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MÁTHESIS 15 2006 169-195

ANOTAÇÕES SOBRE

O «CANCIONEIRO GERAL» DE RESENDE

JORGE ALVES OSÓRIO1

(Universidade do Porto)

RESUMO:

Anotações sobre o «Cancioneiro Geral» de Resende.

O presente trabalho procura focar algumas questões relacionadas como Cancioneiro Geral de Garcia de Resende (1516) sob o ponto de vista de compilação de poesia de corte, explorando nomeadamente os textos das epígrafes de várias composições.

ABSTRACT:

Notes on Resende’s Cancioneiro Geral.

The present paper tries to focus on some issues relating to Garcia de Resende’s Cancioneiro Geral (1516) from the viewpoint of the compilation of court poetry by exploring among others texts of the epigraphs at the beginning of some compositions.

*

Como é bem sabido, em 28 de Setembro de 1516 terminava-se em Lisboa, na oficina de Hermão de Campos, o trabalho tipográfico da primeira colecção de poesia impressa entre nós, o Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, que vinha protegido por um «privilégio»

régio, ponto que, à partida, denunciava o interesse que o poder do monarca punha na iniciativa. A responsabilidade da «ordenação» e apresentação dos textos fora de Garcia de Resende, que, além de participante, era autor do prólogo-dedicatória colocado no início do volume e endereçado ao príncipe herdeiro do trono D. João.

Tem sido lugar-comum interpretar esse texto como a proclamação da necessidade e até urgência do aparecimento de uma obra épica que

1 Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

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JORGE ALVES OSÓRIO

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concretizasse no discurso celebrativo a dimensão do imperium português, o mesmo é quase dizer manuelino. Na verdade, o texto aponta para a importância do panegírico, não tanto, porém, na perspectiva renascentista da função da epopeia, quanto na argumentação que procura fundamentar a justificação (e a valorização) da iniciativa que o seu autor fora elaborando ao longo, com certeza, de vários anos; de facto, um cancioneiro das dimensões daquele que então surgia impresso implicava um trabalho longo e até paciente durante bastante tempo, e disso há sinais no seu interior.

No «Prólogo» Garcia de Resende constrói uma argumentação fundada quase num esquema silogístico: se os «feytos de Roma, Troya e todas outras antiguas crónicas e estorias» se conservavam e, em consequência, podiam oferecer a sua utilidade graças ao facto de terem sido escritas – não só no sentido de discurso literariamente organizado, mas também no de registadas por escrito, em suporte que permitia a sua leitura por diversos públicos ao longo dos tempos –, avolumando-se tanto pelo seu valor próprio como por esse mesmo facto, e se os feitos dos portugueses eram de tal estatura que permitiam ao seu monarca «senhorear» o mundo, então, por maioria de razão, eles deveriam ser registados por escrito e impressos, para que deles se retirasse a mesma utilidade que se atribuía aos dos antigos.

A argumentação em torno da utilidade da escrita para guardar a memória histórica (fosse historiográfica, fosse fictícia, como sucedia com a matéria pseudo-historiográfica de Roma e de Tróia, que cativava o discurso narrativo cavaleiresco) utilizada por Resende nesse seu prólogo é directa herdeira daquela que, na historiografia de dois séculos antes, se podia ler em paratextos similares: a utilidade da escrita para memória futura e consequente utilidade pedagógica e doutrinária. Trata-se, claramente, do aproveitamento de um lugar- comum herdado de Cícero sobre a história como «magistra uitae», direccionado agora para a celebração do princeps e do seu imperium.

É nessa base que Resende estabelece um alargamento da noção de

«feito»: não só os feitos enquanto «façanhas» guerreiras, que são aqueles que preenchem a primeira metade do «Prólogo», mas também os feitos de corte, as «cousas de folgar e gentylezas», que participavam, pelo facto de fazerem parte da actividade das «cortes dos grandes prinçepes», da mesma função celebrativa e paradigmática que os restantes. Ou seja, os «feitos» em verso.

Por isso a «arte de trovar» produzida numa corte tão excelente como pretendia ser a manuelina merecia a fixação e divulgação escrita

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