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Homens e cancro do colo do útero

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Academic year: 2021

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Dissertação | Artigo de Revisão Bibliográfica

HOMENS E CANCRO DO

COLO DO ÚTERO

MEN AND CERVICAL CANCER

Ana Carolina Pereira Teixeira

Orientador

Prof. Dr. Tomé Pereira

Maio 2012

Mestrado Integrado em Medicina

2011/2012

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1

ARTIGO DE REVISÃO

HOMENS E CANCRO DO COLO DO ÚTERO

MEN AND CERVICAL CANCER

Ana Carolina Pereira Teixeira

1

Orientador

Prof. Dr. Tomé Pereira

2

1 Aluna do 6º ano profissionalizante do Mestrado Integrado em Medicina

Endereço eletrónico: t.carolina@hotmail.com

Afiliação: Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar – Universidade do Porto Endereço: Largo Prof. Abel Salazar 2, 4099-003 Porto

2 Médico Especialista em Ginecologia

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2

Resumo

Introdução: O cancro do colo do útero é a segunda neoplasia mais frequente nas

mulheres a nível mundial, comportando elevada morbilidade e mortalidade. Tem como fator etiológico a infeção persistente do colo do útero pelo Papilomavírus Humano. A transmissão desta infeção ocorre preferencialmente por contacto sexual pelo que os homens funcionam como vetores deste vírus. Assim, os homens apresentam um papel importante na transmissão desta infeção às mulheres e, indiretamente, no desenvolvimento do cancro do colo do útero.

Objetivos: O principal objetivo deste trabalho é e revisão dos estudos sobre o efeito

da circuncisão, utilização de preservativo e vacinação masculina na prevenção da transmissão do Papilomavírus Humano de homens para mulheres.

Métodos: A pesquisa bibliográfica foi realizada através da Pubmed-MEDLINE de

artigos de interesse publicados entre 2000 e 2011 em inglês ou português.

Conclusão: Nos homens, a circuncisão mostra-se eficaz na prevenção da infeção por

múltiplos tipos de papilomavírus e da infeção persistente por tipos oncogénicos deste vírus. Nas parceiras de homens circuncisados verifica-se uma redução da prevalência e incidência da infeção por tipos oncogénicos e um efeito modesto na resolução destas infeções. Os estudos sobre o efeito da utilização de preservativo apresentam resultados contraditórios. As vacinas profiláticas são altamente imunogénicas quando administradas em homens. Porém, desconhece-se o efeito destas vacinas na prevenção da transmissão do HPV de homens para mulheres. A vacinação masculina aparenta ser menos custo-efetiva que a vacinação feminina.

Palavras-chave: Papilomavírus Humano, cancro do colo do útero, circuncisão,

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3

Abstract

Introduction: Cervical cancer is the second most common cancer in women

worldwide, comprising high morbidity and mortality. It`s etiological factor is the persistent infection of the cervix by Human Papillomavirus. The transmission of this infection occurs mainly through sexual contact so men act as vectors of this virus. Thus, men have an important role in transmission of the infection to women and, indirectly, in the development of cervical cancer.

Objectives: This paper`s main goal is the review of studies about the effect of

circumcision, condom use and male vaccination in preventing the transmission of Human Papillomavirus from men to women.

Methods: The literature search was performed using Pubmed-MEDLINE for articles of

interest published between 2000 and 2011 in English or Portuguese.

Conclusion: In men, circumcision is effective in preventing infection by multiple

papillomavirus types and persistent infections by oncogenic types of this virus. In female sexual partners of circumcised men, there is a reduction in the prevalence and incidence of infection by oncogenic types and a modest effect on the clearance of these infections. Studies on the effect of condom use have conflicting results. The prophylactic vaccines are highly immunogenic when administered in men. However, it is unknown the effect of these vaccines in preventing papillomavirus transmission from men to women. Male vaccination appears to be less cost-effective than vaccination of women.

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4

Índice de abreviaturas

ACIP – Advisory Committee on Imunization Practices AIN – neoplasia intraepitelial anal

CCU – cancro do colo do útero CIN – neoplasia intraepitelial cervical HPV – Papilomavírus Humano HPV2 – vacina bivalente HPV4 – vacina tetravalente

hrHPV – tipos de Papilomavírus Humano de alto grau HSIL - lesão escamosa intraepitelial de alto grau lrHPV – tipos de Papilomavírus Humano de baixo grau LSIL – lesão escamosa intraepitelial de baixo grau NCR - non-coding region

PIN – neoplasia intraepitelial peniana VIH – Vírus da Imunodeficiência Humana

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5

Índice

1. Introdução ... 6

1.1 Cancro do colo do útero ... 6

1.2 Papilomavírus Humano – agente etiológico do CCU ... 6

1.2.1 Transmissão ... 9

1.2.2 Epidemiologia ... 10

1.2.3 Outras patologias associadas ao HPV ... 11

2. Métodos ... 13

3. Circuncisão, preservativo e vacinação ... 14

3.1 Circuncisão ... 15

3.1.1 Efeito na infeção masculina ... 15

3.1.2 Efeito na infeção feminina ... 16

3.1.3 Mecanismo da proteção ... 17

3.2 Preservativo ... 19

3.2.1 Efeito na infeção masculina ... 19

3.2.2 Efeito na infeção feminina ... 20

3.2.3 Mecanismo da proteção ... 23

3.3 Vacinação ... 23

3.3.1 Vacinação das mulheres ... 24

3.3.2 Vacinação dos homens ... 26

3.3.3 Aceitação da vacina pelos homens ... 27

3.3.4 Estudos custo-benefício da vacinação dos homens ... 28

4. Conclusão ... 30

5. Agradecimento ... 33

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6

1. Introdução

1.1 Cancro do colo do útero

O cancro do colo do útero (CCU) é a segunda neoplasia mais frequente nas mulheres, em todo o mundo, com cerca de 530 000 novos casos em 2008. A prevalência é mais elevada em países em desenvolvimento, onde ocorrem 85% dos casos, do que nos países desenvolvidos, onde os programas de rastreio reduziram significativamente a incidência deste cancro. Em geral, a razão entre mortalidade e incidência é de 52% (1). Esta neoplasia afeta geralmente mulheres jovens pelo que constitui uma importante causa de anos potenciais de vida perdidos (2).

Em Portugal, o CCU apresenta uma incidência de 12,2 por 100 000 e mortalidade de 3,6 por 100 000 (1). Esta neoplasia corresponde à segunda mais frequente em mulheres com menos de 44 anos (3).

1.2 Papilomavírus Humano – agente etiológico do CCU

Tipos oncogénicos de Papilomavírus Humano (HPV) podem ser detetados em virtualmente todos os casos de CCU sendo considerado um fator necessário ao seu desenvolvimento. Apesar disso, a infeção por HPV é tão frequente, de tal forma que o CCU é uma consequência rara dessa infeção (2).

O HPV é um vírus pequeno (50-55nm), sem invólucro e com dupla hélice de ADN circular envolvida por uma cápside icosaédrica. Pertence à família Papoviridae e ao género Papillomavirus.

O seu genoma apresenta aproximadamente 8000 pares de base. Este encontra-se associado a proteínas semelhantes a histonas, envolvidas por 72 capsómeros constituídos por duas proteínas estruturais, L1 e L2 (4). O genoma encontra-se dividido em 3 regiões, de acordo com a sua localização e propriedades funcionais: as regiões E (early) e L (late), denominadas unidades de tradução, e uma

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7 terceira região NCR (non-coding region). Na região E encontram-se até 8 genes (E1 a E8) que são responsáveis pela replicação do HPV (E1 e E2), transcrição do ADN (E2), maturação e libertação das partículas víricas (E4), transformação celular (E5, E6, E7) e imortalização (E6 e E7). Estes dois últimos codificam ainda proteínas associadas à malignização das lesões, ao interagirem com as proteínas celulares p53 e pRb, inibindo as suas ações sobre o controlo da proliferação celular. Apenas as proteínas E6 e E7 de tipos de oncogénicos de HPV são capazes de imortalizar os queratinócitos humanos primários. Os genes da região L (L1 e L2) codificam as proteínas principal e secundária da cápside, respetivamente. A região tardia L1 é a mais conservada entre os vários tipos de HPV e o seu produto representa 80% das proteínas da cápside, sendo a proteína mais abundante e de alta imunogenicidade. As proteínas L1 e L2 contribuem para a incorporação do ADN vírico dentro do virião. A região NCR está envolvida na expressão génica e na replicação vírica que ocorre no núcleo da célula hospedeira. O genoma deste vírus é estático e mudanças na sua sequência por mutação ou recombinação são eventos muito raros (4).

A proteína L1, quando expressa por via recombinante num fungo ou vetor vírico, dobra-se e junta-se a cápsides vazias, que antigénicas ou morfologicamente se assemelham ao vírus selvagem, formando a base para os candidatos às atuais vacinas profiláticas (5).

O HPV apresenta tropismo por células epiteliais, provocando infeções da pele e das mucosas (genital, oral, laríngea e esofágica) e a sua replicação ocorre nas células escamosas epiteliais (4). Atualmente são reconhecidos mais de 200 tipos de papilomavírus, dos quais 40 infetam o epitélio escamoso do trato anogenital (5). Estes classificam-se em tipos de baixo risco oncogénico (lrHPV), encontrados especialmente em condilomas genitais (6, 11, 40, 42, 43, 44, 54, 61, 70, 72, 81 e CP6108), e de alto risco oncogénico (hrHPV), encontrados frequentemente em associação com CCU

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8 invasivo (16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59, 68, 73 e 82). Os tipos 26, 53 e 66 são considerados de provável alto risco (6).

Mundialmente, o HPV16 e HPV18 causam 60 a 80% dos CCU (7). Em Portugal, estes dois tipos são responsáveis por 95% dos CCU invasivos (3).

Na infeção do colo do útero, o HPV infecta camadas basais do epitélio penetrando através de escoriações do epitélio escamoso ou através da junção intercelular única existente na zona de transformação do cérvix (5). Esta última é a principal localização de displasia no cérvix (8). O vírus deposita-se na membrana basal, sofrendo um “relaxamento” conformacional, após o qual entra na célula basal através de um processo complexo de endocitose, que demora entre 2 a 4 horas. Imediatamente após o vírus ter entrado na célula basal, o invólucro é decomposto e o ADN vírico é direcionado ao núcleo onde este existe em epissomas separados do ADN do hospedeiro. Este processo está habitualmente associado a um baixo número de cópias víricas e a nenhuma alteração citológica (7). Em oposição, o completo ciclo de vida do HPV ocorre apenas no compartimento acima da camada basal, onde os queratinócitos perdem a sua capacidade de replicação, mas iniciam a sua diferenciação final. Ao ocorrer a descamação do epitélio, os viriões são libertados e preparados para infetar outro hospedeiro (5). São necessárias 3 semanas desde a montagem do vírus até à sua libertação, o tempo que leva a maturação de células basais a células superficiais. Os genes precoces, E6 e E7, necessários à transformação maligna são produzidos tanto nas camadas internas como nas externas do epitélio. As proteínas tardias, L1 e L2, são montadas em viriões altamente imunogénicos e depois libertadas apenas na camada epitelial externa diferenciada terminal. Numa minoria de casos, ocorre persistência, integração e transformação. Tipicamente, o HPV ADN integra-se no ADN hospedeiro através da rutura do gene E2, permitindo que o genoma circular se torne linear. A integração mediada pela rutura do E2 cessa a síntese vírica mas desencadeia a desregulação de E6 e E7. A proteína E6

(10)

9 liga-se e degrada o p53 e a E7 inativa o gene retinoblastoma. A degradação destes dois genes supressores de tumores conduz à instabilidade genética, à prevenção da apoptose e à proliferação celular descontrolada, o que pode levar ao desenvolvimento neoplásico.

O ciclo de vida do HPV ocorre inteiramente no interior das células epiteliais escamosas, escapando de forma eficaz às respostas imunitárias. A maioria destas infeções é transitória, sendo eliminada em 6 meses. Alguns tipos de HPV, particularmente hrHPV, podem demorar 12-24 meses a serem eliminados (7). Ocorre uma resposta humoral com produção de anticorpos tipo específicos em 60% das infeções do trato genital (5). Assim, a eliminação de um tipo de vírus pode tornar essa mulher parcial ou totalmente imune a esse genótipo (7).

A infeção crónica ocorre num número pequeno de mulheres (~5%). O vírus pode permanecer num estado de latência por vários anos, podendo ser posteriormente reativado, particularmente quando há supressão do sistema imunitário (5). O desenvolvimento de uma infeção clinicamente evidente produz uma lesão de baixo ou alto grau. A maioria das lesões escamosas intraepiteliais de baixo grau (LSIL) regridem sem tratamento, porém aquelas positivas para HPV16 e/ou HPV18 têm maior risco de evolução para HSIL (lesão escamosa intraepitelial de alto grau) e cancro. As HSIL podem surgir de novo sem progredirem a partir de lesões de baixo grau. A maioria das HSIL está associada a infeção persistente, pelo HPV16 e HPV18, com alta probabilidade de persistência ou progressão.

O intervalo entre infeção inicial e lesão de alto grau é geralmente menor que aquela entre lesão de alto grau e cancro, cujo tempo estimado é de 7-10 anos. (7)

1.2.1 Transmissão

A infeção anogenital por HPV é a mais frequente infeção sexualmente transmissível (9). Desta forma, o principal comportamento de risco associado a esta

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10 infeção é o maior número de parceiros sexuais. Está também descrita a transmissão vertical e a transmissão horizontal de lrHPV para a vulva e vagina através de dedos ou relações sexuais sem penetração. Contudo, a infeção do cérvix ocorre principalmente através de relações sexuais com penetração (7).

Outros fatores de risco para a transmissão do HPV incluem a idade do parceiro sexual, idade da coitarca, coinfecções, métodos contracetivos de barreira, comportamento sexual masculino e circuncisão.

1.2.2 Epidemiologia

Estima-se que a prevalência de HPV em mulheres varie entre 2 e 44% e que o risco de aquisição da infeção ao longo da vida seja de 50-80% (5). O HPV16 constitui o tipo mais frequente (6). A prevalência de HPV apresenta uma forte associação com a idade e geralmente o pico de incidência ocorre em idades não superiores a 25 anos, refletindo uma maior probabilidade de aquisição de uma nova infeção nesta faixa etária (10). O risco cumulativo para a aquisição desta infeção num primeiro relacionamento sexual é de cerca de 45% aos 3 anos (7). A prevalência de HPV diminui em idades mais avançadas na maioria das mulheres (10).

Pista et al. (2011), numa amostra de mulheres portuguesas, detetou uma prevalência global de HPV de 19,4% que atingiu um pico em idades inferiores a 25 anos. Entre os 20-24 anos detetou-se uma prevalência de 28,8%, que diminui nas faixas etárias seguintes, atingindo 5,6% entre os 60-64 anos. O hrHPV mais frequente foi o HPV16 (19,7%), seguido pelos tipos de HPV 31, 51, 53 e 66. A prevalência do HPV18 foi de 4,4% (11).

A maioria dos estudos revela uma prevalência de HPV em homens tão alta quanto a encontrada em mulheres. Uma revisão (12) identificou uma prevalência em homens tão alta quanto 72,9% e normalmente superior a 20%. Tal como acontece nas mulheres, o HPV16 foi o tipo mais frequente. A prevalência em homens sexualmente

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11 ativos é geralmente alta e não atinge um pico em idades mais jovens. Em comparação com estudos realizados em mulheres, as curvas de prevalência de HPV são relativamente horizontais com a idade ou declinam apenas ligeiramente após o pico de incidência. Assim, os homens parecem ter um maior potencial para a persistência da infeção por longos períodos ou alta taxa de reinfeção (13).

A maioria das infeções são assintomática e os homens não realizam testes de rastreio para HPV, pelo que os homens heterossexuais podem agir como reservatórios deste vírus, transmitindo-o às mulheres (14). Assim, torna-se patente a importância da prevenção da transmissão do HPV de homens para mulheres, como modo de prevenção do CCU.

1.2.3 Outras patologias associadas à infeção por HPV

A infeção por HPV associa-se também ao aparecimento de lesões verrucosas genitais (condilomas acuminados), papilomatose respiratória recorrente e neoplasias anogenitais (vulva, vagina, pénis e ânus) e da mucosa oral e orofaríngea (7).

A maioria dos condilomas genitais surge devido à infeção pelo HPV6 e HPV11 (7). Também associada a estes tipos encontra-se a papilomatose respiratória recorrente, uma doença rara caracterizada pela proliferação de papilomas escamosos benignos nos tratos respiratório e digestivo (15).

Entre os cancros não cervicais, o mais frequente a nível mundial é o da boca (274 300 casos), seguido pelo cancro da orofaringe (52 100 casos), vulva e vagina (40 000 casos), ânus (30 400 casos) e pénis (26 300 casos), sendo o número de casos correspondentes à incidência em 2002 (2). A infeção por HPV é encontrada em 35,6% das neoplasias da orofaringe e 23,5% das da cavidade oral, 20-50% dos cancros da vagina, 60-65% dos cancros da vulva, 90% dos cancros anais e 40-50% dos cancros do pénis (2).

(13)

12 Apesar destes cancros serem mundialmente muito menos frequentes que o CCU, ao estarem associados ao HPV, a sua prevenção poderá ser feita através das mesmas estratégias preventivas, aplicadas ao cancro do colo do útero. Ainda, nos países desenvolvidos, onde existem programas de rastreio, o número de neoplasias associadas ao HPV em homens, incluindo cancro do pénis, oral e anal, é semelhante ao de cancro do colo do útero (16).

(14)

13

2. Métodos

A pesquisa de artigos foi realizada com base na consulta da base de dados eletrónica Pubmed-MEDLINE, com restrição a artigos publicados entre 2000 e 2011 em língua inglesa ou portuguesa. Foram ainda consultadas as bibliografias dos referidos artigos com seleção daqueles considerados relevantes para esta revisão.

As palavras-chave utilizadas na busca bibliográfica foram: “circumcision cervical cancer”, “cincumcision HPV“, “condom cervical cancer”, “condom HPV”, “HPV male vaccine”.

No total foram incluídos 93 artigos. A pesquisa bibliográfica terminou a 31 de Dezembro de 2011.

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14

3. Circuncisão, preservativo e vacinação

A investigação sobre a infeção por HPV tem-se centrado nas mulheres pelo maior risco nestas de cancro anogenital (maioritariamente de CCU). A investigação sobre HPV nos homens apenas recentemente ganhou força devido à disponibilidade das vacinas, ao grande impacto das lesões anais pré-cancerígenas em homens infetados com o Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) e ao reconhecimento de que lesões penianas planas invisíveis têm um importante papel na transmissão deste vírus de homens para mulheres.

Entre os diversos fatores associados à infeção por HPV, a utilização de preservativo e a circuncisão masculina são dos mais estudados (17).

Os estudos longitudinais são o modelo preferido para a identificação de fatores que modificam o risco de infeção por HPV. Porém, estes estão sub-representados na literatura. Outra dificuldade no estudo desta infeção deve-se ao pouco que é sabido sobre a história natural desta nos homens. Por esta razão, não existe consistência no intervalo de tempo considerado para definir uma infeção persistente, o que pode gerar resultados contraditórios.

Em relação aos métodos de pesquisa de HPV, atualmente os métodos baseados no PCR (polymerase chan reaction) são os normalmente utilizados. Contudo, a deteção por esta via apenas sugere infeção por HPV, já que pode detetar a presença do vírus em células descamativas provenientes do contacto sexual ou detetar cópias mínimas de vírus, que serão irrelevantes. Os métodos serológicos também foram utilizados, permitindo ultrapassar estas limitações. Porém, em geral, são considerados métodos inferiores já que não conseguem distinguir a localização da infeção e nem todos os indivíduos produzem anticorpos em resposta ao HPV (18).

(16)

15

3.1 Circuncisão

3.1.1 Efeito na infeção masculina

A maioria dos estudos que correlacionam o HPV e a circuncisão masculina têm carácter observacional e decorreram nos últimos 10 anos. Estes estudos são extremamente variados em termos de técnicas de amostragem, método de deteção de HPV e estadio da infeção em estudo, tornando extremamente difícil a sua revisão.

Grande parte da aparente discordância na literatura deve-se à não estratificação dos resultados consoante o tipo de HPV. Uma consideração conjunta dos diferentes tipos de HPV pode introduzir vieses na análise da prevalência de HPV, já que os hrHPV geralmente persistem por mais tempo que os lrHPV. Verificou-se também que entre os estudos que incluíram lrHPV na sua análise, a vasta maioria não detetou uma diferença significativa na prevalência destes tipos, segundo o estado de circuncisão, o mesmo não se verificando no estudo de hrHPV. É assim mais apropriado considerar que a eficácia da circuncisão varia consoante o tipo de HPV.

Em homens circuncisados, a infeção por HPV é mais frequentemente detetada no corpo do pénis, enquanto o prepúcio, em especial a mucosa interna, é a principal localização em homens não circuncisados. Para evitar viés em termos de locais de colheita de HPV, estudos mais recentes tipicamente colhem amostras no pénis por inteiro e escroto (18), já que mais de 95% das infeções assintomáticas por HPV podem ser detetadas no corpo peniano, sulco coronal e glande, prepúcio (em não circuncisados) e escroto (19).

Rehmeyer (2002) realizou uma revisão sobre a infeção masculina por HPV e circuncisão segundo o estadio da infeção e o tipo de HPV. Verificou-se que a circuncisão não tem efeito sobre a aquisição isolada de um tipo de HPV, mas aparenta proteger contra infeções por múltiplos tipos de HPV e contra a persistência de infeções por hrHPV. Quase todos os estudos analisados detetaram uma redução profunda e significativa na persistência de HPV nos homens circuncisados, com a exceção dos

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16 homens VIH-positivo (população mais predisposta à persistência das infeções) (18). Num estudo em homens militares mexicanos (20), a redução na persistência da infeção por HPV foi de 90% em homens circuncisados em relação aos não circuncisados. Um estudo (21) detetou uma redução de 70 e 80% na persistência de HPV em geral e de hrHPV, respetivamente. Deste modo, conclui-se que o aumento da prevalência de hrHPV detetada em homens não circuncisados resulta de uma duração mais prolongada da infeção (18).

3.1.2 Efeito na infeção feminina

O potencial efeito protetor da circuncisão masculina sobre o desenvolvimento de CCU foi sugerido pela baixa incidência desta neoplasia em mulheres de certas populações, como a judaica, onde a circuncisão é uma prática comum. Porém, os estudos observacionais têm revelado resultados contraditórios. Esta inconsistência poderá resultar do poder limitado destes estudos, da vulnerabilidade a viés de confundimento (como o comportamento sexual masculino e feminino), da baixa sensibilidade dos métodos utilizados para deteção de HPV e da avaliação do estado de circuncisão ser feita pelo próprio ou pela parceira. Além disso, o longo intervalo de latência entre a infeção inicial e o desenvolvimento de CCU complica as inferências de causalidade a partir da informação retrospetiva sobre exposições prévias (22). Dois estudos observacionais recentes (23, 24)., que contornaram estes aspetos, evidenciaram um efeito protetor da circuncisão masculina sobre o CCU.

Drain et al. (2006) avaliou em 118 países em desenvolvimento a relação entre a prevalência da circuncisão, a religião cristã e muçulmana e a incidência de CCU. Em geral, verificou-se que maiores números de circuncisão masculina estavam associados a menores taxas de CCU, independentemente da religião (23).

Castellsagué et al. (2002) num estudo caso-controlo, baseado no estado de circuncisão, analisou 1420 casais provenientes de 5 países da Europa, Ásia e América

(18)

17 do Sul. Foi detetada uma significativa associação inversa entre circuncisão e risco de CCU em mulheres monogâmicas com parceiro que teve comportamento sexual de alto risco (idade da coitarca <17 anos e 6 ou mais parceiras sexuais). Assim, em parceiras de homens não circuncisados com comportamento sexual de alto risco, o risco de CCU foi 5,6 vezes superior ao das mulheres com parceiro circuncisado (25).

A potencial eficácia da circuncisão masculina na prevenção do CCU é melhor avaliada em estudos controlados e randomizados da circuncisão masculina, medindo a incidência, prevalência e resolução de infeção por hrHPV nas mulheres parceiras destes homens randomizados (26). Wawer et al. (2011) realizou um destes estudos (26). Incluiu 1245 homens, distribuídos em 2 categorias consoante uma realização imediata de circuncisão ou adiada em 24 meses, e as mulheres com quem estes eram casados ou mantinham relação de longa duração. Os resultados revelaram que a circuncisão masculina reduz significativamente a prevalência e incidência e aumenta modestamente a resolução da infeção por hrHPV nas parceiras. Aos 2 anos, a eficácia na redução da prevalência de hrHPV nas mulheres foi de 28%. A resolução da infeção por hrHPV foi maior em mulheres casadas com homens do grupo de intervenção, com exceção do HPV16 que é o mais importante tipo implicado no CCU (26).

3.1.3 Mecanismo de proteção

Pouco é sabido acerca do mecanismo através do qual a remoção do prepúcio protege contra a infeção por HPV. Dados sugerem que embora a circuncisão favoreça a manutenção de uma boa higiene peniana, existam outras vias através das quais a circuncisão reduza esta infeção (24).

Pensa-se que a circuncisão previna a infeção masculina ao limitar o acesso do vírus aos queratinócitos basais no epitélio mais cornificado do pénis circuncisado. Apesar de provavelmente não existir diferença na queratinização da glande no pénis

(19)

18 circuncisado e não circuncisado, o epitélio mucoso da superfície interna do prepúcio é não queratinizado sendo mais suscetível ao traumatismo durante as relações sexuais. Assim, a remoção do prepúcio poderá minimizar a probabilidade de infeção ao diminuir marcadamente tanto o tamanho da superfície vulnerável como a probabilidade de ocorrer traumatismo da mucosa. Se este modelo estivesse correto, seria de esperar uma menor incidência de HPV em homens circuncisados como resultado de uma menor aquisição deste vírus, o que não foi ainda verificado (18).

A maior persistência da infeção por HPV em homens circuncisados poderá dever-se à promoção do autoinfeção pelo contacto íntimo entre prepúcio e glande. Em homens não circuncisados há uma frequente concordância entre os tipos de HPV na glande e prepúcio sugerindo que a infeção possa ocorrer numa localização e depois estender-se sequencialmente, prolongando assim a deteção de HPV. Uma possibilidade alternativa é que o pénis não circuncisado terá uma maior suscetibilidade para o estabelecimento de infeção por hrHPV, que geralmente persistem por mais tempo que os lrHPV. Porém, estudos indicam que a taxa de incidência de infeção por HPV é igual entre os vários locais no pénis e todos os locais parecem ser suscetíveis à aquisição de infeção por lrHPV e hrHPV. Apesar disso, existe uma diferença estabelecida na prevalência de HPV por região do pénis e os hrHPV são mais comuns na mucosa interna do prepúcio, frénulo e sulco coronal. Ainda, as neoplasias intraepiteliais penianas (PIN) hrHPV positivo ocorrem quase exclusivamente na mucosa interna do prepúcio, frénulo e sulco coronal. Estas observações indicam que a persistência é influenciada pela região anatómica, sendo este o fator mais importante nas diferentes prevalências de HPV consoante o estado de circuncisão (18).

Já em termos do mecanismo biológico através do qual a circuncisão masculina reduz a infeção por HPV nas mulheres, este envolverá muito provavelmente a redução do estado de portador nos parceiros masculinos. Assim, a redução da infeção peniana por hrHPV reduzirá a incidência e aumentará a clearance feminina possivelmente como resultado da redução da reinfeção (26).

(20)

19

3.2 Preservativo

A eficácia da utilização do preservativo na redução da aquisição de HPV não está ainda comprovada, mas um crescente número de estudos mostra uma tendência para um efeito protetor.

A revisão destes estudos é de difícil realização já que existem poucos estudos especificamente designados para avaliar o efeito da utilização do preservativo e o autorrelato da sua utilização ser tipicamente não confiável. Além disso, a frequência de utilização de preservativo é classificada de forma diferente consoante o estudo e o risco de exposição ao HPV nunca pode ser completamente quantificado (17).

3.2.1 Efeito na infeção masculina por HPV

Um estudo longitudinal (27) teve como um dos objetivos avaliar os fatores de risco associados à aquisição de HPV em homens jovens, entre os quais a utilização de preservativo. Foram avaliados 388 homens no início do estudo e passado 6-8 meses. A utilização de preservativo mostrou reduzir o risco de aquisição de HPV, quando comparando os homens que nunca utilizam preservativo com aqueles que o usam sempre ou ocasionalmente.

Os estudos transversais realizados em homens têm revelado resultados contraditórios visto que alguns detetaram um efeito protetor da utilização de preservativo (24, 28-31) e outros não identificam qualquer associação (14, 32, 33). Porém, alguns destes estudos consideraram na análise a deteção de HPV em áreas anogenitais, não cobertas pelo preservativo, diluindo assim qualquer efeito logicamente esperado. A identificação de um efeito protetor pela diminuição da transmissão de HPV a partir de áreas cobertas pelo preservativo é importante visto o contacto do pénis com o cérvix ser um mecanismo importante de transmissão deste vírus para o colo do útero (31). Entre os cinco estudos, que detetaram um efeito

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20 protetor do preservativo, três tiveram em consideração este ponto (24, 28, 31), enquanto entre os três estudos que não identificaram associação com a utilização do preservativo apenas um considerou em exclusivo regiões protegidas pelo preservativo (32).

A utilização de preservativo tem mostrado um efeito positivo na regressão de lesões associadas à infeção por HPV. Bleeker et al. (2003), num ensaio clínico randomizado, segundo a utilização de preservativo, incluiu 136 casais e detetou que a regressão de lesões penianas planas nos parceiros de mulheres com neoplasias intraepiteliais cervicais (CIN) foi mais rápida entre os que utilizavam preservativo (7,4 meses contra 13,9 meses no grupo que não utilizou preservativo). A velocidade de regressão da lesão foi menor quando os homens eram HPV positivo (8,5 meses contra 3,8 meses nos homens HPV negativo) (34). Posteriormente, os mesmos autores (35) detetaram que este efeito ocorria apenas em casais concordante em termos de tipos de HPV.

3.2.2 Efeito na infeção feminina

Os estudos longitudinais realizados sobre a relação entre utilização de preservativo e deteção de HPV nas suas parceiras têm revelado resultados contraditórios. Entre estes, três detetam uma associação inversa entre deteção de HPV e utilização de preservativo (36-38), e em um destes essa associação ocorreu apenas para lrHPV (38). Outros três estudos não identificaram uma associação (39-41) e outro detetou mesmo uma associação positiva (42). Esta discrepância poderá dever-se, além das diferenças metodológicas já referidas, ao facto da probabilidade de desenvolver infeção por HPV depender do tempo que decorreu desde a coitarca, já que a proteção pelo preservativo não é absoluta e a longo prazo até os que utilizam

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21 preservativo poderão estar infetados. Uma meta-análise (43) evidenciou também esta inconsistência nos estudos existentes.

Winer et al. (2006) desenvolveu um estudo longitudinal que teve como objetivo avaliar a relação entre a utilização de preservativo e a infeção por HPV em mulheres que iniciaram recentemente a sua atividade sexual. Este estudo seguiu 82 estudantes femininas que iniciaram a sua atividade sexual durante ou até 2 semanas antes do início do estudo. Colheitas cervicais e vulvovaginais para deteção de HPV ADN e citologia cervico-vaginal foram realizadas a intervalos de 4 meses por quase 3 anos. De 2 em 2 semanas, as participantes preencheram um diário eletrónico com informações sobre o seu comportamento sexual e utilização de preservativo. Verificou-se uma redução no risco de aquisição de hrHPV e lrHPV cervical e vulvovaginal em 70% das mulheres com o uso consistente de preservativo em oposição ao seu uso em menos de 5% das relações sexuais. Também foi observada uma associação inversa entre a frequência de utilização do preservativo e a incidência de CIN. Nenhuma lesão incidental foi detetada entre as mulheres que utilizaram preservativo em todos os contactos sexuais, enquanto 14 foram detetadas entre as mulheres cujos parceiros utilizaram preservativo de forma menos consistente ou nunca utilizaram (36). Os mesmos autores realizaram, em 2003, um estudo (41) que seguiu 603 estudantes femininas por 10 anos, com pesquisa de HPV e entrevista em intervalos de 4 meses. Este incluiu mulheres sexualmente ativas e mulheres que iniciaram atividade sexual durante o estudo. Não se verificou um efeito protetor da utilização do preservativo.

Outro estudo (42), em que a pesquisa de HPV ocorreu em intervalos de 4 meses (por cerca de 15 meses), teve como amostra 972 mulheres sexualmente ativas com idade compreendida entre os 18-85 anos. A utilização de preservativo pelo parceiro masculino no início do estudo foi associada a um aumento significativo na aquisição de HPV. Este resultado inesperado poderá ter resultado da associação entre a utilização de preservativo com uma maior atividade sexual.

(23)

22 Um estudo (44), que pretendeu estudar o efeito da utilização de preservativo na cura da displasia cervical, detetou uma maior taxa de cura destas lesões com a utilização de preservativo. Tanto a histologia quanto a resolução da infeção por HPV sofreram maior regressão (53% vs 35% na citologia; 23% vs 4% na deteção de HPV) quando o preservativo era utilizado regularmente. Estes achados foram independentes do grau histológico da CIN.

Um único estudo (45) até à data estudou a influência do preservativo na deteção de HPV em mulheres que efetuaram tratamento para CIN. Este incluiu 190 mulheres que realizaram pesquisa de HPV antes e 6 meses após o tratamento. O uso consistente de preservativo após o tratamento foi associado a uma redução significativa na deteção de hrHPV. Este resultado é de grande importância já que sugere que o risco de positividade de HPV e assim possibilidade de falência do tratamento, assumindo que a relação entre o casal permaneça, possa diminuir com uma única modificação na atividade sexual.

Hernandez et al. (2008) seguiu 25 casais heterossexuais monogâmicos, por cerca de 7,5 meses com pesquisa de HPV, em intervalos de 2 meses. Foi detetado que cerca de metade dos casais onde não se verificou transmissão de HPV, o preservativo era utilizado em todas as relações sexuais nos últimos 4 meses, comparando com apenas 3% dos casais em que ocorreu transmissão (46).

Estudos transversais, que estudaram a relação entre a deteção de HPV em mulheres e a utilização de preservativo revelaram resultados contraditórios. Dois estudos (47, 48) não detetaram associação, um estudo (49) que só considerou hrHPV apenas detetou uma relação inversa com a utilização de preservativo, na última relação sexual, com parceiro casual e outro estudo (50) revelou uma associação positiva entre a utilização de preservativo e a deteção de HPV. De referir que a percentagem de mulheres com parceiro, que utilizava preservativo, foi muito baixa em três destes estudos (47, 48, 50).

(24)

23

3.2.3 Mecanismo de proteção

Nos homens, o principal local de deteção de HPV é o corpo do pénis (51). Esta região, ao ser protegida pelo preservativo, será a possível base para o potencial efeito deste na redução da transmissão de HPV.

Porém, o HPV pode ser transmitido através da pele não protegida pelo preservativo, pelo que não permite uma proteção completa contra esta infeção, sendo transmitido mesmo entre aqueles que utilizaram preservativo em todas as relações sexuais (27, 28). Foi também postulado que o sémen seria a base biológica para que o comportamento sexual promovesse esta infeção e o CCU (52). Porém, este aspeto parece não se verificar (46).

Há ainda a ter em consideração que uma incorreta colocação do preservativo poderá comprometer o seu potencial efeito protetor (53).

3.3 Vacinação

Existem atualmente duas vacinas profiláticas contra a infeção pelo HPV. Uma vacina tetravalente que protege primariamente contra os tipos de HPV 6, 11, 16 e 18 (HPV4; Gardasil®) e uma vacina bivalente que protege primariamente contra os tipos 16 e 18 (HPV2; Cervarix®). Ambas são compostas por proteínas recombinantes HPV L1 associadas a partículas vírus-típicas (VLPs) mas são produzidas em células diferentes e com adjuvantes diferentes. A administração destas é feita por injeção intramuscular em 3 doses (aos 0, 1 ou 2 e aos 6 meses) (54).

Em 2006, a HPV4 foi aprovada pela FDA para administração em mulheres. A mesma aprovação ocorreu em 2009 para a HPV2. Ambas estão recomendadas pela ACIP (Advisory Committee on Imunization Practices) para vacinação de rotina em raparigas de 11-12 anos. Em 2009, a HPV4 foi aprovada em homens para prevenção

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24 de condilomas genitais e, um ano depois, foi também aprovada para a prevenção de cancro anal em homens e mulheres (55). Em 2011, a ACIP recomendou a vacinação de rotina com HPV4 de todos rapazes com 11-12 anos e daqueles com 13-21 anos que não tenham recebido a vacina previamente ou não tenham completado as 3 doses, para prevenção de cancro anal, condilomas genitais e neoplasia intraepitelial anal (AIN) de grau 1, 2 e 3, causados por tipos de HPV incluídos na vacina. Nos homens com idade entre os 22 e os 26 anos, a vacinação tem caráter permissivo (55). Em Portugal, a comercialização das vacinas tetravalente e bivalente iniciou-se em 2006 e 2007, respetivamente. A vacina tetravalente foi integrada no Plano Nacional de Vacinação em 2008 estando indicada a vacinação de todas as raparigas com 13 anos (podendo ser iniciada aos 12 anos), e com uma campanha de vacinação dirigida às jovens que completam 17 anos entre 2009 e 2011 (56).

Vários ensaios clínicos foram realizados sobre estas vacinas em diferentes países a nível mundial, incluindo cerca de 50 000 indivíduos. Todos estes foram estudos cegos, randomizados e com utilização de placebo que incluíram mulheres jovens (idade média de 20 anos), mulheres adultas (até aos 55 anos) e mais recentemente também homens (10-23 anos).

3.3.1 Vacinação das mulheres

Dada a importância do CCU, a maioria dos ensaios com o objetivo de avaliar a eficácia, segurança e imunogenicidade das vacinas foram realizados em mulheres. Para a vacina bivalente, esta avaliação foi feita considerando a infeção persistente por HPV e as lesões associadas a esta, particularmente a neoplasia intraepitelial cervical grau 2 ou pior (CIN2+) (57-64). No caso da vacina tetravalente, diversos estudos foram realizados sobre os referidos parâmetros (65-71), tendo para esta vacina sido também avaliado o seu efeito protetor contra a neoplasia intraepitelial vulvar (VIN),

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25 neoplasia intraepitelial vaginal (VaIN) e condilomas genitais (72, 73). Para ambas as vacinas, os estudos revelaram taxas muito elevadas de eficácia e imunogenicidade, com essencialmente 100% de seroconversão nas diferentes populações estudadas.

Tem-se verificado ainda proteção cruzada com o HPV31 e o HPV45 com as duas vacinas (58-60, 62). Estima-se que, para a HPV2, esta reação cruzada represente uma diminuição adicional do risco de CCU em 11-16% (59). Em termos de segurança, ambas as vacinas foram em geral bem toleradas (74). Os efeitos secundários mais frequentes foram dor e edema no local da injeção. A síncope vasovagal esteve também entre os efeitos adversos mais comuns pelo que se recomenda 15 minutos de vigilância após vacinação. Em termos de complicações sérias, a proporção de mulheres que as apresentaram foi semelhante entre o grupo que recebeu a vacina e o grupo placebo (74).

Como a infeção por HPV é comum em idades jovens, em indivíduos sexualmente ativos, a vacina será mais eficaz se administrada antes do início da atividade sexual. Estudos sobre a segurança e imunogenicidade de ambas as vacinas foram conduzidos em crianças e adolescentes (10-15 anos) e mostraram uma resposta imunitária claramente superior em termos de níveis de anticorpos neutralizantes à encontrada em grupos mais velhos (61, 70).

Os estudos que incluíram mulheres com infeção ou citologia alterada no início do estudo mostraram, como esperado, uma eficácia menor da vacina. Porém, mulheres HPV seropositivas e ADN negativas, indicando que estas eliminaram uma infeção por HPV no passado, apresentaram proteção completa com a vacinação (66). Ainda, infeção pregressa ou prevalente por um tipo de HPV não parece afetar a eficácia da vacina contra outros tipos (75).

Os estudos de follow-up mais prolongados revelaram que os níveis de anticorpos anti-HPV após vacinação com HPV2 mantêm-se elevados por até 7,3 anos (58) e por até 5 anos para a HPV4 (69). Através de modelos matemáticos estima-se que o nível

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26 médio de anticorpos manter-se-á elevado por pelo menos 20 anos (76). Assim, a informação disponível atualmente sugere que as vacinas fornecerão uma proteção prolongada capaz de proteger os indivíduos vacinados durante os anos de maior risco de aquisição da infeção e mesmo posteriormente.

3.3.2 Vacinação dos homens

Os homens constituem-se candidatos a esta vacinação numa tentativa de aquisição de imunidade herdada e para prevenção de lesões benignas e malignas associadas ao HPV.

Ambas as vacinas são altamente imunogénicas, induzindo uma seroconversão superior a 99%. Os títulos de anticorpos não foram inferiores àqueles detetados em estudos em mulheres (70, 77). Do mesmo modo, tal como nas mulheres, a HPV2 mostrou-se mais imunogénica quando administrada em idades mais jovens (em rapazes com 10-14 anos em comparação com rapazes com 15-18 anos), idade preferencial para a vacinação (77).

Giuliano et al. (2011) mostrou a eficácia da HPV4 na prevenção de lesões genitais externas e da infeção persistente por HPV em 4065 homens com 16-26 anos com um seguimento médio de 2,9 anos após o esquema vacinal. Esta vacina apresentou uma redução de 90,4% no aparecimento de lesões genitais externas (condilomas, neoplasias intraepiteliais penianas/perianais/perineais). Para a infeção persistente por tipos de HPV associados à vacina, detetou-se uma redução em 85,6%. Como de esperar, a eficácia da vacina foi menor entre aqueles que já possuíam a infeção por HPV antes da vacinação (78). Neste estudo, 38% dos homens apresentaram níveis indetetáveis de anticorpos contra o HPV16 e HPV18 aos 2 anos após a vacinação, enquanto as mulheres levaram 5 anos a apresentarem uma percentagem semelhante de queda dos anticorpos (71, 79). Assim, os homens parecem perder os títulos de

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27 anticorpos mais depressa que as mulheres, porém a importância deste facto é ainda desconhecida.

A HPV4 mostrou-se também eficaz na prevenção das neoplasias intraepiteliais anais que constituem as lesões percursoras do cancro anal. Este estudo teve como amostra 602 homens homossexuais (16-26 anos) provenientes de vários países a nível mundial. A redução das AIN foi de 77,5% para as lesões relacionadas com o HPV 6, 11, 16 e 18, e de 54,9% para lesões associadas a qualquer tipo de HPV. Mais uma vez, a eficácia da vacina foi inferior em homens já infetados pelo HPV. Este estudo mostrou ainda uma redução de 94,9% na infeção persistente por tipos HPV incluídos na vacina (80). Atualmente não há evidências disponíveis sobre a eficácia das vacinas na prevenção de neoplasias da orofaringe ou do pénis.

Ambas as vacinas apresentaram um perfil de segurança favorável (70, 77, 78, 80). Em comparação com estudos em mulheres, verificou-se uma menor taxa de aparecimento de efeitos secundários, o que poderá estar relacionado com a existência nos homens de uma maior massa muscular no local da injeção, maior relutância em reportar eventos considerados mínimos, ou ambos (78).

3.3.3 Aceitação da vacina pelos homens

Uma revisão (81) sobre a aceitabilidade da vacina entre os homens revelou que esta será em geral alta visto os estudos consultados indicarem que a maioria dos homens adultos, pais de rapazes e profissionais de saúde dariam apoio à vacinação masculina. Foi relatada, entre pais e profissionais de saúde, uma maior preferência na recomendação da vacinação às mulheres. A aceitação da vacina que protege contra o CCU e os condilomas genitais foi alta nos estudos conduzidos em estudantes masculinos (74-78%) mas inferior em amostras comunitárias masculinas (33%). Porém, na maioria dos estudos não foram comunicados os benefícios diretos nos homens da vacinação contra os lrHPV. A crença de que a vacina não iria beneficiar

(29)

28 diretamente os homens foi repetidamente citada como a principal razão entre homens adultos, pais e profissionais de saúde para a recusa da vacinação masculina. Ainda, a mensagem de que a vacina previne o aparecimento de CCU nas parceiras femininas não foi uma razão motivadora da vacinação masculina. Contudo, os estudos foram baseados na disponibilidade hipotética da vacina para os homens e a aceitação a este nível também é influenciada pelas recomendações dos profissionais de saúde e governos.

Um estudo português, que teve como amostra estudantes universitários, revelou uma alta aceitabilidade masculina da vacina (75,6%) entre aqueles que possuíam algum conhecimento em relação ao HPV (82).

3.3.4 Estudos custo-benefício da vacinação dos homens

Assumindo que a vacina é realmente eficaz na prevenção de neoplasias do pescoço, cabeça e anogenitais (já havendo evidência para este último) em homens e no bloqueio da transmissão do HPV entre homens e mulheres, existem argumentos importantes a favor da vacinação de ambos os sexos. Estes argumentos incluem: 1) a vacinação exclusiva das mulheres não conferir proteção aos homens homossexuais; 2) a forma mais rápida de atingir maior proteção nas mulheres contra o CCU e a potencial erradicação deste vírus ser vacinar os dois sexos (83); 3) a vacinação de homens ser uma política mais equitativa que reconhece a contribuição de ambos os sexos para a transmissão deste vírus; 4) os condilomas genitais e neoplasias associadas ao HPV nos homens representarem elevados custos económicos; 5) historicamente a implementação de estratégias de vacinação género-exclusivas ter-se mostrado menos eficaz e mais confusa para o público (como ocorreu na vacinação contra a rubéola no Reino Unido em que após uma diminuição inicial na incidência da doença, esta ressurgiu a partir de uma epidemia que afetou os homens jovens (84)).

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29 O principal argumento contra a vacinação masculina é baseado nos custos associados que foram estimados por modelos de custo-benefício. Existem diferentes abordagens para o desenvolvimento destes modelos e variabilidade nos valores utilizados nos parâmetros necessários à sua construção, o que culminou em resultados divergentes (85). Porém, entre os diversos estudos realizados nos EUA, a maioria concorda que a vacinação de homens e mulheres é menos custo-efetiva que a vacinação exclusiva das mulheres (86-89). Apenas um estudo chega a uma boa razão custo-benefício para a vacinação masculina, mesmo ao considerar vários cenários (90). Também parece haver consenso em apenas ser custo-efetivo estender a vacinação ao sexo masculino se existir uma baixa taxa de vacinação feminina (86, 91). Porém, perante uma baixa cobertura vacinal feminina, parece ser mais custo-efetivo aumentar a taxa de vacinação nestas do que estender a vacinação ao sexo masculino (87, 88, 92). Em países com poucos recursos também parece ser mais custo-efetivo a vacinação exclusiva das mulheres (92).

Porém, vários parâmetros necessários à construção destes modelos são ainda desconhecidos, como a duração da proteção conferida pela vacina e se haverá necessidade de aumentar o número de doses, fatores que podem alterar em muito a relação custo-benefício da implementação de um programa vacinal estendido aos homens. Por outro lado, para se poder estimar o potencial benefício da vacinação dos homens, é preciso primeiro quantificar o impacto que o atual programa de vacinação feminina terá nos homens.

Estudos australianos recentes têm mostrado que, desde 2007 e com uma cobertura vacinal de 70% em mulheres até aos 26 anos, ocorreu uma diminuição em 50% no aparecimento de condilomas genitais entre estas. Verificou-se ainda que em homens heterossexuais ocorreu uma importante diminuição no aparecimento de condilomas genitais, uma indicação de que a imunidade herdada poderá ter um papel na prevenção destas doenças e de que a vacinação de rotina dos homens possa ser menos vantajosa (93)

(31)

30

4. Conclusão

O cancro do colo do útero representa uma importante causa de morbilidade e mortalidade a nível mundial. Esta neoplasia ocorre apenas na sequência de uma infeção persistente do colo do útero pelo Papilomavírus humano. Esta infeção é comum em homens e mulheres, porém a maioria destas infeções é transitória.

Este vírus é também responsável pelo desenvolvimento de outras patologias em ambos os sexos, nomeadamente condilomas acuminados, neoplasias da orofaringe, vulva, vagina, pénis e ânus. Porém, a incidência destas é muito inferior àquela do CCU pelo que a maior atenção tem sido dada a esta última.

A principal forma de transmissão deste vírus é através do contacto sexual pelo que os homens funcionam como importantes vetores desta infeção. Desta forma, torna-se importante o estudo dos potenciais métodos de prevenção da transmissão desta infeção, nomeadamente da circuncisão, utilização de preservativo e vacinação.

Nos homens, a circuncisão aparenta ser eficaz na prevenção de infeções por múltiplos tipos de HPV e de infeções persistentes por hrHPV mas não altera a taxa de aquisição desta infeção. O potencial efeito da circuncisão sob a aquisição feminina de HPV veio sendo sugerida pela baixa incidência de CCU entre populações em que a circuncisão é uma prática comum, o que se confirmou através de vários estudos transversais. Num estudo longitudinal a nível mundial, verificou-se uma redução no risco de CCU de 5,6 vezes nas mulheres monogâmicas cujo parceiro apresentou um comportamento sexual considerado de alto risco. A circuncisão parece reduzir significativamente a prevalência e a incidência e aumentar modestamente a resolução de infeções por hrHPV nas parceiras. Porém, este efeito não se verificou sobre o HPV16, um dos principais tipos oncogénicos de HPV.

Em relação à utilização de preservativo, como o HPV pode ser transmitido por contacto cutâneo, a proteção conferida desta forma não será à partida completa. No único estudo longitudinal realizado, a utilização de preservativo mostrou reduzir o risco

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31 de aquisição de HPV nos homens que o utilizavam sempre/ocasionalmente. Os estudos transversais revelam resultados contraditórios possivelmente devido às diferentes metodologias utilizadas, tal como a inclusão na pesquisa de HPV de zonas não protegidas pelo preservativo, o que poderá ter diluído qualquer resultado esperado. O preservativo tem-se mostrado benéfico na regressão de lesões associadas ao HPV tanto em mulheres como homens. A relação entre utilização de preservativo e infeção por HPV nas parceiras tem também revelado dados contraditórios. De referir que um estudo, que contornou importantes vieses em termos de tempo decorrido desde a coitarca e registo mais fidedigno da frequência de utilização de preservativo, revelou uma diminuição em 70% no risco de aquisição de HPV quando houve um uso consistente do preservativo.

Em relação à vacinação, por ser ainda um assunto recente, existem poucos estudos em homens e grande parte da decisão em relação à vacinação masculina baseia-se em modelos custo-benefício. A vacinação masculina tem mostrado que as duas vacinas são altamente imunogénicas com valores serológicos não inferiores aos detetados em mulheres e com um perfil de segurança favorável. A eficácia destas já foi comprovada na prevenção da infeção persistente por HPV (85,6% para os tipos incluídos na vacina), condilomas genitais e lesões intraepiteliais anais. Atualmente, o efeito na prevenção da transmissão do HPV às mulheres é ainda desconhecido. Em termos de aceitação da vacinação, esta é em geral alta em homens adultos, pais de rapazes e profissionais de saúde.

O principal argumento contra a vacinação masculina baseia-se nos seus custos. A maioria dos modelos de avaliação benefício revela que não é custo-efetivo estender a vacinação aos homens com a exceção de haver uma baixa cobertura vacinal das mulheres. Porém, mesmo perante este último cenário, parece ser mais custo-efetivo estimular a obtenção da vacina por parte das mulheres do que vacinar de rotina os homens. Contudo, existem vários parâmetros nestes modelos de

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32 valor real desconhecido, pelo que só no futuro se poderá realmente avaliar o benefício da vacinação masculina.

São necessários mais estudos para determinar o verdadeiro efeito da circuncisão, utilização de preservativo e vacinação masculina na prevenção do cancro do colo do útero.

(34)

33

5. Agradecimento

Ao Dr. Tomé Pereira, pela disponibilidade e generosidade em aceitar a orientação científica deste trabalho e pelo apoio na sua realização.

(35)

34

6. Referências bibliográficas

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