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Espermatorrhea

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Academic year: 2021

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João Gonçalves dS^Costa

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ESPERMATOM

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DISSERTAÇÃO INAUGURAL

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ESCOLA MEDICO­CIEURGICA.JJO PORTO \ *

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\ X ïs E > O R , T O T y p o g r a p U i a d e ' V i u v a G r a n d r a Rua de Entre­Paredes, 80 l 8 89 f

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CONSELHEIRO-DIRECTOR

VISCONDE DE OLIVEIRA

SECRETARIO

RICARDO D'ALMEIDA JORGE

— ^ —

CORPO CATHEDRATICO

LENTES OATHEDEATIOOS l.d Cadeira—Anatomia doscriptivà

e geral João Pereira Dias Lebre. 2.a Cadeira—Physiologia Vicente Urbino de Freitas.

3.a Cadeira—Historia natural dos

medicamentos. Materia medica. Dr. Josõ Carlos Lopes. i.a Cadeira—Pathologia externa e

therapeutica externa Antonio Joaquim de Moraes Caldas. 5.a Cadeira—Medicina operatória.. Pedro Augusto Dias.

6.a Cadeira—Partos, doenças das

mulheres de parto e dos

recem-nascidos Dr. Agostinho Antonio do Souto. 7.a Cadeira—Pathologia interna e

therapeutica interna Antonio d'Oliveira Monteiro. 8.a Cadeira—Clinica medica Antonio d'Azevedo Maia.

9.a Cadeira—Clinica cirúrgica Eduardo Pereira Pimenta.

10.a Cadeira—Anatomia pathologiea. Augusto Henrique d'Almeida Brandão.

il.a Cadeira—Medicina legal,

hygie-ne privada e publica e

toxicolo-„ Si a Manoel Rodrigues da Silva Pinto.

12.a Cadeira—Pathologia geral,

se-meiologia o historia medica Illidio Ayres Pereira do Valle. Pharmacia Isidoro da Fonseca Moura.

LENTES JUBILADOS

Secção medica j ío a? i ^ i e r d' ° J ,i v e i r a Barros.

j José d'Andrade G-ramaxo. Secção cirúrgica Visconde de Oliveira.

LENTES SUBSTITUTOS

Secção medica ! Antonio Placido da Costa.

( Maximiano A. d'Olivoira Lemos Junior. Secção cirúrgica I E i o a rd ° d'Almeida Jorge.

' ' ( Cândido Augusto Correia de Pinho. LENTE DEMONSTRADOR

(4)
(5)

Á MEMORIA

DE

(6)
(7)

AO MEU PRESIDENTE

O Ill.m0 e Ex.mo Snr.

(8)

@4.Jkãe (gS^e/^t

■an&et xc?#ííea

Professor do Lyeeu e do Instituto Industrial do Porto

Je*

Professor do Lyceu do Porto

Como testemunho de reconheci­ mento e eterna gratidão

Off

(9)

AO DISTINCTO PROFESSOR

DA

ESCOLA MEDICO-CIRURGICA

O Ks.™ S n r .

| r . I axfantanu | . d'|li«ira |emos Jantar

off.

(10)

D. ^xzne (Emilia pereira be Sou5a Dianna

tj-j^

A MEUS AMIGOS

especialmente a

c$.e ^Mûanaet <jÂancùca CM Ùrt/va

£$. e ^/véanoef K^rinane/eà c/e ^fotuía ttam/wd

(11)

Aos Meus Contemporâneos e Amigos

oAntonio Cerqueira de Carvalho oMagro Gaspar Fernando de SMacedo

Alberto de Vasconcellos Gd José Domingues d'Oliveira

Antonio Augusto Corrêa de Campos Severiano José da Silva

José dos Santos Andrade

—ifo

ESPECIALMENTE A

Fernando Antonio da Costa Ferreira José Cândido Tinto da Cru\

Thomas da Silva Leão

oAntonio llieira d'cAssumpçao Cru{ Joaquim Urbano Cardoso

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Ao termo da minha carreira académica, a lei impõe-me a obrigação de desenvolver e defender um thema, perante um illustrado jury.

D'entre os variados assumptos que me vieram á mente, escolhi este —a espermatorrhea.

Não é, como muitos medicos pensam, uma doença puramente imaginaria, considerando o seu estudo frívolo e de pouca importância. Pelo con-trario, existe na realidade arrastando tristes e ter-ríveis consequências. Nada ha de original no estu-do que faço. Colligi o mais methodicamente possí-vel o pouco que encontrei escripto e, cônscio da insignificância do trabalho, resta-me a esperança da benevolência do jury que tem de aprecial-o.

Eis o programma do nosso trabalho, que divi-dimos em cinco capítulos:

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i8

No primeiro tratamos da definição de esperma-torrhea, importância do seu estudo, espermator-rhea feminina e diremos algumas palavras sobre a emissão espermatica; no segundo apresenta-mos a symptomatologia ; no terceiro occupamo-nos da etiologia; no quarto fallaremos da anatomia pa-thologica, diagnostico, marcha, terminação e emfim prognostico; o ultimo comprehende o tratamento.

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Antes de entrarmos no estudo da espermator-rhea, julgamos conveniente fazer algumas conside-rações relativas ao esperma, para, de futuro, não cançarmos o leitor com digressões sempre mal aco-lhidas.

Secreção e composição do esperma. — O es-perma é um humor complexo, formado d'um ele-mento principal—o spermatozoïde—e d'um certo numero de líquidos que elle encontra desde a sua origem (fundo dos tubos seminiferos) até apparecer no exterior.

Produz-se duma maneira constante á custa das cellulas espermaticas, e a sua producção au-gmenta na occasião do coito e dos desejos eróticos, e com uma alimentação substancial.

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2 0

As cellulas espermaticas dão logar á formação de vesículas esphericas, vesiculas-mães, que a seu turno produzem cellulas-filhas, umas fecundas e outras estéreis, e de conteúdo granuloso.

Quando as cellulas-filhas são fecundas, dão-se duas espécies de condensações no seu conteúdo gra-nuloso: uma n'um ponto, constituindo a cabeça, e outra em ponto opposto, constituindo a cauda do spermatozoïde. Este elemento desenvolve-se pou-co a poupou-co; primeiro immovel, n'um momento dado é posto em liberdade pela ruptura do seu en-volucro. Em consequência da vis d tergo, da con-tracção das fibras do cremaste?, e emfim da ca-pilaridade, caminha para as vesículas seminaes. Mas, antes de chegar a estas vesículas, une-se a um liquido escuro, segregado pelos folliculos do ca-nal deferente, que junctamente com elle lá penetra, na impossibilidade de passar pelos canaes ejacula-dores, cujas paredes se encontram encostadas.

Chegado ás vesículas, outro liquido escuro, segregado por ellas mesmas, se lhe addiciona, e o conjuncto é expellido nos canaes ejaculadores, pela contracção das fibras musculares.

Uma vez que o esperma atravessou os canaes ejaculadores, junta-se-lhe um novo liquido, branco e cremoso, que, pela contracção das fibras mus-culares é impellido até ao exterior, á frente do qual caminha um ultimo liquido incolor e viscoso, segrega-do pelas glândulas de Con>per em virtude da

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con-tracção do musculo de Guthrie, liquido destinado a lubrificar a urethra.

O muco urethral ou das glândulas de Littre, conjunctamente com as cellulas pavimentosas ure-thraes, caminha com o esperma.

Agora que nós conhecemos os seis humores que constituem o esperma mixto ejaculado, vamos consideral-o no seu conjuncto.

Caracteres physicos. — O esperma apresenta uma cor esbranquiçada, uma consistência viscosa, um cheiro sui generis e um sabor levemente sal-gado. Abandonado á acção do ar liquifaz-se, desse-ca-se e empasta a roupa.

Caracteres chimicos.—E' solúvel na agua e nos ácidos e de reacção fracamente alcalina.

Caracteres microscópicos.—D'entre os variados elementos que constituem o esperma, existem uns que o caracterizam, e acerca dos quaes direi algu-mas palavras.

Spermatozoïdes.—O que ha, sobretudo, de no-tável n'estes elementos, é a rapidez dos seus mo-vimentos ao olho do observador armado de micros-cópio. Mergulham, reapparecem e evitam os obstá-culos que encontram na sua passagem.

Caminham com a cabeça para deante, á custa das ondulações da cauda, fazendo um percurso de cerca d'um centímetro por minuto.

Os seus movimentos conservam-se mais de vinte e quatro horas depois de postos em contacto

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2 2

com o exterior, prolongando-se a sua duração nos órgãos genitaes da mulher, cerca de oito dias de-pois da copula.

O spermatozoide attinge a sua maior vivacida-de á temperatura vivacida-de 37o cessando á de 5o°.

A o° cessa o movimento, mas não é destruído. O animalculo pôde existir por espaço de quatro dias n'um estado de entorpecimento, no fim dos quaes, por meio da acção do calórico, a sua vita-lidade reapparece.

O chloroformio, a electricidade e os líquidos ácidos, etc., matam os spermatozoides.

A quantidade de esperma que um individuo ejacula é muito variável. A constituição, o meio e a frequência das ejaculações tem uma grande influen-cia na quantidade ejaculada. No emtanto podemos dizer que um individuo de peso médio, nas condi-ções ordinárias da alimentação, vivendo n'um meio pouco enervante e tendo uma copula todos os oito dias, fornece cerca de 200 grammas por anno.

Quanto mais continente fòr um individuo, maior será o numero de spermatozoides e mais enérgico o seu movimento; por isso é que a primeira ejacula-ção é, em geral, mais fecundante, do que a segun-da, e esta mais do que a terceira, etc.

Não podemos precisar a edade em que come-çam a apparecer spermatozoides no semen, pois isto varia segundo as condições em que vive o in-dividuo, segundo a sua constituição, etc.

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Se as condições são más, no estado de miséria physiologica, a epocha é um pouco mais tardia, do que se as condições forem boas.

No emtanto podemos dizer que, em geral, co-meçam a apparecer spermatozoides no esperma pela idade de 16 annos.

O limite da idade é egualmente variável, mas, em média, podemos marcar 70 annos, além do qual, em geral, o poder fecundante desapparece.

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CAPITULO I

Definição.—Importância do estudo da

esper-matorrhea. — Pathologia comparada. —

Es-permatorrhea feminina.—Emissão

esper-matica.

Definição. — A espermatorrhea, perdas

semi-naes involuntárias, polluções, tabescencia, etc., é

a emissão involuntária do liquido seminal.

Importância do estudo da espermatorrhea,—

Varias circumstancias tornam importante o estudo

d'esta doença: primeiro é uma affecção que só

ex-cepcionalmente se encontra nos hospitaes; em

se-gundo logar, tem sido alternativamente negada,

admittida e exagerada; finalmente, está

intimamen-te ligada á pathologia genko-urinaria, e não é

me-nos interessante pelos seus diversos elementos

etio-lógicos, do que pela acção perigosa sobre a

econo-mia, pelas suas tristes consequências debaixo do

ponto de vista da procreaçao, e pelo

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enfraquecimen-to mental progressivo a que está condemnado o in­ dividuo que d'ella está affectado.

■ Pathologia comparada. — A espermatorrhea não é uma doença exclusiva ao homem, os animaes egualmente a podem contrahir; e n'elles as conse­ quências são tão perigosas como no homem. Basta lembrarmo­nos dos macacos, que se masturbam como os homens, causa essencial da espermator­ rhea, para immediatamente concluirmos que estão subjeitos a perdas seminaes, pondo, portanto, de parte o exclusivismo. De mais a mais, os veteriná­ rios não deixam de nos affirmar isto. Um antigo ve­ terinário do exercito, estabelecido na cidade de Lil­ le, teve occasião dobservar um cão espermatorrhei­ co, em consequência de excessos genitaes.

Durante uma observação de seis horas, este animal teve duas polluções : uma com erecção do penis, outra sem erecção.

Espermatorrhea feminina. — No sentido abso­ luto da expressão, a espermatorrhea feminina não existe ; porque o licor que ella elimina na occasião do coito ou do erethismo venéreo, não é esperma.

E' um licor análogo ao segregado pelas glân­ dulas de Cowper, não apresentando de forma al­ guma a composição do esperma. E' viscoso, lubri­ ficante e de reacção acida. Este humor está longe de ser tão precioso como o esperma, e as conse­ quências de sua perda não são tão assustadoras como as da espermatorrhea.

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-n

O dr. Pouillet cita-nos um caso d uma senho-ra de 29 annos, casada havia 10 annos, que lhe confessou ter perdas seminaes, propria expressão d'ella, duas a três vezes durante a noite. Isto lhe acontecia da idade de 16 annos, e, longe de dimi-nuir pelo casamento, augmentou. Estas perdas vul-vo-vaginaes appareciam-lhe no meio d'um sonho lúbrico, ou d'um sonho grotesco — pesadelo. Na mesma occasião se queixou de dores gastralgicas e lombo-abdominaes, que o próprio dr. Pouillet pô-de reconhecer que não eram pô-devidas ás perdas vul-vo-vaginaes, mas sim a uma metrite externa com ulcerações, cuja cura as fez desapparecer. As per-das continuaram a existir e a saúde da consultante pouco se encontrava compromettida. O que acaba-mos de dizer é com relação ás perdas vulvo-vaginaes involuntárias, porque se forem voluntárias, então o caso é différente—temos em campo a masturbação cujas consequências assustadoras são bem conheci-das.

Emissão espermatica.- A emissão espermatica tem logar em virtude d'um acto do systema nervo-so, d'uma acção reflexa.

A excitação do órgão é transmittida á medulla espinhal e ao cérebro, e, reflectindo-se d'esté para o órgão que lhe deu origem, vae determinar a con-tracção do elemento muscular das vesículas e da urethra.

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uma simples polluçao, uma espermatorrhea physio-logica.

Quanto o estimulo seja permanente, e não pas-sageiro, ter-se-hão perdas seminaes frequentemente repetidas, uma espermatorrhea pathologica.

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CAPITULO II

Symptomatologia

Para facilitar a discripção e evitar confusões, dividimos este capitulo em dous paragraphos : o pri-meiro occupa-se dos symptomas locaes; o segun-do segun-dos symptomas geraes.

i M

Symptomas looaes

Os phenomenos locaes se dividem em: i.° Pol-lucões nocturnas. — 2.0 PollucÕes diurnas.

» * As polluções nocturnas devem ser estudadas sob três formas: i.° Emissões physiologicas. — 2.0

Emissões mórbidas com prazer. —3."Emissões mór-bidas sem prazer.

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es-tudadas sob três formas: i.° Emissões durante a defecação. — 2.0 Emissões por excitação, — 3.°

Emis-sões sem causa apreciável.

Emissões nocturnas physiologicas. —Todo o in-dividuo que vive longe das mulheres, longe d'uma situação enervante, longe de todo o meio excitante, numa palavra, n'uma continência absoluta, fabrica constantemente semen, embora em menor quantida-de do que os outros, e a pouco e pouco suas vesi-culas vão-se enchendo.

Esta plethora espermatica, como lhe chama Lallemand, sob a influencia da mais leve excitação, —uma nova partícula de semen, uma imagem femi-nina mais ou menos amada, o próprio calor do lei-to, etc.—evacua-se bruscamente. Temos aqui o que se chama pollução normal dos continentes.

Esta pollução será um bem ou um mal ? E' uma e outra coisa.

E' um bem, porque vae substituir um mal es-tar indefinível, por um bem eses-tar geral; porque avisa o individuo de que tem uma funcção a cum-prir.

A pollução é um mal, porque se renova cada vez mais ; e, dentro em pouco tempo, a economia se resentirá.

Emissões nocturnas pathologicas com prazer. —A idade púbere é a maduração dos órgãos, e é preciso que estes órgãos deem seus fructos; assim O quer a natureza.

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3i

As erecções tornam-se mais frequentes e mais enérgicas e os desejos sexuaes mais ardentes.

Que faz o individuo atormentado por este es-tado voluptuoso?

Ou se entrega a um somno gracioso onde vê passar deante de si donzellas, nymphas, enviando sorrisos e cantando hymnos amorosos, e sente o semen escapar-se bruscamente num meio voluptuo-so ou evita estes voluptuo-sonhos lascivos, dormindo um somno consciente, para despertar quando a erecção lhe appareça. Se no primeiro caso ha polluções, no segundo também; porque o pensamento constante-mente dirigido para os órgãos genitaes, e a insom-nia, que debilita o systema nervoso, constituem no-vas provocações de perdas seminaes.

Assim pois, vemos as polluções que ao prin-cipio se effectuavam de longe a longe, sem com-promisso da saúde, tornarem-se hebdomadarias, diárias, bi-diarias, alterando-a successivamente.

As polluções que primeiramente eram physio-logicas, tornam-se agora pathologicas.

O individuo sente-se enfraquecido depois de cada pollução e accusa egualmente tristeza.

Emissões nocturnas pathologicas sem prazer. — Com o decorrer do tempo, a imaginação e a von-tade são dominadas pelo habito, e o esperma ape-nas elaborado, é eliminado sem erecção, sem pra-zer, em consequência da susceptibilidade das vesi-culas e da atonia nervosa local. Os sonhos

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volu-ptuosos são substituídos por scenas immundas, por copulas phantasticas e por pesadelos terriveis. E visto que a imaginação e a vontade são dominadas, não repercutem mais os actos da vida, tomam um certo caracter de exterioridade, e parecem re-presentar imagens reaes. Umas vezes o individuo julga ver uma velha fazendo-lhe carinhos ignóbeis; outras vezes typos de hermaphroditismo; outras vezes copulas d'animaes inteiramente dissimilhan-tes, como a mosca e cavallo, o vibrião e o ele-phante.

O esperma, então, já não tem sua consistência physiologica, é muito fluido, e sáe sem grande pro-jecção, banhando o penis, as verilhas, as coxas, onde, dessecado se assemelha a palhetas muito delga-das de mica. Quando o individuo desperta, devido quer á humidade, quer ao abalo cerebral provoca-do pelo pesadelo, julga perder uma quantidade de semen maior, do que é na realidade, em consequên-cia da sua grande fluidez. Ha doentes até, que, por muito tempo, não crêem senão n'uma emissão noc-turna d'urina.

As polluções diurnas não differem das noctur-nas senão pela natureza do estimulo, em conse-quência de se produzirem no estado de vigilia.

De resto a acção maléfica sobre a economia é a mesma.

Emissões diurnas durante a defecação.—Quan* do um individuo se acha consideravelmente

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consti-33

pado, necessitando de grandes esforços para a eli-minação das fezes, não custa conceber que, no próprio acto de defecar, haja conjuntamente elimi-nação d'algumas gottas de semen, em consequência da compressão exercida pelas fezes, no acto da sa-hida, sobre as vesículas e prostata.

Isto, que se observa de longe a longe, não pô-de consipô-derar-se como um acto espermatorrheico, mas sim puramente mechanico. Porém, se o

indivi-duo é continente, e a constipação se torna per-tinaz, o caso muda de figura — as polluções vão sen-do successivamente mais frequentes e menos provi-das de prazer, chegando a repetir-se em cada de-jecção, com uma consistência muito fluida.

Emissões diurnas por excitação.— Para se fa-zer uma ideia exacta d'estas emissões apresentare-mos alguns exemplos. Duprest-Rony cita-nos o caso dum homem de vinte annos de idade, que tinha sido um feroz masturbador, chegando a repetir o acto onanico quinze vezes por dia. Vendo-se,porém, esgotado de forças, e a conselho d'alguns amigos, procurou esquecer-se do seu terrível vicio e substi-tuil-o pela continência. Em seguida apaixonou-se por uma mulher que morava na mesma casa. De-sejoso de a possuir, mas temendo violar os seus deve-res, sentia-se collocado muma situação terrível e, a cada volver d'olhos, entrava em erecção e ejacu-lava.

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Era um homem ex-masturbador que se tinha apai-xonado por uma donzella. Ao vêl-a, entrava em erecção, e o menor contacto era para elle uma causa de ejaculação. Bastava, n'esta situação, o roçar da camisa, das calças, etc., para se lhe esca-par o semen.

O dr. Pouillet cita-nos ainda o caso d'um indi-viduo que não podia subir uma escada atraz d'uma mulher sem que se seguisse uma ejaculação.

Emissões diurnas durante a micção. —Muitas vezes, em consequência d'uma excessiva suscepti-bilidade do apparelho genésico, a eliminação da urina torna-se uma causa provocadora de pollu-ções.

Emissões diurnas sem causa apreciável. — Em-bora pouco frequentes, citam-se casos de indivíduos que, longe d'uma excitação sexual, longe d'uma ex-citação cerebral, longe d'uma exex-citação de meio, emfim, sem causa apreciável, ficam assustados ao verem o seu licor precioso sahir pelas vias naturaes, e diffundir-se nos tecidos que as envolvem. Evi-dentemente deve dar-se uma perturbação do syste-ma cerebro-espinhal.

Ao terminarmos os symptomas locaes, não de-vemos deixar de dizer que elles se dão isoladamen-te, isto é, ora nocturnos, ora diurnos, e conjuncta-mente nocturnos e diurnos; e qualquer que seja a forma porque se manifestem, isso não implica uma

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A gravidade da espermatorrhea depende uni-camente da causa, e do grau de prostração em que se acha o individuo.

I 2.° Symptomas geraes

Estes symptomas são muito numerosos, e va-riáveis segundo o grau da doença.

Vamos estudal-os na ordem seguinte: I — Physionomia geral do espermatorrheico. II—Perturbações dos différentes apparelhos — genital, digestivo, circulatório, phonador, respirató-rio e muscular.

III — Perturbações do systema nervoso. IV — Perturbações dos sentidos.

V—Perturbações das faculdades intellectuaes, moraes e affectivas.

I — Physionomia geral do espermatorrheico.— O tabescente procura evitar o olhar do observador; é timido; e não ousa fallar em voz alta com o re-ceio de ser ouvido das pessoas visinhas. Além d'isso a tabescencia é de todas as doenças genito-urinarias a que dá ao individuo um aspecto mais triste e sombrio.

II — ^Perturbações dos différentes apparelhos — genital, digestivo, circulatório, phonador, respira-tório e muscular.

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alterações consistem em : diminuição da erecção ou ausência completa, impotência e esterilidade.

E' sabido que a erecção resulta do affluxo de sangue no tecido eréctil. Portanto a erecção está submettida á circulação, assim como esta está sub-mettida a innervação. Ora, no spermatorrheico, em consequência das abundantes perdas seminaes, ha uma perda considerável de influxo nervoso, e por-tanto um enfraquecimento da sua acção, da qual resultará a diminuição da erecção e até ausência, segundo o grau de enfraquecimento.

Por outro lado já dissemos, a propósito dos phenomenos locaes, que, quando a tabescencia at-tingia um certo grau, a emissão e a volúpia desap-pareciam, phenomenos estes que, conjunctamen-te com a ausência de erecção, devem dar em resul-tado a impotência, que é—a impossibilidade de executar as condições physiologicas do coito, isto é, a negação da erecção, da emissão e da volúpia. Da impotência ha de resultar fatalmente a es-terilidade, isto é, a incapacidade de ter filhos.

(b) 'Perturbações do apparelho digestivo—Es-tas perturbações consistem em: voracidade, gas-tralgia e dyspepsia. Os doentes d'esta classe, sem razão, a titulo de reparar as suas perdas, procuram uma alimentação substancial e abundante. Digo, sem razão, porque estes alimentos que eram para outros poderosos analepticos, tornam-se para elles causas debilitantes.

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A voracidade não permanece muito tempo, porque o seu enfraquecimento arrasta comsigo o desapparecimento da tolerância alimentar. Quem tem observado espermatorrheicos não deixa de no-tar que elles, depois dum regimen reparador, se dedicam ao leite, passando d'um extremo ao outro. Todos os tabescentes accusam phenomenos gas-tralgicos diversos, como caimbras estomacaes, trac-ções, pesos, etc., bem como diversos phenomenos dyspepticos, como digestões lentas e difficeis, eruc-tações e varias vezes vómitos, etc.

(c) Perturbações do apparelho circulatório.— Como principaes, mencionaremos: palpitações ner-vosas e alterações do pulso.

Estas palpitações apresentam o caracter de in-termittencia, sendo comtudo provocadas pelo menor exercicio, a menor fadiga, etc.

Estas palpitações affligem muito o doente, e elle julga possuir uma lesão cardíaca.

E1 conveniente que o medico o dissuada a este

respeito, dizendo-lhe que ellas de per si, não bas-tam para diagnosticar uma lesão cardíaca. O pulso primeiramente apresenta-se normal, e depois en-fraquece.

(d) Perturbações do apparelho phonador.— Notaremos principalmente a rouquidão ou aphonia, segundo o grau da aífecção, e o Clergyman's throat ou angina granulosa.

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epocha da puberdade, a laryngé soffre um grande crescimento e a sua voz d'aguda que era, torna-se grave, em consequência da dificuldade do jogo dos músculos, que não soffreram modificações corres-pondentes. Vê-se pois a influencia do apparelho genital sobre a funcção phonadora. Além d'is-so se praticarmos a castração n'uma creança ve-remos a sua voz conservar-se sempre aguda e flexível, quando mais tarde devia tornar-se gra-ve. Os cantores e cantoras não nos deixam tam-bém de nos dizer que os excessos genitaes lhes perturbam a clareza da voz. Fundados n'este fa-cto os antigos submettiam os comediantes á in-fibulação, para que conservassem a clareza da voz e do canto. Os masturbadores, os esperma-torrheicos, emfim os que não observam a hy-giene genésica, apresentam-se roucos e até aphoni-cos, se a doença é antiga. Egualmente sentem uma sensação de secura notável na garganta, e impellem o hem frequentes vezes, symptoma da angina gra-nulosa. Esta doença é bastante frequente nos ta-bescentes como é nos cantores, advogados, emfim em todos aquelles que fatigam a voz. Esta an-gina força os tabescentes a irem différentes vezes ao espelho examinar a garganta. Se por infeli-cidade expectoram escarros intermediados de es-trias sanguineas, julgam-se affectados de tisica pul-monar. E' conveniente dissuadil-os de similhante ideia, dizendo-lhes que aquillo não passa d'um

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sim-3y

pies incommodo, que desapparece com a cura da doença principal.

(e) Perturbações do apparelho respiratório. — Notamos : esfalfamento, respiração suspirosa e tosse secca. O doente queixa-se-nos dum certo cançaço ao menor exercício, e d'uma sensação de peso na região thoracica, de que procura desembaraçar-se por uma respiração suspirosa.

Egualmente nos accusa uma tosse sêcca, que attribue á tuberculose, quando ella é puramente nervosa, devendo nós afastal-o de tal ideia.

(f) Perturbações do apparelho muscular.—Men-cionaremos as seguintes : flacidez muscular, amyos-thenia, enfraquecimento das pernas e quedas fre-quentes.

Se examinamos os músculos notamol-os flac-cidos, e ao mesmo tempo, por meios convenientes, observamos uma diminuição da contractilidade mus-cular— amyostenia. Notamos também n'estes doen-tes um certo enfraquecimento das pernas, que, por différentes vezes, lhes produz quedas. Este sympto-ma é de grande importância debaixo do ponto de vista do diagnostico.

III — Perturbações do sjstema nervoso. Entre estas perturbações mencionaremos, como principaes, as seguintes : nervosismo chronico, im-pressionabilidade, formigueiros nos membros, ce-phalalgias, vertigens e insomnias.

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es-permatorrhea, dão logar a um estado particular do systema nervoso a que o Dr. Bouchu designa —ner-vosismo—e que é caracterisado por perturbações da sensibilidade, do movimento e da intelligencia. O espermatorrheico tornado nervosico é viva-mente impressionavel.

O calor, o frio e qualquer outra circumstancia exterior fere-o vivamente.

E' raro que se não observe nos espermator-rheicos formigueiros ao longo dos membros. Em-quanto ás dores de cabeça, manifestam-se por duas formas: umas vezes o doente compara-as a uma callote de ferro que lhe comprima o cérebro; outras vezes parece-lhe que o cérebro vacilla den-tro da caixa óssea, que lhe serve d'envolucro.

As vertigens são frequentes, e observam-se de-baixo da acção da causa mais insignificante, a acção de se baixar as provoca. O doente longe de ter um somno pacifico e tranquillo, é constantemente agi-tado por sonhos e pesadelos horriveis, que lhe pro-vocam insomnias.

IV—Perturbações dos sentidos.

Estas alterações devem ser consideradas do lado da vista, do ouvido, do olfacto, do gosto e tacto.

(a) Alterações do lado da vista.—As principaes são: olhos cavados e aprofundados na orbita, dores peri-orbitarias, asthenopia, mydriase e photophobia. Todos os tabescentes apresentam-se com os olhos cavados, profundamente introduzidos na

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orbi-4i

ta, e com um olhar baço e morto que lhes é pró-prio.

E' raro que se não observe dores orbitarias sobre o trajecto dos filetes nervosos do ramo ophtal-mico do trigemeo.

A mais importante das alterações é, sem duvi-da, o enfraquecimento gradual da visão. A leitura e a escripta chegam a ser impossíveis. Não deve-mos deixar de mencionar a considerável dilatação da pupilla, que ao principio é intermittente, mas que mais tarde se torna permanente, bem como a grande sensibilidade do olho á luz, que pôde ir até á photophobia.

(b) Perturbações do lado do ouvido. — A audi-ção pôde ser perturbada por duas formas: por de-feito, isto é, por diminuição da sensibilidade audi-tiva, que pôde ir até á surdez, ou por excesso, isto é, por exageração da sensibilidade auditiva, que pôde ir até á hyperesthesia.

(c) Perturbações do lado do olfacto.—A sensi-bilidade olfactiva diminue gradualmente e pôde che-gar a ser nulla.

(d) Perturbações do lado do gosto.—A sensi-bilidade gustativa encontra-se egualmente mais ou menos enfraquecida.

(e) Perturbações do lado do tacto.—No prin-cipio da affecção a sensibilidade tactil permanece, mas com o decorrer do tempo enfraquece e che-ga a desapparecer. Habitualmente os

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tes apresentam um modo particular de tocar os objectos — desviando os dedos.

V — Perturbações das faculdades intellectuaes moraes e affectivas.

Eis as principaes perturbações : inaptidão para o trabalho, perda de memoria, incoherencia nas idéas, enfraquecimento da intelligencia, vontade ne-gativa, pusillanimidade, misanthropia, aversão ás mulheres, desconfiança, egoismo, suicídio e impul-são homicida.

O tabescente tem mais difficuldade em se en-tregar a um trabalho mental, do que a um traba-lho physico. A memoria diminue gradualmente e acaba por se extinguir, em consequência do esgota-mento nervoso e da anemia cerebral.

O pensamento concentra-se dificilmente nos objectos para obter uma ideia verdadeira. D'aqui resulta, portanto, a dissociação das ideias. Estas perturbações: amnesia, inaptidão para o trabalho e incoherencia nas ideias, mostram que o nivel intel-lectual baixou. Como a memoria, a vontade dimi-nue gradualmente, chegando a ser negativa. Os tabescentes são tímidos: o catheterismourethral, por exemplo, é-lhes uma operação grave. Todos despre-sam as mulheres, facto devido quer á fadiga, quer ás perdas seminaes, mais depois, do que antes da copula, quer á perversão genital, estabelecida desde ha muito pela masturbação. Têm aversão á sociedade, e pro-curam sempre a solidão. São desconfiados e

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egois-43

tas. Se o mundo ri, pensam que ri d'elles. Se o mun-do falia, pensam que falia d'elles.

N'esta terrível situação — solitário, esgotado de forças — a sua única occupação é reconstituir a sua machina completamente desarranjada.

Gasta grandes sommas de dinheiro, muitas ve-zes com pseudo-medicos, que tudo curam, para se vêr alliviado dos soffrimentos. Quando chega a convencer-se de que possue uma doença incurável, principia a pensar no suicidio durante as horas mor-tas da noite. Não termina os seus dias logo.

Ha uma remissão durante a qual avisa al-guém que se matará um dia; lê tratados de suici-das. E, antes de realizar o seu pensamento, escre-ve, em estylo lugubre e pungente, os seus soffrimen-tos.

Alguns doentes d'esté género tentam o homi-cídio. Alguns exemplos se têm observado n'este sen-tido.

Podemos agora dizer que ha três graus na es-permatorrhea: o primeiro é caracterizado pela im-potência -, o segundo pela debilidade confirmada do individuo; o terceiro pelo estado maniaco. Será inu-til dizer que entre estas très phases notadas se en-contram cambiantes innumeraveis.

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Etiologia

Dividimos este capitulo em dous paragraphos: o primeiro comprehende as causas locaes; o segun-do as geraes.

i i-°

Espermatorrhea de cansas locaes

As causas locaes da espermatorrhea serão di-vididas em dous grupos : o primeiro comprehende as causas locaes do lado dos órgãos genitaes ; o se-gundo comprehende as causas locaes do lado do recto e da pequena bacia.

As principaes causas que entram no primeiro grupo são: masturbação, excessos venéreos, ure-thrite, blenorrhea, urethrostenia, smegma, phimosis, e herpes prepucial.

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4b

As principaes causas que entram no segundo grupo são : constipação, fissura anal, hemorrhoides, parasitas intestinaes e medicamentos.

Masturbação. — Este terrível vicio é, sem du-vida, a causa mais poderosa da espermatorrhea. Em cem espermatorrheicos, encontram-se noventa e cinco mastubardores. Todavia, é preciso confes-sar, os antigos abusavam menos do que os moder-nos.

A que será devido isto? Sem duvida ao exer-cício physico e ao meio.

Outr'ora o exercício era praticado diariamen-te, e, fatigando o corpo, desviava o espirito dos prazeres anormaes.

O meio era menos enervante, não convidando os indivíduos a procurarem as manobras occultas d'esté terrível vicio. Hoje, pelo contrario, o exercí-cio é despresado, e o meio é completamente ener-vante. Não encontramos senão quadros obsce-nos, imagens lascivas, livros deshonestos, etc., in-citadores dos desejos sexuaes. Ha uma lei moral que não devemos ignorar: em toda a crise civilisa-dora, ha como em toda a epocha de decadência, uma desmoralisação genésica.

O onanismo é hoje um habito como o tabaco, o alcool, etc. Se interrogarmos as pessoas com quem vivemos sobre tal assumpto, quasi todas nos accusam, se teem um pouco de franqueza no fun-do fun-do coração, que se entregaram ou se entregam

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ainda ao onanisme Uma infinidade de causas po-dem gerar o onanismo. Occupar-me d'ellas, seria collocar-me fora do assumpto.

Porém, como a propósito da prophylaxia pre-ciso de referir-me a ellas, julgo conveniente recor-dar simplesmente aqui as principaes, a saber : he-reditariedade, manobras estranhas, precocidade se-xual, irritação, mau exemplo, imagens lascivas, lei-turas deshonestas, preguiça, solidão, celibato, con-tinência, medicamentos e receio das affecções ve-néreas. Como a masturbação é a causa mais im-portante da espermatorrhea, e o diagnostico d'esta só ficará completo quando tivermos pleno conheci-mento da sua causa, julgamos conveniente enume-rar summariamente os seus signaes, visto que, em geral, é dissimulada pelos indivíduos dominados por tão triste vicio, em consequência da vergonha que sempre os acompanha.

Signaes da masturbação. — Consideral-os-emos sob três pontos de vista: na primeira infância; na segunda infância e adolescência; finalmente no adul-to.

Primeira infância. —Quando uma creança d'es-ta idade principia a enfraquecer, a tornar-se palli-da e a offerecer-nos um aspecto triste e sombrio, sem que se possa explicar por alguma doença, de-vemos pensar no onanismo. Vigiaremos então as manobras da creança e de sua nutriz, a fim de descobrir o vicio suspeitado. O exame da pupilla

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não deve passar desapercebido ; pois que esta quasi sempre se dirige para cima e para dentro na crean-ça masturbadora.

Segunda infância e adolescência.—N'estas ida-des as dificuldaida-des do diagnostico crescem, em con-sequência da dissimulação dos indivíduos.

Duas ordens de phenomenos: physicos e psy-chicos, que o doente apresenta, nos levam, com mais ou menos segurança, ao diagnostico.

Phenomenos physicos. — Estes phenomenos são : fraqueza geral, pallidez, anemia, suspensão do des-envolvimento, intumescimento das pálpebras, olhos cavados e rodeados d'um circulo bronzeado, olhar espantado e baixado para a terra, incerteza na mar-cha, excessiva sensibilidade ao frio e um estado nervoso particular.

Phenomenos psychicos.—Uma modificação de caracter, que se torna triste e sombrio, não propria da idade, o não se importar com mulheres, uma ti-midez não natural, um falso pudor quando se falia dos órgãos genitaes, a pesquiza continua da solidão, grande embaraço perante a sociedade, perda de me-moria, dificuldade de comprehender os elementos d'uma sciencia: eis os phenomenos psychicos.

Estado adulto.— Nesta idade os phenomenos »tem sido fielmente traçados. O enfraquecimento do individuo, o estado anemico, a pallidez da face, a fraqueza intellectual, enfraquecimento dos sentidos, frequente dilatação da pupilla, perturbações do

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mo-vimento, phenomenos dyspepticos e nervosos varia-dos: eis os symptomas, que mais ou menos nos evidenciam a masturbação d'esta idade.

Para mais certeza, devemos sempre procurar a confissão do individuo.

Para isso usaremos d'esté meio — convencel-o de que o onanismo é uma coisa natural, e do qual todos usam. D'esta forma consegue-se, muitas ve-zes, obter uma confissão escripta ou verbal. Ainda é conveniente, para não cahirmos no erro, examinar o penis cujo estado é mais ou menos característico: o prepúcio deixa de cobrir a glande, a qual é palli-da, enrugada e sobretudo intumescida na parte mais anterior.

Que condições gera a masturbação para pro-duzir a espermatorrhea ?

Vejamol-as:

i.° A masturbação determina uma irritação da urethra, dos canaes ejaculadores e das vesícu-las seminaes.

2.° Os canaes seminiferos são excitados, e portanto ha hypersecreção de semen.

3.° O apparelho genital, cançado, adquire uma susceptibilidade tal, que o esperma apenas elabo-rado irrita as vesículas, que o eliminam.

4.0 O individuo perde muito influxo nervoso

e não pôde imperar sobre o apparelho genital. Este torna-se senhor de si.

5.° As vias espermaticas acabam por se dila-i

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5o

tarem, por se relaxarem em um grau tal, que a simples passagem das fezes ou da urina provoca a eliminação espermatica. Mais tarde o habito faz com que o semen se elimine, para assim dizer, de motu próprio, sem se demorar nas vesículas.

Prophjlaxia. — Se entre cem espermatorrhei-cos, noventa e cinco são masturbadores, como já dissemos, não será d'uma importância capital pro-curar evitar este assombroso vicio? Evidentemente que sim. E' o que vamos fazer, ainda que incom-pletamente, por duas razões: primeira por falta de capacidade ; segunda porque me não quero desviar muito do assumpto de que me occupo.

Para prevenir o onanismo, a educação deve recorrer a precauções physicas, sociaes, intellectuaes e moraes.

Os cuidados das pessoas a quem incumbe a educação das creanças nunca serão demasiados no que respeita á limpeza sexual, para evitar a accumulação do smegma debaixo do prepúcio, pro-duct© este que, pelo seu prurido, impelle involun-tariamente as creanças a toques reiterados.

O mais cedo possivel, devem combater-se o herpes, a constipação, os parasitas, etc., que produ-zem effeitos eguaes.

Os medicos devem evitar, o quanto possivel, os medicamentos aphrodisiacos.

Os exercícios ao ar livre são d'uma grande van-tagem. Qual a razão porque os camponezes são

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ras vezes masturbadores relativamente aos que habi-tam nas cidades? Por muitas razões, mas a princi-pal é a boa gymnastica num meio bem arejado e reconstituinte.

Os exercícios corporaes teem por consequên-cia augmentar a actividade circulatória, respirató-ria, calorífica e assimiladora. Com effeito: o sangue sollicitado pelos músculos, que se contrahem,é reen-viado mais rapidamente ao coração direito e aos pulmões que o oxidam. A exagerada oxidação ar-rasta uma acceleração da respiração e um augmen-to da temperatura.

Quanto á digestão, é excellente sob a influencia do exercício. «O exercício é o melhor digestivo» diz Fonssagrives.

Quem não sabe a voracidade dos gymnastas ? Se os indivíduos submettidos á gymnastica emma-grecem, não perdem senão gordura; os seus mus-(

culos, pelo contrario, tornam-se volumosos, a cai-xa thoracica mais ampla, a marcha mais leve e mais segura e os movimentos mais enérgicos e mais promptos.

O exercício, necessitando d'uma forte corren-te nervosa para os órgãos em movimento, tranqui-lisa o systema nervoso, produz um somno calmo e fortificante, d'onde resulta um espirito mais claro e uma memoria mais fiel.

Que beneficio não traz o exercício !

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tre nós. Quantos indivíduos internados em colle-gios, seminários, etc., não soffrem fataes consequên-cias da sua inacção ?

Aos dezenove annos, os que resistem, são for-tes em latim e grego, mas pallidos, debilitados e entregues ao onanismo!

O leito dos jovens deve ser duro e pouco car-regado de cobertores, e collocado n'um logar fresco e sem humidade.

O somno nunca deve exceder seis a sete ho-ras, e o levantar deve ser immediato ao despertar.

Devemos sempre escolher pessoas de boa mo-ral, quando quizermos entregar-lhes os nossos fi-lhos. Todavia, não descancemos; acompanhemol-os d'uma vigilância secreta. Não esqueçamacompanhemol-os sem-pre que o mau exemplo é uma das causas mais activas do onanismo. E' pois, necessário escolher camaradas de bons costumes.

Procuremos sempre evitar a solidão dos jo-vens; isto seria deixal-os seguir ó caminho da des-graça. Não consintamos que se entreguem á lei-tura de livros obscenos e ao exame de quadros lascivos. Nunca, deante d'elles, empreguemos pa-lavras ou usemos de gestos deshonestos a pretexto de que elles não percebem ; porque, quando assim aconteça, mais tarde pedem explicações.

Quando, chegados á epocha da puberdade, não hesitemos em lhes explicar o fim da nova funcção

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conheci-mento d'ella quer pela leitura, quer pelos camara-das com quem convivem, muitas vezes corrompi-dos e immoraes.

Não são as luzes que prejudicam o homem, mas sim o modo como as recebe.

As explicações opportunas, dadas por pessoas de bom senso e bem moralisadas, são sempre van-tajosas, porque, para evitar o mal, é preciso co-nhecel-o.

Nos indivíduos de idiosyncrasia genital, ou descendentes de pães masturbadores, além da pro-phylaxia supra-indicada, inculcar-lhe-emos um gosto artístico: a pintura, a poesia, a musica, etc., que pos-sa desvial-o d'uma paixão, para assim dizer, innata. Quanto á continência, não a devemos admittir de forma alguma. E' antiphysiologica. E1 preferível

ver o joven entregar-se moderadamente ao coito, do que, em poucos annos, vêl-o degradado no as-sombroso vicio do* onanismo, que, a passos agigan-tados, produz a espermatorrhea.

Excessos venéreos. — Os excessos venéreos não são tão perigosos como a masturbação. Os exces-sos venéreos abalam só a machina funccional, e não deixam arrependimentos Íntimos, como a masturba-ção. Vários motivos podem gerar os excessos ve-néreos : a ignorância, a galanteria e a fanfarronice.

E' frequente encontrarem-se indivíduos recente-mente casados, que se entregam ao coito com furor, quando antes eram absoluta ou relativamente

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tinentes. Egualmente é frequente encontrarem-se indivíduos que, desejando agradar á mulher ou donzella amada, mais ou menos nyphomanas, pa-gam caro as valentias, fazendo mais do que po-dem. E quantos fanfarrões se encontram no mun-do que, para contarem o numero hyperbolico das façanhas, que elles consideram como outras tan-tas glorias, procuram conquistar um grande nume-ro de mulheres?

Que pobres de espirito!

Que condições geram os excessos venéreos para produzirem a espermatorrhea?

O enfraquecimento local e geral.

O enfraquecimento local manifesta-se pela gran-de susceptibilidagran-de das vesículas, pelo relaxamento das vias espermaticas e pela hypersecreção seminal. O enfraquecimento geral traduz-se pela extrema debilidade do organismo—defeito de resistência ner-vosa.

Dadas estas condições, que um espirito são fa-cilmente chega a concluir dos excessos venéreos, quem deixará de comprehender que os excessos ve-néreos geram a espermatorrhea? Pessoa alguma.

Prophylaxia. — Se assim é, quem não deve evi-tar taes excessos para se livrar d'uma doença tão triste? Todos. Eis o que se deve aconselhar:

Que se affastem de tudo o que excita a ima-ginação e irrita os desejos sexuaes.

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leituras deshonestas, etc. ; que se entreguem aos exercidos corporaes; que concentrem o cérebro desnorteado n'um trabalho que peça attenção demora-da; que procurem um gosto artístico: pois estes meios são poderosos derivativos dos ardores venéreos. Que se lembrem, como diz Lallemand, de que o primeiro ef-feito dos excessos venéreos é diminuir a paixão que os fez nascer, é destruir as illusões do objecto ama-do. Quanto mais o systema nervoso fôr excitavel, menos ouvirá a voz da luxuria. Não quero com isto dizer que observem a continência. E' anti-physiologi-ca, como já tive occasião de dizer. Mas sim que se entreguem á copula quando se sentirem arrastados naturalmente, e não com o auxilio de estimulantes externos. Quando poderão elles saber que abu-sam? Haverá uma linha de demarcação áquem da qual não abusem, e além da qual abusem? Não. Varia muito com a constituição e outras

cir-cumstancias. Ha indivíduos que não podem ter mais d'um coito por mez, e outros que podem praticar o coito três, quatro e mesmo oito ve-zes por dia, sem se sentirem fracos. Conheço um individuo que o pratica oito vezes por (Ha, ficando como estava antes, propria expressão d'elle. Quan-do um individuo depois da copula, em lugar de sen-tir bem-estar, se sente fraco e experimenta um vago arrependimento do acto executado, deve lembrar-se que está alli um aviso certo do abuso genital.

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consequências terríveis, que os excessos venéreos originam, e lembrar-lhes que um espirito são não commette taes faltas. Que se deixem de glorias d'es-ta natureza, que não são verdadeiras glorias, mas sim glorias filhas dum cérebro doente.

Urethrite. — Blenovrhea. — Urethrostenia. — A urethrite especifica ou não especifica, pelo seu pru-rido no principio e pela turgescência, provoca erec-ções frequentes. A inflamação propaga-se pouco a pouco ás vias spermaticas, d'onde resulta uma hypersecreção seminal.

Quer a urethrite desappareça, quer passe ao estado chronico, o effeito é o mesmo—maior sus-ceptibilidade do apparelho genital.

Urethrostenia. —Do aperto resulta: uma infla-mação, que se propaga ás vias espermaticas e uri-narias, modificação do jacto espermatico, dysperma-tismo e embaraço na micção que, pelo decorrer do tempo produz uma dilatação atraz de si, em con-sequência do bater constante da urina contra o aper-to. Uma vez a dilatação formada, a urina, que n'ella se accumula, obra como um verdadeiro corpo estra-nho, que banha constantemente os orifícios ejacula-dores e penetra no seu interior durante os esforços de micção. Por este estado de coisas comprehende-se facilmente porque mechanismo a urethrostenia pro-duz a espermatorrhea.

Proph.yla.xia. — Não insisto na prophylaxia por me parecer ocioso.

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O meio excellente para não contrahirmos uma blenorrhea é não ter urethrite.

Para evitar a urethrostenia é combater urgen-temente a blenorrhea, ou outra affecção, que lhe possa dar origem.

Smegma. —Herpes. — O smegma, pelo seu pru-rido, conduz a toques repetidos; pelas suas proprie-dades—acre, irritante—é um verdadeiro estimulo das vesiculas seminaes, podendo originar a esper-matorrhea.

O herpes determina, antes da sua erupção, um prurido que, invadindo a urethra pôde recahir so-bre as vias espermaticas gerando a espermatorrhea.

Prophylaxia. —Para prevenir a accumulação do smegma sob-prepucial, bastam os cuidados hygie-nicos de limpeza. A's vezes, porém, em consequên-cia duma predisposição particular, a formação sme-gmatica é rápida e abundante; é conveniente n'este caso usar de loções adstringentes.

Mas para que estes cuidados se deem, é preci-so que o prepúcio tenha um diâmetro tal, que per-mitta pôr a descoberto a glande. Quando estas con-dições anatómicas se não deem, isto é, que haja phimosis, congenita ou adquirida, é preciso operar.

Para se prevenir o prurido do herpes usaremos de loções de sulfato de zinco.

Para evitar as erecções produzidas pela acidez dos líquidos exsudados, usaremos da pomada de di-gital em fricções locaes.

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Constipação. — Rhagada anal. — E' fácil com-prehender que, quando a bexiga esteja cheia d'uri-na e haja accumulação de fezes, as vesículas semi-naes, comprehendidas entre dous planos resistentes, evacuem o seu conteúdo. Este phenomeno, que ao principio é puramente mechanico e accidental, repe-tido torna-se pathologico, porque augmenta a sus-ceptibilidade das vesículas seminaes.

A ulceração na margem do anus, determinan-do sympathicamente a contracção das vesículas se-minaes, e provocando a constipação, é bem de ver que produzirá perdas seminaes involuntárias.

Hemorrhoides.—Comprehende-se desde já que as hemorrhoides, pela constipação a que dão ori-gem, pelo trabalho irritativo da mucosa rectal, que se reflecte sobre as vesículas seminaes, podem gerar a espermatorrhea.

Prophflaxia.—Prevenir as hemorrhoides, é evi-tar as causas que lhe dão origem como : a vida se-dentária, a humidade quente, a falta de exercício, a constipação, etc.

Parasitas intestinaes. — Os oxiuros vermicula-res e a tenia provocam um trabalho irritativo local. Esta irritação reflecte-se sobre o apparelho genital, provocando erecções frequentes e perdas seminaes involuntárias.

A's vezes a cauda do oxiuro vermicular vae excitar directamente a prostata e as vesículas semi-naes.

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Medica ment os. —Todas as substancias aphro-disiacas, pela sua acção irritante sobre o apparelho genital, provocam perdas seminaes involuntárias.

* § 2.°

Espermatorrhea de causas geraes

Ha no mundo indivíduos que, fora de toda a lesão urethral ou rectal, sob a influencia de cau-sas, muitas vezes inapreciaves, são atormentados de perdas seminaes involuntárias.

Devemos atribuil-as, então, a uma perturbação cerebro-espinhal — nervosismo chronico.

Nos tratados de espermatorrhea encontramos exemplos dispersos.

Aqui é um celibatário, que, a cada contrarieda-de, vê seu semen eliminar-se.

Ali é um sábio que, ao vêr castigar uma crean-ça nua, entra em erecção e ejacula.

Acolá indivíduos que não podem evitar perdas seminaes, todas as vezes que se deitam em lençoes ou vestem camisas novamente lavadas. Bartholin cita o caso d'um individuo que não podia fazer a barba sem ejacular.

Além indivíduos que não podem ver as pernas d'uma mulher sem soffrerem os mesmos effeitos. Finalmente desnichar ninhos de pardaes ou olhar

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6o

d'um logar elevado, teem affligido alguns indivíduos de perdas seminaes.

Não satisfação do desejo sexual. — Colloeados n'um meio completamente enervante, junto de qua-dros eróticos, ao pé de mulheres que nos enviam sorrisos e beijos amorosos, etc., seremos atormen-tados de soffrimentos, que todos, mais ou menos temos sentido, ainda que passageiramente. Mas quando a hyperexcitação cerebro-genital se torna permanente, esses soffrimentos que, quando passa-geiros, incommodavam, mas não ameaçavam a vi-da, convertem se na miserável espermatorrhea, cu-jas consequências são bem conhecidas. Lembremo-nos dos cabelleireiros ou empregados de theatro, que fornecem um bom contingente de espermator-rheicos.

Prophylaxia. — O meio preventivo consiste em affastar para longe da sua imaginação todos os di-versos elementos d'um meio enervante, que o po-dem corromper. E quando naturalmente sejam ar-rastados, pela cubica audaciosa dos desejos sexuaes, a embeber-se n'esse meio deletério, procuremos o coito, mas moderadamente e com um certo critério.

Excesso de continência. —São poucos os indi-víduos que observam uma continência absoluta du-rante a sua existência—não fallando dos indivíduos aftectados de inércia genital.

E' incontestável que a verdadeira continência gera a espermatorrhea, cujo mechanismo já

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descrê-vi mais longe, e que os indivíduos que a observam pagam amargos soffrimentos.

O catholicismo, exigindo dos seus ministros o celibato e a continência, é anti-social e cruel. Nin-guém ignora as torturas do cura de Reole, narra-das por Buffon:

O cura, homem robusto, esforçou-se por do-minar a sua impulsão genital; submetteu-se a um jejum severo; principiou a soffrer e a emmagrecer progressivamente-, estampavam-se-lhe no cérebro

quadros eróticos; e o abbade.... bebeu na taça do impudor.

N'este caso estão alguns outros. Ha desgraça-dos resignadesgraça-dos que occultam o seu mal, dizendo que Deus afflige a quem ama. Oh! fanatismo incom-prehensivel!

Concentração do espirito.—Todo o estimulo do systema nervoso geral, é estimulo do apparelho genital, e vice-versa. Mas quando o trabalho men-tal é excessivo, o cérebro enfraquece, e concorren-temente o apparelho genital: eis a espermatorrhea em via de evolução. Quando haja hyperexcita-cão cerebral, e continência absoluta ao mesmo tem-po, as duas causas concorrem ao mesmo effeito. Estas duas causas são quasi companheiras insepa-ráveis, porque, em geral, os sábios pensam d'esta forma—é preciso poupar o apparelho genital, para

não vermos as forças perdidas. Newton e Auguste Comte estão n'este caso. Devemos, portanto, ter

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sempre presente esta causa, para nos não entregar-mos demasiado aos trabalhos mentaes.

Hereditariedade. — A espermathorrhea pôde ser herdada? — A resposta é positiva. Todos nós sabemos que os ascendentes legam aos descenden-tes a sua organisação, e portanto os vicios physicos e as aptidões moraes. Lallemand cita vários exem-plos, que eu deixo em silencio por julgar desneces-sário referil-os.

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Anatomia Patnologica.—-Diagnostico. — Mar-cha.— Terminação.—Prognostico.

Anatomia Pathologica. — E1 raríssimo

conse-guir-se fazer uma autopsia d'um espermatorrheico : em primeiro logar porque tal doença não se encon-tra nos hospitaes ; em segundo logar porque, embo-ra podessemos acompanhar o doente de gabinete em gabinete até á sua morte, os nossos preconcei-tos ainda são tão vivazes que a não toleram.

No emtanto, algumas autopsias se fizeram mas, infelizmente, nada se adiantou. N'uma palavra, ain-da está por estuain-dar a anatomia pathologica ain-da ta-bescencia.

Diagnostico. — Os múltiplos symptomas que acabamos de estudar, longe de facilitarem o diagnos-tico, difficultam-no, porque não ha um que seja pa-thognomonico. Muitas vezes se nos apresentam

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doentes dizendo desde logo que soffrem de perdas seminaes. Será isto o sufficiente para um medico sério? Não. Quantas vezes o doente se engana e toma por espermatorrhea o que não é senão um fluxo urethral? Quantos pseudo-espermatorrheicos, blenorrheicos, catarrhaes da bexiga, hypochondria-cos, delirantes da urethra, entre os quaes não exis-te espermatorrhea senão no seu cérebro doenexis-te? O prático não deve, pois, confiar no que diz o doen-te, e procurará não um único symptoma, mas um conjuncto, uma série de phenomenos, que lhe per-mittirão firmar o seu diagnostico.

Quando um individuo se nos apresenta com um aspecto sombrio ; com um olhar baço, morto e cabisbaixo; com um andar particular; e com um habito exterior, que denota grande deterioração do organismo: devemos lembrar-nos da espermatorrhea.

Suspeitando, faremos em seguida o interroga-tório com o fim d'observar todos os phenomenos locaes e geraes, pois é este o fio de Ariadne que nos pôde guiar no labyrinlho do diagnostico.

Diversos corrimentos urethraes podem fazer pen-sar rfuma espermatorrhea, sobretudo nos deliran-tes e melancólicos : taes são a blenorrhea e a pros-tatorrhea. O corrimento blenorrheico é continuo, e não intermittente como a emissão espermatica. Além d'isso não tem o aspecto e a consistência do fiuxo-seminal, nem mesmo é tão abundante.

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difficulda-des e levar-nos ao erro, porque muitas vezes o cor-rimento é intermittente, análogo pelos seus carac-teres physicos ao esperma, de que é um dos ele-mentos, e muitas vezes evacuado nas mesmas con-dições.

Porém, os symptomas geraes concomitantes e o exame microscópico, marcar-nos-hão a differença. A incontinência d'urina, de forma intermittente, po-deria também ser causa d'erro, se não fora a exis-tência do microscópio.

Reconhecida a existência da espermatorrhea, o diagnostico ficará completo? Não. Para que assim seja, é preciso reconhecer-lhe a causa.

Para isso, basta recordarmo-nos das numero-sas caunumero-sas, que deixamos descriptas, para reconhe-cermos aquella de que procede a triste affecção. Todavia, não devemos ser muito exclusivos, porque muitas vezes um grande numero de causas concor-rem ao mesmo fim. Emquanto ao diagnostico etio-lógico, nunca nos devemos esquecer dos anteceden-tes do doente, das doenças de seus ascendenanteceden-tes e collateraes, da sua maneira de viver e da sua pro-fissão.

Marcha.—Terminação.—A marcha da esperma-torrhea é essencialmente irregular, e isto compre-hende-se facilmente lembrando-nos das causas que a produzem. A duração é longa, e a sua termina-ção não se dá espontaneamente, porque os sympto-mas, consequências das perdas seminaes,

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tornam-66

se, de per si, causas productoras dos phenomenos mórbidos.

'Prognostico. — Esta doença abandonada a si mesma não tende para a cura, mas sim para uma morte certa, que sobrevêm no meio d'uma syncope (caso raro) ou por intermédio d'uma doença inter-currente (caso geral) quando o próprio doente não procura terminar os dias da vida.

Porém, convenientemente tratada, e a tempo, a gravidade do prognostico diminue, porque não está acima dos recursos medicos ou cirúrgicos.

A sua cura é mais fácil quando é produzida por causas locaes e quando recente, do que quan-do é produzida por causas geraes e quanquan-do antiga.

O prognostico da espermatorrhea prova, pois, que será imperdoável uma falta da parte do medi-co que a não diagnosticar, por omissão de interro-gatórios sérios e methodicos, e de observações pes-soaes, como será se considerar esta doença como imaginaria.

A consequência d'esté procedimento poderá ser muitas vezes a morte, e sempre a miserável exis-tência d'um paciente, a quem a medicina pede sal-var.

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Tratamento

E' na etiologia que se funda o tratamento da espermatorrhea. E' n'ella que encontraremos as suas indicações.

Este tratamento comprehende três partes: i.° prevenir as perdas seminaes—prophylaxia; i.° sup-primir a espermatorrhea, combatendo as causas que a geraram e a entreteem — tratamento pro-, priamente dito ; 3." impedir a recidiva—complemen-to da cura.

Da primeira parte já nos occupamos a propó-sito da etiologia; occupar-nos-emos, agora, das res-tantes.

Tomaremos cada uma das causas isoladamen-te, apresentando em seguida os meios próprios a a combatel-as.

Começaremos pelo tratamento das causas

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cães, e terminaremos pelo tratamento das causas geraes, o qual faremos seguir do complemento da cura.

Mas esta exposição methodica, que a lógica nos manda seguir para evitar confusões, não deve fazer perder de vista: i.° que as causas locaes e geraes concorrem muitas vezes ao mesmo effeito ; 2.° que a espermatorrhea, gerada por uma causa qualquer, pôde permanecer, embora essa causa des-appareça, entretida pelo habito, ou pelo appareci-mento d'uma nova causa.

Dividimos, portanto este capitulo em très pa-ragraphes: o i.° comprehende o tratamento das causas locaes; o 2.0 o tratamento das causas

ge-raes; o 3.° o complemento da cura. 1 i.°

Tratamento das causas locaes

Onanismo.—Desenraizar o onanismo é árduo e diífícil. E' um vicio mais ou menos inveterado, que o individuo occulta, ama, do qual não quer pri-var-se, e, embora queira, não pôde muitas vezes, pelo facto único de ser um vicio, que o domina.

Meios medicos, cirúrgicos, hygienicos, moraes e repressivos, tem sido empregados com suecesso contra o onanismo.

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medi-cos e cirúrgimedi-cos applicados contra o onanismo? Sim e não, conforme a sua origem. Não ha duvida alguma que, nos indivíduos de temperamento eró-tico, os anti-aphrodisiacos tenham uma vantagem reconhecida, adormecendo, para assim dizer, a acti-vidade mórbida e exagerada do apparelho genital. Não se duvida também que, no onanismo produzi-do por: constipação, balanite, parasitas, etc., os medicamentos, que combatem estas doenças, te-nham uma applicação vantajosa no tratamento da masturbação. Egualmente não se duvida do resul-tado da extracção d'um calculo vesical no trata-mento da masturbação, quando esta é produzida

por elle.

Meios higiénicos e moraes. — Muitas vezes, pelos meios medicos ou cirúrgicos, não conseguimos uma cura radical, porque o onanismo é um habito, e como tal muito difficil de vencer. Os meios hy-gienicos e moraes são poderosos auxiliares.

Os meios hygienicos: exercícios, distracções, natação, hydrotherapia, etc., se são importantes como meios prophylaticos, também o são como meios de cura do onanismo, sem offerecerem discus-são. Os meios moraes, convenientemente maneja-dos, por pessoas de sã razão, estão no mesmo caso. Quem não conhece a influencia dos bons con-selhos no desvio d'um habito, mostrando ao triste desgraçado a funesta sahida d'esse habito?

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torturoso das terríveis consequências do masturba-dor, e dizer ao vicioso que o desenlace de tudo se-rá a morte n'um hospital d'alienados.

Nas creanças os remédios moraes têm pouco valor, porque ellas teem a intelligencia pouco des-envolvida para os comprehender. O mesmo acon-tece nos adultos, em consequência da soberana for-ça do habito, adquirida pela antiguidade, que do-mina os indivíduos.

Que fazer n'este caso? Procurar meios repres-sivos. A's creanças um castigo graduado a cada tentativa onanica.

Aos adultos o emprego de meios capazes de obstar ás manobras onanicas.

Estes meios são variados, mas o que melhor successo tem dado é a camisola de força.

Do que deixamos dito conclue-se que não ha um remédio especifico e heróico para a cura do onanismo, mas sim um conjuncto de meios que, convenientemente empregados, nos conduzem ao fim que desejamos. Então, conseguida a cura do onanismo, ter-se-ha a cura da espermatorrhea?

Sempre melhorada e ás vezes curada.

Muitas vezes, embora destruído o onanismo, a espermatorrhea permanece, visto que aquelle vicio deixa muitas vezes um enfraquecimento tal, que de per si mesmo é sufficiente para entreter a esperma-torrhea. Este enfraquecimento traduz-se do lado do apparelho reproductor, pela dilatação e

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relaxa-mento dos canaes espermaticos e pela atonia das vesiculas e de todo o apparellio genital; do lado do systema nervoso, por phenomenos nervosos varia-dos—fontes novas da continuação da doença. Que fazer n'este caso? Procurar novos meios de cura. E' o que faremos mais longe.

Excessos venéreos.—O tratamento dos exces-sos venéreos, á parte algumas leves modificações, é o mesmo que o da masturbação. Os conselhos moraes, os meios hygienicos, uma occupação acti-va, o afastamento das mulheres, os anti-aphrodisia-cos, eis o que se deve empregar.

Curado dos excessos venéreos, o individuo fica-rá curado da espermatorrhea ? Nem sempre, mas pelo menos melhorado. Muitas vezes os excessos venéreos deixam os mesmos inconvenientes que o onanismo — defeito de resistência nervosa e grande susceptibilidade do apparelho genital—e estas no-vas fontes prolongam a doença. Devemos então recorrer a outros meios, que mais longe apontare-mos.

Blenorrhea. — Urethrostenia. — Diversos pro-cessos teem sido applicados na cura da blenorrhea.

O instillador do dr. Guyon tem dado excellen-tes resultados nas mãos dos que o sabem manejar bem.

O manual operatório é simples: uma seringa do mesmo género que a de Pravaz atarracha-se n'uma velinha terminada em oliva. Estando o

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ma preparado, a velinha é introduzida na urethra, e por meio d'algumas voltas d'embolo, consegue-se le-var á parte doente as gottas que se quizer.

Quando as instillações de nitrato de prata são applicadas, é preciso introduzir rapidamente vinte a trinta gottas, porque ellas teem uma grande ten-dência a irem para a bexiga, onde são neutralisadas pela urina.

Este processo foi applicado a alguns doentes da enfermaria de clinica medica, pelo Ex.mo Snr. Dr.

Azevedo Maia, e com bom resultado.

O aperto será tratado differentemente, segun-do a sua natureza: molle ou duro.

No aperto molle seguimos a dilatação, que pôde ser immediata ou mediata.

A dilatação mediata—novo processo do dr. Langlebert—parece-nos offerecer mais vantagens, que eu apresentarei, se o illustre jury para este pon-to me chamar a attenção.

No aperto duro, na impossibilidade de applicar a dilatação, recorremos a um outro tratamento. Dif-férentes processos teem sido applicados.

Preferimos a electrolyse, porque lhe encontra-mos mais vantagens, que apresentareencontra-mos, se o il-lustrado jury assim nos mandar.

Em geral, a espermatorrhea gerada por estas causas, desapparece com a sua cura.

Smegma — Phimosis — Herpes. — A phimosis tem sido operada por différentes processos, dos

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quaes os mais empregados são: incisão, excisão e circumcisão. Devemos preferir a incisão no caso de bridas entre a glande e o prepúcio. Contra o herpes empregaremos a cauterização pelo nitrato de prata,

Curadas estas doenças, a espermatorrhea, que n'ellas está filiada, desapparece.

Constipação. — A constipação quer provenha d'uma preguiça gastro-intestinal, d'uma phlegmasia chronica do tubo digestivo ou d'um defeito de se-creção intestinal, tem o mesmo tratamento : alimen-tasse o individuo mais de legumes, leite, uvas, do que de carne; procurar exercícios", e usar de ba-nhos geraes tépidos.

Com este tratamento continuado a constipação desapparecerá ou pelo menos melhorará, e a esper-matorrhea, que n'ella está filiada, tenderá egual-mente a desapparecer, se ao mesmo tempo se com-bater, pelos meios apropriados, o habito orgânico.

Rhagada anal. — A rhagada anal é difficil de curar. Algumas curas se tem obtido pelos clysteres adstringentes, e pelo uso da seguinte solução, appli-cada por meio d'um pincel :

Clorofórmio . . . 5 grammas Alcool 25 » Quando não consigamos a cura por este pro-cesso, faremos a dilatação forçada do esphinter anal.

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A espermatorrhea, produzida por esta causa, desap-parece com a sua cura.

Hemorrhoid es. — Quando as não podermos evi-tar, pelos meios prophylaticos, recommendaremos uma alimentação vegetal e láctea, as loções frias na região anal e duches ascendentes rectaes frias. Contra os tumores hemorrhoidaes, différentes pro-cessos se tem empregado: i.° a cauterização com o ferro em braza; 2." a cauterização com a pas-ta de Vienna; 3.° o esmagador liniar de Chassa-gnac. Este ultimo é o mais seguro e o menos peri-goso. Curadas as hemorrhoides, a espermatorrhea que d'ellas resulta ou desapparece totalmente, num tempo mais ou menos longo, ou é melhorada, com-pletando-se a cura pelos meios próprios a destruir o habito orgânico.

Parasitas. — O oxiuros vermicular é muitas ve-zes difficil de combater.

Os doentes devem evitar uma alimentação lá-ctea, assucarada e feculenta, pois isto favorece o desenvolvimento dos entozoarios. O medico deve variar os medicamentos anti-vermifugos, quando pelo uso d'um, não consiga o que deseja, porque estes vermes adquirem, com facilidade, a tolerân-cia medicamentosa. Os antivermifugos devem ser applicados exteriormente (em clysteres) e interna-mente. Não menciono as suas doses, pois se,en-contram em qualquer formulário. Da tenia não me occupo, porque o seu tratamento é bem conhecido.

Referências

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