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RESUMOS CIVIL II

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Academic year: 2021

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Exercícios Domiciliares para Compensação de Ausências Disciplina: Direito Civil II

Aluno: Marcio José dos Reis Junior – RGM: 111000-4 UNIDADE IX

CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

O contrato de prestação de serviço é aquele em que uma das partes - prestador -, se obriga para com a outra – tomador -, a fornecer-lhe a prestação de uma atividade, mediante remuneração.

Reza o artigo 594 do Código Civil que: “Toda a espécie de serviço ou trabalho lícito, material ou imaterial, pode ser contratada mediante retribuição”.

NATUREZA JURÍDICA

O contrato de prestação de serviço apresenta a seguinte natureza jurídica: bilateral, oneroso, consensual, de duração continuada e não solene.

Possui natureza bilateral, pois o contrato gera obrigações para ambos os contratantes. Ou seja: o tomador deverá pagar a remuneração ao prestador e este deverá realizar a atividade avençada e na forma estipulada.

Ademais, o contrato é oneroso, porquanto confere benefícios a ambos os contratantes, e é consensual porque o simples acordo de vontades torna perfeito o contrato, prescindindo este, portanto, de qualquer materialidade externa.

Saliente-se que o contrato de prestação de serviço possui natureza não solene e, em regra, de duração continuada. É não solene – ou não formal – pois a lei não exige uma forma como condição de validade do negócio. Ainda, é de duração continuada, pois, em regra, são praticados atos reiterados no tempo e estes devem ser realizados para que se cumpra efetivamente o contrato.

ELEMENTOS DO CONTRATO

Os elementos essenciais do contrato de prestação de serviço são: objeto, remuneração e consentimento. O objeto trata da prestação da atividade humana, que tanto pode ser intelectual, quanto material ou física. Neste ponto, ressaltamos que ficará, a critério das partes, a escolha pela prestação de fazer fungível ou prestação de fazer infungível.

Quanto a esse elemento, o contrato tem como objeto da relação obrigacional a execução de uma atividade pelo solvens, o qual deve ser tratado como homem livre. Dessa forma, será incompatível com a dignidade do devedor e com tal liberdade, a sujeição total do prestador de serviço ao tomador, ou a disposição plena das faculdades do prestador, fora dos limites da prestação específica da prestação obrigacional acordada. Também é elemento essencial do contrato a remuneração, ou seja, a retribuição, em regra pecuniária, como pagamento pelo serviço prestado.

Diz-se em regra porque excepcionalmente podem ser ajustadas outras espécies de pagamento, como, verbi gratia, alimentos, vestuário, transporte, condução ou, até mesmo, moradia. Entendemos, todavia, caso a retribuição se dê por meio de dessas formas de contraprestações, estaremos defronte de um contrato atípico.

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Alguns autores entendem que a gratuidade não é admissível no contrato de prestação de serviços. Contudo, para a doutrina civilista que entende que a gratuidade é admissível, esta não será presumida. Será imprescindível, portanto, que as partes ajustem de maneira expressa a gratuidade do acordo.

Não se tendo estipulado valor ou se as partes divergirem quanto ao valor do contrato, “fixar-se-á por arbitramento a retribuição, segundo o costume do lugar, o tempo de serviço e sua qualidade”, na forma do artigo 596 do CC.

Ademais, o artigo 597 do mesmo diploma aduz que: “A retribuição pagar-se-á depois de prestado o serviço, se, por convenção, ou costume, não houver de ser adiantada, ou paga em prestações”.

A regra é que o pagamento seja realizado após a prestação de serviços. O dispositivo acima mencionado permite, porém, que as partes estabeleçam, por meio de sua manifestação de vontade, a antecipação do pagamento ou o pagamento em prestações, o que facilita a maneira pela qual será executada a atividade, o tempo para a sua prática, bem como as necessidades, quanto ao resultado da obrigação, objetivadas pelo tomador.

Interessante consignar que no Direito do Trabalho as partes, em especial o empregador, devem respeitar o salário mínimo estabelecido pela Constituição da República e pela CLT, o que não ocorre quando se aplica o Código Civil, pois impera aqui a autonomia da vontade.

Há que se observar, porém, as cláusulas gerais que dizem respeito à função social do contrato, o princípio da boa-fé objetiva e o equilíbrio das prestações, consoante artigos 421 e 422 do Código Civil, sendo “inadmissível que a remuneração seja inadequada para os fins propostos.”

Por fim, o consentimento pode se materializar de forma escrita ou verbal, como também pode se dar de modo implícito, subsumido no próprio fato da prestação de serviço.

Caso seja adotada a forma escrita e alguma das partes não saiba ler e nem escrever, o contrato poderá ser assinado a rogo, desde que subscrito por duas testemunhas.

É o que dispõe o artigo 595 do Código Civil: “No contrato de prestação de serviço, quando qualquer das partes não souber ler, nem escrever, o instrumento poderá ser assinado a rogo e subscrito por duas testemunhas”.

O dispositivo em apreço faculta às partes a possibilidade de firmarem o acordo por escrito e em contrato particular mesmo sendo uma das partes analfabeta, o que certamente não poderia ocorrer nos contratos em geral, em que, nesse caso, haveria a necessidade de escritura pública.

Em relação à capacidade, é importante registrar que se admite a celebração de contrato de prestação de serviço ainda que realizado por incapaz, uma vez que não se podem fechar os olhos para a realidade social. Caso contrário, estaríamos promovendo o enriquecimento indevido do tomador de serviços. Todavia, há que se atentar para o limite estabelecido na Constituição da República, em seu artigo 7º, inciso XXXIII:

“Proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 18 (dezoito) e de qualquer trabalho a menores de 16 (dezesseis) anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de 14 (quatorze) anos.”

Releva ponderar a divergência doutrinária que existe acerca da obrigatoriedade ou não da observância do número de testemunhas que devem subscrever o contrato.

O Código Civil de 1916 dispunha ser imprescindível a assinatura de quatro testemunhas. O atual Código, porém, reduziu-as para o número de duas.

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O Código Civil estipula um limite temporal para o contrato de prestação de serviço indicado no artigo 598, o prazo de 4 anos. Neste caso, o legislador também admitiu a possibilidade de prorrogação, quando assim desejada pelas partes.

O contrato, de qualquer forma, por força da autonomia da vontade pode ser: determinável (artigo 599) e determinado (artigo 602).

O contrato determinável ou, na linguagem do Código, com prazo indeterminado, precisa da notificação do tomador ou do prestador para o caso de término do pacto. Neste caso, não sendo o prazo determinado, ou não sendo o serviço estipulado por tarefa, qualquer contratante poderá resilir o contrato, mediante prévia comunicação.

Entendemos que o legislador civil de 2002 não utilizou a melhor técnica, no artigo 599, para indicar os efeitos do término do contrato por prazo “indeterminado”, a saber: “Não havendo prazo estipulado, nem se podendo inferir da natureza do contrato, ou do costume do lugar, qualquer das partes, a seu arbítrio, mediante prévio aviso, pode resolver o contrato”.

A atecnia do artigo reside na aplicação do termo “resolver” para explicar uma hipótese de resilição. No referido dispositivo legal, o contratante unilateralmente poderá se manifestar pelo término do contrato, aplicando-se, portanto, a hipótese de finalização do pacto por mera manifestação de vontade e não de inadimplemento (resolução).

Além disso, o artigo 599 utiliza o termo “aviso prévio” e, como explicaremos adiante, tal expressão deve ser adotada apenas nas relações trabalhistas e não nas relações civis.

Já no contrato com prazo determinado, o tempo fixado no contrato deverá ser respeitado pelos contratantes, sob pena de inadimplemento e, se for assim previsto, haverá a penalização para o contratante que rescindir antecipadamente o acordo.

Notadamente, quando confeccionado um contrato de prestação de serviço com prazo certo, os contratantes podem ajustar a cláusula penal compensatória para o caso de rescisão antecipada do ajuste.

RETRIBUIÇÃO NA FALTA DE HABILITAÇÃO

Questão interessante inerente ao contrato de prestação de serviço reside na constitucionalidade ou não do artigo 606 do CC. Dispõe o mencionado dispositivo legal:

“Art. 606. Se o serviço for prestado por quem não possua título de habilitação, ou não satisfaça requisitos outros estabelecidos em lei, não poderá quem os prestou cobrar a retribuição normalmente correspondente ao trabalho executado. Mas se deste resultar benefício para a outra parte, o juiz atribuirá a quem o prestou uma compensação razoável, desde que tenha agido com boa-fé.

Parágrafo único. Não se aplica a segunda parte deste artigo, quando a proibição da prestação de serviço resultar de lei de ordem pública.”

Dois requisitos podem ser extraídos desse artigo para ensejar a retribuição ao prestador do serviço: a comprovação do benefício para o tomador e a boa-fé do prestador.

O primeiro requisito se pauta numa noção de razoabilidade, equidade e proporcionalidade, já que o tomador obteve proveito com a atividade prestada pelo tomador. Já o segundo requisito se ajusta às bases principiológicas da codificação de 2002.

A doutrina questiona a inconstitucionalidade do artigo 606, parágrafo único, do CC, por entender que há violação ao artigo 1º, inciso IV, da Constituição da República.

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Entendemos que a ausência de habilitação pode, sim, ensejar prejuízos ao contratante enganado. No entanto, quando efetivamente o serviço for prestado e não for verificado nenhum transtorno efetivo ao tomador, cabe, neste caso, apurar uma justa retribuição pela obrigação de fazer prestada.

Neste prisma, se a atividade estiver relacionada às áreas de saúde, advocacia, engenharia, empreitada, dentre outras que possam afetar a segurança e a incolumidade do tomador, aí sim, em nossa opinião, o artigo 606 deve ser aplicado.

Dessa forma, quando a proibição da prestação de serviço derivar de lei de ordem pública, não se admite a produção de qualquer efeito ao contrato, nem mesmo o de pagamento de contraprestação para o prestador do serviço.

FORMAS DE EXTINÇÃO DO CONTRATO

Inicialmente, cumpre esclarecer que o Código Civil cuidou do tema extinção do contrato no Título V, do Capítulo II, que, por sua vez, é dividido em quatro seções: distrato, cláusula resolutiva, execução do contrato não cumprido e resolução por onerosidade excessiva.

Defendemos, diante das disposições do Código Civil de 2002, a seguinte classificação para as formas de extinção dos contratos: 1) Extinção normal; 2) Extinção por vício; 3) Extinção por resilição; 4) Extinção por resolução.

A extinção normal decorre do cumprimento direto da obrigação, a extinção por vício ocorrerá por nulidade ou anulabilidade do negócio obrigacional firmado entre as partes, já a extinção por resilição poderá ser bilateral ou unilateral e depende unicamente da vontade dos contratantes. A resolução refere-se à inexecução culposa ou involuntária do acordado.

A resolução opera a finalização do contrato por descumprimento das obrigações por uma das partes ou de ambas, seja por culpa sua, seja por ato estranho à sua vontade (caso fortuito, força maior e onerosidade excessiva).

O conceito de resolução está ligado a uma perturbação da prestação com a consequente desvinculação da parte adimplente como fruto dessa mesma quebra ou frustração do fim contratual. Não se pode, pois, aproximar os conceitos resolução, revisão e extinção.

O Código, quanto ao contrato de prestação de serviço, aborda detidamente, no artigo 607 do CC, o seguinte:

“O contrato de prestação de serviço acaba com a morte de qualquer das partes. Termina, ainda, pelo escoamento do prazo, pela conclusão da obra, pela rescisão do contrato mediante aviso prévio, por inadimplemento de qualquer das partes ou pela impossibilidade da continuação do contrato, motivada por força maior.”

Podemos, portanto, apontar como situações que ensejarão a extinção do contrato de prestação de serviço: 1) morte de um dos contratantes; 2) término do prazo indicado em contrato; 3) finalização do serviço; 4) denúncia; 5) inadimplemento; e 6) impossibilidade do cumprimento da obrigação.

Quanto ao inadimplemento, o Código Civil utiliza a terminologia “dispensa do contrato”. Tal dispensa pode ser classificada: dispensa motivada ou dispensa imotivada.

A dispensa imotivada, na forma do artigo 603, impõe àquele que deu término ao contrato a pagar ao outro contratante “por inteiro a retribuição vencida, e por metade a que lhe tocaria de então ao termo legal do contrato”.

Já a dispensa motivada, na forma do artigo 602, parágrafo único, do CC, por sua vez, ensejará àquele que deu causa ao término do contrato a pagar as prestações vencidas e a correspondente indenização.

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Ainda sobre a questão do inadimplemento, deve-se distinguir o inadimplemento da impossibilidade inimputável, a saber: se for esta parcial, não resolve o contrato, mas reduz proporcionalmente a retribuição; se for total, cessará a relação contratual, liberando ambas as partes de qualquer obrigação. Ressalta-se que a terminologia dispensa não é apropriada para ser empregada no âmbito da prestação de serviço. Tal terminologia melhor se ajusta à relação de emprego. Assim, entendemos que, nas relações de serviço presentes no âmbito civil, melhor será a aplicação dos termos “resilição” (manifestada pela vontade das partes) ou “resolução” (ocorrência do inadimplemento) do contrato.

Por fim, quando o prestador de serviços não foi contratado para certa e determinada atividade, entender-se-á que se obrigou a todo e qualquer serviço compatível com as suas forças e condições. Assim, quando o contrato é celebrado por tempo certo, ou por obra determinada, não se pode interromper, ou resilir sem justo motivo o acordo, antes de preenchido o tempo ou concluída a atividade ajustada.

UNIDADE X EMPREITADA

Difícil é a tarefa de distinguir o contrato de prestação de serviço do contrato de empreitada, uma vez que, tanto em um quanto em outro, há uma atividade pessoal em favor de outrem, o que ocasiona vários pontos de contato entre os institutos.

Pode-se dizer, contudo, que na empreitada busca-se a obra perfeita e acabada dentro do que foi acordado. Trata-se de critério finalístico.

Já na prestação de serviço o enfoque não é no fim da obra, mas, sim, na atividade do prestador de serviços em favor do tomador, durante determinado lapso temporal.

Outro critério para a distinção dos institutos leva em consideração a retribuição. Se a remuneração for proporcional ao tempo dedicado ao trabalho, estaremos lidando com a prestação de serviço. Se o pagamento tiver relação com a obra em si, estaremos lidando com a empreitada, sendo certo que aqui a remuneração permanece inalterada, seja qual for o tempo de trabalho gasto.

Não bastasse, na prestação de serviço a sua execução é fiscalizada por quem contratou o prestador. Conseqüentemente, é inegável que o tomador assume os riscos do negócio, destacando-se que a obrigação pode ser tanto de meio (exemplo: consulta com um advogado), quanto de resultado (exemplo: transporte de mercadoria).

Na empreitada, ao revés, o empreiteiro trabalha por conta própria, com absoluta independência, e assume os riscos do empreendimento, sendo certo que, dessa forma, a relação obrigacional se ajusta melhor à obrigação de resultado.

Assim, entendemos que na empreitada tem-se por meta o “resultado” da atividade, já no contrato de prestação de serviço o objeto do contrato é a atividade em si mesma considerada.

CONCEITO

Empreitada é o contrato em que uma das partes (empreiteiro) se obriga, sem subordinação ou dependência, a realizar certo trabalho para outra (dono da obra), com material próprio ou por este fornecido, mediante remuneração global ou proporcional ao trabalho executado.

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Empreiteiro: é quem executa a obra; é o devedor da obra e o credor da remuneração; presume-se que seja um expert em seu ofício;

Dono da obra: é quem ordena sua execução e paga o preço; é o credor da obra e o devedor da remuneração; presume-se que tenha da consecução da obra apenas o senso comum.

OBJETO: Tarefa, trabalho, obra

Observa Orlando Gomes (Contratos, p. 364) que o significado de “obra” é vasto, podendo esse substantivo referir-se a todo resultado que se pode obter pela atividade ou pelo trabalho. No conceito de empreitada, todavia, o objeto “obra” deve ter significado um pouco mais restrito, podendo abarcar, todavia, desde uma obra material (uma edificação, uma roupa, uma estrada) até uma obra intelectual (um projeto, um livro), isto é, o objeto da empreitada pode ser material ou imaterial. Importa, no entanto, que seja lícito, como, de resto, em todo e qualquer negócio jurídico (CC, art., 104).

FORMA

Não se trata de um contrato solene. Portanto, as partes podem celebrá-lo por qualquer meio, inclusive de modo verbal. Há determinadas obras que, por sua complexidade e pela quantidade de instruções a serem passadas ao empreiteiro, pedem forma escrita. Ela não é, todavia, obrigatória.

REMUNERAÇÃO

É essencial no contrato de empreitada. Caso não exista remuneração, pode-se ter um contrato de mandato ou doação, mas não existirá empreitada.

NATUREZA JURÍDICA

contrato bilateral (ou sinalagmático), oneroso, consensual e comutativo, podendo, no entanto, assumir caráter aleatório.

ESPÉCIES (art. 610 do Código Civil)

Empreitada de lavor: o empreiteiro contribui para a obra apenas com seu trabalho; essa é a modalidade no silêncio do contrato, tendo em vista o que prevê o art. 610, § 1º;

Empreitada mista (ou com fornecimento de materiais): o empreiteiro contribui com trabalho e material; exige previsão expressa no contrato.

CLASSIFICAÇÃO QUANTO À REMUNERAÇÃO

A retribuição do empreiteiro pode ser estipulada para a obra inteira, sem levar em conta o fracionamento da atividade ou do resultado; embora assim fixado, o preço pode ser pago em prestações;

A remuneração pode ser fracionada, levando em consideração as partes em que se divide a obra, se ela tiver essa natureza ou for das que se determinam por medida; essa será a modalidade, no silêncio das partes, tendo em vista o que dispõe o art. 614;

Empreitada com reajustamento: é consenso na doutrina que as partes podem convencionar o reajustamento da remuneração, em decorrência do aumento ou diminuição do preço dos componentes da obra (mão-de-obra e materiais);

Empreitada sem reajustamento: essa é a modalidade padrão, prevista no art. 619 do Código Civil. Prevê esse dispositivo que o empreiteiro, salvo disposição em contrário, não terá direito a exigir acréscimo no preço, mesmo em caso de alteração no projeto, a não ser que estas decorram de ordens escritas do dono da obra, ou se este, presente à obra, não podia ignorar o que estava acontecendo. Convém lembrar que,

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mesmo sem cláusula de reajustamento, o dono da obra pode pedi-lo, caso haja diminuição no preço da mão de obra ou dos materiais superior a um décimo do preço global ajustado (art. 620);

Empreitada por preço de custo: trabalho com mão de obra e materiais, mediante restituição do despendido pelo empreiteiro, mais o lucro assegurado.

EFEITOS

1) Para o dono da obra:

a) obrigação de pagar o preço, sob pena de suspensão da execução (art. 625, I) resolução do contrato ou cobrança executiva (arts. 474 e 475) e direito de retenção (hipótese controvertida);

b) obrigação de recebê-la, não podendo haver recusa arbitrária (arts. 615 e 616); c) obrigação fornecer material, na empreitada de lavor.

d) obrigação genérica de não dar causa à suspensão da execução da empreitada (arts. 624 e 625, I).

2) Para o empreiteiro:

a) obrigação de executar a obra de acordo com as instruções recebidas e entregá-la no prazo e pela forma previstos (no contrato ou pelos costumes);

b) direito de receber a remuneração;

c) direito de constituir em mora o dono da obra, ou consigná-la judicialmente; d) obrigação de fornecer material, quando previsto no contrato ou na lei;

e) obrigação de pagar pelos materiais que recebeu e inutilizou por negligência ou imperícia; f) direito de ser indenizado em caso de suspensão injustificada da obra (art. 624);

g) direito de suspender a execução, nas hipóteses do art. 625. RESPONSABILIDADE DO EMPREITEIRO

Art. 618: i) Empreitada de construção; ii) empreitada mista; iii) resultar o prejuízo de fato que comprometa a solidez ou a segurança da obra; iv) o prejuízo deve resultar dos materiais empregados ou do solo. Reunidos esses requisitos, a responsabilidade será de 5 (cinco) anos, mas a ação deverá ser proposta no prazo de 180 dias, sob pena de decadência.

A jurisprudência vinha, no regime do Código anterior, ampliando essa responsabilidade. Assim, o período de garantia serve para os casos de responsabilidade sem culpa. Havendo culpa, o prazo para reclamação seria aquele das indenizações em geral. Assim, no regime do Código de 2002, o prazo para a responsabilidade com culpa seria o do art. 618 somado ao do art. 206, § 3º, V.

Uma vez caracterizada, no contrato de empreitada, uma relação de consumo, incide a regra do art. 27 do CDC (prazo prescricional de 5 anos, por fato do produto).

EXTINÇÃO

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2) destrato;

3) resolução (por inadimplemento ou por onerosidade excessiva); 4) resilição unilateral, por parte do dono da obra (art. 623); 5) pelas hipóteses do art. 625.

UNIDADE XI Contrato de Depósito

É o contrato pelo qual um dos contraentes (depositário) recebe de outro (depositante) um bem móvel, obrigando-se a guardá-lo, temporária e gratuitamente, para restituí-lo quando lhe for exigido. É um contrato unilateral, gratuito, real, e, em regra, intuitu personae; entrega de coisa móvel corpórea pelo depositante ao depositário; obrigação de custódia; restituição da coisa na ocasião ajustada ou quando

reclamada; temporariedade; gratuidade.

O depósito voluntário ou convencional advém da livre convenção dos contraentes, visto que o depositante escolhe espontaneamente o depositário, confiando à sua guarda coisa móvel corpórea a ser restituída quando reclamada, sem sofrer quaisquer pressões de circunstâncias externas. Depósito necessário é aquele que independe da vontade das partes, por resultar de fatos imprevistos e irremovíveis, que levam o depositante a efetuá-lo, entregando a guarda de um objeto a pessoa que desconhece, a fim de subtraí-lo de uma ruína imediata, não lhe sendo permitido escolher livremente o depositário, ante a urgência da situação; subvide-se em depósito legal, miserável e do hoteleiro ou do hospedeiro.

Depósito regular ou ordinário é o atinente à coisa individuada, infungível e inconsumível, que deve ser restituída in natura, isto é, o depositário deverá devolver exatamente a própria coisa depositada. O depósito irregular recai sobre bem fungível ou consumível, de modo que o dever de restituir não tem por objeto a mesma coisa depositada, mas outra do mesmo gênero, qualidade e quantidade, regendo-se

pelo disposto acerca do mútuo.

Depósito judicial é determinado por mandado do juiz, que entrega a terceiro coisa litigiosa (móvel ou imóvel), com o intuito de preservar sua incolumidade, até que se decida a causa principal, para que não

haja prejuízo aos direitos dos interessados.

A extinção ocorre pelo vencimento do prazo; pela manifestação unilateral do depositante; por iniciativa do depositário; pelo perecimento da coisa depositada, pela morte ou incapacidade superveniente do depositário, se o contrato for intuitu personae; pelo decurso do prazo de 25 anos, quando não reclamado o bem (Lei 2313/54; Dec. n. 40395/65).

Principais obrigações do depositário previstas no Código Civil

O depositário é obrigado a ter na guarda e conservação da coisa depositada o cuidado e diligência que costuma com o que lhe pertence, bem como a restituí-la, com todos os frutos e acrescidos, quando o exija o depositante.

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Salvo disposição em contrário, a restituição da coisa deve dar-se no lugar em que tiver de ser guardada. As despesas de restituição correm por conta do depositante.

Se a coisa houver sido depositada no interesse de terceiro, e o depositário tiver sido cientificado deste fato pelo depositante, não poderá ele exonerar-se restituindo a coisa a este, sem consentimento daquele. Ainda que o contrato fixe prazo à restituição, o depositário entregará o depósito logo que se lhe exija, salvo se tiver o direito de retenção a que se refere o item “o” abaixo, se o objeto for judicialmente embargado, se sobre ele pender execução, notificada ao depositário, ou se houver motivo razoável de suspeitar que a coisa foi dolosamente obtida.

Ao depositário será facultado, outrossim, requerer depósito judicial da coisa, quando, por motivo plausível, não a possa guardar, e o depositante não queira recebê-la.

O depositário, que por força maior houver perdido a coisa depositada e recebido outra em seu lugar, é obrigado a entregar a segunda ao depositante, e ceder-lhe as ações que no caso tiver contra o terceiro responsável pela restituição da primeira.

O herdeiro do depositário, que de boa-fé vendeu a coisa depositada, é obrigado a assistir o depositante na reivindicação, e a restituir ao comprador o preço recebido.

Sob pena de responder por perdas e danos, não poderá o depositário, sem licença expressa do depositante, servir-se da coisa depositada, nem a dar em depósito a outrem.

Se o depositário, devidamente autorizado, confiar a coisa em depósito a terceiro, será responsável se agiu com culpa na escolha deste.

Se o depositário se tornar incapaz, a pessoa que lhe assumir a administração dos bens diligenciará imediatamente restituir a coisa depositada e, não querendo ou não podendo o depositante recebê-la, recolhê-la-á ao Depósito Público ou promoverá nomeação de outro depositário.

O depositário não responde pelos casos de força maior; mas, para que lhe valha a escusa, terá de prová-los.

O depositante é obrigado a pagar ao depositário as despesas feitas com a coisa, e os prejuízos que do depósito provierem.

O depositário poderá reter o depósito até que se lhe pague a retribuição devida, o líquido valor das despesas, ou dos prejuízos a que se refere o artigo anterior, provando imediatamente esses prejuízos ou essas despesas.

Se essas dívidas, despesas ou prejuízos não forem provados suficientemente, ou forem ilíquidos, o depositário poderá exigir caução idônea do depositante ou, na falta desta, a remoção da coisa para o Depósito Público, até que se liquidem.

Destaque-se que o depósito de coisas fungíveis, em que o depositário se obrigue a restituir objetos do mesmo gênero, qualidade e quantidade, regular-se-á pelo disposto acerca do mútuo.

Prisão do depositário infiel

O depositário que não o restituir quando exigido será compelido a fazê-lo mediante prisão não excedente a 1 (um) ano, e ressarcir os prejuízos, não importando se o depósito é voluntário ou necessário.

No âmbito processual, o Código de Processo Civil quando trata da Ação de Depósito (artigos 901 e 902), determina que esta ação tem por fim exigir a restituição da coisa depositada. Na petição inicial instruída com a prova literal do depósito e a estimativa do valor da coisa, se não constar do contrato, o autor pedirá a citação do réu para, no prazo de 5 (cinco) dias:

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I - entregar a coisa, depositá-la em juízo ou consignar-lhe o equivalente em dinheiro; II - contestar a ação.

O Brasil é signatário do Tratado de São José da Costa Rica que proíbe expressamente a prisão do depositário infiel. Este Tratado está consignado no Decreto-lei n. 911/1969.

Assim, há que se aguardar as decisões neste aspecto dos Tribunais Superiores, eis que pairam dúvidas a respeito da constitucionalidade de tal previsão. Primeiro indaga-se se a EC n.45 irá atingir os tratados anteriores. Segundo, é saber se os tratados anteriores precisão da aprovação de 2/3 de cada Casa no Congresso para ter força de emenda à constituição.

UNIDADE XII

CONTRATO DE MANDATO

O mandato (art. 1157º CC) é um contrato de prestação de serviços em que o prestador é o mandatário. Este age de acordo com as indicações e instruções do mandante quer quanto ao objecto, quer quanto à própria execução; os serviços são prestados de acordo com o querido e programado pelo mandante; ao mandatário só é permitido deixar de executar o mandato ou afastar-se das instruções recebidas nos casos previstos no art. 1162º CC.

É elemento essencial do contrato de mandato, que o mandatário esteja obrigado, por força do contrato, à prática de um ou mais atos jurídicos (art. 1157º CC).

O mandatário vincula-se, à prática de um ato jurídico. O ato jurídico em causa é um ato jurídico alheio, aparecendo assim, o mandato como um contrato de cooperação jurídica entre sujeitos.

Quer os atos jurídicos strictu sensu, quer os negócios jurídicos – figuras em que se desdobra o ato jurídico – podem ser objecto de mandato, estando definitivamente afastada a doutrina que circunscrevia os atos jurídicos, objecto de mandato, aos atos negociais.

A circunstância de o mandatário ficar adstrito à prática de atos jurídicos não significa que não possa praticar atos materiais.

Atuação do mandatário por conta do mandante

O agir por conta encontra-se, estreitamente à occasio do mandato: a existência ou a prefiguração de um ato que o mandante não quer ou não pode praticar ele próprio, ato esse que pertence ao mandante sendo a atuação do mandatário a de gestão de um interesse daquele.

É por vezes destacado, como elemento autónomo, a necessidade de o mandatário agir no interesse do mandante. A posição do mandatário é comparada à do gestor de negócios (art. 464º CC).

O mandatário age também, como gestor contratual, no interesse do mandante. Conforme decorre dos arts. 1170º e 1175º CC, por vezes o mandato é conferido também no interesse do mandatário ou de terceiro. O mandatário mantém, nesses casos, o dever de agir por conta do mandante que contínua a ser o dominus; simplesmente, através da atuação gestória é também perseguida a satisfação de um interesse do gestor ou de um terceiro.

CARACTERÍSTICAS

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A gratuidade está estabelecida na lei como mera presunção, e é ainda como presunção que se considera oneroso o mandato, quando ele tem por objecto atos que o mandatário pratica por profissão.

Não se trata pois – a gratuidade ou onerosidade – de um elemento essencial do negócio. O mandato pode ser gratuito ou oneroso, o que significa ser o mandato, em si mesmo, indiferente aos caracteres de gratuidade ou de onerosidade; o legislador simplesmente procurou afastar, as dúvidas que a complexidade do ato podia provocar, e evitar a insegurança e as dificuldades da prova.

A medida da retribuição, sendo o contrato oneroso, quer por convenção, quer por prevenção legal, é fixada, em primeiro lugar, pelo ajuste de partes; em segundo lugar, na falta de ajuste, pelas tarifas profissionais; não havendo tarifas, pelos usos, não havendo usos, por juízos de equidade (art. 1158º/2 CC).

O ajuste está sujeito às limitações do art. 282º CC, outras limitações podem resultar de leis especiais. O carácter oneroso ou gratuito do mandato depende do facto de haver ou não retribuição para a atividade que o mandatário exerce. Nada contende com a gratuidade ou onerosidade, o direito que o mandatário tenha ao reembolso das despesas feitas e à indemnização do prejuízo que tenha sofrido com o exercício do mandatário. Esse direito existe sempre, ainda que o mandato seja gratuito.

Caráter consensual ou formal do contrato

O Código Civil, no capítulo do mandato, não estabelece quaisquer exigências em matéria de forma desse contrato; assim sendo, parece vigorar neste domínio o princípio da liberdade de forma, consagrado no art. 219º CC. Portanto, prima facie, o contrato de mandato é um contrato consensual.

Segundo o art. 262º/2 CC “salvo disposição legal em contrário, a procuração revistará a forma exigida para o negócio que o procurador deva realizar”.

Dado o regime do art. 262º/2 CC não será de fazer uma diferenciação de regime, em matéria de forma, consoante o mandato seja representativo ou não representativo: de acordo com esta distinção, por força da remissão do art. 1178º/1 CC, quando o mandato fosse representativo aplicar-se-ia a regra do art. 262º/2 CC; no caso contrário, o contrato seria consensual, a não ser que a lei estabelecesse o contrário.

É inegável que o Código Civil não impõe, expressamente, uma forma específica para o mandato, em função do ato a praticar, como faz na procuração (art. 262º/2 CC). Mas tal circunstância não resolve, pelo menos de imediato, a questão no sentido da consensualidade do contrato, pese embora o princípio da liberdade de forma e a correlativa excepcionalidade das disposições que impõem uma determinada forma para certos contratos.

No mandato para adquirir, perfilhada que seja a tese da dupla transferência sucessiva, o mandato alberga a obrigação típica de um pactum de contrahendo, pelo que estará sujeito à exigência de forma decorrente do disposto no n.º 2 do art. 410º CC.

Mandato geral

O art. 1159º CC, diferencia o mandato geral do mandato especial, mas não os define: o mandato geral é aquele que “formulado em termos absolutamente genéricos confere os poderes para a prática de uma quantidade indiferenciada de atos jurídicos de administração ordinária, relativamente a uma situação jurídica de que é sujeito o mandante”.

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É tradicionalmente definido como aquele que é conferido para a prática de um ou mais atos singulares determinados.

O art. 1159º/2 CC refere que, o mandato especial abrange, além dos atos nele referidos, todos os demais necessários à sua execução.

Obrigações do mandatário

O mandatário é obrigado a praticar os atos compreendidos no mandato, segundo as instruções do mandante (art. 1161º-a CC).

A obrigação do mandatário de praticar atos compreendidos no mandato constitui o efeito essencial do contrato (art. 1157º CC). A afirmação da lei (art. 1161º CC) reflete um aspecto muito particular das obrigações do mandatário, que resulta da complexidade que a execução do ato normalmente reveste. Não se impõe ao mandante a simples emissão de uma declaração de vontade, caso em que o mandatário se transformaria num núncio, mas impõe-se a obrigação de negociar e dar execução de um ato jurídico ou a um conjunto de atos jurídicos em que a determinação e a vontade do próprio agente tem um papel preponderante.

As instruções podem ser dadas no momento em que o mandato é constituído ou em momento posterior, durante a execução do contrato.

Uma vez que o Código Civil não estabelece qualquer atenuação para o caso do mandato não oneroso, não houve necessidade de reafirmar o princípio que resulta dos arts. 799º/1 e 487º/2 CC, que determina também a necessidade do mandatário atuar como um diligente pai de família, dentro das instruções do mandante.

O art. 1161º-c CC, obriga o mandatário a comunicar ao mandante, com prontidão a execução do mandato ou, se o não tiver executado, a razão por que assim procedeu.

A obrigação de prestação de contas (art. 1161º-d CC) só tem interesse para o mandante quando haja, em relação às partes, créditos e débitos recíprocos.

O mandatário é obrigado, a entregar tudo o que recebeu em execução do mandato ou no exercício deste, se o não despendeu no cumprimento do contrato (art. 1161º-e CC).

Segundo o art. 1164º CC, o mandatário deve pagar ao mandante os juros legais correspondentes às quantias que recebeu dele ou por conta dele, a partir do momento em que devia entregar-lhas ou remeter-lhas, ou aplicá-las segundo as suas instruções.

Obrigações do mandante

A obrigação de lealdade e cooperação que incumbe ao mandante não resulta literalmente do art. 1167º CC, ela reconduz-se, porém, ao princípio expresso no art. 762º/2 CC, segundo a qual as partes devem proceder de boa fé tanto no cumprimento da obrigação quanto ao exercício do direito respectivo e tem inteiro fundamento na natureza do contrato de mandato como negócio típico de cooperação entre pessoas, assente numa relação de confiança.

Esta obrigação constitui a equivalente à obrigação que tem o mandatário de atuar como um bom pai de família.

O mandante deve fornecer ao mandatário os meios necessários à execução do mandato, se outra coisa não foi convencionada (art. 1167º-a CC).

Em regra, sem o cumprimento desta obrigação por parte do mandante, o mandatário não é obrigado a executar o mandato (art. 1168º CC).

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O art. 1167º-a CC tem natureza supletiva: pode por tanto, ser convencionado que os meios necessários à execução do mandato serão “adiantados” pelo mandatário que, no final da execução, exigirá a sua entrega a título de despesas; como também pode ser convencionado que os meios necessários são suportados pelo próprio mandatário.

A segunda obrigação do mandante é a de pagar a retribuição que ao caso competir, e fazer a provisão que for de uso (art. 1167º-b CC).

A retribuição só existe quanto tiver sido convencionada ou o mandato tiver por objecto atos que o mandatário pratique por profissão (art. 1158º/1 CC). A medida de retribuição, não havendo ajuste entre as partes, é determinada pelas tarifas profissionais pelos usos, ou por juízos de equidade (art. 1158º/2 CC). A terceira obrigação do mandante (art. 1167º-c CC) é a de reembolsar o mandatário de despesas feitas, com juros legais desde que foram efetuadas. Os juros são compensatórios e não moratórios, pois não há por parte do mandante a falta de cumprimento de uma obrigação. Supõe-se em regra, que foi convencionada a antecipação das despesas por parte do mandatário, nos termos da parte final da alínea a) do art. 1167º CC.

A lei exige que as despesas tenham sido fundadamente consideradas pelo mandatário como indispensáveis.

Por último, o mandante é obrigado a indemnizar o mandatário dos prejuízos sofridos em consequência do mandato. Esta obrigação não depende de culpa do mandante.

Referindo-se a lei aos prejuízos sofridos em consequência do mandato, ela supõe existente um nexo de causalidade (adequada) entre o mandato e o prejuízo, afastando o prejuízo resultante de factos puramente fortuitos, que apenas tenham com o mandato um nexo acidental, anormal, fora do usual. São, de resto aplicáveis as disposições dos arts. 562º segs. CC, e portanto, a do art. 563º CC, que exprime esse nexo de causalidade. Por outro lado, devem excluir-se da obrigação de indemnizar impostas ao mandante aos danos imputáveis a culpa do lesado ou de terceiro.

O mandatário goza do direito de retenção sobre as coisas que tenha em seu poder para a execução da gestão, pelo crédito proveniente desta (art. 755º/1-c CC). São créditos provenientes da gestão todos os mencionados nas três últimas alíneas deste artigo.

EXTINÇÃO

A cessação da relação obrigacional de mandato opera-se, em primeiro lugar, pelo cumprimento das obrigações complexivamente envolvidas coincidente com o esgotamento do programa de realização gestória.

Mas para além desse modo normal de cessação do vínculo, o mandato pode cessar pela ocorrência de factos jurídicos (lato sensu) extintivos que, por não se reconduzirem ao integral cumprimento das obrigações decorrentes do contrato são, nessa medida anómalos.

O mandato pode cessar por revogação, distrate, denúncia, caducidade e por resolução. A cessação do mandato por acordo das partes

A revogação unilateral de um contrato só é admitida, nos termos do art. 406º CC, nos casos excepcionais previstos na lei. Este, da revogação do mandato, quer gratuito, quer oneroso (art. 1172º-c CC), é um deles. E a lei confere o direito de revogação a qualquer dos contraentes – mandante ou mandatários – o que não deixas também de ser um caso excepcional dentro da exceção da livre revogabilidade, normalmente conferida apenas a um dos contraentes.

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A figura da revogação não corresponde à da resolução do contrato. É inaplicável à revogação, designadamente, a disposição do art. 433º CC, que equipara, tanto aos seus efeitos, a resolução à nulidade do negócio jurídico. A revogação, neste caso, limita-se a fazer cessar o mandato, com eficácia ex nunc, aproximando-se bastante, nesse aspecto, da denúncia.

O Código Civil não estabelece nenhuma medida especial quanto à forma da revogação. Em princípio, ao lado dos casos de revogação tácita (art. 1171º CC), o mandato pode ser revogado por qualquer das formas de celebração negocial admitidas no Código Civil (arts. 224º segs.) sem prejuízo da inadmissibilidade da prova da revogação por testemunhas, se o mandato tiver sido outorgado por documento autêntico ou particular (arts. 393º segs. CC).

Quanto aos efeitos da revogação em relação a terceiros, sendo o mandato representativo por força do art. 1178º/1 CC. É necessária levar a revogação ao conhecimento de terceiro, por meio idóneo, ou então provar que eles tinham conhecimento dela no momento da celebração do negócio.

A cessação do mandato por revogação unilateral

De acordo com o art. 1170º/1 CC o mandato é livremente revogável para qualquer das partes, não obstante convenção em contrário ou renúncia ao direito de revogação. A licitude da desvinculação unilateral não tem apenas aplicação aos mandatos, passíveis de denúncia – mandato duradouros por tempo indeterminado – mas também nos mandatos conferidos por certo tempo ou para assunto determinado. O art. 1170º/1 CC alberga o exemplo paradigmático de desvinculação unilateral de um contrato que, ao menos prima facie, não se compagina com a recíproca e livre vinculação que o contrato pressupõe e determina.

Como pressupostos da livre revogabilidade pelo mandante, pode-se apontar basicamente dois: pressuposto da não concorrência de interesses e o pressuposto da não realização do ato gestório.

De acordo com o art. 1170º/2 CC a livre revogação é afastada, ou pelo menos fortemente restringida, nos casos em que o mandato tenha sido conferido também no interesse do mandatário ou de terceiro.

Outro pressuposto da discricionária desvinculação pelo mandate é que o ato gestório – o ato para cuja prática o mandato foi acordado – não tenha sido ainda realizado, ainda que a sua execução já tenha sido iniciada. A partir do momento em que o ato gestório é praticado de acordo com os termos do mandato, qualquer manifestação de vontade do mandante no sentido de operar a ruptura é ineficaz, sem prejuízo de o mandate poder resolver o contrato nos termos gerais se, por exemplo, ocorre o não cumprimento definitivo da obrigação de transferência, a cargo do mandatário, no mandato para adquirir.

A cessação do mandato por resolução

A justa causa a que se refere o art. 1170º/2 CC assume cariz e implicações diversas da justa causa de revogação no mandato puto e simples. Neste, a invocação do direito de denúncia, podendo, porém ter o efeito de exonerar o revogante, da obrigação de indemnização a que, de outro modo, estivesse adstrito por força do disposto no art. 1172º CC.

Cessação do mandato por caducidade

No art. 1174º CC vêm referidos os casos de caducidade. Na alínea a) do art. 1174º CC, não considera, em princípio (exceção do art. 1175º CC), transmissível por sucessão, nem a posição do mandante, nem a posição do mandatário. Isto é reflexo da natureza pessoal das duas posições. O intuitus personae que domina o contrato justifica também, a caducidade no caso de interdição de um ou de outro.

Pelo que respeita à inabilitação (art. 1174º-b CC) esta não atinge, em nenhum caso, os atos que o inabilitado haja de praticar por conta de outrem (arts. 153º e 154º CC).

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Quanto ao mandante, é necessário, para que se verifique a caducidade do mandato, que este tenha por objecto atos que não possam ser praticados sem intervenção do curador.

A primeira parte do art. 1175º CC, admite uma exceção às regras de caducidade deste art. 1174º CC. A caducidade, que resulta da lei, extingue o mandato, tem por conseguinte, eficácia ex nunc. Mesmo, porém, quanto aos efeitos futuros, a 2ª parte do art. 1175º CC admite duas exceções.

É evidente que o art. 1174º CC não pretende enumerar todas as causas de caducidade do mandato, mas apenas aquelas que têm regime especial dentre deste contrato. Além destas, são ainda aplicáveis ao mandato, com as necessárias acomodações, as causas de caducidade, a que o contrato esteja sujeito, bem como de nulidade, anulabilidade, resolução, etc., referidas ao negócio jurídico.

UNIDADE XIII

Contrato de comissão

A Comissão é o contrato pelo qual uma pessoa (comissário) adquire ou vende bens, em seu próprio nome e responsabilidade, mas por ordem e por conta de outrem (comitente), em troca de certa remuneração, obrigando-se para com terceiros com quem contrata (CC, art. 693). Diniz (2003:383). Observe-se que neste tipo de contrato as partes podem ser pessoas natural ou jurídica. Comissão e a remuneração calculada por meio de um percentual aplicado sobre as vendas. Não estipulada a remuneração devida ao comissário, será ela arbitrada segundo os usos correntes no lugar (CC, art.701). Comissário ou comissionado é a pessoa que, em um negócio, age por ordem de outrem e recebe comissão em decorrência da prática do ato. Quanto a estas determinações e ordens a serem cumpridas, salvo disposição em contrário, pode o comitente, a qualquer tempo, alterar as instruções dadas ao comissário,

entendendo-se por elas regidos também os negócios pendentes.

Comitente é a pessoa que encarrega outra (comissário) de fazer qualquer ato, mediante o pagamento de

uma comissão.

O comissário obriga-se, portanto, perante terceiros em seu próprio nome, figurando no contrato como parte. Neste, em geral não consta o nome do comitente, porque o comissário age em nome próprio. Gonçalves (2002:128). Entretanto, no entendimento de Venosa (2005:313), pode haver interesse mercadológico na divulgação do comitente, como fator de dinamização das vendas ou negócios em geral. Parte da doutrina entende que a comissão é um mandato sem representação, considerando que o comissário negocia em seu próprio nome, embora à conta do comitente. O contrato de comissão é bilateral, consensual, oneroso e não solene.

CONTRATO DE AGÊNCIA

O art. 710 do Código Civil assim define o contrato de agência:

Art. 710. Pelo contrato de agência, uma pessoa assume, em caráter não eventual e sem vínculos de dependência, a obrigação de promover, à conta de outra, mediante retribuição, a realização de certos negócios, em zona determinada, caracterizando-se a distribuição quando o agente tiver à sua disposição a coisa a ser negociada.

Agência então pode ser definida como negócio jurídico pelo qual uma das partes – o agente –, se obriga a promover, num exercício continuado ou não eventual, os negócios mercantis da outra parte – o agenciado,

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proponente, dono do negócio ou, como pretende alguns, "representado" –, sem caracterização de vínculo de emprego ou dependência hierárquica, em troca de remuneração, nos limites territoriais pactuados.

CONTRATO DE DISTRIBUIÇÃO

Contrato pelo qual uma das partes, denominada distribuidor, se obriga a adquirir da outra parte, denominada distribuído, mercadorias geralmente de consumo, para sua posterior colocação no mercado, por conta e risco próprio, estipulando-se como contraprestação um valor ou margem de revenda.

Mesmo quando a lei admite que o agente atue também como distribuidor (art. 710 do Código Civil), ele não se transforma num concessionário comercial. É que a mercadoria que o fornecedor coloca em poder do agente-distribuidor é objeto apenas de depósito ou consignação. O representante não a adquire do representado, de modo que a venda para o consumidor não assume a natureza de uma revenda. Juridicamente quem vende é o fornecedor e não o agente-distribuidor. A interferência deste na pactuação e execução do negócio final é de um mandatário

CONTRATO DE CORRETAGEM

O Código Civil de 2002 em seus artigos 722 a 729 passa a disciplinar o Contrato de Corretagem, abrangendo todas as modalidades de corretagem, deixando para o Código Comercial e para as leis específicas a regulamentação da profissão do Corretor.

O artigo 722 do novo Código dispõe que "pelo contrato de corretagem, uma pessoa, não ligada a outra em virtude de mandato, de prestação de serviços ou por qualquer relação de dependência, obriga-se a obter para a segunda um ou mais negócios, conforme as instruções recebidas".

Portanto, o Contrato de Corretagem é contrato pelo qual uma pessoa, sem que haja contrato de mandato, compromete-se a uma obrigação de fazer: de obter um ou mais negócios, para outra pessoa, conforme as instruções passadas anteriormente, mediante o pagamento de uma remuneração.

Do conceito podemos estabelecer o devedor, o credor e o objeto da relação jurídica em tela.

O Devedor será o Corretor, o qual possui a obrigação de aproximar pessoas que pretendem contratar, realizando desta forma uma intermediação, colocando o contratante em contato com pessoas interessadas em celebrar algum ato negocial.

Do outro lado da relação jurídica, teremos o Comitente como credor da obrigação, o qual contrata o corretor para buscar pessoas interessadas em com ele realizar algum ato negocial.

O objeto do contrato de corretagem é uma obrigação de fazer, que se desenvolve mediante esforços empregados para a convergência de interesses de outras pessoas.

Os requisitos de validade do contrato de corretagem são os mesmos essenciais aos contratos em geral, ou seja, são necessários: agente capaz (capacidade genérica ou especial), objeto possível e lícito e, forma não defesa ou prescrita em lei.

Características Jurídicas do Contrato de Corretagem.

O Contrato de Corretagem possui as seguintes características jurídicas: bilateralidade, acessoriedade, onerosidade, aleatoriedade e consensualidade.

O contrato é bilateral, visto que gera obrigações mútuas entre comitente e o corretor, posto que este deverá executar o encargo e aquele deverá remunerá-lo.

A mediação tem caráter acessório, posto que a sua existência está atrelada a um outro contrato, o qual deverá ser concluído.

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Será oneroso, posto que no adimplemento do contrato de mediação haverá ônus, vantagem e benefício patrimonial à ambos os contraentes, posto que assiste ao corretor direito ao recebimento de remuneração, geralmente variável.

Trata-se de um contrato aleatório pelo fato de que o direito do corretor e a obrigação do comitente dependerão da conclusão do negócio principal, ou seja, dependerão de um fato futuro e incerto.

E por último, é consensual visto que completa-se através do consenso mútuo, independente de forma, já que o novo Código, seguindo a posição jurisprudencial existente, não exigiu nenhuma forma legal.

Dos Corretores

O corretor tem a função de aproximar pessoas que pretendem contratar, e deverá aconselhar a conclusão do negócio, informando as condições de sua celebração, a fim de conciliar os interesses.

Vale frisar que não adentraremos afundo na análise exposta pela renomada professora, posto que o nosso foco são os corretores imobiliários e a exigibilidade do contrato de corretagem para que estes façam jus à remuneração.

UNIDADE XIV Contrato de Transporte

O contrato de Transporte trouxe favorecimento a Responsabilidade Civil

Art. 736, § único CC – Responsabilidade Civil Subjetiva (Culpa Aquiliana Art. 186, CC) Intencional;

O contrato de transporte é um negócio jurídico bilateral, consensual, comutativo (sabe-se para onde vai) e oneroso (com exceção da carona que é Gratuito) de adesão (uniformidade, predeterminação, unilateral – uma parte é quem manda e rigidez - não se muda);

O transporte pode ser: terrestre, marítimo, aéreo e ferroviário;

O Contrato de transporte não pode ser confundido com fretamento, este é outro tipo de contrato para aeronaves ou embarcações;

No transporte de pessoas o preço é denominado pagamento (Art. 734 a 742, CC); No transporte de coisas o preço é denominado fretamento ou porte (Art. 743 a 756, CC); O Contrato pode ser Instantâneo (transporte público);

O Contrato pode ser de Duração (van para faculdade);

De Execução Simples (apenas um transportador realiza o serviço);

De Execução Cumulativa (quando mais de um transportador irá cumprir o percurso, vinculando-se solidariamente) Art. 733, CC;

Tem relação de Consumo – Art. 17, CDC;

É contrato não solene (não tem formalidade, não precisa ser escrito), causal e de atividade (função econômica), principal.

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É uma obrigação de resultado (deve chegar ao destino do transporte dignamente); Direito de retenção da bagagem – Art. 742, CC;

Nota de Conhecimento do Transporte – Art. 743, CC;

Prazo para ajuizamento de ação indenizatória pelo transportador é de 120 dias – Art. 745, CC; Art. 18 da Lei 11.442/07 o prazo é de 1 ano para ajuizar ação, no caso de dano no transporte de carga; Art. 206, § 3°, V, CC é de 3 anos na falta de regra específica;

Responsabilidade Solidária art. 756 e 942, CC;

Art. 735, CC – Fortuito interno e externo (este exclui a RC); O fato de terceiro não exonera de RC o transportador. Ex. Assalto;

O roubo é força maior e excludente de ilicitude. Exceto se o transportador se expor negligentemente ao perigo.

FRETE

Também chamado de porte, o frete nada mais é do que o preço pago pelo transporte ao transportador. É um elemento essencial no contrato, por que o transporte gratuito deve ser considerado uma categoria a margem da regra geral. O princípio exceptio non adimpleti contractus diz que o transportador não precisa transportar algo se não for pago o frete, salvo se estipulado no contrato que o pagamento realizará no caminho.

Referências

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