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Serviço Social, Territórios e Comunidades: Sentidos e Paradoxos

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Academic year: 2021

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SER VIÇ O SOC IAL , T ER R IT ÒR IOS E C OM U N ID AD ES: S EN T ID OS E PAR AD OXO S 36)

Hermínia FERNANDES GONÇALVES

Professora e investigadora, Departamento de Economia, Sociologia e Gestão da

Universidade de Trás os Montes e Alto Douro (DESG-

UTAD) Centro de Estudos

Transdisciplinares para o Desenvolvimento da mesma Universidade (CETRAD-

UTAD).

Resumo: Tem existido ao longo da história uma relação de interinfluencia entre

o Serviço Social e a política social que, no actual contexto neoliberal, se tem tornnado mais visível. Com a restruturação dos sistemas de bem estar, o campo profissional do serviço social retoma o território e a comunidade como espaço de intervenção, seguindo uma orientação formal de ação coletiva contextualizada, de planeamento integrado e estratégico e, de governança. Porém, em muitos desses contextos sócio-territoriais a intervenção comunitária dos Assistentes Sociais é ainda marginal, mostrando-se fundamental compreender os contornos, os sentidos e os paradoxos atribuídos a um método de desenvolvimento comunitário contemporâneo subjacente à intervenção social territorializada em sociedades com sistemas públicos de providência social. Estará este campo profissional a apresentar-se como uma oportunidade para os Assistentes Sociais trabalharem a dialética entre os diferentes espaços (individuo, grupo, comunidade) e os diferentes atores? As práticas

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desenvolvidas enquadram-se nos pressupostos ético-profissionais do Serviço Social? Esta comunicação suporta-se numa investigação que utiliza, vários métodos- estudo de caso, qualitativo e etnográfico- e, um raciocínio teórico analítico típico da Grounded Theory. Desenvolve-se a partir de estudos de caso de Redes Sociais Municipais37), recorrendo à análise documental, à observação, a entrevistas e a grupos focais com Assistentes Sociais.

A empíria demonstra a importância de incorporar no método de intervenção social comunitária, a leitura dialéctica e integrada, procurando a articulação entre as dimensões individuais, grupais e comunitárias e, a coordenação interinstitucional dos recursos e atores. A dimensão ética da construção da cidadania suportada na organização comunitária, na advocacia e na comunicação com os públicos, são ideias também presentes no discurso dos Assietntes Sociais. É ainda recorrente a ideia de território como campo interdisciplinar que, apesar de não evidenciar significativos modos

operandi,específicos do Serviço Social, conta com um papel de alavancagem,

na construção de formas territorializadas de intervenção social integrada.

Palavras chave: Intervenção social comunitária, Serviço Social, Politicas

Sociais, Ação Coletiva, Projeto Profissional.

1. Introdução

Esta comunicação enquadra-se numa investigação mais vasta que visa produzir conhecimento sobre um locus profissional- reconfigurado pelo Serviço Social- que encara a comunidade como um território municipal com vastas competências no campo da ação social, permeável às crises e às mutações das políticas públicas. Na base de um pressuposto de ética de transformação subjacente à ética profissional do Serviço Social e, face à complexidade da questão social, a investigação visa apontar a agenda dos desafios profissionais, que centrem a ação profissional na promoção de direitos e cidadanias.

No âmbito desta comunicação parte-se do valor da prática de intervenção comunitária para os Assistentes Sociais, desenvolvida no quadro das Redes Sociais Municipais em Portugal, e, encara-se a prática, na linha de vários autores (Fook, 1999, Camarile, 1999, Parton e O'Byrne, 2000, Hoog e Terry, 2000) como fonte de teoria e conhecimento do trabalho social. Identificam-se práticas profissionais desenvolvidas no quadro das Redes Sociais e dos projetos de intervenção comunitária alanvancados por estas estruturas. A comunicação desenvolve-se a partir de estudos de caso de Redes Sociais Municipais, sistematizando e interpretando o discurso das entrevistas à Coordenadora da Rede Sociai Municipal38). Procuram-se as percepções da política e da territorialização, dos procedimentos operativos e metodológicos, dos âmbitos mais significativos das prática dos Assistentes Sociais na rede social, do projeto profissional e dos dilemas éticos que decorrem da ação social territorial no quadro político neoliberal contemporâneo.

2. Serviço Social e Comunidades na Rede Social Municipal: Contributos à discussão do projeto ético profissional

Encarar a prática profissional do Serviço Social, com comunidades, como objeto de análise, pressupõe interpretar, para além do mediato do modus operandi do

Serviço Social no campo comunidade, o sentido da mesma no campo disciplinar

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concretas, sócio-económicas e políticas que influenciam o devir desse agir profissional. Centra-se nos aspetos endógenos do sentir das práticas mas identifica fatores externos profundamente conectados com as práticas- desde a descentralização ás novas institucionalidades, da territorialização à confluência de diferentes espaços de poder, da diversidade cultural, identitária e espacio territorial à multimensionalidade dos problemas sociais- que influenciam as possibilidades de práticas e os modus operandi dos Assistentes Sociais ( Menezes, M, 2002).

A história recente da descentralização de competências para o poder local Português, marcada por obstáculos e ajustamentos, concomitantes com a evolução e transformação do poder político e administrativo do país, tem influenciado as possibilidades do agir dos Assistentes Sociais na promoção da cidadania. Há uma série de recentes normativas39) que estabelecem o marco jurídico dentro do qual a municipalidade se deve exercer e envolver o Serviço Social.

A atuação na vulnerabilidade, em campos fundamentais do bem estar- como a ação social, o emprego, a formação, a saúde, a educação, o ambiente, a cultura e as relações sociais – está hoje, no discurso das políticas publicas, desde a década de 90 do Séc XX, com mais ênfase na primeira década do séc XXI, entregue a estruturas locais de parceria, como as Redes Sociais de âmbito municipal no caso Português, cujo “espartilho” formal top-down, está formatado para que se promovam localmente lógicas bottom-up de concepção de políticas vivenciais, focadas e adaptados ás realidades dos territórios.

Nas Redes Sociais Municipais o Serviço Social autárquico tem um acesso facilitado à concertação de soluções coletivas e à criação de formas de ação social mais estruturadas. O discurso dos entrevistados é revelador da importância que a Rede Social assumiu na ação coletiva local. Veja-se o Quadro 1.

Quadro 1. Percepções da Política Rede Social enquanto política de ação coletiva

Ideias

dominantes Discursos relevantes

Contribui para a Ação Coletiva

(...) mobilização de competências técnicas na conceção das políticas sociais municipais de intervenção comunitária, de resposta aos problemas sociais do território. Ent 1

(...) acabou por implicar as entidades locais no trabalho em parceria. Hoje temos grupos de trabalho para tudo, articulamos, coordenamos e implementamos projetos conjuntamente.Ent2

(...) veio de alguma forma tentar uniformizar estas práticas de serviço social autárquico, no sentido de uma maior articulação, integração e parceria.Ent3 Na Rede incorporamos uma ideia de ação local partilhada (...) para conceber o plano de desenvolvimento (...) trabalhamos coletivamente. Ent4

(...) modelo de atuação dos anos 90 foi vanguardista(...) conseguiu implementar uma abordagem de planeamento estratégico que mobiliza os atores locais. (...) Segue princípios de atuação do Serviço Social, apela muito

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à participação e ao planeamento, e defende uma posição mais equilibrada entre os vários poderes, e entre os vários espaços interventores. Ent 5

Atribuem à Rede Social a ideia de modelo de trabalho que envolve o Serviço Social em práticas coletivas, reflexivas e vanguardistas, de intervenção comunitária, que mobilizam mais de perto os Assistentes Sociais das autarquias. A reforma do Estado Providência na sua relação com a descentralização, envolve assim o Estado central e o local num sistema de providência social partilhado (Giddens, 1997; Mozzicafreddo, 1991), que envolve a construção de políticas territoriais, utilizando o sistema de controlo social e de bem estar exercido por via das politicas de regulação social, onde se enquadra o próprio Serviço Social. Veja-se o Quadro 2.

Quadro 2 Percepções das implicações do quadro de competências descentralizadas nas praticas dos Assistentes Sociais

Ideias

dominantes Discursos relevantes

Enfoque comunitário Reforçoda intervenção autárquica Mais articulação e integração Novos formatos de parceria Estabelecimento de prioridades e decisões acordadas

...nos últimos anos (...) em matéria de assuntos sociais hoje há mais preocupação com o enfoque comunitário (...) a implementação de projetos de intervenção e a coordenação da ação social dos município foi uma conquista... Ent1

(...) o quadro de competências e o regime jurídico de funcionamento dos órgãos dos municípios e freguesias veio reforçar a intervenção das autarquias na ação social. (Ent2)

As autarquias têm hoje muitas mais atribuições e competências o que implicam claramente o Serviço Social numa intervenção comprometida com o território. (...) (as competências das autarquias) têm muitas pontas soltas! (...) a forma como o fazemos pode resultar em processos locais, mais ou menos eficazes. Digamos que o programa Rede Social veio de alguma forma tentar uniformizar estas práticas de serviço social autárquico, no sentido de uma maior articulação, integração e parceria. Ent3

A alteração das políticas sociais, com os seus novos formatos (parceria) e a descentralização de competências (...) cria ainda condições à participação dos atores, municipais e à coordenação interinstitucional das estruturas do concelho.Ent4

A descentralização intensificou muitos domínios de competências na área social promove a ativação de atores locais...a coordenação interinstitucional das estruturas do concelho, o estabelecimento de prioridades e as decisões acordadas...Ent 5

Dificuldades de financiamento

Digamos que o município, através da rede, ou não, tem a competência da gestão das respostas no território, mas não têm qualquer interferência nos acordos de cooperação (...) das IPSS que estão no seu território.(...) O trabalho em rede e o empreendedorismo... são normalmente expressões utilizadas quando não há verbas (...) a responsabilização do Estado (...) dilui- se por todos.(...) Ent1

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Alguns domínios da ação social, nomeadamente as respostas sociais são mais assumidas pelos políticos (...) tudo depende dos recursos... ( o município ou a rede social) exerce pressão junto da Segurança Social(...) temos mais competências e menos recursos ( refere-se à autarquia) portanto, a ação local beneficia se nos articularmos em parceria. Ent 2

Sem dúvida que os tempos são neo-liberais, uma consequência da escassez de recursos financeiros, mas temos conseguido ultrepassar através da coordenação e articulação dos recursos. Também facilita o facto da autarquia ter orçamento anual para a Ação Social, cerca de 300 mil euros anuais, apoiam o funcionamento disto. Ent3

Acho que seria importante as redes terem um orçamento. Um envelope financeiro estabelecido em função de alguns indicadores de necessidade e taxas de cobertura, desse modo, havia um investimento na coesão sócio- territorial. Ent4

A segurança social, nunca quis agarrar as redes e nalguns momentos até as tentou destruir(...) Foram as autarquias que pegaram no processo, perceberam que aqui tinham um modo de fazer mais estruturado e com impacto no território. (...) Nos últimos anos a Segurança Social não legitima a nossa intervenção, principalmente no pós crise 2009, perdemos (Rede Social) capacidade de intervenção! Ent 5

A recente materialização da partilha de competências e a difícil tarefa de aceder aos meios financeiros das autarquias e da Rede Social, por influencia de ideologias neoliberais, de sinal inverso ao da cidadania, estão entre os factores, que determinam profundamente o tipo de práticas profissionais comunitárias. As teorias de desenvolvimento mais recentes, socialmente orientadas, sugerem um papel mais forte do Serviço Social no desenvolvimento de comunidades, a mobilização de novos atores institucionais mediante uma “gestão eficaz da sua

participação” e a “ abordagem participatória em todos os tipos de preocupação social” que , “requer aptidões em comunicaçãoo interpessoal e em grupo

intimamente relacionadas com as aptidões do trabalho social ” ( Payne, 2002:

279-280).

Na linha de Elliott (1993) a abordagem do desenvolvimento social, apesar de primeiramente utilizada nos países em desenvolvimento, adapta-se aos países ocidentais, face aos desafios que enfrentam dentro das suas fronteiras, às grandes disparidades de desenvolvimento económico e às sérias dificuldades de defender padrões de cidadania do país.

Nos discursos dos Assistentes Sociais que participam na dinâmica das Redes sociais está presente a alusão a uma prática sistémica, estruturada, que alavanca projetos de intervenção comunitária de resposta aos problemas expressivos do território. Porém, o receio do assistencialismo tradicional também está presente devido ao registo emergencial de algumas praticas locais, em contextos de crise e em grupos sociais vulneráveis economicamente. Veja-se o Quadro 3.

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Ideias

dominantes Discursos relevantes

Teorias sistémicas eecológicas. Práticas estruturadase empoderadoras Definição de linhas estratégicas a partir do leitura dialética dos técnicos do terreno Novos e mais exigentes perfis de públicos Causalidades complexas Novos formatos de respostas e de coordenação dos recursos existentes Práticas estruturadas,e sustentáveis Procedimentos metodologicosde diagnostico,de planeamento e de trabalho em rede. Coordenação de recursos entre os parceiros Respostaa questõesde assistência Intervenção social mais instrumentalizada

A intervenção sistémica e integrada () está tão difundida que também exerce pressão sobre as práticas dos Assistentes Sociais (...). ( no passado) as práticas assistencialistas foram muito imediatas, hoje há outras exigências em termos da intervenção...não basta a perspetiva do caso... hoje impõe-se a perspetiva sistémica (...) operam em sentidos de individuação, empoderamento...os AS têm impulsionado outro tipo de intervenções, mais globais, mais enraizadas e também mais estruturadas. Ent 1

(...) nestas estruturas trabalham Assistentes Sociais, logo é natural que a implementação do procedimento operativo tenha implicações na reconfiguração da intervenção social (...) não se pode falar de continuidade nas práticas assistencialistas...mesmo quando têm um foco na satisfação da necessidade imediata. (...) temos projetos a funcionar a vários anos com orçamento da Ação social. (...)segue uma linha de intervenção () e, valoriza alguns grupos sociais, porque são mais expressivos (dos problemas locais). Ent 2

Hoje trabalhamos com uma preocupação sistémica... articulamos mais e temos outras abordagens (...) os novos perfis de públicos são mais exigentes e as políticas também impõem procedimentos de gestão e de projetos. Ent 3 (...) há uma preocupação mais nítida com a procura das causas… no entanto, são tão complexas e intersetoriais que precisamos de apurar o espirito de trabalho em rede e em parceria, para fazer diagnósticos e planos de trabalho conjuntos. Ent 3

O trabalho em rede, a itinerância de serviços públicos em unidades inframunicipais (...) a gestão dos recursos e a sua coordenação em favor da ação social, são hoje competencias muito exploradas pelos técnicos sociais. Ent 3

(Recusam a existência) de práticas assistencialistas...Os projetos são estruturados, avaliados e redefinidos. Temos projetos a funcionar há quase 20 anos. A rede impõe um modelo de intervenção de planeamento estratégico, de ação conjunta (...) A rede trouxe maior compromisso numa ação social de proximidade integrada. Ent 3

Os técnicos estão de facto a mudar a sua forma de intervenção… têm muito mais atenção com as metodologias e com as novas formas de fazer a intervenção…muito atentos ao trabalho em rede, aos diagnósticos e aos planos de trabalho. Ent 4

Os AS tiveram aqui um papel importante porque ainda continuam a ser a profissão social mais expressiva ( na Rede social). O trabalho em parceria, a metodologia de projeto, o hábito de se coordenarem recursos e responsabilidades entre os parceiros. Ent4

(...) acho que nos últimos anos se regressou ao Assistencialismo... na maioria das vezes é um trabalho comunitário ligado a respostas rápidas (...) a orientação neoliberal de algumas políticas (...).Ent 5

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Mais contacto com os públicos.

(...)uma intervenção mais instrumentalizada (...) parece que somos empurrados para práticas mais rápidas que não promovem o contacto com os públicos. (...) Nos últimos anos a tendência é a de desenvolver dispositivos comunitários de resposta emergencial, de enfoque individual (...) Ent5

Percebe-se a intervenção social na linha de desenvolvimento comunitário de Midgley (1995), trabalham dentro das estruturas existentes numa perspetiva progressista, contribuem para promover serviços de apoio social e a acessibilidade a respostas, implementando lógicas de proximidade. Existem discursos enquadráveis na teoria trabalho social estrutural (Mullaly, 1993) que procuram um modelo mais suportado no humanismo, na comunidade e na igualdade que aspira o desenvolvimento de uma prática de trabalho social estrutural.

Em abordagens de intervenção comunitária, vários autores, nomeadamente, Midgley (1995) e Menezes (2002:11), enquadram a resposta emergencial no projeto profissional do Serviço Social, no pressuposto da cidadania, mas sugerem a sua articulação com práticas globais e integradas, ultrepassando a

individualidade das procuras com que os Assistentes Sociais trabalham .

Na intenção de cogitar a recalibragem do campo profissional do Serviço Social veja-se o quadro 4.

Quadro 4. Percepções dado perfil profissional dos Assistentes Sociais na Rede Social

Discursos relevantes

Estamos muito formatados ao trabalho de casos e a trabalhar isoladamente. (...) Cada vez menos perguntamos o que é que o utente precisa, o que é que sente, até certo ponto decidimos por ele. (...) Muito suporte nas estatísticas ficando em défice a relação com os públicos. Ent1

Precisamos de mais preocupação com a teoria e (...) de reforçar valores humanistas... temos que interpretar teoricamente e com dados do terreno... temos que ouvir.(... ) Ent 1

Não se pode falar de um perfil único de profissional em autarquias e na rede social (...)na verdade, nem todos possuem competências (intervenção comunitária) (...) a percepção da profissão continua muito ligada ao enfoque individual. Ent 2

(...)há diferentes posturas técnicas... parece ser arbitrário trabalhar o caso individualizadamente, ou trabalhar o caso preparando o contexto, de acordo com a expressão significativa do problema individual. Ent2

É evidente que a ação profissional de proximidade aos cidadãos está a ganhar expressão(...) trabalhamos muito envolvendo as pessoas e as instituições locais que intervêm num território. Ent 2

(...) a escala individual é interpretada para depois se organizar o território e criar respostas. Ent2 (...) há uma preocupação mais nítida com a procura das causas (…)precisamos de apurar o espírito de trabalho em rede e em parceria(...). Ent 3

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O campo da intervenção comunitária é transdisciplinar (...) é preciso que o Assistentes Sociais saibam trabalhar nestes contextos descodificando e valorizando o seu ADN. As pessoas e a defesas das suas cidadanias. Ent 3

Há mais preocupação com a proximidade (...). O trabalho em rede, a itinerância de serviços públicos (...) a construção colectiva de diagnósticos e de planos de trabalho, a gestão dos recursos e a sua coordenação em favor da ação são hoje competências muito exploradas. Ent3 (...) diversidade de modelos de intervenção (ora o modelo de intervenção em rede, ora o modelo de caso, ora o modelo de intervenção em crise, ora o modelo de intervenção com comunidades...ou ainda os modelos de desenvolvimento cognitivo e de empoderamento… precisamos de todos, por vezes, da sua utilização simultânea. (...) Os AS foram importantes para mobilizar. (...)Os AS foram importantes neste processo para advogar o direito. (Ent3)

O trabalho da rede é interdisciplinar mas as práticas ( dos Assistentes Sociais) têm em conta a leitura individual dos problemas, uma dimensão importante quando se definem eixos estratégicos para o território. (Ent4)

O perfil do AS é muito humanista, gestor dos recursos e dos problemas(...). Acho que é uma dimensão importante e às vezes esquecida. (Ent4)

(...) Por vezes concebem medidas (respostas) por indicação dos políticos… nessas situações devem interpreter a dimensão ética dos processos. São mediadores (...) são pivos na organização dos processos e executors nalguns casos. (Ent4)

Há claramente técnicos muito empreendedores que constroem soluções inovadas.(Ent4)

Nos anos 70-80 havia mais essa preocupação de desenvolvimento da comunidade. Hoje, parece que se tem medo do discurso de desenvolvimento comunitário no serviço social...houve aqui uma série de condicionantes, que começam com o Estado Social (...). (Ent5)

Parece-me que a defesa da cidadania e da qualidade de vida devem ser objetivos subjacentes ao campo profissional do Serviço Social nas autarquias e nas redes sociais. Ent 5

A organização da comunidade deve ser uma constante nas práticas profissionais, uma vez que serão práticas que promovem o acesso a cidadanias! Vejo o trabalho de desenvolvimento comunitário no Serviço Social autárquico, integrando leituras e intervenções individuais com leituras e intervenções comunitárias. (Ent5)

A coordenação e organização (5 Redes Sociais), seguida da apreesão da totalidade das necessidades socais do território partindo dos âmbitos da procura que decorrem do trabalho de casos (4 Redes Sociais), da relação e comunicação com públicos ( em 3 Redes Sociais); do humanismo, da ética, do conhecimento das teorias e modelos de intervenção social (em 2 Redes Sociais). No perfil profissional de Serviço Social na Rede Social enquadram-se atividades de mediação e advocacia, de interpretação de problemas complexos e de promoção da cidadania. Está presente no discurso, ainda que de forma pouco explicitada, que o facto de alguns Assistentes Sociais não assumirem a intervenção comunitária no projeto profissional do Serviço Social, se constitui num obstáculo às práticas.

(9)

Os Assistentes Sociais procuram a reflexividade social e profissional, para clarificar o projeto profissional e consolidar o modus operadi de uma ação que decorre num território dinâmico e complexo, que muda rapidamente, que é instável e enfrenta problemas de financiamento. Todavia, um espaço privilegiado na construção de relações sociais, de empatia e de compromisso individual, institucional e coletivo.

Na substância da prática profissional do Serviço Social enquadra-se a defesa do sistema de direitos de cidadania de Marschall Branco (1995), entendendo-os como uma provisão básica universal, capaz de mobilizar em complementaridade outras formas de providência da sociedade civil organizada.

No quadro das Redes Sociais está em curso uma oportunidade para desenvolvermos respostas coletivas locais, reconfigurando os métodos dentro do Serviço Social Spolander et.al (2014). Parecem reafirma-se duas direções diferentes para o Serviço Social “uma mais conservadora e individual e outra mais reformista e comunitária” Amaro (2012:99). A intervenção comunitária no Serviço Social avoga direitos sociais, pressiona as estruturas (Mouro, 2014) e, dignifica a profissão dentro da política social e em arenas mais amplas da política (Truell e Jones, 2012).

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