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Valor nutritivo de rações contendo cana-de-açúcar, cama-de-frango e milho

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Academic year: 2022

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VALOR NUTRITIVO DE RAÇÕES CONTENDO CANA-DE-AÇÜCAR, CAMA-DE-FRANGO E MILHO'

ANGELA M. PASTORI2. PEDRO DE ANDRADE 3 , ALEXANDRE A. MORAES SAMPAIO4. LUIS C. DE ANDRADE ROSA5, ANTONIO TADEU DE ANDRADE

e MAURO DAL SECCO DE OUVEIRA4

RESUMO - Realizou-se, no caznpus da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da UNESP, em Ia- boticabal, SP, um estudo com o objetivo de determinar a ingestão voluntária e a digestibilidade aparen- te de rações contendo diferentes relações de cana-de-açúcar:cama-de-frango (CC1 a 65.50:34,50%;

CC2 a 58,00:42,00%; e CC3 a 52,00:48,00% combinadas com três níveis de milho (M1a0

4;

M2 a 0,75 kg eM3 - 1,50 kg), através do delineamento em blocos casualizados em esquema fatorial 3 com três repetições. Utilizaram-se nove bezerros pesando, em média, 334 kg. Através da análise de regressão, detectou-se efeito linear positivo (P < 0,01) entre os níveis de milho e a digestibilidade apa- rente da matéria seca, da matéria orgânica, do extrato etéreo, do extrato não nitrogenado e dos teores de nutrientes digestíveis totais. As proporções de cana:cama-de-frango com menores quantidades de cana proporcionaram aumentos na digestibilidade da proteína e da fibra bruta (1' <0,01). Não houve interação significativa entre os níveis de milho e as proporções de cana: cama-de frango. O valor nutri- tivo e a ingestão de matéria seca total foram significativamente aumentadas nas rações com os níveis crescentes de milho (P <0,01).

Termos para indexação: digestibilidade da matéria seca, ingestão

NUTRITIVE VALUE OF RATIONS CONTAINING SUGAR CANE, POULTRY LITTER AND CORN

ABSTRACT - This work was conduced at Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Campus de ,Iaboticabal-UNESP, 830 Paulo, Brazil, with the objectivo of finding out the intake and apparent digestibility of the nutrients in rations with different proportions of sugar cane (SC) and poultry litter (PL): 65,50:34.50%; 58.00:42.00% and 52.00:48.00% combined with three leveis of corn:0; 0.15kg an 1,50 kg. Treatments were studied according to a compietely randomized biock design 32 with three replications. Nine steers with an initial average weight of 334 kg were used. Linear regression studies showed significant effects (P < 0.01) of the different leveis of corn on apparent digestibility of the dry matter, organic matter, ether extract, nitrogen free extract and total digestible nutrients.

Proportions of SC/PL with lower sugarcane ration lncreased crude fiber and protein digestibility (P < 0.01). There was no significant interaction of the leveis of corri and different proporkions of sugarcane to poultry littor. Nutritive value and total intake of dry matter increased with the leveis of corn in the ration (P <0.01).

Index terms: dry matter digestibility, intake,

INTRODUÇÃO

A cana-de-açúcar

(Saccharum

officinarum L) e a cama-de-frango têm sido muito utilizadas na ali- mentação dos bovinos, por seu custo relativamente

Aceito para publicação em 4 de fevereiro de 1986.

2 Zoot. FCAVI-UNESP - Rod. Carlos Tonanni, km 5, CEP 14870 Jaboticabal, SP.

Prof..Adjunto, Dep. de MeIh. e Nutr. Animal, ECAVI- UNESP.

Prof. M.Sc., Dep. de Produção Animal, FCAVJ- UNESP,

Prof. M.Sc., Dep.Melhj Nutr. Animal, FCAVI-UNESP.

baixo, em regiões onde são encontradas com faci- lidade. Por ser a nutrição protéica los animais a mais onerosa por unidade de nutriente e pelo fato da cama-de-frango ser uma fonte de nitrogênio protéico e de nitrogênio não protéico, existe a necessidade de se avaliar o potencial deste alimen- to e qual o nível mínimo capaz de atender aos re- querimentos dos animais quando associado

a

ca-

na-de-açúcar. Todavia, vários fatores poderão in- fluir na qualidade da cama-de-frango, tais como: o material utilizado, a origem, e o uso de medica- mentos e/ou inseticidas (Rodriguez & Campos

1979,

Rocha et aI.

1973,

Souza etal,

1974, 1976,

Jardim

1976).

Pcsq. agropec. bras., Brasilia, 21(2):211-214, fev. 1986.

(2)

212

A.M. PASTOR! etal.

Deve-se lembrar, também, as possíveis interfe- rncias das associações desses alimentos com o mi- lho no valor nutritivo das rações e no desempenho animal (Rocha eta!, 1973, Souza etal. 1976).

O presente experimento teve a fina!idade de de terminar o valor nutritivo de rações com várias relações de cana-de-açúcar com cama-de-frango as- sociadas com diferentes níveis de milho.

MATERIAL E MÉTODOS

Foi utilizado o delineamento experimental em bloèos casualizados em esquema fatorial 3 x 3 (proporções de cana-de-açúcar:cama-de-frangc, CC

1 = 65,50:34,50%;

CC2 = 58,00:42,00% e CC

3

= 52,00:48,00%) x níveis de milho M

1

= 0kg; M2 = 0,75 kg e M 3 = 1,50 kg), com três repetições.

A composição bromatológica dos alimentos encontra- -se na Tabela 1.

Foram utilizados nove novilhos da raça holandesa ma- lhada de preto, com peso vivo médio inicia! de 334 kg, os quais foram utilizados nos trés blocos. Apenas foi efe- tuado um ressorteio ao acaso dos animais, que, após um período de adaptação, foram utilizados novamente, cons- tituindo os blocos subseqüentes.

A cana-de-açúcar foi fornecida picada aos animais. A cama-de-frango foi composta de maravalha, e o milho, moído em moinho-a-martelo, dotado de peneira com cri- vo de 114", proporcionando a granulometria de fubá- -grosso; também foram fornecidos 40 gramas de sal mi- neraiizado diariamente, e égua à vontade.

- Em cada repetição do experimento, os animais foram submetidos a um período de adaptação de 30 dias, com a finalidade de serem adaptados às rações, ao manejo, ao tratador, ao horário da alimentação e às baias experimen- tais. Posteriormente, foram transferidos para gaiolas de metabolismo, e novamente submetidos a um período de adaptação de sete dias, afim de minimizar o estresse cau- sado pela gaiola de metabolismo. Finalmente, procedeu-se ao período de coleta, que teve a duração de dez dias.

As fezes foram pesadas e amostradas em 2,5% do total excretado diariamente por animal. As amostras dos ali- mentos foram coletadas no momento do fornecimento aos animais, com exceção do milho; e as sobras, quando as havia, foram amostradas e conservadas em congelador.

Posteriormente, foram realizadas as análises bromatoló- gicas conforme os métodos da Association of Official Agricultura! Chemists (1970).

Os dados foram analisados estatisticamente, aplican- do-se a análise dc regressão, e as significâncias foram assi- naladas com um ou dois asteriscos, no caso de a equação ter sido significativa ao nível dc

5%

ou 1% de probabili- dade, segundo Stee! & Torne (1960).

Pesq. agropec. bras., Brasília, 21(2):21 1-214, fev, 1986.

TABELA 1. Composição bromatológica da cana-de-açú- car, cama-de-frango e milho'.

Alimentos MS original

Cana-de-açáucar 26,0 2,1 28,2 1,5 2.2 65,7 Cama-de-frango 79,4 24,0 18,3 3,2 20,5 33,8 Milho 86,2 11,0 1,7 4,8 1,2 81,1

* Análises realizadas no Laboratório de Nutrição Ani- mal da FCAVJ-UNESP,

** MS - Matéria seca; PB • Prote(na bruta; FB = Fibra bruta; EE = Extrato etéreo; ENN Extrativo não nitro- genado e MM = Matéria mineral,

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 2 estão expressas as médias dos coefi- cientes de digestibilidade aparente da matéria seca, da matéria orgânica, da proteína bruta, da fibra bruta, do extrato etéreo, dos extrativos não nitro- genados e os valores dos nutrientes digestíveis to- tais. Estas médias são referentes aos níveis dc mi- 1h0 (M

1

, M2 e M 3 ) e às relações cana:cama, ou se- ja, CC1 , CC2 e CC 3 , uma vez que não foi encontra-

da interação entre estas variáveis.

Através da análise de regressão, detectou-se efei- to linear positivo (P < 0,01) entre os níveis de mi- lho e os teores de nutrientes digestíveis totais na matéria seca e na matéria orgânica, assim como a digestibilidade aparente da matéria seca, da maté- ria orgânica, do extrato etéreo e do extrativo, não nitrogenado. O aumento nos níveis de milho pro- vocou um aumento na digestibilidade destes nu- trientes. O milho adicionado às rações elevou a quantidade de extrato etéreo e extrativo não ni- trogenado; conseqüentemente, elevou-se a digesti- bilidade destes nutrientes. Este fato foi demons- trado no trabalho de Schneider & Flatt (1975), Entretanto, para a digestibilidade aparente da pro- teína bruta e da fibra bruta houve efeito linear significativo para as proporções de cana-de-açúcar e cama-de-frango (P

<

0,05), ou seja, à medida que as proporções cana:cama se tornaram mais estrei- tas (menor quantidade de cana), a digestibilidade

Percentagem na MS''

P8 FB EE MM ENN

(3)

- -

213 VALOR NUTRITIVO DE RAÇOES CONTENDO CANA-DE-AÇUCAR

TABELA 2. Média do, coeficiente, de digestibilidade da M5, M& , Vil, 18, EE, ENN e NDT' na 145 e NDT na MO (cm percentagem)

145 140 P8 F8 SE ENN NOTn,M5 N0Tr..MO

CCj 57.41 5947 50,67 37.54 65.75 70.78 570 62.54

CC2 57,41 61,37 54,63 40,62 64,71 70.58 5741 63,54

: cc3

59,71 63.43 59,03 - 44,61 67,58 71,62 59,57 65,41

Mj 54,61 58.17 52.19 42.04 68,58 66.67 54,13 69,97

E 2 58,61 6145 57,25 39,02 57,35 71.54 58,49 64.20

E M3 51,75 54.65 54,79 41,71 72,01 70,58 62,51 65.35

CV,(%) 7,21 6,65 11,26 14,32 10,65 5,33 6,85 6.58

Equsç5od.

y-5478+4745" - 58,34.4,30," 70,57-10$3x" 53,48-8,66*' 59,35449x" 66,94.5,40*" 54,19.5,59*" 60,15i'4,92*"

140 • Maléna orgânica • IP C 0,05)

NDT Nutriente, digest(vt,s tocha ei p < 0,01)

tanto da proteína como da fibra foi aumentada, fato, este, elucidado por Valdez

&

Leng (1977) e Gooding (1982), segundo os quais, nas rações com grandes quantidades de cana-de-açúcar a di- gestibilidade é pior, por causa do alto teor de fibra da cana.

Na Tabela 3 estão expressas as médias do valor nutritivo, ingestão de matéria seca da cana-de-açú- car, de cama-de-frango e de matéria seca total.

O valor nutritivo foi significativamente aumen- tado à medida que aumentaram os níveis de mi- lho, conforme a equação y- 48,25

+

11,05X, onde

X.

níveis de milho em kg.animal .dii'.

A ingestão de matéria seca total ajustada para

consumo ad libitum foi favorecida pelos níveis de milho, embora o acréscimo observado não tenha sido proporcional ao nível de milho. Desta manei- ra, os consumos de matéria seca em percentagem de peso vivo foram de: 1,96% e 2,31% para os ní- veis de zero e 1,5 kg de milho, respectivamente.

Para a cana-de-açúcar, o consumo foi de 1,31%, 1,17% e 1,05% do peso vivo em matéria seca quan- do em mistura com a cama-de-frango, nas propor- ções de 65,50:34,50% (CC 1 ), 58,00:42,00%

(CC2) e 52,00:48,00% (CC 3 ). Os consumos de matéria seca da cama - de - frango foram de: 0,68%, 0,84% e 0,95% do peso vivo nas proporções CC 1 ,

CC2 e CC 3 , respectivamente.

TABELA 3.

Médias

do valor nutritivo, ingestão de MS da cana-de-açúcar (B1S), cama-de-frango

(1MS),

e total (IMStotal).

Valor nutritivo

I1VIS0 IMSCF lMStot~

(9NDT/kg PV°'75) (gMS/kg P 15) (gMS/kg PV°'75) (gMS/kgI,75) e

0mI

1 CC1 54,77 56,33 29,22 94,34

o

1 CC2 56,80 50,16 35,68 94,80

o. CC3 58,06 45,50

40,05

94,79

Eoj 0.

o

47,18 51,23 33,79

85,02

'

I

MI M2 58,64 51,11 37,59 98,11

M3 63,76 49,65 33,57

100,80

CV 1%) 14,04 9,17 11,33 ' 7,80

Equaç5o

de ys 48,25+11,05*' * 30,98+13,42*" 54,82-13,52*" 86,76+10,52*"

regressao

"(PC 0,01).

Pesq. agropec. bras.. Brasilia, 21(2):211-214, fev. 1986.

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214

A.M. PASTOR! etal.

CONCLUSÕES

1. As proporções de cama-de-frango em mistura com a cana-de-açúcar pouco influenciaram o valor nutritivo-das rações.

2. Os

valores nutritivos de rações contendo ca- na-de-açúcar, cama-de-frango e mi!ho variaram mais acentuadamente em função dos níveis de mi-

1h0

utilizados, quando a proporção cana:cama-de- -frango variou de

65,5:34,5%

até

52,0:48,0%.

REFERÊNCIAS

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