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Academic year: 2022

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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

1.0351.15.005530-6/001

Número do Númeração 0055306-

Des.(a) Renato Dresch Relator:

Des.(a) Renato Dresch Relator do Acordão:

14/05/2020 Data do Julgamento:

15/06/2020 Data da Publicação:

E M E N T A : A P E L A Ç Ã O C Í V E L - A Ç Ã O I N D E N I Z A T Ó R I A - RESPONSABILIDADE CIVIL DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - LESÃO SOFRIDA POR MENOR NAS DEPENDÊNCIAS DE ESCOLA DA REDE PÚBLICA MUNICIPAL - OMISSÃO NO DEVER DE VIGILÂNCIA DO ALUNO SOB A GUARDA DA ESCOLA - ATO ILÍCITO - RESPONSABILIDADE SUBJETIVA - DEVER DE INDENIZAR - DANOS MORAIS - QUANTUM INDENIZATÓRIO - RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE.

- A responsabilidade do Estado pela reparação de danos causados por ato ilícito é subjetiva, sendo necessária a comprovação do fato, do dano, da culpa e do nexo de causalidade.

- A omissão da Administração Pública quanto ao seu dever de vigilância e proteção do menor sob sua guarda nas dependências de escola da rede pública, durante o período letivo, evidencia a responsabilidade subjetiva do ente público, de forma que, comprovado o nexo de causalidade entre o evento danoso e a lesão sofrida pela vítima, resta caracterizado o dever de indenizar.

- Na fixação da indenização por danos morais, deve-se levar em consideração a gravidade objetiva da lesão, a personalidade da vítima, considerando-se sua situação familiar e social e sua reputação, a gravidade da falta e as condições do autor do ilícito, de modo que os valores não sejam irrisórios para o ofensor, mas também não se traduzam em enriquecimento ilícito para o ofendido.

APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0351.15.005530-6/001 - COMARCA DE JANAÚBA - APELANTE(S): MUNICÍPIO JANAUBA - APELADO(A)(S): FELIPE A N D E R S O N G O U V E I A S I L V A R E P R E S E N T A D O ( A ) ( S ) P / M Ã E

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PEREIRA DA SILVA A C Ó R D Ã O

Vistos etc., acorda, em Turma, a 4ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos, em <NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO>.

DES. RENATO DRESCH RELATOR.

DES. RENATO DRESCH (RELATOR)

V O T O

Trata-se de apelação cível interposta nos autos da ação indenizatória ajuizada por F.A.G.S., menor impúbere representado por sua genitora R.P.S., perante o Juízo da 1ª Vara Cível, Criminal e da Infância e Juventude da Comarca de Janaúba, em face do MUNICÍPIO DE JANAÚBA, pretendendo a condenação de réu ao pagamento de indenização não inferior a R$80.000,00, a título de danos morais e de R$60.000,00, por danos estéticos, em razão do acidente com fio elétrico sofrido pelo menor, quando estava sob a tutela do réu, durante o período letivo na Creche Municipal CEMEI Neusnária Mendes, que lhe causou queimaduras de segundo grau no antebraço direito.

O réu contestou às fls. 24/29, sem arguição de preliminares ou prejudiciais.

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O Ministério Público, em parecer de fls. 86/87v, opinou pela condenação do réu ao pagamento de danos morais, no importe de 50 salário mínimos, e danos materiais e estéticos em valor a ser fixado em sede de liquidação da sentença.

Por sentença de fls. 90/92, o Juiz Ériton José Sant'Ana Magalhães julgou parcialmente procedente o pedido para condenar o réu ao pagamento da quantia de R$15.000,00, a título de danos morais, a ser corrigida pelo IPCA- E, a partir do arbitramento, acrescida, ainda, de juros de mora conforme o disposto no art. 1º-F da Lei 9.494/97, com redação dada pela Lei 11.960/09, desde a data do evento danoso. Ao final, condenou o autor em 50% das custas e despesas processuais, suspendendo a exigibilidade ante a concessão da justiça gratuita e condenou cada parte ao pagamento dos honorários advocatícios, no importe de 10% do valor da condenação, devendo ser observada a gratuidade da justiça concedida ao autor.

O réu insurge-se contra a sentença, pelas razões recursais de fls. 93/101, requerendo a reforma da decisão, tão somente, para que o valor arbitrado a título de indenização por danos morais seja reduzido em patamar razoável, considerando todos os fatores inerentes ao caso concreto, sopesando-se a extensão do dano sofrido e a gravidade da culpa. Sustenta que o valor fixado pelo magistrado de origem é desproporcional ao dano sofrido e a gravidade da culpa do ente municipal, já que o fato ocorreu a despeito de qualquer ação dolosa ou culposa do réu. Acentua que a indenização não pode ter como objetivo a captação de lucro ou o enriquecimento de uma parte em detrimento do prejuízo dos cofres públicos.

Contrarrazões às fls. 102/103, sem arguição de preliminares ou prejudiciais.

A Procuradoria-Geral de Justiça, em parecer de fls. 108/109v, opinou pelo desprovimento do recurso.

É o relatório.

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Conheço do recurso, porque presentes os pressupostos para sua admissibilidade.

Da responsabilidade civil da Administração Pública

A responsabilidade civil da Administração Pública está fundamentada na teoria do risco administrativo, adotada pelo direito brasileiro, aplicável à Administração Pública direta, indireta e aos prestadores de serviço público.

A Constituição Federal de 1988 sufragou no seu art. 37, § 6º, a responsabilidade civil do Estado aos danos causados por seus agentes. E, neste sentido, ensina José dos Santos Carvalho Filho:

Verifica-se, portanto, que os postulados que geraram a responsabilidade objetiva do Estado buscaram seus fundamentos na justiça social, atenuando as dificuldades e impedimentos que o indivíduo teria que suportar quando prejudicado por condutas de agentes estatais. (Manual de Direito Administrativo. 17ª ed. Rio de Janeiro: Lúmen Júris. 2007. p. 476).

Ainda, acentua Carvalho Filho:

A marca característica da responsabilidade objetiva é a desnecessidade de o lesado pela conduta estatal provar a existência da culpa do agente ou do serviço. O fator culpa, então, fica desconsiderado como pressuposto da responsabilidade civil. (id. p. 482).

De acordo com Hely Lopes, o ato ou a omissão deve ser lesivo e injusto para ensejar reparação, independente de indagar se provém do jus imperii ou do jus gestionis, porque ambos são formas de atuação administrativa (MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 31. ed. São Paulo: Malheiros, 2005. p. 650).

Meirelles afirma que a Constituição Federal distingue dano causado por agente da Administração dos ocasionados por terceiro,

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dizendo que a teoria do risco administrativo somente foi contemplada no caso de ação ou omissão dos servidores públicos, não responsabilizando objetivamente a Administração por atos predatórios praticados por terceiros, nem por fenômenos naturais que causem danos a particulares, porque o dispositivo constitucional só abrange a atuação funcional dos servidores públicos (Op. cit. p. 651).

O que se deduz desses fundamentos é que o risco administrativo do qual redunda a responsabilidade civil objetiva exige que o ato ou omissão seja lesivo e injusto e que tenha sido praticado por agente da Administração Pública.

Na responsabilidade por ato lícito, a aferição da culpa ou de falha do serviço público é afastada pela própria licitude da conduta, conforme destaca Sérgio Severo:

O regime de responsabilidade por ato lícito tipicamente juspublicista é aquele que inviabiliza o exame da exclusão da ilicitude por ser intrinsecamente lícita, necessária e desejável a ação estatal, pulverizando igualmente qualquer referência à culpa, por manifestar a própria razão de ser do Estado. Ou seja, ao efetivar uma obra pública, sem que se considerem hipóteses de desvio ou abuso, muitas vezes a construção de um viaduto ou de uma avenida pode impor ônus desproporcionais a um administrado, proprietário, que, sem ter sua propriedade desapropriada, defronta-se com o esvaziamento do conteúdo da propriedade (ius utendi, fruendi, abutendi, reis vindicato).

(Tratado da Responsabilidade Pública. São Paulo: Saraiva, 2009. pp.

230/231)

Assim, a responsabilidade propriamente objetiva existe apenas quando o terceiro sofrer dano injusto em decorrência de atividade administrativa regular praticada por servidor público, sob a ótica de que cumpre à coletividade suportar os danos do particular pela atividade de direito público que causou dano injusto a terceiro.

Nos danos injustos resultantes de atividade administrativa regular, há inversão do ônus da prova, porque o particular se beneficia da

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presunção juris tantum de veracidade da pretensão indenizatória. Nesse caso, cumpre à Administração o ônus de provar que a vítima causou ou concorreu para o resultado danoso.

A responsabilidade objetiva provém da teoria do risco administrativo, cujo dever de indenizar decorre da supremacia da Administração Pública em relação ao particular, quando pratica atos legais que causem dano injusto ao particular.

Da responsabilidade por ato ilícito

A teoria da responsabilização objetiva da Administração Pública, contudo, não é satisfatória para os casos em que o pleito indenizatório decorre de falha no serviço público ou nos casos de ato ilícito praticado por agente público.

Para Sérgio Severo:

Muitas vezes repetida, uma das "verdades" mais falsas do direito brasileiro é a erradicação da culpa na responsabilidade pública, derivada de uma exegese que não corresponde ao sentido do §6º do art. 37 da CF, tampouco considera a absoluta impossibilidade de o risco solucionar determinadas situações de fato. (Op. cit. p. 247)

A hipótese fática é um dos elementos a serem analisados para aferir se a responsabilidade será objetiva ou subjetiva, pois nos danos decorrentes de ato ilícito do agente público a responsabilidade passa a ser subjetiva.

A distinção para aplicação da responsabilidade objetiva ou subjetiva decorre da existência de ato lícito ou ilícito da Administração. Para os atos lícitos, que o particular é obrigado a suportar, há responsabilidade objetiva.

Para os atos ilícitos, que estão fora da atividade administrativa regular, a responsabilidade será subjetiva.

Cumpre salientar que, o Estado não pratica atos ilícitos, quem

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pode praticá-los são os seus prepostos.

Assim, embora nesse caso o Estado responda por eventuais danos, o fará dentro dos critérios da responsabilidade subjetiva.

Sobre o tema, Celso Antônio Bandeira de Mello discorre:

Logo, a responsabilidade estatal por ato omissivo é sempre responsabilidade por comportamento ilícito. E, sendo responsabilidade por ilícito, é necessariamente responsabilidade subjetiva, pois não há conduta ilícita do Estado (embora do particular possa haver) que não seja proveniente de negligência, imprudência ou imperícia (culpa) ou, então, deliberado propósito de violar a norma que o constituía em dada obrigação (dolo). Culpa e dolo são justamente as modalidades de responsabilidade subjetiva.

54. Não bastará, então, para configurar-se responsabilidade estatal, a simples relação entre ausência do serviço (omissão estatal) e o dano sofrido.

Com efeito: inexistindo obrigação legal de impedir um certo evento danoso (obrigação, de resto, só cogitável quando haja possibilidade de impedi-lo mediante atuação diligente), seria um verdadeiro absurdo imputar ao Estado responsabilidade por um dano que não causou, pois isto equivaleria a extraí- lo do nada; significaria pretender instaurá-la prescindindo de qualquer fundamento racional ou jurídico. Cumpre que haja algo mais: a culpa por negligência, imprudência ou imperícia no serviço, ensejadoras do dano, ou então o dolo, intenção de omitir-se, quando era obrigatório para o Estado atuar e fazê-lo segundo um certo padrão de eficiência capaz de obstar ao evento lesivo. Em uma palavra: é necessário que o Estado haja incorrido em ilicitude, por não ter acorrido para impedir o dano ou por haver sido insuficiente neste mister, em razão de comportamento inferior ao padrão legal exigível. (Curso de direito administrativo. 19ª ed. São Paulo: Malheiros, 2005. p. 943).

Desse modo, será necessária a comprovação de culpa para que surja a responsabilidade do Estado pela reparação de danos em razão de ato omissivo ou ilícito de seus agentes.

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Da casuística dos autos

O autor, menor impúbere, representado por sua genitora, ajuizou a presente ação indenizatória em face do Município de Janaúba, pretendendo a reparação pelos danos morais sofridos em virtude do acidente que sofreu nas dependências da Creche Municipal CEMEI Neusnária Mendes.

O autor informa que, no dia 08/10/2014, durante o período letivo, estando nas dependências da instituição de ensino municipal, enquanto participava de atividade proposta pela escola, teve contato com um fio elétrico desencapado e solto, o que, após sofrer uma descarga elétrica, lhe provocou queimaduras de segundo grau no antebraço direito.

O fato foi registrado em Boletim de Ocorrência da Polícia Militar (fls.

11/12) - embora parcialmente ilegível, não foi impugnado pelo réu - além de constar nos relatórios médicos de atendimento ao menor, que trazem as seguintes informações (fls. 10/10v e fls. 14/15):

O menor F.A.G.S., de 2 anos e 6 meses, esteve nesta unidade de saúde no dia 08 de outubro de 2014, apresentando lesões por queimadura de 2º grau no antebraço direito. Segundo as acompanhantes, a lesão ocorreu após contato com fiação elétrica na creche onde a criança frequenta.

O autor ainda juntou registros fotográficos das diversas queimaduras por ele sofridas (fls. 15/20).

O pedido foi julgado procedente, para condenar o ente municipal ao pagamento de indenização, por danos morais, no importe de R$15.000,00, tendo o réu se insurgido, tão somente, quanto ao valor da condenação.

Embora o apelante não questione a ocorrência do fato ilícito, em

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si, nem a responsabilidade administrativa dele decorrente, cumpre apenas acentuar que, analisando a responsabilidade do ente municipal sob o prisma da culpa, a Administração Pública foi omissa, ou seja, negligente quanto a seu dever de vigilância e proteção do menor sob sua guarda, durante o período letivo.

Assim, resta demonstrada a responsabilidade subjetiva do Município de Janaúba, impondo a obrigação de ressarcimento dos danos a ele causados.

Do dano moral

A matéria não oferece complexidade, por estar prevista no art. 5º, V, da Constituição Federal e artigos 953 e 954 do Código Civil, não havendo dúvidas quanto à possibilidade de se exigir a reparação do dano moral, que decorre do fato, independentemente de haver ou não reflexos financeiros ou patrimoniais.

Antônio Jeová Santos pontua:

O que caracteriza o dano moral é a conseqüência de algum ato que cause dor, angústia, aflição física ou espiritual ou qualquer padecimento infligido à vítima em razão de algum evento danoso. É o menoscabo a qualquer direito inerente a pessoa, como a vida, a integridade física, a liberdade, honra, a vida privada e a vida de relação.

A perda de algum bem em decorrência de ato ilícito que viole um interesse legítimo, de natureza imaterial, e que acarrete, em sua origem, profundo sofrimento, dor, aflição, angústia, desânimo, desespero, perda da satisfação de viver, também caracteriza o dano moral. (Dano moral Indenizável. 3. ed.

São Paulo: Editora Método, 2001. p. 117).

A condenação em danos morais encontra fundamento em fatores distintos, dizendo respeito não somente à compensação pela dor moral sofrida, mas, ainda, possuindo um caráter pedagógico que visa

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repreender o causador do dano.

Confira-se a lição de Yussef Said Cahali sobre o tema:

Nesse sentido, afirma-se que o Poder Judiciário deve sempre buscar a paz social, mediante a composição das lides, considerando relevante situações que, no plano fático, assumam proporções capazes de justificar o reconhecimento da responsabilidade civil por dano moral e sua consequente reparação. Nesse sentido, o dano moral somente ingressará no mundo jurídico, gerando a subsequente obrigação de indenizar, quando houve alguma grandeza no ato considerado ofensivo a direito personalíssimo.

Assim, inexiste dano moral ressarcível quando o suporte fático não possui virtualidade para lesionar sentimento ou causar dor e padecimento íntimo.

Não configura dano moral mero dissabor, desconforto ou contratempo a que estão sujeitos os indivíduos nas suas relações e atividades cotidianas. (Dano Moral. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais. 2011. p. 52.)

Portanto, para fazer jus à indenização por danos morais o autor deve comprovar que a lesão tenha lhe ocasionado ofensa de ordem moral, que lhe tenha atingido em sua dignidade e integridade pessoal, o que ocorreu no presente caso.

O dano moral sofrido pelo autor é evidente e extrapola o conceito de meros inconvenientes ou aborrecimentos, ensejando, pois, o dever de reparação.

Do quantum indenizatório

Em se tratando de responsabilidade por dano moral, o conceito de ressarcimento abrange duas forças: uma de caráter punitivo, pedagógico, visando castigar o causador do dano, pela lesão ou ofensa que praticou;

outra, de caráter compensatório, que proporcionará à vítima algum bem em contrapartida ao mal sofrido.

A legislação, no entanto, não estabeleceu um valor, nem

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parâmetros para a fixação do dano moral, posto não ser tarifário.

Assim, a doutrina e a jurisprudência têm se posicionado no sentido de estabelecer valores que não sejam irrisórios para o ofensor, mas que também não se traduzam em enriquecimento ilícito para o ofendido, observando-se, com cuidado, as circunstâncias e as consequências de cada caso concreto.

Na fixação da indenização por danos morais, deve-se levar em consideração a gravidade objetiva da lesão, a personalidade da vítima, considerando-se sua situação familiar e social e sua reputação, a gravidade da falta e as condições do autor do ilícito.

Outrossim, não se pode olvidar que não se deve conceder vantagem exagerada ao requerente de modo que o acontecimento represente-lhe uma benesse, melhor do que se não tivesse acontecido, o que ensejaria uma verdadeira inversão de valores.

Há que se ponderar a gravidade do fato, consistente na descarga elétrica sofrida por uma criança de dois anos, em razão do descuido da instituição de ensino municipal em permitir a existência de fios elétricos sem proteção e de fácil acesso aos menores.

Reafirmo que na fixação da indenização por danos morais aplica-se o binômio da reparação financeira do dano somado ao caráter pedagógico, como reprimenda pela negligência.

É oportuno acentuar que a jurisprudência deste Tribunal é uníssona em arbitrar de 10 a 20 salários mínimos a indenização por danos morais em razão de protesto indevido. Contudo, no caso em tela, o aborrecimento superou em muito a gravidade que decorre de um protesto indevido.

Além disso, sopesando as graves circunstâncias do fato e considerando a extensão do dano causado ao menor, isto é, queimaduras de segundo grau no antebraço direito, entendo que a quantia de R$15.000,00 arbitrada na primeira instância se mostra

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adequada à finalidade pretendida, sem que se configure enriquecimento ilícito da vítima.

Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO.

Em razão da sucumbência recursal, majoro os honorários advocatícios devidos pelo réu para o importe de 14% do valor da condenação, nos termos do art. 85, §11, do CPC.

Custas recursais pelo réu, isento da forma a lei.

DES. KILDARE CARVALHO - De acordo com o(a) Relator(a).

DES. MOREIRA DINIZ - De acordo com o(a) Relator(a).

SÚMULA: "NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO"

Referências

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