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População e escravidão na vila de Itu, Oeste Paulista, 1698-1800

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População e escravidão na vila de Itu, Oeste Paulista, 1698-1800

Carlos de Almeida Prado Bacellar 

Palavras-chave: população; demografia histórica; registro paroquial; batismos

Resumo: Ao longo do século XVIII, a região denominada Oeste Paulista passou por uma formidável transformação econômica, transformando-se de uma economia de abastecimento para uma economia alicerçada da grande lavoura canavieira. Nesse contexto, a vila de Itu despontou como o principal centro econômico regional, liderando o processo de enriquecimento econômico e crescimento demográfico. Em termos de população, o processo de transformação econômica traduziu-se na progressiva substituição da mão-de-obra indígena pela de origem africana. A proposta desta comunicação é justamente caracterizar a mudança de perfil populacional desta vila, através da análise dos registros paroquiais de batismo de livres e não livres. Desta maneira, buscaremos identificar a dinâmica dos batismos de indígenas ao longo da primeira metade do século XVIII, caracterizados como servos ou administrados, depois substituídos, de maneira progressiva, pelos escravos negros e mulatos. Pretendemos também, assim, melhor entender o processo de substituição de mão-de-obra em Itu, e identificar quais teriam sido as possibilidades de interação das duas populações cativas no eito e no leito, via uniões mistas.

Trabalho apresentado no XVII Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Caxambú – MG – Brasil, de 20 a 24 de setembro de 2010. Este texto é resultado de pesquisa desenvolvida no âmbito do Projeto de Produtividade em Pesquisa do CNPq, intitulado “População e regime demográfico no Oeste paulista: a paróquia de Nossa Senhora da Candelária, da vila de Itu, 1684-1890”. 

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População e escravidão na vila de Itu, Oeste Paulista, 1698-1800

Carlos de Almeida Prado Bacellar 

Ao longo de todo o século XVII, a capitania de São Paulo era notoriamente conhecida pelo uso corriqueiro da mão-de-obra indígena. Por toda a sociedade paulista, o indígena se fazia presente, trazidos das regiões cada vez mais longínquas do Sul e do Planalto Central. Esta força de trabalho, central para a economia regional, gerou intensos conflitos entre colonos e jesuítas em torno de seu controle. Reunidos em aldeamentos, ou instalados em domicílios particulares, eram avidamente disputados; ora chamados de escravos, ora de administrados, eram transmitidos, via testamentos e inventários, entre as gerações, como se fossem efetiva parte do patrimônio privado. Proibida a escravidão, o uso de outras denominações para descrever essas pessoas não evitou o principal: extinguir a condição de trabalho forçado. A denunciar tal realidade, a contínua menção a alforrias concedidas, inimagináveis para quem seria, hipoteticamente, livre (Monteiro, 1994; Petrone, 1995).

Até as vésperas da descoberta do ouro das Minas Gerais, a presença de africanos nas propriedades paulistas era ínfima. As capitanias das partes meridionais da América portuguesa não contavam, até então, com economia significativa o suficiente para fomentar um tráfico de africanos mais efetivo. Ao morador das partes de São Paulo recorrer ao trabalho dos naturais dos sertões era algo bastante mais factível, garantido a sobrevivência material dos moradores e a produção dos poucos gêneros locais (Blaj, 2002). Entre 1600 e 1729, John Monteiro logrou identificar, para as vilas de São Paulo e Parnaíba, 1.174 proprietários de 28.537 índios, com uma posse média de 24,3 indivíduos (Monteiro, 1994, p. 80).

Ainda segundo Monteiro, o processo de crescimento da presença de africanos em São Paulo teria tido seu início a partir de finais do século XVII, incentivado pela crescente dificuldade em se apresar índios e pelos conflitos legais que o uso de tal mão-de-obra acarretava. Todavia, a explosão da atividade mineratória a partir de então teria tido efeito contrário, já que o mercado de cativos africanos sofreu de rápida inflação diante da expressiva demanda. Assim, os lavradores paulistas tiveram poucas condições de competir na importação de africanos ao longo de toda a primeira metade do século XVIII, sendo compelidos a permanecer no tradicional uso do indígena.

Este momento de transição de mão-de-obra ao longo do século XVIII somente se consolidaria a partir de meados do mesmo século, pela conjugação da progressiva

Trabalho apresentado no XVII Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Caxambú – MG – Brasil, de 20 a 24 de setembro de 2010. Este texto é resultado de pesquisa desenvolvida no âmbito do Projeto de Produtividade em Pesquisa do CNPq, intitulado “População e regime demográfico no Oeste paulista: a paróquia de Nossa Senhora da Candelária, da vila de Itu, 1684-1890”. 

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decadência mineratória com a instalação dos primeiros engenhos de açúcar em São Paulo (Bellotto, 2007). Essa nova conjuntura econômica iria permitir, pela primeira vez, que os proprietários paulistas passassem a investir no trabalho do cativo de origem africana.

Tal constatação, de caráter genérico, pouco se ampara em investigação empírica. A população paulista da primeira metade do século XVIII continua muito pouco conhecida, talvez por contraposição à grande facilidade em estudá-la para a segunda metade do mesmo século, graças às famosas listas nominativas de habitantes. Mesmo assim, a questão da força de trabalho permanece bastante obscura: a escravidão em São Paulo torna-se objeto de pesquisa principalmente em função da cafeicultura, após a década de 1830, deixando de lado tudo que lhe antecede.

Feita esta constatação, o que se propõe nesta rápida análise é uma primeira tentativa de detectar alguns padrões da população paulista ao longo do século XVIII, a partir das informações disponibilizadas pelos registros paroquiais de batismos de livres e cativos. A paróquia selecionada, em função da qualidade e relativa integridade da série documental em questão, é a de Nossa Senhora da Candelária de Itu, atual cidade de Itu, no Oeste paulista. Distante cerca de 100 km da capital, São Paulo, Itu foi o centro de irradiação de incontáveis expedições de apresamento de índios desde o século XVII, para posteriormente, na segunda metade do século XVIII, tornar-se pólo de irradiação de uma expressiva lavoura canavieira.

A transcrição dos batismos de Itu originou, até o momento, dois grandes bancos de dados informatizados. Um, composto somente pela série de batismos de livres, conta com 18.309 assentos, cobrindo o intervalo de 1698 a 1836; outro, de índios e escravos, conta com 10.018 registros para os anos entre 1704 e 1800 1. Estes bancos estão previstos para alcançar o ano de 1890, data final de observação definidos no projeto de investigação.

Um primeiro exame nas curvas brutas dos totais de registros, por ano (gráfico 1), sugere que a realidade demográfica ituana passava por um momento de mudança crucial por volta da metade do século XVIII, com as duas curvas (batismos de livres e de cativos) se cruzando. Estas alterações nas freqüências de batismos traduzem uma realidade cambiante, em que o sistema de trabalho sofria uma alteração definitiva, deixando para trás o recurso ao indígena. Na primeira metade do século, uma população livre bastante diminuta era claramente sobrepujada, nos batismos, por um grande volume de registros de índios. Aqui podemos supor, a princípio, que o sistema de apresamento de índios adultos, trazidos do sertão, tenha marcado fortemente os assentos de batismo nas décadas iniciais do XVIII, com uma presença bem menos pronunciada de cativos de sangue africano. Toda a primeira metade desse século constitui-se em um período de contínuo decréscimo no uso da força de trabalho indígena, situação que se mantém até princípios da década de 70. O uso de indígenas como principal fonte de trabalho forçado estava visivelmente condenado, por conta das restrições a seu uso, e pelo sucesso inevitável do africano em Minas Gerais. No entanto, a entrada destes parece não ter sido, em São Paulo, suficiente para se contrapor ao decréscimo do apresamento do gentio da terra até a década de 1770, quando finalmente a consistente tendência de queda dos batismos se reverte.

1 A pesquisa em questão inspirou-se nas propostas de um projeto de maior envergadura, “Além do

Centro-Sul: por uma história da população colonial nos extremos dos domínios portugueses na América” (CNPq nº2008.022569), coordenador por Sérgio Odilon Nadalin, do qual participamos. Tendo como proposta ampliar o conhecimento sobre os regimes demográficos vigentes por toda América portuguesa, especialmente em áreas pouco estudadas pela Demografia Histórica, o projeto compreende a identificação, levantamento e análise dos registros paroquiais de diversas paróquias pré-selecionadas.

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A virada em torno de 1770 parece confirmar que o início do governo ilustrado do Morgado de Mateus, em 1765, que marcou o restauro administrativo da capitania, teria resultado em esforços mais efetivos na promoção da indústria açucareira. No contexto de uma conjuntura atlântica favorável ao negócio do açúcar, o incentivo da Coroa parece concretamente ter resultado no crescimento da presença de cativos não índios, refletindo-se na retomada dos batismos. Por outro lado, a população livre é marcada por uma tendência de contínuo crescimento dos batismos anuais, demonstrando a validade da tese de Maria Luiza Marcílio de que não teria havido decadência, inclusive demográfica, da sociedade paulista em função da mineração (Marcílio, 2000).

Gráfico 1

Batismos de livres e cativos, Itu, 1698-1836

Diante destas constatações iniciais, tornam-se necessários alguns comentários a respeito da qualidade das fontes. É sabido que os registros paroquiais são talvez as séries documentais mais amplamente preservadas por todo o território brasileiro. Além disso, é uma fonte especialmente rica para o estudo dos segmentos mais silenciosos de nossa sociedade, tal como escravos, indígenas ou as camadas livres pobres. No entanto, sua qualidade variável é um desafio ao historiador, que necessita de cuidados especialmente no decifrar das categorias de cor e condição ali descritas.

Se para os séculos XVI e XVII restam poucos livros paroquiais no embolorados e descuidados arquivos das cúrias, para o XVIII seu número é bem mais significativo. A publicação das Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia, em 1707, teria sido o primeiro esforço mais organizado da Igreja no sentido de ordenar suas ações, aí incluídos os assentos paroquiais e sua padronização. Embora pouco se conheça a respeito das práticas de difusão ou reforço das normas tridentinas via Constituições Primeiras, a análise comparada da qualidade desses registros por toda a América

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portuguesa constituiria situação ímpar para verificar o quão rápido essas normas se difundiram pelo imenso e desconexo território 2.

Para o caso dos assentos de batismo da paróquia de Itu, salta à vista a multiplicidade de “desvios” de prática. Talvez o mais visível seja o fato de o vigário permitir que outros religiosos (mesmo regulares) registrassem assentos, além de realizar a própria cerimônia do batismo. Prática reiterada por anos a fio, até ser corrigido em 17283, demonstra o entendimento torto das regras vigentes pelo vigário local. Do mesmo modo, em 30 de agosto de 1806, o visitador Antonio Joaquim de Abreu Pereira recomendava que os assentos também indicassem a data de nascimento e a legitimidade, mas o vigário somente observou o solicitado nos quatro assentos feitos no dia 24, quando o visitador provavelmente lá se encontrava. Os assentos seguintes à provável saída do visitador, no dia 31, já voltavam ao estado anterior, displicentemente.

Cabe também ressaltar que a qualidade dos assentos ainda variava de acordo com o vigário, e mesmo em função do religioso que se responsabilizava pela cerimônia do batismo – uns mais, outros menos detalhistas. Não haviam vingado quaisquer esforços no sentido de uma total padronização. Mas cabe ressaltar que a não observância do modelo oficial podia resultar em registros preciosos e saborosos, com o que denominaríamos “vazamento” de acontecimentos do cotidiano presenciados pelos homens da Igreja. Nesse sentido, os párocos de Itu se esmeraram, por décadas a fio, em indicar as suspeitas ou mesmo certezas de filiação para os incontáveis expostos batizados, a despeito das recomendações para se acobertar o “público e escandaloso”. Situação bastante inédita, não havendo qualquer outro caso semelhante conhecido no Brasil, como se evidencia nos casos abaixo:

[...] filha de pais incógnitos, supposto diz ó dito Vitorino Ponce que se dis ser filha natural de Antonio Machado e de (Estefania) Ramires moça Solteira Raptada pelo dito Antonio Machado que a trouxe da Villa de Jundiahy [...] [batismo de João, 26 de abril de 1732].

[...] filha adulterina que Se dis Ser de Gaspar Machado homem casado, e de Catherina de Siqueira Solteira filha de Manuel de Siqueira já defunto, e de Sua mulher Izabel do Prado, a qual innocente Maria foi exposta em Casa de João Leme de Mattos, a quem a mesma may entregou para criar [...] [batismo de Maria, 13 de janeiro de 1746] 4.

2 Valeria, aqui, lembrar que os livros-tombo das cúrias são preciosas fontes para se avaliar a velocidade

da difusão de normas da Igreja, não devendo, porém, serem esquecidos os assentos de visitadores que permeiam os livros de registros paroquiais, muitas vezes repletos de advertências e ameaças pelo não observância das Constituições.

3 Cf. recomendação feita pelo visitador, aos 27 de fevereiro de 1728: “E advertimos ao Reverendo

Vigário: que faça por sua letra os assentos ainda que dê Licença a outro sacerdote para ser administrado o sacramento...” (Cúria Diocesana de Jundiaí, Livro nº 51 de batismo de livres de Itu).

4 Para maiores detalhes, vide nosso artigo “Achados ao primeiro cantar dos galos”: os subterfúgios do

abandono de crianças na vila de Itu, capitania de São Paulo, 1698-1798, apresentado no XVI Encontro Nacional de Estudos Populacionais, disponível em http://www.abep.nepo.unicamp.br/encontro2008/ docsPDF /ABEP2008 _1178.pdf .

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Independentemente da qualidade, contudo, os batismos observados enquanto série permitem melhor avaliar a população ituana do período. De acordo com o gráfico 2, a razão de sexo entre os livres tendeu a ser mais elevada que entre os cativos para o intervalo entre 1698 e 1750. Esta constatação aponta para uma realidade distinta daquela mais conhecida, de sociedades escravistas africanas, sejam elas mineradoras ou cafeicultoras. Nestas, a razão é sempre bastante pronunciada, reflexo inevitável do tráfico atlântico preferencial por homens, preponderante até mesmo sobre eventuais crescimentos vegetativos endógenos. O que constatamos, aqui, é o contrário, e denuncia o apresamento indígena de maneira inconteste: na soma total dos registros de cativos do intervalo, a razão de sexo é de 92,2. Esta proporção corrobora constatações semelhantes de John Monteiro, relativas a populações indígenas em São Paulo e Santana de Parnaíba ao longo do século XVII (Monteiro, 1994, p. 84).

Gráfico 2

Razão de sexo nos batismos, Itu, 1698-1750

O gráfico 3, por seu turno, ao acompanhar a evolução da razão de sexo dos cativos ao longo da segunda metade do século XVIII, sugere um discreto aumento da razão, mas novamente muito abaixo de uma sociedade escravista típica: razão de sexo média de 97,8, talvez indicando algumas primeiras remessas de africanos, mas insuficientes para ultrapassar em definitivo o índice de 100. Os altos e baixos da razão indicam uma tendência um tanto errática no equilíbrio do sexo dos batizados, muito mais relacionada à reprodução vegetativa e à compra não dirigida ao segmento masculino. Esta constatação é importante: indica que, embora o açúcar penetrasse o Oeste paulista desde a década de 1760, seu empuxo econômico não se traduziu no imediato acesso ao mercado atlântico de escravos. Aparentemente, as compras de cativos no mercado interno ainda não haviam alcançado o patamar de direcionamento para o braço masculino exigido pela grande lavoura monocultora, naquele momento ainda pouco expressiva em São Paulo. Aqui sentimos falta de análises longitudinais mais detidas das escravarias dos engenhos paulistas: haveria mudança de perfil demográfico dos escravos, à medida que o poder de compra do açúcar crescia e o acesso ao mercado atlântico de escravo se tornava mais efetivo? A confiar nos atos de

0 50 100 150 200 250 300 1698 1701 1704 1707 1710 1713 1716 1719 1722 1725 1728 1731 1734 1737 1740 1743 1746 1749 R azão d e sexo Anos Livres Cativos

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batismos, até mesmo a década de 1790 não surge caracterizada por uma razão de sexo mais genuinamente “atlântica”. Como podemos avaliar semelhante constatação?

Gráfico 3

Razão de sexo nos batismos, Itu, 1751-1836

O gráfico 4 permite uma visão mais aproximada das tendências do período. Uma primeira constatação é de que a década iniciada em 1770 constitui-se, efetivamente, num ponto de virada de tendências. O número anual de batismos de cativos – indígenas ou africanos – sofre uma forte queda ao longo da primeira metade do XVIII, como já

Gráfico 4

Batismos de cativos segundo o sexo, Itu, 1704-1800

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 1751 1755 1759 1763 1767 1771 1775 1779 1783 1787 1791 1795 1799 1803 1807 R azão d e sexo Anos Livres Cativos

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comentado. Mas a retomada dos batismos de cativos ao longo das décadas subseqüentes, até 1800, não indica, novamente, um crescimento desproporcional de entrada de homens sobre as mulheres. Algumas inferências podem, assim, ser assumidas. Primeiro, que o enriquecimento da economia paulista a partir do crescimento da lavoura açucareira é inconteste – batismos de crianças cativas em números crescentes é sinal inequívoco de populações cativas crescentes, resultando em algum crescimento demográfico. Segundo, que estão ausentes, dos assentos de batismos, escravos adultos em número significativo, e o gráfico 5 confirma o desaparecimento dos mesmos após a metade do século.

Gráfico 5

Batismos de adultos, por sexo, Itu, 1704-1800

A ausência de adultos em uma fase de crescimento dos plantéis requer explicação. Inicialmente, precisamos considerar que as listas nominativas, iniciadas no ano de 1765, não indicam a origem dos escravos. Somente a partir das listas de 1798 é que os escravos são assim qualificados, e então proliferam os africanos, chegados nos anos ou décadas anteriores. Portanto, podemos concluir que havia, e muitos, africanos em Itu em 1798. A conclusão é inevitável: as aquisições de cativos estariam ocorrendo quase que exclusivamente no mercado interno, e não através da compra de africanos recém-chegados, e não batizados. Ou seja, podemos aventar que não compravam diretamente nos negreiros dos portos; ou, se o faziam, já os recebiam batizados. Outra hipótese é de que compravam de outros proprietários, sendo cativos africanos ou crioulos.

Esta constatação, no estado atual dos levantamentos dos assentos de Itu, é curiosamente semelhante à encontrada para a vila de São Luiz do Paraitinga, no vale do Paraíba 5. Enquanto em Itu foram batizados, entre os anos de 1774 e 1800, apenas 43 africanos, em São Luiz, vila tipicamente de abastecimento interno, os africanos localmente batizados surgem somente após 1810 – e então se tornam rotina. Esta coincidência de cronologia desta fase sem batismos de adultos talvez venha a se mostrar

5

Os dados referentes a São Luiz do Paraitinga são frutos de projeto concluído, que foi financiado por Bolsa de Produtividade em Pesquisa do CNPq.

0 10 20 30 40 50 60 1704 1710 1716 1722 1728 1734 1740 1746 1752 1758 1764 1770 1776 1782 1788 1794 1800 R e gi str o s Anos Adultas Adultos

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igualmente coincidente quando adentrarmos nos batismos de cativos em Itu para além da data de 1810. Para São Luiz do Paraitinga, a mudança de padrão está nítida; para Itu,é uma possibilidade a ser checada. De qualquer maneira, são indícios, bastante interessantes, de que a introdução de africanos também teria passado por fases distintas. Ainda não temos justificativa, até o momento, para africanos recém-desembarcados chegarem a suas distantes senzalas ainda sem o batismo. Mas o fato é que, em alguns casos, mesmo após chegados a São Luiz do Paraitinga, o batismo parece ter sido por vezes retardado por mais de ano, como se a cerimônia não cumprisse com o alegado papel de mecanismo integrador na sociedade. Em casos pontuais, o cativo já estava instalado, e nomeado, há um ou dois anos, quando se decidia pelo batismo, que, ao final e ao cabo, vinha tão somente confirmar o nome que já estava atribuído (Bacellar, 2007). Se os assentos para Itu posteriores a 1810 também revelarem o surgimento da prática de batismos de adultos, teríamos um bom indício de uma situação provavelmente generalizada pela capitania. E, ao que tudo indica, tal prática estaria indicando um mercado negreiro mais dinâmico, com rápida comercialização de africanos, não justificando até mesmo o batismo no porto de desembarque.

Os registros paroquiais possibilitam, portanto, análises interessantes sobre o perfil das populações do passado. O gráfico 6, que ilustra a condição dos cativos batizados, novamente aponta para a existência de dois momentos distintos na história da mão-de-obra forçada na paisagem ituana. A passagem da mão-de-obra indígena para a de origem africana (crioulos e africanos) significou, em termos concretos, não somente a redução da chegada de adultos para batismo – ínfima após meados do século XVIII -, mas também a mudança do perfil da ilegitimidade. O grande volume de ilegítimos das primeiras décadas do século parece indicar uma expressiva presença de indígenas descidos dos sertões, e sendo batizados – adultos e crianças – enquanto “infiéis”. A progressiva redução dos descimentos, ao longo da primeira metade do XVIII, não apenas reduziu o total de batismos por ano, mas também diminuiu a diferença entre os números de legítimos e ilegítimos. A reprodução vegetativa dessa população, apesar da provável alta mortalidade, deve ter colaborado para a progressiva inversão das curvas, ocorrida na década de 1740.

Gráfico 6

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Se a suposição estiver correta, a diminuição do acréscimo de índios descidos teria dado maior relevo à reprodução natural, em famílias regulares, levando à queda contínua da ilegitimidade até finais da década de 1760. Desse momento em diante, a introdução de escravos nos engenhos teria revertido a tendência, com o aumento dos batismos e o aumento da ilegitimidade, concomitantemente. O crescimento cada vez mais acelerado do número de cativos entrados na vila permite imaginar que a regularização de matrimônios não tenha sido imediata 6. O gráfico 7 permite visualizar estas tendências em termos percentuais, por condição; entre os cativos, apesar de a ilegitimidade crescer em números absolutos, cai em números percentuais frente ao crescimento dos batismos de legítimos.

Gráfico 7

Evolução da ilegitimidade nos batismos de livres e cativos, Itu, 1698-1800

Para a população livre, a ilegitimidade manifesta-se expressiva na década de 1720, por razões difíceis de explicar com os dados disponíveis. Após este período, a curva ganha uma regularidade de baixa ilegitimidade, com tendência de alta à medida que a população cresce graças à riqueza advinda do açúcar.

De uma maneira geral, os assentos de batismo são de difícil análise em uma primeira aproximação. Os párocos por vezes são lacônicos em seus registros, deixando-nos com dúvidas sobre a efetiva condição social do batizado e de seus pais. Não há uma regularidade nas informações anotadas ao longo de todo o período, tornando complexo o estudo do perfil demográfico daquela população. Mas são perceptíveis, na visão do todo, os ritmos de mudanças nas denominações das condições dos indivíduos dessa população cativa, num exercício dos párocos – i.e., da comunidade – para se adequarem aos interditos legais contra o uso da mão-de-obra indígena. Pelo que se percebe, confirma-se que a preocupação era continuar a usar a mão-de-obra indígena, sem, contudo, reconhecer o vínculo de escravidão.

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Os gráficos 8 e 9 exibem as diversas e sucessivas nomenclaturas atribuídas aos gentios da terra ou carijós nos sucessivos assentos de batismo 7. Por uma questão de reafirmar o poder de usufruto dessa força de trabalho, a população indígena em questão devia necessariamente ser descrita como mantendo alguma qualidade de vínculo com determinado senhor, mesmo que não fosse na qualidade explícita de escravos. “Administrado de”, “da casa de”, “serviço de”, ou “servo de”, são fórmulas que, cinicamente, retratam o mesmo fenômeno: o índio praticamente escravizado, prestador de serviços a um senhor livre. Embora a primeira metade do século XVIII seja marcada pela multiplicidade desses termos, podemos perceber uma tendência de progressiva substituição, ao sabor das necessidades políticas concretas.

Gráfico 8

Condição do pai dos batizados cativos, Itu, 1704-1750

Gráfico 9

Condição da mãe dos batizados cativos, Itu, 1704-1750

7 Para efeito de nossas análises neste texto, optamos por agregar todas as denominações atribuídas a

populações indígenas. Desta maneira, estaremos passando ao largo de analisar as diferentes possíveis nomenclaturas utilizadas: índios, carijós, parecis, gentio da terra, etc.

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Os colonos buscavam, para além das denominações escamoteadoras, soluções outras para garantir o uso dessa força de trabalho, aproveitando-se dos mais variados estratagemas, todos visando manter o índio no domicílio do homem livre, para não devolvê-lo a um aldeamento. Uma maneira bastante recorrente era promover o casamento do indígena com escravas; outra opção consistia em simplesmente não devolver o indígena, mantendo-o indefinidamente sob os cuidados daquele que o solicitara, chegando a transmiti-lo, avaliado ou não, para seus sucessores 8.

Estas estratégias são ainda bastante desconhecidas em termos empíricos. Os assentos de batismo podem abrir algumas janelas para percepção dos modos de se lidar com os indígenas. Um recorte para os assentos do ano de 1722 indica o batismo de 98 indivíduos, nenhum dois quais identificados como sendo escravo africano, ou filho de pai ou mãe dessa condição 9. São, a princípio, de origem indígena. Desse total, 37 são filhos de mães solteiras, 50 de casais e 11 de casais com um dos pais sem senhorio identificado. O curioso, no caso, é que os batizados filhos de casais têm como característica o pai “pertencendo” a senhor distinto do da mãe. Mesmo assim, diversas dessas crianças são consideradas legítimas pelo pároco (segundo a fórmula “filho de fulano e de sua mulher beltrana”), apesar de os pais hipoteticamente separados. A explicação mais plausível – uma vez que ainda não dispomos dos assentos de casamento para checagem – é que estes casais efetivamente estavam formalizados, mas para efeito de direitos seu trabalho “pertencia” a senhores distintos. Sob tal ponto-de-vista, não haveria qualquer incongruência em todos os 50 casais pertencerem a senhores distintos. De qualquer maneira, resta a dúvida sobre onde viveriam estes casais.

Já a estratégia de unir casais em condições distintas – pelo menos no que diz respeito à condição informada nos assentos – parece também ter sido prática corriqueira. Aos 30 de maio do mesmo ano de 1722, Maria de Chaves leva para batizar duas crianças legítimas (Isabel e Martinho), filhas de seus “administrados” Brás e Vicente. A mãe de Isabel era Rosa, “escrava” de Antonio Leme; a de Martinho, Escolástica, “escrava” de Simplício Pedroso. Não há qualquer informação sobre a naturalidade dessas duas escravas, se seriam indígenas qualificadas diferentemente de seus maridos, ou se de fato eram escravas de origem africana – os registros são inconclusivos. Diante da aparente normalidade da situação, comum nos assentos que se sucedem, resta a dúvida de como viviam estes casais, onde passavam a noite. Estes detalhes nos escapam. Nossa expectativa, a partir de tais exemplos pontuais, é de trabalhar com a série de registros, tentando, por exemplo, acompanhar tais casais ao longo do tempo, supondo ser possível seu acompanhamento, e a permanência ou não das condições informadas, ou das subordinações a estes senhores 10.

Cabe, ainda, analisarmos a recorrência das expressões usadas para descrever os vínculos entre batizados e seus senhores. Na realidade, tais vínculos eram fornecidos em relação aos pais do batizado, quando este era criança, ou diretamente, para o batizando adulto. Para os pais (cf. gráfico 8), o uso da expressão “serviço de” surge desde os mais antigos assentos sobreviventes, de 1704. Após poucos anos, ainda ao final da década,

8

Uma Carta-Régia de 13 de janeiro de 1734, endereçada para a capitania de São Paulo, buscava justamente coibir esta prática tão difundida entre os paulistas. Cf. PERRONE-MOISÉS, Beatriz. Índios livres e índios escravos: os princípios da legislação indigenista do período colonial (séculos XVI a XVIII). In: CUNHA, Manuela Carneiro da (Org.). História dos índios no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras: Secretaria Municipal de Cultura: Fapesp, 1992, p.115-132

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Os africanos são comumente denominados “tapanhunos” nas primeiras décadas do século XVIII.

10Considerando-se que, a priori, indígenas prestavam serviços a dados senhores, e depois deveriam

retornar a seus aldeamentos, poderíamos supor que os casais tivessem a informação sobre seus senhores alterando com o passar dos anos. Isto não passa de uma conjectura, que seria de comprovação bastante complexa, dada a ocorrência de homônimos e a precariedade informativa dos registros de batismo.

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começou a ser substituído pela expressão “da casa de”, que se tornou amplamente dominante, coexistindo com eventuais menções aos “servos de”. A década de 20 é onde as cinco principais denominações começam a ser adotados de maneira indiscriminada, situação que, grosso modo, persiste até 1750. Por outro lado, a presença de escravos surge com mais força na década de 30, indicando que ali estaria o efetivo momento de início da substituição da força de trabalho.

O gráfico 9, referente às mães dos batizados, é bastante mais clara, e diversa. Ao contrário das informações disponíveis para os pais, as mães eram denominadas de maneira uniforme, ocorrendo pouca superposição de denominações. Impressiona, em especial, a não coincidência do uso das expressões para pais e mães dos batizados. Durante os primeiros anos de registros, os pais eram descritos preferencialmente como sendo “do serviço” de alguém, enquanto as mães surgiam quase que somente como administradas. A partir do início da segunda década, generaliza-se, para ambos os progenitores, a expressão “da casa de”. A grande divergência surge a partir de princípios da década de 20, quando as mães passam a ser quase que exclusivamente chamadas de escravas, enquanto os pais são descritos com a totalidade das possibilidades.

Se considerássemos que “escravas” referem-se a africanos ou crioulos, com a exclusão de índios da categoria, seria crível imaginarmos que proliferaram, desde a década de 20, casamentos mistos entre homens índios e mulheres escravas. Todavia, dentre as 2150 mulheres descritas como escravas, em todo o intervalo entre 1704 e 1800, apenas 35 são explicitamente consideradas africanas ou crioulas, enquanto outras 123 são decididamente índias. Portanto, não há indícios suficientes para considerar, com segurança, que todas as ditas “escravas” sejam ou não índias, devido ao caráter lacunar dos assentos. De qualquer maneira, resta notável a preocupação dos párocos em registrar, no intervalo entre 1720 e 1740, a maioria esmagadora das mães como escravas, a despeito de qualquer legislação restritiva nesse sentido. E, em contraposição, chama a atenção a situação confusa das denominações dos pais no mesmo período. Condições jurídicas distintas, ou olhares a diferenciar o papel feminino e masculino no contexto do trabalho? Uma sugestão a se considerar seria de que, como a condição da criança é herdada pela linha feminina, talvez houvesse uma maior preocupação na denominação do vínculo das mulheres. Aqui valeria, certamente, cotejar estas variações de categorias de vínculos com a legislação, para se buscar detectar estratégias de “legalização” das relações entre indígenas e seus senhores. Outra linha interessante a se investigar consistiria no cruzamento desses assentos de batismo com os inventários post-mortem contemporâneos, num esforço de cruzar as informações nominativas dessa população tão fugidia.

Seja como for, o gráfico 10 confirma a evolução da conjuntura paulista no rumo da proibição final do uso da mão-de-obra indígena. A partir do Diretório dos Índios, de 175811, a liberdade da população de origem indígena é finalmente imposta, e formalmente esta população desaparece dos documentos, subsistindo citada de maneira marginal 12. A partir de então, proliferam os assentos de pais e mães de condição escrava, em um crescendo notável. Cabe ressaltar que o desaparecimento de toda a categoria de população indígena dos batismos foi acompanhado pelas listas nominativas

11 Para maiores detalhes sobre o Diretório dos Índios, vide FLEXOR, Maria Helena Ochi. O diretório dos

índios do Grão-Pará e Maranhão e o direito indiano, in: Politeia: História e Sociedade. Vitória da Conquista, BA: 2(1):167-183, 2002.

12 Em Itu, as listas nominativas, que se iniciam em 1765, apenas insistem em mencionar a presença de

administrados junto ao Convento do Carmo de Itu, e caberia analisá-los mais detidamente através dos registros de batismo do mesmo período.

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de habitantes, que se iniciam em 1765. Seria bastante interessante promover o acompanhamento desses indígenas e seus descendentes a partir de então, com a preocupação de desvendar como foram transformados nas listas, se incluídos nas categorias de brancos, pardos ou pretos – pois não podiam sumir.

Gráfico 10

Condição do pai dos batizados cativos, Itu, 1751-1800

Gráfico 12

Frequência dos dois nomes mais comuns entre mulheres cativas batizadas, Itu, 1704-1800

Por fim, uma observação final dos registros paroquiais permite que visualizemos a prática de escolha de nomes para os cativos ao longo do período, cotejados com os nomes adotados para crianças livres. Embora se trate apenas dos números absolutos, podemos deduzir que, de uma maneira geral, o nome Maria, o mais popular tanto para

0 20 40 60 80 100 120 1751 1754 1757 1760 1763 1766 1769 1772 1775 1778 1781 1784 1787 1790 1793 1796 1799 Re gis tro s Anos Administrado Da casa Escravo 0 5 10 15 20 25 1704 1710 1716 1722 1728 1734 1740 1746 1752 1758 1764 1770 1776 1782 1788 1794 1800 R e gi str o s Anos MARIA ANA

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livres quanto para cativos, perde prestígio entre as cativas à medida que a descida de indígenas do sertão diminui, sendo seu uso progressivamente aproximado ao nome Ana.

Gráfico 12

Frequência dos dois nomes mais comuns entre mulheres livres batizadas, Itu, 1698-1836

Gráfico 13 – Frequência do uso do nome Maria entre livres e cativas batizadas, Itu, 1698-1800 (percentagem dos respectivos totais anuais)

Além disso, embora os cativos predominem nos batismos na primeira metade do século XVIII (cf. gráfico 1), vemos pelo gráfico 13 que a percentagem de mulheres livres batizadas como Maria era bastante superior à verificada entre as cativas, demonstrando interesses e culturas distintos e ainda muito pouco conhecidos.

Os resultados alcançados nesta análise preliminar dos registros de batismo da paróquia de Nossa Senhora da Candelária de Itu apontam para uma realidade ainda por

0 5 10 15 20 25 30 1698 1704 1710 1716 1722 1728 1734 1740 1746 1752 1758 1764 1770 1776 1782 1788 1794 1800 Per ce n tagem Anos Livres Cativas

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explorar. Embora os investigadores em Demografia Histórica já tenham acumulado uma série de estudos recorrendo a tais fontes, percebemos que as lacunas são muito maiores do que as descobertas. Sabemos que os conhecimentos hoje disponíveis se concentram principalmente em torno do período posterior a 1750 e, grosso modo, se encerram em meados do século XIX. Também sabemos que há uma enorme concentração geográfica desses estudos, principalmente no eixo Paraná - São Paulo - Minas Gerais - Rio de Janeiro, com alguns casos isolados pelo restante da América portuguesa.

Nesse sentido, o objetivo central do projeto “Além do Centro-Sul: por uma história da população colonial nos extremos dos domínios portugueses na América”, do qual participamos, é de justamente buscar a expansão das investigações para as zonas periféricas do atual território brasileiro. A proposta é começar a investigar de maneira exploratória outras realidades demográficas, saindo do eixo “sudeste” da corrente mais substancial dos estudos de história da população. Mas, faz-se necessário dizer, o avançar para as periferias requer, também, o avanço para aquilo que denominaríamos as “periferias cronológicas”, isto é, recuar nossas atenções para antes de 1750, e mesmo avançar para além de 1850, penetrando no século XX. O século XVIII é, na realidade, um grande marco do mundo português, com a consolidação e disseminação da escravidão africana para além dos estreitos limites do açúcar nordestino, substituindo a mão-de-obra indígena em extensos territórios. É o século onde as ilhas de povoamento isoladas se unem pelo processo de interiorização, permitido pela mineração, instigando uma maior movimentação de populações e um aumento substancial do comércio interno. O que buscamos provar, com esta análise preliminar de assentos de batismos, é que as fontes para a primeira metade do século XVIII estão disponíveis, e permitem um olhar para uma realidade ainda por desvendar.

Bibliografia

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Referências

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