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Relatórios de Estágio realizado na Farmácia Confiança e no Hospital Privado de Alfena (Grupo Trofa Saúde)

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Academic year: 2021

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Farmácia Confiança Ermesinde

Sara Patrícia Costa Pimenta

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Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Confiança, Ermesinde

1 de março a 14 de julho de 2018

Sara Patrícia Costa Pimenta

Orientador: Dra. Cláudia Raquel Fernandes Freitas

Tutora FFUP: Professora Doutora Susana Isabel Pereira Casal

Vicente

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Declaração de Integridade

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 12 de setembro de 2018 Sara Patrícia Costa Pimenta

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Agradecimentos

Ao terminar mais uma etapa crucial da minha vida, e orgulhosa do todo o meu percurso para chegar aqui, é tempo de olhar para trás e agradecer a todos aqueles que contribuíram para uma das melhores fases vividas.

Em primeiro lugar gostaria de deixar o meu sincero e profundo agradecimento à Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, bem como a todos os docentes e à Comissão de Estágios, por todos os dias prezarem por um ensino de excelência, elevando o nome da nossa faculdade e contribuindo para a formação de excelentes profissionais.

À minha orientadora, Professora Doutora Susana Casal, deixo também o meu maior agradecimento por toda a disponibilidade demonstrada durante o estágio, e pelo incansável apoio e acompanhamento.

No que diz respeito ao estágio na Farmácia Confiança agradeço, do fundo do meu coração, a toda a equipa sem qualquer exceção, por todo o carinho e à vontade que me proporcionaram no decorrer do meu estágio.

À Dra. Raquel Freitas, diretora técnica da farmácia e minha orientadora, agradeço a oportunidade e a forma como me acolheu na sua farmácia. A sua boa disposição, compreensão e vontade de ensinar proporcionou-me um estágio bastante enriquecedor quer a nível profissional, por enriquecimento técnico e científico, quer a nível pessoal.

À Dra. Alexandra, não posso deixar de agradecer por desde o primeiro dia me fazer sentir em casa, com todas as brincadeiras a que me habituou todos os dias e por tudo o que me ensinou acerca da gestão de uma farmácia.

Pela simpatia constante, boa disposição, carinho, pela atenção que sempre me dispensou e confiança em mim depositada, agradeço à Dra. Elsa.

A todos os restantes colaboradores da Farmácia Confiança agradeço por marcarem cada um à sua maneira a minha vida e por fazerem de mim uma pessoa melhor. Agradeço à Catarina Marques por todo o constante apoio e por todas as nossas conversas, ao António Pereira, por puxar por mim todos os dias incutindo a vontade de querer saber sempre mais, à Lara Sousa, por todos os conselhos e ensinamentos, à Patrícia, pela sua doçura característica e por me ter acompanhado de perto todos os dias, à Fernanda Nogueira, pela maturidade e experiência transmitidas e finalmente mas não menos importante à Sónia Guimarães, por tudo o que me ensinou, por me acolher e me ambientar à Farmácia explicando a sua dinâmica e pela amizade demonstrada.

Um dos maiores agradecimentos vai para todos os amigos e colegas de curso, por todos os momentos que partilhamos e por todo o apoio nos momentos mais difíceis, por sempre me guiarem no melhor caminho. Aqui não posso deixar de agradecer à Catarina Nogueira, amiga que levo comigo desde o estágio e que me ajudou em tudo, sem dúvida uma das melhores pessoas que conheci durante este meu percurso.

Por fim agradecer aos meus familiares, em especial aos meus pais, que sempre foram o meu pilar durante estes 5 anos, acreditaram em mim, depositando toda a sua confiança e apoiando todas as minhas decisões.

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Resumo

A farmácia comunitária constitui uma das diversas áreas de atuação profissional na atividade farmacêutica. O espetro de atividades exercidas pelo farmacêutico comunitário atualmente é bastante amplo. Cabe a este promover a saúde da população e apelar ao uso responsável do medicamento, centrando sempre toda a sua atenção no utente.

O Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas (MICF), oferece uma vasta formação nas ciências básicas e nas ciências farmacêuticas, sendo lecionado com um nível de excelência característico. O culminar de 5 anos de MICF corresponde a um período de estágio curricular em farmácia comunitária. É neste momento que ocorre o primeiro contato com a realidade profissional, no qual o estudante é incluído numa equipa multidisciplinar passando pelas diversas áreas da farmácia comunitária e onde tem oportunidade de colocar em prática todos os conhecimentos adquiridos ao longo do curso. O estágio curricular oferece a melhor oportunidade para estabelecer comunicação com os utentes e outros profissionais de saúde, estimulando a aprendizagem diária crucial para um bom desempenho farmacêutico.

O período de estágio foi essencial na minha formação, pois deu-me oportunidade de conhecer a realidade de uma farmácia comunitária, a forma como se deve gerir uma farmácia e permitiu o meu contato com a realidade profissional que o futuro me reserva, contribuindo também para o meu crescimento a nível pessoal, com aumento da autonomia e sentido de responsabilidade.

No presente relatório, relativo aos 4 meses e meio passados na Farmácia Confiança sob a orientação da Dra. Raquel Freitas, encontra-se descrito todo o meu percurso durante este tempo. O relatório encontra-se dividido em duas partes, uma primeira na qual descrevo as atividades realizadas na farmácia e, por fim, uma segunda parte na qual estão referidos os projetos desenvolvidos.

A elaboração destes três projetos contribuiu para complementar a minha formação, sendo focados temas como Doenças Cardiovasculares, Proteção Solar e Fotoenvelhecimento e ainda Polimedicação e Adesão à Terapêutica. Estes projetos foram levados a cabo no sentido de sensibilizar os utentes para problemas de saúde que cada vez mais afetam a população Portuguesa, tentando incutir alterações no estilo de vida promovendo assim a melhoria da saúde pública.

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Índice

Declaração de Integridade ... iii

Agradecimentos... iv Resumo ... v Índice ... vi Índice de tabelas ... ix Índice de figuras ... ix Índice de anexos ... ix Lista de abreviaturas ... x

Parte 1 - Atividades desenvolvidas na Farmácia Confiança 1) Introdução ... 1

2) Farmácia Confiança ... 2

2.1) Localização e Horário de Funcionamento ... 2

2.2) Recursos Humanos ... 2 2.3) Instalações e equipamentos ... 3 2.3.1) Espaço Exterior ... 3 2.3.2) Espaço Interior ... 3 2.4) Sistema Informático ... 5 2.5) Comunicação e Divulgação/Marketing ... 5 2.6) Utentes da FC ... 5

3) Gestão em Farmácia Comunitária ... 6

3.1) Gestão de stocks ... 6

3.2) Encomendas ... 7

3.2.1) Realização de encomendas ... 7

3.2.2) Receção e conferência da encomenda/Marcação de preços ... 8

3.3) Armazenamento ... 9

3.4) Controlo dos prazos de validade... 9

3.5) Devoluções ... 10

4) Dispensa de medicamentos e produtos de saúde ... 10

4.1) Medicamentos Sujeitos a Receita Médica ... 11

4.1.1) Prescrição médica ... 11

4.1.2) Validação, Conferência e Verificação do Receituário ... 12

4.1.3) Sistemas de saúde, subsistemas e comparticipações ... 12

4.1.4) Faturação ... 13

4.1.5) Medicamentos psicotrópicos e estupefacientes ... 13

4.2) Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica ... 14

4.2.1) Automedicação e Aconselhamento Farmacêutico... 14

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4.4) Medicamentos e produtos veterinários ... 15

4.5) Produtos Dermocosméticos e de Higiene Corporal ... 16

4.6) Suplementos alimentares e Nutrição Específica ... 16

4.7) Produtos de Puericultura ... 17

4.8) Dispositivos médicos ... 17

5) Serviços prestados na Farmácia Confiança ... 17

5.1) Determinação de parâmetros bioquímicos e fisiológicos ... 17

5.1.1) Determinação da Pressão Arterial ... 18

5.1.2) Testes bioquímicos rápidos ... 18

5.1.3) Medição de peso, altura, IMC e percentagem de gordura ... 18

5.1.4) Teste de gravidez ... 18

6) ValorMED ... 19

7) Formação contínua... 19

Parte 2 - Projetos desenvolvidos ao longo do estágio Projeto 1: Doenças Cardiovasculares: Prevenção de risco cardiovascular ... 20

1) Enquadramento ... 20

2) Doenças cardiovasculares ... 20

3) Fatores de risco cardiovascular ... 21

3.1) Hipertensão arterial ... 21 3.1.1) Medidas de prevenção ... 21 3.2) Diabetes ... 22 3.2.1) Medidas de prevenção ... 22 3.3) Dislipidemias ... 23 3.3.1) Medidas de prevenção ... 23

3.4) Excesso de peso e obesidade ... 23

3.4.1) Medidas de prevenção ... 24

3.5) Tabagismo ... 24

3.6) Uso abusivo de álcool ... 25

3.7) Genética ... 25

3.8) Idade e sexo ... 25

4) Avaliação do risco cardiovascular ... 26

4.1) A quem se deve calcular o risco cardiovascular? ... 26

4.2) Como se calcula o risco cardiovascular ... 26

4.2.1) Escala SCORE (Systematic Coronary Risk Evaluation) ... 26

4.2.2) Limitações da escala SCORE ... 27

5) Projeto: Rastreio Cardiovascular na Farmácia Confiança ... 27

5.1) Questionário ... 28

5.2) Conclusão ... 29

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1) Enquadramento ... 29

2) A pele ... 29

2.1) Estrutura e função ... 29

3) Exposição solar e efeitos na pele ... 31

3.1) Fotótipo da pele... 31

3.2) Fotoenvelhecimento ... 31

3.2.1) Radiação solar ... 32

3.2.2) Alterações na pele envelhecida ... 32

3.3) Medidas de prevenção ... 33 3.3.1) Fotoproteção ... 33 3.3.2) Antioxidantes ... 34 3.3.2.1) Vitaminas... 34 3.3.2.2) Carotenoides ... 34 3.3.2.3) Polifenóis ... 35 3.3.2.4) Selénio ... 35 3.3.2.5) Coenzima Q10 ... 35 3.4) Tratamento do fotoenvelhecimento... 36 3.4.1) Laser e Radiofrequência ... 36 3.4.2) Peelings ... 36 3.4.3) Técnicas de Preenchimento ... 36 3.4.4) Produtos cosméticos ... 36

4) Projeto: Aconselhamento sobre Fotoenvelhecimento e Cuidados com a pele ... 37

4.1 Relatos de aconselhamentos realizados ... 37

4.2 Conclusão ... 38

Projeto 3: Polimedicação no idoso – Guia do utente ... 38

1) Enquadramento ... 38

2) Principais alterações fisiológicas no idoso ... 39

3) Adesão à terapêutica ... 39

4) Projeto: criação de um guia do utente ... 39

4.2 Conclusão ... 40

Conclusão ... 41

Bibliografia ... 42

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ix

Índice de tabelas

Tabela 1 - Cronograma das atividades desenvolvidas no estágio ... 1

Tabela 2 - Fotótipo de pele - escala Fitzpatrick ... 31

Índice de figuras

Figura 1: Exemplo de uma tabela SCORE ... 27

Figura 2: Algoritmo clínico: risco CV ... 27

Índice de anexos

Anexo I - Espaço exterior da Farmácia Confiança ... 49

Anexo II – Zona de atendimento da Farmácia Confiança ... 49

Anexo III - Gabinete da direção técnica e de atendimento privado ... 50

Anexo IV - Zona de receção de encomendas ... 50

Anexo V - Laboratório ... 50

Anexo VI - Armazém ... 50

Anexo VII - Flyers para promoção de atividades realizadas na FC ... 51

Anexo VIII - Cartaz de sensibilização sobre Sarampo e Vacinação ... 52

Anexo IX - Inquérito realizado aos utentes no dia do rastreio cardiovascular ... 52

Anexo X - Resultados do Inquérito realizado aos utentes participantes no rastreio ... 53

Anexo XI – Panfleto sobre doenças cardiovasculares ... 54

Anexo XII – Panfleto sobre Cuidados com a pela e Fotoenvelhecimento ... 55

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Lista de abreviaturas

ANF – Associação Nacional de Farmácias ARS - Administração Regional de Saúde AVC – Acidente Vascular Cerebral BPF – Boas Práticas Farmacêuticas CNP – Código Nacional do Produto

DCI – Denominação Comum Internacional DCV – Doenças Cardiovasculares DM – Dispositivo Médico DT – Diretora Técnica FC – Farmácia Confiança GH – Grupo Homogéneo MG – Medicamento genérico MM – Medicamentos Manipulados

MNSRM – Medicamento Não Sujeito a Receita Médica MSRM – Medicamento Sujeito a Receita Médica MUV – Medicamento de Uso Veterinário

OMS – Organização Mundial de Saúde OTC – Over-the counters

PA- Pressão Arterial

PCHC – Produtos Cosméticos e de Higiene Corporal PIC – Preço Inscrito na Cartonagem

PS – Profissional de Saúde PrS – Protetor Solar PV – Prazo de Validade

PVF – Preço de venda à farmácia PVP – Preço de venda ao Público REP – Receita em papel

ROS – Espécies Reativas de Oxigénio RSP – Receitas sem papel

SI – Sistema Informático

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1) Introdução

O papel do farmacêutico na área da Saúde tem vindo a revelar-se determinante nas últimas décadas. Apresentando uma posição privilegiada, o farmacêutico comunitário contribui em áreas como administração de medicamentos, determinação de parâmetros, identificação de pessoas em risco, deteção precoce de diversas doenças e ainda promoção de estilos de vida saudáveis.

A farmácia comunitária é uma das portas de entrada no Sistema de Saúde, sendo muitas vezes a primeira opção a quem os utentes recorrem, dada a facilidade de acesso, a confiança depositada pelos doentes na prestação de serviços e cuidados de saúde por parte do farmacêutico e a relação de proximidade utente/farmacêutico [1].

O culminar dos meus 5 anos de curso no MICF, Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, dá-se com o estágio profissionalizante em farmácia comunitária durante cerca de quatro meses e meio. Esta unidade curricular equivalente a 30 créditos, é vital para a consolidação de conhecimentos e aprendizagem, bem como para a preparação de um futuro próspero como profissional de saúde responsável. Desde o dia 1 de março até ao dia 14 de julho, estagiei na Farmácia Confiança (FC) em Ermesinde, sendo que no presente relatório descrevo todas as atividades desenvolvidas durante este período. A orientação do meu estágio foi assumida pela Dra. Cláudia Raquel Fernandes Freitas, diretora técnica e proprietária da FC, com a qual acordei o seguinte horário de trabalho: das 9h às 13h e das 15h às 19h. Durante todo o meu percurso na FC foi estabelecida uma relação de profissionalismo, confiança e flexibilidade que permitiu criar um bom ambiente de trabalho possibilitando também ajustes a nível de horário, quando eu precisasse ou quando as necessidades da farmácia os determinassem.

No cronograma a seguir representado (tabela 1), pode encontrar-se de forma resumida as atividades que desenvolvi ao longo do estágio na FC.

Tabela 1 - Cronograma das atividades desenvolvidas no estágio

Atividades desenvolvidas

Meses

Março Abril Maio Junho Julho Ambientação e contextualização da dinâmica da farmácia Receção e realização de encomendas Serviços farmacêuticos Atendimento ao balcão Formações

Receituário e gestão da farmácia Projeto I

Projeto II Projeto III

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2) Farmácia Confiança

2.1) Localização e Horário de Funcionamento

A Farmácia Confiança fica localizada na Rua Rodrigues de Freitas nº 1400, em Ermesinde. A sua localização estratégica é bastante privilegiada, uma vez que se encontra em frente à estação ferroviária, tirando assim proveito do elevado fluxo populacional. Encontra-se bem no centro da cidade e com facilidade de acessos. É bastante conhecida entre os habitantes na medida em que é uma das farmácias mais antigas da cidade, que acompanhou toda a evolução e reestruturação do centro de Ermesinde. O facto do meio envolvente da farmácia ser maioritariamente habitacional e comercial garante uma elevada afluência de utentes à mesma.

A FC encontra-se em funcionamento de segunda a sábado, com um horário de funcionamento das 9h às 20h sem qualquer interrupção, estando geralmente aberta aos feriados segundo o normal horário de funcionamento.

De forma excecional, a FC encontra-se aberta fora do horário estabelecido quando cumpre turnos de serviço estipulados pela Associação Nacional de Farmácias (ANF) juntamente com Administração Regional de Saúde (ARS). Em dias de serviço a farmácia encontra-se aberta ao público durante toda a noite, sendo que no dia seguinte mantem o seu horário de funcionamento normal até à hora de fecho. O atendimento é realizado através um intercomunicador e a entrega dos medicamentos é realizada através de um postigo, para deste modo aumentar a segurança do atendimento noturno. Durante o estágio fiz maioritariamente o horário das 9h às 13h e das 15h às 19h de Segunda a Sexta.

2.2) Recursos Humanos

Segundo o Decreto-Lei nº 307/2017, a direção técnica de uma farmácia terá de ser sempre assegurada por um farmacêutico, que deve promover a eficácia e qualidade dos serviços prestados aos utentes [2]. A FC é constituída por um conjunto de excelentes profissionais, cada um com funções e responsabilidades específicas, permitindo assim assegurar o bom funcionamento e a qualidade de atendimento e prestação de serviços na farmácia. A equipa técnica é então constituída por 9 elementos:

 Dra. Raquel Freitas – Diretora Técnica (DT)  Dra. Alexandra Freitas – Gestora/Ajudante Técnica  Dra. Elsa Moreira – Farmacêutica Adjunta

 Fernanda Nogueira – Ajudante Técnica  Patrícia Silva - Técnica Superior de Farmácia  Lara Sousa - Técnica Superior de Farmácia  Catarina Marques – Técnica Superior de Farmácia  Ricardo Freitas – Responsável pela Farmácia Online  Sónia Guimarães – Auxiliar de limpeza

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2.3) Instalações e equipamentos

Existem determinadas especificações que uma farmácia comunitária deve respeitar no que diz respeito às instalações, quer a nível de espaço exterior como interior. De forma a cumprir o estabelecido nas Boas Práticas Farmacêuticas (BPF) para farmácia comunitária, a FC mostra-se um espaço adequado que garante a mostra-segurança e conmostra-servação dos mostra-seus produtos bem como a privacidade dos utentes e dos próprios profissionais de saúde (PS) [3].

2.3.1) Espaço Exterior

No espaço exterior da FC (anexo I) pode ser observada uma cruz verde luminosa, identificativa de uma farmácia. O respetivo nome da farmácia encontra-se com elevado destaque, assim como o nome da diretora técnica. Afixado na porta de entrada, pode ser encontrado o horário de funcionamento da farmácia bem como o mapa dos serviços da farmácia do município. A FC possui duas montras de elevadas dimensões nas quais são promovidos diversos produtos de diferentes marcas. Localizada no rés-do-chão de um edifício habitacional, possibilita assim uma boa acessibilidade a todos os utentes, incluindo os que apresentam mobilidade reduzida.

2.3.2) Espaço Interior

Constituída por um único piso, a FC encontra-se dividida em diferentes secções, todas elas interligadas e em perfeita harmonia. No interior da farmácia podem ser encontradas 8 zonas principais: zona de atendimento ao público, gabinete da direção técnica e atendimento privado, escritório, zona de receção de encomendas, armazém, laboratório, sala com cacifos e zonas sanitárias.

A zona de atendimento ao público (anexo II) é bastante ampla e espaçosa, apresentando uma gôndola central e lineares em toda a sua extensão que permitem atrair os clientes para os diversos produtos comercializados na farmácia. Estão disponíveis aos utentes 6 balcões de atendimento, sendo que cada um dos postos encontra-se devidamente equipado com um computador, impressora, leitor de código de barras, leitores de cartões de cidadão, caixa registadora e terminal de multibanco. Ainda nesta zona podemos encontrar, para serviço autónomo dos utentes, uma balança e um medidor de pressão arterial (PA) e um espaço infantil onde as crianças podem brincar. Os utentes usufruem de um sistema de senhas e de um espaço com cadeiras onde podem esperar pela sua vez. Para facilitar o atendimento, prestando assim um serviço rápido e de qualidade, atrás dos balcões existem dois armários de pequenas dimensões nos quais ficam guardados alguns medicamentos Over-the-counters (OTC) mais vendidos na farmácia. Posicionadas mais atrás, encontram-se as gavetas de dispensação rápida, que se estão organizadas segundo a forma farmacêutica, por ordem alfabética, havendo separação de medicamentos de marca e medicamentos genéricos (MG).

Imediatamente a seguir a esta zona de atendimento temos o Gabinete de Direção Técnica e de atendimento privado (anexo III). Neste gabinete ocorrem reuniões com entidades externas e com delegados de informação médica bem como todas as formações contínuas ministradas na farmácia. É neste local que a DT trata de todos os assuntos relacionados com a gestão da farmácia. A prestação de serviços farmacêuticos aos utentes, como medição da PA,

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determinação da glicémia, colesterol total e triglicerídeos também é realizada neste espaço, assim como todo o tipo de atendimentos que necessite de uma maior privacidade.

Uma outra secção é a zona de receção de encomendas (anexo IV) situada na parte traseira da farmácia. Esta região, de acesso exclusivo a pessoal autorizado, encontra-se devidamente equipada com um computador, um leitor de código de barras, um balcão para a colocação da encomenda, uma impressora e uma impressora de código de barras. Neste espaço decorrem diversas atividades como receção de encomendas, devoluções, revisão de stock, verificação de validades, entre outras.

A fazer ligação entre esta zona e as restantes zonas da farmácia temos um corredor central que garante a dinâmica e organização da farmácia. Neste corredor podemos encontrar um balcão e um frigorífico, no qual ficam armazenados todos os produtos termolábeis. É também nesta região que podemos encontrar armazenados os produtos fitoterapêuticos, alguns produtos de higiene íntima e oral e também medicamentos veterinários. Toda a documentação como é exemplo, notas de crédito, notas de encomenda, faturas relativas ao ano atual fica armazenada em capas numas prateleiras situadas por cima do balcão. Medicamentos psicotrópicos podem ser encontrados no corredor central, guardados num armário específico, evitando assim o acesso dos utentes aos mesmos, limitando tentativas de roubo.

A FC dispõe de um laboratório (anexo V) devidamente equipado de acordo com o estipulado na Portaria n.º 594/2004, de 2 de junho [4]. É um espaço bem iluminado, com condições de temperatura e humidade adequadas à preparação de manipulados e superfícies de fácil limpeza e desinfeção. Os instrumentos para a preparação dos manipulados bem como as matérias primas encontram-se arrumadas em armários fechados. Toda a documentação relativa aos manipulados como fichas de preparação e Formulário Galénico Português encontram-se devidamente arrumados também no laboratório.

O armazém (anexo VI) é o local onde são armazenadas as grandes quantidades de produtos que não tem lugar nas gavetas ou local de exposição. Na FC a organização é um dos aspetos mais prezados, motivo pelo qual o armazém se apresenta dividido segundo áreas especificas de arrumação. Os medicamentos encontram-se organizados por forma farmacêutica, tendo em conta a ordem alfabética e os prazos de validade. A arrumação é sempre realizada segundo o princípio FEFO (first expired, first out). Os MG encontram-se separados dos medicamentos de marca. São ainda armazenados no armazém produtos de higiene, emagrecimento, leites e papas de bebé, produtos fitoterapêuticos e produtos de beleza. O armazém encontra-se equipado com um balcão, um computador e uma impressora. Por vezes ocorre neste espaço reuniões com alguns delegados de informação médica e realiza-se também algumas encomendas. A confirmação do receituário e faturação tem também lugar a nível deste espaço.

Existem ainda espaços como zonas sanitárias femininas e masculinas incluindo um balneário, uma sala onde os profissionais de saúde podem descansar durante a sua hora de pausa e onde estão disponíveis cacifos para guardar os pertences, e ainda um escritório onde geralmente se realiza a contabilidade da farmácia e onde se encontra o cofre.

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2.4) Sistema Informático

O sistema informático (SI) utilizado na FC é o Sifarma 2000®, desenvolvido pela Glintt, que permite aos PS realizar uma série de funcionalidades contribuindo para um melhor funcionamento e gestão da farmácia.

Com este sistema a gestão diária da farmácia, gestão de stocks e o processo de atendimento ficam claramente facilitados. A nível do armazém todos os processos envolvem o sistema nomeadamente, a gestão e receção de encomendas, controlo dos prazos de validade, controlo de stock, devoluções, controlo dos preços dos produtos. No que diz respeito ao atendimento, este sistema permite efetuar o processamento das receitas, fazer o acompanhamento do doente e consultar informações científicas constantemente atualizadas sobre o medicamento, interações, efeitos adversos, posologia e indicações terapêuticas [5].

2.5) Comunicação e Divulgação/Marketing

Na FC a comunicação dentro da equipa de profissionais é geralmente realizada pessoa a pessoa, tentando sempre que todos os profissionais de saúde estejam a par de tudo o que acontece na farmácia. O que acontece por vezes é que em tempo real, e dada a elevada afluência à farmácia, nem sempre é fácil manter a comunicação. Para contornar este obstáculo existe um placar de acesso limitado aos colaboradores no qual são colocadas informações relevantes e recados ou lembretes.

No que diz respeito à comunicação com os utentes, esta é feita pessoalmente durante o atendimento, tornando-o mais personalizado, mas também através da página do Facebook que conta com cerca de 1200 seguidores. Nesta página são divulgadas promoções, atividades realizadas na farmácia e também são promovidas ações de sensibilização dos utentes para problemáticas atuais.

Durante o período de estágio tive a oportunidade de participar ativamente nas divulgações utilizando a página do Facebook, realizando flyers (anexo VII) para promover a participação dos utentes em atividades da farmácia e também realizando cartazes de sensibilização (anexo VIII).

2.6) Utentes da FC

Na FC todos os dias são atendidos cerca de 300 utentes pertencentes a uma comunidade bastante diversificada, dada a sua localização. Uma boa parte dos utentes são residentes em Ermesinde, e sendo a FC uma das mais antigas da região, alguns utentes referem ser já clientes da farmácia há muito tempo, havendo assim uma relação de fidelidade estabelecida entre os utentes e a farmácia.

Por outro lado, pelo facto de estar localizada junto à estação ferroviária, existem muitos utentes que visitam a farmácia, por necessidade imediata, não sendo clientes habituais. Isto faz com que todos os dias os PS assumam o desafio de estabelecer fidelização com estes utentes. O facto de ser uma farmácia moderna a nível de espaços internos e externos tem atraído para a

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FC uma variedade de novos clientes, um público mais jovem e com grau de exigência mais elevado.

A maioria dos clientes que frequentam a FC diariamente pertencem à faixa etária da terceira idade, muitos deles doentes crónicos polimedicados, predominantemente do sexo feminino. Existe uma relação de extrema confiança entre a farmácia e os utentes, isto faz com que alguns dos utentes tenham ao seu dispor uma ficha aberta, que facilita o crédito aos clientes mais antigos, havendo uma regularização de todos os pagamentos, geralmente no final de cada mês.

3) Gestão em Farmácia Comunitária

Segundo dados reportados pela ANF, o número de farmácias em insolvência quase que triplicou desde 2012, passando de 241 (8,3% do total) para 630 (21,4% do total) em 2017. Esta situação tem vindo a agravar-se de ano para ano, mas em 2017 atingiu proporções agudas, sendo que 630 farmácias de um total de 2943 se encontram em situação financeira desfavorável. Em 2018, cerca de um quinto das farmácias portuguesas entrou em situação de crise económica, enfrentando não só processos de insolvência como também de penhora, não havendo qualquer garantia de sobrevivência [6]. Esta situação faz com que a gestão de uma farmácia seja um desafio que faz parte da vida dos farmacêuticos, tendo estes últimos a necessidade de desenvolver competências de gestores no sentido de aumentar a rentabilidade do seu negócio, valorizando sempre a componente ética da profissão [7].

3.1) Gestão de stocks

Garantir uma boa gestão de stock na farmácia comunitária é essencial para poder responder de forma rápida e adequada às necessidades dos utentes. A gestão de stocks permite à farmácia apresentar as quantidades de um determinado medicamento necessárias para responder à procura do doente, evitando assim situações como rutura de stock e armazenamento de produtos sem rotatividade. Deste modo gerir o stock permite atingir o equilíbrio financeiro e gerir de forma racional os medicamentos e o capital disponíveis.

A gestão de stocks é condicionada por vários fatores como o perfil de vendas, hábitos da prescrição médica, sazonalidade de alguns produtos, fundo de maneio da farmácia, bonificações dos armazenistas e promoções de laboratórios, entre outros.

Na FC todos os produtos durante o seu circuito, desde a sua compra até à sua venda, passam pelo SI de forma a garantir que o stock informático é o mais próximo possível do stock real. Para cada um dos produtos existe um stock mínimo e um máximo no SI, estipulado pela farmácia, tendo em conta a rotatividade do produto. Quando o stock mínimo é atingido gera-se automaticamente uma encomenda que será depois avaliada e validada pelo responsável de compras, sendo posteriormente enviada para o fornecedor. Estes valores de stock mínimo e máximo devem ser revistos periodicamente, assim como deve ser realizada uma verificação física de stock, para ajustar os valores informáticos sempre que possível. Na FC esta verificação ocorre todos os meses, sendo que cada um dos PS possui uma lista de produtos e verifica as

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quantidades existentes na farmácia comparando com o stock informático. Durante o período de estágio tive a oportunidade de acompanhar os PS nesta tarefa, seguindo todo o processo.

3.2) Encomendas

3.2.1) Realização de encomendas

A aquisição de medicamentos e outros produtos de saúde numa farmácia é feita diariamente e influenciada por vários fatores como histórico de vendas, níveis de stock entre outros. Os fornecedores são normalmente distribuidores grossistas ou laboratórios que enviam os seus produtos diretamente ou através de um armazenista. Na escolha dos fornecedores vigoram aspetos como a capacidade de rapidez da resposta (principalmente em situações de emergência), cumprimento das datas e horas de entrega das encomendas, diversidade de produtos em stock, facilidade de devoluções e condições de pagamento, descontos e bonificações. Na FC os principais distribuidores grossistas são: Alliance Healthcare®, Cooprofar® e OCP Portugal®.

As encomendas podem ser feitas via SI pelo Sifarma ou então em situações de maior urgência, no caso de pedidos pontuais ou quando o produto nunca esteve disponível na farmácia por telefone. Existem assim três tipos de encomendas aos distribuidores grossitas: diárias, instantâneas e as do tipo via verde.

Na FC realizam-se duas encomendas diárias a cada um dos distribuidores, uma delas por volta do meio dia e outra ao final do dia. Este tipo de encomendas tem por base um stock mínimo de cada produto estabelecido no SI na Ficha do Produto. Quando o stock mínimo é atingido o produto é inserido na encomenda diária de imediato. O sistema insere também na encomenda todos os produtos vendidos após a última encomenda realizada. Esta encomenda antes de ser enviada ao fornecedor é avaliada pelo colaborador responsável, sendo passível de alterações caso sejam convenientes.

As encomendas instantâneas surgem normalmente aquando do atendimento, quando há urgência de um determinado produto e é realizada via telefone diretamente com o fornecedor.

Existe uma outra modalidade de encomenda, do tipo via verde, que se realiza no SI para produtos que normalmente se encontram esgotados no fornecedor. Neste tipo de encomendas existe um limite de produtos que se pode encomendar e depende da disponibilidade dos diferentes fornecedores.

Por último existe uma quarta modalidade de encomendas, que se realiza para produtos sazonais, com elevada rotatividade ou marcas com que a farmácia trabalhe e que são realizadas de forma presencial ou via telefone com os delegados de informação médica dos próprios laboratórios. Neste tipo de encomendas existem condições comerciais mais favoráveis, dadas as grandes quantidades e o facto de não existir margem de lucro para o grossista. Nestas encomendas há a formalização das mesmas por uma nota de encomenda cujo duplicado fica na farmácia para posterior confirmação aquando da receção, sendo necessária a criação posterior de uma encomenda manual em papel para poder fazer a sua receção via SI.

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3.2.2) Receção e conferência da encomenda/Marcação de preços

A receção da encomenda começa com a chegada dos produtos em contentores próprios, designados de “banheiras” ou em caixas de cartão, devidamente acompanhada da sua fatura/guia de remessa. Nestes documentos aparecem os seguintes dados: número da fatura, identificação do fornecedor e dos produtos, com o respetivo Código Nacional do Produto (CNP), número de unidades, valor total a faturar, valor total de Imposto de Valor Acrescentado (IVA), Preço de Venda ao Armazenista (PVA), Preço de Venda à Farmácia (PVF), Preço de Venda ao Público (PVP), descontos ou bonificações. Os produtos que estão em falta na encomenda vem também referenciados nestes documentos com a respetiva justificação da falta.

Os medicamentos psicotrópicos e estupefacientes vêm sempre acompanhados de documentação específica da sua requisição, sendo o original arquivado na farmácia por um período de 3 anos e o duplicado devolvido ao fornecedor devidamente assinado pela DT e carimbado.

Na FC em primeiro lugar procede-se à confirmação se a encomenda pertence mesmo à farmácia e se não ocorreu um possível engano na distribuição. Seguidamente os produtos que necessitam de ser armazenados no frio, que vem em contentores com gelo, devem ser imediatamente rececionados e guardados.

Para fazer a receção da encomenda utiliza-se o Sifarma 2000®, acedendo ao menu específico, sendo que primeiro identifica-se a fatura e seguidamente com a ajuda do leitor ótico ou manualmente são inseridos todos os produtos pelo seu CNP. Relativamente aos Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM) é sempre verificado o PVP marcado na embalagem, verificando se corresponde ao valor faturado. Quando há uma alteração no PVP de um medicamento, ou seja, o produto passará a ser comercializado com um preço diferente do atualmente praticado na farmácia, este é armazenado atrás do stock existente com um elástico e um papel a indicar mudança de preço. Aquando da entrada da encomenda verifica-se também se a quantidade de todos os produtos é a correta e o prazo de validade (PV) de cada um deles. Se o prazo de validade do produto da encomenda for inferior ao que consta no SI ou se o stock estiver a zero deve proceder-se à sua alteração, sendo que no SI coloca-se sempre um prazo que não é o real, são retirados 3 meses ao mesmo para deste modo controlar melhor a aproximação ao PV e as devoluções dos produtos. Os Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM) após serem rececionados necessitam de ser etiquetados. O PVP destes medicamentos é determinado tendo em conta o PVF, após ser calculada a margem de comercialização de cada um dos produtos. Aquando da receção da encomenda alguns produtos podem aparecer com stock negativo o que indica que esse produto já se encontra pago, sendo colocado numa prateleira específica. Os produtos encomendados, mas que não foram rececionados pela farmácia são solicitados a outro armazenista, numa nova encomenda.

Após este processo a fatura é corrigida completando-se as informações do PVF e estabelecendo as margens dos produtos sem preço inscrito na cartonagem (PIC). Por fim é impresso no verso do duplicado da fatura o registo de receção da encomenda e procede-se à arquivação quer deste documento quer do original para a contabilidade.

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No caso de os produtos apresentarem as embalagens danificadas, se o prazo de validade for demasiado curto ou caso o PVP na cartonagem seja diferente do debitado, realiza-se uma devolução, devidamente justificada e pedindo crédito imediato. No caso de a devolução não ser aceite o produto é devolvido à farmácia, caso contrário o produto pode ser trocado por outro com melhores condições ou ser emitida uma nota de crédito.

Após a receção da encomenda o SI procede à impressão das etiquetas para os produtos sem PIC e procede-se à etiquetagem mantendo cuidados específicos como: não se deve tapar a parte frontal do produto, não se deve colar em nenhum local com descrições em português ou Braille, ou ocultar informações como PV, lote e composição.

Durante o período de estágio tive oportunidade de aprender todos os aspetos acima referidos no que diz respeito às encomendas, acompanhando diversas vezes a realização das mesmas e procedendo à sua respetiva receção.

3.3) Armazenamento

A minha primeira tarefa realizada no estágio foi o armazenamento dos medicamentos e restantes produtos farmacêuticos. Esta tarefa permitiu a familiarização com a farmácia e com a sua respetiva organização. A FC apresenta uma forma bastante racional e prática de armazenamento dos produtos permitindo uma maior rentabilidade, evitando trocas de medicamentos e perdas de tempo durante o atendimento.

Os MSRM encontram-se no interior da farmácia, local onde o doente não tem acesso, ao contrário dos MNSRM que se encontram em locais visíveis, de forma geral, para atrair a atenção dos utentes e em local de rápido acesso por parte dos PS.

Todos os produtos quer a nível das gavetas, quer a nível do armazém são guardados segundo a sua forma farmacêutica, por ordem alfabética do nome comercial ou do princípio ativo no caso dos MG, estando os MG devidamente separados dos medicamentos de marca. O armazenamento dos produtos farmacêuticos depende também do PV, aplicando-se a regra “first expired, first out” (FEFO), ou seja, tudo aquilo que tem um PV mais próximo de vencer, é armazenado de forma a ser escoado em primeiro lugar, ou seja na frente das prateleiras ou gavetas. Na FC existe um armário específico, no corredor central onde se colocam os produtos com prazo de validade a expirar para que este possam ser mais facilmente escoados.

As condições de temperatura e humidade da FC são altamente controladas para garantir uma boa conservação dos fármacos. Os medicamentos que necessitam de ser conservados no frio encontram-se no frigorífico a uma temperatura entre os 2º e os 8ºC.

Os produtos cosméticos e de higiene corporal (PCHC), encontram-se organizados por marca na zona de atendimento ao público.

3.4) Controlo dos prazos de validade

O controlo dos prazos de validade é importante para assegurar que todos os medicamentos e produtos farmacêuticos chegam aos utentes com a devida qualidade. Segundo

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o estipulado nas BPF, o farmacêutico não pode dispensar aos seus utentes qualquer produto cujo PV tenha expirado [3].

Na FC a verificação dos PV é um processo bastante rigoroso e realizado em dois momentos. Ocorre a verificação diariamente aquando da receção da encomenda como já foi acima referido. Por outro lado, o SI utilizado possui uma ferramenta que permite imprimir uma listagem dos produtos cujo prazo de validade se aproxima do fim. Cada um dos colaboradores da FC fica com uma listagem da sua responsabilidade, tendo de confirmar o PV dos produtos e proceder à sua atualização caso seja necessário. Esta tarefa permite aos PF fazer o controlo físico do stock e acontece todos os meses na FC. Produtos cuja validade esteja a expirar, mas que esteja previsto serem escoados, são colocados em armário específico. Caso não esteja prevista a sua venda estes produtos são devolvidos ao armazenista.

3.5) Devoluções

As devoluções não ocorrem apenas quando um produto apresenta um PV reduzido, existem outros motivos, nomeadamente: embalagens danificadas aquando da receção da encomenda, quando há emissão de circulares de suspensão de comercialização emitidas pelo INFARMED, circulares de recolha emitidas pelo detentor da Autorização de Introdução no Mercado (AIM) ou ainda quando ocorrem pedidos feitos por engano ou ausência de pedido de um determinado produto.

No Sifarma 2000® existe uma ferramenta que permite fazer a gestão de devoluções, partindo da criação de uma nota de devolução, na qual é identificado o distribuidor, o produto a devolver, a quantidade, o motivo da devolução e a fatura de origem. Seguidamente são emitidas três vias, as quais tem de ser carimbadas, datadas e assinados pelo responsável pela devolução. O original e duplicado são enviados juntamente com o produto para o armazenista enquanto que o triplicado fica arquivado na FC em pasta específica, até à regularização do processo. Em caso de confirmação da devolução é emitida nota de crédito ou efetuada a troca do produto, caso contrário o produto volta a ser rececionado na farmácia e vai para as quebras, dando prejuízo à farmácia.

Durante o período de estágio contatei com todo o processo de devoluções, com acesso a toda a documentação envolvida no mesmo.

4) Dispensa de medicamentos e produtos de saúde

O principal foco do farmacêutico comunitário, como agente de saúde, deve ser sempre o utente e a promoção da saúde e bem-estar do mesmo. A dispensação de medicamentos, é uma das principais tarefas do farmacêutico e deve ser entendida como parte integrante da atenção ao utente, visando a prevenção da saúde, utilizando o medicamento como instrumento de ação, contribuindo deste modo para o uso racional do mesmo [8].

A dispensa de medicamentos pode estar dependente da apresentação de receita médica (RM), todavia as farmácias podem dispensar outros medicamentos não sujeitos a RM ou produtos de saúde, como estipulado no Regime Jurídico das Farmácias de Oficina [9].

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4.1) Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

De acordo com o Estatuto do Medicamento, a RM é o documento através do qual é prescrita uma determinada medicação, sendo o responsável pela prescrição o médico, ou nos casos previstos pela legislação, o médico dentista ou odontologista para um doente específico. Ainda nos termos do Estatuto acima referido, são considerados MSRM todos aqueles que obedecem a pelo menos uma das seguintes condições: o seu uso pode constituir um perigo para a saúde do doente quando utilizado sem vigilância médica; o seu uso pode constituir um risco se usado com maior frequência ou em quantidades superiores às terapêuticas, ou para fins diferentes daquele a que se destina; o medicamento contém substâncias ou preparações à base dessas substâncias cuja atividade ou reações adversas seja indispensável aprofundar; a administração do medicamento seja efetuada por via parentérica [10].

4.1.1) Prescrição médica

Na farmácia comunitária, as prescrições podem surgir materializadas, ou seja, em papel podendo estas ser eletrónicas ou manuais, ou então não apresentar qualquer suporte físico [11]. A prescrição de medicamentos é realizada por substância ativa, ou Denominação Comum Internacional (DCI), sendo esta também acompanhada pela indicação da dosagem, forma farmacêutica, tamanho da embalagem e número de embalagens.

No que diz respeito às receitas materializadas eletrónicas, são prescrições impressas, realizadas utilizando um software apropriado. Estas podem apresentar uma validade de 30 dias, ou em casos excecionais de tratamento de longa duração, apresentar uma validade de 6 meses sendo constituías por três vias.

As receitas materializadas manuais, ou receita em papel (REP), devem cumprir uma série de requisitos para serem consideradas válidas. Deste modo a receita não se pode encontrar rasurada, apresentar caligrafias diferentes ou ser prescrita com canetas diferentes ou a lápis, apenas é permitida uma via da mesma receita manual, não sendo esta renovável. Acrescenta-se ainda a obrigatoriedade dos Acrescenta-seguintes elementos numa receita manual: vinheta de identificação do local de prescrição; vinheta identificativa do médico prescritor e respetiva assinatura; identificação da especialidade médica, se aplicável, e contato telefónico do prescritor; nome e número de utente e, sempre que aplicável, de beneficiário de subsistema; entidade financeira responsável; referência ao regime especial de comparticipação de medicamentos (caso exista); DCI da substância ativa; dosagem, forma farmacêutica, dimensão da embalagem, número de embalagens; identificação do despacho que estabelece o regime especial de comparticipação de medicamentos (se aplicável) e data de prescrição. Este tipo de prescrições é realizado em situações específicas nomeadamente em casos de falência informática, inadaptação do prescritor, prescrição no domicílio, ou prescrição máxima de 40 receitas por mês. Cada REP ou receita manual só pode conter até quatro medicamentos distintos, e o máximo de duas unidades de cada medicamento. No total a receita não pode conter mais que quatro unidades no total.

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As receitas sem papel (RSP), ou desmaterializadas, são aquelas que podem ser acedidas e interpretadas utilizando apenas equipamentos eletrónicos. O acesso a estas receitas é realizado através de códigos que são enviados ao doente via SMS ou e-mail, sendo necessário o número da receita, o código de dispensa e o código de opção. Este tipo de receita permite ao utente fazer o levantamento da medicação segundo as suas necessidades, não sendo necessária a dispensa de todos os medicamentos duma só vez, podendo ser dispensada por partes e em diferentes farmácias [11,12].

4.1.2) Validação, Conferência e Verificação do Receituário

No momento do atendimento, cabe ao farmacêutico rececionar a prescrição médica e verificar se esta se encontra de acordo com os requisitos legais especificados no ponto anterior, podendo assim posteriormente, proceder à dispensa dos medicamentos. Depois da introdução dos dados da RM no SI, o farmacêutico acede à prescrição médica. Cada linha da receita corresponde a um Código Nacional Prescrição Eletrónica Médica (CNPEM), que permite aceder a todos os medicamentos que podem ser dispensados ao utente e que fazem parte do mesmo grupo homogéneo (GH) de fármacos, incluindo medicamentos de marca e MG. O utente tem a capacidade de escolha dos produtos que quer levar, sendo que após a recolha de todos os produtos por parte do farmacêutico, estes são introduzidos no SI, o que permite verificar se os produtos selecionados correspondem aos prescritos, evitando assim a ocorrência de erros humanos no aviamento da receita.

Na eventualidade de o utente possuir algum regime de complementaridade adicional, como seguros de saúde por exemplo, deve indicar ao farmacêutico e apresentar comprovativo do mesmo. No SI é possível selecionar o regime adequado a cada utente. Nestas situações, e no final do atendimento o utente tem de assinar um documento próprio emitido pelo SI que deve ser adicionado a uma cópia da receita juntamente com a documentação comprovativa do regime de complementaridade adicional.

Após a validação e dispensa dos medicamentos, no caso de uma receita manual, é necessário proceder à impressão no verso da mesma do registo da dispensa, nomeadamente: qual o medicamento dispensado (nome e código de barras), o PVP, o valor da comparticipação e o valor a pagar pelo utente, bem como as exceções aplicadas (casos existam). A receita é depois assinada pelo utente como prova de receção dos medicamentos e assinada, datada e carimbada pelo farmacêutico.

Com a introdução das receitas eletrónicas muitos dos erros associados à dispensa de medicamentos são evitados uma vez que o próprio SI deteta possíveis falhas. Na FC, com exceção das RSP, todas as receitas em papel são conferidas, pela Farmacêutica Adjunta ou pela Técnica de farmácia destacada, sendo confirmada a dispensa correta dos medicamentos, de forma a corrigir possíveis erros atempadamente. Esta tarefa é realizada todos os meses na farmácia antes do processo de faturação.

4.1.3) Sistemas de saúde, subsistemas e comparticipações

Em Portugal são vários os sistemas e subsistemas de saúde, quer sejam públicos ou privados, que comparticipam os vários MSRM dispensados. Estes sistemas destinam-se a

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estabelecer uma melhor equidade no valor dos medicamentos, sendo que a comparticipação realizada está de acordo com a entidade de saúde a que o utente pertence.

O principal sistema de saúde português é o Sistema Nacional de Saúde (SNS), sendo que este pode ser complementado com outras empresas como a EDP (Energias de Portugal), sindicatos como o SAMS (Sindicato dos Bancários do Norte) ou companhia de seguros como a Fidelidade.

No SNS, o estado é responsável pelo financiamento de uma percentagem do PVP de um medicamento, sendo a restante parte paga pelo utente. A comparticipação do estado encontra-se dividida em 4 escalões, variando a percentagem do PVP paga consoante cada um deles. Para o escalão A, a percentagem é de 90%, para o B é de 69%, para o C é de 37% e finalmente 15% para o escalão D. Em caso de regime especial de comparticipação este é identificado nas receitas médicas pelas letras R e/ou O, e abrange pensionistas (letra R) cujo rendimento total anual não excede em 14 vezes o salário mínimo nacional, e para o qual se verifica um acréscimo de 5% para o escalão A e de 15% para os restantes escalões.

Pode, ainda, ser atribuída uma comparticipação especial para medicamentos que tratem determinadas patologias (letra O), como por exemplo: artrite reumatoide e espondilite anquilosante, doença de Alzheimer, doença inflamatória intestinal, dor oncológica moderada a forte, hemofilia, hemoglobinopatias, infertilidade, lúpus entre outras [13,14].

4.1.4) Faturação

No final de cada mês e após a confirmação e verificação do receituário, o responsável pela faturação realiza a separação das mesmas por plano e lote, com um máximo de 30 receitas por lote. Seguidamente é efetuado o fecho de cada um dos lotes, imprimindo um documento resumo de cada um deles designado por verbete. Neste verbete constam informações como PVP dos medicamentos, o valor pago pelo doente e o valor comparticipado pela entidade responsável. Posteriormente procede-se ao fecho da faturação no qual é emitida uma fatura por cada organismo em quadruplicado, na qual constam informações como: nome da farmácia, código da ANF; nº da fatura; mês e ano; organismo de comparticipação; número total de lotes e de receitas; valores totais do PVP; encargos totais relativos ao utente e o total da importância a pagar pela entidade; data de emissão; carimbo; e assinatura do DT ou do seu representante legal. As receitas do SNS são depois enviadas para o Centro de Conferência de Faturas, sendo levantadas pelos Correios de Portugal (CTT) até ao dia 5 do mês seguinte, e as restantes para a ANF, até ao dia 6 do mês seguinte.

Depois do envio do receituário podem ser detetadas falhas nas receitas. As receitas manuais que contenham erros regressam à farmácia para posterior correção. No caso das receitas eletrónicas, as receitas não são devolvidas à farmácia e o valor da comparticipação perde-se, livrando o Estado de qualquer tipo de responsabilidade e pagamento. Esta última situação é muito rara, não se tendo verificado nenhuma situação durante o meu estágio.

4.1.5) Medicamentos psicotrópicos e estupefacientes

Os psicotrópicos e estupefacientes são substâncias extremamente importantes para a medicina e as suas propriedades, desde que usadas de forma correta, podem trazer benefícios

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terapêuticos a um número alargado de situações de doença. Por terem uma ação a nível do Sistema Nervoso Central (SNC) podem apresentar graves efeitos secundários, causando muitas vezes dependência, o que pode levar ao uso abusivo deste tipo de fármacos. Posto isto, esta classe de medicamentos está sujeita a um controlo rigoroso por parte de todos os intervenientes desde a prescrição até à dispensa ao utente [15].

No momento da dispensa, após a introdução da RM, o próprio SI automaticamente requer dados do utente como: morada, número e validade do CC, data de nascimento, sendo que para além destas informações deve ficar ainda registado o código informático do médico prescritor, o número da receita e respetiva via.

Após a finalização da venda o SI emite não só a fatura para entregar ao utente, mas também dois talões comprovativos da dispensa dos medicamentos que devem ser anexados a uma copia da receita e arquivados na farmácia por um período de 3 anos. No caso de se tratar de uma receita manual um dos talões comprovativos fica anexado à copia da receita na farmácia e outro é anexado à receita original.

O registo de saídas deste tipo de medicamentos deve ser enviado ao INFARMED no final de cada mês e o mapa balanço, registo de todos os movimentos, deve ser enviado anualmente. Durante o período de estágio foi-me explicado todo o procedimento, no entanto não assisti diretamente à realização do mesmo.

4.2) Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

Os MNSRM, assim como o próprio nome indica, não necessitam de RM para poderem ser dispensados ao utente, podendo estes mesmo assim aparecer nas receitas por aconselhamento do médico, no entanto geralmente não estão sujeitos a comparticipação do estado, sendo o preço dos mesmos definido pela própria farmácia. No caso de serem comparticipados, os produtos apresentam PIC como os MSRM. Alguns dos MNSRM são vendidos exclusivamente em farmácia, mas outros podem ser comercializados noutros locais devidamente autorizados, podendo apenas ser dispensados por profissionais de saúde devidamente habilitados para o efeito. Este grupo de fármacos devem ser utilizados na prevenção, diagnóstico e tratamento de afeções menores que não carecem de consulta médica. O farmacêutico toma mais uma vez um papel de elevada importância durante o aconselhamento destes fármacos [3].

A venda destes produtos é muito influenciada pela sugestão do farmacêutico aquando do atendimento e verificam-se diferenças sazonais na procura dos MNSRM por parte dos utentes.

4.2.1) Automedicação e Aconselhamento Farmacêutico

A automedicação é definida como o uso de medicamentos sem prescrição médica, na qual o utente por iniciativa própria decide qual o fármaco a tomar, muitas vezes sem qualquer aconselhamento por PS, representando um risco para a saúde pública [16].

Torna-se assim imperativo garantir um bom aconselhamento farmacêutico de forma a tornar o processo de automedicação mais seguro. O farmacêutico deve tentar entender o motivo

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da requisição por parte do utente e aconselhá-lo na melhor solução a adotar em cada caso, procurando sempre fazer uma dispensa racional e escolhendo o MNSRM mais indicado. Quando existem evidências que fazem desconfiar de um problema que não se enquadra na definição de afeção menor, representando uma doença mais grave com necessidade médica, o farmacêutico deve encaminhar o utente para o médico, tendo um papel importante na promoção da saúde pública e na otimização de recursos do SNS [3]. É assim indispensável assegurar uma boa relação entre os profissionais de saúde, promovendo a cooperação no apoio ao utente.

Durante o estágio, todos os dias contatava com utentes que procuravam aconselhamento para problemas menores como: constipações, alergias, feridas, micoses, cansaço, stress, perturbações do sono, afeções da pele entre outras. Perante estas situações, e com a ajuda de todos os PS da FC, tornei-me capaz de questionar os utentes e obter informações relevantes para interpretar o problema, e sugerir o melhor MNSRM referenciando sempre a posologia e modo correto de administração, bem como medidas não farmacológicas úteis no tratamento.

4.3) Medicamentos e produtos manipulados

Segundo definição do INFARMED, os medicamentos manipulados (MM) podem ser classificados como “Fórmulas Magistrais (quando são preparados segundo uma receita médica que especifica o doente a quem o medicamento se destina), ou Preparados Oficinais (quando o medicamento é preparado segundo indicações compendiais, de uma Farmacopeia ou Formulário)” [17]. A preparação de MM deve seguir todos os requisitos descritos na Portaria n.º 594/2004, de 2 de junho.

Na FC todos os medicamentos manipulados preparados são acompanhados do preenchimento da respetiva ficha de preparação. Nesta ficha constam as seguintes informações: nº de registo, denominação do medicamento manipulado e quantidade, nome do utente, composição do medicamento, procedimento e prazo de validade. Todos os passos da preparação devem ser rubricados pelo operador e pelo supervisor. Após preparação o produto é acondicionado em embalagem específica e procede-se ao cálculo do PVP, conforme descrito na Portaria nº769/2004 de 1 de julho. Nenhum MM é dispensado ao utente sem estar devidamente rotulado com as informações:nome do medicamento, quantidade, preço, prazo de validade e a inscrição “Uso externo”, quando necessário assinalado a vermelho, conforme a legislação atualmente me vigor [4]. Na farmácia ficam arquivadas todas as fichas de preparação, bem como fotocópia da receita original e do rótulo, em pasta especifica no laboratório. Durante o estágio tive a oportunidade de acompanhar o processo e realizar várias preparações de MM, como por exemplo pomada de enxofre, solução de ácido acético entre outras. Tive também acesso a toda a documentação arquivada na farmácia.

4.4) Medicamentos e produtos veterinários

Um medicamento de uso veterinário (MUV) é definido como substância ou mistura de substâncias que possuam propriedades curativas ou preventivas das doenças e seus sintomas

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no animal, com vista a estabelecer um diagnóstico médico ou a restaurar, corrigir ou modificar as suas funções orgânicas [18].

Na FC este tipo de medicamentos ganhou algum relevo sendo que existe uma variedade de produtos considerável desde desparasitantes de uso interno e externo, anticoncecionais orais, produtos de limpeza e antibióticos.

Durante o período de estágio e durante o atendimento contatei com situações em que eram requisitados MUV, na maioria das vezes antiparasitários, anticoncecionais e produtos de limpeza.

4.5) Produtos Dermocosméticos e de Higiene Corporal

Os PCHC são definidos como qualquer substância ou mistura destinada a ser posta em contacto com as partes externas do corpo humano com a finalidade, exclusiva ou principal, de limpar, perfumar, modificar o aspeto, proteger, manter em bom estado ou corrigir os odores corporais [19].

A procura por este tipo de produtos por parte dos utentes é uma realidade cada vez mais vivida na FC, sendo que estes procuram não só o produto ideal como um aconselhamento dermocosmético completo e profissional. A FC trabalha várias marcas de dermocosmética com diferentes segmentações e públicos-alvo, como por exemplo: Vichy®, Avène®, La Roche Posay®, Uriage®, Isdin®, Galénic®, Angelif®, onde se destacam os produtos para cuidado de rosto e corpo e cuidado capilar essencialmente. O produto destinado à saúde oral também tem um relevo importante com uma grande variedade de marcas presentes na FC. De realçar que estes produtos são uma importante fonte de receita para a farmácia, uma vez que as margens comerciais são mais confortáveis.

4.6) Suplementos alimentares e Nutrição Específica

Os suplementos alimentares são géneros alimentícios que se destinam a complementar e ou suplementar o regime alimentar normal e constituem fontes concentradas de determinadas substâncias, nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisiológico, sendo comercializados de forma doseada e destinando-se a ser tomados em quantidades reduzidas [20]. Graças ao aumento progressivo e constante do marketing televisivo e online relativamente a estes produtos, tem ocorrido também um aumento do interesse dos utentes nos mesmos. Cabe ao farmacêutico alertar as populações sobre o uso correto dos suplementos alimentares, ressalvando o fato de por vezes estes conterem substâncias que podem interferir com determinadas terapêuticas levando a efeitos nefastos na saúde dos utentes.

Na FC há uma enorme procura de suplementos alimentares, principalmente no que diz respeito a complexos vitamínicos, suplementos com cálcio e/ou magnésio na sua constituição, tónicos cerebrais e suplementos dietéticos.

De acordo com a legislação em vigor, os produtos para alimentação especial destinam-se à alimentação exclusiva, ou como complemento alimentar, de pessoas com necessidades nutricionais particulares como perda de peso, desnutrição, úlceras ou doenças metabólicas [21].

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Também estão incluídos neste grupo, os produtos direcionados a populações específicas como a geriátrica, uma vez que esta é uma faixa etária propensa a deficiências energéticas, vitamínicas e minerais, e também a nutrição para lactentes que muitas vezes necessita de ser ajustada a problemas comuns desta faixa etária, tais como pequenas complicações digestivas, como as cólicas e a obstipação, ou episódios frequentes de regurgitação e o refluxo gastroesofágico.

Durante o período de estágio tive oportunidade de contatar com o universo dos suplementos alimentares e produtos para alimentação especial, tentando sempre durante o aconselhamento perceber o estado de saúde do utente, se existia alguma terapêutica instaurada e o tipo de alimentação do utente de forma a maximizar os efeitos benéficos destes produtos e minimizando a probabilidade de ocorrência de efeitos adversos.

4.7) Produtos de Puericultura

A puericultura é geralmente definida como uma área da saúde que se dedica à prevenção e promoção da saúde durante o desenvolvimento, mais especificamente do desenvolvimento infantil, de forma a assegurar que a criança atinge a idade adulta sem condições desfavoráveis e problemas trazidos da infância [22].

A FC apresenta um espaço de puericultura bastante completo com papas e leites de diferentes marcas como Aptamil®, Nutribén® e Nestlé® e também outros produtos relacionados com a higiene do bebé e com a amamentação das marcas Mustela®, Uriage®, Bioderma®, entre outras.

4.8) Dispositivos médicos

Os dispositivos médicos (DM) são definidos como qualquer instrumento, aparelho, equipamento, software, material ou artigo utilizado isoladamente ou em combinação, para fins de diagnóstico e/ou terapêuticos, cujo principal efeito pretendido no corpo humano não seja alcançado por meios farmacológicos, imunológicos ou metabólicos [23].

Na FC existe uma variedade considerável de DM que incluem, dispositivos para ostomia, material de penso, seringas, frascos de colheitas de amostras, dispositivos ortopédicos (meias de compressão, canadianas, bengalas), fraldas para incontinência urinária, preservativos, aparelhos de medição para controlo glicémico, tensão arterial e colesterol entre outros. Mais uma vez o farmacêutico é essencial na elucidação dos utentes para o correto uso dos DM alertando para possíveis consequências do seu uso indevido.

5) Serviços prestados na Farmácia Confiança

A FC é um espaço de saúde que ao longo do tempo tem tentado evoluir, sempre pensando no bem-estar e na promoção da saúde dos seus utentes. São vários os serviços farmacêuticos que podem ser prestados na farmácia.

5.1) Determinação de parâmetros bioquímicos e fisiológicos

No decorrer do meu período de estágio, estive bastante presente na determinação de parâmetros bioquímicos e fisiológicos, logo desde o primeiro mês. Durante esta atividade tive

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oportunidade de contatar com diversas situações em que a doença já se encontrava diagnosticada e apenas se pretendia o controlo da mesma, e por outro lado, situações em que se tentou fazer um possível diagnóstico e em alguns casos se verificou a necessidade de reencaminhamento para o médico. Foi uma tarefa na qual consegui acompanhar alguns doentes mais de perto, e durante a qual procurava sempre fazer um aconselhamento personalizado com medidas não farmacológicas e algumas vezes recorrendo a MNSRM, sempre após a avaliação do utente.

5.1.1) Determinação da Pressão Arterial

Todos os dias, na FC são vários os utentes que procuram este serviço. A hipertensão arterial é uma condição muitas vezes silenciosa e constitui um fator de risco para muitas complicações e patologias. Deste modo este serviço toma grande importância, permitindo também uma intervenção ativa por parte do farmacêutico no que diz respeito à promoção de alteração de estilo de vida e incentivo à adesão da terapêutica.

Os utentes na FC, tem disponível na zona de atendimento um tensiómetro como foi anteriormente referido, com um custo associado de 50 cêntimos, ou podem optar por realizar a medição no gabinete de atendimento, com a assistência de um colaborador da farmácia, tendo o mesmo custo associado. Quando a medição é realizada no gabinete é fornecido um cartão onde o utente pode efetuar todos os registos, de forma a tentar promover uma monitorização mais regular.

5.1.2) Testes bioquímicos rápidos

A realização de testes bioquímicos rápidos é um dos serviços muito procurado pelos utentes na FC. A farmácia disponibiliza a medição da glicémia capilar, utilizando um aparelho específico e as respetivas tiras de medição, com um custo associado de 50 cêntimos. Pode também ser realizada a avaliação do perfil lipídico, através da medição do colesterol total e dos triglicerídeos, utilizando o mesmo aparelho para as duas medições fazendo a calibração com as tiras reativas especificas. A medição do colesterol total apresenta um custo de 3€ e dos triglicerídeos um custo de 2,50€. Geralmente a procura por estes serviços na FC ocorre na parte da manhã dada a necessidade de jejum para a realização das medições, com exceção do colesterol.

5.1.3) Medição de peso, altura, IMC e percentagem de gordura

A zona de atendimento da FC dispõe de um aparelho que faz a determinação do peso, altura, IMC e percentagem de gordura. Os utentes usam este aparelho com elevada frequência sendo que alguns pedem ajuda e possibilitam um aconselhamento relativamente a estes parâmetros.

5.1.4) Teste de gravidez

A realização de testes de gravidez na FC não ocorre frequentemente como no caso dos outros testes acima referidos, no entanto, em situações pontuais as utentes requerem este serviço. Os motivos para a requisição passam por terem receio do resultado, ou mesmo a dificuldade em interpretar o mesmo. É importante advertir as utentes para a importância da realização do teste utilizando a primeira urina da manhã, pois é quando a concentração da

Referências

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