TRABALHO
MÉDICO ATRAVÉS DO PROCESSO
DECISÓRIO.
UM
ESTUDO DE CASO
DA
UNIMED
-
FLORIANÓPOLIS.
NEWTON
WIETHORN
DA
LUZ
Dissertação apresentada ao curso de
Pós-Graduação
em
Engenharia deProdução
para obtençãodo
título deMestre
em
Ergonomia.UNIVERSIDADE
FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO TECNOLÓGICO
E
FLORIANÓPOL1S,s.C.
ANÁLISE
DA
GESTÃO
DE
UMA
COOPERATIVA
DE
TRABALHO
MÉDICO ATRAVÉS DO PROCESSO
DECISÓRIO.
UM
ESTUDO DE CASO
DA UNIMED
-
FLORIANOPOLIS.
NEWTON
WIETHORN DA
LUZ
Dissertação apresentada ao curso de
Pós-Graduação
em
Engenharia deProdução
para obtenção do titulo deMestre
em
Ergonomia.Orientador: Professor
Neri
dos Santos, Dr.
Ing.UNIVERSIDADE
FEDERAL DE
,SANTA
CATARINA
CENTRO TECNOLÓGICO
FLORIANÓPOLIS,
s.C.1998
I ~
ANALISE
DA
GESTAO
DE
UMA
COOPERATIVA
DE
TRABALHO
MÉDICO ATRAVES DO PROCESSO
DECISÓRIO.
UM
ESTUDO DE CASO
DA
UNIMED
_
FLORIANÓPOLIS.
NEWTON
WIETHORN DA
LUZ
Dissertação apresentada ao curso de
Pós-Graduação
em
Engenharia deProdução
para obtenção do título deMestre
em
Ergonomia.Praurama de Pó - anão em Eng. de Pruducãn B/i/lA1'\ÍC
E~ADO
2
` Prof. Ricazdocä/L¡ä:I;acägBa:cia,
Ph,D,
Prof. Neri dos Santos,
D
. I .Orientador
//
/Â
z
\
I
Prof.
Joséeca
= . Silv ilho, Dr. Eng.'Á'
E
.___Prof. Emílio Pizzichini, Dr.
Med.
UNIVERSIDADE
FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO TECNOLÓGICO
FLORIANÓPOLIS,
S.C.1998
SUMÁRIO
1-
INTRODUÇÃO
~ 1.1 - Consideraçoes Gerais ... .. 1.2-
Justificativa ... _. 1.3-
Objetivos ... ._ 1.4-
Metodologia
... ._ 1.5 - Limitaçãodo
Trabalho ... .. 1.6 - Estruturado
Trabalho ... .. 2_
ORGANIZAÇÃO
COOPERATIVA
2.1-
Considerações Gerais ... ._ 2.2-
Princípios Cooperativos ... _. 2.3-
Tipos de Cooperativismo ... _. { z, \\2.4-
Estrutura Cooperativa ... .. 2.§¿*-O
Cooperativismono
Brasil ... ._-
Perspectivas Futurasdo
Cooperativismo ... ._3
-
COOPERATIVAS MÉDICAS
3.1
-
Considerações Gerais ... ._3.2
-
UNIMED
de Florianópolis ... ..4~-
O
PROCESSO
DECISÓRIO
COOPERATIVO
4.1
-
Considerações Gerais ... ..4.2
-
O
Processo Decisório ... ..4.2.1
-
Estilos Gerenciais ... ..4.2.2
-
Tipos deTomada
de Decisão ... ._4.2.5
-
A
Racionalidade ... .. 58A ~ _ 5
~
ANÁLISE
ERGONOMICA
DA
GESTAO
COOPERATIVA
(UNIMED
FLORIANÓPOLIS)
5.1-
Considerações Gerais ... .. 615.2
-
Coleta deDados
... ..66
5.3
-
Estruturado
Processo Decisório ... ..66
5.4
-
Estilos Gerenciais Encontrados ... _.68
5.5-
Tipos de Decisões Encontradas ... ..70
5.6
-
Ação
dosAmbientes Intemo
eExtemo
na
Tomada
de Decisão ... .. 715.7
-
A
Racionalidade Predominante ... .. 73 ó-
CONCLUSÃO
... .. 75 7_
PERSPEOTWAS
... ... ..77
REFERÊNOLAS ELBLIOGRÁFIOAS
... _.79
ANEXOS
... ..34
ANEXO
I ... .. ssANEXO
11 ... ..89
ANEXO
111 ... .. 126 IVRESUMO
O
presente estudo focalizauma
cooperativa de trabalhomédico
integrada auma
federação, confederação e auma
organização à guisa deuma
“ho1ding”, ocomplexo
empresarial cooperativoUnimed.
_As
cooperativas de trabalhomédico
estão sendo observadascom
crescente interessepois elas têm-se mostrado
como
uma
boa
solução brasileira, já exportada para outrospaíses, para o exercício liberal da Medicina,
sem
qualquer intennediação, satisfazendo o médico, usuário e estiuturas assistenciais de apoio.A
UNIMED-Florianópolis
éuma
importante singular da Unirneddo
Brasil, cujagestão é alvo de críticas pelos cooperantes.
Estudou-se a gestão
da
organização atravésdo
processo decisório procurando-semostrar suas múltiplas instâncias de decisão nos Conselhos de Administração,
Fiscal, de Ética, inserindo-se o cooperante
como
figura
fundamental da cooperativa,embora pouco
presente. 'Faz-se urna retrospectiva histórica da atividade
médica
de das raízesdo
cooperativismo
em
diversos países eno
Brasil.É
descrito o cooperativismomédico
enfatizando o de trabalho representado pelas
UNIMEDS.
Trata-se de
um
estudo de casoda
UN]1\/IED-Florianópolis,com
coleta de dadosbaseada
em
pesquisa documental, entrevistas e questionário e metodologia baseadana
AnáliseErgonômica do
Trabalho preconizada por Santos e Fialho (1997).O
estudo permite demonstrar a íntima relação entreErgonomia
e Cooperativismo e,assirn assinalar os pontos frágeis
da
gestão cooperativa,propondo
um
redimensionamento
na
estrutura organizacional daUNIMED-Florianópolis.
INTRODUÇÃO
1.1
-
Considerações
Gerais:
Buscar
a saúdeou
mantê-latem
sidouma
das maiores preocupações ereivindicações
do
homem
e da sociedade desde suas organizações mais primitivas.Inserido
como
principal coordenador e executor das ações catalizadorasda
preservação
ou promoção
da saude está o médico, tipificadona
culturaocidentalna
figura
de Esculápio, divindadeque
viveuem
aproximadamente
1.200 a.C.(LIMA,
1981)
Na
Grécia eRoma
antigas (SéculoV
a.C.) o trabalhomédico
era exercidosem
nenhuma
regulamentação jurídicaou
política pelo Estado(NOGUEIRA,
1990),mas
na
Babilônia, cerca de 2.000 a.C.,HAMURABI
elaborouum
códigoque
fixava
salários cirúrgicos e punições por
desempenhos
assistenciais inadequados.Com
HIPÓCRATES
(460 a.C.)fica
para trás a fase artesã de Medicina,surgem métodos
científicos ehá
a formulaçãodo
juramentocomo
cartilhacorporativista, ao lado de
uma
valorizaçãofilosófica
e éticado
traballio(NOGUEIRA,
1990).A
forma
de traballio era a liberal atendendo aos pacientes adomicílio, pois acredita-se
que
somenteno
ano400
d.C.em
Óstia,na
Itália, foifundado
um
dos primeiros hospitais.Os
médicos
recebiam honorários, isto é,retribuição por
um
trabalho que é difícilou
impossível defixar
preço e o pacientepor honra da dedicação
pagava
defonna
simbólica(IRION,
1994).Em
1.200 d.C.FREDERICO
II da Sicília patrocinanova
intervençãodo
7
cobrança dos seus serviços.
Só
podia exercer aMedicina
quem
tivesse tres anos delógica.
Em
1520
o“Royal
College of Physicians” de Londres estabeleceuum
Código
de Ética, e
em
1847 foi fundada a AssociaçãoMédica
Americana
“para elevar a qualidade de educaçãomédica
e para melhorar a eficiência da prática médica”.A
OrganizaçãoMédica
Mundial,em
1948, adotou a Declaração de Genebra,com
caracteristica de juramento de Hipócrates que provavelmente buscava amanutenção do
exercício liberaldo
médico. Este trabalhomédico
liberal foiprogressivamente desaparecendo frente ao
monopólio
empresarial e ao capitalismodo
Estado(CARNEIRO,
1981).._›-¢ BJ U)
Yo N
No
Brasil, até atividademédica
era quase toda liberal.A
partirda lei n°4682/23
~
Lei Eloi Chaves, foi criada a Previdência Social e seus “Institutosde Previdência” são dirigidos
com
forte tendência à assistência médica.Segimdo
FLORES
soAREs
apud
ALCÂNTARA
(1979, p.19) “desvirwou-semzúmeme
Oato
médico
(...)desumanizaram
a Medicina” e progressivamente o Estado passou acontrolar o trabalho
do
médico
ao ponto de garantir a subsistência de cerca de70%
dos
médicos
ativosna
década de 70, cujajomada
semanal de trabalho,somando
todas as atividades, era superior a
50
horas para a maioria dosmédicos
(MEDICI,
1985)
Nesta época
também
grandenúmero
de sindicatos e associações profissionaisda
categoriamédica denunciavam
o assalariamentocomo
um
caminho
inevitável àretribuição
do
ato médico.Paralelo a estes fatos, a partir dos anos
60 houve
uma
expansãoenorme
das escolas médicas,com
o crescimentono mercado
de trabalho de 45.000 para102.000 o
número
demédicos
entre os anos de 1970 a 1980(MEDICI,
1995, p.33),interrnediadora
do
trabalhodo médico
e preocupada apenasem
buscar o lucroatravés da doença.
Novo
fato,em
1966, foi a unificação dos Institutos de Aposentadorias ePensões
do
INPS
(Instituto Nacional de Previdência Social) pelo Presidente CasteloBranco
com
objetivo de equiparar a assistênciamédica
prestada a todos ostrabalhadores. Instalaram-se as filas, e os conflitos importantes entre médicos, pacientes e instituições,
começaram
a prejudicar a qualidadedo
trabalhomédico
prestado.
I
Em
dezembro
de 1967, surgiano
Brasil oCOOPERATIVISMO
MÉDICO,
em
Santos,São
Paulo. “Erauma
resposta aomodelo
atual de saúde falido e avoracidade
da
medicinachamada
de grupo, despreocupadacom
padrões éticos ecompromissada
com
o lucro”(FRANÇA,
1996).Houve
uma
nova linguagem
paraía retribuiçãodo
trabalho,não
era honorário,não
era salário, era a'UT,
Unidade
de Trabalho, urna revalorização ética eflosófica
do
ato médico.\,
O
atomédico
é a essênciado
trabalho esegrmdo
GENIVAL
VELOSO
FRANÇA
(1996, p.80) deve ser conceituado, strictu sensucomo
“utilização demeios
e recursos para prevenir a doença, recuperar e manter a saúdedo
serhumano
ou da
coletividade, inseridos nasnormas
técnicas dos conhecimentos adquiridos noscursos de medicina e aceitos pelos órgãos competentes, estando
quem
o executa, supervisionaou
solicita, profissional e legahnente, habilitado”.v
O
cooperativismomédico
é urna possível solução aoenorme problema
assistencial, talvez
um
dosmais
viáveismodelos
que contempleum
trabalhomédico
ético, econornicamente
compensador
e capaz de atender plenamente as expectativas dos usuários.CASTILHO
«vaimais
longe, dizendo que “...a criseda
assistênciamédica não
é privilégiodo
terceiromundo.
Os
americanos estãobuscando
saídas...9
sem
arroubos demegalomania
ou
delírios paranóicos, acho quevamos
exportarknow-how
de medicina assistencial cooperativa para o primeiro mundo...”(UNIMED
do
Brasil, 1997, p.39).'O
sistema cooperativo, senão
é capaz de resolver todos os problemas debinômio
capital-trabalho, pelomenos tem
a capacidade de gerenciar impasses, o quenão
é observado por outros sistemas5Por outro lado as técnicas de gestão estãopouco
desenvolvidas e estudadasna
área da saúde. VO
exercício da atividade liberaldo médico
e a centralização por ele das açõesda
saúde contribuíram fortemente para o atraso da incorporação demétodos
administrativos, absorvidos e
bem
desenvolvidosem
vários outros segmentos produtores de bensou
serviços.Com
freqüência observa-se, senão
insucessos, só tímidos resultados de gerenciamentomédico
nas Organizações de Saúde,embora
não
se possa olvidar a alta complexidade, as influências internas e externas, asofisticada tecnologia destas organizações.
A
cooperativamédica não
foge das caracteristicas deuma
organização de saúde, deuma
empresa, e destafonna
sua sobrevivência depende, entre outrascircunstâncias, das
tomadas
de decisões.A
tomada
de decisãoembora
pareçauma
ação administrativa simples “naverdade é
um
assuntocomplexo
e digno de estudo profundo”(JUCIUS
etSCHLENDER,
1986, p.44).A
organizaçãodo
trabalho éum
campo
de estudo fértil p`ara aErgonomia
(MONTMOLLIN,
1990, p.69) e a cooperativa de trabalho éuma
amostraincomum
onde
oempregado
é patrão e cuja produção (de poucos)pode
consumir os recursos(de muitos).
Também
aErgonomia
centrada nas Atividades identifica-se fortemente1.
2
-
Justificativa:A
crescente importânciado
cooperativismo de trabalhomédico
brasileiro,surge
como
novo paradigma
de assistênciamédica
e constitui-seem
modelo
ímpar.Forma
um
sistemacom
outras cooperativasmédicas
cujo faturamento anual supera 3bilhões de dólares
(IRION,
1994).O
Cooperativismo Médico, ao dispensar qualquer intermediaçãodo
trabalho,põe-se
como
inigualávelforma
de organização permitindo constituirum
sistema deassistência
médica adequado
e viável.Organismos
internacionaiscomo
aONU,
OMS,
OIT
reconhecem
estenovo
modelo
assistencial(CASTILHO,
1997, p. 1 12).`
Também
fortalece esteparadigma
a criação da Organização Intemacional dasCooperativas de
Saúde
(IHCO)
durante a Conferência Regional da AliançaCooperativa Irrtemacional
em
novembro
de 1996,na
Costa Rica-zA
constituiçãodesta
nova
organização foi liderada pelo Brasil e contoucom
a participação das organizações cooperativas espanholas e japonesas.A
Aliança CooperativaIntemacional vê o Sistema
UNIMED
como
o maiorfenômeno
cooperativodo
mundo
contemporâneo.O
CooperativismoMédico
também
se insere nas projeções futmisticas,onde
se busca a valorização
do
indivíduo,o trabalho ético e o
ganho
dentro dos lirnites dos recursos da sociedade(IRION,
1994).O
modelo
UNIMED
foi implantadono
Paraguaiem
1983 eem
1994na
Colômbia.
A
UNIMED MERCOSUL
foi constituídaem
1994 aliada à FederaçãoMédica
da Província deBuenos
Aires (Argentina), e ao Centro de Assistênciado
Sindicato
Médico
do
Uruguai,(CASMU).
E
ainda nesteano
representantesdo
governo
da
Rússia e Letônia estiveramno
Brasil estudando o cooperativismo11
De
outro lado,na
organização cooperativa o crescimentodo
movimento
cooperativistamédico
começa
a gerar problemas, seja pelo desinteressedo
cooperante aos princípios cooperativos, seja pelos aspectos da gestão.
Nos
dois casos a vitalidade de organização sofre ameaça. Destaforma
justificam-se estudos nestecampo,
atéo
momento
inexploradosem
dissertaçõesou
teses de pós- graduação, focalizando a organização de trabalhoem
cooperativa médica.A
Ergonomia
como
ciência muito seaproxima do
cooperativismoconsiderado
como
movimento
econômico
social.A
faceta empresarial deuma
cooperativa absolutamente
não
desvirtua a preocupaçãocom
ocomportamento
humano
no
trabalho.A
Ergonomia
visapromover
o trabalhocomo
atividade agradável,gratificante, produtiva
(VOLPI,
1995) e é licito buscaruma
superposiçãocom
os predicados dos trabalhos cooperativistas.A
Ergonomia
e o Cooperativismotem
uma
convergência centrada
no
serhumano
eno
trabalho ético,ambos
inspiradoresdo
paradigma
esperado para opróximo
milênio. Se o cooperativismo é fonteinesgotável de soluções para as aspirações sociais, a
ergonomia
põe-secomo
parceira ideal contribuindo para atingir
uma
organização digna e saudáveldo
traballio,
bem
como
com
justa remuneração.SANTOS
E
FIALHO
(1995, p.18)bem
traduzem
a intimidadedo
Cooperativismo
com
aErgonomia
ao citarLEONTIEV:
“o trabalho humano... éuma
atividade originalmente social, fundada sob a cooperação dos indivíduos a qual~
supoe
uma
divisão técnica... das funçõesdo
trabalho”.O
Cooperativismomédico
eErgonomia
tem
interfaces amplas:há
aabordagem
cognitivado
ato médico, o estudoda
organizaçãodo
trabalho, aindustrial,
com
equipamentos sofisticados quenão
podem
parar, turnos de trabalhosdiferentes” (IIDA, 1992, p. 1 1).
V
Ainda
pode-se buscaruma
forte relação daergonomia
com
o cooperativismoresgatando o
pensamento
deWEERDMEESTER
(1993, p.122) sobre a gerência deprojetos,
onde
se deve assegurar a colaboração de todos, dividir responsabilidades ebuscar
um
produto final oferecidocom
qualidade aos usuários.Desconhece-se qualquer estudo sobre análise
Ergonômica da
Gestãoem
uma
Singular de
uma
Cooperativa Médica. Destaforma
é relevante esta dissertação,como
contribuição ao estudo da gestão focalizando o processo decisório.Para
uma
organização cumprir sua missão e afastar-se da entropia, asistemática
da tomada
de decisão é o ponto capital e a racionalidade vigentedetermina o resultado
do
processo decisório.O
presente trabalho pretende ampliaros
poucos
conhecimentos sobre organizações cooperativasmédicas
estudando oprocesso decisório. V
1.3
-
Objetivos:
1.3.1 -
Objetivo Geral:
O
objetivoda
dissertação é estudar o cooperativismomédico
deuma
singular,sob a ótica da Análise
Ergonômica do
Trabalhoem
estudo de caso focalizando aGestão e o processo decisório desenvolvido
na UNIMED-Florianópolis.
Procura-se caracterizar o
modelo
decisório e identificar a lógica de ação13
níveis da administração cooperativa
ou
melhor, nos diversos Conselhosda
administração cooperativa. '
Ainda, pretende-se analisar o
fluxo
de informações e verificar quais ascaracterísticas necessárias para a administração
na
organização cooperativa.1.3.2 -
Objetivos Específicos:
De
forma mais
específica os objetivos deste estudocompreendem:
0 relatar a doutrina cooperativista médica.
of situar o
médico
cooperantena
gestão da cooperativa.0 avaliar as decisões
tomadas
pela organização cooperativa nos diferentesConselhos.
0 caracterizar o estilo gerencial dos dirigentes nos diversos Conselhos cooperativos.
0 buscar a lógica
da
ação (racionalidade) que caracteriza as decisões tomadas.1.4
-
Metodologia:
O
perfilda
pesquisa é descritivo que, seglmdoRUDIO
(1990, p.55) “procuraconhecer e interpretar a realidade
sem
nela interferir para modificá-la”; buscaA
pesquisa descritiva aparece sob diversas fonnas,uma
das quais é o estudo de caso(RUDIO,
1990, p.57),onde
se fazuma
pesquisa “deum
determinadoindivíduo, família, grupo,
ou comunidade
com
o objetivo de realizaruma
indagaçãoem
profundidade para se examinar o círculo de sua vidaou
algum
aspecto particulardesta”.
Na
coleta de dados utilizou-secomo
instrumento o questionário, asentrevistas, e a leitura das atas dos diversos conselhos.
A
metodologia apoia-sena
AnáliseErgonômica do
Trabalho preconizada porSANTOS
eFIALHO
(1997).1.5
-
Limitação
do
Trabalho:
Um
estudo envolvendouma
cooperativa deveria considerar para análise trêssegmentos:
aCOOPERATIVA,
oCOOPERANTE,
com
sua participação inusualna
empresa, exercendo simultaneamente atribuição (atividade) de
dono
emão-de-obra
operacional e o
USUÁRIO;
porém
esta dissertação limita-se a análisedo binômio
~
cooperativa cooperante, focalizado a gestao através
do
processo decisório.Estudar o ato de administrar, gerenciar e ordenar a organização pelo processo decisório foi o balisamento proposto para a presente dissertação.
Não
se aborda produçãoou
produtividadeou
formas de atividade hospitalarou
qualquer envolvimentocom
entidades anátomo-patológicas. Deixa-setambém
de15
1.6
-
Estrutura
do
Trabalho:
O
estudo foi ordenadoem
sete capítulos, sendo o últimoum
indicador de estudos futuros dentro da CooperativaUNIMED.
O
capítulo 1 fazuma
abordagem
histórica da atividade médica,fixa
omédico
dentro
do
Cooperativismo e mostra os pontos de convergência entreErgonomia
eOrganização Cooperativa. Justifica-se a dissertação e
expõem-se
os objetivos,metodologia e limitações
do
trabalho.O
capítulo 2 caracteriza a organização cooperativa,enumera
os princípioscooperativos, fala
do
cooperativismono
Brasil e sua pujança nacional e internacionalcomo
amaior
organizaçãonão govemamental.
No
capítulo 3 está contemplado o cooperativismo médico, seus primórdios, osurgimento
no
Brasil daUNIMED
e o detalhamento daUNIMED-Florianópolis.
A
revisão bibliográfica, fonte da base teóricada
dissertação, encontra-seno
capítulo 4.
São
feitas considerações sobre a gestão cooperativa, estabelecidas asdiferenças entre cooperativa e
empresa
de capital; discorre-se sobre o processodecisório e seus comemorativos, tais
como
estilos gerenciais, tipos detomada
dedecisão, ambiente organizacional, grupos de poder e aspectos ligados à
racionalidade.
O
capítulo 5 dedica-se a apresentação, análise e discussão dos resultadosobtidos.
O
processo decisório envolve o cooperante, os Conselhos de Administração, Fiscal e de Ética.As
conclusões apontadasno
Capítulo 6 são alertas para os riscos de desvio àrnissão cooperativa da
UNIMED-Florianópolis,
e sinalizadoras da necessidade deOs
anexos I, II, III, trazendo oCódigo
de Ética Cooperativa, os Estatutos daUNIMED-Florianópolis
e os resultados de questionário aplicado aosmédicos
cooperantes, são supoltes elucidativos ao texto da dissertação.
¡ _
CAPITULO
2
ORGANIZAÇÃO
COOPERATIVA
2.1
-
Considerações
Gerais:
~
O
cooperativismocomo
doutrinaou
sistemaou
organizaçao socialou
aindacomo
movimento
sócio-econômicotem
origem remota
na
Babilônia, Grécia e Egito,com
a cooperação noscampos
de trigo,no
artesanato eno
sepultamento.'Também
na China
(400 a.C.), os mercadores fugindo dos prejuízos causados pelos freqüentesnaufrágios
no
rioYang -
Tsé, organizaram-se distribuindo suas mercadoriasem
várias embarcações, de tal
modo
que
a perda da carga deum
barco, ao sercompartilhado por todos, evitava o prejuízo total de
um
mercador
(HARTUNG,
1996)
No
continente americanohá exemplos
de ajudamútua
nascivilizações Astecae Inca, principalmente
no
setor agrário(FERNANDES,
1997).No
Brasil aRepública dos
Guaranis
contribuiucomo
forte marco' historico aomovimento
cooperativista:
“Os
bens sãocomuns,
aambição
e a avareza são víciosdesconhecidos...
não
haviamoeda,
nem
intermediário... as profissõeseram
organizadas... e tudo
em
grande paz”(CARNEIRO,
1978, p.20).No
destaque sócio-econômico da cooperação está a “Confraria deAmpelákia”,
na
Grécia, regiãopróximo do
Mar
Egeu
e fronteiriça ao“Olympus”.
Seus habitantes
guardavam
O segredo de tingirem
vermelho
osfios
de algodãosem
que
eles descorassem. Para proteger seu trabalho, retmem-seem
1780
com
Omundo,
todomundo
ao trabalho e justaremuneração do
trabalho”(CARNEIRO,
1981, p.31l).A
gestão era democrática-
pelaAssembléia
Geral-
e oganho
resultadodo
trabalho realizado. Para
HENRY
DESROCHE,
citado porCARNEIRO
( 1981,p.309) “a estrutura comunitária de
Ampelákia
pertence a pré-história socialdo
movimento
cooperativo, discemindo valores organizados que antecipam qualquer outra organizaçãoeconômico
-
social”.Sob
o ângulo participativo cooperativista, as mulheresdo
Monte
Araratdespontam
como
maior
exemplo, ao se reunirem para a fabricaçãodo
queijo eda
manteiga
em
ambiente fundamentalmente comimitário(CARNEIRO,
1978).Entretanto, a origem
da
organizaçãodenominada
hojeCOOPERATIVA
aconteceu
no
dia 21 dedezembro
de 1844,quando 27
tecelões euma
tecelãfundaram
no
bairro da Rochdale,em
Manchester
(Inglaterra), aSOCIEDADE
DOS
PROBOS
PIONEIROS
DE
ROCHDALE
sob inspiração das idéias deROBERT
OWEN
(1771 -1858), considerado o paido
cooperativismo.OWEN
criou a palavraCO-OPERATION,
princípio cooperativoque
buscavauma
nova
ordem
social eeconômica
baseada -na
valorização, organização e distribuiçãodo
trabalho.Acreditava
que
“ohomem
tem
duas
coisas que elepode
trocarcom
outro: o trabalho e o produtodo
trabalho... e o padrão natural de valor é,em
princípio, o trabalhohumano, ou
o podermanual combinado
com
o poder mentaldo
homem
determinadoem
ação”(CARNEIRQ,
1981, pós).-V
Entre 1806 e 1813
em
New
Lanark, Inglaterra,na
indústria defiação
de seusogro, Robert
OWEN
teve oportunidade de porem
práticaalguma
de suas idéias, taiscomo
a reduçãodo
número
de horas diárias trabalhadas, à época estipuladaem
19
OF
THE
COUNTRY
OF
LAN
ARK”
influencia lideranças da Inglaterrano
movimento
socialista,tomando-se
a partir daí o paido
socialismo ingl'e§.OWEN
antecipou-se à teoria deKARL
MARX
fixada
no
“O
CAPITAL”
editado
em
1867.OWEN
expõe
em
seu livro que “se o trabalho é a fonte de toda afelicidade e o
homem
troca seus produtos de acordocom
o trabalho realizado porele, é necessário
uma
pequena
teoria para convencer aohomem
trabalhador que eletem
direito aoque
ele realiza”(PINHO,
1991, p.655).ESTA
PEQUENA
TEORLA É
A
TEORIA
DA
COOPERAÇÃO.
2.2
-
PrincípiosCooperativos:
Os
princípios propostosem
Rochdale
se espalharam pelomundo
epouco
semodificaram
com
o tempo, constituindo-se a basedo
cooperativismo:0 livre adesão;
0 seleção dos
membros;
0 distribuição
do
excedente líquido; 0 taxa limitada de jurosdo
capital;0 educação dos cooperados;
0 gestão democrática;
0 neutralidade política e religiosa. _
O
movimento
cooperativista teveem
CHARLES
GIDE,
Professor deeconomia
política, seumaior
propagador através da fundaçãoda
Escola deNimes;
econôrnicos, sociais e educativos
em
comum,
através deuma
empresa
comercial”(UNIMED
do
Brasil, 1992, p.23).O
conceito deGIDE
serviu de base à definição atual de cooperativa, expressano
relatóriodo
Congressodo
Centenário da Aliança Cooperativa Internacional realizadona
Inglaterraem
1995:“COOPERATIVA
éuma
associaçãoautônoma
depessoas
que
seunem,
voluntariamente, para satisfazer aspirações e necessidadeseconômicas, sociais e culturais
comuns,
pormeio
deuma
empresa
de propriedadecoletiva e democraticamente gerida”
(HARTUNG,
1996, p.7).O
relatóriotambém
enumera
valoresdo
cooperativismo, taiscomo:
0 ajuda mútua;0 preocupação
com
seu próximo;0 responsabilidade; 0 democracia; 0 igualdade; 0 eqüidade; 0 solidariedade; 0 honestidade e 0 responsabilidade social.
Aos
princípios cooperativossomam-se
fortes manifestações, taiscomo
opronunciamento de
JOÃO
PAULO
II (Chefe espiritualda
Igreja CatólicaRomana),
por ocasião de sua visita ao Brasil,
em
1980: “que ohomem
seja o centro de todaatividade social... este
homem
que mediante seu trabalho e o produto de seus braços21
Para
MARIA
T.MENDES, em
depoimento,(PINHO,
1991, p.429) oCOOPERATIVISMO
deveria ser consideradonão
tantocomo
uma
resposta aproblemas
econômicos
financeiros dos trabalhadores,mas como
instrumento de
promoçao
do
homem.
Também
as cooperativaspodem
aspirar o encontrodo
sistema socialdesejável,
onde
ohomem
não
explore ohomem
e o valor de trocas, participaçãoou
retribuição, seja
fixado
em
alguma
unidadedo
trabalho.No
cooperativismo o trabalho está agregadocomo
“ERGON”
(do gregocriação, obra de arte) e
não
como
“PONOS”(esforço,
penalidade).O
COOPERATIVISMO
é a valorizaçãodo
traballiocomo
indissolúvel manifestaçãodo
homem
em
sociedade. Se o cooperativismo apareceu e cresceu para enfrentar acrise social gerada pelo
CAPITALISMO,
eletem
também
seus conflitoscom
MARX,
quando
esteafirma
“Sempre que não
se exerça sobre elesuma
impulsãofisica
ou
de outraordem
qualquer, oshomens fogem
do
trabalhocomo
dapeste”(CARNEIRO,
1981, p. 154).Em
que pese a importância da obra deMARX
denunciando
no
“O
Capital” a exploraçãodo
homem,
há
arestas entrecooperativismo e socialismo. ›
'
IRION
(1997, p.9),médico
estudiosodo
cooperativismo engrandece otrabalho participativo assinalando: “o trabalho
não
é castigonem
simplesmeio
desubsistência. Ele é,
na
realidade ocaminho
de realizaçãodo
homem,
quecomo
ser inteligente e superior, consciente de sua visão nestemundo,
aspira contribuir para oaperfeiçoamento e
o
bem
estarda
sociedade”.Nesta visão ele
comunga
com
a manifestação deSANTOS
eFIALHO
(1995,p. 18): “o trabalho individual
não
pode
ser separadodo
coletivo, o qual lhedá
todo o seu sentido”.Dentro
do
cooperativismo aÉTICA
éuma
constante pois “cooperar é crerno
homem
que
seune
aos semelhantes para apromoção
e obem
estar conjuntos.A
responsabilidade exercidaem
conjunto confere ao grupouma
experiência deamadurecimento
que permite a cadaum
identificar-semelhor
com
a cooperativa”(FELÍCIO,
1993, p.11).O
trabalho cooperativo é omeio
por excelência para o desenvolvimentodo
homem
no
terrenoeconômico
e socialem
que
peseOWEN
ter sidochamado
de “utópico”, frente ao “socialismo científico” proposto pelomarxismo.
A
ampla
interface entre
Ergonomia
e Cooperativismo estána
valorizaçãodo
homem
edo
seutrabalho.
Ideologicarnente o setor cooperativo
ocupa
o lugar intennediário entre doisgrandes setores:
em
alguns aspectos se parececom
o serviço público eem
outroscom
o setor privado,com
tendências para adotar omelhor
de cadaum.
2.3
-
Tipos
de Cooperativismo:
Para
LAIDLAW
(1981, p.20)“O
conceito de cooperação é tão versátil euniversal
que
o cooperativista deum
certo tipo de cooperativa de qualquer partedo
mundo
ao visitaruma
de diferente tipo e de outra cultura poderá rapidamentecompreendê-la
As
cooperativas sãoem
suamaior
parte responsáveis pelodesenvolvimento
econômico do
setor ruraldo
Japão;As
cooperativas de distribuiçãode energia elétrica
foram
as encarregadas de dar à luz aAmérica
Rural...O
movimento
cooperativona
Romênia
tem
omelhor
sistema de excursões e de fériasem
todo o país...O
sistema bancário e de crédito agrícola da Françaocupa
o 2°lugar
no
mundo
pelo seu desenvolvimento;...na
Malásia,o
sistema de segurosmais
”\
industriais são considerados
como
aforma mais
efetiva para conservar fontes detrabalho...”
Na
França, obanco mais
poderoso é o cooperativo ena
Dinamarca
o cooperativismo é a própria estrutura danação
(PINHO,
1991, p. 1 1).No
Brasil a partir de 1994, aORGANIZAÇÃO DAS
COOPERATIVAS
BRASILEIRAS
(OCB)
classifica as cooperativascomo:
0
Agropecuárias:
voltada para a produção rural,buscando
financiarnento paraimplantar tecnologia de ponta e buscar insumos.
0 Crédito: seja rural
ou
urbano, estimula' apoupança
e procura atender asnecessidades de créditos dos cooperantes.
0
Consumo:
com
a finalidade de adquirir bens deconsumo
para os cooperantes.0 Educacional: visa capacitar
ou
aprirnorar conhecimentos para o cooperanteou
seus dependentes.
Formada
por alunos maiores de idadeou
por pais de alunos. 0 Especial: são cooperativasnão
plenamente autogeridas,foada
por pessoasintegradas parcialmente
na
sociedadeou
com
certo grau de incapacidade.0 Habitacional: são cooperativas
que
atuam na
área de construção civil.0
Mineração:
cooperativaformada
para atender diversos interesses demineradores.
0
Produção:
nestas cooperativas a produção e a comercializaçãofica
a cargo deseus cooperados.
0 Serviços: prestam serviços exclusivamente aos cooperantes.
0
Trabalho:
são cooperativas quereunem
pessoas de diversas atividadesou
profissões
com
a finalidade de “vender” seu trabalho.Apesar
dos diferentes tipos de cooperativas, elas sereúnem
pelo princípioda
dupla qualidade:
“numa
entidade cooperativa os associados,ou
sócios portadores decapital (donos da empresa) são os
mesmos
sujeitos usuários dos beneficiosque
elaproduza”;
ou
princípio de identidade: “parauma
instituição ser considerada~
cooperativa seus sócios precisam atender a condiçoes de
donos
e simultaneamente, pelomenos, mais
uma
destas três condições: usuário, fornecedorou
trabalhador”(IRION,1997, p.l91). r-
Ainda, todos
tem
como
finalidademaior
a melhoriada
situaçãoeconômica
de seus
membros
através da 'solidariedade e responsabilidade entre oshomens
(LACROJX,
1981).2.4 -
Estrutura
Cooperativa:
As
cooperativas sãoempreendimentos
deforma
jurídica própria que sediferenciam das demais empresas
ou
sociedades civis pornão
visar o lucro, dividir as sobrasna
proporçaodo
consumo
ou
trabalho produzido e se organizarem dentro deuma
gestão democrática. Esta gestão acontece sob a égide daAssembléia
Geral.A
Assembléia
Geral é o órgãomáximo
da cooperativa. Ali sereúnem
ossócios para discutir e decidir sobre os problemas
mais
importantes; as decisõestomadas
são expressões das votaçõesonde
cada'cooperado eqüivale aum
voto.A
Assembléia
Geral Ordinária aconteceuma
vez por ano, para prestar contasdo
exercício anterior
bem
como
atender outras atribuiçõesfixadas
em
estatutos. -A
Assembléia
Geral Extraordinária éconvocada quando
necessária edelibera
sem
quaisquer restrições.25
O
Conselho
de Administração é o órgão decomando
da cooperativa eformado
por cooperantes eleitosem
Assembléia.Na
organização cooperativa,segundo a concepção
do Bureau
Intemacionaldu
Travail, outrasComissões
(entenda-se
também como
Conselhos) são constituídas para educar, coordenar,controlar e prever o trabalho da cooperativa.
Fechando
o sistema cooperativo encontra-se o cooperante que representanão
só o nível operacionalmas
também
odono
da cooperativa responsável pelo sucessodo
empreendimento.Em
1895,em
Londres, fundou-se aALIANÇA COOPERATIVA
INTERNACIONAL
com
a finalidade de congregar as cooperativas plantadasem
todos os cantos
do
mundo.
A
pujançado
movimento
levou a criaçãodo
DLA
INTERNACIONAL
DA
COOPERAÇÃO,
celebradono
primeiro sábadodo
mês
de julho.Em
1982, omovimento
cooperativista abrangia 679.000 cooperativas de 65 paísescom
360
milhões de sócios
(BLANCO,
1983, p.30). Se aChina
for incluída nestesnúmeros
provavelmente haverá
aumento
paramais
de500
milhões de pessoas, cifraque
converte
O MOVIMENTO
COOPERATIVISTA
no
maior
movimento
sócio-econômico do
mundo
(LAIDLAW,
1981, p. 19).2.5
-
O
Cooperativismo
no
Brasil:A
presença inicialdo
cooperativismono
país deveu-se à forte influênciacultural e política européia, principalmente através de
CHARLES
GIDE
eBEATRIZ
WEBB.
Os
imigrantes italianos, alemães, poloneses e mais recentemente japoneses,com
importante e longa experiênciacom
o cooperativismo implantaramseus princípios
em
diversas comunidades;ROBERTO
RODRIGUES,
em
uma
cooperativa-
ela surgecomo
resposta deum
grupo de pessoas auma
agressãoeconômica
extema; e acrescentaque
a cooperativa éum
instrumento capitalistacom
validade
no
sistema socialista.1\/LARIA
TEIXEIRA
MENDES,
apud
PINHO
(1991)fixa
oano
de 1891como
oda
fundação da primeira cooperativa brasileira-
A
Associação Cooperativa deEmpregados
daCompanhia
Telefônica-
em
Limeira,São
Paulo.Já para
HELMUTH
EGWARTH,
ainda segrmdoPINHO
(1991),1847
é omarco
do
movimento
cooperativista brasileiroquando
omédico
JEAN
MAURICE
FAINE,
adepto das idéias deFOURRIER
(eliminaçãodo
lucro edo
intermediário,valorizando o traballio) funda
no
Paraná a “Colônia Tereza Cristina”., _
Para
JOSE
SCHEIDER
eROQUE
LAUSCHNER,
ao analisar as “Tendênciasdo
Cooperativismo Brasileiro” (apudPINHO
1991, p.335),no
Brasil pareceimpossível dissociar-se a
origem
e a evoluçãodo
cooperativismo da estruturaeconômica
e social vigentena
época.Entretanto, apesar das condições legais terem sido criadas pela Constituição
Brasileira
em
1891,com
o aparecimento das cooperativashá mais
deum
século,ainda a bibliografia sobre cooperativismo é escassa.
Para
PINHO
(1991, p.156), as cooperativasnão
são tratadas sequerem
capítulo especial sobre temas sócio-econômicos e assim... “há
um
verdadeiro circulo vicioso: a falta de publicações cooperativasnão
estimula a realização de estudos e a escassez de estudos cooperativistasnão
permite a ampliaçãodo
mercado
de obras sobre cooperativismo”.Quanto
aos diplomas legais, as cooperativas são regidas atualmente pela Lei27
Cooperativismo, institui o
Regime
Jurídico das Sociedades Cooperativas edá
outraspr‹›vi‹1ên‹zias”
(ALCÀNTRA,
1979, psos).z
O
Artigo 4° balisa a cooperativa, dentro dos princípios de Rochdale,com
o seguinte texto: “as cooperativas são sociedades de pessoascom
forma
de naturezajurídica próprias, de natureza civil,
não
sujeitas a falência, constituídas para prestar serviços aos associados, distinguindo-se dasdemais
sociedades pelas seguintescaracterísticas”:
seguem
incisos de I a XI, caracterizando a adesão voluntária,singularidade de voto, retorno das sobras líquidas, assistência aos associados, entre
outros princípios cooperativistas.
O
Capítulo III classifica as cooperativas em:0 Singulares: aquelas constituídas
no
mínimo
por20
pessoas fisicas eexcepcionalmente por
algumas
pessoas jurídicas.0 Federações: cooperativas centralizadas constituídas
no
mínimo
por trêssingulares.
0 Confederações: tendo, pelo
menos, na
sua estrutura três federações.Apesar
desta lei representar deum
ladoum
avanço, de outro ela “engessa” acooperativa e a subordina ao Estado
(CARNEIRO,
1981); a cooperativa de trabalhofica
vinculada aoINCRA
(Instituto Nacional de Colonização eReforma
Agrária) eembora
a Constituição de 1988em
seu'Artigo 5° ...rezeque
a criação de associaçãoe,
na forma da
lei, a de cooperativasindependem
de autorização, sendovedada
ainterferência estatal
no
seufimcionamento
tenha retirado as algemas, faz-se misteruma
legislaçãomoderna
para
o cooperativismo brasileiro.Ainda que
claudicante o cooperativismono
Brasiltem
avançado
como
de 1997,
em
Brasília.Foram
cinco os temas listadosna
home
page daOCB
(www.ocb.org.br.):
0
Moderno
gerenciamento daEmpresa
Cooperativa.0
Mudanças
Institucionais.0 Capacitação para a Gestão da
Empresa
Cooperativa.0 Revisão
do
Sistema Cooperativista.0
Economia
Mundial
e Cooperativismo.Dados
recentes daOCB
(1997) assinalam 4.342 cooperativas brasileirascom
3.876.824 cooperantes e 151.129 empregados.
A
movimentação econômica
anualdelas é estimada
em
R$
3 bilhões de reaiscom
exportação deum
bilhão de dólaresem
1996(DALPASQUALE,
1997). _Estima-se
também
que6%
do
PIB
brasileiro seja produzido pelo sistemacooperativo.
(IRION,
1997).2.6
-
Perspectivas
Futuras
do
Cooperativismo:
O
Cooperativismo congrega atualmente 101 paísessomando
230
organizações e 715 milhões de pessoas
(DALPASQUALE,
1997).Assim
posto é a~
maior
Organizacaonão Governamental do mundo.
O
COOPERATIVISMO,
independente dos conflitos capitalista e socialista,nascido de
uma
crise social gerada pelo capitalismo enão
da ideologia capitalistaou
sob a tutela socialista de
OWEN,
pretende garantirno
futuro,não
só oemprego ou
aretribuição monetária
do
trabalho,mas
a integraçãodo
homem
aum
novo
29
A
terceira revolução industrial ésem
dúvida a grande oportunidadedo
cooperativismo, pois se valoriza o
homem
como
portadordo conhecimento
e dainteligência,
em
contrastecom
o capital e máquina.O
estudo sob o título“O
fim
da era industrial.O fim
do emprego?”
(REZENDE,
1996) reforça o futurodo
cooperativismo: “... a variável social inclina-se
em
direção à reapropriação das realidades semi-destroçadas da pessoa,da
família, da comunidade,
do
povo, da nação e aoabandono
dos tipos ideais vendidos pela ideologia da modernidade: o indivíduo, o grupo, a classe, a sociedade e oestado.
A
variável cultural inclina-seem
direção ao reconhecimentodo
espíritocomo
uma
dimensão
constituídado fenômeno
humano
e a liberação destemesmo
espirito das amarras psicologísticas
que
o manietava até aqui”.O
avanço tecnológicoquebrou
o equilíbrio da trilogia trabalho-emprego-homem
trazendo entre outros, a robótica capaz de reduzir o espaçodo
homem
no
mercado
de trabalho tradicional.O
avanço tecnológicomelhorou
odesempenho econômico
das organizações,mas
os salários reais e beneficios dos trabalhadores de talmodo
que
em
1995, quase
80%
das 142 categorias de trabalhadoresnão
superaram nos seusaumentos
a inflação(REZENDE,
1996).A
COOPERATIVA
com
sua forte estruturaética é capaz de gerenciar a crise de desemprego,
podendo
oferecer trabalho,ganho
e sinalizar paraUMA
NOVA
ORGANIZAÇÃO DE
TRABALHO
DE
GESTÃO
COQPERATIVAS
MÉDICAS
3.1-
Considerações
Gerais:
Entre os precursores
do
cooperativismomédico
encontra-seJames
PeterWarbasse, graduado
em
1882 pela Universidade de Columbia. Eledifimdiu
osprincípios cooperativistas publicando seus trabalhos
no “American
Journal ofSurgery” e
“New
York
StateJoumal
of Medicine” e cativou para omovimento
cooperativista Eleonor Roosevelt
com
dois artigos:“Democracia
Cooperativista” e“Paz Cooperativa”
(BLANCO,
1983).Em
1947,WARBASSE
publica o livro“Medicina
Cooperativa”, analisandoo cooperativismo nos
EEUU
ecomentando
sobre cooperativasmédicas
no
Canadá,Bélgica, França, Yugoslavia, Japão e países
da
América
Central edo
Sul.Entretanto, estas cooperativas,
na
realidade,eram
de usuáriosque
sereuniam
paracontratar serviços médicos.
WARBASSE
anunciava que“comprar
saúde éum
bom
negócio”,mesmo
que
fosse ao preçomédio
anual de 120 dólares por família.Mas
o cooperativismomédico não
sedifimdiu adequadamente
nos Estados Unidos, talvez pela falta deuma
instituição que congregasse as várias cooperativas existentes(BLANCO,
1983).LAMBEA
(1983) descreve queem
1934um
grupo de cirurgiões de Bilbao(Espanha)
formou
uma
sociedade capaz de oferecer as famílias de recursos31
/
proteção
do
exercício profissional liberal,defendiam
a livre escolha e opagamento
do
trabalhomédico
sem
qualquer intermediação.Também
na
Espanha,em
Barcelona,ROSEMBUJ
(1983) assinala aSociedade Cooperativa Lavinia
com
14.815médicos
associados participando deuma
cooperativa ““compradora”” de serviços médicos.'
-
No
Brasil, a desorganização progressivado
sistema público de saúdepermitiu a entrada de empresas mercantilistas
que passaram
a explorar o trabalhodo
médico.
No
final dos anos 60, estas empresas investindomaciçamente no
rico filãodo
polo petroquímico de Santos, despertaram a preocupação
da
classemédica
santistaque
buscou
fórmulas para impedir o avanço delas.Por iniciativa
do
Dr.EDMUNDO
CASTILHO,
presidentedo
SindicatoMédico, foi criada a primeira cooperativa
médica
brasileira,em
Santosno
dia 12 denovembro
de 1965.Chamou-se
UNIMED
(União dosMédicos)
e teve sua ata defimdação
inscritano
INCRA em
28
de agosto de 1968. Estava regulamentada,com
muita luta e sacriflcio,
em
plena épocada
ditadura militar,uma
cooperativa detrabalho
com
fortebase ética, preocupadacom
o usuário esem
o objetivodo
lucro(UNIMED
do
Brasil,1992, v.1).A
Assembléia
geral realizou-seem
18 dedezembro
de 1967, data habitualmente consignada
como
de sua fundação., Surgia
uma
nova
erana
assistênciamédica
brasileira: A0 estava inaugurada a livre escolha
do
médico,do
hospital,do
laboratório e deoutros serviços auxiliares; _
0 desaparecia o “intermediáno”
no
relacionamento médico-paciente;0 ressurgia a atividade
médica
liberal, personalizando omédico
em
seuconsultório
como
local de encontrocom
o paciente;o livre ingresso,
como
sócio enão
empregado, criauma
importante fonte deemprego
para osmédicos mais
jovens.Hoje
aUNIMED
contacom
quatro pessoas entre dez quepossuem
assistência
médica no
Brasil, representando assimmais
de 11 milhões de usuários.Nos
últimos cinco anos as empresas de medicina de grupo cresceram2,9%
e aUNIMED
18%.
A
cooperativa a nível nacional gerou 16,5 inilempregos
diretos e260
milempregos
indiretos. ~Abrigadas sob
uma
Confederação estão34
Federações unindo328
UNIMEDs
Singularescom
mais
de 86.000médicos
cooperantes(UNIMED
do
Brasil, 1997) atendendo
mais
de76%
dos municípios brasileiros.Para sustentar a
UNIMED
como
melhor
sistema de saúdedo
Brasilhouve
necessidade
da formação do
COMPLEXO UNIMED
atécom
a participação deuma
S.A. eque
segundoAKAMINE
“não é heresianenhuma
o fato de a cooperativa terempresas capitalistas
(como
a nossaUnimed
Seguradoraque
éuma
S.A.).A
suafinalidade é desenvolver o Cooperativismo
na
assistênciamédica”
(UNIMED
do
Brasil, 1992, p. 163, v.l).
3.2
-
Unimed
de
Florianópolis:Buscando
o reencontrocom
a medicina liberal, afastando a intermediaçãodo
trabalho médico,
um
grupo demédicos
de Florianópolisfimdou
aUNIMED
em
30
9.19.
2,!~Ç
.. 33, . ; .
FSC
com
o deum
sabao foi trocado paraMEDSA
~z -z¡~ô~- ~â~:. ~: I- ¬ v -
,
como
cooperativa já integrada a
um
sistema nacional.O
primeiro contrato, assinado entre a Cooperativa e oFundo
de Previdência Parlamentar, foiem
20
de abril de 1972.As
instalações fisicasda
Cooperativa,naquela época, restringiam-se a duas salas
no
prédioda
Associação Catarinense deMedicina.
Apesar
dasdesconfianças
dosmédicos
em
aderir aomovimento
cooperativista, praticamente desconhecido pela
imensa
maioria, aUNIMED-
Florianópolis teveum
crescimento progressivo, contando atualmentecom
sedeprópria, serviços informatizados e sendo fonte importante de recursos para várias instituições de saúde, cuja dependência
econômica
à UNIMLED-Florianópolis vaialém
de40%
do
seu faturamento mensal.Também
uma
pesquisa,no ano
de 1997entre os médicoscooperantes,
mostrou
que42%
tem
sua rendamensal
dependente daUNIMED
com
oscilação entre20%
e50%
eque
para16%
dos cooperantes aCooperativa é responsável por
mais
de50%
do ganho
mensal.Vários fatores contribuíram para atingir a “força” cooperativa da
UNIMED-
Florianópolis:
6 a inexpressiva densidade populacional atendida por “planos de saúde”
ou
“seguros saúde”
na
região.0 a inexistência de
uma
forçaeconômica
capaz de suportar gastos particularescom
a assistência à saúde.
0 a presença de
uma
“classemédia”
atonnentada pela deterioraçãodo
sistemapúblico de saúde e
não
se perrnitindomais
freqüentar as “filas”do
INAMPS.
0 ingresso progressivo de
médicos
cooperantescom
alta qualificação científica eética.
0 desaparecimento gradual
do emprego
público, responsável pelo maiornúmero
de vagas oferecidas ao
mercado
de trabalho.0 a “inflação” crescente de médicos, graduados anualmente,
que não encontravam
um
emprego
decente.A
UNIMED-Florianópolis
abrange os seguintes municípios:Florianópolis, Santo
Amaro
da Imperatriz,Águas
Mornas, Angelina,Rancho
Queimado, São
Bonifácio, Anitápolis, AlfredoWagner,
Paulo Lopes, Garopaba,Biguaçú,
Antônio
Carlos,Govemador
CelsoRamos,
Tijucas, Canelinha,São
JoãoBatista,
Nova
Trento eMajor
Gercino.Em
setembro de 1997 contavacom
o seguinte quadro de participantes:0
Médicos
Cooperantes 1050 0 Usuários 162.000 0 Clínicas cooperadas 81 0 Laboratórios cooperados09
0 Clínicas credenciadas45
0 Laboratórios credenciados 25 0 Hospitais credenciados _ 21Seu
movimento
econômico segimdo
o “Relatóriodo
ano de 1996,mês
setembro” e a circular
número
068/97, está djmensionado nos seguintes números:0 700.000 receitas/ano
com
um
customédio
unitário de R$10,00.35
o
R$508.215,16
pagos a hospitais.0
R$549.038,28
pagos a laboratórios.ø
R$674.259,65
pagos a serviços deimagem.
0 R$1.807.53 1,73 pagos a
médicos
cooperantes.0
R$39.517,87
pagos amédicos não
cooperantes.Algims
laboratórios e clínicasforam
admitidoscomo
cooperantes,em
caráterexcepcional,
com
basena
lei n° 5.764 e Estatutos daUNIMED-Florianópolis
no
seuartigo 3°
do
Capítulo III.Esta
figura do
cooperante pessoa juridica, para muitosmédicos
éuma
distorção da cooperativa de trabalho médico, pois valoriza a atividade da
empresa
-
que visa o lucro
-
em
detrimentodo
trabalho individual e participativo.O
Estatuto atual daUNIMED-Florianópolis
foi aprovadoem
Assembléia
Geral Extraordinária realizada
em
22
denovembro
de 1995.Para ingresso o
médico
deve, entre outras exigências, aceitar:a) os termos
do
Estatuto da Cooperativa;b) os termos
do Código
de Ética Cooperativa;c)
não
participar de dupla militânica, isto é, exercer qualquer atividade consideradacompetitiva
ou
que fira
os princípios cooperativos.d) filiar-se à Associação Catarinense de Medicina;
e) integralizar sua parte
do
capital, atualmente equivalente a R$1.250,00;Í) reservar, pelos
menos,
30%
de suaagenda
de atendimentos para os usuários daO
ingressocomo
cooperante lhe confere os direitosmencionados
no
artigo 6°e relaciona seus deveres
no
artigo 7°do
estatutoda
Cooperativa(ANEXO
II).O
Cooperante ao exercer sua atividade, prestar seus serviços médicos,confrmde-se diariamente
com
aimagem
daUNIMED.
Suas decisões frente aousuário são consideradas
como
deorigem
cooperativa.Os
162.000 usuários da Cooperativa contrataram a prestação de serviçosmédicos
e hospitalares através de dois planos básicos:0 custo operacional,
sem
risco para aUNIMED,
na
qual o usuáriopaga
o que usa.0 de pré-pagamento,
com
risco para aUNIMED,
abrangendo35%
dos usuários.Um
pagamento mensal
fixo
garante os serviços explicitadosno
contrato.O
usuário utiliza os serviçosda
Cooperativa a partir de duas entradas:- por consulta
médica
eletiva, habituahnenteem
consultório particular;- pelo atendimento
médico
de urgênciaou
emergência,em
unidade hospitalarou
assemelhada. .