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Avaliação da sensibilidade ambiental dos consumidores de produtos EPS e XPS em Portugal

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Academic year: 2022

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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE CIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA ANIMAL

Avaliação da sensibilidade ambiental dos consumidores de produtos EPS e XPS em Portugal

Ana Carolina Martins Barreiros

Mestrado em Ecologia e Gestão Ambiental

Relatório de Estágio orientado por:

Isabel Maria Madaleno Domingos

2020

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ii

Agradecimentos

Aos meus pais, que são as pessoas mais importantes da minha vida, a quem devo tudo o que sou. Maria Fernanda Barreiros e Manuel Barreiros, não só são o casal mais companheiro, amigo e divertido que conheço, mas a quem as dificuldades e sobressaltos da vida só servem de impulso para chegar mais longe. De longe o melhor colo e a origem dos melhores abraços. Obrigada.

Ao meu namorado Nuno, o meu porto seguro. Foi quem ouviu todos os meus desabafos, preocupações e frustrações. Não tenho palavras para descrever o quão importante é para mim, só quero agradecer-lhe do fundo do meu coração por o apoio, compreensão e carinho que me deu. Sem ele, este relatório não teria sido entregue. Obrigada.

A minha mãe diz que é em família que uma pessoa mostra a sua verdadeira personalidade, e tenho muita sorte em ter uma família tão próxima e unida. Irmãos, cunhadas, sobrinhos, tios, tias, primos e avó. São a minha âncora, moldaram-me em amor, carinho, risos, maluqueiras e muita felicidade. Obrigada.

À minha Tasca das Amélias, que sorte a minha de os ter encontrado. Amigos que são mais irmãos, que os momentos em Peniche nunca desapareçam, mas que apesar da distância física que nos separa, possamos criar outras memórias juntos em todas as novas etapas da vida.

Vir estudar para Lisboa, não foi uma transição fácil, portanto, um obrigado aos meus colegas de Mestrado de Ecologia e Gestão Ambiental, com quem me diverti muito e aprendi muito. Grandes companheiros.

À Professora Isabel Domingos, obrigada por me acompanhar na realização deste estágio, por todas as ideias discutidas, pelos contributos e por garantir que tudo corria bem.

À Sandra Moutinho, obrigada por me acolher na DGRM, por me incluir nos diversos trabalhos e confiar em mim na realização das tarefas. Participar no projeto OceanWise foi uma experiência muito enriquecedora, onde desenvolvi as minhas capacidades e aprendi muito.

A realização desta dissertação coincidiu com um ano muito desafiante, em que as dores de crescimento foram mais sentidas. Chegar aqui não foi nada fácil, mas estou muito grata por tudo o que aprendi.

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iii

Resumo

O crescimento da população mundial associado às elevadas taxas de consumo, têm contribuído para o aumento da quantidade de resíduos antropogénicos, em particular de plástico, causando uma séria ameaça para o meio ambiente. Dentro da categoria de resíduos de plástico, o poliestireno expandido (EPS) e o poliestireno extrudido (XPS) constituem um problema particularmente preocupante devido às grandes quantidades encontradas em meio marinho. De modo a compreender a recetividade de diversos setores de atividade e do público em geral à substituição e redução da utilização de produtos EPS e XPS, bem como à diminuição das suas perdas no meio ambiente, realizou-se um estudo com o objetivo principal de avaliar a viabilidade de produtores e utilizadores de EPS e XPS contribuírem para a sua redução no meio marinho. A recetividade de produtores e outros stakeholders para substituir, reduzir e/ou minimizar as perdas destes produtos no ambiente, foi avaliada através de várias sessões participativas desenvolvidas num workshop realizado no âmbito do Projeto Oceanwise. Os resultados destas sessões permitiram concluir que existe uma grande divergência de opiniões relativamente à mudança. A sensibilidade ambiental dos consumidores de produtos e a forma como a recolha de resíduos influencia o comportamento do público em geral, foi avaliada através da realização de um inquérito online que permitiu colmatar as lacunas de informação sobre a relação que o consumidor tem com o material poliestireno utilizado diariamente. Os participantes no inquérito foram na sua maioria, do sexo feminino (73%), entre os 31 a 55 anos com área de residência na região Centro, tendo cerca de 87% dos inquiridos classificado o sistema de recolha de resíduos entre “Suficiente” e “Muito bom”. Em relação às utilizações mais importantes das espumas, a maioria dos homens (32%) não associou o uso dos produtos de espuma às proteções para os eletrodomésticos. 68,5% dos inquiridos referiu que deposita os tabuleiros de espuma no contentor dos plásticos, enquanto que 30,7% admitiu depositá-los no contentor dos indiferenciados. Apesar da faixa etária dos inquiridos não ter efeito significativo na escolha de contentor, a região de residência apresentou um efeito significativo. O comportamento do público em geral foi, ainda, analisado à luz do sistema de recolha de resíduos instalado em Portugal, que foi compilado no âmbito deste trabalho, tendo-se concluído que o baixo investimento na manutenção da gestão de resíduos e na implementação de pontos de separação poderá justificar as diferenças de comportamento entre regiões. Com este trabalho, concluiu-se que é importante continuar com ações de educação e sensibilização sobre a importância da separação de resíduos e apoiar o desenvolvimento de produtos ecológicos para reduzir a quantidade de resíduos e as suas perdas para o meio ambiente.

Palavras-chave: Lixo marinho, Gestão de resíduos, Poliestireno expandido, Poliestireno Extrudido Detritos de plástico

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iv

Abstract

The world population growth, associated with its consumption rate, has contributed to the increase in the amount of anthropogenic waste, particularly plastic, causing a serious threat to the environment.

Within the category of plastic waste, expanded polystyrene (EPS) and extruded polystyrene (XPS) are a matter of concern due to the large quantities found in the marine environment. The advantages associated with its physical and chemical properties are a major drive for its use by the construction, automotive, food, health and electronic industries, among others. In order to understand the receptivity of producer, other stakeholders, and the general public, to the substitution and reduction of the use of EPS and XPS products, as well as to the reduction of their losses in the environment, we conducted this study. The main objective was, therefore, to assess the feasibility of producers and users of EPS and XPS to contribute to their reduction in the marine environment. The receptivity of producers and other stakeholders to change and replace these products, as well as to reduce and/or minimize their losses in the environment was assessed through several participatory sessions held during a workshop conducted within the frame of the Project Oceanwise. The results of these sessions led to the conclusion that there is a wide divergence of opinion on possible changes. The environmental sensitivity of consumers and the way waste collection influences the behaviour of the general public, was evaluated through an online survey that allowed to fill the information gaps on the relationship that the consumer has with the polystyrene material used daily. The participants in the survey were mostly women (73%), between 31 and 55 years of age, living in the Centro region, and about 87% of the respondents classified the waste collection system between “Sufficient” and “Very good”. Regarding the most important uses of foams, most men (32%) did not associate the use of foam products with protections for home appliances.

Among respondents, 68.5% refer that they deposit the foam trays in the plastic container, while 30.7%

admitted depositing them in the undifferentiated containers. Although the age range of the respondents did not have a significant effect on the selection of a container, the region of residence showed a significant effect. The behaviour of the general public was also analysed in the light of the waste collection system installed in Portugal, which was compiled in the scope of this work. The comparison suggested that the low investment in the maintenance of waste management and in the implementation of separation points may justify the differences in behaviour between regions. With this work, it was concluded that it is important to continue with education and awareness actions about the importance of waste separation and to support the development of ecological products to reduce the amount of waste and its losses to the environment.

Keywords: Marine litter, Waste management, Expanded polystyrene, Extruded polystyrene, Plastic debris.

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v

Í

NDICE

RESUMO ... III ABSTRACT ... IV ÍNDICE DE FIGURAS ... VI ÍNDICE DE TABELAS ... VII LISTA DE ABREVIATURAS ... VIII

1. INTRODUÇÃO ... 0

1.1AREVOLUÇÃODOPLÁSTICO ... 0

1.2IMPACTOSAMBIENTAISDOSPLÁSTICOS ... 0

1.3OCASODASESPUMASDEPOLIESTIRENO ... 1

1.4PROBLEMÁTICADASESPUMASDEPOLIESTIRENO ... 1

1.5OBJETIVOS ... 3

2. PROJETO OCEANWISE ... 4

2.1OCEANWISESTAKEHOLDERSWORKSHOP ... 5

2.2OCEANWISESTAKEHOLDERSWORKSHOP–ATIVIDADES ... 6

2.3OCEANWISESTAKEHOLDERSWORKSHOP-RESULTADOS ... 8

2.3.1 Buffer Activity ... 8

2.3.2 Scenarios setting - 1st Group Activity... 9

2.3.3 Main Constraints/Concerns and Benefits/New Opportunities - 2nd Group Activity... 9

2.3.4 Priorities - 3rd Group Activity ... 10

2.3.5 Avaliação ... 10

2.4TAREFASREALIZADAS ... 11

3. METODOLOGIA ... 12

3.1INQUÉRITOS ... 12

3.2ANÁLISEDEDADOS ... 13

4. RESULTADOS ... 14

4.1PARTICIPAÇÃOEAVALIAÇÃODOSISTEMADERECOLHADERESÍDUOS ... 14

4.2UTILIZAÇÃODEESPUMAS ... 16

4.3ATITUDESERESPONSABILIDADEAMBIENTAL ... 19

5. DISCUSSÃO ... 20

5.1AVALIAÇÃODOSISTEMADERECOLHADERESÍDUOSPELOSPORTUGUESES ... 20

5.2OPAPELDAFAIXAETÁRIANASEPARAÇÃODERESÍDUOS ... 21

5.3COMPORTAMENTOFACEÀSEPARAÇÃODERESÍDUOS ... 22

5.4UTILIZAÇÃODASESPUMASPELOSPORTUGUESES ... 23

5.5PERSPETIVASFUTURAS ... 24

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS... 25

7. ANÁLISE CRÍTICA AO ANO DE ESTÁGIO ... 26

8. REFERÊNCIAS ... 27

ANEXOS ... 30

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vi

Índice de figuras

Figura 2.1 - Tabela resumo de votações recolhidas no âmbito da análise de cenários (extraído de Vasconcelos et al., 2019).

Figura 4.1- Caracterização do universo de participantes no inquérito, incluindo região de residência, faixa etária e género.

Figura 4.2 - Caracterização da recolha de resíduos na área de residência dos respondentes e comportamento dos mesmos, na separação dos resíduos.

Figura 4.3 - Dados da terceira secção do inquérito, intitulada de “Poliestireno no nosso quotidiano”.

Figura 4.4 - Dados da quarta secção do inquérito, intitulada de “Poliestireno para outros fins”.

Figura 4.5 - Representação gráfica da Análise de Correspondência Múltipla das utilizações dos produtos de espuma.

Figura 4.6 - Dados da quinta secção do inquérito, intitulada “Que alternativas?”, e às questões nela incluídas

Figura 4.7 - Dados da sexta secção do inquérito, intitulada de “Desafios societais”.

Figura 4.8 - Dados da sétima secção do inquérito, intitulada de “Atitudes”.

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vii

Índice de tabelas

Tabela 4.1 - Classificação do sistema de recolha da região Centro e Área Metropolitana de Lisboa.

Tabela 4.2 - Número de inquéritos por região de residência com a respetiva percentagem de resíduos no contentor de plástico e no contentor indiferenciado.

Tabela 5.1 - Dados de resíduos urbanos recolhidos por habitante (kg), resíduos urbanos selecionados (%), resíduos urbanos em aterro (%) do Anuário Estatístico de 2018 de cada região (Direção Regional de Estatística da Madeira, 2019; Instituto Nacional de Estatística, 2019, 2019a, 2019b. 2019c, 2020;

Serviço Regional de Estatística dos Açores 2019).

Tabela 5.2 - População contabilizada nos Censos de 2011 e dados das despesas na gestão de resíduos no domínio de gestão e proteção do ambiente do Anuário Estatístico de 2018 de cada região (Direção Regional de Estatística da Madeira, 2019; Instituto Nacional de Estatística, 2019, 2019a, 2019b. 2019c, 2020; Serviço Regional de Estatística dos Açores, 2019).

Tabela 5.3 - Dados do índice envelhecimento da população do Anuário Estatístico de 2018 de cada região (Direção Regional de Estatística da Madeira, 2019; Instituto Nacional de Estatística, 2019, 2019a, 2019b. 2019c, 2020; Serviço Regional de Estatística dos Açores, 2019).

Tabela 5.4 - Dados dos valores de retoma (t) de resíduos de embalagens provenientes da recolha indiferenciada do Anuário Estatístico de 2018 de cada região (Direção Regional de Estatística da Madeira, 2019; Instituto Nacional de Estatística, 2019, 2019a, 2019b. 2019c, 2020; Serviço Regional de Estatística dos Açores, 2020).

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viii

Lista de abreviaturas

ACM- Análise de Correspondência Múltipla

DGRM- Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos EPS- Poliestireno Expandido

NUT - Nomenclatura das Unidades Territoriais PET- Politereftalato de etileno

PS- Poliestireno

SPV- Sociedade Ponto Verde XPS- Poliestireno Extrudido

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I

NTRODUÇÃO

1.1 A REVOLUÇÃO DO PLÁSTICO

Os plásticos são polímeros orgânicos sintéticos ou semissintéticos extremamente leves e resistentes, com longa duração e de baixo custo (Leal Filho et al., 2019). Por este motivo, tornaram-se dominantes no mercado de consumo desde o seu desenvolvimento comercial nas décadas de 1930 e 1940 (Jambeck et al., 2015). O papel e outros produtos derivados da celulose foram sendo substituídos por embalagens plásticas devido às suas melhores propriedades físicas e químicas, bem como a sua resistência à água e à maioria dos micro-organismos nela existentes (Shah et al., 2008).

Apesar de anteriormente à industrialização do plástico muitos dos resíduos produzidos serem materiais orgânicos e biodegradáveis, na atualidade, os elementos sintéticos e os plásticos, em particular, destacam-se como os materiais mais abundantes nos resíduos sólidos (Sheavly e Register, 2007). Na sequência do crescimento da população mundial houve um aumento proporcional da produção de resíduos plásticos, constituindo estes, uma séria ameaça para o meio ambiente (Silva e Brito, 2018). Os plásticos de utilização única, que podem incluir sacos de plástico, microesferas, talheres, palhinhas e poliestireno (incluindo copos e embalagens para alimentos), são fontes substanciais de poluição marinha (Schnurr et al., 2018). Por serem tão diversos, versáteis e práticos, os plásticos tornaram-se indispensáveis em diversas vertentes da vida moderna.

No entanto, o modelo atual de consumo da maioria dos itens plásticos também resulta na produção de grandes quantidades de resíduos com consequências ambientais, sociais e económicas (Monteiro et al., 2018).

1.2 IMPACTOS AMBIENTAIS DOS PLÁSTICOS

Os resíduos plásticos tendem a tornar-se frágeis e a decompor-se em pedaços pequenos, sendo a sua degradação acelerada quando expostos à radiação UV ou em contacto com a água do mar. No entanto, o tempo real para a completa degradação do plástico em meio ambiente marinho, permanece desconhecido (Li et al., 2016). Existe uma grande probabilidade de os resíduos plásticos serem libertados para o meio ambiente caso não sofram uma recolha e tratamento adequado. Consequentemente podem causar impactos negativos no ambiente marinho, nos ecossistemas de água doce, no solo e na cadeia alimentar (Leal Filho et al., 2019). Os impactos ambientais dos resíduos plásticos na vida marinha são diversos e incluem o aumento do nível de mortalidade ou efeitos quase letais na biodiversidade, que podem ser causados pelo emaranhamento de animais marinhos em vários tipos de resíduos plásticos, como as redes de pescas abandonadas; pela ingestão de pequenos resíduos plásticos por organismos planctónicos, alguns de pequenas dimensões; pela dispersão de espécies, potencialmente invasoras, e pela criação de novos habitats para espécies marinhas (Niaounakis, 2017a). Mais de 660 espécies marinhas demonstraram ter sido afetadas de forma negativa pelos plásticos, incluindo todas as espécies de tartarugas marinhas, dois terços de todas as espécies de mamíferos marinhos e metade de todas as espécies de aves marinhas (Mendenhall, 2018).

As preocupações com o ambiente marinho têm vindo a ser lentamente integradas na atitude das sociedades para com os resíduos de plástico e nas decisões políticas. É neste contexto que surge a Diretiva (UE) 2019/904 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 5 de junho de 2019, relativa à redução do impacto de determinados produtos de plástico no ambiente. Perante uma quantidade, cada vez maior de resíduos nocivos de plástico nos oceanos, esta diretiva propõe novas regras à escala da União Europeia para os 10 produtos de plástico

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1 descartáveis encontrados, com maior frequência, em praias e mares europeus, bem como para as artes de pesca perdidas ou abandonadas que, no seu conjunto, representam cerca de 70% do lixo marinho na Europa.

1.3 O CASO DAS ESPUMAS DE POLIESTIRENO

O poliestireno (PS), resina do grupo dos termoplásticos formada pela polimerização do monómero de estireno, foi a primeira resina plástica transparente, a ser produzida. Existem diferentes tipos, sendo os mais conhecidos o PS expandido (EPS) e PS extrudido (XPS). Ambas são espumas rígidas que consistem em células fechadas rígidas e são fabricadas por diferentes processos, produzindo produtos com propriedades de desempenho muito diferentes (Niaounakis 2017b). O EPS tem como matéria-prima o PS ao qual é adicionado um agente expansor, o pentano. O material é sujeito a um processo de transformação, que se desenvolve em três etapas: a pré- expansão, o armazenamento intermédio e a moldagem. (Plastimar n.d.). O EPS é um plástico celular rígido constituído por 98% de ar e 2% de poliestireno (Lassen et al., 2019). A sua densidade é alterada conforme as necessidades do produto final, contendo, em regra geral. um inibidor de combustão. O XPS diferencia-se do EPS por ser obtido por um processo de extrusão em contínuo, por empregar outros gases expansores e por ser composto por um material homogéneo, enquanto que o EPS é composto por um conjunto de esferas, sendo a densidade deste material sempre a mesma (Plastimar n.d.). Em contraste com o EPS, a estrutura celular do XPS é completamente fechada sem cavidades entre as células. Portanto, o XPS é mais resistente à pressão e humidade (Lassen et al., 2019).

Os produtos de EPS e XPS não oferecem risco para a saúde pública, quando em contacto com alimentos, por serem formulados com aditivos, corantes e pigmentos aprovados nas Listas Positivas da legislação da UE e desde que cumpram os critérios de pureza definidos (Garcia et al., 2017). A sua utilização nas embalagens de alimentos, em produtos eletrónicos, na indústria automóvel e aeronáutica e em equipamentos desportivos tem aumentado nos últimos anos devido às vantagens nas suas propriedades (Castro et al., 2017). O material pode ser utilizado em outras aplicações como tabuleiros de pescado e tabuleiros de agricultura, caixas de transporte diversas, componentes técnicos, acessórios de construção civil, granulados, betão leve, entre outros (Plastimar n.d.).

1.4 PROBLEMÁTICA DAS ESPUMAS DE POLIESTIRENO

A utilização de produtos EPS e XPS em embalagens nos países da HELCOM, ocorre geralmente em aplicações de utilização única, sendo os resíduos de produtos de utilização única mais abundantes do que os resíduos do sector da construção (Lassen et al., 2019). Muitas indústrias utilizam o EPS devido à sua versatilidade, estabilidade dimensional, limpeza e baixo custo. Após utilização, o EPS termina geralmente em aterros ou é incinerado (Shin, 2006).Entre vários, destacam-se seis problemas associados à utilização de recipientes EPS de comida descartáveis: o EPS não é biodegradável e é persistente no meio ambiente; o EPS representa milhares de toneladas de resíduos por ano; os resíduos de EPS acumulam-se durante as enxurradas originadas pelas tempestades resultando num custo acrescido para a sua limpeza; os resíduos de EPS acumulados na praia podem impactar o turismo; o EPS é um tipo de poluição marinha que tem impactos na vida animal; e os recipientes de alimentos EPS são difíceis de reciclar (Equinox Project 2017).

Em muitos casos, a produção de materiais alternativos tem um custo superior ao custo do EPS, no entanto, a substituição de embalagens alimentares de EPS por outro material mais sustentável, pode beneficiar financeiramente as empresas que adotam esta mudança. Em 1990, a empresa McDonald’s deixou de usar

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2 embalagens de poliestireno de forma a encontrar formas de reduzir os resíduos sólidos. Esta e outras mudanças na embalagem economizaram para a empresa cerca de 6 milhões de dólares por ano e na década seguinte às mudanças na embalagem, reduziu os resíduos em 30% (Environmental Defense Fund, 2018).

Não existe informação sobre as fontes de emissão de EPS e XPS para o meio natural por sector de atividade em modo geral, o que dificulta a implementação de medidas para reduzir a quantidade destes detritos no meio ambiente. Nos países da HELCOM, e tendo por base a avaliação de fontes de emissão prováveis, não foi possível identificar ou indicar uma ou mais fontes como sendo o maior emissor de resíduos EPS e XPS (Lassen et al., 2019). No entanto, foram considerados as seguintes fontes para o Mar Báltico: materiais de construção, a produção de produtos de EPS e XPS, o tratamento de resíduos sólidos, as atividades recreativas, materiais da pesca, outras fontes terrestres incluindo algumas aplicações outdoor e EPS descoberto, por fim outras fontes incluem as embarcações marítimas e de recreio (Lassen et al., 2019).

Em Portugal, a Sociedade Ponto Verde (SPV), criada para assumir o papel de entidade gestora de embalagens e resíduos de embalagens, é uma entidade privada, sem fins lucrativos, cuja missão é gerir e promover a seleção, retoma e valorização dos resíduos de embalagens. Os plásticos reciclados através da SPV têm como destino:

novas embalagens de contacto alimentar (PET), fibras de poliéster (PET), aplicações para a construção civil (PE, EPS), madeira plástica (plásticos mistos), entre outros. Segundo os dados da SPV, os valores de reciclagem de EPS em Portugal aumentaram 10% entre 2017 e 2018 e o EPS reciclado é transformado em aplicações para a construção civil e em peças injetadas diversas (Sociedade Ponto Verde, 2018a). O poliestireno pode ser reciclado por métodos mecânicos, químicos e térmicos (Castro et al., 2017). Apesar dos valores de reciclagem do EPS em Portugal terem aumentado, é necessário reduzir o consumo deste produto, visto que apenas uma baixa percentagem de EPS entra no sistema de gestão de resíduos.

Ao consultar o relatório “SINGLE-USE PLASTICS - A Roadmap for Sustainability” é possível observar um conjunto de ações tomadas pelo público, entidades privadas e governos que visam minimizar a produção e uso de sacos de plástico e produtos de poliestireno. As ações consistem na melhoria dos sistemas de gestão de resíduos, na promoção de alternativas mais sustentáveis, em ações de sensibilização social, em estratégias e acordos de redução voluntária e ainda em intervenções políticas para reduzir estes produtos (UNEP 2018).

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3 1.5 OBJETIVOS

O principal objetivo do presente trabalho foi a avaliação da viabilidade de contribuir para uma redução de EPS e XPS no meio marinho. Para isso, optou-se por definir os seguintes objetivos específicos:

1) medir a recetividade de produtores e outros grupos à mudança e formas de reduzir a quantidade de resíduos EPS e XPS produzidos e encontrados no ambiente;

2) avaliar a sensibilidade ambiental dos consumidores de produtos EPS e XPS em Portugal e a sua sensibilidade à redução na utilização dos mesmos;

3) compreender de que forma a recolha de resíduos influencia o comportamento do público em geral;

4) compilar a informação relativa aos sistemas de recolha de resíduos em Portugal.

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4

1. P

ROJETO

O

CEANWISE

O estágio realizado na Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM) foi integrado no projeto OceanWise, que tem como objetivo contribuir para a redução do impacto do lixo marinho, especificamente do poliestireno expandido (EPS) e poliestireno extrudido (XPS). No âmbito deste projeto, pretende-se desenvolver um conjunto de medidas a longo-prazo com vista à boa gestão transnacional de lixo marinho no espaço Atlântico Nordeste.

A DGRM lidera o projeto OceanWise, tendo constituído parceria com mais doze entidades públicas e privadas de todo o arco Atlântico (Portugal, Espanha, França, Irlanda e Reino Unido). Os parceiros portugueses do projeto são a Universidade NOVA de Lisboa – Faculdade de Ciências e Tecnologia e a Sociedade Ponto Verde.

Adicionalmente, a Convenção OSPAR é parceira associada.

Focado nos princípios da Economia Circular e recorrendo a metodologias participativas, o projeto OceanWise pretende gerar novas e melhores práticas nos sectores que utilizam, fabricam ou reciclam EPS e XPS. Os objetivos específicos são: identificar os produtos de EPS e XPS mais suscetíveis de atingir o meio marinho e impactar os ecossistemas; propor e testar opções plausíveis (reduzir, reutilizar, reciclar, recuperar) para alcançar melhores resultados ambientais em diferentes sectores; envolver comunidades de produtores e designers em reflexões sobre a sustentabilidade de aplicações específicas e explorar modelos mais circulares; e desenvolver metodologias orientadas para uma economia circular, avaliar novas oportunidades, barreiras e opções para medidas e decisões políticas.

O projeto tem por base a Diretiva Quadro Estratégia Marinha e o Plano de Ação Regional para o Lixo Marinho da Convenção OSPAR, contribuindo para o desenvolvimento da ação nº 49 deste plano de ação, focada na

"prevalência e impacto do EPS no meio marinho". Além disso, os objetivos do projeto OceanWise alinham-se com o dossiê Economia Circular para a Europa.

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5 2.1 OCEANWISE STAKEHOLDERS WORKSHOP

De forma a dar resposta ao problema do lixo marinho relacionado com o EPS e XPS, uma das tarefas do projeto OceanWise foi a realização de uma primeira sessão participativa com diversos stakeholders. As sessões participativas têm como objetivo reunir os diferentes sectores, ouvir opiniões, discutir e partilhar ideias de forma a responder aos problemas de resíduos marinhos relacionados com as espumas.

A primeira sessão participativa do projeto OceanWise realizou-se em Lisboa no dia 7 de março de 2019, com o seguinte tema “Como podem os plásticos expandidos encaixar-se na economia circular?”. Este workshop juntou 31 stakeholders portugueses reunindo participantes responsáveis pela gestão ambiental, gestão de resíduos, representantes das indústrias de produção, transformação e reciclagem de poliestireno expandido, representantes da área de pesca, aquacultura, distribuição alimentar, da academia e organizações não governamentais de ambiente.

O workshop foi iniciado com o registo dos participantes, a que se seguiu um período dedicado à realização de várias apresentações: a apresentação do projeto OceanWise pela DGRM; “Lixo marinho e a Agenda 2030” pela Direção-Geral de Política do Mar; “Reciclagem de Poliestireno no Sistema Ponto Verde” pela Sociedade Ponto Verde; “Transição para a Economia Circular: o Novo Pacote Legislativo” pela Agência Portuguesa do Ambiente; “Programa de Monitorização de Lixo Marinho” pela Agência Portuguesa do Ambiente; e a

“Estratégia da Câmara Municipal de Lisboa para o Mar” por Alberto Laplaine.

Os participantes foram separados em diferentes categorias de stakeholders, de modo a criar grupos homogéneos com conhecimentos e interesses semelhantes nas primeiras atividades. Assim foram definidas sete categorias de stakeholders/sectores às quais foram atribuídas cores diferentes de forma a facilitar a identificação e organização do trabalho: Técnicos, Organizações Não Governamentais, Gestores de Resíduos, Alternativos ao EPS e XPS, Pesca e Aquacultura, Empresas (Retalhista e Grossista), e Produtores (EPS e XPS).

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6 2.2 OCEANWISE STAKEHOLDERS WORKSHOP – ATIVIDADES

A primeira atividade Buffer Activity – Scenario Analysis, tinha como objetivo recolher informação relevante tanto para a evolução das sessões como para as futuras decisões do projeto de forma individual e anónima. Os participantes obtinham 30 votos/pontos coloridos de acordo com a cor do sector a que pertenciam para distribuírem pelos seguintes cenários: cenário 1 “a indústria incorpora o resíduo EPS/XPS como material bruto na produção de EPS / XPS (resíduos de produtos de utilização única)”; cenário 2 “a identificação da proveniência industrial, composição/aditivos e possível adequação dos produtos a contato com os alimentos acompanham o produto mesmo após o descarte (rastreabilidade)”; cenário 3 “o uso de utensílios descartáveis feitos de EPS e XPS, como copos, pratos e caixas de comida, são proibidos em eventos públicos e em serviços de restauração, principalmente em bares e restaurantes de praia”; cenário 4 “são criados incentivos para o retorno de embalagens e outras aplicações de consumo de EPS e XPS” ; cenário 5 “são criados incentivos financeiros para estimular a reciclagem de EPS e XPS a bordo de navios, em lota e na aquacultura”; cenário 6 “o EPS ou XPS usado para proteção na embalagem de produtos frágeis mas não sensíveis ao calor é substituído por materiais biodegradáveis ou reutilizáveis”; cenário 7 “o uso de EPS e XPS no sector pesqueiro (boias de sinalização e outros artefactos), bem como o uso para navegação turística, é abolido”; cenário 8 “todos os produtos EPS e XPS com o potencial de se tornar lixo marinho, são substituídos por outros materiais de menor impacto (mantendo a funcionalidade e sustentabilidade econômica)”; cenário 9 “o uso de tabuleiros XPS em embalagens novas é substituído por PET ou materiais biodegradáveis” e cenário 10 “o EPS ou XPS para uso industrial implica contratos ou sinergias para sua recolha para reciclagem ou outro uso na perspetiva da economia circular”. As questões a responder após cada cenário incluíram: “Período para a realização do cenário”

com as respetivas opções de resposta (“menos de 3 anos”, “3 a 10 anos”, “10 a 20 anos”, “mais de 20 anos”,

“nunca”); “País/países onde já existe ou há condições/conhecimento/tecnologia para o cenário” com as respetivas opções de resposta (“Portugal”, “Espanha”, “França”, “Irlanda”, “Reino Unido” “outro (qual?)”); e

“As principais restrições para a realização do cenário” com as respetivas opções de resposta (“econômica”,

“tecnológica”, “política”, “social”). Após a votação nos diferentes cenários, os participantes sentaram-se por grupos dependo da cor do sector formando 7 mesas de trabalho. Seguiram-se apresentações rápidas e individuais pelas mesas de trabalho.

A segunda atividade Ice Breaker Activity, tinha como objetivo facilitar o diálogo entre os participantes e simultaneamente alertar e informar sobre os diferentes tipos de espumas existentes e os seus usos. Cada grupo foi convidado a observar os itens de espuma, numerados de 1 a 10, e identificar a sua tipologia (EPS, XPS, outras espumas). Posteriormente, o moderador desenvolveu uma dinâmica em que perguntou à sala a tipologia de cada item e cada grupo apresentou, em simultâneo, a sua resposta. Após apresentação das respostas, o moderador revelou a solução correta para cada um dos itens.

Na terceira atividade Scenarios setting – 1st Group Activity, os participantes foram convidados a desenvolver cenários de grupo para responder à pergunta: “Tendo em conta o panorama atual, a sua área de intervenção e o exemplo dos cenários analisados anteriormente, crie e desenvolva cenários atuais para o EPS, XPS e outras espumas a curto, médio e longo prazo”. Durante 15 minutos, e em grupo, os participantes desenvolveram os cenários, tendo como premissa o facto de serem eventos realísticos com probabilidade de ocorrerem a curto, médio e longo prazo. Foram pré-definidas cinco categorias para a definição dos cenários, tendo cada grupo a liberdade de escolher quais as categorias a abordar ou, eventualmente, criar outras categorias. As categorias pré- definidas foram: “produtores da matéria prima”; “indústria pesqueira”; “indústria alimentar”; “aplicações e bens de consumo”; e “outros”.

Na quarta atividade Main Constraints/Concerns and Benefits/New Opportunities – 2nd Group Activity, os participantes foram convidados a identificar coletivamente os principais benefícios e novas oportunidades, bem

(17)

7 como as principais restrições e preocupações relacionadas com o uso de EPS e XPS no seu sector de atividade.

Os grupos utilizaram post-its verdes para identificar os benefícios e novas oportunidades, e post-its amarelos para as restrições e preocupações, ordenando-os de forma ascendente.

A quinta e última atividade Priorities – 3rd Group Activity, foi iniciada com uma reestruturação dos grupos, para que os participantes estivessem distribuídos de forma heterogênea. De forma a identificarem as prioridades, os participantes registaram individualmente, em pequenos post-its amarelos, duas prioridades que consideravam mais relevantes e urgentes para adaptar o uso do EPS e XPS à Economia Circular. De seguida, cada membro do grupo apresentou as suas prioridades e foi iniciado um debate para definir as três prioridades a serem apresentadas pelo grupo, aos restantes grupos. As prioridades a serem apresentadas poderiam ser selecionadas de acordo com prioridades individuais, bem como com uma combinação de várias, ou até mesmo com novas prioridades definidas, em conjunto pelo grupo, depois do debate. Após concluir a fase anterior, o moderador solicitou aos vários grupos que apresentassem, uma a uma as suas prioridades. As prioridades com o envolvimento e concordância de todos os participantes foram estruturadas em "nuvens". Cada "nuvem" consistia em um grupo de prioridades consideradas semelhantes pelos participantes e a cada uma era atribuída um "título"

que refletia a questão central expressa. De seguida, os participantes votaram individualmente nas "nuvens" que consideravam mais relevantes e urgentes para adaptar o uso do EPS e XPS à Economia Circular. Após a votação das prioridades, foram selecionadas as que tinham mais votos e os grupos foram convidados a responder às seguintes questões: “Quais os principais atores a envolver”, “Informações a recolher/esclarecer/transmitir”, e

“Sinergias a serem criadas”. Em seguida, um porta-voz de cada grupo apresentou os resultados do trabalho realizado.

No final da sessão, a coordenação do projeto OceanWise fez uma breve intervenção, durante a qual foram apresentados os objetivos mais importantes e as próximas fases do projeto a curto prazo. Os participantes da sessão foram incentivados a fazer perguntas livremente o que permitiu um debate aberto. Por fim, os participantes realizaram uma avaliação do workshop fornecendo sugestões e referindo o que gostaram mais e menos.

(18)

8 2.3 OCEANWISE STAKEHOLDERS WORKSHOP - RESULTADOS

2.3.1 Buffer Activity

Para cada sector foi atribuída uma cor que o identificasse: Técnicos, cor amarela; Organizações Não Governamentais, cor azul clara; Gestores de Resíduos, cor azul escura; Alternativas ao EPS e XPS, cor castanha;

Pesca e Aquacultura, cor laranja; Empresas (Retalhista e Grossista), cor vermelha e Produtores de EPS e XPS, cor verde.

Na pergunta “Período para a realização do cenário” a maioria dos sectores votou nos períodos mais curtos (“menos de 3 anos”, “3 a 10 anos”, “10 a 20 anos”), no entanto apenas o sector dos Produtores (EPS e XPS) votou maioritariamente na opção (“nunca”). Na seguinte pergunta “País/países onde já existe ou há condições/conhecimento/tecnologia para o cenário” os votos foram mais abundantes na opção (“Portugal”) para todos os cenários. Em regra geral, todas as opções de restrições (“económica”, “tecnológica”, “política”,

“social”) foram votadas por todos os sectores para todos os cenários apresentados.

Figura 2.1 - Tabela resumo de votações recolhidas no âmbito da análise de cenários (extraído de Vasconcelos et al., 2019).

(19)

9 2.3.2 Scenarios setting - 1st Group Activity

Os cenários criados pelos participantes na categoria pré-definida “produtores da matéria prima” foram: “alargar o princípio de responsabilidade alargada dos produtos”; “o EPS e XPS incorporados na indústria devem ser 100% reciclável ou biodegradável”; “produto que não se degrade”; “usar matérias primas de fontes renováveis”;

“melhorar a capacidade tecnológica de reciclagem”; e “desenvolver processos de rastreabilidade”.

Os cenários criados pelos participantes na categoria pré-definida “indústria pesqueira” foram: “desenvolver incentivos económicos para substituir o EPS e XPS”; “expandir o projeto da Docapesca a outros portos de pesca a nível nacional”; “criação de uma entidade gestora para resíduos da atividade marítima”; “substituição EPS usado em portos”; “sistemas de recolha e incentivos aos sistemas de recolha”; “incentivos e supervisão para garantir que todos os artefactos e aparelhos de pesca retornam a terra para o devido encaminhamento (reciclagem)”; e “esquemas de recolha própria/específicos com adoção de boas práticas – campanhas sensibilização dos portos de pesca”.

Os cenários criados pelos participantes na categoria pré-definida “indústria alimentar” foram: “alterar o comportamento e cultura do cidadão, promovendo um maior conhecimento através de campanhas de sensibilização e educação ambiental de forma a consciencializar uma atitude proactiva e de responsabilidade”;

“consolidar um sistema de recolha seletiva para EPS e XPS”; “criar ecopontos específicos para o EPS e XPS”;

“imagem elucidativa sobre o impacto dos bens de consumo e bens alimentares”; “sistema de recolha específico para EPS/XPS para a produção de matéria-prima secundária para embalagem de bens alimentares”; “criação de embalagens com matérias primas biodegradáveis/combustíveis ou compostáveis”; “programa de sensibilização do cidadão”; e “marcação (etiquetagem) dos produtos indicando o ecoponto”.

Os cenários criados pelos participantes na categoria pré-definida “aplicações e bens de consumo” foram:

“proibir/banir bolinhas de EPS no composto e nos mobiliários (e.g. puffs)”; “aplicação em objetos duráveis”; e

”tabuleiros para pesca, agricultura, aquacultura que podem ser reutilizados”.

Os cenários criados pelos participantes na categoria pré-definida “outros” foram: “alargar para outros sectores os incentivos financeiros para estimular a reciclagem”; “produtos ecofriendly com código fiscal que dê benefícios nas contas anuais de quem os conserve”; e “redução de 20% de EPS e XPS em todas as praias portuguesas, estuários e águas interiores”.

2.3.3 Main Constraints/Concerns and Benefits/New Opportunities - 2nd Group Activity

Os participantes identificaram como principais restrições e preocupações: a segurança alimentar e rastreabilidade, maior cooperação e parcerias entre stakeholders, sistema nacional de compras públicas, produtos alternativos, a necessidade de adaptação da indústria, motivar o consumidor através de benefícios e compensações, os resíduos, a redução/reciclagem/reeducação sobre os plásticos, material EPS nas instalações de aquacultura, as fiscalizações e a monitorização do lixo marinho. Identificaram como os principais benefícios e novas oportunidades: novos hábitos de consumo, novos modelos de negócio, melhorias nos sistemas de recolha seletiva, eco design, novas tecnologias, criação de novos negócios, a economia circular, identificar a pegada ecológica e o aumento da reciclagem.

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10 2.3.4 Priorities - 3rd Group Activity

As prioridades definidas pelos participantes foram: educação e conscientização (em específico a clarificação, informação, divulgação); inovação (focado em investigações, planos e estudos prospetivos); regulamentos (em específico uma definição de regras para a produção de embalagens, incluindo material reciclado e analisando a capacidade de entrar novamente no circuito da reciclagem); recolha seletiva (em específico assegurar um sistema de recolha devidamente segmentado para encaminhamento das espumas para reciclagem); eco design;

soluções à escala global (em específico analisar o problema dos plásticos expandidos e identificar as soluções à escala global, tendo presentes os 3 pilares da sustentabilidade (económica, social e ambiental)); caixas de peixe (focado em específico no transporte e comercialização); EPS e XPS menos fragmentável; e fiscalizações (em que a primeira fase seria pedagógica e a segunda fase coimas). De seguida foram selecionadas as quatro

“nuvens” consideradas mais importantes: educação e conscientização; inovação; regulamentos; e recolha seletiva.

2.3.5 Avaliação

No final da sessão participativa os stakeholders identificaram a “interação”, “partilha”, “processo”, “trabalho de grupo”, “tema e conteúdos”, “dinamismo”, “organização” e a “diversidade de stakeholders” como os pontos que mais gostaram durante o workshop e “informação insuficiente”, “tempo”, “perspetiva tendenciosa” e

“materiais ilegíveis” como os pontos que menos gostaram durante o workshop.

(21)

11 2.4 TAREFAS REALIZADAS

Como preparação para o workshop, a primeira tarefa foi reunir informação sobre as empresas que podiam ser de interesse para a participação no desenvolvimento do projeto. Para tal, a recolha de informação começou com a pesquisa de empresas dos diferentes sectores da indústria de EPS e XPS (produção, transformação e reciclagem de poliestireno), de modo a compreender qual a sua função no ciclo de transformação do produto virgem até ao produto final e o tipo de material produzido. A pesquisa incidiu também em empresas que utilizavam outros tipos de plástico e outras matérias primas, como celulose. Durante a realização desta tarefa, desenvolvida juntamente com a coordenadora do projeto, foram efetuadas visitas a várias empresas do sector do poliestireno: a empresa Plastimar em Peniche, transformadora de poliestireno; a empresa EPS Fisher, uma empresa de reciclagem e de transformação do poliestireno expandido; a empresa Amarsul no Seixal, uma empresa de valorização e tratamento de resíduos sólidos e de resíduos urbanos da Margem Sul; e uma infraestrutura de compactação de uma superfície comercial da empresa Sonae.

A segunda tarefa, consistiu na criação de uma lista de empresas de diferentes sectores e outros stakeholders com interesse para o projeto, e a respetiva compilação dos seus contactos. A lista final foi criada pela compilação dos contactos da DGRM e dos contactos fornecidos pelo parceiro Sociedade Ponto Verde. Por fim, foi enviado o convite para a participação no workshop.

Como terceira tarefa e em conjunto com a coordenadora do projeto, foram criados e alterados os cenários para a atividade Buffer no workshop, tendo a metodologia sido desenvolvida pela Universidade NOVA de Lisboa – Faculdade de Ciências e Tecnologia, parceira do projeto.

Como quarta tarefa e após a finalização do workshop, foi necessário sumarizar e compilar as respostas dos stakeholders de cada atividade para posteriormente serem comparados com as respostas dos workshops seguintes nos restantes países (Espanha, França, Irlanda e Reino Unido).

Após a pesquisa de informação sobre o material poliestireno, a procura de stakeholders com interesse na participação do projeto OceanWise e as visitas às diferentes indústrias do poliestireno, chegou-se à conclusão que a tarefa realizada no projeto apenas incidia sobre o material poliestireno em empresas e indústrias. Decidiu- se que seria um ponto valioso para o trabalho colmatar as lacunas de informação sobre a relação que o consumidor tem com o material poliestireno utilizado diariamente. De forma a realizar esta tarefa, foi realizado um inquérito, online, para distribuir pelos potenciais consumidores das espumas EPS e XPS.

(22)

12

3. M

ETODOLOGIA

3.1 INQUÉRITOS

Para abordar os consumidores, foi realizado um inquérito online. Foi pedido aos consumidores para responderem a perguntas sobre os seus hábitos de consumo, separação para reciclagem, e experiência como consumidores de espumas de poliestireno (EPS e XPS).

O inquérito foi dividido em sete secções: dados do participante; recolha de resíduos; o poliestireno no nosso quotidiano; poliestireno para outros fins; que alternativas; desafios societais; e atitudes. Os respondentes foram informados, antes de iniciar as respostas ao inquérito, que os dados recolhidos seriam tratados de forma confidencial sem que os respondentes pudessem vir a ser identificados. Os dados foram coletados de 7 de junho de 2019 a 30 de junho de 2019.

Todas as perguntas, à exceção da terceira pergunta na quinta secção, eram de resposta obrigatória.

A primeira secção continha questões sobre os dados do participante, como género (“feminino”, “masculino”);

idade (“menos de 18 anos”, “18 a 30 anos”, “31 a 55 anos”, “mais de 55 anos”); e região de residência (“Norte”,

“Centro”, “Área Metropolitana de Lisboa”, “Alentejo”, “Algarve”, “Açores”, “Madeira”, “outro”).

A segunda secção intitulada “Recolha de resíduos” continha as seguintes quatro questões: “Existe um serviço de recolha de resíduos perto da sua residência?” com as respetivas opções de resposta (“sim”, “não” e “não sei”); “Que tipo de recolha tem ao seu dispor?” com as respetivas opções de resposta (“contentor indiferenciado”, “contentor do plástico”, “contentor do vidro”, “contentor do papel”, “outro” e “não sei”);

“Separa o lixo com regularidade?” com as respetivas opções de resposta (“todos os dias”, “todas as semanas”,

“todos os meses”, “nunca”); “Como classifica o sistema de recolha urbana da sua zona?” com as respetivas opções de resposta (“muito bom”, “bom”, “suficiente”, “mau” e “muito mau”).

A terceira secção intitulada “Poliestireno no nosso quotidiano” continha as seguintes quatro questões: “Utiliza produtos que estão embalados em tabuleiros de espuma?” com as respetivas opções de resposta (“sim”, “não”);

“Dos produtos que adquire, quais os que estão embalados em tabuleiros de espuma?” com as respetivas opções de resposta (“frutas”, vegetais”, “carne”, “peixe”, “congelados”, “não sei” e “não utilizo”); “ Quantos tabuleiros utiliza por semana?” com as respetivas opções de resposta (“0 a 5 unidades”, “6 a 10 unidades”, “11 a 15 unidades”, “não sei” e “não utilizo”); “Onde coloca os tabuleiros de espuma?” com as respetivas opções de resposta (“contentor indiferenciado”, “contentor do plástico”, “contentor do vidro” e “contentor do papel”).

A quarta secção intitulada “Poliestireno para outros fins” continha as seguintes três questões: “Quais as 3 utilizações que acha mais importantes?” com as respetivas opções de resposta (“transporte de medicamentos”,

“transporte de alimentos”, “isolamento para a construção civil”, “proteção para eletrodomésticos”, “indústria automóvel” e “equipamentos de desporto”); “Reconhece as vantagens que estas espumas possuem?” com as respetivas opções de resposta (“sim”, “não”); “Das vantagens abaixo descritas, quais as 3 que acha mais importantes?” com as respetivas opções de resposta (“isolante térmico”, “alta leveza”, “resistência”,

“amortecedor de impactos”, “versatilidade de formatos” e “facilidade de manipulação e instalação”).

A quinta secção intitulada “Alternativas” continha as seguintes três questões: “Qual o material de proteção que para si é mais seguro na compra de produtos que vão ser transportados?” com as respetivas opções de resposta (“”esferovite””, “cartão”, “papel”, “filme de bolhas” e “outro”); “Já comprou produtos que estavam protegidos

(23)

13 para além da “esferovite”, como por exemplo papel ou cartão?” com as respetivas opções de resposta (“sim,

“não”); “ Se respondeu SIM, achou que a segurança do material estava comprometida?” com as respetivas opções de resposta (“sim, “não).

A sexta secção intitulada “Desafios societais” continha as seguintes três questões: “A responsabilidade ambiental de uma empresa é um fator importante para si?” com as respetivas opções de resposta (“sim, “não);

“Estaria disposto a pagar 10% do valor de um produto se este for mais ecológico?” com as respetivas opções de resposta (“sim, “não); “Acha correto que as empresas que são mais poluidoras sejam penalizadas com um imposto?” com as respetivas opções de resposta (“sim, “não).

A sétima secção intitulada “Atitudes” continha as seguintes três questões: “Segue algum fórum de notícias em que o foco seja o ambiente?” com as respetivas opções de resposta (“sim, “não); “Alguma vez participou nalgum voluntariado ambiental?” com as respetivas opções de resposta (“sim, “não); “Se na sua zona o convidarem a participar numa limpeza de praia, qual seria a sua resposta?” com as respetivas opções de resposta (“sim, “não).

O inquérito encontra-se disponível em anexo.

De forma a analisar a informação recolhida pelos inquéritos, foi compilada informação existente no Anuário Estatístico de 2018 de cada região e dos Censos de 2011.

3.2 ANÁLISE DE DADOS

Foram utilizados dois tipos de análises estatísticas, o teste Qui-quadrado e a Análise de Correspondência Múltipla.

O teste Qui-quadrado foi utilizado para verificar se existia um efeito significativo entre as variáveis: região de residência e classificação do sistema de recolha de resíduos, onde foram analisados os dados de todas as regiões e depois apenas as regiões com uma maior amostra de participação no inquérito, a região Centro e Área Metropolitana de Lisboa; região de residência e onde coloca os tabuleiros de espuma; idade e onde coloca os tabuleiros de espuma, esta análise foi efetuada excluindo os participantes com menos de 18 anos; género e participação em voluntariados; e região de residência e participação em voluntariados, onde foram analisados os dados de todas as regiões e depois apenas as regiões com uma maior amostra de participação no inquérito a região Centro e Área Metropolitana de Lisboa.

A Análise de Correspondência Múltipla realizou-se de forma a identificar as associações entre as variáveis:

género e utilizações mais importantes, onde se utilizou o teste Qui-quadrado entre as variáveis: género e proteção para eletrodomésticos; transporte de medicamentos e transporte de alimentos; transporte de medicamentos e indústria automóvel; e transporte de alimentos e indústria automóvel. As diferenças estatisticamente significativas foram consideradas quando p-value < 0,05. A qualidade de representação da ACM é designada pelo cos2 que mede o grau de associação entre as categorias de cada variável e um eixo em particular, quanto maior o valor de cos2 maior a relação com pelo menos um dos eixos.

(24)

14

4. R

ESULTADOS

Foram obtidas 470 respostas válidas aos inquéritos efetuados, tendo a maioria dos participantes sido do sexo feminino (73%), com idade compreendida entre os 31 e 55 anos (53%), e cuja localidade de residência predominante (46%) se situa na região Centro (figura 4.1).

Figura 4.1 - Caracterização do universo de participantes no inquérito, incluindo género, grupo etário e região de residência.

4.1 PARTICIPAÇÃO E AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RECOLHA DE RESÍDUOS

De entre os respondentes, mais de 95% tem um serviço de recolha de resíduos perto da sua residência, mais de 23% tem acesso a quatro tipos de recolha e 71,5% separa os resíduos todos os dias (figura 4.2).

Figura 4.2 - Caracterização da recolha de resíduos na área de residência dos respondentes e comportamento dos mesmos, na separação dos resíduos.

(25)

15 Cerca de 87% dos inquiridos classifica o sistema de recolha de resíduos entre “Suficiente” e “Muito bom”

(figura 4.2), sendo tal opção significativamente influenciada pela região de origem dos inquiridos (X2 (4, N = 352) = 16,901, p < 0,05). Considerando apenas as duas regiões com um maior número de respostas, houve um efeito significativo da região na classificação do sistema de recolha de resíduos (X2 (4, N = 352) = 16,901, p <

0,05), onde mais de 50% dos indivíduos da Área Metropolitana de Lisboa classifica o sistema de recolha de resíduos como “Bom” ou “Muito Bom”, enquanto pelo contrário, ~50% dos indivíduos da região Centro classifica o sistema como Suficiente (tabela 4.1).

Tabela 4.1 - Classificação do sistema de recolha da região Centro e Área Metropolitana de Lisboa.

Classificação Centro (%) Área Metropolitana de Lisboa (%)

Muito bom 4,76 7,75

Bom 32,38 48,59

Suficiente 50,48 28,87

Mau 10,95 12,68

Muito mau 1,43 2,11

(26)

16 4.2 UTILIZAÇÃO DE ESPUMAS

Mais de 64% dos participantes utiliza tabuleiros de espuma no seu dia a dia, maioritariamente em produtos frescos de carne (39,7%) e vegetais (15,2%), a que se seguem os produtos congelados (10,5%) que, no seu conjunto, representam 65,4% da quantidade de tabuleiros de espuma que utilizam (figura 4.3). Estes respondentes utilizam entre 0 a 5 tabuleiros por semana depositando-os predominantemente no contentor do plástico (68,5%), apesar de alguns (30,7%) os colocarem no contentor indiferenciado. As três utilizações consideradas mais importantes pelos respondentes, foram o isolamento na construção civil (28,2%), o transporte de medicamentos (23,6%) e a proteção para eletrodomésticos (17,0%) (figura 4.4). Relativamente às vantagens listadas, os respondentes consideraram o isolamento térmico (29,4%), a leveza (23,7%) e a sua capacidade de amortecer impactos (22,6%), como as principais vantagens do uso de espumas (figura 4.4).

Figura 4.3 - Dados da terceira secção do inquérito, intitulada de “Poliestireno no nosso quotidiano”.

Figura 4.4 - Dados da quarta secção do inquérito, intitulada de “Poliestireno para outros fins”.

(27)

17 Ao realizar a Análise de Correspondência Múltipla, a primeira dimensão correspondeu a 24,2% da inércia e a segunda dimensão a 17,7% da inércia, num total de 41,9% da inércia total (figura 4.5). Observando as categorias é possível identificar dois perfis de consumidores de produtos de espuma. O perfil 1 no qual se incluem os consumidores que não relacionam os produtos de espuma com a indústria automóvel, e que relacionam as espumas com o transporte de alimentos e de medicamentos; e o perfil 2 em que se incluem os consumidores que relacionam os produtos de espuma com a indústria automóvel, mas não com o transporte de alimentos e de medicamentos (figura 4.5). De uma forma geral notou-se um efeito do género dos inquiridos nas utilizações mais importantes, nomeadamente que a maioria dos homens (32%) não associam o uso dos produtos de espuma às proteções para os eletrodomésticos (X2 (1, N = 470) = 8,7317, p < 0,05). Por outro lado, 69% dos inquiridos que relacionam a utilização de produtos de espuma com o transporte de alimentos, também os relacionam com o transporte de medicamentos (X2 (1, N = 470) = 7,64, p < 0,05). No entanto 68% das pessoas inquiridas que não os relacionam com a indústria automóvel, identifica a sua utilização no transporte de medicamentos (X2 (1, N = 470) = 21,042, p < 0,05). 84% das pessoas que associam os produtos de espuma à indústria automóvel não os associa ao transporte de alimentos (X2 (1, N = 470) = 45,705, p < 0,05).

Figura 4.5 - Representação gráfica da Análise de Correspondência Múltipla das utilizações dos produtos de espuma.

A qualidade de representação da ACM é medida pelo cos2.

De entre os participantes no inquérito, a maioria (59%) reconheceu as vantagens do uso de espumas plásticas, tendo selecionado o isolamento térmico, a alta leveza e a capacidade de amortecer impactos como as três vantagens mais importantes. No total de respondentes, cerca de 59% escolheu o material “esferovite” como o mais seguro durante o transporte. Mais de 88% já comprou produtos que estavam protegidos por materiais para além da “esferovite” e dessa percentagem, mais de 73% respondeu que não achou que a segurança dos produtos estivesse comprometida pela utilização de outro material (figura 4.6).

Relativamente ao local onde depositam os tabuleiros de espuma, 68,5% dos inquiridos refere que utiliza o contentor dos plásticos, enquanto que 30,7% admite depositá-los no contentor dos resíduos indiferenciados.

(28)

18 Apesar de não ter sido observado qualquer efeito da idade dos inquiridos nesta escolha (X2 (6, N = 465) = 3,4135, p = 0,7554), a região apresentou um efeito significativo (X2 (7, N = 470) = 20,451, p < 0,05).

Considerando as respostas em função da região de residência (tabela 4.2) e comparando apenas as duas regiões com um maior número de respostas, verifica-se que 76% dos inquiridos da região Área Metropolitana de Lisboa coloca os tabuleiros no contentor dos plásticos, enquanto que 37% dos indivíduos da região Centro coloca esses tabuleiros no contentor dos resíduos indiferenciados.

Figura 4.6 - Dados da quinta secção do inquérito, intitulada “Que alternativas?”, e às questões nela incluídas.

Tabela 4.2 - Número de inquéritos por região de residência com a respetiva percentagem de resíduos no contentor de plástico e no contentor indiferenciado.

Região Contentor Plástico (%)

Contentor Indiferenciado (%)

N de inquéritos

Norte 65,38 34,61 26

Centro 63,11 36,89 210

Área Metropolitana de Lisboa

75,89 24,11 142

Alentejo 70,83 29,17 24

Algarve 83,33 16,67 6

Açores 71,43 28,57 7

Madeira 87,50 12,50 48

Outro 28,57 71,43 7

(29)

19 4.3 ATITUDES E RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

À pergunta se a responsabilidade ambiental de uma empresa era um fator importante, mais de 99% dos participantes respondeu que sim, 77,9% estaria disposto a pagar mais 10% se um produto fosse mais ecológico e 97,5% defende que as empresas mais poluidoras deveriam ser penalizadas (figura 4.7). Mais de 53% dos participantes segue um fórum de notícias ambientais e já participou em algum voluntariado ambiental. Também mais de 92% respondeu que aceitaria o convite para uma limpeza de praia (figura 4.8), não tendo sido observado um efeito significativo do género dos inquiridos (X2 (1, N = 470) = 0,2052, p = 0,6506).

A participação dos inquiridos em voluntariados ambientais é, contudo, significativamente influenciada pela sua região de residência (X2 (7, N = 470) = 15,364, p < 0,05). Se compararmos apenas as regiões com maior número de respostas, a Área Metropolitana de Lisboa teve uma percentagem de 54% de inquiridos a realizar voluntariado e a região Centro com 48%; (X2 (1, N = 470) = 3,8931, p < 0,05).

Figura 4.7 - Dados da sexta secção do inquérito, intitulada de “Desafios societais”.

Figura 4.8 - Dados da sétima secção do inquérito, intitulada de “Atitudes”.

(30)

20

5. D

ISCUSSÃO

5.1 AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RECOLHA DE RESÍDUOS PELOS PORTUGUESES

Em 2016 foram produzidos 2 538 milhões de toneladas de resíduos pelos estados-membros da União Europeia em todos os sectores económicos. Em Portugal, o maior valor foi atribuído ao sector de “outras atividades económicas”, maioritariamente serviços, representando 35% dos resíduos produzidos a nível nacional, seguido dos resíduos domésticos com 33% (Eurostat, 2019). Os dados indicam que Portugal apresenta uma taxa de reciclagem de resíduos municipais de 28,9%, sendo este valor muito inferior ao da média dos países da União Europeia, que se situa nos 47,4% (PORDATA, 2020). Para agravar a situação, a produção de resíduos urbanos per capita, em Portugal, sofreu um aumento de 44% ao longo das últimas duas décadas (Eurostat, 2019).

Em 2018, a quantidade de resíduos urbanos recolhidos, por habitante, foi maior na região do Algarve, seguida das regiões dos Açores, Alentejo, Área Metropolitana de Lisboa, Madeira, Norte e, por último, da região Centro (tabela 5.1) (Direção Regional de Estatística da Madeira, 2019; Instituto Nacional de Estatística 2019, 2019a, 2019b. 2019c, 2020; Serviço Regional de Estatística dos Açores, 2019). A região Centro apresentou o menor valor de resíduos recolhidos por habitante, possuindo também a menor percentagem na recolha de resíduos selecionados. No entanto, detém uma maior percentagem de resíduos urbanos em aterro, em comparação com a Área Metropolitana de Lisboa, que é uma das regiões com menor percentagem de resíduos em aterro, mas com valores de resíduos urbanos recolhidos por habitante superiores (tabela 5.1). Apesar da região Centro produzir menos resíduos por habitante, apresenta uma percentagem baixa de resíduos selecionados e uma percentagem elevada de resíduos que acabam em aterro. Estes dados podem justificar as diferenças de classificação dos sistemas de recolha de resíduos das regiões mais representadas no inquérito. Era de esperar que as maiores regiões tivessem uma avaliação do sistema de recolha de “Suficiente” a “Má”, no entanto 49%

dos respondentes da Área Metropolitana de Lisboa classificou a recolha de resíduos como “Bom” e 50% dos respondentes do Centro classificaram a recolha de resíduos como “Suficiente”.

Tabela 5.1 - Dados de resíduos urbanos recolhidos por habitante (kg), resíduos urbanos selecionados (%), resíduos urbanos em aterro (%) do Anuário Estatístico de 2018 de cada região (Direção Regional de Estatística da Madeira, 2019;

Instituto Nacional de Estatística 2019, 2019a, 2019b. 2019c, 2020; Serviço Regional de Estatística dos Açores, 2019).

Regiões

Resíduos urbanos recolhidos por habitante

(kg)

Resíduos urbanos selecionados (%)

Resíduos urbanos em aterro (%)

Norte 441 15 45,1

Centro 423 13 57,2

Área Metropolitana de Lisboa 516 23 40,4

Alentejo 517 15 62,3

Algarve 881 29 84,8

Açores 585 23 66,3

Madeira 487 27 1,4

De acordo com os Censos de 2011, últimos censos realizados em Portugal, a região Centro e a Área Metropolitana de Lisboa, com um número relativamente próximo de habitantes, apresentaram valores nas despesas da gestão de resíduos de 2018 bastante diferentes (tabela 5.2). As práticas de recolha, transferência e transporte de resíduos, em qualquer parte do mundo, podem ser afetadas pela existência de contentores inadequados nos pontos de separação, pelo mau planeamento nas rotas de recolha, pela falta de informações

(31)

21 sobre os horários de recolha (Hazra e Goel, 2009), por estruturas de separação insuficientes (Moghadam et al., 2009), por estradas precárias e pelo número de veículos utilizados na recolha de resíduos (Henry et al., 2006).

Ou seja, o baixo investimento na manutenção da gestão de resíduos e na implementação de pontos de separação pode ser uma razão pela avaliação distinta dos inquiridos destas duas regiões.

Tabela 5.2 - População contabilizada nos Censos de 2011 e dados das despesas na gestão de resíduos no domínio de gestão e proteção do ambiente e do Anuário Estatístico de 2018 de cada região (Direção Regional de Estatística da Madeira, 2019; Instituto Nacional de Estatística 2019, 2019a, 2019b. 2019c, 2020; Serviço Regional de Estatística dos Açores, 2019).

Regiões

População (Censos 2011)

Despesas na Gestão de Resíduos 2018

(milhares de euros)

Norte 3 689 682 113 818

Centro 2 327 755 83 461

Área Metropolitana de Lisboa 2 821 876 143 489

Alentejo 757 302 39 448

Algarve 451 006 27 826

Açores 246 772 9 223

Madeira 267 785 22 909

5.2 O PAPEL DA FAIXA ETÁRIA NA SEPARAÇÃO DE RESÍDUOS

As pessoas possuem um papel de destaque nos processos de produção de resíduos, bem como na separação, armazenamento, recolha, reciclagem e eliminação dos mesmos. A participação dos cidadãos na separação do lixo afeta fortemente o sucesso dos programas de gestão dos resíduos domésticos (Babaei et al., 2015). Em Portugal, a cooperação iniciada em 1996, entre os Ministérios da Educação e do Ambiente, tem permitido a difusão de práticas na realização de projetos de Educação Ambiental, em parcerias entre as escolas, com organizações não-governamentais e com especialistas na área do Ambiente (Agência Portuguesa do Ambiente (APA) 2016). Em 2018, a região com o nível de envelhecimento maior foi o Alentejo seguida da região Centro (tabela 5.3) (Direção Regional de Estatística da Madeira, 2019; Instituto Nacional de Estatística 2019, 2019a, 2019b. 2019c, 2020; Serviço Regional de Estatística dos Açores, 2019; Instituto Nacional de Estatística, 2020;

Serviço Regional de Estatística dos Açores 2019). As regiões com o nível de envelhecimento maior, coincidem com as regiões que apresentam maiores valores de resíduos embalados recolhidos da recolha indiferenciada (Sociedade Ponto Verde 2018b).De facto, a região Centro é aquela que possui o maior número de entidades gestoras ao nível nacional que fazem a retoma de resíduos de embalagens da recolha indiferenciada (Sociedade Ponto Verde 2018b), mas no entanto é a região com a menor percentagem de resíduos urbanos selecionados (tabela 5.4).

Era de esperar que os grupos etários mais novos, em relação a outros grupos etários mais velhos, conseguissem identificar os produtos de espuma como sendo um material que se deposita no contentor dos plásticos tendo em conta que deveriam estar mais sensibilizados para as boas práticas e regras da reciclagem. Na literatura, alguns autores afirmam existir uma relação entre a idade e o comportamento para com a reciclagem (De Feo e De Gisi, 2010), por outro lado, outros autores afirmam que o fator idade não tem significância no comportamento da separação (Miafodzyeva e Brandt, 2013). Neste estudo não se observou uma relação direta entre a idade dos inquiridos e o seu comportamento no momento de separar os resíduos que produzem. Por outro lado, o efeito notado da região de residência dos inquiridos no destino final em que depositam tais resíduos, poderá estar

Referências

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