitos países, ele se encontra em uma posição única para abordar proativamente muitos dos ODS em vários níveis diferentes e incorporar objetivos e metas relevantes nos Planos de Gestão Ambiental e Social (Walmsley e Ofosu-Koranteng, 2017).

A AIA é um instrumento amplamente utilizado por governos no mundo todo para análise de implantação de empreendimentos potencialmente poluidores. Estudos tem indicado

Referências

Documentos relacionados

todas as doenças dos centros nervosos: as myélites chronicas, as paralysias, certas doenças cancerosas, etc.; vendo os hospitaes, as casas de saúde cada vez mais repletas

forficata recém-colhidas foram tratadas com escarificação mecânica, imersão em ácido sulfúrico concentrado durante 5 e 10 minutos, sementes armazenadas na geladeira (3 ± 1

[r]

Partindo deste princípio, e com experiência à frente dos proces- sos formativos na área de Informações e Registros em Saúde, o Labo- ratório de Educação Profissional

ed è una delle cause della permanente ostilità contro il potere da parte dell’opinione pubblica. 2) Oggi non basta più il semplice decentramento amministrativo.

Posteriormente, em Junho de 1999, ingressei no grupo Efacec, onde fui responsável pela elaboração de projetos e propostas para a construção de Estações de Tratamento

A direção dos Serviços Farmacêuticos Hospitalares (SFH) fica sempre a cargo de um farmacêutico. São várias as funções desempenhadas pelo FH no decorrer da sua atividade

A médio/longo prazo será notória a diminuição do número de avarias, devido ao natural ajustamento do plano de manutenções preventivas implementado, a melhoria