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Uma análise do diferencial de salários entre as mulheres que são mães e aquelas que não são mães, e entre aquelas que postergam e não postergam a fecundidade no período entre 1984 a 2009

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Uma análise do diferencial de salários entre as mulheres que são mães e

aquelas que não são mães, e entre aquelas que postergam e não postergam a

fecundidade no período entre 1984 a 2009

*

Maira Andrade Paulo† Palavras-chave: maternidade; momento da fecundidade; mercado de trabalho; salários.

Resumo:

A maternidade, em um período no qual é cada vez mais extensa a participação das mulheres no mercado de trabalho e no qual ainda é da esfera delas a maior parte da responsabilidade pelo cuidado da casa e dos filhos, tem uma implicação no status laboral da mulher. A literatura destaca que a presença de filhos implica um custo na participação da mulher no mercado de trabalho (Angrist, 1998; Jacobsen, Pearce & Rosenbloom, 1999; Cruces & Galiani, 2003; Pazello, 2006; Souza et al, 2011) e também um custo em seu salário (Buding & England, 2001, Pazello, 2006; Waldfogel, 2007; Waldfogel, 2008). Nesse contexto, o adiamento da fecundidade tem sido uma forma de as mulheres amenizarem o impacto de filho em suas vidas laborais (Amuedo_Dorantes & Kimmel, 2005; Herr, 2007; Miller, 2011). Com base nessas informações, o presente artigo tem como objetivos investigar para o Brasil: 1) o diferencial de salários entre as mulheres que são mães e aquelas que não são mães e 2) investigar entre as mulheres que são mães, a relação entre o salário e o momento em que a mulher tem o primeiro filho. O método para a investigação é a análise descritiva e a análise de regressão através de modelos utilizando os estimadores de mínimos quadrados ordinários. O período de análise vai desde meados da década de 80 até a primeira década do século XXI, e para tanto são utilizadas PNADs (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) dos seguintes anos: 1984, 1992, 1998, 2004 e 2009. O resultado encontrado é de que as mulheres que são mães recebem menos do que das mulheres que não são mães, e que o diferencial salarial aumentou durante o período analisado. Enquanto em 1992, as mulheres que são mães recebiam 4% menos, em 209, passam a receber 11% a menos, sugerindo uma maior custo de oportunidade de se ter filho ao longo do período analisado. No que tange à relação entre o momento em que as mulheres têm os seus primeiros filhos e o salário, o resultado encontrado é de que ter filho em uma idade mais tardia corresponde a uma média salarial 8% maior em comparação com aquelas quer tiveram filhos mais cedo.

1 - Introdução

*

Trabalho apresentado no XVIII Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Águas de Lindóia/SP – Brasil, de 19 a 23 de novembro de 2012;

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O século XX marca a entrada maciça das mulheres no mercado de trabalho, embora elas ainda permaneçam como as principais responsáveis pelo cuidado dos filhos e do lar. O início da entrada da mulher no mercado de trabalho foi marcado pela presença das mulheres jovens, solteiras e sem filhos. À medida que essas mulheres se casavam e tinham filhos elas deixavam a força de trabalho. Hoje, as mulheres casadas e com filhos passaram a integrar cada vez mais a força de trabalho (Bruschini, 1998). No entanto, a inserção dessas mulheres no mercado de trabalho não significou ausência de conflitos. Ter filhos implica um custo em termos de suas carreiras profissionais. Alguns estudos já apontam um impacto negativo da presença de filhos sobre a participação das mulheres no mercado de trabalho, tanto para os países desenvolvidos (Angrist, 1998; Jacobsen, Pearce & Rosenbloom, 1999), quanto para os países em desenvolvimento (Cruces & Galiani, 2003; Pazello, 2007; Souza et al, 2011). A presença de filhos também compromete o salário: há uma literatura que aponta o impacto da maternidade sobre o menor salário das mulheres que são mães (Buding & England, 2001; Pazello & Fernandes, 2004; Waldfogel, 2007; Waldfogel, 2008).

No entanto, analisar apenas a presença de filhos deixa lacunas na compreensão da dinâmica entre filhos e trabalho/salário das mulheres. Assim, torna-se crucial que se considere o momento do nascimento do primeiro filho na vida da mulher. Uma mulher que se torna mãe em um momento de formação profissional certamente terá que lidar com as dificuldades de inserção e/ou permanência futura no mercado de trabalho e, conseqüentemente, lidar com a deterioração do seu investimento em capital humano (Gustafsson, 2001). Uma estratégia que pode ser, e tem sido, utilizada pelas mulheres para conciliarem a maternidade e a carreira é o adiamento da fecundidade. A literatura aponta que o postergamento da fecundidade pode amenizar os custos do nascimento dos filhos quando as mulheres os têm em um estágio mais estabilizado da vida profissional (Amuedo_Dorantes & Kimmel, 2005; Herr, 2007; Miller, 2011).

Pensando essas questões para o Brasil, o presente trabalho tem como objetivo investigar como a maternidade e o momento do nascimento do primeiro filho influenciam no salário da mulher. Esse estudo é pertinente no contexto brasileiro de grande aumento da participação da PEA feminina, de aumento da participação das mulheres casadas e grande participação das mulheres com maior escolaridade.

A hipótese é de que a maternidade tem um impacto negativo no salário obtido no mercado de trabalho e de que há uma relação negativa entre o nascimento do primeiro filho sobre a carreira das mulheres quando esse evento acontece em um momento de formação de capital humano. A estratégia metodológica é investigar a relação entre a maternidade e o salário, e entre o momento da fecundidade e o salário, através da análise descritiva e análise de regressão. Nesse artigo não se está falando sobre causalidade, ou seja, do impacto da maternidade e do memento do nascimento dos filhos sobre o salário. As autoras têm ciência dessa importância, no entanto, nesse artigo, a atenção é dada à análise da relação entre as variáveis de interesse. Para a análise proposta nesse artigo é utilizado como fonte de dados as PNADs de 1984, 1992, 1992, 2004 e 2009.

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A literatura americana alcunha a diferença salarial entre as mulheres que são mães e aquelas que não são mães de family pay gap. Essa diferença salarial entre mães e não-mães pode ser explicada pela heterogeneidade não observada entre as mulheres. Isto é, mulheres com filhos podem ser menos motivadas no mercado de trabalho, e por isso, recebem em média um menor salário (Blau et al, 2002). Outra explicação pode ser a discriminação dos empregadores em relação às mulheres com filhos, dando-lhe menor oportunidade de crescimento na carreira (Blau et al, 2002). Além disso, características institucionais da regulação do mercado de trabalho e políticas públicas podem ajudar a explicar o resultado, uma vez que a ausência de legislação garantindo licenças-maternidade remuneradas ou a falta de creches de qualidade podem contribuir, indiretamente, para o menor ganho salarial das mulheres que são mães (Waldfogel, 1998).

Um ponto importante é a compreensão do diferencial salarial entre mães e não-mães no mercado de trabalho de acordo com a habilidade e escolaridade das mulheres. Segundo Anderson et al (2002), o impacto dos filhos sobre o salário da mulher é verificado sobre as mulheres com maior escolaridade, uma vez que as interrupções na carreira e a saída no mercado de trabalho comprometem o ganho salarial das mulheres que investiram mais em capital humano. Por outro lado, os resultados de Loughren and Zissimopolus (2008) não apontam diferenças de penalidades salariais entre os grupos de escolaridade diferenciados de mulheres e o motivo apresentado pelos autores para esse resultado foi de que as mulheres com alta escolaridade adiam a fecundidade, minimizando os custos dos filhos.

Adiar a fecundidade pode ser uma forma de a mulher com maior escolaridade diminuir os custos em termos de ascensão profissional e salarial decorrentes do nascimento do primeiro filho (Herr, 2007; Miller, 2011). O adiamento da fecundidade, de acordo com Buckles (2008) pode ser visto como um “prêmio” em termos salariais para as mulheres com maior escolaridade. Os resultados de seu estudo apontam um retorno bruto de 3% ao ano por atraso da fecundidade nos EUA em 2003. Ele comprova que há um custo em termos salariais devido ao nascimento da criança, sendo maior para as mulheres mais escolarizadas, embora esse efeito seja atenuado para as mulheres que adiam o nascimento do primeiro filho.

Comparando mulheres que adiaram e não adiaram a fecundidade, e entre aquelas que não tiveram filhos, Amuedo_Dorantes & Kimmel (2005) estimando equações salariais para as mulheres com nível superior nos EUA, encontra que há um prêmio estatisticamente significativo para as mulheres que adiaram a fecundidade para além dos 30 anos entre as mulheres com educação superior, mesmo em relação àquelas que não tiveram filhos.

De acordo com a teoria do capital humano, as interrupções na carreira, a saída da força de trabalho, a não permanência no trabalho anterior por conta do nascimento do filho e a menor possibilidade de investir em educação adicional depreciam o investimento feito em capital humano (Gustfsson, 2001; Staff & Mortimer, 2012). Dessa forma, a expectativa na carreira pode ser vista com um dos fatores que explicam o efeito da fecundidade sobre a trajetória profissional feminina. E o momento da fecundidade tem importância nessa relação, principalmente no caso das mulheres com maior escolaridade e em ocupações mais qualificadas e em cargos de gerência, ceteris paribus (Miller, 2011). O adiamento da maternidade tem um peso no que tange aos resultados na carreira entre as mulheres que trabalham em profissões caracterizadas pela acumulação de capital humano e por custos de interrupção da carreira.

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3 – Arcabouço teórico

O argumento teórico que fundamenta a proposta da análise empírica está centrado no conceito do custo de oportunidade de se ter filhos sobre a carreira e na teoria de capital humano.

O custo de oportunidade é um conceito importante na compreensão do impacto da presença de filhos e do momento de tê-los sobre o trabalho exercido fora do lar pelas mulheres. Ele é um termo usado em economia para indicar o custo de algo em termos de uma oportunidade renunciada. Esse conceito está presente na Nova Economia do Domicílio, desenvolvida por Gary Becker, que incorporou o valor/custo do tempo ao estudar a distribuição e alocação do tempo entre as atividades de mercado e as atividades domésticas entre os membros da família (Becker, 1965). Membros que são relativamente mais eficientes nas atividades de mercado deveriam usar menos do seu tempo nas atividades domésticas que os outros membros do domicílio, e vice-versa (Becker, 1965). Sendo o valor do tempo da mulher no mercado inferior ao do homem, sempre coube à mulher a responsabilidade das tarefas do lar e do cuidado dos filhos. No entanto, conforme aponta Becker (1981: 98) o aumento do poder de ganho da mulher durante os últimos 100 anos nos países desenvolvidos modificou a alocação do tempo da mulher entre a esfera doméstica e a esfera do mercado, sendo esse aumento do poder de ganho da mulher a principal causa tanto para o aumento da participação da mulher no mercado de trabalho como também para o declínio da fecundidade. Assim, ao longo do tempo, o custo de oportunidade de trabalhar em casa e ter filhos foi aumentando, uma vez que essa decisão implicava uma maior renúncia com relação a um salário que potencialmente poderia ser recebido no mercado.

Dada a possibilidade de ganhos no mercado, ter filhos passa a ter uma implicação no ganho salarial da mulher. De acordo com a Teoria de Capital Humano, a saída da força de trabalho por conta do nascimento dos filhos implica uma maior depreciação do seu capital humano devido ao menor acúmulo de experiência profissional, o que compromete o retorno ao investimento em capital humano feito pelas mulheres (Gustfsson, 2001).

O conceito de capital humano, de acordo com Becker (1964), corresponde à capacitação que o indivíduo vai incorporando ao longo de sua vida e que, em retorno futuro, produzirá ganhos salariais. Becker relaciona educação e produtividade com os ganhos salariais. Assim, quanto maior o investimento em capital humano feito pelo indivíduo, maior será a possibilidade de obtenção de bons rendimentos salariais no futuro.

Em se tratando das mulheres, ao longo do último século, o investimento em capital humano feito em educação aumentou enormemente, assim como o retorno salarial obtido com esse investimento. Esse aumento da escolaridade feminina indica uma maior expectativa de retorno do investimento feito em educação e, inclusive, de permanência no mercado de trabalho (Sobotka, 2004). No entanto, o investimento em capital humano feito pelas mulheres pode ficar comprometido, quando comparado ao dos homens, devido ao nascimento dos filhos. O nascimento dos filhos na fase de construção da carreira, especialmente, pode comprometer a trajetória profissional da mulher, pois é nessa fase que ela está formando seu capital humano (Gustafsson, 2001). A depreciação do capital humano ao ter filhos se torna um fator importante no que tange às decisões de maternidade e do seu momento.

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4- Fonte de dados e método

Nessa seção são apresentados a fonte de dados utilizada no trabalho e os procedimentos utilizados na elaboração das variáveis e do modelo.

4.1 – Fonte de dados

A fonte de dados utilizada nesse trabalho corresponde às PNADs de 1984, 1992, 1998, 2004 e 2009. Essas PNADs foram selecionadas uma vez que todas elas contêm as variáveis utilizadas para a definição estatística de mães e não-mães, assim, como cobrem um intervalo temporal de aproximadamente 6 anos.

4.2 – Método

4.2.1 – Relação entre o salário e o status de ser mãe ou não ser mãe.

Para a análise da relação da diferença de salário entre as mulheres que são mães e não são mães, partiu-se da idéia da equação minceriana, que estabelece uma relação entre os anos de escolaridade do indivíduo e o salário alcançado em média por ele. Nessa equação minceriana é incluída a variável do status da maternidade da mulher (mãe ou não-mae). Através dessa variável é possível captar se o fato da mulher ser mãe está relacionado a um menor salário obtido no mercado de trabalho em comparação às mulheres que não são mães.

Abaixo segue o modelo estimado:

ε β β β β β β β β β β β β β β β β β β β β + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + = IO STSECUNDÁR STPRIMÁRIO A CONTPROPRI EMPREGADOR SEMCART ANA METROPOLIT CO SUL NORDESTE NORTE SOB SUB INTEGRAL BRANCA CONJUGE EXPER IDADE ANOSESTUDO STMAE o Y 18 17 16 15 14 13 12 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 ln onde:

Y corresponde ao salário/hora da mulher (deflacionado)

O método de estimação foi o Mínimos Quadrados Ordinários e as observações foram ponderadas segundo um peso analítico (comando aweight no stata).

O modelo foi controlado:

- por variáveis pessoais (escolaridade, idade, experiência, presença de cônjuge, cor/raça)

-por variáveis ocupacionais e setoriais (jornada de trabalho, adequação escolaridade/ocupação*, posição na ocupação, setor de atividade)

- por variáveis regionais (norte, nordeste, sul, centro-oeste e região metropolitana)

* A variável adequação escolaridade/ocupação indica se a mulher está sub-escolarizada, sobre-escolarizada ou adequada. O que quer dizer, respectivamente, maior escolaridade do que a média

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exigida de escolaridade pela ocupação; menor escolaridade do que a média exigida de escolaridade pela ocupação, adequação entre escolaridade e ocupação).

A seguir é apresentada a forma como foi construída a variável dependente STMAE, que corresponde ao status da mulher ser mãe ou não-mãe. Para definir se a mulher é mãe ou não-mãe é necessário identificar as relações de parentesco dentro da família e, uma vez que, a relação entre mãe e filho somente é definida para chefes e cônjuges da família, as mães selecionadas no banco são aquelas mulheres chefes ou cônjuges na família. A partir das mulheres chefes e cônjuges definiu-se as mulheres de acordo com a presença de filhos no domicílio conjuntamente com a informação disponível na PNAD que pergunta às mulheres se elas já tiveram filhos nascidos vivos.

Dentro desse contexto foram selecionadas as mulheres entre 22 e 34 anos. A escolha por esse grupo etário é argumentada com base no fato de que são as mulheres jovens aquelas que estão no ponto de decidirem por filhos e trabalho. Dentre essas, foram selecionadas as mulheres ocupadas e com remuneração diferente de zero. De forma resumida, portanto:

• Mães: corresponde às mulheres entre 22 e 34 anos, ocupadas, com remuneração diferente de zero, que responderam ter tido filhos nascidos vivos, que têm filhos vivos no domicílio, e cuja idade ao ter o primeiro filho nascido vivo foi superior a 18 anos de idade.

• Nãe-mães: corresponde às mulheres entre 22 e 34 anos, ocupadas, com remuneração diferente de zero, que responderam nunca terem tido filhos nascidos vivos e que não têm filhos no domicílio.

4.2.2 – Relação entre o salário e o momento em que a mulher teve o primeiro filho

A análise da relação entre o salário e o momento em que a mulher teve o primeiro filho é feita de forma semelhança à analise da relação entre o salário/hora e o status de ser mãe ou não.

Abaixo segue o modelo estimado.

ε β β β β β β β β β β β β β β β β β β β β β + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + = IO STSECUNDÁR STPRIMÁRIO A CONTPROPRI EMPREGADOR SEMCART ANA METROPOLIT CO SUL NORDESTE NORTE SOB SUB INTEGRAL BRANCA CONJUGE EXPER IDADE ANOSESTUDO ANOS a MOMENTO ANOS a MOMENTO o Y 20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 25 22 2 21 18 1 ln

O método de estimação foi o Mínimos Quadrados Ordinários e as observações foram ponderadas segundo um peso analítico (comando aweight no stata).

Nesse modelo foram selecionadas as mulheres cujo status era de mãe, e que tiveram o seu primeiro filho a partir dos 18 anos. A escolha da idade mínima ao ter o primeiro filho foi feita uma vez que não é objetivo do estudo analisar as implicâncias da gravidez na adolescência. Para a definição da variável momento, estabeleceu-se três momentos para o intervalo de idade ao ter o primeiro filho, que seguem abaixo:

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Momento 1 – mulheres que tiveram seu primeiro filho entre 18 a 21 anos Momento 2 - mulheres que tiveram seu primeiro filho entre 22 e 25 anos Momento 3 – mulheres que tiveram seu primeiro filho entre 25 e 34 anos

Esses grupos de idade foram escolhidos de forma arbitrária, mas como o objetivo de apresentar uma hierarquia na idade de nascimento do primeiro filho.

5 - Resultados

5.1 – Comparando o salário das mulheres que são mães com o das mulheres que não são mães

O salário/hora das mulheres mães e não-mães é apresentado no GRAF.1. A diferença varia entre 2 a 3 reais por hora de trabalho, com vantagem para as mulheres que não são mães. Esse resultado ocorre em todos os anos analisados.

GRÁFICO 1

Brasil: Salário/hora das mulheres mães e não-mães, 1984, 1992, 1988, 2004 e 2009

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 1984 1992 1998 2004 2009 S al ár io /h o ra d ef laci o n ad o Não-mães Mães Fonte: PNADs 1984, 1992, 1998, 2004 e 2009

Nota: As mulheres analisadas são aquelas entre 22 e 34 anos, chefes ou cônjuges do domicílio, que estão ocupadas no mercado de trabalho e têm remuneração diferente de zero.

A diferença salarial entre mães e não-mães de acordo com os grupos de escolaridade da mulher, que pode ser visto no GRAF.2, aponta um maior salário/hora das mulheres que não são mães em quase todos os grupos analisados. No grupo de escolaridade de 12 anos e mais de estudo, tem-se que 1984, as mulheres mães obtiveram uma maior média do salário/hora do que aquelas não-maes, mas em 1998 e 2009, o contrário é verificado, e as mulheres não-mães passam a apresentar um maior salário/hora. Inclusive em 1998 e 2009, as maiores diferenças salariais entre mães e não-mães podem ser observadas entre o grupo das mulheres mais escolarizadas, que são justamente as mulheres que podem apresentar maior peso do nascimento dos filhos na carreira profissional e conseqüentemente no salário, por conta do maior custo de oportunidade com elas se deparam.

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GRÁFICO 2

Brasil: Salário/hora das mulheres mães e não-mães por grupos de escolaridade 1984, 1988 e 2009 1984 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 1 a 4 anos de estudo 5 a 8 anos de estudo 9 a 11 anos de estudo 12 e mais anos de estudo Não-mães Mães 1998 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 1 a 4 anos de estudo 5 a 8 anos de estudo 9 a 11 anos de estudo 12 e mais anos de estudo Não-mães Mães 2009 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 1 a 4 anos de estudo 5 a 8 anos de estudo 9 a 11 anos de estudo 12 e mais anos de estudo Não-mães Mães Fonte: PNADs 1984, 1998 e 2009

Nota: As mulheres analisadas são aquelas entre 22 e 34 anos, chefes ou cônjuges do domicílio, que estão ocupadas no mercado de trabalho e têm remuneração diferente de zero.

Ao analisar o salário/hora por idade específica das mulheres, pode ser observada a diferença entre o salário/hora das mães e não-mães ao longo das idades em todos os anos analisados. No entanto, ao fazer essa análise por grupo de escolaridade (gráficos não apresentados), verifica-se que a diferença aparece, sobretudo, entre as mulheres com 12 anos ou mais de estudo, e nos anos de idade mais avançados. Esse resultado pode evidencia, novamente, que é sobre as mulheres mais escolarizadas o maior custo de oportunidade da presença de filhos sobre os salários.

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GRÁFICO 3

Brasil: salário/hora das mulheres mães e não-mães por idade 1984, 1998 e 2009 1984 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 Não-mães Mães 1998 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 Não-mães Mães 2009 0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 Não-mães Mães Fonte: PNADs 1984, 1998 e 2009

Nota: As mulheres analisadas são aquelas entre 22 e 34 anos, chefes ou cônjuges do domicílio, que estão ocupadas no mercado de trabalho e têm remuneração diferente de zero.

No quesito raça/cor, verifica-se tanto entre as mulheres brancas e amarelas, como entre as pretas e pardas, que o salário das não-mães é maior do que das mulheres mães. No que tange ao quesito presença ou ausência de cônjuge, os resultados (GRAF.4) apontam que as mulheres não-mães e sem cônjuges são aquelas com maior média de salário/hora. Esse resultado é razoável uma vez que essas mulheres com aquelas cujas despesas estão restritas a elas mesmas. No outro extremo, as mulheres mães e sem cônjuges são aquelas que apresentam a menor média do salário/hora.

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GRÁFICO 4

Brasil: média do salário/hora das mulheres mães e não-mães de acordo com a presença ou ausência de cônjuge, 1984 e 2009. 1984 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0

Cônjuge ausente Cônjuge presente Não-mães Mães 2009 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0

Cônjuge ausente Cônjuge presente Não-mães Mães

Fonte: PNADs 1984 e 2009

Nota: As mulheres analisadas são aquelas entre 22 e 34 anos, chefes ou cônjuges do domicílio, que estão ocupadas no mercado de trabalho e têm remuneração diferente de zero.

Com relação à comparação entre mães e não-mães de acordo com a UF de residência, observa-se novamente, que as mulheres que não são-mães apresentam uma média salarial mais elevada do que das mulheres que são mães (GRAF.5). E conforme esperado, as mulheres nas regiões Norte e Nordeste apresentam as piores médias do salário/hora.

GRÁFICO 5

Brasil: média do salário/hora das mulheres mães e não-mães de acordo com a grande região de residência, 1984 e 2009. 1984 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 N NE SU S CO Não-Mães Mães 2009 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 N NE SU S CO Não-Mães Mães Fonte: PNADs 1984 e 2009

Nota: As mulheres analisadas são aquelas entre 22 e 34 anos, chefes ou cônjuges do domicílio, que estão ocupadas no mercado de trabalho e têm remuneração diferente de zero.

Com relação aos outros quesitos analisados, a tendência permanece a mesma. No que se refere à localização metropolitana ou não-metropolitana, tem-se que as mulheres residentes em área

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metropolitana recebem mais do que em áreas não metropolitanas. Com relação ao trabalho formal e informal, o mesmo pode ser dito, mulheres mães no emprego formal recebem menos. O GRAF.6 apresenta a posição na ocupação, e com exceção das mulheres empregadas em 1984, em todas as outras categorias as mães ganham menos do que as não-mães.

GRÁFICO 6

Brasil: média do salário/hora das mulheres mães e não-mães de acordo com a posição na ocupação, 1984 e 2009. 1984 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0

comcart semcart empregado contaprop Não-mães Mães 2009 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0

comcart semcart empregado contaprop Não-mães Mães

Fonte: PNADs 1984 e 2009

Nota: As mulheres analisadas são aquelas entre 22 e 34 anos, chefes ou cônjuges do domicílio, que estão ocupadas no mercado de trabalho e têm remuneração diferente de zero.

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A seguir são apresentadas as regressões estimadas para os 5 anos analisados.

TABELA 1

Brasil: Relação entre maternidade e o salário da mulher, 1984, 1992, 1998, 2004 e 2009

--- 2009 2004 1998 1992 1984 lnsalhoradef lnsalhoradef lnsalhoradef lnsalhoradef lnsalhoradef --- Mães -0,1182* -0,1211* -0,0887* -0,0456** -0,0130 (0,013) (0,015) (0,018) (0,020) (0,019) AnosdeEstudo 0,1222* 0,1264* 0,1329* 0,1221* 0,1591* (0,002) (0,002) (0,003) (0,003) (0,002) Idade 0,0833* 0,1374* 0,0841** 0,0757** 0,0566*** (0,027) (0,027) (0,034) (0,038) (0,034) Exper -0,0009** -0,0019* -0,0011*** -0,0010 -0,0005 (0,000) (0,000) (0,001) (0,001) (0,001) cjpres 0,0351* 0,0428* 0,0134 0,0563* 0,0222 (0,013) (0,013) (0,017) (0,018) (0,016) branca 0,1029* 0,1498* 0,1804* 0,1355* 0,0931* (0,012) (0,013) (0,016) (0,018) (0,016) integral -0,3806* -0,4215* -0,3856* -0,2370* -0,1661* (0,015) (0,015) (0,018) (0,019) (0,018) SUB 0,3654* 0,3570* 0,3624* 0,2086* 0,2082* (0,026) (0,024) (0,026) (0,033) (0,028) SOB -0,2222* -0,2667* -0,2508* -0,2671* -0,3539* (0,014) (0,016) (0,021) (0,022) (0,020) semcart -0,2597* -0,2752* -0,2328* -0,3488* -0,3211* (0,013) (0,014) (0,018) (0,021) (0,017) empregador 0,4742* 0,5986* 0,5540* 0,4094* 0,4408* (0,039) (0,048) (0,057) (0,069) (0,082) contpropria -0,2726* -0,3009* -0,1499* -0,1288* -0,1334* (0,022) (0,021) (0,027) (0,026) (0,024) primario 0,0007 -0,0207 -0,1532* 0,1161* 0,4581* (0,047) (0,039) (0,046) (0,044) (0,031) secundario -0,0115 -0,0648* 0,0213 0,1418* 0,1271* (0,016) (0,017) (0,021) (0,023) (0,023) N -0,0803* -0,0306 -0,2010* -0,0922* 0,0925* (0,019) (0,020) (0,033) (0,034) (0,025) NE -0,3029* -0,3885* -0,4070* -0,5327* -0,4401* (0,015) (0,016) (0,020) (0,023) (0,020) S 0,0370** -0,0093 -0,0905* -0,0239 -0,0692* (0,015) (0,015) (0,020) (0,019) (0,018) CO 0,0883* 0,0705* -0,0525** -0,0313 0,0746* (0,017) (0,019) (0,023) (0,024) (0,021) metro 0,1645* 0,1858* 0,2751* 0,2775* 0,2823* (0,011) (0,012) (0,015) (0,016) (0,015) Constante -1,1114* -1,9962* -0,6331 -1,1219** -1,2875* (0,375) (0,382) (0,486) (0,535) (0,472) --- R2 Ajustado 0,4580 0,5046 0,5609 0,5096 0,6000 Número de obs. 14804 14025 8901 9175 11215 F 466,92 544,97 486,10 386,65 752,30 Prob>F 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 --- *** p<0.10, ** p<0.05, * p<0.01

Fonte: Elaboração própria a partir das PNADs 1984, 1992, 1998, 2004 e 2009

A análise dos resultados da regressão apresenta resultados interessantes. Em todos os anos analisados, a relação entre a maternidade e o salário, controlado por uma série de variáveis, é negativa. Ou seja, as mulheres que são mães apresentam salário menor do que as mulheres que não são mães, o que confirma a análise descritiva feita. De 1984 para 2009, o salário da mulher que é mãe tornou-se bastante inferior ao salário da mulher não-mãe. Enquanto em 1992, o salário hora das mães foi 4% inferior ao das mulheres não-mães; em 1998, foi 8% menor; em 2004 foi

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12% menor; e em 2009, esse valor foi de 11,8% menor. Essa mudança expressiva ao longo do período analisado pode indicar que ser mãe tem implicado um maior custo no mercado de trabalho. Isso pode ser conseqüência da maior escolarização das mulheres ao longo dos anos analisados..

Com relação às outras varáveis no modelo, pode-se verificar que 1 ano a mais de estudo implica em um salário/hora em média 12% maior, e que este valor diminuiu com o passar das décadas, passando de 15,91% em 1984 para 12,22% em 2009.

A variável de idade foi positivo em todos os anos, mostrando que, na média, quanto maior a idade,

maior o retorno auferido pelo trabalhador, assim como no modelo proposto por Mincer. A variável

de experiência que corresponde à idade ao quadrado, apresentou sinal negativo, o que é coerente com a literatura que indica que a experiência aumentou o salário a taxas decrescentes.

Ser branca apresenta coeficientes positivos e significativos, indicando que mulheres brancas ganham mais que as pretas e pardas. Trabalhar em horário integral representa um menor salário em comparação ao horário parcial, o que é pouco coerente. As mulheres subescolarizadas tem salário maior do que aquelas adequadas e as sobreescolarizadas têm salário menor. O salário nas regiões Norte e Nordeste são inferiores ao da região Sudeste, enquanto os da região Sul e Centro-Oeste são maiores. As mulheres conta própria e em trabalho sem carteira recebem menos do que as empregadas com carteira, enquanto as mulheres empregadoras recebem mais do que as com carteira.

5.2 – Comparando o salário das mulheres entre aquelas que adiaram e não adiaram a fecundidade

Nessa seção, serão analisadas somente as mulheres que tiveram filhos e será analisada a relação entre o momento do nascimento do primeiro filho e o salário obtido pelas mulheres.

Conforme pode ser verificado no GRAF.7, à medida em que a idade na qual a mulher tem o seu primeiro filho aumenta, há um aumento do salário/hora obtido. Essa relação pode ser verificada em todos os anos analisados. Essa relação pode ser explicada pelo maior investimento em capital humano que a mulher pode auferir ao adiar a fecundidade.

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GRÁFICO 7

Brasil: Salário/hora das mulheres mães de acordo com a idade de nascimento do primeiro filho, 1984, 1992, 1998, 2004 e 2009 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 1984 1992 1998 2004 2009 S al ár io/ hor a

18 a 21 anos 22 a 25 anos 25 a 34 anos

Fonte: PNADs 1984 e 2009

Nota: As mulheres analisadas são aquelas entre 22 e 34 anos, chefes ou cônjuges do domicílio, que estão ocupadas no mercado de trabalho e têm remuneração diferente de zero.

No GRAF.8, de acordo com os anos de escolaridade das mulheres, observa-se que a maior diferença salarial se encontra entre as mulheres com maiores anos de estudo, com 12 anos ou mais de estudos. Aqui somente é apresentado o ano de 2009, no entanto, resultado similar pode ser verificado nos demais anos.

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GRÁFICO 8

Brasil: Salário/hora das mulheres mães de acordo com a escolaridade da mulher e a idade de nascimento do primeiro filho das mulheres, 2009

0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 18,0 20,0 1 a 4 anos de estudo 5 a 8 anos de estudo 9 a 11 anos de estudo 12 e mais anos de estudo S al ár io/ hor a

18 a 21 anos 22 a 25 anos 25 a 34 anos

Fonte: PNAD 2009

Nota: As mulheres analisadas são aquelas entre 22 e 34 anos, chefes ou cônjuges do domicílio, que estão ocupadas no mercado de trabalho e têm remuneração diferente de zero.

Em seguida, são apresentadas as regressões que relacionam o momento ao salário da mulher. O grupo de referência para a análise da tabela foi o “momento 26a34” anos, ou seja, as mulheres que tiveram filhos entre 26 e 34 anos. O resultado observado é que ter filhos entre 18 a 21 anos ou entre 22 a 25 anos implicam um salário menor do que tê-los entre 26 e 34 anos, sendo o coeficiente significativo em 1998, 2004 e 2008 conforme a TAB.2. Esse resultado, apesar de não indicar causalidade, aponta na direção de que ter filhos mais tarde pode facilitar as mulheres a auferirem maiores ganhos salários.

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TABELA 2

Brasil: Relação entre maternidade e o salário da mulher, 1984, 1992, 1998, 2004 e 2009

--- 2009 2004 1998 1992 1984 lnsalhoradef lnsalhoradef lnsalhoradef lnsalhoradef lnsalhoradef --- momento18a21 -0,0888* -0,0596** -0,0378 -0,0082 -0,0154 (0,025) (0,024) (0,028) (0,032) (0,028) momento22a25 -0,0838* -0,0697* -0,0754* -0,0346 -0,0204 (0,021) (0,021) (0,026) (0,028) (0,024) AnosdeEstudo 0,1060* 0,1138* 0,1265* 0,1175* 0,1564* (0,002) (0,003) (0,003) (0,003) (0,002) Idade 0,0726** 0,0948* 0,0335 0,0732 0,0513 (0,033) (0,032) (0,042) (0,045) (0,039) Exper -0,0008 -0,0011** -0,0003 -0,0009 -0,0004 (0,001) (0,001) (0,001) (0,001) (0,001) cjpres 0,0754* 0,0825* 0,0517* 0,0839* 0,0581* (0,015) (0,014) (0,019) (0,021) (0,019) branca 0,1009* 0,1558* 0,1896* 0,1340* 0,0976* (0,014) (0,014) (0,019) (0,020) (0,018) filhonovo 0,0196 0,0442** -0,0210 -0,0138 -0,0148 (0,018) (0,018) (0,022) (0,026) (0,025) nfi== 1,0000 0,0456*** 0,0424 0,0342 0,0702** 0,0143 (0,025) (0,026) (0,029) (0,032) (0,027) nfi== 2,0000 0,0433*** 0,0376 0,0532** 0,0711* 0,0491** (0,023) (0,023) (0,026) (0,027) (0,022) integral -0,3710* -0,4155* -0,3725* -0,2493* -0,1584* (0,017) (0,017) (0,020) (0,021) (0,019) SUB 0,3068* 0,3034* 0,3328* 0,1952* 0,1810* (0,028) (0,026) (0,028) (0,036) (0,030) SOB -0,2023* -0,2639* -0,2407* -0,2701* -0,3523* (0,017) (0,019) (0,026) (0,025) (0,023) semcart -0,2779* -0,2885* -0,2511* -0,3648* -0,3277* (0,015) (0,015) (0,020) (0,023) (0,019) empregador 0,5168* 0,6488* 0,5819* 0,3892* 0,5098* (0,050) (0,058) (0,066) (0,078) (0,088) contpropria -0,3098* -0,3242* -0,1796* -0,1592* -0,1542* (0,025) (0,023) (0,031) (0,028) (0,026) primario -0,0478 -0,0677*** -0,1762* 0,0997** 0,4503* (0,048) (0,040) (0,048) (0,046) (0,033) secundario -0,0618* -0,1025* -0,0031 0,1170* 0,0832* (0,019) (0,020) (0,025) (0,027) (0,027) N -0,0831* -0,0244 -0,2026* -0,0929** 0,0989* (0,021) (0,022) (0,038) (0,037) (0,027) NE -0,3177* -0,3955* -0,3932* -0,5376* -0,4316* (0,017) (0,018) (0,023) (0,026) (0,022) S 0,0557* -0,0035 -0,0932* -0,0347 -0,0746* (0,018) (0,018) (0,023) (0,022) (0,021) CO 0,0712* 0,0581* -0,0456*** -0,0426 0,0819* (0,020) (0,021) (0,026) (0,026) (0,024) metro 0,1257* 0,1806* 0,2500* 0,2705* 0,2705* (0,013) (0,014) (0,018) (0,018) (0,016) Constante -0,8390*** -1,4130* 0,0865 -1,1334*** -1,2138** (0,478) (0,478) (0,616) (0,651) (0,565) --- R2 Ajustado 0,4260 0,4867 0,5408 0,4923 0,5846 Número de obs. 10807 10886 6679 7506 9220 F 247,35 321,56 289,76 245,31 496,25 Prob>F 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 --- *** p<0.10, ** p<0.05, * p<0.01

Fonte: Elaboração própria a partir das PNADs 1984, 1992, 1998, 2004 e 2009

Assim, o custo de oportunidade de ter filhos e os tê-los no início da carreira pode ser alto, uma vez que é nesse período que a mulher está formando seu capital humano e ganhando experiência de trabalho.

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6 – Conclusão

O resultado desse trabalho aponta que ter filhos está relacionado a um menor salário comparativamente às mulheres sem filhos. Ao longo do período analisado, observou-se que a relação negativa entre filhos e salário se acentuou, indicando que o custo de oportunidade de ter filhos aumentou ao longo do período analisado. Enquanto em 1992, as mulheres mães recebiam 4% a menos do que as mulheres não-mães, em 2009, elas recebiam 11% a menos, em média. Esse resultado pode estar relacionado as maiores exigências de qualificação no mercado de trabalho, o que torna a conciliação entre filhos e trabalho mais delicada, refletindo no salário obtido pelas mulheres que são mães.

Com relação ao momento da fecundidade, pode se observar que ter filhos em idades mais cedo está relacionado a um menor salário médio obtido no mercado de trabalho. Os resultados foram estatisticamente significativos para os anos de 1998, 2004 e 2009. Tomando 2009 como exemplo, obteve-se que ter filhos mais tarde (acima de 26 anos) implica uma média salarial 8% maior em comparação com quem teve filhos mis cedo (entre 22 e 25 anos). Esse resultado indica que o adiamento da fecundidade talvez esteja sendo uma estratégia para a decisão da maternidade em um período de maior estabilidade emocional e financeira, na qual possa haver a obtenção do retorno ao investimento feito em educação.

Esses resultados apontam a necessidade de políticas direcionadas à conciliação entre filhos e trabalho. A mulher vem conquistando cada vez mais o mercado de trabalho e a sua independência financeira. O custo disso parece ser a fecundidade atingindo níveis cada vez menores da taxa de reposição populacional. O adiamento da fecundidade é uma estratégia pertinente para a conciliação entre filho e trabalho, no entanto, o limite biológico pode impedir a concretização da maternidade. Dessa forma, é necessário voltar o olhar para os desafios da mulher na conciliação entre trabalho e família.

Como mencionado na introdução, esse trabalho não teve a preocupação em analisar a relação de causalidade da maternidade e do momento sobre o salário das mulheres. Para a análise do impacto é necessário elaborar uma metodologia de tratamento e controle. Essa análise de causalidade é o que se propõe para a agenda futura de pesquisa

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