LUÍS
CARLOS
STOEBERL
PRESENÇA
DA
PROTEÍNA
ps3
EM
CARCINOMAS
E1>I1›ERMÓn)Es
DE
CABEÇA
E
PEScOÇOz
CORRELAÇÃO
HISTOPATOLÓGICA
E
IMPLICAÇÃO
PROGNÓSTICA
EM
31
CASOS
Dissertação
apresentada
à
Universidade
Federal
de
Santa
Catarina,para
a
obtenção
de grau de Mestre
no
Curso de
Pós-graduação
em
CiênciasMédicas.
Coordenador
do
Curso:
Prof.
Dr.
Armando
D'Acampora
Orientador:
Prof.
Dr. Jovino
dos Santos Ferreira
Co-orientador:
Dr.
Antônio
Carlos
Scaramello
FLORIANÓPOLIS
-Sc
2002
Stoeberl, Luís Carlos.
Presença da proteína p53
em
carcinomas epidermóides de cabeça e pescoço: correlação histopatológica e implicação prognosticaem
31 casos.Luis Carlos Stoeberl. - Florianópolis, 2002.
37p.
Orientador: Jovino dos Santos Ferreira Co-Orientador: Antônio Carlos Scaramello
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina.
Curso de Pós-Graduação
em
Ciências1. Genes p53. 2. Neoplasias de cabeça e pescoço. 3. Prognóstico. 4. Imunohistoquímica; 5. Carcinomas Epiderrnóides.
, 3
Universidade Federal
de
Santa Catarina
_;
Centro
de
Ciências
da Saúde
-É-ef: »
Mestrado
em
Ciências
Médicas
f\
švv
LUSC
JRL
Á
A OBTENÇÃO DO
TÍTULO
DE
ESSA
DISSERTAÇÃO
FOI
JUL
ADEQUADA
PARA
MESTRE
EM
CIENCIAS
MEDICAS
COM
ÁREA
DE
CONCENTRAÇÃO
EM
CLÍNICA
MÉDICA
EAAPROVADA
EM
FORMA
F1NAL
PELO
PROGRAMA
DE
PÓS
ORADUAâÃO
EM
c1ENc1As
MED1cAs
Banca Examinadora:
SUA
/'J Prof. r. / do Jo 'Acampora ~ JCo?
enador oCursor
A
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law
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Prof. r. Femando Medina da
Cu
Membro
'<;Z`‹'¿2E_,
Prof. Dr. João Péricizles da;Silva Júnior
fã
\
Í
/I
Prof r. Newto
M
uco Capella __,_m
/Membro
/ \ Ô\ F1 . José d'Aczfinpora 5'17”
/
Florianópolis, 24 de maio de 2002. . ›__<šCEP
88040-970 Florianópolis -SC
- Brasil Hospital Universitário - Andar Térreo - Campus Universitário'
319150 Fax: (048) 2349744 E-mail: posmed@hu.ufsc.br Telefone. (048) 3
“Não
me
deixe rezar
por
proteção
contra os
perigos,
mas
pelo destemor
em
enƒrentá-los.
Não
me
deixe
implorar pelo
alívioda
dor,
mas
pela
coragem
em
vencê-la.
Não
me
deixe
procurar
aliados
na
batalha
da
vida,mas
a
minha
própria
força.
Não
me
deixe suplicar
com
temor
aflito
para
ser
salvo,mas
esperar paciência
para merecer a
liberdade.
Não
me
permita
ser
covarde, sentindo
sua
clemência
apenas
no
meu
êxito,mas
me
deixe
sentir
a força de sua
mão
quando
eu
cair”.Rabindranath
Tagore
Colhendo
Frutos
AGRADECIMENTOS
A
Leila Macielda
Costa,minha
noiva, pelacompreensão
e cumplicidadede
idéiasque
contribuíramem
muito para a finalização deste trabalho.Aos meus
pais,que
são os grandes incentivadoresde
minha
carreiramédica
eetema
fonte de apoio.Ao meu
orientador, Dr. Jovinodos
Santos Ferreira, pela disponibilidade, paciência,amizade
e pelaopornmidade proporcionada
paraa
iniciação científicaAo
Dr. Antônio Carlos Scaramello, co-orientador,amigo
e conselheiro.Ao meu
colegade
trabalho, oncologista Dr.Marcus
Eduardo
Müller,sempre
disponível para orientar e tratar
meus
pacientesnos
momentos
deminha
ausênciaAo
Dr. Carlos Bacchi e Dr. HercílioFronza
pela sua importante participaçãona
avaliação histopatológica dos casos estudados.Ao
Dr. Ricardo Polli, radioterapeutado
Hospital MunicipalSão
Joséde
Joinville,que
criou as condições para obtençãodo
materialde
pesquisado
Serviçode Oncologia
do
referido hospital.À
equipede
fimcionáriosda
Oncoclínica Jaraguá, pelosmomentos
de
amizade,incentivo e auxílio de pesquisa e digitação.
A
ÍNDICE
RESUMO
... ... ... ..v¡SUMMARY
... ... ..v¡¡INTRODUÇÃO
... ... ..sOBJETIVO
... ... ... ... ...12
MÉTODO
... ...13
RESULTADOS
... ... ... ...-..17DISCUSSÃO
... ... ... ... ... ..zsCONCLUSÃO
... ... ... ... ...31REFERÊNCIAS
... ... .-- ... ..s2NORMAS
ADOTADAS
... ... ..3õAPÊNDICE
... ..37V
RESUMO
Introdução:
A
mutação
do
gene p53
é a alteração genéticamais
freqüentemente detectadaem
tumoresde
cabeça e pescoço,sendo
fundamentalem
sua carcinogênese.Porém, o
significado clínico ea
correlação histopatológica desta alteração aindanão foram
elucidados.
Objetivo: Estudar
a
taxade
expressãoda
proteínap53 no
serviçode Oncologia
do
Hospital MunicipalSão
Joséde
Joinville/SC e seu significado prognósticoe
correlação histopatológica.Método:
Realizou-se,em
31 casosde tumores
da
regiãode cabeça
e pescoço,um
estudo tipo coorte retrospectivo, entre agostode 1996
e agostode
1997,do
serviçode Oncologia
do
Hospital MunicipalSão
Joséde
Joinville/SC.A
mutação
do
gene
p53
foi pesquisadaatravés
da
expressãoda
proteínap53 por
imunohistoquírnicaem
carcinomas epidermóides de cabeça e pescoço.Resultados:
A
expressãoda
proteinap5
3 foi encontradaem
74,2%
dos
casos. Utilizando- seo
teste exatode
Fishernão
se detectou correlação entrea
presençade p53
ea
graduação histopatológica(WHO),
com
p>0,05. Considerando-se os pacientesem
estadio III e IV,a
sobrevida global
média
do
grupo p53
positivo foide
11,87 meses, jános
pacientesp53
negativo foide
30,28 meses, diferença estatisticamente significativzgcom
p<0,005.A
sobrevida
média
em
02
anostambém
foimelhor
em
pacientesp53
negativos(57,1%
vs6,25%),
com
valorde
p=0,006.Conclusão: a
taxada
expressãode p53
neste estudo foide 74,2%,
sem
estabelecer-secorrelação entre a presença
da
proteinap53
ea graduação
histopatológicaA
expressãoda
proteína
p53
em
carcinomas epidermóidesde cabeça
epescoço
parece influenciar a sobrevida global,porém
estudoscom
maior
número
de
casose
controlede
variáveiscomo
graduação histopatológica e modalidades
de
tratamento são necessários.Palavras-Chaves:
Genes
p53;
Neoplasiasde cabeça
e
pescoço; Prognóstico;Imunohistoquímica;
Carcinomas
epidermóides.
SUMMARY
Introduction:
p53 gene
mutation is themost fiequent
genetic disturb inhead and neck
cancer with an important role in carcinogenesis.
However,
the clinical relevanceand
histopathological correlation
of
this alteration is not clear.Objective:
To
study the rateof p53
protein expression in theOncology
Unit ofSão
JoséHospital in Joinville/SC, its prognostic
and
histopathological correlation.Method:
Itwas
a
retrospective coorte study,where
we
analysed 31 casesof head and neck
tumors
from August
1996
toAugust
1997.The
caseswere
treated atSão
José Hospital in Joinville/SC.p53
mutationwas
indirectly searched through the hiperexpressionof p53
protein with
immunohistochemical
analysis inhead and neck
squamous
cell carcinomas. Results:The
rateof p53
hiperexpressionwas
74,2%.
We
could not detectany
correlationbetweai p53
protein expressionand
histopathological grading(WHO)
using Fishers' exacttest (p>0,0S). In the
group of
patients with clinical stage IIIand
IV, the overall survivalwas
11,87months
inp53
positive casesand
30,28months
in thep53
negative ones(p<0,005).
The
2
years survivalwas
also better in thep53
negative patients(57,l%
vs 6,25%), withp
valueof
0,006.Conclusion:
The
rateof
p53
hiperexpression inhead and neck
carcinomaswas 74,2%
withoutany
established correlationbetween
this alterationand
histopathological grading.The
presenceof
p53
protein inhead and neck
squamous
cell carcinomasmay
be a
factor that influences the overall survival, but others studies witha
largernumber
of
patientsand
control of histopathological grading
and
treatments modalities are warranted.Key
Words: p53
genes;Head
and
neck
neoplasm;
Prognostic;Immuno-
histochemistry;Squamous
cellcarcinomas.
1
INTRODUÇÃO
O
câncer de cabeça e pescoço,segundo DeVita
et all, inclui ostumores de
cavidade nasal, seios paranasais, nasofaringe, cavidade oral, orofaringe, hipofaringe, laringe e glândulas salivares.Este conjunto de
tumores
constituiu-sena
quarta causamais
freqüentede
câncer,tendo
como
baseo
percentualde
pacientesem
atendimento oncológico ambulatorialno
Brasilno ano de
2000.Quando
se considerousomente o
sexo masculino, foia
segunda
neoplasia
em
freqüência, superada apenas pelos atendimentos por câncerde
próstata Estequadro
estatísticopermaneceu
semelhantena
região Suldo
país.Quando
considerado especificamenteo
Estadode
Santa Catarina, estafonna de tumor
passoua
sero
terceiroem
freqüência
de
atendimentos ambulatoriais,passando
parao
segundo
lugarquando
se analisousomente
o sexo masculinoz.A
mutação do gene p53
foia
alteração genéticamais
freqüentemente detectadanos
tumores de
cabeça e pescoço, contribuindo ativamente parao
processode
carcinogêneseem
associaçãocom
o
tabagismoa. Assim, estabeleceu-se o papeldo gene
supressorde
tumores p53
na
oncogênese
dos cânceresde
cabeça e pescoço,porém
o
significado clínicoe
a
correlação histopatológica desta alteraçãonão foram
ainda elucidados 4._
O
gene p53
éum
gene
de
supressão tumoral localizadono
braço curtodo
cromossoma
17, constituindo-sede
ll exons,10
introns e393
codons.Sua
mutação
foirelacionada
à
carcinogênesede
vários tiposde
câncer incluindo as linhagens epitelial,mesenquimal,
hematopoiética,bem
como
tumores
do
sistema nervoso central.A
proporçãodesta
mutação
foi variável dentre as neoplasias,porém
nunca
atingiu100%.
Portanto,não
parece seruma
etapa obrigatóriana oncogênese
5.A
maioria dasmutações
somáticasdo gene
p53
constitui-sede
substituiçõesde
uma
base nucleotídica(mutação
em
ponto), resultandona
alteraçãode
um
aminoácido
na
proteinap53 (mutação
missense).Podem
ainda ocorrer anormalidadesna
formação do
RNAm,
término prematuroda
transcrição nuclear(mutação
nonsense) e deleções intragênicas (fiameshifts). Estasmutações
estão distribuídas atravésdos numerosos
9
codons,
porém
a
maioria estáconfinada a
quatro regiõesdo
gene
conservadas durante aevolução, localizadas nos exons 5
a
8.Dentro
destas regiõeshá
quatrocodons
hot spotsque correspondem
juntos aaproximadamente
30%
dasmutações do
gene.O
resultado funcional destasmutações
é ainativaçãodo
gene
5.A
proteina p53,composta
por393
aminoácidos,tem
quatro regiõesde
diferentesfunções.
Na
porção N-terminalhá o domínio de
transativação, importantena
ativaçãode
certos genes específicos,
como
o mdrn2.Na
região centralda
proteina existeo domínio de
ligação
com
o
DNA
Jána
porção C-terminalhá
o domínio de
tetramerização responsável pelaformação de
tetrâmerosda
proteína p53,que
ésua forma
ativa.E
aindana
porção
C-
terminal
há
um
domínio
regulatórioque
influencia negativamenteo domínio
centralde
ligação ao
DNA”.
Em
células normais o nivelde
proteínap53
é baixo,com
meia
vidade
aproxidamente
20
minutos, e usuahnente indetectávelpor
imunohistoquímica.Porém, a
proteina
p53
com
substituiçãode
um
aminoácido
tem
meia
vidamuito mais
longa,fazendo-se presente
em
altos niveisna
célula e, consequentemente, pennitindo suadetecção pela
imimohistoquímica Assim,
esta técnicademonstra
uma
evidência indiretada mutação
do
gene
p535.Além
da mutação,
defeitosna
viade
degradação e ligaçãoa
outras proteínas
podem
aumentar a meia
vidada
proteínap53
12.Em
pacientescom
aSíndrome
de
Li-Fraumeni
há
uma
predisposiçãoao
inicioprecoce
de algumas
fonnasde
câncerdevido
ao fatode
um
alelodo
gene p53
ser inativado jána
linhagem
germinativa Assim,somente
um
alelo necessitade mutação
somática paraque
a célula escapeda
atividade supressorade
tumor
da
proteína p53.Em
indivíduosnormais
desenvolvendo
um
tumor
esporádicoambos
os alelosp53
devem
ser inativadosna
mesma
célula pormutação
somáticas.Estudos
em
câncer de cabeça epescoço
e suas linhagens celularestêm
sugeridoque após a
mutação de
um
alelodo
gene
p53,o
aleloprimitivo restante é excluído resultando
no
fenótipo mutante”.A
proteinap53
também
pode
ser inativada pela ligaçãocom
as proteinasdenominadas
EIB
de
adenovírus eE6
de
papilomavírus, rnimetizandoo
efeitode
uma
mutação
gênica 5'°.A
funçãonomial
de gene
p53
também
pode
ser alterada pelaamplificação
do
gene
MDM2
localizadono cromossoma
12q
ocorrendo freqüentementeA
proteínap53 normal
liga-se a seqüências específicasdo
DNA
e regula a transcrição nuclearde
genesda
proximidade,como
o
p2l/WAFI/CIPI.
A
proteína p21,por
sua vez, inibe quinases dependentesde
ciclinaque
são proteínasque
controlam aentrada
no
ciclo celular. Assim, ofuncionamento normal da
proteinap53
permite aexpressão
de p2l
que
freia a progressãodo
ciclo celular,mecanismo
esse totalmenteperdido
quando
ocorrea mutação do gene
p53, levandoa
uma
divisão celularpermanente
e descontrolada, característica das células neoplásicas.A
proteína conhecidacomo
p21
também
inibea
funçãode
uma
proteína conhecidacomo
antígenode
proliferação nuclearcelular
(PCNA)
que
estimulaa
replicação eo
reparode
DNA.
Portanto,em
vezde
constituir apenas
um
componente
deuma
viada
proliferação celular, op53 ocupa
um
papel cmtral neste
mecanismo
complexo de
interações 5.A
morte
celularprogramada
(apoptose)pode
ser induzida pela proteínap53 normal
que
também
impede
a
transiçãoda
faseG1
paraS
no
ciclo celular.O
descansona
faseG1
otimizao
tempo
para reparodo
DNA,
reduzindoo
dano
que
é convertidoem
mutações
fixas. Assim,
o
p53
não
mutado
previnea
aquisiçãode mutações sendo denominado de
guardiãodo
genoma.
Uma
via altemativa para prevenirmutações
é permitirque
célulascom
dano de
DNA
entrem
em
apoptose 5.O
gene p53
primitivopode
ser ativado pelogene
pl4, radiação ultravioleta e outras radiações ionizantes, hipóxia e fatoresde
crescimento. Esta ativaçãopode
ocorrerpor
fosforilação, acetilação
ou
retardona
degradaçãoda
proteína”.Sabe-se
que o
tipode mutação do gene
p53
é influenciado por carcinógenos exógenos,como
o
benzopirenodo
tabaco.Mesmo
baixos níveisde
exposiçãoinduzem
mutações
no
gene p53”.
Tomou-se
claroque
uma
das vias pela quala
radioterapia e quimioterapiaexercem
seu efeito anti-neoplásico é através
da
induçãode
dano
ao
DNA,
iniciandoem
seguidaa
apoptose.
As
célulascom
mutação p53
tornam-se, portanto,menos
responsivas a estesagentes terapêuticos. Já
tumores
quimiossensíveiscomo
neoplasias testiculares,tem
uma
proporção
muito
baixade mutação do p53
5. Isto constituiuma
base teórica para futurall
O
p53
regulaa
expressãoda
trombospondina-1,uma
proteínaque
servecomo
um
sinal para suprimir
a
angiogênese.Quando
o p53
é inativado,a
expressãoda
trombospondina-1 é reduzida,o
que
leva ao desenvolvimentode novos
vasos sanguíneos 5.Há uma
verdadeira explosãode
informações relacionadas às funçõesdo gene
p53.Os
estudos destegene
ede
sua proteínalevaram a
avançosna
compreensão da
carcinogênese,
do
ciclo celular,da morte
celular programada,da
resposta aodano do
DNA,
da
quimiorresistência eda
angiogênese 5.Em
análisesde
sériesde
neoplasiasde
cabeça e pescoço,o gene
p53
mutante
ocorreem
uma
freqüênciade 42-60%.
Estamutação
pode
ser detectada indiretamentepor
técnicade
estudoimunohistoquimico
usando-se anticorposmonoclonais
anti-proteinap53
em
amostra
teciduaisda
neoplasiaA
análise diretada
mutação
no
DNA
das célulaspode
serrealizada mediante
a
técnicade
PCR-SSCP
(single-stranded conformationalpolymorphism) que
detectamutações
em
áreas definidasdo
DNA
como
variantesde
mobilidade eletroforética
ou
seqüenciamentodo
DNA
3'4*5'6'l°.Este trabalho focaliza-se
na
taxade
expressãoda
proteínap53
atravésde
técnicade
imimohistoquímicaem
31 casosde
carcinomas epidermóidesde cabeça
e pescoço.2
OBJETIVO
Analisar a taxa
de
expressãoda
proteínap53
nos
31 casosde
carcinomas epidermóidesde cabeça
e pescoçono
serviçode
Oncologia
do
Hospital MunicipalSão
José de Joinville/SCem
relaçãoà
sobrevida,em
particularno
estadio clínico III e IV.3
MÉTODO
Tratou-se
de
um
estudo tipo coorte retrospectivo,onde foram
analisados todos os82
pacientes registradoscomo
casosnovos de tumores
(malignosou
não)de
cabeça epescoço
do
Serviçode Oncologia do
Hospital MunicipalSão
Joséde
Joinville/SC,no
período
de
agostode 1996
a agostode
1997.A
coletade dados a
respeitoda
sobrevidaglobal foi realizada através
da
análisedos
prontuários dos pacientes e informações obtidasdos próprios pacientes
ou
familiares,com
aprovaçãodo
Comitê de
Éticada
UFSC.
Estabeleceram-se
como
critériosde
inclusão parao
estudoda
expressãoda
proteinap53:
a) diagnóstico histopatológico
de carcinoma
epidermóide;b) localização
dos tumores
conforme
Classificação Intemacionalde
Doenças
(CID-10,décima
revisão)l2:- cavidade oral: base
de
línguaCOI,
outras partesda
línguaC02,
gengivaC03,
assoalhode boca C04,
palatoC05,
outras partesda boca C06.
- faringe:
amigdala C09,
orofaringeC10,
nasofaringeCll,
seio piriformeC12,
hipofaringeC13.
- laringe
C32.
- glândula parótida
C07.
c) data
do
diagnóstico histopatológico entre 01de
agostode 1996
e 31de
agosto de1997.
d) presença
de
prontuário para coleta dos dados.e) casos
com
blocosde parafina
disponíveisnos
Laboratóriosde
PatologiaOs
tumoresforam
estadiadosconforme American
JoinCommittee on
Câncer
(AJCC)
que
designou o estadiamento baseadona
classificaçãoTNM
( T-tumor,N-
linfonodos, M-metástases
a
distância)1.Os
casosforam
registradosem
protocolodenominado
CCP
(CÂNCER
DE
CABEÇA
E
PESCOÇO)
2001 (Apêndice
1).Foram
adotadoscomo
critériosde
exclusão:a) entidades patológicas
da
regiãode cabeça
e pescoçoque não
carcinomasepidermóides.
b) localização
do carcinoma epidermóide nos
lábiosou na
peleda
regiãode
cabeçae pescoço.c) carcinomas epiderrnóides
de cabeça
epescoço
com
diagnóstico histopatológicoanterior
ou
posterior ao período entre 01de
agostode 1996
e 31de
agostode
1997. d) casossem
prontuários disponíveis para análise.e) ausência
de
neoplasiano
bloco histopatológico examinado.t) casos
com
impossibilidadede
localizaçãodos
blocosde parafina nos
Laboratóriosde
PatologiaUma
amostra de tecido neoplásico fixadoem
formol eembebido
em
parafina
obtidoatravés
de
biópsiaou
intervenção cirúrgica terapêutica foi fornecido pelos laboratórios de anatomia patológicada
cidadede
Joinville/SC.Essa amostra
tecidual foi analisada quanto ao graude
diferenciação turnoralobedecendo à graduação da
World
Health Organization(WHO)
em
graus I a III 13, pela coloração hematoxilina-eosinaO
diagnósticohistopatológico foi relatado
por
dois patologistas independentes (Dr.Antônio
CarlosScaramello
-
Jaraguádo
Sul/SC
e Dr. HercílioFronza
-
Joinville/SC) e os casos divergentesforam
avaliados porum
terceiroem
serviço referencial (Dr. Carlos Bacchi-
Botucatu/SP).
A
pesquisada
proteína nuclearp53
foi detectada atravésda
técnica deimuno-
histoquímica utilizandoo
complexo
avidina-biotina-peroxidase(ABC)
com
modificações”.
Os
tecidosfixados
em
formalina e incluídosem
parafina foram
cortadosem
3 micrasde
espessura emontados
em
lâminasde
vidro previamente preparadascom
o
adesivo poli-D-lisina®
(Sigma Chemical
Corporation, P-7886, Saint Louis,MO,
EUA)
para evitar
o
descolamento dos cortes durante a imunocoloração.Em
seguida, os cortesforam
desparafinizadosem
xilolpor
5minutos
(3 banhos), hidratadosem
álcool etílicoabsoluto (4 banhos) e lavados
com
solução salinatamponada
(SST) por
5 minutos, para bloqueioda
peroxidaseendógena
A
seguir foi utilizadoo
método
de
recuperaçãode
15
epítopos pelo calor (Solução Salina
Tamponada
de
citratocom
pH
6,4 por 15minutos
em
fornode microondas
caseiroSHARP
®,
modelo
InteractiveTouch
On
a900W).
No
próximo
passo, os cortesforam
incubadoscom
o
anticorpomonoclonal
primárioDO-7
anti-proteína
p53 (Dako
Corporation, Carpinteria, Califórnia,EUA)
na
diluiçãode
l:300em
média
por
16 horas, incluindo o períodonotumo.
No
dia seguinte, apóslavagem
em
Solução SalinaTamponada,
os cortesforam
incubadoscom
anticorpo secundáriobiotinilado anti-IgG de
camundongo na
diluiçãode
12300®
(Vector Corporatiom, Burlingame, Califómia,EUA).
A
seguir, realizou-se incubação por45
minutoscom
complexo
avidina-biotina-peroxidase (Vector Corporation, Burlingame, Califórnia,EUA)
na proporção de
uma
gotado
reagenteA
(avidina) euma
gotado
reagaiteB
(biotina ligadaà
peroxidase)na
diluiçãode TRIS. Para
identificaçãoda
reação, os cortesforam
tratadoscom
soluçãode
DAB
(3-3)-tetrahidrocloretode
diaminabenzidinana
concentraçãode
lmg/ml
de
soluçãotampão
de
TRIS
e soluçãode
peróxido de hidrogênio por 5 minutos.Os
cortesforam
então contra-coradoscom
verde metilapor
5 minutoscom
posterior desidrataçãoem
banhos de
álcool etílico absoluto (5 banhos) e xilol (3 banhos).Todos
ospassos
da
reação imuno-histoquimicaforam
realizadosà
temperatura ambiente,com
exceção
da
incubaçãono
fomo
de
microondas. Entrecada
passoda
reação as lârninasforam
lavadas várias vezescom
Solução SalinaTamponada
(pH=7,4).Como
controle positivo foi utilizadocarcinoma
epidemióide previamente testado para expressãoda
proteína p53. Esta técnica histopatológica foi realizadano
Centro de Consultoriaem
Patologia e Imuno-histoquímica Dr. Carlos Bacchiem
Botucatu/SP.A
porcentagem de
células positivas para a coloração
empregada
foi reportada, e semenor
que
5%,
o
caso foiconsiderado negativo para presença
de
proteínap53".
Assim
estabeleceram-se doisgnipos
de
pacientes:a)
grupo
1: presençada
proteina p53.b)
grupo
2: ausência de proteína p53.A
variável de interesseno
estudo foia
verificaçãoda
expressãoda
proteínap53
em
célulasde
amostrasde
tecido neoplásico atravésda
técnicade
imunohistoquimica utilizando-secomo
escalade
medida
a porcentagem de
células coradas pela referida técnica3.1 -
Análise
Estatística
Para a análise
da
sobrevida globalmédia dos grupos
1 e2
(com
esem
expressãoda
proteína p53, respectivamente), foi utilizada a
comparação de médias
independentescom
teste de significância baseando-se
em
distribuiçãode
t eno
testenão
paramétricode
Marm-
Whitney.A
significância estatística foi indicada para valoresde p menores
que
0,05.No
estudode
associação histopatológicacom
a
mutação
do
gene
p53, foi realizadoo
teste exatode
Fisher considerando-se diferença estatísticapara
valorde p
menor
que
0,05.
Foram
calculadas as proporções de mortalidadeem
O2
anosnos
gruposcom
esem
a
mutação p53
ecomo
medida
de
efeito foi utilizadoo
risco relativo (RR). Foi utilizadoainda
o
testede
diferença entreduas
proporções independentesbaseado na
curvanormal
e4
RESULTADOS
Foram
identificados 31 casosde
carcinomas epidermóidesda
regiãode
cabeça epescoço
a
partirdo
registrode
pacientes oncológicosdo
Serviçode Oncologia
do
HospitalMunicipal
São
Joséde
Joinville/SC,no
periodode
agostode 1996 a
agostode
1997.Destes 31 casos,
27
foram
do
sexo masculino e04
feminino (6,711).Distribuição
dos casos
segundo
o sexo
I
MasculinoI
FemininoFigura
l~ Distribuiçãodos
casosde
carcinomas epidennóides de
cabeça
epescoço
elegíveissegundo o
sexo.A
idademédia
foide
57,9 anos, variandode
2l a87
anos.Conforme
a topografia da
lesão primária, os tumoresforam
classificadossegundo
atabela 1.
A
topografia
da
faringe incluiu tumoresde
orofaringe, hipofaringe e nasofaringe.Tabela
l - Distribuiçãotopográfica
dos 31 tumores primáriosde
órgãosda
cabeça epescoço
analisáveis. ,Cavidade
oral Faringe Laringe Parótida09
1407
0129%
45%
23%
03%
Total H31
100%
Os
tumores
foram
estadiadosconforme
American
JoinCommittee
on
Cancer
(AJCC)
que
designouo
estadiamentobaseado
na
classificaçãoTNM.
Tabela
2-
ClassificaçãoTNM
(AJCC)
dos 31 pacientescom
carcinomas epidermóidesde
cabeça epescoço
elegíveis.O
0%
08
26%
1342%
IV
1032%
a==- Total31
100%
A
tabela 3mostra
asmodalidades
terapêuticasa que
os pacientesforam
submetidos.Tabela
3
-Abordagem
terapêutica instituídanos
31 casos analisadosde
carcinomasepidemióides
de
cabeça e pescoço.Radioterapia exclusiva l0 Cirurgia
+
Radioterapia09
Radioterapia+
QuimioterapiaO8
Quimioterapia exclusiva03
Suporte 01 Total31
O
tabagismo foidemonstrado
em
73,7%
dos casos.0
tabagismo associado aoetilismo foi encontrado
em
57,9%
dos
casos.A
sobrevida globaldos
31 pacientes analisados foi calculadaa
partirda
datado
diagnóstico anátomo-patológico até
a
datado
óbitoou
último contatocom
o
paciente e/oufamiliar realizado
por
telefoneem
janeiro de 2002.A
sobrevida globalmédia
foide
25,7 meses, variando entre 01a
64
meses.19
70
Iiano
í__
I2auos
I3auos
ii'
I5auos
Sobrevida GlobalFigura 2 - Evolução da sobrevida global dos 31 casos analisados de
carcinomas epidermóides de cabeça e pescoço analisados
por periodos de tempo.
Considerando o
graude
diferenciação histopatológica, ostumores foram
classificadosem
graus I, ll e 111segundo
World
Health Organization(WHO),
sendo grau Ios
tumores
bem
diferenciados, grau II osmoderadamente
diferenciados e grau 111 ospouco
50/
45/
IIIIí
cimo
mi:DIFERENCIAÇÃO
Figura 3 - Classificação dos 31 tumores de cabeça e pescoço quanto â
graduação histopatológlca da World Health Organization
(wno).
Dos
31 casos analisados,em
23 (74,2%)
foi detectadaa
presençada
fosfoproteina nuclearp53
por técnicade
imunohistoquímica. Assim:O a)
grupo
1:p53
positivo-
23
casos - 74,2Á›21
A
tabela4
mostra a relação dos casos analisados e os resultados correspondentesao
graude
diferenciação histopatológica, expressãoda
proteínap53
e a sobrevida global.Tabela 4
-
Relação dos 31 casos quanto ao grau histopatológico, presençaou
ausênciada
proteína
p53
e sobrevida global(SG)
em
meses
Caso
p53
SG(meses)
01 -23
02
-46
03
+
04
04
+
1305
-28
06
+
09
07
+
1208
- 1409
60
1006
1 1 10 1228
1358
1422
15 - 51 16+
02
17+
22
18 - 01 19 1020
62
21 1822
46
23
-49
24
+
15 2 5+
07
26
-55
27
64
23
22
29
1130
24
31O5
-=EE~E-=EE=~=~=~=====~=~=E=~=§ 1:' +++++ ++++ ++++++A
sobrevida globalmédia
dos pacientesem
todos os estadios clínicoscom
p53
positivo (grupo 1) foi
de 23,04 meses enquanto nos
casosp53
negativo (grupo 2) esta taxafoi
de
33,37 meses.A
diferença de 10,33meses
entre osgrupos não
atingiu diferença estatisticamente significativa,com
p<
0,25 (p=0,22
pelo testede
Mann-Whitney
).Já
nos
pacientescom
estadio clinico III eIV
com
presençada
proteína p53, asobrevida
média
foide
11,87 meses,enquanto
no
grupo p53
negativo esta taxa foi de 30,28meses, diferença estatisticamente significativa,
com
p
menor
que
0,005.A
sobrevidade
02
anos para todos os estádios clínicos foide
30,4%
parao
grupo
com
p53
positivo ede
62,5%
para os pacientescom
ausênciade
expressãoda
proteínap5
3,com
RR
de
2,05 (0,9l - 4,66).O
valorde p
paraa
diferença entre estas proporções foide
0,10. Analisando-se
somente
os casoscom
estadio clínico III e IV, encontrou-se sobrevidade
02
anosde
57,1% no
grupo p53
negativo e6,25%
nos
pacientescom
presençade
proteína p53, diferença estatisticamente significativa
com
valorde
p=0,006.Utilizando-se
o
teste exato de Fisher,não
se detectou correlação entre a presençade
p53
e agraduação
histopatológica, encontrando-se valoresde
p>0,05.A
tabela 5 mostrao
graude
diferenciação tumoral(WHO)
conforme
a presençada
proteína
p53
porimunohistoquímica
Tabela 5
-
Classificação dos 31 casosde carcinomas
epidermóidesde
cabeça e pescoçoconfonne
graude
diferenciação histopatológica(WHO)
e presençada
proteínap53.
Grau
I(%)
Grau
II(%)
Grau
III(%)
Total(%)
ps3
(+)zgmp<›1
oó(2ó)
11 (48)oõ(2ó)
23 (100);# 'W K z. ,o " -_ .'_ .-'
¿
É
.;,
‹‹¡""_':Í_ ty ~ fz-f;~›¬~'~« ~1%
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. ..~!Pf1 5 ¡ «P ' ' *Óxx'
q« ›fd
Ê 7 ., _, _ z‹_s¿*' l' ` _ šfvíílLê;
1 ¢ .-Figura 6
-
Corte hhtopatológlco de carcinoma de cabeça e pescoçocom
coloração Imuno-5
DISCUSSÃO
Os
carcinomas epidermóidesde
cabeça epescoço
sãouma
dasformas mais
comuns
de
câncerno
homem,
com uma
incidência globalde 500.000
casospor
ano”.Apesar
dasvárias intervenções terapêuticas, incluindo cirurgia, radioterapia e quimioterapia,
a
sobrevidaem
5 anos para esta enfermidade teveuma
melhora
apenas marginal nasduas
úiúmzs
àézzàzz 1°.A
classificaçãoTNM
para estes tumores, apesarde
extensivamente utilizadana
prática clinica, está associada
a
uma bem
reconhecida dificuldadeem
predizera
evoluçãoclínica dos pacientes.
Não
raramente,tumores
com
similaridadesno
estadiamento baseadoem
seutamanho
e sítios metastáticos nodal e à distância, diferemdramaticamente
no
seucurso clinico e resposta
à
terapia instituídaConseqüentemente,
fatores biológicosdesconhecidos
devem
contribuirna
determinaçãoda
agressividadedos tumores
em
cada
indivíduo.
A
identificaçãode
tais detemiinantes celulares constituiriaem
grande vantagem
no
sentidode
predizero comportamento
biológico das neoplasiashumanas.
Recentemente,o
interesse recaiu sobrea
expressãode
proto-oncogenes, genes supressoresde tumores
eoutros marcadores
como
potenciais fatores prognósticos 17.Este trabalho analisou
a
expressãoda
proteínap53
em
carcinomas epidermóidesde
cabeça e pescoço, atravésde
imunohistoquímica.Em
nossa casuísticaforam
analisados 31casos
que preencheram
os critériosde
inclusão. Nestes 31 casos,a
prevalência foimaior
em
pacientesdo
sexo masculino (6,711) (Figura 1). Logullo et al, analisando63
casosem
São
Paulo encontrouuma
taxade
4,6:1l8.A
diferençaem
incidência, favorecendoo
sexomasculino,
pode
ser expressiva (17,6:1)como
relatadopor
Lavieille et alna
França”
ou
de
2,211em
traballio realizadopor Mineta
et alna
Suécia 2°.A
idademédia dos
pacientesao
diagnóstico foide
57,9 anos, variando entre 21a 87
anos.
O
pacientede
21 anos era portadorde carcinoma de
nasofaringe. Este perfil etário foisemelhante ao encontrado
na
literatura "'2l'22' 23” 24 '25 '26 37.Com
relaçãoà topografia o tumor mais
freqüente foida
faringe(45%)
que
incluiusendo
que
Lavieille et al encontrou83%
de tumores
na
faringe”,Ma
et al58%
também
na
faringen.
Nagai
et al, analisaram90
casosde
carcinomas epidermóides primáriosde
cabeça e pescoço
em
São
Paulo (HospitalAC
Camargo)
e encontraram51%
das lesõesem
cavidade oral”. Já
Tamás
et alverificaram
que
76,5%
dos seus 51 casosde tumores de
cabeça e pescoçona Hungria
encontravam-sena
laringe 23.O
estadiamento clínicoTNM
(AJCC)
era Illou IV
em 74%
dos casos enenhum
paciente analisado neste estudo esteve
no
estadio I (Tabela 2).Gapany
da
Universidadede
Cincirmati” encontrou,
na
sua casuística,85,2%
dos
pacientesem
estadio IIIou
IV.Em
Freiburg,
Alemanha,
Ma
et alvenficaram que
entre48
casosde tumores de
cabeça epescoço,
87,5%
foram
diagnosticadosem
faseavançada de
evolução”.O
tabagismo eetilismo, carcinógenos sabidamente implicados
na
cancerizaçãoem
campo
do
tratoaerodigestivo alto”, são freqüetemente encontrados nestes pacientes.
Em
nosso estudo,73,7%
dos pacientessomente
fumavam
e57,9%
consumiam
álcool e tabaco.Mesmo
baixos níveis
de
exposição ao cigarroinduzem
mutações do gene
p5328. Portanto,o
diagnóstico
da
doença
em
fases avançadas parecedepender de
detemiinantes biológicos,sociais e ambientais.
A
sobrevida global dos 31 pacientes neste estudo, independentedo
statusde
p53,foi
de
25,7 meses.Em
um
ano,67,7%
dos
pacientesestavam
vivos,sendo que
esta taxacaiu para
38,7%
em
dois anos esomente
9,7%
em
5 anos (Figura 2). Esta constataçãode
baixa sobrevida global
em
5 anos,quando comparada
à
literatura, refletiu basicamenteo
estadio
avançado
em
que foram
diagnosticados ostumores
em
nossa casuística (Tabela 2).A
expressãodo gene de
supressão tumoralp53
tem
sido extensivamente estudadaem
carcinomasde
célulasescamosas de cabeça
e pescoço.A
proteínap53
tem
demonstrado
um
importante papelda manutenção
da
integridade genômica, suprimindo areplicação celular após
dano
aoDNA,
permitindo, assim,tempo
parao
reparo tecidual.A
expressão
da
proteínap53
foi verificadaem
carcinomas epiderrnóidesde
cabeça e pescoçonuma
taxa variando entre23%
a86%,
com
média
aproximada de
50%.
A
mutação
do
gene
p53
resultaem
uma
proteína alterada,com
meia
vidamais
longa, pemiitindoa
detecçãoindireta
da
mutação
genética por coloração imunohistoquímica,que demonstra
reatividade nuclear”. Estamutação
também
é encontradaem
outros tiposde tumores como:
pulmão
(70%), estômago
(45%),mama
(30%),
cólon(65%),
linfoma (30%), esôfago(44%),
bexiga(61%),
leucemias(10%)
17.27
Em
nosso
estudo, a expressãoda
proteínap53
mutada
foi considerada positivaem
23 de
31 casos,ou
seja,74,2%.
Em
mn
estudo brasileiro publicado por Logullo et alem
1997,
foram
analisados63
espécimesde tumores de cabeça
e pescoço, sendo encontradopositividade para
p53
em
30
casos(48%)
atravésde
imtmhistoquímica, utilizandoo
anticorpomonoclonal
D07
-
DAK018.
Nagai
et al,também
no
Brasil, analisaram90
casosde carcinoma
epidennóidede
cabeça epescoço
utilizandoa
técnicade
PCR-SSCP(
protein chain reaction~
single-stranded conformaitonalpolymosphism)
e verificoumutação
do
gene p53
em 53%
dos casos”.Na
Europa,mais
especificamente, Hungria, Tarnás et alobtiveram
a
taxade
expressão de proteínamutada
de
48,8%
num
estudo retrospectivode
51 pacientes
usando
imunohistoquímica”.Num
estudo sobrea
expressãode p53
eproteínas relacionadas ao stress (I-ISP27 e
HSP70)
em
câncerde
cabeça e pescoço, encontrou-se positividade dep53
em
60%
dos casos por imunohistoquímica”. Assim,o
espectro
de mutação do gene p53 pode
variar entre as populações devido à susceptibilidade genéticaou
exposição ambiental 22.A
imunohistoquímica
éum
método
laboratorialque
identificacom
eficáciaa
mutação
do
gene p53?
Utilizamos estemétodo no
trabalhoem
discussão devidoao
seu difundidouso
na
literatura, baixo custo, reprodutibilidadee
fácil acesso.Geralmente
uma
associação entre a expressão protéica por
imunohistoquímica
e amutação do p53
detectadopor análise molecular é assumida”.
No
entanto,em
carcinomas epidermóidesde
cabeça epescoço
há
evidências emergentesde
uma
discrepâncianos
resultados alcançadospor
estesdiferentes métodos.
Achados
de falsos negativosna
imimohistoquímica poderiam
seratribuídos
a
mutação
em
splices. frameshifis emutações
nonsense,que
levariam a geraçãode
proteinas truncadasnão
detectadas pelométodo.
Ainda pode
haver falsos negativosdevido a hiperfixação,
fixação
retardadaou
processamento inadequado do
tecido, oque
pode
levara
degradaçãoda
proteína p53,não
pemiitindo sua conseqüente detecção.Por
outro lado, os falsos positivospodem
advirde
aumento do
nívelde
proteínap53
primitiva(normal) conseqüente
ao
dano
celularprovocado por
quimioterapiaou
radioterapia. Outrasproteínas
como
o produtodo oncogene
MDM2,
produtosdo
vírusSV40,
EBI
de
adenovírus,E6
do
HPV, podem
ligar-se a proteínap53
inativando sua habilidadede
agircomo
fatorde
transcrição, resultandona
estabilizaçãode
p53
2°.No
estudode Mineta
et alcasosZ°. Já Calzolari et al encontraram
uma
correlação entreimunohistoquímica
ePCR-
SSCP
em
60
de 85
casos(71%)
com
valor de p==0,0013 3°.Vários estudos
tem
implicadaa
expressãoda
proteínap53
como
um
fatorde
prognóstico independente
em
carcinomasde
mama,
estômago, cólon/reto, bexiga epulmão
oat cell.No
entanto,a
relevância clinicada
expressãode
p53
em
câncerde
cabeça epescoço é controversa”.
De
Lunamaneira
geraltumores
exibindoum
acúmulo
de p53 tendem
a serde
altograu histopatológico e
mais
agressivos 19.Mineta
et al, analisando77
casosde
câncerde cabeça
epescoço
verificaram que,em
análise univariada,a mutação
do
p53
detectadapor
PCR-SSCP
está associadaà
sobrevida global reduzidacom
valorde
p=0,00l,sendo
que
em
análise multivariadaa
mutação do p53
ainda consistianum
forte fatorde
risco paraa
sobrevida”.Num
estudo sobre angiogênese tumoral emutação
p53, estamutação
relacionou-secom
menor
sobrevida global (p=0,003) emenor
sobrevida livrede doença
(p=0,02). Shin et al,no
estudo
de
69
pacientes, verificaramque
a expressãoda
proteínap53
por irnunohistoquímica relacionou-se amenor
sobrevida globalcom
valorde p=0,002
16.Por
outro lado, vários autores2?¬B'25'29'31
não
encontraram correlação entrea
expressãode p53
ou
mutação
do
mesmo
gene por
análise molecularcom
a
sobrevida global.No
presente estudo,a
sobrevidamédia
globaldos
pacientescom
expressãode p53
(grupol) foide 23,04
meses, enquanto nos casosp53
negativos (grupo 2) esta taxa foide
33,37 meses.
A
diferença entre osgrupos
foide
10,33 meses,porém
não
atingiu valor estatisticamente significativo,com
valorde
pmenor que
0,25.Quando
se analisoua
sobrevidaem
02
anos, para os pacientesp53
positivosa
taxa foide 30,4%,
e para os casos negativos,a
taxa foide 62,5%,
com
risco relativode
2,05 (0,9l-4,66IC 95%),
porém
com
valorde
p=0,l0.Apesar de não
estatisticamente significativo,o
estudo revela urna tendência amelhor
sobrevidaem
02
anos para pacientessem
a
expressãoda
proteina p53. Deve-se,no
entanto, considerar
o pequeno
tamanho da amostra
eo
baixonúmero
de
casosp53
negativos (8 casos).
Sabemos
que a
sobrevidados
carcinomasde
cabeça e pescoço estáintimamente relacionada ao estadiamento
no
diagnóstico euma
análise estatística desta29
analisados,
08
pacientes encontravam-seno
estadio clinico 11,sendo
07
no
grupo
I (p53positivo) e 01
no
grupo
2(p53
negativo). Esta variávelnão
balanceada entre os gruposdo
estudopode
ter conferidoaumento da
sobrevida parao grupo
com
presençade p53
(grupo1).
Ao
proceder~sea
exclusãodos
casosem
estadio 11, foi encontrada significativadiferença
na
sobrevidade
02
anos, favorecendoo grupo
com
p53
negativo(57,l%
vs6,25%),
com
valorde
p=0,006. Jána
análiseda
sobrevida global média, agorasomente
com
os casosem
estadio III eIV
(doença locorregionalavançada
sem
metástasesà
distância), os pacientes
com
p53
positivo sobreviveramem
média
11,87 meses, enquantoo
grupo p53
negativo 30,28 meses, diferença estatisticamente significativa,com
p
menor
que
0,005. Assim,
a
presençada
proteína nuclearp53
em
carcinomas epidermóidesde
cabeçaepescoço
pode
constituirum
fator influenciadorna
sobrevida destes pacientes,porém
outrasvariáveis
como
graude
diferenciação tumoral”,método
laboratorialde
pesquisada
proteína
p53
ou
da mutação
do
gene p53
emodalidades
terapêuticas instituídas sãotambém
importantesna
análiseda
sobrevida global. Isto justificaa
realizaçãode
estudoscom
maior
número
de
pacientes,onde
estas variáveispossam
ser controladas eo
realimpacto
da
presençada
proteínap53
possa ser determinado.A
expressãoda
proteínap53
também
tem
sido associada à graduaçãohistopatológica
com
valor prognóstico”.No
entantohá
estudosque deixam de
mostrar esta correlaçãocomo
demonstrado
por Field et al 2°.Neste traballio encontraram-se
35,5%
de tumores grau
I,45,2%
grau II e19,3%
grau III,
segundo
a classificaçãoda
World
Health Organization(WHO)
e independentedo
statusde p53
(Figura 3). Esta distribuição variasegundo
os autores19'29,mas
foi semelhanteentre
o
estudo atual e os casos reportados porMineta
et al.2°.Reithdorf et al evidenciaram
um
aumento da
positividadeda
proteínap53 por
irnunohistoquímica entre grau I para
grau
III, sendoque no
grau Ia
imunoreatividade foimais
restritaa
camada
basal eem
grau III esta reação teve distribuiçãomais
difusa”.Maass
et al analisaram amutação de p53
porimunohistoquímica
e pesquisade
anticorpos séricos pelométodo
ELISA
e encontraram forte correlaçãocom
a graduação histopatológica: quanto mais indiferenciadoo tumor maior a
reatividade parap53”.
O
estudo brasileirode
Logullo et altambém
mostrou
correlação positivacom
o
grauhistopatológico
com
valorde
p=0,O2519.Também
foi relatadoum
estudoem
que
uma
significativa (p=0,09)29. Vários autores,
no
entanto,deixaram
de
demonstrar estacorrelaçãol6”"'l9”2l'2¿23'31'32.
Na
análise dos 31 casos deste trabalho,não
detectou-secorrelação entre
a
expressãode p53
egraduação
histopatológica,com
valorde p maior
de 0,05no
teste exatode
Fisher. Verificou-se,no
entanto,que
todos os06
casosde tumores
grau III expressaram a proteína p53,parecendo
haveruma
tendência apouca
diferenciaçãoem
tumores p53
positivos(Tabela 5).A
contribuiçãode
nosso estudoimunohistoquímico
da
proteínap53 nos
carcinomas epidermóidesde
cabeça e pescoço foide
demonstrar sua taxade
expressãoem
um
Serviçode Oncologia de
Referência paraa Região Norte de
Santa Catarinaque
possuio
único Serviçode
Radioterapia desta Região, importante partedo
arsenal terapêutico destapatologia
Apesar
da
alta prevalênciada
expressãode
p53
em
carcinomas epidermóidesde
cabeça e pescoço, seu significado clinico aindapermanece
controverso e incerto. Sabe-se,no
entanto,que
um
fator importantena
resistênciaa
terapiaem
tumores
recorrentes éa
mutação
do
p53, pois eledesempenha
um
importante papelda
induçãoda
apoptoseem
resposta a agentes genotóxicos
como
a
radioterapia e quirnioterapiau.Bmeado
nesteconhecimento,
Gayly
et al, jáem
1997 mostraram
resultados promissoresde
estudosde
fase I
com
o
agenteOnyx
015,um
adenovínrsque
carreia op53
primitivo e infectamseletivamente células
com
mutação
p53.Os
quimioterápicosdo
grupo dos
taxanes,que
induzem
apoptose poruma
via independente aop5
3,têm
tidobons
resultadosem
tumores
refratáriosa
cisplatina”. Portanto,a
mutação
do
p53 gerando
uma
proteína estruturalrnente alteradapodem,
entre outros, ter significante implicação terapêutica e prognóstica.ó
CONCLUSÃO
A
taxade
expressãoda
proteinap53
aferidapor
imunohistoquímicaem
carcinomas epidermóidesde
cabeça e pescoçono
serviçode Oncologia
do
Hospital MunicipalSão
Joséde
Joinville/SC éde 74,2%.
A
correlação entrea
expressãoda
proteínap53
eo
grau de diferenciaçãohistopa1ológica(WI-IO)
não
é estabelecidaA
presençada
proteínap53
em
carcinomas epidermóidesde
cabeça e pescoçoestadio I]I e
IV pode
serum
fatorque
influenciaa
sobrevida global,porém
estudoscom
maior
número
de
casos e controlede
variáveiscomo
graduação histopatológica emodalidades terapêuticas instituídas são necessários para avaliar
o
real impactoda
1.
7
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