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Produção de atos de leitura na educação infantil por crianças do grupo 5

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DOCÊNCIA NA EDUCAÇÃO

INFANTIL

NAÍRA SANTOS ROQUE DE JESUS

PRODUÇÃO DE ATOS DE LEITURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL POR

CRIANÇAS DO GRUPO 5

Salvador 2016

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NAÍRA SANTOS ROQUE DE JESUS

PRODUÇÃO DE ATOS DE LEITURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL POR

CRIANÇAS DO GRUPO 5

Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Educação Infantil, da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia, como requisito para obtenção do grau de especialista em Docência na Educação Infantil.

Orientadora:Profa. Dra.Risonete Lima de Almeida

Salvador 2016

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NAÍRA SANTOS ROQUE DE JESUS

PRODUÇÃO DE ATOS DE LEITURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL POR

CRIANÇAS DO GRUPO 5

Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Educação Infantil, Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia, como requisito para obtenção do grau de especialista em Docência na Educação Infantil.

____________em __________________ de 2016

BANCA EXAMINADORA

Risonete Lima de Almeida – Orientadora

Doutora em Educação pelo Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal da Bahia Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Luciene Souza Santos

Doutora em Educação pelo Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal da Bahia Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS)

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À Nilton, meu paizinho, que para mim foi uma lição de vida. E que Deus levou para o céu.

À Antônia, minha querida mãezinha que me envolve com o seu imenso amor, me emprestando os seus ouvidos, para escutar e o seu colo, para o refúgio dos meus medos.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a DEUS, que me deu o dom da vida, força, sabedoria, uma família maravilhosa e colocou em meu caminho pessoas especiais para me amar, acompanhar e apoiar.

Aos meus filhos, Nilton e Naila. Presente de Deus, amigos e companheiros, que me deram forças para seguir em frente e alcançar voos.

Ao meu amado esposo, José Américo. Companheiro fiel, que com muito carinho e paciência esteve sempre ao meu lado me ajudando a conquistar esse objetivo.

Aos meus irmãos, sobrinhos e cunhadas que foram grandes incentivadores pelo apoio e cooperação, e em especial a Edeildes.

À minha colega Cristiane (Binha) que nestes dois anos entre idas e vindas, risos e choros, dúvidas e inquietações, me ajudou a chegar aqui.

À minha amiga, Edimar Campos, que sempre se preocupou em me ajudar na construção deste trabalho.

Aos colegas da vitoriosa turma do CEDEI, o meu “muito obrigada” por compartilharmos juntos todas as emoções num momento histórico de nossas vidas, caminhamos rumo a vitória, com garra, perseverança, fé e determinação chegamos a reta final com júbilo, pois somos mais que vencedores.

Agradeço também a todos os professores do curso CEDEI, que se fizeram presentes no meu itinerário acadêmico, de um modo muito especial nossa coordenadora a professora Lícia Beltrão, que é um exemplo de força, de persistência e que é uma grande figura na luta pela Educação.

À professora Marlene Oliveira pelo seu carinho e dedicação em ministrar o componente sobre infâncias e crianças na cultura contemporânea, dando contribuições significativas, que muito me inspirou.

À minha orientadora Risonete Almeida que com todo carinho esteve presente passo a passo me orientando e apoiando durante o processo de construção desse trabalho. Por fim, agradeço aos familiares, amigos, companheiros e mestres que participaram dessa jornada, cujo apoio, incentivo e torcida foram fundamentais para meu sucesso. E a todos o meu muito obrigada, repleto de amor, carinho e chuvas de alegrias.

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No esforço de re-tomada da infância distante, buscando a compreensão do meu ato de ler o mundo particular em que me movia, permitam-me repetir, re-crio, e re-vivo, no texto que escrevo a experiência vivida no momento em que ainda não lia a palavra.

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JESUS, Naíra Santos Roque de. Produção de atos de leitura na educação infantil por crianças do grupo 5. 45p. 2016. Monografia (especialização). Especialização em

Docência na Educação infantil. Faculdade de Educação. Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2016.

RESUMO

Neste trabalho proponho compreender os atos de leitura desenvolvidos na Educação Infantil através da minha prática pedagógica, pois a prática de leitura de alguns professores, indica que ainda se alicerça em concepções de alfabetização em que prevalecem atitudes que se distanciam do conhecimento de mundo produzido pelas crianças. Assim sendo, o objetivo deste estudo consiste em compreender os atos de leitura que as crianças no Grupo 5 produzem na EducaçãoInfantil. Especificamente, a intenção é,descrever as práticas de leitura desenvolvidas na Educação Infantile, analisar os atos de leitura produzidos pelas crianças no grupo 5, em uma instituição da rede municipal de ensino, destacando os atos de leitura observáveis. A pesquisa de campo foi desenvolvida em um Centro de Educação Infantil do Município de Itaparica (CEIMI) tendo como base metodológica os fundamentos da Etnopesquisa Crítica, por valorizar os sujeitos, crianças, seus etnométodos e, os atos de leitura. Para leitura, tratamento, interpretação e análise dos dados produzidos, recorro ao embasamento teórico de Freire (2008) sobre leitura e a importância do ato de ler e de Ferreiro e Teberosky (2006) sobre atos de leitura. Nesse contexto, busco respostas para o que indago: Que atos de leitura as crianças do Grupo 5 produzem na Educação Infantil? Os aspectos conclusivos nos fazem entender que o processo de construção/produção de conhecimento não pode ser compreendido sem a mediação dos atos de leitura que permeiam todas as nossas ações no mundo, bem como não pode ser imposto desconsiderandoa dimensão cultural que faz parte das ações e da lógica da criança.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Leitura de histórias...27

Figura 2 Leitura de palavras relacionadas a objetos...29

Figura 3 Relacionada à leitura das palavras do cotidiano ...31

Figura 4 Relacionadaà leitura das palavras do cotidiano ...32

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SUMÁRIO

1 PRIMEIROS ATOS: LEITURAS E MEMÓRIAS...10

2 POR TEORIAS, LEITURAS E ATOS ...17

3 A LEITURA EM ATOS METODOLÓGICOS...21

3.1. MÉTODO, ABORDAGEM E TIPO DE PESQUISA...21

3.2. INSERÇÃO NO CENÁRIO DE PESQUISA ...22

3.3. SUJEITOS DA PESQUISA ... 23

3. 4. ETAPAS E INSTRUMENTOS DA PESQUISA ...24

4 PRÁTICAS E ATOS DE LEITURA: QUERO LER EM SILÊNCIO E COM VOZ ALTA ... ...26

4.1 PRÁTICAS DE LEITURA DESENVOLVIDAS COM AS CRIANÇAS ...26

4.2ATOS DE LEITURA EXISTENTE NA EDUCAÇÃO INFANTIL...33

4.2.1 LEITURA SILENCIOSA E SEUS ATOS ...33

4.2.2 LEITURA COM VOZ E SEUS ATOS ...35

CONSIDERAÇÕES FINAIS EM ATOS DE LEITURA ...38

REFERÊNCIAS...40

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1 PRIMEIROS ATOS: LEITURAS E MEMÓRIAS

A pesquisa desenvolvida buscou compreender os atos de leitura que as crianças do grupo 5, do Centro de Educação Infantil do Município de Itaparica - CEIMI - produzem, e, como esses atos podem ser desenvolvidos. Para tanto, foram observados e registrados os atos de leitura que a criança realiza na Educação Infantil, bem como, eles foram analisados quanto ao tipo de leitura produzida. O interesse desse estudo surgiu de minha prática docente, recaindo, sobretudo, no modo como tratar a leitura no grupo 5.

Para também orientar a realização deste estudo, tomei como referência minhas memórias de formação profissional e acadêmica, em que começarei anarrar, sendo a educação infantilo contexto onde essas memórias se situam. Assim, ao mesmo tempo em que me situo como enunciadora de meu próprio percurso de formação, me situo também como autora de uma escrita de mim, e não como narradora interpretada por outros.

Na minha jornada profissional, como professora da Educação Infantil, do Centro de Educação Infantil do Município de Itaparica, doravante CEIMI, sempre procurei diversificar minhas aulas, buscando contribuir para uma aprendizagem satisfatória de minhas crianças. Ainda assim, sempre experimentei dúvidas e inseguranças no que refere ao processo de aprendizagem da leitura pelas crianças e com relação às práticas pedagógicas voltadas para este fim.

Minha vinculação com a Educação Infantil se iniciou em 2006, na Escola Municipal Antonieta Maria. Ali percebi que precisava refletir sobre minha prática docente, principalmente, quando em aulas de leitura as crianças buscavam opções diferentes, outros momentos de leitura direcionados por elas mesmas. Passei a pensar e repensar a prática docente, pois muitas vezes os resultados esperados não eram positivos, já que as crianças não tinham a oportunidade de se expressarem. Nesse momento, fez-se necessário ampliar os horizontes e perceber que para situações pedagógicas adversas poderia haver uma solução.

Como solução, procurei ampliar a minha formação através do Curso de Graduação em Pedagogia, concluídoem 2011, quando apresentei a monografia com o

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tema: “A leitura prazerosa no Ensino Fundamental”. Esse evento, demonstrou que a partir do objetivo de contribuir para o interesse da leitura pelas crianças, na escola Municipal Antonieta Maria, com crianças do 1° ano, passei a refletir mais ainda sobre os processos de leitura na Educação Infantil. Na intenção de buscar subsídios para boas respostas aos meus questionamentos, foi elaborado, em parceria com a escola e a família, o projeto “A leitura prazerosa no ensino fundamental”, que revelou a importância da parceria família e escola, dando grande contribuição à leitura e com isso desenvolvendo as habilidades necessárias para o avanço à série seguinte, respeitando as faixas etárias.

As práticas de leitura na Educação Infantil precisam ser prazerosas,mas também, contribuir para o desenvolvimento de aspectos motores, cognitivos e afetivos que são importantes, na medida em que sejam tratados no contexto da realidade das crianças. Entendo que a prática da leitura se constrói a partir do contato constante com ela. Por isso, é muito importante que a criança leia constantemente, para poder ficar mais atraída por esse ato e criar o hábito da leitura. Elas afirmam que leem livros e revistas em casa e isso demonstra que elas possuem contato com diversos tipos de textos e isso já é muito importante.

É na escola que o aluno encontra a possibilidade da sistematização da leitura da palavra, uma vez que, ela já domina a leitura de mundo. Isso porque a aprendizagem da leitura e da escrita inicia-se muito antes do que a escola imagina. Vejo a criança como autora de seu desenvolvimento, e não como um aluno que ainda vai se tornar autor do seu próprio desenvolvimento. Verifiquei a inquietação de alguns alunos, pois estavam cansados da mesma leitura de histórias.

Em 2015, observando as crianças na roda de leitura, percebi o quanto é importante diversificar os tipos de práticas de leitura, proporcionando às crianças o acesso a diversos meios de ler. Observo a curiosidade das crianças em querer conhecerem a leitura e a escrita de determinados objetos como um ato de leitura espontâneo, pois permite que a criança busque conhecer a leitura e a escrita de algo que para a criança tem sentido. A criança busca o sentido da palavra a partir da imagem do objeto, estão reconhecendo a primeira letra que se inicia a escrita da palavra, percebendo que o processo de ensino aprendizagem a cada momento avança

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e com maior sentido. Sendo assim, de alguma maneira posso ir além dizendo, que o ato de ler ou de escrever pode ser transformado através da minha prática.

Observando as crianças e entendendo a importância de ser uma professora participativa e pesquisadora de minha própria prática, tentei voltar no tempo e fiz uma espécie de exercício para lembrar como aprendi a ler. A escola propiciou oportunidades para que eu começasse a ler, mas foi em casa com a ajuda da minha mãe que avancei. Jamais vou esquecer o quanto minha mãe lia vários livros para mim, é essa mesma oportunidade que preciso oferecer para minhas crianças, lendo para eles e deixando as crianças desenvolverem a leitura com interesse e prazer, dando vez às vozes das crianças, abrindo espaço para que seus atos sejam valorizados e para que se mostrem participativas.

É de maneira gratificante que percebo o olhar do MEC para educação infantil, quando criou o Curso de Especialização em Docência na Educação Infantil, oferecendo uma reflexão sensível para no meu fazer educativo, trazendo informações que podem contribuir para o profissional da Educação Infantil. Essas informações constituíram conhecimentos relevantes para mimcomo professora e como pesquisadora, pois significaram avanços teóricos e práticos em minha formação e atuação na prática docente em prol das crianças.

Nesse enfoque, o componente “A Festa das Palavras Ditas” e Escritas, no início do curso, trouxe a compreensão sobre como é possível através de uma palavra formar várias outras palavras, em um movimento sensível e afetivo na relação com o contexto e com os sentidos das palavras para quem se relaciona com elas, em nosso caso, a crianças. Bom é lembrar que os atos de leitura podem também ser exibidosde modo leve e brincante. A Festa das Palavras Dita e Escrita somou o meu fazer educativo, aumentando o interesse de conhecer outras manifestações de leitura, que as crianças já apresentavam dando asas às minhas imaginações e provocando desejos de inovações.

Nessa mesma direção, o componente: “Linguagem, Oralidade e Cultura escrita”, também contribuiu para a compreensão de como os processos de leitura, podem ser trabalhados. Passei a refletir ainda mais sobre a importância de uma escuta sensível, que todo educador da educação infantil deve praticar com suas crianças. A criança

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precisa de um ambiente adequado que propicie a aprendizagem da leitura com sentidos e um adulto atento com um olhar sensível, permitindo, assim, conhecer os atos de leitura que as crianças já desenvolveram.

As inquietações que aqui exponho sobre o ensino e a aprendizagem da leitura na Educação Infantil também representam preocupações de outros estudiosos que desenvolveram pesquisas com o objetivo de disseminar conhecimentos e contribuir com a área, sempre com atenção direcionada ao fazer pedagógico e às crianças para valorizar os atos de leitura já produzidos pelas crianças na educação Infantil sem necessidade de escolarizá-los. Vejamos alguns desses resultados.

A pesquisa “Os usos da leitura na Educação Infantil”, teve como objetivo reconhecer os usos da leitura e da escrita na Educação Infantil, no ano de 2014, em um Centro Municipal de Educação Infantil na rede pública. As professoras e as crianças de 3 á 5 anosforam os sujeitos participantes da pesquisa. O resultado da pesquisa indica a necessidade de os docentes desenvolverem práticas com a linguagem escrita numa perspectiva de letramento orientando assim, as crianças a leitura em situações diversas, com diversas finalidades sociais.(MELO, 2014). Especificamente, em relação à leitura como significação do mundo, como busca de compreensão de tudo o que se pode senti, pegar, ou até mesmo o que está escrito.

Verifiquei através dos achados dessa pesquisa que os usos da leitura na Educação Infantil, ganham significado a partir do momento que a criança atribui sentido, tanto no vê das palavras, como no sentir de determinado objeto, portanto, há uma valorização da interação da criança com o objeto de leitura, como também da necessidade de práticas de leitura com acolhimento do cotidiano infantil.

A pesquisa “Cenas simbólicas e enunciação oral: ressonâncias de sentidos na Educação Infantil”, (ALMEIDA, 2014), por sua vez, teve como objetivo compreender os sentidos produzidos pelas crianças, protagonizados em cenas simbólicas e em atos enunciativos, para construir possibilidades de ressonância nas práticas de Educação Infantil.Esta pesquisa de campo, cujos sujeitos participantes foram crianças do Grupo 5, apresenta resultados que destacam os atos enunciativos, as representações simbólicas e os sentidos que ganham voos esperados, considerando que a roda de conversa é destinada à escuta e a fala das crianças.

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É nesse sentido, que os achados também representam relevância e o interesse sobre as práticas de leitura, quando o estudo focalizou as crianças se divertindo com livros de histórias antes da atividade organizada para a leitura. No momento em que a professora está arrumando os materiais para aquela aula, as crianças já estavam realizando uma leitura livre.

Esse resultado entra em convergência com o tema aqui discutido, os atos de leitura que as crianças do grupo 5 produzem, porque valoriza a escuta sensível daprofessora e o interesse sobre a leitura e a compreensão que as crianças já trazem para a escola.

Na perspectiva da leitura e da literatura infantil, a pesquisa “A importância da leitura infantil para o desenvolvimento da criança”, teve como objetivo reconhecer a importância da literatura infantil e incentivar a formação do hábito de leitura na infância, numa escola pública. Os sujeitos foram as crianças de 5 anos. Os resultados destacam o interesse e o hábito pela leitura como um processo de desenvolvimento constante, que começa muito cedo, em casa, aperfeiçoa- se na escola e continua pela vida inteira. (SANTOS, 2010)

Sendo assim, fica claro que as crianças já trazem para a escola algumas habilidades de leitura, e que estas devem ser valorizadas. Nesse sentido, reconheço a necessidade de investigar sobre os atos de leitura para ampliaras possibilidades da atuação em minha prática docente a partir de outros tipos de leitura que acontecem no espaço escolar.

Nessa mesma direção, a pesquisa “A leitura de literatura na escola “desenvolvida com crianças do Grupo 5, teve como objetivo oferecer subsídios ao trabalho pedagógico com a leitura de literatura nas séries iniciais, em escolas municipais. O resultado da pesquisa foi à produção da leitura literária como atividade experiencial e construtiva, auxiliando a criança a compreender sua realidade, propiciando ao leitor o autoconhecimento.(SILVA, 2010).

Portanto, esta pesquisa colaborou na compreensão dos atos de leitura,quando permitem situar as crianças como sujeitos protagonistas das atividades leitoras diversificadas, as colocando como produtoras de sentidosdaquilo que lê e como construtoras de maneiras de aprender e compreender as possibilidades de leitura.

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Ainda com atenção direcionada à literatura infantil, a pesquisa “Práticas de leitura na Educação Infantil”, teve como objetivo identificar quais obras literárias estão presentes nas práticas de leitura de crianças de 5 e 6 anos. O resultado da pesquisa mostrou a importância da participação da família no incentivo da prática da leitura, subsidiando atividades leitoras dentro e fora de casa. (SILVA, 2010).

Esse resultado valida minhas inquietações sobre os atos de leitura, quando observo que as crianças exibem aprendizagens já construídas fora do ambiente escolar e é inegável que a família tem um papel fundamental na aprendizagem delas, fortalecendo, assim, o hábito da leitura na infância.

Observo, a partir dos resultados dessas pesquisas, uma preocupação voltada para os processos de aprendizagem da leitura dentro e fora da escola.Contudo, há ainda que direcionar atenção para o que as crianças já são capazes de exibir como aprendizagens que revelam ao professor (a) jeitos e maneiras de desenvolver a competência leitora. É nessa direção que a pesquisa desenvolvida buscou compreender os atos de leitura que as crianças do Grupo 5 produzem na Educação Infantil.

Uma vez apresentado o contexto,onde o objeto de pesquisa se destaca, busco respostas para o que indago: Que atos de leitura as crianças do Grupo 5 produzem na Educação Infantil?Em busca de respostas, especificamente, procurei: (i)descrever as práticas de leitura inseridas na Educação Infantil, observando as oportunidades de desenvolvimento de atos de leitura;(ii)analisar os atos de leitura produzidos pelas crianças no grupo 5.

Para textualidade dos resultados da pesquisa desenvolvida, esta monografia está organizada em capítulos que assim se estruturam. Neste primeiro capítulo apresentei meu tema contextualizando o objeto de pesquisa, relembrei as minhas práticas pedagógicas, assim como também apresentei os resultados de algumas pesquisas relacionadas ao tema, anunciei os fundamentos teóricos, a pergunta da pesquisa e os objetivos.

No segundo capítulo, apresentarei fundamentos teóricos sobre o ato de leitura e sua importância para a aprendizagem das crianças. Desse modo, para leitura, tratamento, interpretação e análise dos dados produzidos, recorro ao embasamento

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teórico de Freire (2008) sobre leitura e a importância do ato de ler e de Ferreiro e Teberosky (2006) sobre os atos de leitura.

O terceiro capítulo é destinado ao percurso metodológico, quando desenvolvo sobre os fundamentos da Etnopesquisa Crítica (MACEDO, 2010), por valorizar os sujeitos, as crianças e seus etnométodos.

No quarto capítulo, tomando como referência os objetivos da pesquisa, descreverei as práticas de leitura e analisarei as categorias, leitura silenciosa e leitura com voz e atos de leitura produzidos pelas crianças.

Nas considerações finais retomo a questão de pesquisa e apresento os resultados com reflexões sobre os atos de leitura, e reverberações dos achados para a prática pedagógica na Educação Infantil no que se refere a importância dos atos de leitura.

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2 POR TEORIAS, LEITURAS E ATOS

A criança participa do processo de aprendizagem da leitura interagindo com os objetos de leitura e com outros sujeitos, adultos e outras crianças. Essa interação é importante porque há exibição de atos que indiciam a aproximação desses sujeitos com o processo de leitura. Na escola, as crianças prestam atenção à leitura quando a professora ou outro adulto lhe apresenta ou mesmo quando estão quietas, em silêncio, emprestando sentidos para imagens e símbolos gráficos. Além disso, ela se concentra nos gestos e maneiras que o adulto exibe para, posteriormente, também imitar e produzir novos outros. São os atos de leitura que ganham espaço nas práticas pedagógicas da Educação Infantil.

Na pesquisa desenvolvida, para aprofundar os estudos relativos às práticas de leitura na Educação Infantil, recorri aos fundamentos de Freire (2008) e, Ferreiro e Teberosky (2006), os quais apresentam considerações sobre a importância do ato de ler e sobre atos de leitura.

Na perspectiva de Freire (2008), quando afirma que “a leitura do mundo precede a leitura da palavra e a leitura da palavra escrita implica na ampliação da possibilidade de leitura do mundo”. (FREIRE, 2008, p.11), o que pode ser compreendido como a leitura do texto com relação ao contexto, que é uma reflexão que nos mostra a importância do ato de ler antes mesmo do ingresso à escola, como também a relevância das trocas de conhecimentos produzidos em diferentes contextos de aprendizagem. No contexto da pesquisa desenvolvida, significa dizer que os atos de leitura exibidos pela professora e pelas crianças estabelecem intercâmbios necessários para ampliação da leitura de mundo e da leitura da palavra escrita.

Freire (2008) nos coloca diante do mundo de suas primeiras leituras, e, assim, revela elementos que constituíram primeiros atos de leitura concorrentes para sua aprendizagem.

[...] Na verdade, aquele mundo especial se dava a mim como o mundo de minha atividade perceptiva, por isso mesmo como o mundo de minhas primeiras leituras. Os "textos", as "palavras", as "letras" daquele contexto, em cuja percepção me experimentava e, quanto mais o fazia, mais aumentava a capacidade de perceber, se encarnavam numa série

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de coisas, de objetos, de sinais, cuja compreensão eu ia aprendendo no meu trato com eles nas minhas relações com meus irmãos mais velhos e com meus pais. (FREIRE, 2008, p.12)

Através dos relatos de Freire, percebo o quanto o ambiente familiar se revela o primeiro ambiente a contribuir para formação do ato de ler, oferecendo oportunidades de leituras, que podem marcar a criança para o resto da vida, tanto de maneira positiva como negativa. Interesso-me a compreender com Freire o que ele destaca:

“A curiosidade do menino não iria distorcer pelo simples fato de ser exercida, no que fui mais ajudado do que desajudado por meus pais. E foi com eles, precisamente, em certo momento dessa rica experiência de compreensão do meu mundo imediato, sem que tal compreensão tivesse significado malquerenças ao que ele tinha de encantadoramente misterioso, que eu comecei a ser introduzido na leitura da palavra. A decifração da palavra fluía naturalmente da “leitura” do mundo particular”. (FREIRE, 2008, p.15).

O autor Paulo Freire relata que não lia o texto, as palavras, as letras, como decodificação, mas sim fazia a leitura do mundo particular em que ele vivia. Ele diz também que isso não fazia dele um menino transformado em homem, ou até mesmo alfabetizado antes do tempo. Freire diz: “fui alfabetizado no chão do quintal de minha casa, à sombra das mangueiras, com palavras do meu mundo e não do mundo maior dos meus pais. O chão foi meu quadro-negro; gravetos, o meu giz”. (FREIRE, 2008, p.15). Nesse sentido, o ato de ler chegou pela relação com o objeto de leitura, que, naquele contexto, eram as coisas de seu mundo de criança, ou seja, coube à escola aprofundar o que a criança Freire trouxe e a leitura da palavra teve o apoio da “palavramundo”.

Para Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, as crianças presenciam constantemente vários atos de leitura e esses atos são apresentados, muitas vezes, sem intenção de ensinar a criança a aprender a ler. As autoras afirmam que: "Seria difícil contabilizar todos os atos de leitura que um adulto efetua e aos quais as crianças assistem desde muito cedo. Entre esses atos, totalmente cotidianos e habituais, devemos também incluir a leitura dirigida especialmente à criança" (FERREIRO E TEBEROSKY, 2006, p.165).

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Sendo assim, o adulto serve como modelo para que a criança presencie e participe desse mundo leitor. Não que elas não saibam ler, as mesmas leem, e muito, cada uma de sua maneira. As crianças já chegam à escola com muitas habilidades de leitura desenvolvidas na relação com os atos de leitura que elas observam, reproduzem e criam, pois o seu cotidiano já propicia avanços e ativam a curiosidade de aprender a ler.

As autoras descrevem que a partir da observação que as crianças realizam sobre os atos que os adultos apresentam, elas refletem como um ato de leitura imitador, e assim fazendo a imitação no modo de falar, de olhar, de segurar determinados objetos escritos como: livros, cartazes, convite de aniversário e entre outros meios de leitura. As autoras também relatam que: "É que a criança imita, e ao imitar aprende e compreende muitas coisas, porque a imitação espontânea não é copia passiva, mas sim tentativa de compreender o modelo imitado" (FERREIRO E TEBEROSKY, 2006, p.166).

Nesse sentido, a leitura dirigida à criança é um ato importante, pois proporciona a elas momentos diversificados de leitura. A leitura dirigida à criança desenvolve outros atos de ler, como a leitura silenciosa e seus atos decorrentes e a leitura em voz alta e seus atos decorrentes.

Entre outros atos de leitura que as autoras apresentam, encontra se a leitura silenciosa e a leitura em voz alta. O que acontece quando a criança fica parada apenas olhando para o livro? Entendo que ela está realizando a leitura silenciosa, pois, depois de algum momento, ela fala sobre algo que compreendeu a partir do que viu no livro. A criança pode não realizar a leitura considerada tradicionalmente decodificada, mas está lendo de forma significativa e que tem coerência com o que fala. Muitas vezes estão passando as páginas dos livros com o dedofazendo a leitura de imagem e a leitura acompanhada com os dedos.

Outra forma é quando elas estão lendo com voz alta, apresentando marcas de entonação e uso de marcadores lingüísticos que mostram a imitação de um modelo adulto, ou, ainda, lendo de forma espontânea, mostrando novas possibilidades de leitura. Levando em conta a sua postura em segurar o livro, a direção do olhar e assim

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explorando os movimentos que os olhos realizam, lendo de certa forma por ver um pai ou a mãe lendo.

A realização da leitura compartilhada, que é uma característica da leitura com voz, proporciona às crianças momentos de interação como outro e a demonstração do que já se sabe ler. A leitura é compartilhada a partir do momento em que as crianças estão socializando, ou seja, dialogando sobre o texto, permitindo com que elas interajam e respeitem a fala do outro. Nesse sentido, compartilhar a leitura significa:

[...]Socializá-la, ou seja, estabelecer, um caminho a partir da recepção individual até a recepção no sentido de uma comunidade cultural que a interpreta e avalia. A escola é o contexto de relação onde se constrói essa ponte e se dá às crianças a oportunidade de atravessá-la. (COLOMER, 2007, p. 147).

Assim compartilhando a leitura entre si, as crianças socializam o texto a ser lido, favorecendo a interação das crianças com crianças evidenciando os seguintes atos: imitação de atos que os adultos realizam quando leem ou contam histórias, expressão de marcas de narrativas de histórias, como: “Era uma vez, entenderam? Fim”, leitura de imagens com descrição narrada com voz alta.

Sendo assim, na Educação Infantil é um ambiente principal para a leitura dirigida à criança, oportunizando o desempenho da leitura silenciosa e seus atos e a leitura com voz e seus atos, proporcionando a elas momentos diversificados de leitura.

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3 A LEITURA EM ATOS METODOLÓGICOS

3.1 MÉTODO, ABORDAGEM E TIPO DE PESQUISA

Para compreender os atos de leitura, escolhi o método que é a Etnopesquisa Crítica,é um método que tem inspiração etnográfica,uma pesquisa de natureza qualitativa, buscando explicar a realidade humana, uma etnopesquisa conforme Macedo (2004).

“A opção da etnopesquisa se evidencia pela etnografia semiologia como recurso metodológico básico e suas especificidades clinicas ou qualitativas. Tais especificidades do método etnográfico nos remetem, de alguma forma, à noção de pesquisa qualitativa, podendo assumir esta noção conotações diferentes, dependendo da orientação teórica de quem a utiliza”. (MACEDO, 2004, p. 144)

O autor afirma que o ambiente de pesquisa e o pesquisador são instrumentos fundamentais na etnopesquisa e que as narrativas das crianças revelam ao pesquisador o conjunto de sentidos e opiniões.

A abordagem de pesquisa é qualitativa– esta adequada a minha investigação por valorizar os sujeitos, neste caso, as crianças. Portanto, percebo que a pesquisa qualitativa busca compreender e interpretar os fatos, a partir de seu contexto que é tarefa sempre presente na produção de seus conhecimentos, o que contribui para a minhaprática, vantagem no emprego de métodos que auxiliam a ter uma visão mais abrangente dos problemas, exige contato direto com o objeto de análise e fornecem um enfoque diferenciado para a compreensão da realidade. Assim relata Macedo. (2004)

“As análises aqui apresentadas compõem um estudo qualitativo, onde os “dados” quantitativos emergem mostrando o caráter insuficiente das argumentações e práticas pedagógicas da Educação dita compensatória, concebidas para erradicar o fracasso escolar das crianças pobres,vistas como “deficitárias” em termos bio-psi-sociais”.(MACEDO, 2004, p.233).

Dessa forma, a pesquisa qualitativa é mais participativa e, portanto, menos controlável. Os participantes da pesquisa é quem vão apresentar os dados a ser investigado, nesse caso são os atos de leitura inseridos na Educação infantil. Foi

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realizada uma pesquisa qualitativa de inspiração etnográfica, baseado em observação visando compreender, descrever e analisar os atos de leitura produzidos por crianças do grupo 5.

O tipo de pesquisa é pesquisa-ação. Como pesquisadora da minha própria prática, auxiliou nas práticas de leitura dirigidas às crianças, buscando compreender a leitura silenciosa e seus atos e a leitura com voz e seus atos. Com caráter construtivo que vem do próprio campo pesquisado. Sobre isso afirma Macedo (2004).

“A pesquisa ação que se desenvolveu a partir de Lewin era, antes de tudo, uma pesquisa e uma ação de experts especialistas, outrossim, o que se chama de a nova pesquisa – ação nasce da necessidade dos atores sociais implicados intervirem enquanto pesquisadores co-partícipes. Em muitos casos, faz-se o que Lapassade(1983) chama de uma “ análise interna” das suas próprias práticas.”(MACEDO, 2004, p.264).

Sendo assim, a pesquisa vai muito além de um simples levantamento de dados na prática. Pois a pesquisa-ação agrega explicações e possibilita gerar um conhecimento mais amplo sobre os atos de leitura acerca das situações vivenciadas no espaço escolar. Possibilita, de outro modo, expressão e reflexão a respeito dos significados de como participantes da própria prática auxiliando para o melhor desempenho da mesma.

3.2 INSERÇÃO NO CENÁRIO DE PESQUISA.

A pesquisa foi desenvolvida no Centro de Educação Infantil do Município de Itaparica – CEIMI – a Instituição tem seis salas de aula, com um refeitório, secretária, lavanderia, cozinha, lactário, sete banheiros e uma área imensa externa onde se localiza o parque. Escolhi este cenário porque já é meu ambiente de trabalho e busco compreender a leitura na minha própria prática educativa.

Em 18/09/2015, me inserir no cenário de pesquisa como pesquisadora da minhaprática docente. A inserção no campo de pesquisa teve como objetivo, apresentar o projeto: Produção de Atos de Leitura na Educação Infantil por Crianças do Grupo 5. Buscando compreender os atos de leitura que as crianças do grupo 5 produzem na

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Educação Infantil, estarei apresentando o projeto à instituição Centro de Educação Infantil do Município de Itaparica (CEIMI). Foi necessário realizar uma reunião só para a turma do grupo 5, onde apresentei as etapas iniciais a serem desenvolvidas como: As rodas de leitura, a primeira etapa, que ocorreu no período entre 22 a 23/09/2015, que é a Prática 1: Leitura de histórias, a segunda etapa é a prática 2: Leitura de palavras relacionadas a objetos (25 e 26/09/2015), e a terceira etapa que é a prática 3: Leitura de palavras do cotidiano (30/09/2015 e 01/10/2015).

Durante a reunião com os pais, as crianças do grupo 5 e alguns funcionários da instituição, em 19/09/2015 apresentei nos slides todo o projeto e os documentos necessários para que os responsáveis pelas crianças autorizassem a participação das crianças na pesquisa assinando a documentação proposta no projeto. O primeiro documento foi o Anexo A – Termo de autorização; Anexo B - Termo de autorização de uso de imagem e som de voz para menor de 18 anos e o Anexo C -Esclarecimentos sobre a pesquisa.

Os resultados obtidos neste estudo serão divulgados no trabalho de conclusão do curso e em outro momento que será combinado com a escola. Para tanto, a identificação do cenário de pesquisa e dos participantes/voluntários não será revelada em nenhuma hipótese, respeitando assim a privacidade dos mesmos conforme as normas éticas, e os acordos estabelecidos com a escola.

3.3. SUJEITOS DA PESQUISA

Os sujeitos da pesquisa foram as crianças, tendo a faixa etária de 5 anos. Participaram, oito meninos e quatro meninas do Grupo 5. Atendemos alunos que moram na comunidade do Alto das Pombas, do Galvão, e do Mocambo com diferentes etnias.

As crianças do grupo 5 são foco da minha pesquisa, pela faixa etária e pela maturidade de já realizar atos de leitura, sendo assim a relevância de compreender a leitura se torna mais esclarecida. Apesar de ainda está visível a prática de leitura antiga, considerada a tradicional por parte de alguns profissionais e pais, que visa apenas a escolarização, a alfabetização como decodificação e codificação de signos.

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Neste trabalho proponho investigar as crianças para compreender os atos de leitura desenvolvidos na Educação Infantil através da minha prática pedagógica, pois a prática de leitura de alguns professores indica que ainda se alicerça em concepções de alfabetização em que prevalecem atitudes que se distanciam do conhecimento de mundo produzido pelas crianças.

As crianças serão indicadas de modo a preservar a identidade delas, serão apresentadas com iniciais dos nomes e abreviaturas.

3.4 ETAPAS E INSTRUMENTOS DA PESQUISA

A pesquisa de campo desenvolvida em três etapas, assim organizadas: As rodas de leitura, a primeira etapa, que ocorreu no período de 22 a 23/09/2015, que é a Prática 1: Leitura de histórias, a segunda etapa é a prática 2: Leitura de palavras relacionadas a objetos (25 e 26/09/2015), e a terceira etapa é a prática 3: Leitura de palavras do cotidiano (30/09/2015 e 01/10/2015).

Foram organizadas cada etapa da pesquisa de campo, planejadas as rodas de leitura dirigidas às crianças com registros no caderno de planejamentos, bem como, no caderno de observações, que é o diário de campo. No caderno de planejamento elaborei as práticas de leitura a ser desenvolvidas e no diário de campo todos os registros das aulas, com notas descritivas e reflexivas, as mesmas foram orientadas a cada sábado.

A primeira etapa, que ocorreu no período entre 22 a 23/09/2015, teve como ação a “roda de leitura”, nesta etapa as crianças realizaram a leitura de história, cada criança escolheu seu livro a ser lido, e assim efetuaram as leituras, apenas três crianças quiseram realizar a leitura, foram: C.E, D.A e G. As letras são as iniciais das crianças, queutilizei para nomear cada criança.

Com o objetivo de descrever as práticas de leitura inseridas na Educação Infantil, observando as oportunidades de desenvolvimento de atos de leitura. Foram utilizados como instrumentos gravações em vídeo e fotos para registro da etapa.

Na segunda etapa, que ocorreu em 25 e 26/09/2015, teve como ação a roda de leitura, nesta etapa que é a prática 2: Leitura de palavras relacionadas a objetos, as

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crianças tomaram iniciativa fazendo leitura de objetos, a cada dia elas traziam diversos tipos de objetos, iniciou-se com J.E trazendo para sala de aula um robô querendo conhecer a leitura daquele objeto,P.C compartilhou um brinco, Y.A apresentou um apito.

Registrei no dia anterior, a escrita de alguns objetos que as crianças trouxeram para conhecer a leitura destes objetos, partindo da curiosidade das crianças, pedi que a cada dia elas trouxessem mais objetos. E assim aconteceu, no dia seguinte em 26/09 as crianças trouxeram: C uma caneta, G um carrinho, P.C um chaveiro, B uma boneca, M um boné, F um relógio e E cédulas de brinquedo. Colei todos objetos e começamos a ler letra por letra.

A etapa teve como objetivo analisar a habilidade da leitura, partindo da curiosidade e criatividade dos alunos. Foi utilizado como dispositivos algumas fotos para registro desta ação.

Na terceira etapa que ocorreu em 30/09 e 01/10/2015, que é a prática 3: Leitura de palavras encontradas no cotidiano. As crianças registraram nos cadernos palavras do cotidiano, demonstrando já esta realizando a leitura. As crianças que efetuaram a escrita das palavras foram: J.E escreveu no caderno a palavra FOTO, C.E JESUS TE AMA, Y.A DELINE, P.C PORTA, PAREDE, MESA, CADEIRA, ARMÁRIO, QUADRO, G ALA, C NESCAU. Cada criança que trouxe essas palavras levantaram leram para todos os colegas.

No dia seguinte, as crianças trouxeram mais palavras foram elas: C.e SCHIN, J.E DIPIRONA, Y.A TANDY, P.C MARATÁ, C BEM VINDO, G BÍBLIA. Do mesmo modo cada criança levantou e leu para toda classe e com voz alta.

Esta etapa teve como objetivo analisar a habilidade da leitura, proporcionando um desempenho satisfatório. Foi utilizado como dispositivo as fotos das crianças com o caderno onde estava contida as escritas das palavras

Considerando as etapas a saber: A primeira etapa prática 1: Leitura de histórias; a segunda etapa é a prática 2: Leitura de palavras relacionadas a objetos, e a terceira etapa é a prática 3: Leitura de palavras do cotidiano. No que se refere a aplicação das ações sobre os atos de leitura, observei que as crianças foram participativas e criativas, desenvolvendo os atos de leitura.

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4 PRÁTICAS E ATOS DE LEITURA: QUERO LER EM SILÊNCIO E COM VOZ ALTA

A análise das informações produzidas na pesquisa realizada com as crianças do grupo 5 evidencia os tipos de atos de leitura praticados na Educação Infantil. Para compreensão do contexto onde tais atos se manifestam, na primeira seção deste capítulo descreverei as práticas de leitura desenvolvidas no grupo observado, destacando as oportunidades de atos de leitura, ou seja, os primeiros passos que utilizei para compreender como as práticas de leitura podem ser desenvolvidas.

Na segunda seção, analisarei os atos de leitura produzidos pelas crianças no grupo 5. Entre as discussões apresentadas e rememoradas por mim, destaco uma que entendo ser de grande importância para o acesso mais amplo da leitura. Trata-se da construção do cantinho da leitura, na sala de aula, o que, a meu ver, colabora para um contato das crianças com os objetos de aprendizagem e, consequentemente, com o desenvolvimento cognitivo necessário para a construção de conhecimentos a partir da leitura desde a infância.

4.1 PRÁTICAS DE LEITURA DESENVOLVIDAS COM AS CRIANÇAS

Prática 1: Leitura de histórias (22/09/2015)

Na roda de leitura de histórias, a prática foi leitura de história, que teve como objetivo incentivar e orientar a leitura, visando o desenvolvimento do gosto pela leitura prazerosa. No segundo momento da aula, ocorreram a leitura de histórias: “O gato e a árvore”, “Rei da mula”, “Não é uma caixa”, foi direcionada pelas próprias crianças. Cada criança escolheu sua história a ser contada e assim aconteceu.

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Figura 1: Centro de Educação Infantil do M. de Itaparica -CEIMI- trabalhando com a roda de leitura. Fotografia: Wagner Souza, 2015.

Iniciei a roda “Leitura de histórias” (Figura 1) com as crianças, quando perguntei quem gostaria de ler, três crianças desejaram fazer a leitura. As crianças realizaram a leitura acionando diferentes atos de leitura. A leitura de histórias iniciou-se com a criança C.E lendo o livro “O gato e a árvore”, através das imagens:

Era uma vez, o gato e a árvore, ele cavou a terra para plantar a planta dele e aí ele ficou pensando na árvore, depois ele subiu na árvore, depois, e depois a menina pegou ele e aí depois pulou, fim.

Logo em seguida, o aluno D. A leu o livro “Rei da mula”, também através dasimagens:

Era uma vez, uma mula muito pequena, correu, correu, depois correu mais, o menino viu e depois correu também muito, muito, todo mundo ficou olhando, a mula correu, mas o menino parou e aí também correu e, e fim.

Logo após, o aluno G leu o livro “Não é uma caixa” com leitura das imagens e de algumas palavras:

Era uma vez, ele estava fazendo uma caixa, foi pra corrida, foi pra montanha, fez o robô, o homem e a caixa, jogou no balde e cima de um elefante, dizendo que era um pirata, entrou no balão, viajou no foguete e

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fim, entenderam?

As crianças do grupo 5 realizaram a leitura de história, leram marcando bem os gestos, tanto no pegar do livro como no olhar das imagens e das palavras, demonstrando, algumas vezes, a leitura do texto escrito. Sobre isso Ferreiro e Teberosky asseguram que a criança:

“Lê e transmite ou comenta a informação que obteve, assim como lê em silencio ou inclusive involuntariamente. Todas essas formas de leitura são diferentes, mas qualquer que seja o portador de texto ou a situação, todos eles são atos de leitura”. (FERREIRO e TEBEROSKY,2006, p.166).

Entendo, portanto, que os momentos da roda de leitura precisam ser contínuos e participativos e deve considerar diversos aspectos, tais como: disposição do leitor, sua idade, seus gostos, sua maneira de interação com o objeto de leitura e sua cultura, pois o ato de ler permite que o aluno se aproxime de algo que acaba de ganhar sentido através da experiência com a leitura. Ler é, assim,considerar tudo que envolve o “mundo do leitor”.

Prática 2: Leitura de palavras relacionadas a objetos (25 e 26/09/2015)

No momento da roda de leitura, registrei o relato de uma criança que trouxe um objeto como um robô, querendo conhecer a escrita e a leitura do mesmo, em seguida soliciteiaos outros que trouxessem outros objetos.Essa ação teve como objetivo desenvolver a habilidade da leitura, partindo da curiosidade e da criatividade das crianças. No dia vinte e cinco de setembro de dois mil e quinze, no Centro de Educação Infantil do Município de Itaparica (CEIMI ), cinco crianças trouxeram alguns objetos com a curiosidade de conhecer a leitura dos mesmos.

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Figura 2:Centro de Educação Infantil do M. de Itaparica -CEIMI- trabalhando com a leitura de objetos. Fotografia: Wagner Souza, 2015.

Os objetos que as crianças do grupo 5 levaram, foram os seguintes: O aluno J.E levou um ROBÔ de brinquedo para sala de aula; no dia seguinte levou um ANEL, o aluno P. C levou um BRINCO quebrado da mãe; a aluna G levou um RELÓGIO de brinquedo; a aluna Y.A levou um APITO. Com o objetivo de conhecera escrita e a leitura dos objetos, colei todos os objetos no quadro, escrevi o nome de cada objeto e começamos a ler (Figura 2). As crianças começaram dizendo as letras iniciais dos objetos e toda a classe participou, algumas conseguiram falar claramente a escrita correta dos objetos.

No dia seguinte, em vinte e seis de setembro, o aluno C levou para a sala de aula uma CANETA que ele tinha ganhado no aniversário; B uma BONECA; P.C um CHAVEIRO; G um CARRINHO; C uma ESCOVA DE DENTE; M um BONÉ; F um RELÓGIO e E.algumas CÉDULAS de brinquedo. Coloquei todos os objetos colados no quadro e junto com as crianças começamos a escrever letra por letra e fizemos a leitura de cada objeto, a classe inteira participou, depois colocamos em ordem alfabética todos os objetos e deixei livre para que eles continuassem trazendo mais objetos nos próximos dias, caso desejassem.

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Essa prática desenvolvida entra em consonância com o que nos diz Freire (2008) quando deixa claro que quando sentimos o objeto, vemos, somos capazes de expressar oralmente e colocar na escrita. O autor, assim, relata:

“Eu, porém, sou capaz de não apenas sentir a caneta, de perceber a caneta, de dizer caneta, mas também de escrever caneta e, consequentemente, de ler caneta. A alfabetização é a criação ou a montagem da expressão escrita da expressão oral. Esta montagem não pode ser feita pelo educador para ou sobre o alfabetizando”. (FREIRE, 2008, p.29).

Nessa perspectiva, acredito que os objetos proporcionam grandes descobertas no mundo das crianças, principalmente no que se referem à leitura, através da representação desses objetos as crianças participam de momentos de algo concreto, que tem sentido.

Prática 3: Leitura de palavras do cotidiano (30/09/2015 e 01/10/2015)

No momento da roda de leitura, iniciamos uma conversa informal buscando conhecer o que as crianças já leem no seu dia-a-dia, foi quando percebi que elas leem muito mais do que eu imaginava. A leitura de palavras do cotidiano teve como objetivo aprimorar a habilidade da leitura. Solicitei que as crianças dissessem palavras de algo que elas conseguiam ler no seu dia-a-dia (Figura 3).No dia primeiro de outubro, mais seis crianças trouxeram palavras escritas no caderno, dizendo que já tinham lido fora de sala.

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Figura 3:Centro de Educação Infantil do M. de Itaparica -CEIMI- trabalhando com a leitura de palavras do cotidiano. Fotografia: Wagner Souza, 2015.

As palavras que as crianças levaram para a sala de aula foram as seguintes: J.E falou FOTO: “li no álbum da minha casa”; C. E disse JESUS TE AMA: “li no chaveiro lá de casa”; Y. A anunciou DELINE: “li na manteiga de manhã”; P.C falou PORTA, PAREDE, MESA, CADEIRA, ARMÁRIO, QUADRO: “Li todas palavras que a senhora colocou na sala”; C disse NESCAU: “Li na cozinha de vovó”; G contribuiu com ALA: “Li de tarde lá em casa quando mamãe foi lavar”.

No dia seguinte, em primeiro de outubro, os seis alunos que já tinham escrito e lido fora da sala de aula, trouxeram mais palavras e mais um aluno, também trouxe palavra, como os alunos: C.E falou SCHIN: “li no refi no almoço”; J. E.disse DIPIRONA: “li no remédio que titia Marisa deu a minha priminha”; Y. A. contribuiu com TANDY: “li na minha pasta de dente, lá no banheiro”; P. C trouxe a palavra MARATÁ: “li no suco, era de uva pró”; C falou BEM VINDO: “estava no tapete lá de casa”; G BLÌBIA: “Li no livro que Mainha leva para a igreja”; B anunciou ITAMBÉ: “Li no leite que todo dia minha tia Clara coloca no café”. Assim, as crianças apresentaram palavras de seu cotidiano e indicaram o contexto onde elas aprenderam. (Figura 4).

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Figura 4:Centro de Educação Infantil do M. de Itaparica -CEIMI- trabalhando com a leitura de palavras do cotidiano. Fotografia: Wagner Souza, 2015.

Fica visível que a concepção de leitura expressa pelas crianças vem quase sempre antecedida por uma leitura de mundo. As crianças, desse modo, demonstram o conhecimento de suas vivências cotidianas e a compreensão que elas fazem da leitura, constituindo está um meio de interação com o mundo, favorecendo ao desenvolvimento das habilidades cognitivas, da imaginação e da criatividade. Significa considerar que os atos de leitura exibidos pelas crianças na Educação Infantil são também resultantes de suas leituras antes e fora da escola. Isso porque, “a leitura do mundo precede a leitura de palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente”. (FREIRE, 2008, p.20).

Sendo assim, a experiência e o contato com as palavras que estão sempre envolta da criança possibilitam uma leitura com sentidos, pois as situações concretas ajudam a criança no desenvolvimento da leitura com maior desenvoltura. Isso compreendido, busco caminhos que possibilitam o desenvolvimento da leitura pela criança, de forma consciente, posso dizer também consistente, promovendo

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oportunidades lúdicas para as crianças brincarem com a leitura de forma espontânea e compreender melhor o que elas nos dizem dos seus próprios convívios. Por ser pesquisadora de minha própria prática, percebo as necessidades de cada aluno, seus interesses, potenciais e seus atos de leitura.

Considerando as práticas apresentadas, a saber: Prática 1: Leitura de histórias; Prática 2: Leitura de palavras relacionadas a objetos;Prática 3: Leitura de palavras do cotidiano, no que se refere às oportunidades de atos de leitura, observei que as crianças participaram e realizaram de modo concreto as práticas de leitura.

4.2 ATOS DE LEITURA EXISTENTES NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Neste capítulo, busco analisar os atos de leitura produzido pelas crianças do grupo 5. Para compreensão do contexto onde tais atos se manifestam, na primeira seção deste capítulo, analisarei a leitura silenciosa e seus atos, identificando as oportunidades de desenvolvimento desses atos de leitura, ou seja, os primeiros passos que utilizei para analisar como esses atos de leitura podem ser desenvolvidos.

Na segunda seção, analisarei a leitura com voz e seus atos produzidos pelas crianças no grupo 5, destacando as oportunidades de desenvoltura desses atos de leitura, neste contexto.

4.2.1 Leitura silenciosa e seus atos

Ao investigar o que as crianças do grupo 5 leem no seu cotidiano, descobri que elas passam por estágios psicológicos que precisam ser observadas e respeitados, no momento de desenvolvimento da habilidade da leitura. As etapas do desenvolvimento cognitivo das crianças não dependem exclusivamente da sua idade, mas sim do seu nível de amadurecimento psíquico, afetivo, intelectual, ou seja, cada criança tem o seu tempo que precisa ser respeitado e valorizado, sem nenhum tipo de cobranças, mas de compreensão, pois elas leem e leem muito.

Considerando que as crianças do grupo 5 precisam aproximar-se cada vez mais da leitura num contexto funcional e significativo para elas. É preciso estar sempre

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valorizando os atos de leitura que as crianças na Educação Infantil realizam,para contribuir no aprendizado das crianças de forma agradável e sem cobranças.

Também, por meio da leitura silenciosa, as crianças realizam atividades que fica evidente a compreensão do funcionamento do sistema da leitura, mobilizando os conhecimentos construídos nas práticas de leitura. Através do brincar de ler o que vê no seu dia-a-dia, proporciona a descoberta da leitura, do mundo letrado com o qual elas convivem, sendo assim de modo lúdico e de modo espontâneo. Durante muitos dias os alunos trouxeram vários tipos de palavras encontradas no cotidiano e até mesmo na sala, tais experiências, com certeza, além de motivarem as crianças à leitura, auxiliaram nas práticas sociais de escrita também, estimulando o desenvolvimento das estratégias cognitivas de leitura. Assim,as crianças realizaram a leitura silenciosa, movimentando os olhos e correndo os dedos. A respeito disso relatam: “Os atos de leitura silenciosa se definem em si mesmos, e os gestos, a direção do olhar, o tempo e o tipo de exploração, são índices que mostram e demonstram uma atividade de leitura silenciosa” (Ferreiro e Teberosky, 2006, p.172).

Nesse sentido, as autoras descrevem as posturas que as crianças em muitas vezes efetuam durante uma leitura silenciosa, e essas palavras são afirmações do que realmente ocorre no Grupo 5. De modo individual, cada criança à sua maneira, deitada no tapete, sentada na cadeira ou até mesmo em pé, realizam a leitura silenciosa. (Figura 5).

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Figura 5:Centro de Educação Infantil do M. de Itaparica -CEIMI- trabalhando com a leitura de história. Fotografia: Wagner Souza, 2015.

Além disso, a leitura silenciosa revela uma criança que sabe se relacionar com o objeto da leitura, manuseando, realizando movimentos de passar páginas de livros. Portanto, desenvolver o interesse e oportunizar momentos da leitura silenciosa é um processo constante, e que começa bem cedo, poisprecisa ser aperfeiçoado na escola, assim oferecendo pequenas doses diárias de leitura agradável

4.2.2 Leitura com voz alta e seus atos

A hora da leitura de história e o reconto era um momento mais esperado, pois eles começavam a brincar de ler com voz alta, outros se apoiaram nas ilustrações, do jeito que elas compreendiam. Com isso, através da leitura de histórias entendo que é muito importante interagir com as crianças e observar seus atos nos momentos em que se envolvem durante a escuta e leitura de histórias.

No que se refere ao ato da imitação, percebo que as crianças do grupo 5 se sentiram muito motivadas a compartilhar o reconto das histórias na sala de aula,

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brincaram de serem leitores fluentes e produtoras de textos, demonstrando interesse e desinibição para a comunicação oral.

Percebo que algumas crianças têm um lar que auxilia no mundo letrado e contribui para o desenvolvimento da linguagem oral e para as habilidades de leitura, possível de serem observados em atos. As crianças do grupo 5 já são capazes de folhear um livro, ler as imagens, a escrita correta do livro, imitar o que a mãe ou outras pessoas leram em casa para elas.

Compreendi que os alunos utilizaram o ato da imitação para desenvolver a leitura com voz alta, exemplo disso é quando a criança ler uma história, assim como esses exemplos: Era uma vez, fim, gostaram da história.Passo então a refletir as palavras de Emília Ferreiro e Ana Teberosky quando as mesmas relatam: “É que a criança imita, e ao imitar aprende e compreende muitas coisas, porque a imitação espontânea não é cópia passiva, mas sim tentativa de compreender o modelo imitado”. (Ferreiro e Teberosky, 2006, p.166)

Dessa forma, deixando a imitação ganhar asas e fazendo um grande voo na imaginação, nas descobertas e na criatividade, colocando a criança no papel principal e fundamental que é do ser ativo e participativo, dando a elas a autonomia de ser coautores da sua aprendizagem, neste ato da imitação, ler é uma tarefa voltada à compreensão e à elaboração de sentido.Por serem curtos, alguns textos são facilmente memorizados e as crianças no momento da roda de leitura realizaram a leitura de imagem, movimentando as páginas do livro.

Percebo que as leituras com voz alta com atos de imitação produzidos pelas crianças evidenciam que elas, além de memorizar, demonstram ter compreendido o texto. Sobre isso, destacam-se marcas de narrativa, quando crianças demonstram a imitação de um adulto na leitura: a utilização do “Era uma vez...”; E aí, todos entenderam? Pronto, fim. Tais características, possivelmente, são resultantes de situações vivenciadas pelas crianças em casa, na escola ou em outros ambientes, em que outros leitores liam ou contavam histórias. Sobre isso relata. “É preciso considerar que há diferenças entre leitura e contação de história, porque há uma diferença entre palavra escrita e palavra oral”. (MATOS, 2007).

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leitura de história, afirmam estarem relacionadas a leitura de história, pois elas estão narrando, cada criança narra de uma forma, estão lendo o que está escrito e sim expressando oralmente sobre a leitura.

Com isso, através da leitura com voz, a criança também realiza a leitura compartilhada, em que cada criança complementa a leitura do colega e, muitas vezes, acontece o ato de leitura anterior ao presente, ou seja, fazendo a antecipação, pois a partir do momento que a criança participa desses momentos observados podendotambém está relacionado à leitura de imagem.

Diante disso, reconheço que a leitura com voz e seus atos auxiliam na construção do conhecimento no que se refere ao ato de ler e à socialização das crianças, pois elas realizam o ato observado, ou seja, em alguns momentos a criança assiste aos atos de leitura produzidos pelos adultos.

Portanto, neste capítulo que são os atos de leitura existentes na Educação Infantil e suas subseções que foram: A leitura silenciosa seus atos e a leitura com voz e seus atos. No que se refere ao ato da imitação, percebo que as crianças do grupo 5 estão se sentindo muito motivadas a compartilhar o reconto das histórias na sala de aula, brincaram de ser leitores fluentes, demonstrando interesse e desinibição para a comunicação oral.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS EM ATOS DE LEITURA

A pesquisa “A Produção de atos de leitura na Educação Infantil por crianças do grupo 5” foi desenvolvida, no Centro de Educação Infantil do Município de Itaparica (CEIMI), no qual me inseri como pesquisadora de minha prática pedagógica. A relevância do estudo empreendido considerou que muito se tem discutido a respeito do processo de leitura, mas pouca atenção tem sido dada aos atos de leitura produzidos por crianças da Educação Infantil. O trabalho com a leitura com crianças pequenas não pode ser uma prática meramente técnica, desprovida de sentidos e centrada na decodificação do escrito, mas sim, através de atos significativos. A atenção se direcionou para descrever as práticas de leitura e para os atos produzidos pelas crianças do grupo 5, com o objetivo de compreender como os atos de leitura podem ser desenvolvidos de modo a contribuir para a inserção das crianças nas práticas de leitura.

Após as análises realizadas, a compreensão sobre os atos de leitura que as crianças do Grupo 5 produzem na Educação Infantil, nos leva a compreender duas categorias de leitura: a leitura silenciosa e a leitura com voz. Essas manifestações de leitura juntam-se atos específicos e indicadores de como as crianças participam dos processos de leitura e se constitui leitores ativos e construtivos, o que representa respostas para o que indagamos: Que atos de leitura as crianças do Grupo 5 produzem na Educação Infantil?

Na leitura silenciosa, caracterizada pela leitura individual, destacaram-se atos diversificados, muitas vezes timidamente observáveis pelo adulto, tais como: (i) variação de posturas da criança (sentada, deitada, até mesmo em pé) enquanto lia silenciosamente, buscando uma relação confortável com o local e o objeto de leitura. (ii) movimentos de passar das folhas/páginas, ou seja, o folhear do livro; (iii) exploração que os olhos realizam com movimentos que percorrem imagens e palavras escritas; (iv) leitura acompanhada com os dedos.

Sobre a leitura com voz alta, caracterizada, geralmente, pela leitura compartilhada, que favorece a interação das crianças e adultos ou crianças com crianças destacaram-se os seguintes atos: (i) imitação de atos que os adultos realizam quando leem ou contam histórias; (ii) leitura de imagens com descrição narrada em voz

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alta; (iii) expressão de marcas de narrativas de histórias, tais como: “Era uma vez...”, E aí, entenderam? ”, “Pronto, fim! ”

Os achados resultantes da pesquisa realizada representam contribuições para a compreensão e valorização dos atos de leitura produzidos por crianças do grupo 5. Isso porque, considerando a especificidade do grupo, no que se refere às expectativas de aprendizagem da leitura e as preocupações referentes à imposição de práticas escolarizadas com vistas à alfabetização, levo para a minha prática docente a compreensão de que é importante escutar e observar os atos que as crianças produzem na interação com as práticas de leitura. O que observei e escutei acaba por valorizar a leitura como um ato também lúdico e cultural, pois a criança traz referência de seu cotidiano e dos objetos de leitura com os quais brinca, convive e experimenta através de contatos sensoriais com os olhos, com as mãos, com o corpo, com os ouvidos.

Esses resultados ampliam minha compreensão sobre os processos de leitura e, especificamente, sobre os atos de leitura na educação Infantil, quando passo a observar com sensibilidade como a criança participa das práticas de leitura e se interessa por textos narrativos em um movimento de curiosidade, como também, quando passo a compreender que a leitura é um processo contínuo que se inicia antes do ingresso da criança na escola e continua nela realizando intercâmbios linguísticos, afetivos e culturais a partir de objetos de conhecimento que são próprios de sua lógica.

(40)

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Risonete Lima de. Cenas simbólicas e enunciação oral ressonâncias de sentidos na Educação Infantil. 143 f. 2014. Tese (doutorado) – Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2014.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretária de Educação Fundamental.

Referencial Curricular Nacional para a educação Infantil. Brasília, MEC/SEF, 1998.

COLOMER, Teresa. Andar entre livros – A leitura na escola. São Paulo, Global, 2007. FERREIRO, Emília. TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre. 2006.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. 39. Editora São Paulo. Cortez. 2008. _______, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática docente. São Paulo. Paz e terra, 2008.

MACEDO, R.Prontidão, compensação e pré-escola. Prática crítica. Dissertação de Mestrado, FACED/UFBA, 2010, p.144.

MATOS, G. A. O ofício do contador de histórias. 2. Ed. São Paulo. Fontes, 2007. MELO,Keylla Rejane Almeida. Os usos da leitura e da escrita na Educação Infantil. Universidade Federal do Piauí. 2014, p.6.

SANTOS, Cândida Luiza dos. A importância da leitura na Educação Infantil. Universidade Cândido Mendes. 2010.

SILVA, Laís Maria Pellegrini da. Práticas de leitura na Educação infantil: entre propostas pedagógicas e escolhas das crianças. Porto Alegre,2010.

SILVA, Nívia Priscilla Olinto da.A leitura de literatura na escola. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 2010.

(41)

ANEXO A – Termo de Autorização

ESTADO DA BAHIA

PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAPARICA

SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

Eu, ___________________________________________Diretora da Escola Municipal__________________________, autorizo Naíra Santos Roque de Jesus, estudante do Curso de Especialização em Docência na Educação Infantil, do Programa de Pós-Graduação em Educação, da Universidade Federal da Bahia, interagir com funcionários, professores e crianças a fim de realizar a sua pesquisa.Produção de Atos de Leitura na Educação Infantilpor Crianças do grupo 5, sob orientação da Profª. Drª. Risonete Lima de Almeida.

Itaparica, ___________de___________ de2016

_______________________________ Assinatura

(42)

ANEXO B - Termo de autorização de uso de imagem e som de voz para menor de 18

anos

UNIVERSIDADE FEDERALDA BAHIA – UFBA FACULDADE DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

Av. Reitor Miguel Calmon, s/n – Campus Canela – Vale do Canela CEP 40.110-100 - Salvador – BA Tel./Fax: (71) 3283-7305/ e-mail:

diretoria@faced.ufba.br

I – DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO DA PESQUISA

1.Nome do responsável do participante: _______________________________ Documento de Identidade Nº ______________________________ Sexo: ( ) M ( )F Data de Nascimento ___/___/___

Endereço: ______________________________________ Nº_______ Bairro: ________________ Cidade: _____________________CEP: Telefone: ________________________

2. Nome do participante: _______________________________________ Sexo: ( ) M ( ) F

Data de Nascimento: ___/___/___

Declaro que, após ter sido convenientemente esclarecido sobre os objetivos desta pesquisa e procedimentos a serem adotados, permito a participação da criança sob minha responsabilidade na presente pesquisa.

(43)

Assinatura do responsável do participante ________________________________

Assinatura do pesquisador (A carimbo ou nome legível)

Referências

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