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Territorialidade e religião: movimentos migratórios forçados dos apátridas Rohingya de Myanmar à Bangladesh

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Academic year: 2021

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TERRITORIALIDADE E RELIGIÃO: MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS FORÇADOS

DOS APÁTRIDAS ROHINGYA DE MYANMAR À BANGLADESH12

Rosilandy Carina Candido Lapa3

Victor Augusto Mendes4 Luiz Sales do Nascimento5

INTRODUÇÃO

Migrações forçadas ocorrem por diversas razões e não constituem um fenômeno recente na história humana. Pouco a pouco, a compreensão sobre os motivos que levam pessoas a cruzar fronteiras se ramificou juridicamente e as migrações forçadas motivadas por questões religiosas passaram a ser reconhecidas pelo direito internacional dentro da concepção do refúgio, especificamente na Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados (1950)6. Outros instrumentos reforçam que o direito ao culto religioso integra o rol dos direitos humanos, tal como o Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966)7.

A minoria Rohingya é composta por muçulmanos que fazem parte da população do Myanmar. Esse grupo étnico-religioso não é reconhecido pelo direito do Estado, cuja população é majoritariamente budista. Por consequência, os

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Trabalho apresentado no XI Encontro Nacional sobre Migrações, realizado no Museu da Imigração do Estado de São Paulo, em São Paulo, SP, entre os dias 9 e 10 de outubro de 2019.

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O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.

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Internacionalista, Doutoranda em Direito e Mestra em Direito Internacional pela Universidade Católica de Santos. É integrante do Grupo de Pesquisa “Regimes e Tutelas Constitucionais, Ambientais e Internacionais” e Membro da Cátedra Sérgio Vieira de Mello.

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Internacionalista e Mestre em Direito Internacional pela Universidade Católica de Santos. É integrante do Grupo de Pesquisa “Regimes e Tutelas Constitucionais, Ambientais e Internacionais” e Membro da Cátedra Sérgio Vieira de Mello.

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Doutor em Direito do Estado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2010). Mestre em Direito do Estado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1998). Atua como Promotor de Justiça do Ministério Público do Estado de São Paulo. Professor de Graduação e Pós-graduação Stricto Sensu em Direito pela Universidade Católica de Santos. Líder do Grupo de Pesquisa "Regimes e Tutelas Constitucionais, Ambientais e Internacionais".

6 Art. 1° “[...] Que, em consequência dos acontecimentos ocorridos antes de 1º de janeiro de 1951 e

temendo ser perseguida por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas, se encontra fora do país de sua nacionalidade e que não pode ou, em virtude desse temor,

não quer valer-se da proteção desse país”. Disponível em:

https://www.acnur.org/fileadmin/Documentos/portugues/BDL/Convencao_relativa_ao_Estatuto_dos_R efugiados.pdf.

7 Art. 2° “Os Estados Partes no presente Pacto comprometem-se a garantir que os direitos nele

enunciados serão exercidos sem discriminação alguma baseada em motivos de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou qualquer outra opinião, origem nacional ou social, fortuna,

nascimento, qualquer outra situação”. Disponível em:

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Rohingya não têm nacionalidade, configurando o status de apátridas. Em agosto de 2017, após protestos por direitos iguais, os Rohingya tiveram suas vilas atacadas pelo exército de Myanmar. Os ataques resultaram na migração forçada de aproximadamente 688 mil pessoas para Bangladesh (UNHCR, 2018, s.p.) tornando-se Estado de primeiro asilo.

METODOLOGIA

Como metodologia desta pesquisa qualitativa e transdisciplinar, adotamos como base epistemológica o método dialético-descritivo, de caráter exploratório, para compreender as motivações que resultaram em ações de perseguição à minoria Rohingya e o consequente movimento migratório forçado para Bangladesh. Utilizamos como aporte epistemológico os conceitos do autor Norbert Elias, que analisa os fluxos de comportamento e a articulação das formas culturais. No âmbito do Direito Internacional e das Relações Internacionais tomamos como aporte as perspectivas de Alexander Betts, observador do comportamento dos Estados e seus interesses em cooperar no âmbito do refúgio e apatridia

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O caso dos refugiados Rohingya não se mostra diferente de outros casos de perseguição por motivo étnico-religioso, como, por exemplo, dos judeus na Alemanha Nazista. Ao longo de aproximadamente dez anos, judeus-alemães foram desprovidos de suas posses, cultura, nacionalidade e a própria vida. As leis de Nuremberg, instituídas em setembro de 1935, previam inicialmente a retirada da cidadania de pessoas com, no mínimo, três avós judeus. Apenas três meses após a primeira versão, a lei estendeu a revogação da nacionalidade aos ciganos, negros e cidadãos com ascendência judia, mesmo que não seguissem a sua crença religiosa ou costumes ancestrais.

Líderes locais de outras religiões viram na segregação dos judeus uma oportunidade para atingir objetivos próprios, como eleger seus representantes nas eleições de 1932, e não se opuseram às primeiras ações repressivas do Terceiro Reich (FRIEDLÄNDER, 2009, p. 18). Assim como no exemplo dos judeus,

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explora-promover a discriminação de grupos específicos, reforçando a sua condição de

outsider e não permitindo a sua integração aos estabelecidos, como observa Elias

(1994, p. 23):

Era fácil perceber, nesse contexto, que a possibilidade de um grupo afixar em outro um rótulo de inferioridade humana e fazê-lo prevalecer era função de uma figuração específica que os dois grupos formavam entre si. Portanto, perde-se a chave do problema que costuma ser discutido em categorias como a de "preconceito social" quando ela é exclusivamente buscada na estrutura de personalidade dos indivíduos. Ela só pode ser encontrada ao se considerar a figuração formada pelos dois (ou mais) grupos implicados ou, em outras palavras, a natureza de sua interdependência. A peça central dessa figuração é um equilíbrio instável de poder, com as tensões que lhe são inerentes. Essa é também a precondição decisiva de qualquer estigmatização eficaz de um grupo outsider por um grupo estabelecido. Um grupo só pode estigmatizar outro com eficácia quando está bem instalado em posições de poder das quais o grupo estigmatizado é excluído. Enquanto isso acontece, o estigma de desonra coletiva imputado aos outsiders pode fazer-se prevalecer.

Com base no histórico de Myanmar e dos Rohingya, Ullah (2010) demonstra o que podemos analisar como uma perseguição patrocinada pelo Estado. Essa perseguição gera o deslocamento forçado da minoria Rohingya desde a independência do atual Estado de Myanmar, que foi alcançada em 1948, quando deixou de ser uma colônia britânica. Podemos considerar que o deslocamento forçado no contexto desse país é um sintoma de exclusão com base num projeto histórico de formação Estado-nacional na região. A maior concentração populacional de Rohingyas está no estado interno de Arakan, ou Rakhine, sua denominação oficial. Essa denominação faz referência aos budistas Rakhines, maioria étnica, deliberadamente associando o território a esse grupo específico em detrimento dos Rohingyas (ULLAH, 2010, p. 143).

Antes do atual Estado do Myanmar, a minoria já era forçada a deslocar-se entre a atual região de Arakan e Bangladesh. Em 1942, no contexto da segunda guerra mundial, a invasão do Japão na região e a retirada das tropas britânicas levou os Rohingya a adentrarem o Leste da grande região da Bengala. Na Figura 1 essa região está representada pelo traço em vermelho.

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FIGURA 1 – Região da Bengala e fronteiras Índia-Bangladesh-Myanmar

Fonte: Geocurrents (2018)8.

Com o fim da Guerra e a independência de Burma, atual Myanmar, os Rohingya não puderam retornar ao seu território originário sem medo da perseguição pois o partido socialista no poder desmantelava organizações políticas e sociais Rohingya (ULLAH, 2011, p. 143). Em 1977, os militares no poder registraram os cidadãos de Burma com exclusão dos indivíduos da etnia Rohingya. Durante o governo militar, 200,000 pessoas deixaram Burma, antigo nome do Estado de Myanmar, em direção a Bangladesh em 1978 por conta da campanha oficial de perseguição (ULLAH, 2011, p. 143). Já que não eram reconhecidos cidadãos o governo militar patrocinou uma campanha anti-Rohingya para expulsar esse grupo que considerava “imigrantes ilegais” em seu território soberano. Isso gerou uma tensão internacional entre Burma e Bangladesh já que o maior êxodo foi em direção à Bangladesh. Por sua vez, em Bangladesh, os Rohingya não eram reconhecidos como refugiados recaindo sobre a classificação de “migrantes econômicos” dada pelas autoridades de Bangladesh (ULLAH, 2011, p. 151).

Ainda no que tange a relação Myanmar-Rohingyas, vale mencionar que um sistema de “castas de cidadãos” instaurado em 1989 separou a cidadania do país

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em 3 categorias, com mais e menos direitos, e os Rohingya não foram alocados em nenhuma (ULLAH, 2011, p. 143). Entre 1991 e 1992 outro êxodo aconteceu, no qual 300,000 Rohingya deixaram o estado de Arakan (ULLAH, 2011, p. 151-152). O Myanmar é um dos Estados com maior diversidade étnica no mundo onde diferentes grupos étnicos minoritários compõem entre 30% e 40% da população (FRANCO et al., 2015, p. 8).

Franco et al. (2015) colheram depoimentos de habitantes do Myanmar que demonstram como cada grupo se relaciona com a terra de uma forma específica, terras onde as famílias não só cultivam de forma tradicional mas também se relacionam conforme costumes culturais e religiosos (FRANCO et al., 2015, p. 11-16). A vida e a relação da comunidade com a terra, para muitos grupos em Myanmar, é sinônimo de identidade étnica (FRANCO et al., 2015, p. 14). Podemos considerar, por inferência, que se a vivência tradicional na terra é considerada parte da identidade étnica, deslocar um grupo e confiscar suas terras significa destruir parte de sua identidade coletiva.

Desde 1990 militares têm confiscado terras de pequenos produtores com pouca ou nenhuma compensação, independente do grupo étnico ou religioso, em prol de projetos de desenvolvimento incluindo expansão de bases militares, infraestrutura, turismo e monocultura (FORINO; MEDING; JOHNSON, 2017, s.p).

Apesar da prática de confisco de terras em Myanmar não ser recente, reformas legislativas vêm desde 2012 facilitando e intensificando a concessão do uso da terra para investidores domésticos e externos. Essas legislações foram precedidas por uma reforma economia e política de abertura para o investimento externo, em 2012 ataques às minorias Rohingyas em Rakhine foram efetuados (FORINO; MEDING; JOHNSON, 2017, s.p).

Durante o regime militar em Myanmar os confiscos eram feitos pelo governo militar, hoje os confiscos e a segurança das produções das grandes empresas são executadas pelo exército de Myanmar (FRANCO et al., 2015, p. 6-7). Mudanças legislativas estabeleceram que indivíduos podem atestar a propriedade da terra apenas através de certificados, em moldes ocidentais, o que vai de encontro com as práticas de facto da hereditariedade familiar de muitos grupos. As mudanças legislativas, segundo Franco (2015), representam a institucionalização de uma visão única da terra no país, algo que reflete a unicidade do governo de um grupo étnico dominante. Notadamente, essa visão única talvez reflita os interesses apenas da

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elite da etnia Burma que atualmente governa o país (FRANCO et al., 2015, p. 8), uma premissa para futuras investigações..

Executado pelo Estado, o projeto nacional de mover o uso da terra do cultivo tradicional para a monocultura intensiva conforme interesses específicos, tem se institucionalizado na forma da lei, gerando confiscos de terra cultivadas tradicionalmente por grupos étnicos minoritarios. Apesar das legislações oficializaram os confiscos e práticas potencialmente predatórias, Franco et al. (2015) demonstram que o acesso à justiça é um dos instrumentos de contestação dessas práticas patrocinadas pelo Estado. Isso para aqueles que podem recorrer às instituições legais. Para os Rohingya, que não são cidadãos perante o Estado de Myanmar, não há via judicial para contestar as práticas do Estado ou de grupos com interesse econômicos, algo que pode ser feito com certa efetividade por outros grupos étnicos considerados cidadãos (FRANCO et al., 2015, p. 30). Essa evidência demonstra que os Rohingya são especialmente vulneráveis no contexto específico da terra, um elemento essencial para compreender o deslocamento desse grupo.

Por fim, a comunidade internacional na figura do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas ONU, órgão com maior pode nessa organização, tratou os deslocamentos gerados pelos conflitos em Myanmar como ameaças à estabilidade e segurança internacional enviando um grupo de estudos ao campo para averiguar a situação em maio de 2018 (UN, 2018, s.p.). A maioria dos membros concordaram que há uma limpeza étnica em Myanmar e que a solução duradoura para o problema dos deslocamentos de rohingyas seria a concessão de nacionalidade à minoria étnica (UN, 2018, s.p.). Todavia, os únicos resultados práticos tomados por Myanmar nos meses seguintes às declarações citadas foram acordos bilaterais com a Tailândia e Bangladesh e memorandos de cooperação com a ONU para endereçar o retorno voluntário de deslocados (XINHUA, 2018, s.p.; RELIEFWEB, 2018, s.p.).

CONSIDERAÇÕES

Consideramos que fatores geográfico-políticos motivaram as ações de perseguição, por conseguinte justificadas pelos fatores étnicos e-religiosos.

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minoritários em Myanmar também são alvos de espoliações territoriais, mas têm acesso a alguns recursos, como os meios judiciais, para contestar ações do Estado. Nesse sentido, os Rohingya são especialmente vulneráveis. A situação de apatridia desse grupo em Myanmar tem como um dos elementos a religião. Por fim, a comunidade internacional parece reconhecer que a concessão de nacionalidade é a única solução durável para o problema. O deslocamento forçado massivo de pessoas rohingyas acirra tensões entre Myanmar e a Tailândia fazendo com que Myanmar se posicione internacionalmente sobre o problema. Apesar das tensões internacionais as soluções apresentadas por Myanmar têm sido apenas pontuais, voltadas para ao retorno voluntário de deslocados através de acordos de cooperação com a ONU e governos dos países afetados.

REFERÊNCIAS

ACNUR – ALTO COMISSARIADO DAS NAÇÕES UNIDAS. Convenção relativa ao estatuto dos refugiados de 1950. Genebra, 1951-1967.

ELIAS, N.; SCOTSON, L. J. Os estabelecidos e os outsiders: sociologia das relações de poder a partir de uma pequena comunidade. Rio de Janeiro, RJ: Editora Zahar, 2000.

FORINO, G.; VON MEDING, J.; JOHNSON, T. Religion is not the only reason Rohingyas are being forced out of Myanmar. United States: The Conversation, 2017.

FRANCO, J. et al. The meaning of land in Myanmar. Amsterdam: Transnational Institute, 2015.

FRIEDLÄNDER, S. Nazy Germany and the Jews 1933-1945. Harper Collins: United Kingdom, 2009.

MARTÍN-BARBERO, J. Dos meios às mediações: comunicação, cultura e hegemonia. Trad. Ronald Pinto e Sérgio Alcides. Rio de Janeiro, RJ: Editora da UFRJ, 1997.

NAÇÕES UNIDAS. Pacto internacional sobre os direitos econômicos, sociais e culturais. New York, NY, 1966.

RELIEFWEB. Governments of Thailand-Myanmar successfully organized the return of the second batch of the displaced persons from Myanmar. Reliefweb, 10/05/2018. Disponível em: https://reliefweb.int/report/myanmar/governments-thailand-myanmar-successfully-organized-return-second-batch-displaced. Acesso em: 13 ago. 2018. SMITHY, M. et al. Religion is not the only reason rohingyas are being forced out of Myanmar. Disponível em: http://theconversation.com/religion-is-not-the-only-reason-rohingyas-are-being-forced-out-of-myanmar-83726. Acesso em: 20 mar. 2018.

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ULLAH, A. A. Rohingya refugees to Bangladesh: historical exclusions and contemporary marginalization. Journal of Immigrant & Refugee Studies, [S. l.], v. 9, n. 2, p. 139-161, 2011.

UNHCR. Bangladesh Rohingya emergency. Genebra, 2018. Disponível em: http://www.unhcr.org/ph/campaigns/rohingya-emergency. Acesso em: 13 ago. 2018. UNITED NATIONS. In briefing on mission to Bangladesh, Myanmar, members describe mass rapes, displacement of Rohingya. Security Council, New York, NY, 2018. Disponível em: https://www.un.org/press/en/2018/sc13337.doc.htm. Acesso em: 13 ago. 2018.

XINHUA. Myanmar, UN agencies sign MoU on repatriation of displaced persons

from Rakhine state. Beijing, 2018. Disponível em:

http://www.xinhuanet.com/english/2018-06/06/c_137234779.htm. Acesso em: 13 ago. 2018.

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