• Nenhum resultado encontrado

Relatórios de Estágio realizado na Farmácia Laranjeira e no Centro Hospitalar de São João, E.P.E.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Relatórios de Estágio realizado na Farmácia Laranjeira e no Centro Hospitalar de São João, E.P.E."

Copied!
129
0
0

Texto

(1)

Farmácia Laranjeira

Jéssica Marisa Bastos Cabral

(2)

I

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Laranjeira

Março de 2016 a Julho de 2016

Jéssica Marisa Bastos Cabral

Orientador(a): Dra. Joana Faria

_______________________________________________

Tutor FFUP: Prof. Doutor(a) Maria da Glória Queiroz

__________________________________________________

(3)

II

Declaração de Integridade

Eu, Jéssica Marisa Bastos Cabral, abaixo assinado, nº 201106225, aluno do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, declaro ter atuado com absoluta integridade na elaboração deste documento.

Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo, mesmo por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes dele). Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros autores foram referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso colocado a citação da fonte bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de __________________ de ______

(4)

III

Agradecimentos

Para começar, queria agradecer a todos os professores que me acompanharam ao longo destes 5 anos do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas. Por todos os conhecimentos que me transmitiram, por todas as dúvidas esclarecidas, por me obrigarem a pensar por mim própria, a solucionar problemas e a ultrapassar obstáculos. Acima de tudo, por contribuírem para o meu crescimento e desenvolvimento enquanto pessoa e enquanto estudante.

Agradeço à professora Glória Queiroz por todo o acompanhamento durante o meu período de estágio, pela disponibilidade e rapidez de resposta às minhas dúvidas relativas quer à realização do relatório, quer ao estágio em si.

Não posso deixar de agradecer ao Dr. Ramiro Martins, diretor técnico da Farmácia Laranjeira, pela oportunidade de estagiar na sua farmácia. Muito obrigada a toda a equipa da Farmácia Laranjeira, todos tiveram o seu papel na minha aprendizagem, despenderam do seu tempo para me ensinar e orientar, partilhar experiências, dar conselhos e orientações, alertando e corrigindo os meus erros. Obrigada por todos os momentos sérios e divertidos que não serão certamente esquecidos.

Queria também deixar um agradecimento especial à minha orientadora de estágio, Dra. Joana Faria, farmacêutica adjunta. Agradeço por todos os desafios, por todas as dúvidas esclarecidas, por todos os incentivos, pela disponibilidade, pela autonomia que me foi dada e, acima de tudo, por me ter apoiado sempre e ajudado a ultrapassar as minhas maiores dificuldades, nunca desistindo das minhas capacidades.

As maiores dificuldades de um estagiário são o contacto com a realidade, aplicar os conhecimentos teóricos na prática transpondo tudo aquilo que foi aprendido para a realidade do dia-a-dia. Trabalhar e integrar uma nova equipa de profissionais com os quais temos que aprender é um grande desafio. Sei que desenvolvi as minhas aptidões sociais para lidar com o público, com todo o tipo de pessoas. Nada disto seria possível sem a ajuda de toda a equipa da Farmácia Laranjeira.

E por último, agradeço a todos os meus amigos pela partilha de experiências e opiniões, pelas conversas e discussão de temas relacionados com o estágio, com a saúde e com o trabalho. Obrigada a toda a minha família pela confiança em mim depositada, pelo apoio, pelo orgulho de me verem crescer e desenvolver, nunca duvidando que seria capaz de fazer um bom trabalho.

(5)

IV

Resumo

O presente relatório descreve explicita e sucintamente o estágio curricular profissionalizante decorrido na Farmácia Laranjeira, em São João da Madeira, durante 5 meses. Sendo o estágio a etapa final do percurso académico do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, saliento a sua extrema importância no colmatar dos conhecimentos até então adquiridos, e na aquisição de novos conhecimentos e competências, essenciais para e entrada e permanência no mercado de trabalho. Mediante todas as atividades desenvolvidas, o presente relatório encontra-se dividido em duas partes, Parte I e Parte II.

A Parte I do relatório descreve as atividades diárias do farmacêutico comunitário, das quais tive oportunidade de participar. São descritas metodologias de trabalho, os espaços indicados e disponíveis para execução das demais tarefas quotidianas, sendo referida ainda a legislação em vigor, da qual deve o farmacêutico estar ocorrente para execução dos seus deveres e obrigações. Quanto à Parte II, esta abrange todas as atividades por mim desenvolvidas na farmácia. Desde atividades que me foram sugeridas pela equipa da Farmácia Laranjeira, a atividades por mim pensadas e de minha autonomia. Todas elas exigiram um trabalho de pesquisa bibliográfica, tendo sido discutidos casos de estudos, ideias para melhorar o atendimento ao utente e iniciativas de promoção da saúde.

(6)

V

Índice

PARTE I ... 1

1) Enquadramento legal e organização da Farmácia Laranjeira ... 1

2) Gestão e administração da farmácia ... 3

2.1) Sistema informático ... 3

2.2) Aquisição, aprovisionamento e gestão de stocks ... 3

2.3) Receção de encomendas ... 5

2.4) Marcação dos preços ... 6

2.5) Armazenamento dos produtos ... 6

2.6) Controlo do prazo de validade dos medicamentos ... 7

2.7) Devoluções ... 7

3) Dispensa de medicamentos ... 7

3.1) Prescrição médica e validação ... 8

3.2) Dispensa de estupefacientes e psicotrópicos ... 10

3.3) Entidades de comparticipação ... 10

3.4) Dispensa de receitas médicas... 11

3.5) Conferência do receituário ... 11

4) Classificação de medicamentos e/ou produtos farmacêuticos ... 12

5) Serviços adicionais de saúde prestados pela Farmácia Laranjeira ... 13

5.1) Avaliação da Pressão Arterial ... 13

5.2) Determinação da Glicémia ... 13

5.3) Determinação do colesterol total e dos triglicerídeos ... 14

5.4) Administração de medicamentos e vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação ... 14

6) Atendimento ao utente e aconselhamento farmacêutico ... 14

7) VALORMED ... 15

8) Farmácias portuguesas ... 16

9) Recolha e reciclagem de radiografias ... 16

10) Farmacovigilância... 16

11) Ações de formação... 17

PARTE II ... 18

(7)

VI

1.1) Obstipação ... 18

1.2) Varicela ... 18

1.3) Rosácea ... 19

1.4) Insónia ... 19

TEMA 2 – Estratégias para melhorar o uso seguro dos medicamentos e organização da medicação habitual ... 19

2.1) Lembrete de Medicação Habitual ... 20

2.2) Organização da medicação ... 20

2.3) Farmácia em casa ... 20

TEMA 3 – Contraceção e métodos contracetivos ... 21

3.1) Enquadramento ... 21

3.2) Introdução aos métodos contracetivos ... 21

3.2.1) Métodos contracetivos não hormonais ... 22

3.2.2) Métodos contracetivos hormonais ... 22

3.2.3) Contraceção de emergência ... 23

3.3) Formação: Métodos contracetivos – Para uma sexualidade segura! ... 24

TEMA 4 – Rastreio cardiovascular ... 25

4.1) Enquadramento ... 25

4.2) Objetivo ... 26

4.3) Métodos ... 26

4.4) Resultados ... 26

4.5) Conclusão ... 27

TEMA 5 – Aconselhamento farmacêutico em dermofarmácia e cosmética ... 28

5.1) Enquadramento ... 28 5.2) Objetivo ... 28 5.3) Desenvolvimento ... 29 Conclusão Geral ... 43 Referências ... 44 Anexos ... 48

(8)

VII

Lista de abreviaturas

FL – Farmácia Laranjeira

INFARMED – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P. IVA – Imposto sobre o Valor Acrescentado

RM – Receita Médica SI – Sistema Informático PM – Prescrição Médica PV – Prazo de Validade

PVP – Preço de Venda ao Público

Lista de tabelas

Tabela 1 – Cronograma das atividades realizadas durante o estágio.

Tabela 2 – Cronograma das ações de formação frequentadas durante o estágio.

Tabela 3 – Percentagem de respostas obtidas sobre o grau de satisfação dos estudantes. Tabela 4 – Resultados do rastreio cardiovascular efetuado na FL.

Tabela 5 – Tabela resumo da resposta das várias marcas de acordo com o tipo de pele/condição dermatológica.

Lista de anexos

Anexo I – Lembrete de Medicação Habitual.

Anexo II – Desdobrável informativo: Atenção farmacêutica no uso seguro e responsável do medicamento!

Anexo III – Documentação distribuída na formação sobre contraceção.

Anexo IV – Apresentação em PowerPoint da formação: Métodos contracetivos – Para uma sexualidade segura!

Anexo V – Inquérito de Satisfação sobre a formação: Métodos contracetivos – Para uma sexualidade segura!

(9)

1

PARTE I

1) Enquadramento legal e organização da Farmácia Laranjeira

A Farmácia Laranjeira (FL) localiza-se na rua Oliveira Júnior, n.º 64 3700-910 S. João da Madeira, no centro da cidade. A farmácia é composta por três pisos: a cave, onde se recebem as encomendas, onde se encontram o laboratório, o robot, o armazém tradicional, um quarto de recolhimento, uma sala com cacifos e um WC para os profissionais da farmácia; no rés-do-chão encontram-se a zona de atendimento ao público, três gabinetes de atendimento especial, um escritório para conferência do receituário, uma área destinada a produtos de dermocosmética, e um WC para os utentes; no 1ºandar encontram-se os escritórios e o gabinete da direção. A legislação estabelece o regime jurídico das farmácias de oficina, designando os espaços físicos e áreas mínimas obrigatórias a constar da farmácia comunitária [1].

Relativamente aos recursos humanos, esta é uma componente essencial para uma boa gestão dos funcionários, promovendo-se a cooperação entre colegas de trabalho. De acordo com o disposto na lei [2], as farmácias devem dispor de, pelo menos, um diretor técnico e de outro farmacêutico. Os farmacêuticos devem, tendencialmente, constituir a maioria dos trabalhadores da farmácia. A esquipa da FL é constituída por um diretor técnico (Dr. Ramiro Resende Martins); uma farmacêutica adjunta (Dra. Joana Faria); três técnicos de diagnóstico e terapêutica (Casimiro Costa, Carlos Pinho, e Patrícia Fonte); um responsável pelas encomendas (Nuno Freitas); dois administrativos (Camilo Correia e Susana Valente) e ainda uma auxiliar de limpeza (Lurdes Almeida).

O horário de funcionamento das farmácias comunitárias consignado na lei [3] tem um período de funcionamento semanal cujo limite mínimo é de 44 horas. A abertura ao público deve ainda ser garantida nos seguintes períodos: de segunda-feira a sexta-feira, das 10 às 13 horas e das 15 às 19 horas. Assim sendo, a FL encontra-se em funcionamento de segunda a sexta das 8.30h às 13h e das 14h às 19.30h, ao sábado funciona das 8h às 13h.

São João da Madeira tem cerca de 22.000 habitantes e um total de 5 farmácias: FL, Farmácia Lamar, Farmácia da Praça, Farmácia da Estação e Farmácia Central, o que vai de encontro ao disposto na legislação em vigor, que estipula um mínimo de 3500 habitantes por farmácia [4]. Esta freguesia dispõe ainda de um hospital, o Hospital Distrital de São João da Madeira, que pertence ao Centro Hospitalar Entre Douro e Vouga, E.P.E. De acordo com a legislação “Nos municípios com serviços de urgência do Serviço Nacional de Saúde (SNS), deve existir sempre uma farmácia de turno de serviço permanente (…)” [5]. Em cumprimento do estabelecido, a FL está de serviço permanente de 5 em 5 dias. Durante o meu estágio desenvolvi várias atividades, desde a receção de encomendas até ao atendimento ao utente. Na Tabela 1 estão indicadas, resumidamente e de forma cronológica, as várias tarefas que desempenhei.

(10)

2

Tabela 1 – Cronograma das atividades realizadas durante o estágio.

Cronograma das atividades desenvolvidas ao longo do estágio

Data Atividade

07 a 11 de março de

2016

Apresentação da farmácia e da equipa de trabalho

Organização de produtos de venda livre segundo as regras FEFO(first expired, first out) Controlo dos prazos de validade dos produtos expostos

Entrada de medicamentos em armazém robotizado

Breve introdução aos modelos de receita médica e organização de receitas por lote

14 a 18 de março de

2016

Receção e verificação de encomendas através do SIFARMA 2000 Marcação de preços em produtos de venda livre

Entrada de medicamentos em armazém robotizado

Armazenamento e exposição de produtos de venda livre na zona de atendimento ao público

Organização de receitas médicas por lote

21 de março a 01 de abril de 2016

Receção e verificação de encomendas através do SIFARMA 2000 Marcação de preços em produtos de venda livre

Entrada de medicamentos em armazém robotizado

Armazenamento e exposição de produtos de venda livre na zona de atendimento ao público

Organização de receitas médicas e conferência de receituário

Familiarização com os diversos fármacos constantes das prescrições médicas com recurso ao prontuário terapêutico

04 a 08 de abril de

2016

Receção e verificação de encomendas através do SIFARMA 2000 Marcação de preços em produtos de venda livre

Entrada de medicamentos em armazém robotizado

Armazenamento e exposição de produtos de venda livre na zona de atendimento ao público

Iniciação do atendimento ao público

Discussão de casos práticos propostos pela orientadora de estágio 11 de abril

a 27 de julho de

2016

Atendimento ao público

Armazenamento e exposição de produtos de venda livre na zona de atendimento ao público

Organização de receitas médicas e correção das mesmas

As primeiras atividades consistiram em rececionar encomendas, quer de distribuidores quer de laboratórios, e dar entrada da medicação no armazém da farmácia e do robot.

Também conferi faturas de encomendas e marquei preços em produtos de venda livre, posteriormente organizados por mim na zona de atendimento. Estas atividades iniciais foram o meu primeiro contacto com a diversidade de medicamentos e produtos farmacêuticos existentes numa farmácia.

(11)

3

Permitiram-me conhecer não só os vários produtos e medicamentos em si como também os locais onde estão armazenados na farmácia. Além disso, aprendi o essencial sobre gestão de stocks, compras e vendas. Posteriormente, com a organização de receitas médicas e conferência de receituário, fiquei a conhecer melhor os princípios ativos, as dosagens, as entidades de comparticipação, os diversos esquemas posológicos e ainda alguns nomes comerciais e laboratórios de medicamentos genéricos. Comecei a associar os princípios ativos aos respetivos nomes comerciais e a ter uma noção daqueles para os quais existem genéricos. Todo este encadeamento de atividades facilitou-me o atendimento e aconselhamento ao utente que desenvolvi até conclusão do estágio.

2) Gestão e administração da farmácia

2.1) Sistema informático

Com o intuito de agilizar toda a atividade desenvolvida pelo farmacêutico comunitário, foi criado um Sistema Informático (SI). Este sistema, que consiste numa base de dados de medicamentos em constante atualização, permite um melhor atendimento ao público, otimizando o tempo despendido para o efeito. Também facilita a intervenção farmacêutica no ato de aconselhamento ao doente, minimizando a margem de erro associada, e aumenta a produtividade tornado o serviço mais rentável. O SI utilizado pela FL é o Sifarma 2000, desenvolvido pela Glintt.

Na área de atendimento ao público encontram-se cinco terminais informáticos que funcionam como postos de venda. Na área de armazém existe um terminal informático utilizado para gestão de stocks, aquisição e processamento de encomendas.

O Sifarma 2000 é uma mais-valia para a farmácia, pois veio melhorar a organização estrutural e funcional da mesma. Tem uma grande variedade de funções importantes na gestão da farmácia, incluindo: gestão de stocks; gestão de compras e vendas; gestão de utentes e consulta do historial dos mesmos; fornecedores e faturação; impressão de recibos, documentos de faturação e códigos de barras.

Cada utilizador possui um código de acesso ao Sifarma 2000. Nem todas as funções do SI são acessíveis a todos os utilizadores. Os movimentos de cada utilizador ficam registados podendo ser consultados.

2.2) Aquisição, aprovisionamento e gestão de stocks

O stock da farmácia engloba todos os medicamentos, produtos farmacêuticos e dispositivos médicos existentes para dispensa ao público.

É de notar que numa farmácia comunitária existe uma panóplia de medicamentos, produtos de dermocosmética, dispositivos médicos, suplementos alimentares, entre outros produtos. É preciso

(12)

4

restringir a aquisição de produtos ao espaço físico disponível para armazenamento e venda dos mesmos. Alguns produtos, como os de conservação a frio, devido às suas particularidades requerem stocks menores. É de extrema importância uma boa gestão, aquisição, aprovisionamento e armazenamento de produtos em farmácia. Mas como saber quais os produtos a adquirir e a ter em stock? Para isso é necessário ter conhecimento do tipo de utentes, dos tipos de Prescrição Médica (PM), da sazonalidade de algumas especialidades farmacêuticas, da área de armazenamento disponível, e de quais os produtos mais publicitados nos meios de comunicação social. A rotatividade, os stocks, as encomendas, os prazos de validade e a dispensa são pontos fulcrais de uma boa gestão farmacêutica.

Todos os produtos existentes na farmácia têm uma ficha registada informaticamente, a designada ficha do produto. Desta constam o nome do produto, código, forma de apresentação, fabricante, preço, prateleira/robot, prazo de validade (PV), informações científicas para o farmacêutico, o stock atual do produto, o stock mínimo e máximo e o registo dos movimentos do produto.

No que respeita à distribuição dos produtos, a escolha dos fornecedores é um aspeto importante para uma boa gestão. Um bom fornecedor é aquele cujos produtos apresentem boa qualidade, um preço favorável à compra, sejam entregues atempadamente e nos termos definidos e que satisfaçam os aspetos legais e as necessidades diárias da farmácia.

A aquisição de um determinado produto farmacêutico tem em conta a sua rotatividade. A FL pode adquirir os seus produtos diretamente aos laboratórios e/ou a distribuidores grossistas. Predominantemente a aquisição é feita aos distribuidores grossistas.

Para produtos com elevada rotatividade a aquisição aos laboratórios é economicamente mais favorável, pois para grandes encomendas é atribuída uma maior bonificação. Além disso, o prazo de pagamento é mais alargado. No entanto, os produtos podem não ser atempadamente entregues à farmácia. Normalmente, esta aquisição é feita para medicamentos de venda livre e produtos de dermocosmética, devendo ter-se em conta a sazonalidade de alguns produtos. Podem ainda estar incluídos expositores e cartazes na encomenda. Neste tipo de aquisição, as notas de encomenda podem ser efetuadas manual/eletronicamente. A farmácia fica com um duplicado da nota de encomenda, que depois é utilizada para conferir a guia de remessa que acompanha a encomenda. Quanto à aquisição a distribuidores grossistas, a escolha dos distribuidores entra em linha de conta com os produtos disponíveis; a agilidade no processo de entrega; a qualidade do serviço; o estado de conservação dos produtos; as condições de transporte, especialmente dos produtos mais frágeis; as facilidades económicas (descontos e bonificações); as condições de pagamento e a flexibilidade no processo de devolução dos produtos.

Os principais distribuidores grossistas da FL são a Cooprofar e a Alliance Healthcare. A aquisição a mais do que um distribuidor permite evitar mais facilmente ruturas de stock e fornece mais opções de escolha.

(13)

5

No que concerne à criação das encomendas, o SI da farmácia gera automaticamente uma proposta de encomenda mediante os produtos vendidos diariamente e quando a sua quantidade remanescente é igual ou inferior ao stock mínimo.

Na FL o farmacêutico/técnico de diagnóstico e terapêutica responsável por analisar a proposta de encomenda gerada procede às retificações necessárias à mesma. A proposta de encomenda informática sugere que sejam encomendadas as unidades necessárias para completar o stock máximo definido. O responsável por esta atividade avalia a proposta, analisando se se trata de uma quantidade razoável ou se é necessário um aprovisionamento mais ou menos reforçado do produto. Após encomenda gerada e retificada, esta é enviada informaticamente para o grossista. Em situações pontuais ou de urgência, por exemplo quando um dado produto pretendido não existe na farmácia ou quando se verifica rutura de stock, a encomenda é feita via telefone. Desta forma, é assegurado ao utente a receção do produto e a hora aproximada da mesma na farmácia.

2.3) Receção de encomendas

As encomendas rececionadas na farmácia vêm acondicionadas em contentores apropriados, caixas de cartão ou contentores isotérmicos. Cada contentor está devidamente identificado e acompanhado da respetiva fatura em duplicado. Os psicotrópicos e estupefacientes estão representados em requisição própria. As matérias-primas farmacêuticas, como por exemplo o borato de sódio, são acompanhadas de um boletim de análise do lote, que deve ser arquivado na farmácia. Cada fatura, associada à respetiva encomenda, inclui a identificação do fornecedor e da farmácia; o valor total da compra e o valor de Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA); a quantidade de cada produto encomendado e enviado; o número do contentor onde se encontra o produto; o preço de venda ao público (PVP), exceto no caso dos medicamentos sem PVP estipulado; o IVA e o código de cada produto; o preço de venda à farmácia (PVF) e ainda bonificações e/ou descontos atribuídos pelo próprio fornecedor. Por vezes, alguns fornecedores indicam ainda quais os medicamentos esgotados, não comercializados ou retirados do mercado. Os produtos apresentados como esgotados ou temporariamente em falta são transferidos para outro fornecedor.

Compete ao farmacêutico e/ou técnico de diagnóstico e terapêutica rececionar a encomenda, verificar quantidades, preços, prazos de validade e estado das embalagens. À medida que se verifica a conformidade da encomenda vão-se introduzindo os produtos no SI, colocando o respetivo PVF. Os produtos de frio são verificados prioritariamente, procedendo-se ao adequando armazenamento para manutenção da estabilidade. Para encomendas geradas informaticamente a sua receção é feita na secção “Receção de encomendas” do menu geral do SI. No caso de encomendas geradas via telefone é necessária a sua introdução prévia no SI, através da função de criação manual de encomendas. Existem produtos com e sem PVP estipulado. Para estes últimos, designados produtos NETT, a farmácia determina o PVP do produto aplicando a sua margem de lucro.

(14)

6

O SI abrange o armazém tradicional da farmácia e o armazenamento de produtos em robot. O armazenamento de produtos em robot implica o uso do seu próprio computador associado ao sistema. Este reconhece os produtos pelas suas dimensões, códigos de barras e prazos de validade. Mal sejam introduzidos no robot, os produtos encontram-se de imediato disponíveis para atendimento ao público.

Após finalizar a verificação das encomendas, as faturas são arquivadas sequencialmente por um período mínimo de dez anos. Mensalmente é enviada, pelos fornecedores, uma fatura resumo para a farmácia com todos os débitos, créditos e o valor total a pagar. Esta é conferida, por comparação com todas as faturas que foram enviadas durante todo o mês, e o valor total a pagar é liquidado.

Para compras diretas aos laboratórios o pagamento é feito na hora de entrega da encomenda ou mediante um prazo (por exemplo de 30 ou 60 dias), de acordo com o estipulado pelo laboratório.

2.4) Marcação dos preços

Muitos produtos farmacêuticos, designados produtos NETT, não têm o PVP marcado, sendo necessário calculá-lo. O cálculo efetua-se com base em margens de comercialização estipuladas legalmente e taxas de IVA dos produtos. O PVP é calculado da seguinte forma: PVP= Preço de Custo x fator, sendo que o fator engloba a margem de comercialização e a taxa de IVA.

A marcação de preços pela farmácia implica a impressão de uma etiqueta a conter as seguintes informações: nome do produto, código de barras identificado, PVP estipulado pela farmácia e IVA.

2.5) Armazenamento dos produtos

No que diz respeito ao armazenamento dos produtos, e tal como já foi mencionado anteriormente, a FL tem um armazém avançado robotizado, um frigorífico para armazenamento de produtos de frio e ainda um sistema de armazenamento em armazém tradicional. No robot estão armazenados a maior parte dos medicamentos, incluindo psicotrópicos e estupefacientes, sobre condições ótimas de temperatura, humidade e luminosidade. Salienta-se que o robot é um local seguro para o armazenamento de substâncias de acesso restrito. Uma vez que os produtos são inseridos no robot mediante o PV, a deteção de produtos fora de prazo é uma tarefa fácil. A forma e tamanho dos produtos é um fator importante no armazenamento em robot.

Os produtos que não se encachem nos critérios de armazenamento em robot, são colocados num armazém tradicional. Produtos de elevada rotatividade são armazenados em gavetas ou prateleiras na zona de atendimento. No armazém e na zona de atendimento, os produtos são arrumados mediante se tratem de material de penso; meias de compressão e de descanso; produtos de puericultura; nutrição infantil; produtos de dermocosmética; produtos de higiene oral; produtos de higiene corporal; produtos veterinários e produtos de venda livre.

(15)

7

Um armazenamento organizado e funcional rege-se segundo as regras FEFO (first expired, first out), ou seja, produtos de validade mais longa são dispostos atrás ou por baixo dos produtos de validade mais curta. O armazenamento na zona de atendimento deve ser feito prioritariamente, para que nunca falte nenhum produto, não havendo atrasos no atendimento dos utentes. Uma revisão diária do stock na zona de atendimento torna-se imperativa, pois muitos produtos pedidos na encomenda são produtos que foram vendidos no dia e que por isso estarão em falta.

2.6) Controlo do prazo de validade dos medicamentos

Controlar os prazos de validade dos produtos dispensados na farmácia é uma importante tarefa do farmacêutico. Deve ser dispensado ao utente um produto com qualidade garantida, pelo que os prazos de validade são retificados frequentemente. Dado que muitos medicamentos/produtos farmacêuticos estão armazenados no robot, é fácil saber quais se aproximam do término do PV. Já os medicamentos/produtos farmacêuticos não armazenados no robot, implicam que se verifique o seu PV aproximadamente de 3 em 3 meses. Os produtos cujo PV se encontre a 2 meses do fim são recolhidos e devolvidos ao fornecedor.

2.7) Devoluções

As devoluções podem ser justificadas pelo seguinte: PV reduzido ou expirado; retirada do mercado de um dado produto pelo INFARMED (Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P.) ou pelo laboratório fornecedor; desintegração/instabilidade dos produtos; embalagem incompleta ou danificada; erro de envio do distribuidor ou erro no pedido pela farmácia e ainda alteração de preço. Das notas de devolução devem constar: a identificação da farmácia e do distribuidor; número da nota de devolução; descrição do produto a ser devolvido e respetiva justificação. São emitidas três notas de devolução, uma permanece com a farmácia e as outras duas seguem juntamente com os produtos para o fornecedor. É também enviada ao fornecedor uma fotocópia da fatura onde se assinalam os produtos a devolver. Se a devolução for aceite pode haver reembolso do valor das embalagens, envio das embalagens corretas ou ainda troca por outros produtos. Caso a devolução não seja aceite o produto é devolvido à farmácia, traduzindo-se numa perda de existências.

3) Dispensa de medicamentos

O farmacêutico, mediante o disposto no Estatuto da Ordem dos Farmacêuticos, tem o dever de “dispensar ao doente o medicamento em cumprimento da PM ou exercer a escolha que os seus conhecimentos permitem e que melhor satisfaça as relações benefício/risco e benefício/custo” [6]. O

(16)

8

ato da dispensa de produtos farmacêuticos e medicamentos, deve seguir o regime legal em vigor. O farmacêutico deve ainda fornecer ao utente informações sobre os medicamentos e/ou produtos solicitados e detetar reações adversas.

Consoante o descrito no Estatuto do Medicamento, alguns medicamentos necessitam de Receita Médica (RM), ou seja, um “documento através do qual são prescritos, por um médico ou, nos casos previstos em legislação especial, por um médico dentista ou por um odontologista, um ou mais medicamentos determinados” [7]. As normas de prescrição e validação de receitas médicas seguem o disposto na lei [8,9]. Estas mesmas orientações estão dispostas no Manual de Relacionamento das Farmácias [10]; nas “Normas relativas à prescrição de medicamentos e produtos de saúde” descritas pelo INFARMED [11]; e ainda nas “Normas relativas à dispensa de medicamentos e produtos de saúde”, descritas também pelo INFARMED [12].

3.1) Prescrição médica e validação

Atualmente, a prescrição de medicamentos é feita por via eletrónica desmaterializada, sem prejuízo de, excecionalmente e nos casos adiante mencionados, poder ser feita por via manual [9]. A PM materializada abrange no máximo quatro medicamentos distintos, num total de quatro embalagens. Numa só receita podem ser prescritas até duas embalagens do mesmo medicamento, salvo os medicamentos de embalagem unitária em que podem ser prescritas até quatro embalagens. As prescrições eletrónicas materializadas e manuais são válidas, em regra, por 30 dias. Salienta-se que para a prescrição manual não é admitida mais do que uma via. Já no caso da prescrição eletrónica materializada, podem ser emitidas até três vias, com a indicação «1.ª via», «2.ª via» ou «3.ª via», e são válidas por seis meses [10,11]. No caso de prescrição eletrónica desmaterializada cada linha de prescrição apenas contém um medicamento. Cada linha prescrita só pode incluir um medicamento, até um máximo de duas embalagens cada, com uma validade de 30 dias seguidos, contada a partir da data de prescrição. Para tratamentos de longa duração, cada linha prescrita poderá incluir até um máximo de seis embalagens, com uma validade de seis meses, contada a partir da data de prescrição. No caso de medicamentos prescritos em embalagem unitária, podem ser prescritas até 4 embalagens do mesmo medicamento [10,11].

A RM materializada prescrita via eletrónica, só é válida se incluir os seguintes elementos [8,10,12]: a) Número da receita;

b) Local de prescrição, identificação do médico prescritor e assinatura do mesmo; c) Nome, número de utente e de beneficiário de subsistema;

d) Entidade financeira responsável e, se aplicável, referência ao regime especial de comparticipação de medicamentos:

- Sempre que a prescrição se destine a um pensionista abrangido pelo regime especial de comparticipação, deve constar na receita a sigla «R» junto dos dados do utente;

(17)

9

- Sempre que a prescrição se destine a um utente abrangido por um regime especial de comparticipação de medicamentos em função de patologia, deve constar na receita a sigla «O» junto dos dados do utente, sendo ainda obrigatória, no campo da receita relativo à designação do medicamento, a menção ao despacho que consagra o respetivo regime;

e) Denominação comum internacional da substância ativa (DCI), dosagem, forma farmacêutica, dimensão da embalagem, número de embalagens e, se aplicável, designação comercial do medicamento;

f) A designação comercial do medicamento surge caso não exista medicamento genérico comparticipado, também se apenas existir o original de marca e licença ou então, se mencionada a justificação técnica do prescritor quanto à insuscetibilidade de substituição do medicamento prescrito:

- Exceção a) - Prescrição de medicamento com margem ou índice terapêutico estreito, conforme informação prestada pelo INFARMED, I. P.;

- Exceção b) - Fundada suspeita, previamente reportada ao INFARMED, I. P., de intolerância ou reação adversa a um medicamento com a mesma substância ativa, mas identificado por outra denominação comercial;

- Exceção c) - Prescrição de medicamento destinado a assegurar a continuidade de um tratamento com duração estimada superior a 28 dias;

g) Data de prescrição e Código Nacional de Prescrição Eletrónica de Medicamentos (CNPEM) ou outro código oficial identificador do produto, se aplicável;

A prescrição de medicamentos via manual pode realizar-se nas seguintes situações [8,10,11]: - Falência do SI;

- Inadaptação fundamentada do prescritor, previamente confirmada e validada anualmente pela respetiva Ordem Profissional;

- Prescrição ao domicílio (não aplicável a locais de prescrição em lares de idosos); - Outras situações até um máximo de 40 receitas médicas por mês.

A prescrição manual só é válida se incluir os seguintes elementos [8,10,12]: h) Se aplicável, vinheta identificativa do local de prescrição;

i) Número da receita e vinheta identificativa do médico prescritor;

j) Identificação da especialidade médica, se aplicável, e contacto telefónico do prescritor; k) Identificação da exceção à prescrição via eletrónica;

l) Os elementos previstos nas alíneas c) a f) e ainda a assinatura do prescritor.

A RM desmaterializada prescrita via eletrónica só é válida se incluir os seguintes elementos [8,10,12]:

m) Os elementos previstos nas alíneas a) a g), excluindo-se a assinatura do prescritor. n) Hora da prescrição;

(18)

10

o) As linhas de prescrição, que incluem: menção do tipo de linha; número da linha, identificada univocamente e constituída pelo número da prescrição e pelo número de ordem da linha de prescrição; tipo de medicamento ou produto de saúde prescrito; data do termo da vigência da linha de prescrição;

p) Por vontade do utente, a receita desmaterializada pode incluir o seu contacto telefónico móvel, para efeitos de comunicação do código de dispensa e dos direitos de opção.

3.2) Dispensa de estupefacientes e psicotrópicos

Este grupo terapêutico apresenta uma estreita margem terapêutica podendo causar dependência física e psicológica, uma vez que atua ao nível do Sistema Nervoso Central. São também, muitas vezes, alvo de abuso e usados para fins ilícitos. Assim sendo, estes fármacos são sujeitos a uma legislação especial. O Decreto-Lei nº 15/93, de 22 de janeiro regulamenta a aquisição, distribuição, prescrição e dispensa de estupefacientes e psicotrópicos [13].

Para sua aquisição é feita uma requisição ao distribuidor grossista. Aquando da sua receção, são acompanhados pela requisição em duplicado. O duplicado é arquivado num dossier próprio que se encontra na farmácia, e a requisição original é enviada ao distribuidor grossista assinada e carimbada pelo farmacêutico, incluindo também o número da sua carteira profissional. Quanto à dispensa esta exige, por questões de segurança, o preenchimento dos dados do utente: nome do utente e do adquirente; número de Bilhete de Identidade/Cartão de Cidadão do adquirente; morada de ambos; idade do adquirente e ainda o nome do médico prescritor. No final da venda, é impressa a fatura e os dados do adquirente no verso da receita. Esta é assinada pelo adquirente e farmacêutico, recebendo o carimbo da farmácia. São emitidas duas cópias do “Documento de Psicotrópicos”, o documento de dispensa. Estas são guardadas, com a respetiva cópia da receita, na farmácia por três anos [13].

3.3) Entidades de comparticipação

A comparticipação de medicamentos permite estabelecer a equidade no acesso aos mesmos, a melhoria da qualidade de vida e a manutenção da saúde da população. Assim, através do Sistema Nacional de Saúde (SNS), muitos medicamentos são comparticipados. No entanto, essa comparticipação é feita mediante um sistema de escalões que varia com as indicações terapêuticas do medicamento, com a sua utilização, bem como as entidades que o prescrevem ou fornecem e as necessidades terapêuticas acrescidas decorrentes de certas patologias [14]. Os escalões de comparticipação, em Regime Geral, existentes em vigor são o A, o B, o C e o D com medicamentos comparticipados respetivamente a 90%, 69%, 37% e 15% [14]. O Regime Especial de Comparticipação de Medicamentos (RECM) prevê dois tipos de comparticipação, em função dos beneficiários e em função das patologias ou de grupos especiais de utentes. Os benificiários são “os

(19)

11

pensionistas cujo rendimento total anual seja igual ou inferior a 14 vezes a retribuição mínima mensal garantida em vigor no ano civil transato ou 14 vezes o valor do indexante dos apoios sociais em vigor, quando este ultrapassar aquele montante” [15].Para patologias especiais, a comparticipação varia consoante a patologia pelo que, no ato da prescrição, o médico deve indicar o diploma legal associado à mesma[16]. Outras entidades de comparticipação incluem os Serviços de Assistência Médico Social (SAMS), referente a bancários, os Correios e Telecomunicações (CTT), os Serviços Sociais da Caixa Geral de Depósitos (SSCGD), entre outros. Estes subsistemas permitem uma maior comparticipação em alguns medicamentos sujeitos a RM e também não sujeitos a RM.

3.4) Dispensa de receitas médicas

Após verificar que a RM apresentada pelo utente é válida o farmacêutico procede à dispensa da mesma. Mediante o disposto na lei, as farmácias devem ter disponíveis para venda, no mínimo, três medicamentos com a mesma substância ativa, forma farmacêutica e dosagem, de entre os que correspondam aos cinco preços mais baixos de cada grupo homogéneo. Se existe grupo homogéneo, e de acordo com a PM, o farmacêutico deve informar o doente sobre o medicamento comercializado que apresente o preço mais baixo, podendo o utente exercer o seu direito de opção.É vedada às farmácias a dispensa de medicamentos com preço superior ao do medicamento prescrito. O farmacêutico deve apenas dispensar a menor dose e menor dimensão da embalagem de medicamento, isto caso o medicamento tenha sido prescrito numa dimensão que não existe na farmácia ou se o médico não definiu estes dois aspetos. Para finalizar a venda, é impresso o documento de faturação, o utente efetua o pagamento e é emitida uma fatura [8,10,12]. No caso das receitas eletrónicas desmaterializadas, não é impresso o documento de faturação.

3.5) Conferência do receituário

A conferência de receituário engloba apenas as receitas eletrónicas materializadas e manuais. Medicamentos comparticipados implicam a impressão, pelo SI, de um documento de faturação no verso da receita. Nesse documento vem descrito o número da receita, o número de lote, e o número de série. Cada lote abrange um máximo de 30 receitas, sendo analisado para correção de possíveis erros de dispensa das mesmas. As receitas analisadas e corrigidas são mensalmente enviadas para o Centro de Conferência de Faturas, caso a entidade responsável seja o Sistema Nacional de Saúde (SNS), ou para a Associação Nacional das Farmácias (ANF) caso se tratarem de outros organismos. Posteriormente a farmácia recebe o valor das comparticipações [10].

Receitas inválidas são devolvidas à farmácia para serem corrigidas. Se não forem corrigidas não é reembolsado o dinheiro da comparticipação dessas receitas.

(20)

12

4) Classificação de medicamentos e/ou produtos farmacêuticos

As farmácias podem fornecer ao público medicamentos; substâncias medicamentosas; medicamentos e produtos veterinários; medicamentos e produtos homeopáticos; produtos naturais; dispositivos médicos; suplementos alimentares e produtos de alimentação especial; produtos fitofarmacêuticos; produtos cosméticos e de higiene corporal; artigos de puericultura e produtos de conforto [17].Os medicamentos podem ser classificados como Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM), sendo exclusivamente vendidos em farmácias e apenas dispensados mediante a apresentação de RM válida. São medicamentos que requerem vigilância médica, administrados com frequência e em quantidades consideráveis, ou até mesmo pela sua atividade e/ou efeitos adversos [7]. Quanto a Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM), a sua dispensa requer um aconselhamento adequando, um alerta para o uso abusivo e automedicação, salvaguardando a saúde do utente[7]. Os Produtos de Cosmética e Higiene Corporal (PCHC) são uma forte componente de venda das farmácias. A sua indicação ao utente requer um nível de conhecimento científico adequado às várias utilizações destes produtos. Ações de formação no âmbito da dermofarmácia são uma mais-valia neste sentido, pois são apresentados os vários produtos de cada marca, suas indicações e contraindicações, assim como conselhos de utilização.

Os suplementos alimentares são também muito solicitados na FL. São aconselhados para complementar a dieta, e para combater estados de cansaço, fadiga intelectual e física, lapsos de memória, perda de peso, entre outras situações colocadas pelos utentes. É importante averiguar a medicação habitual dos utentes, se existe alguma contraindicação para a toma do suplemento e procurar adequar o produto às necessidades apresentadas.

Os medicamentos e produtos veterinários são também importantes para manutenção do bem-estar e saúde dos animais. Na FL, os medicamentos de uso veterinário mais procurados e dispensados são os antiparasitários.

Os medicamentos à base de plantas, considerados naturais, são também muito procurados, especialmente para combater estados de ansiedade e insónia, contendo Valeriana officinalis,

Passiflora incarnata e Escolzia. O sene e a cáscara-sagrada são também solicitados para resolver

problemas de obstipação. Na FL também estão disponíveis uma série de chás, infusões e tisanas destinadas a diferentes patologias, mediante a sua composição.

Os produtos de alimentação especial são obtidos por processos minuciosos de fabrico, tendo por isso uma composição específica e rigorosamente controlada. São específicos para determinadas dietas especiais [18]. Por exemplo, relativamente aos leites infantis, existem leites anti-obstipantes; anticólicas; antiregurgitação; hipoalergénicos e ainda sem lactose. Todos eles apresentam uma constituição específica para o fim a que estão destinados.A FL tem uma utente especial, que sofre de homocisteinúria, estando por isso sujeita a uma dieta hipoproteica restrita em metionina. A legislação clarifica as condições de comparticipação dos produtos dietéticos que, com carácter

(21)

13

terapêutico, são indicados para satisfazer as necessidades nutricionais dos doentes afetados de erros congénitos do metabolismo. Estes produtos dietéticos são comparticipados na sua totalidade desde que prescritos pelo Instituto de Genética Médica Dr. Jacinto de Magalhães ou nos centros de tratamento protocolados com o mesmo.

Dispositivos médicos, como meias de compressão e de descanso, material de ortopedia, testes de gravidez, termómetros, artigos de puericultura, pulsos e pés elásticos e material de penso são também muito procurados. No caso das meias, é importante ter em atenção o peso e altura do utente, de forma a adequar o produto à necessidade.

5) Serviços adicionais de saúde prestados pela Farmácia Laranjeira

Atualmente, as farmácias são muito mais do que meros espaços para dispensa e produção de medicamentos (manipulados). Abrangem uma série de serviços devidamente legislados e que estão inteiramente ao dispor do utente: apoio domiciliário; administração de primeiros socorros; administração de medicamentos; utilização de meios auxiliares de diagnóstico e terapêutica; administração de vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação; programas de cuidados farmacêuticos; campanha de informação e colaboração em programas de educação para a saúde [19]. Neste contexto, a FL tem ao dispor os seguintes serviços, prestados individualmente num gabinete de atendimento personalizado e em ambiente privado.

5.1) Avaliação da Pressão Arterial

A grande maioria dos utentes que frequenta a FL são idosos, pelo que o controlo regular da Pressão Arterial (PA) é um serviço constante. Possibilita a deteção precoce da hipertensão e o alerta do utente para as medidas não farmacológicas a adotar, como sejam a redução da ingestão de sal, a prática regular de exercício físico, a cessação tabágica e a aquisição de hábitos alimentares saudáveis. Caso estas medidas não surtam o efeito desejado, o utente deverá ser encaminhado para o médico. Para doentes já medicados o controlo da PA permite avaliar a resposta à terapêutica.

5.2) Determinação da Glicémia

O controlo dos níveis de açúcar no sangue permite a prevenção de picos de glicémia, descompensações agudas (cetoacidose, hipoglicemia) e diminui o risco de surgimento de complicações tardias (retinopatia, nefropatia e neuropatia). O farmacêutico deve alertar o utente diabético para a adoção de um estilo de vida adequado à sua condição de saúde: prática de exercício físico regular e adaptado; cessação tabágica; indicar alimentos preferenciais (limitar a ingestão de alimentos doces e com elevado teor de gordura animal, incluir 5 a 6 refeições leves diárias); controlar

(22)

14

regularmente os níveis de glucose no sangue; promover a adesão à terapêutica; elucidar sobre os sintomas de híper/hipoglicemia; educar o doente para se automonitorizar e cumprir todas as indicações que lhe são dadas.

5.3) Determinação do colesterol total e dos triglicerídeos

A determinação do perfil lipídico dos utentes é extremamente importante para a prevenção de problemas cardiovasculares que surgem a longo prazo (aterosclerose, derrames cerebrais e doenças cardíacas). Também aqui o farmacêutico tem um papel preponderante no alerta para os comportamentos de risco e medidas não farmacológicas: reduzir o consumo de alimentos ricos em gordura (carnes vermelhas, manteigas, queijos gordos, molhos e picantes); evitar alimentos fritos; preferir gorduras polinsaturadas de origem vegetal e marinha; consumir cereais integrais, vegetais, fruta, fibras solúveis e alimentos ricos em ómega 3 (sardinhas, salmão, atum, frutos secos); redução do consumo de álcool e prática de exercício físico regular. Caso estas medidas não sejam suficientes para a obtenção de um perfil lipídico dentro dos valores recomendados, o utente deve ser encaminhado para o médico, pois possivelmente irá necessitar de recorrer à terapêutica medicamentosa.

5.4) Administração de medicamentos e vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação

A administração de medicamentos e vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação (PNV) é da responsabilidade dos farmacêuticos e/ou técnicos habilitados para o efeito. Este tipo de serviço é devidamente prestado num gabinete personalizado e adaptado.

6) Atendimento ao utente e aconselhamento farmacêutico

Após iniciar o atendimento ao utente, pude perceber a importância do papel do farmacêutico na transmissão de informação correta e fidedigna. São deveres inerentes à profissão farmacêutica esclarecer as dúvidas dos utentes, promover a adesão à terapêutica, alertar para os riscos associados à automedicação, advertir o utente sobre publicidade enganosa, e alertar sobre medicação recomendada por outros não aptos e sem o conhecimento científico necessário para o devido aconselhamento, entre outras questões relevantes. Note-se que o farmacêutico é o profissional de saúde de mais fácil acesso e muitas vezes procurado num primeiro momento. Assim sendo, compete ao farmacêutico avaliar a situação do utente, perceber se poderá resolver a mesma e encaminhar o utente ao médico se necessário. É importante no ato de atendimento ter um discurso claro, simples e adaptado aos diferentes utentes, estabelecendo uma boa comunicação e evitando interpretações incorretas. É importante questionar o utente se é a primeira vez que vai fazer a medicação ou se já é

(23)

15

habitual. Caso seja a primeira vez, deve o farmacêutico explicar o esquema posológico ao utente, averiguar se já faz alguma medicação, tentando antever possíveis interações, alertar para possíveis efeitos adversos e ainda precauções que considere relevantes. Durante o meu estágio, apercebi-me da falta de conhecimento geral dos utentes relativamente a duas questões importantes: a diferença entre medicamentos genéricos e medicamentos referência/de marca e o propósito da apresentação de RM para dispensa de alguns medicamentos. A maioria dos utentes considera que o medicamento genérico é menos eficaz por ser mais barato, ou por não ser o original. Várias vezes tive que intervir e explicar que o medicamento de marca foi o primeiro a surgir no mercado e que, entretanto, mais empresas se dedicaram à produção de medicamentos para o mesmo efeito, designando-os de medicamentos genéricos, em que apenas os constituintes secundários diferem, sendo a substancia ativa exatamente a mesma. Muitos utentes acreditam também que a RM serve apenas para efeitos de comparticipação de medicamentos, não entendendo que alguns medicamentos, mesmo não sendo comparticipados, apenas podem ser dispensados mediante a apresentação de RM, uma vez que constituem, de alguma forma, um risco para a saúde do doente caso sejam utilizados sem vigilância médica. O aconselhamento farmacêutico é o que de facto diferencia uma Farmácia Comunitária dos vários locais de venda de MNSRM e outros produtos de saúde, por isso deve ser valorizado e posto em prática.

7) VALORMED

A Sociedade Gestora de Resíduos de Embalagens e Medicamentos, VALORMED, é constituída pelas seguintes associações: ANF – Associação Nacional das Farmácias; APIFARMA – Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica; FECOFAR – Federação de Cooperativas Distribuição Farmacêutica, e GROQUIFAR – Associação de Grossistas de Produtos Químicos e Farmacêuticos. A VALORMED é tutelada pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), sendo licenciada pelos Ministérios do Ambiente e da Economia para a gestão do Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens de Medicamentos (SIGREM).O principal objetivo é a implementação de um sistema autónomo para a recolha e tratamento seguro dos resíduos de medicamentos. Assim, evita-se que, por razões de saúde pública, estejam "acessíveis" como qualquer outro resíduo urbano. São recolhidos medicamentos fora de prazo, fora de uso e embalagens usadas, vazias ou não. Os distribuidores de medicamentos e/ou produtos farmacêuticos, entregam os contentores na farmácia e recolhem-nos quando cheios. Uma vez cheios são selados e pesados, sendo feito um registo onde constam o número de código atribuído pelo INFARMED à farmácia, o peso do contentor e a assinatura do responsável pela selagem. O responsável pela recolha regista o número de armazenista, a data e assina. O material recolhido é sujeito a um processo de triagem onde os resíduos são separados e classificados para, finalmente, serem entregues a gestores de resíduos autorizados responsáveis pelo seu tratamento [20].

(24)

16

8) Farmácias portuguesas

O programa “Farmácias Portuguesas”, do qual faz parte a FL, disponibiliza ao utente um cartão especial, o cartão saúda, que lhe confere algumas vantagens. Com este cartão, todas as compras que o utente realizar em produtos de saúde e bem-estar, medicamentos não sujeitos a RM e serviços farmacêuticos, valem pontos que podem ser trocados diretamente por produtos constantes da revista Saúda, ou que podem ser transformados em vales de dinheiro, podendo estes ser usados para pagar a conta da farmácia [21].

9) Recolha e reciclagem de radiografias

A Assistência Médica Internacional (AMI) desenvolveu uma parceria com as farmácias baseada na receção e reciclagem de radiografias. Tal sucede em campanhas anuais que visam a angariação de fundos para fins humanitários. Após anúncio prévio, apela para que a população entregue as radiografias com mais de 5 anos ou aquelas que já não têm valor de diagnóstico, em qualquer farmácia, sem relatórios, envelopes ou folhas de papel. As radiografias são compostas por nitrato de prata, um químico nocivo para o ambiente, salientando-se desde já uma preocupação ambiental. Cada tonelada de radiografias dá origem a cerca de 10Kg de prata posteriormente comercializada pela AMI com vista a conseguir recursos para ajudar em causas humanitárias e projetos de ajuda médica [22].

10) Farmacovigilância

No sentido de atuar em defesa do consumidor, na proteção da saúde pública e tendo por princípio a melhoria da qualidade de vida, a farmacovigilância dedica-se à avaliação do perfil de segurança dos medicamentos, através da deteção e prevenção de Reações Adversas aos Medicamentos (RAM). O Sistema Nacional de Farmacovigilância, criado em 1992, é constituído pela Direção de Gestão do Risco de Medicamentos do INFARMED, I.P., que o coordena, e por quatro Unidades Regionais: Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, e Sul. As suspeitas de RAM podem ser notificadas por profissionais de saúde (médicos, farmacêuticos, enfermeiros, médicos dentistas ou técnicos de farmácia) e por utentes. Os profissionais de saúde têm a responsabilidade de notificar quer as reações adversas graves, quer as inesperadas. A notificação pode ser efetuada utilizando as fichas de notificação disponibilizadas para o efeito, por contacto telefónico ou pelo envio da informação por fax ou por correio eletrónico. Durante o meu período de estágio não foi realizada qualquer notificação de RAM. Todos os efeitos adversos comunicados pelos utentes estavam já descritos nos respetivos folhetos informativos. No entanto pude notar, por parte de vários utentes, uma grande preocupação

(25)

17

com esta temática, pois muitas vezes se deslocavam à farmácia para apenas esclarecer dúvidas relacionadas com os possíveis efeitos adversos da sua medicação [23].

11) Ações de formação

No âmbito da farmácia comunitária foi-me permitido participar em algumas ações de formação cujo cronograma se encontra referenciado na Tabela 2.

Tabela 2 – Cronograma das ações de formação frequentadas durante o estágio.

Cronograma de ações de formação

Formadores Data, Duração e

Local Temas

Pierre Fabre Health Care

10.03.2016, 4 horas Hotel Crowne Plaza, Porto

Pés queimados e pé diabético; insuficiência venosa; estrias; dor de garganta, tosse produtiva e seca, constipações e renites; fitoterapia; dermonutrição; perda de peso; sono/nervosismo; sessação tabágica; higiene oral.

Gedeon Richter: Contraceção sem estrogénios

30.03.2016, 3 horas Hotel Nova Cruz, Santa Maria da Feira

Contraceção de emergência; contraceção sem estrogénios; diversidade no uso dos métodos contracetivos em Portugal e na Europa.

Curso geral Bioderma

19.04.2016, 8 horas Hotel Porto Palácio

Resposta da marca aos diferentes tipos de pele e afeções dermatológicas; princípio do mimetismo biológico; segurança dermatológica; apresentação e discussão de casos clínicos. Pierre Fabre:

Formação Galénic

27.04.2016, 4 horas Hotel Mercure Porto

Perspetiva histórica da marca; investigação molecular; investigação galénica; investigação clínica; cosmetovigilância. Workshop Nestlé Health Science 18.05.2016, 4 horas Sede da Associação Nacional das Farmácias do Porto

Ajuste da nutrição à terapêutica; défices nutritivos das diversas faixas etárias e suplementos Nestlé em resposta; apresentação e discussão de casos clínicos.

La Roche Posay: Para melhorar a

vida da pele sensível

24.05.2016, 4 horas Hotel Ipanema Park Porto

Defesa da pele sensível e intolerante; fisiologia da inflamação da pele; envelhecimento da pele; doenças de pele decorrentes da exposição solar; fotoproteção.

Estas formações foram importantes para enriquecimento próprio, para melhorar e desenvolver o aconselhamento ao utente, para ter conhecimento da diversidade de produtos farmacêuticos existentes no mercado, em resposta às necessidades dos utentes, as suas principais indicações e contraindicações.

(26)

18

PARTE II

TEMA 1 – Casos Práticos: aconselhamento farmacêutico

Antes de iniciar o atendimento propriamente dito, a minha orientadora de estágio, Dra. Joana Faria, propôs a resolução de quatro casos práticos que costumam surgir com alguma frequência na FL.

1.1) Obstipação

Caso 1: uma utente vem à farmácia e dirige-se ao farmacêutico queixando-se de estar obstipada já há uns dias. Diz tratar-se de uma situação recorrente apesar de fazer uma alimentação normal, bebendo sempre muita água. Acrescenta ainda que costuma tomar Dulcolax® (bisacodilo) mas queria experimentar algo diferente. O que poderia ser recomendado pelo farmacêutico à utente? Indicação Farmacêutica: substâncias como o bisacodilo, o sene, a cáscara-sagrada, entre outras, são laxantes de contacto que atuam por estimulação direta do sistema nervoso entérico e da secreção de fluidos e eletrólitos para o cólon. A utilização deste tipo de laxantes por longos períodos de tempo pode gerar dependência, atonia do cólon e distensão. Por essa razão, estas substâncias são recomendadas apenas em último recurso, em situações de SOS.

Mais aconselhado para tratar a obstipação, especialmente em situações recorrentes, são substâncias reguladoras do trânsito intestinal, como a celulose microcristalina (Frutos & Fibras®), a ispaghula e cassia angustifólia (Agiolax®). São substâncias laxantes expansoras do volume fecal, não digeríveis que absorvem água e formam um gel volumoso que distende o cólon e promove o peristaltismo. Podem ser tomados com maior frequência e de forma mais segura. Outros laxantes que também poderiam ser aconselhados são: o leite de magnésio (um laxante osmótico não absorvível que aumenta a fluidez das fezes, por aumento do fluido fecal) e o gel de glicerina (um laxante emoliente que amolece as fezes e permite a penetração de água e lípidos)[24].

1.2) Varicela

Caso 2: uma criança com varicela dirige-se à farmácia acompanhada pela mãe. A mãe solicita algo que possa aliviar a comichão da criança e resolver a situação. O que poderia ser recomendado pelo farmacêutico?

Indicação Farmacêutica: poderia ser recomendado um gel/loção lavante para irritações cutâneas, e/ou um creme reparador que acalma a pele sensível após dermatites e alterações epidérmicas. Adicionalmente poderia também dispensar-se um anti-histamínico para aliviar o prurido e/ou um antipirético para eliminar a febre.

No caso da varicela, raramente são recomendados/prescritos antivíricos como tratamento de primeira linha, sendo geralmente dispensados nos casos mais graves e mediante PM. Salienta-se que a varicela

(27)

19

é uma doença tipicamente benigna, autolimitada, que, na maioria das vezes, evolui sem complicações, especialmente nas crianças. Todos aqueles que desenvolvem a doença, mesmo com manifestações ligeiras, adquirem imunidade permanente, pelo que não voltarão a adquiri-la. Contudo, o vírus pode ficar como que adormecido nas células do tecido nervoso do nosso organismo, podendo ser reativado mais tarde, manifestando-se sob a forma de Herpes Zóster conhecido como "Zona" [25,26].

1.3) Rosácea

Caso 3: uma utente dirige-se à farmácia solicitando algum produto/medicamento que possa ser utilizado para tratamento da rosácea. Afirma ser frequente a manifestação desta patologia. O que poderia ser dispensado à utente?

Indicação Farmacêutica: ao nível da dermofarmácia poderá ser aconselhado um produto indicado para pele sensível capaz de fortalecer os pequenos vasos sanguíneos faciais (telangiectasias), neutralizando vermelhidões e fortalecendo a pele. Muitos dermatologistas recomendavam o uso de colírios cujo princípio ativo é a brimonidina, uma substancia vasoconstritora que reduz o fluxo sanguíneo e a pressão intraocular. O utente deveria então aplicar o colírio na área afetada. Atualmente, existe no mercado um gel com este princípio ativo, o Mirvaso®, especialmente desenvolvido para o tratamento da rosácea [27].

1.4) Insónia

Caso 4: um utente dirige-se à farmácia muito transtornado e cansado, dizendo que tem dificuldade em adormecer e que acorda muitas vezes durante a noite. Solicita então algum medicamento que possa resolver a situação. O que poderia ser aconselhado pelo farmacêutico?

Indicação Farmacêutica: uma vez que apresenta dificuldade em adormecer, deverá ser dado um produto cuja composição inclua melatonina, uma hormona produzida durante a noite que funciona como indutor do sono. A produção fisiológica de melatonina diminui com a idade [28]. Uma vez que o utente se queixa de acordar com frequência durante a noite, é importante também que o produto recomendado contenha por exemplo valeriana, passiflora [29], ou melhor ainda, a escolzia, uma substancia mais eficaz no prolongamento do sono [30]. Poderia ser aconselhado, por exemplo, um suplemento alimentar com estes constituintes. Note-se que a administração de melatonina deverá ser efetuada cerca de 30 minutos antes de dormir, uma vez que esta apresenta um curto período de ação e atua apenas na ausência de fontes luminosas [28].

TEMA 2 – Estratégias para melhorar o uso seguro dos medicamentos e organização da medicação habitual

(28)

20

2.1) Lembrete de Medicação Habitual

Quando iniciei o atendimento ao público na FL, apercebi-me que grande parte da população é idosa. São essencialmente utentes habituais desde há muitos anos, polimedicados e com inúmeras comorbilidades. O atendimento à população sénior, inicialmente, revelou-se uma grande dificuldade para mim. Como se trata de uma população idosa, muitos utentes não sabem para que servem os medicamentos que tomam; não entendem o conceito de “medicamento genérico”; não sabem quais os laboratórios de genéricos/nomes comerciais da sua medicação habitual; e muitos também não trazem consigo as embalagens dos medicamentos que tomam ou parte delas para que se possa identificar facilmente a sua medicação habitual. Para agravar a situação, muitas vezes não são os próprios utentes que vêm comprar a medicação à farmácia, mas sim os familiares, que tão pouco sabem qual a medicação habitual dos utentes. Desta forma o atendimento torna-se mais moroso, não só para o farmacêutico como também para o cliente. Perante este cenário, foi-me sugerido pensar numa estratégia capaz de facilitar o atendimento, tornando-o mais rápido e sem contar que o utente trouxesse as embalagens da medicação habitual. Desenvolvi então um “Lembrete de Medicação Habitual” (Anexo I), apropriado para andar sempre com o utente na carteira e onde o farmacêutico deverá preencher os seguintes campos: nome do medicamento; laboratório; dosagem e posologia. Os utentes mostraram-se muito satisfeitos e recetivos à ideia, aderindo gratuitamente ao cartão e usufruindo ao máximo do mesmo.

2.2) Organização da medicação

Muitas vezes, os utentes da FL queixam-se da grande quantidade de medicamentos que têm que tomar num só dia. Referem que se esquecem com frequência de um medicamento ou outro, tomando o medicamento esquecido noutro horário, mal se lembrem. Muitas vezes também tomam o medicamento em duplicado na toma seguinte. No sentido de ajudar o utente a organizar a sua medicação habitual, desenvolvi um desdobrável informativo (Anexo II) com algumas sugestões de organização da medicação, alertando também para o uso responsável e seguro do medicamento, assim como para a entrega dos medicamentos com o prazo expirado na farmácia [31,32,33].

2.3) Farmácia em casa

Pequenos acidentes domésticos que levam ao surgimento de pequenas feridas e/ou cortes, assim como eczemas, eritemas ou irritações ligeiras da pele; queimaduras de primeiro grau; picadas de insetos e situações de dor/inflamação ligeiras são muitas vezes possíveis de tratar em casa, sem se ter que recorrer à farmácia. Durante o atendimento, em conversa com os utentes, muitos apontavam o facto de vir propositadamente à farmácia comprar “qualquer coisa” para, por exemplo, tratar uma

(29)

21

pequena ferida ou irritação, porque não tinham nada em casa para resolver o problema. Tendo em conta estas situações, acrescentei ao desdobrável informativo do Anexo II o conceito “Farmácia em casa”. Ou seja, quais os medicamentos a ter em casa e o que deve constar de um kit de primeiros socorros, para tratar pequenas afeções que facilmente podem ser resolvidas [34,35].

TEMA 3 – Contraceção e métodos contracetivos

3.1) Enquadramento

No seguimento da formação que frequentei sobre contraceção (Tabela 2), pude constatar que ainda existem imensas dúvidas e ideias pré-concebidas erradas relativamente aos métodos contracetivos, não só por parte dos utentes, mas também dos profissionais de saúde. Saliento alguns aspetos importantes, discutidos na formação, que me chamaram à atenção: Portugal é um dos países da Europa em que menos se verifica diversidade no uso de métodos contracetivos, preferindo-se sempre os mesmos (preservativo masculino e pílula anticoncecional); uma elevada percentagem da população, sobretudo mulheres, usa incorretamente o método contracetivo; a população mais jovem é a que mais recorre ao uso do preservativo masculino, sendo no entanto a que mais se esquece de tomar a pílula anticoncecional. Apercebi-me ainda da enorme relutância que existe no recurso à contraceção de emergência, sendo esta muitas vezes desconsiderada por falta de conhecimento absoluto do seu mecanismo de ação, efeitos adversos, e de como se pode adquirir a mesma. É de salientar que os jovens adolescentes são um dos alvos prioritários das consultas de planeamento familiar e, por isso, é importante informar que não é necessária a autorização dos pais, do encarregado de educação ou do adulto responsável para que estes tenham acesso às consultas de planeamento familiar e aos métodos contracetivos [36]. Perante este cenário, e porque a Educação Sexual nas escolas é uma necessidade e um direito das crianças, jovens e das famílias, previsto na legislação portuguesa desde 1984 [37], tive a iniciativa de organizar uma formação neste âmbito dirigida à população mais jovem.

3.2) Introdução aos métodos contracetivos

Desde a puberdade até a menopausa, as mulheres são confrontadas com preocupações sobre a gravidez e/ou a sua prevenção. As únicas respostas possíveis traduzem-se na abstinência sexual, contraceção, ou gravidez propriamente dita. Sabe-se que as mulheres adquirem capacidade reprodutiva durante a adolescência, mantendo a mesma até ao final da quarta década de vida. É de salientar que a maior parte dos casos de gravidez que ocorrem durante este período não são planeados. O controlo da natalidade pode ser feito através da implementação de um programa de

Referências

Documentos relacionados

Todavia, nos substratos de ambos os solos sem adição de matéria orgânica (Figura 4 A e 5 A), constatou-se a presença do herbicida na maior profundidade da coluna

frásico com palavras negativas pré-verbais, Matos considera que, nas línguas com marcadores negativos nucleares pré-verbais, são estes que, tipicamente, definem o escopo da

O livro de literatura infantil e a apropriação da linguagem discorremos sobre um levantamento de pesquisas, em sua maioria, estrangeiras, feito por Cardoso e Sepúlveda

MELO NETO e FROES (1999, p.81) transcreveram a opinião de um empresário sobre responsabilidade social: “Há algumas décadas, na Europa, expandiu-se seu uso para fins.. sociais,

(grifos nossos). b) Em observância ao princípio da impessoalidade, a Administração não pode atuar com vistas a prejudicar ou beneficiar pessoas determinadas, vez que é

Este trabalho tem como objetivo contribuir para o estudo de espécies de Myrtaceae, com dados de anatomia e desenvolvimento floral, para fins taxonômicos, filogenéticos e

Pinturas, depilatórios, unguentos mamilares, colorantes para o cabelo e até pomadas à base de vidro em pó (que, aparentemente, permitiam simular a virgindade) (Braunstein, 1990),

Considerando esses pressupostos, este artigo intenta analisar o modo de circulação e apropriação do Movimento da Matemática Moderna (MMM) no âmbito do ensino