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A Passagem ao Ato no Abuso Sexual Intrafamiliar Fraterno de Menino

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Academic year: 2021

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Amanda Pinheiro Saida*; Eika Lobo Junqueirab; Liana Fortunato Costaa

Resumo

A adolescência é marcada por significativas mudanças hormonais, corporais, psíquicas, sociais e inter-relacionais. Inserido em um contexto familiar de rearranjos de papéis, a passagem ao ato do adolescente pode se configurar como uma forma de comunicação dos conflitos psíquicos envolvendo as interações familiares, por meio da via sexual. Este texto, em uma perspectiva sistêmica, trata de uma pesquisa qualitativa, com o método do estudo de caso, sobre o abuso sexual intrafamiliar cometido por um adolescente que abusou sexualmente de seu irmão. Com base na pesquisa em documentos no prontuário de um adolescente atendido em uma unidade de saúde, organizou-se a discussão em três eixos: a passagem ao ato como pedido de ajuda, a passagem ao ato como comunicação à família e a passagem ao ato como busca de não passividade. A retrospectiva da história do adolescente reconstitui uma trajetória de vínculos afetivos rompidos, de mudanças repentinas, da ocorrência de vários adultos responsáveis pelo seu cuidado, da presença de negligência e abandono, da construção de um não pertencimento a um grupo de afeto ou a um espaço permanente. Pode-se compreender a passagem ao ato como uma estratégia do adolescente em lutar contra a passividade presente no período pubertário ou ainda como um meio de defesa diante de sentimentos de vazio existentes.

Palavras-chave: Passagem ao Ato. Abuso Sexual Contra Crianças e Adolescentes. Abuso Sexual Intrafamiliar. Irmãos. Abstract

Adolescence is a time marked by many changes; hormonal, physical, psychics, socials and relational. Belonging to a family context with different roles, the acting out of adolescents may indicates a way of communicate psychics’ conflicts involving the whole family interactions, through sexual acts. This text, in a systemic perspective, brings a qualitative research with the case study method about an intra-family sexual abuse committed by an adolescent to his brother. Based on a documental analysis of the records of an adolescent attended in a public health system, the discussion was arranged in three parts: the acting out as a help request, as a communication to the family and as a search for no passivity. The background of the adolescent is marked by a path of broken affective bonds, of sudden changes, of different adults responsible for his care, of neglect, abandonment, of the non-belonging to an affective group or to a permanent space. The acting out might be understood as a strategy of the adolescent in fighting against the passivity present in the pubertal time or as a defense mechanism to the lonely and emptiness feelings.

Keywords: Acting out. Child and Teenager Sexual Abuse. Intra-family Sexual Abuse. Siblings.

A Passagem ao Ato no Abuso Sexual Intrafamiliar Fraterno de Menino

Acting-Out in the Context of Sibling Sexual Abuse Boy

aUniversidade de Brasília, Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica e Cultura. Brasília, DF, Brasil. bCentro de Orientação Médico Psico-Pedagógico da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal. Brasília, DF, Brasil.

*E-mail: amandapsaid@gmail.com.

1 Introdução

Este texto trata de um recorte de uma pesquisa documental (HODDER, 2000) sobre o significado da passagem ao ato em situação de abuso sexual intrafamiliar perpetrada por um adolescente vitimizando um irmão. A consulta aos documentos foi realizada em uma instituição pública da área de saúde que participa da rede de proteção à infância e adolescência por meio do oferecimento de atendimento às vítimas e vitimizadores de violência sexual. O método escolhido foi o do estudo de caso (STAKE, 2000).

A adolescência é um período delicado e propenso à vivência de crises, marcada pelo duplo movimento de ruptura com a infância e pela busca de novo status. Seu início é marcado por questões pubertárias de impacto significativo: afora as mudanças hormonais e corporais, esse sujeito, que está em um movimento duplo de deixar de ser (criança, dependente) e, ao mesmo tempo, tornar-se outro ser

(autônomo, independente), também está imerso em um rol de significativas mudanças psíquicas, sociais e inter-relacionais (MARCELLI; BRACONNIER, 2007). O adolescente vive um momento no qual rearranjos de papéis familiares e sociais fazem-se presentes, bem como um movimento de desligamento de pessoas que na infância eram figuras centrais para lançar mão aos novos investimentos pessoais como a busca de espaços próprios, os novos limites e forças libidinais (AMPARO; GUSMÃO; MACEDO; 2012).

Em uma perspectiva sistêmica, o período da adolescência também é reconhecido como de transição em que são expressos atitudes e comportamentos de independência, embora ainda haja a dependência do subsistema parental (MINUCHIN, 1982). Preto (1995) inclui as crises da adolescência em uma compreensão familiar de ciclo de vida e preconiza que mudanças estruturais e de renegociação de papéis caracterizam as famílias com a presença de adolescentes.

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adolescência é a questão do agir, que traz à adolescência a tônica da insegurança, com a forte presença de atitudes de confronto, por vezes de evitamento ou até de violência. Marty (2012, p. 19) traz o agir como um possível recurso, um substituto do aparelho psíquico. “Diante da ausência de possibilidade de elaboração da excitação que transborda e da dificuldade de conflitualizar no plano psíquico, a excitação externaliza-se em vez de interiorizar-se, ela é atuada em vez de ser pensada”.

2 Desenvolvimento 2.1 A passagem ao ato

A passagem ao ato durante a adolescência é um fenômeno complexo que pode ser melhor compreendido se os níveis individual, familiar, social, cultural e institucional forem considerados (MIERMONT, 1994). Os primeiros teóricos, estudiosos da família em uma perspectiva sistêmica, contribuíram para o aprofundamento da compreensão das relações familiares do adolescente, com base em uma discussão envolvendo conceitos que já tinham representatividade na Psicanálise, como é o caso de Miermont (1994), Marcelli e Braconnier (2007), Sudbrack (1992) e Segond (1992).

O enfoque sistêmico compreende a passagem ao ato como sinal de apelo, a expressão de um conflito transgeracional, ou seja, é uma tentativa de resolução de uma demanda, não necessariamente restrita ao adolescente e seu psiquismo, mas uma demanda ao sistema familiar. Esses atos impulsivos apresentam-se como a expressão exteriorizada de representações, conscientes ou inconscientes, e que, de acordo com Miermont (1994, p.432) “marcam o fracasso de um conflito fantasmático interiorizado entre as instâncias do

id e do superego”. A passagem ao ato é uma comunicação ao

sistema familiar.

Marcelli e Braconnier (2007) defendem que o agir na adolescência pode significar uma estratégia interativa, ou seja, uma maneira de revelar alguma informação a outra pessoa; um mecanismo de defesa, enquanto forma de solução de problema ou de estar ativo; um entrave da conduta mentalizada, na medida em que o agir opõe-se a uma tomada de consciência; e ainda existe uma recusa do agir quando há o temor de se deixar levar passivamente a atuação. A violência durante esse período da vida relaciona-se com um desamparo e uma dificuldade no processo de subjetivação.

A passagem ao ato não é um fenômeno exclusivo da adolescência e, quando presente nesse período do desenvolvimento, não deve ter as mesmas significações que tem para seu surgimento no período adulto de vida (CHAGNON, 2008, 2012). Sendo o cometimento de agressão sexual uma das possíveis representações da passagem ao ato, Chagnon (2008, 2012) chama a atenção para a importância de se questionar, também em um plano psicodinâmico, o adolescente com suas interações e contextos sociofamiliares, bem como seus recursos psíquicos prévios. Assim, embora

possam compartilhar certas características deste período em comum, os adolescentes agressores sexuais apresentam-se de forma heterogênea, não havendo um perfil específico. 2.2 O abuso sexual e o adolescente ofensor sexual

O abuso sexual é compreendido neste trabalho como todos os contatos que incitem ou forcem crianças ou adolescentes a se engajarem em atividades de cunho sexual, quer envolvam contato físico ou não (SANDERSON, 2005). A diferença etária é um aspecto presente nas dinâmicas sexualmente abusivas, bem como o uso de força, coerção e ameaças (HABIGZANG

et al., 2006). Alguns fatores podem agravar o dano psicológico

nas vítimas de situações sexualmente abusivas: a idade do início do abuso, a diferença de idade entre a pessoa que cometeu o abuso e a criança que sofreu o abuso, o estreitamento da relação entre a pessoa que cometeu e a criança que sofreu e ainda a ausência de figuras parentais protetoras (MIRANDA; CORCORAN, 2000). Ademais, são apontadas diferenças nas consequências da vitimização do abuso sexual para as vítimas do sexo feminino e para as vítimas do sexo masculino. Para as vítimas do sexo masculino, os sintomas comportamentais, como o abuso de substâncias e atos agressivos, são mais comuns em comparação com as consequências do abuso sexual sobre as meninas (HOHENDORFF; HABIGZANG; KOLLER, 2012; VALENTE, 2005; SPENCER; DUNKLEE, 1986).

Quando o abuso sexual é perpetrado por familiares da vítima, que mantém vínculos consanguíneos ou afetivos, diz-se que o abuso sexual é intrafamiliar, sendo que essa modalidade vem sendo cada vez mais abordada e discutida (PELISOLI; TEODORO; DELL’AGLIO, 2007). Isso ocorre especialmente em uma realidade atual na qual existem diferentes formas e configurações familiares, com interações e ligações entre as pessoas com afetos e obrigações recíprocas, na qual são transmitidas normas, crenças e valores (MARQUES; AMPARO; FALEIROS, 2008). Nesse sentido, a vivência de situações violentas e traumáticas em âmbito intrafamiliar é altamente prejudicial ao desenvolvimento social e psíquico, uma vez que, sendo uma dinâmica complexa, traz maiores impactos cognitivo-comportamentais, além de envolver segredos, rompimentos e quebras de confiança (HABIGZANG et al., 2005).

Pesquisas investindo em maior conhecimento sobre a violência sexual perpetrada por adolescente vêm ganhando expressão maior na literatura (RODGERS; MCGUIRE, 2012; HOLLIST; HUGHES; SCHAIBLE, 2009; ZANKMAN; BONOMO, 2004; MIRANDA; CORCORAN, 2000; RAMIREZ, 2002). Um terço dos abusos sexuais é cometido por adolescentes (OLIVER, 2007). Entre 40% e 50% dos abusos sexuais contra crianças menores de 12 anos foi cometido por adolescente (WORLEY; CHURCH; CLEMMONS, 2011). Fischer e McDonald (1998) apontam que o abuso sexual intrafamiliar oferece as condições para que

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essa violência ocorra mais precocemente, com maior tempo de duração, maior dano de violência invasiva e maior dano físico, emocional e psíquico. Ramírez Mora (2002), com base em pesquisa em prontuários de adolescentes ofensores sexuais internados em uma clínica, relata que em 88% dos casos os adolescentes mantinham extremo contato permanente com as vítimas. Esses apontamentos são indicativos suficientes de que é necessário que se conheça esse fenômeno para que as ações de interrupção da violência, oferecimento de atenção tanto à reincidência do ato violento como ao tratamento do adolescente venham a se configurar.

2.3 O abuso sexual entre irmãos

O subsistema fraternal é compreendido como o primeiro laboratório social das crianças, no qual é possível experimentar a relação entre iguais. Existem processos de aprendizado, de negociações, de amizade e de aliança envolvidos, mas também de disputas e até mesmo de violências (MINUCHIN, 1982). Pensar na existência de relações sexualmente abusivas nesse subsistema é também considerar alguns desafios na delimitação do papel de vítima e de ofensor, na ausência ou na quebra de fronteiras geracionais, na existência de outros tipos de violências intrafamiliares para além da fraternidade, bem como na manutenção da situação abusiva por mais tempo (MORRILL, 2014).

Morrill (2014) defende que o abuso sexual entre irmãos é mais comum e grave, mesmo sendo menos denunciado. Agressões psicológicas, físicas e sexuais são categorizadas por Morrill e Bachman (2013) como tipos de violências entre irmãos que muitas vezes não são significadas como situações abusivas, mas sim vistas como mera rivalidade ou incidentes isolados. Em muitos casos há descrédito por parte dos pais nos relatos e revelações de um dos filhos.

Watarai (2009) discorre sobre o processo histórico do incesto no contexto brasileiro e analisa algumas famílias com a presença de incesto entre irmãos no Brasil. Apresenta diferentes argumentos para justificar a proibição do incesto: há um discurso que atribui à biologia o caráter proibitivo, na medida em que ela ditaria a existência de consequências e alterações orgânicas à prole fruto dessas relações, e existe também um discurso que atribui à cultura e aos problemas relacionais decorrentes disso a impossibilidade e o incômodo no incesto entre irmãos.

2.4 Método

Esta é uma pesquisa qualitativa e o conteúdo discutido neste texto trata de um recorte no qual se relata um estudo de caso sobre um adolescente que abusou sexualmente de seu irmão. A escolha do estudo de caso se refere à indicação natural do método em função do objeto de estudo, que é uma discussão clínica de um fenômeno das relações violentas intrafamiliares (STAKE, 2000). Chama-se atenção para uma

característica do campo da pesquisa qualitativa que é a presença de contradições e tensões no enfrentamento de seu escopo (DENZIN; LINCOLN, 2000). O contexto da pesquisa foi uma instituição pública da secretaria de saúde local, e a origem das informações foi um prontuário de um adolescente em atendimento no ano de 2014. No estudo da vitimização sexual, há uma tendência atual para se valorizar o estudo de caso, que oferece uma compreensão mais aprofundada das relações e do contexto, como é uma proposta de Marshall (2006), autor referência internacional no estudo do adolescente ofensor sexual. A escolha do caso se caracterizou por ser uma amostra intencional (FLICK, 2009) e conter a interação dinâmica entre as informações concernentes a dois aspectos que se pretende discutir nesse texto: a conduta de um adolescente que cometeu ofensa sexual e que não pode, no momento, ser visto como pedófilo por se encontrar ainda em fase de desenvolvimento psíquico emocional (MACHADO, 2003; OLIVER, 2007), e os comportamentos violentos que podem ser compreendidos como um pedido de atenção e socorro diante de sua condição de abandono e sofrimento (CHAGNON, 2008).

O adolescente participante, Harry1, tem 16 anos e está no

nono ano do ensino fundamental. A família pertence à classe social B. O motivo que o levou à inscrição na instituição e à entrevista de acolhimento foi o abuso sexual de seu irmão de 7 anos, James. Harry é filho de Robert, profissional com ensino superior, de 36 anos e de Mary. Robert suscitou preocupação de seus pais quando na adolescência, em razão de condutas sociais perigosas e somente na idade adulta é que pôde se graduar no terceiro grau. Robert e Mary moraram juntos até Harry ter por volta de 3 anos, quando Mary separou-se de Robert e foi morar sozinha com o filho. Mary e Harry moraram juntos até a criança ter 6 anos, quando ele passou a morar na casa dos avós paternos, local no qual Robert também morava. Enquanto Mary era unicamente a responsável por Harry, ela teve vários companheiros, sendo que a criança sofreu várias violências por parte de um determinado companheiro, e este foi o fato que a levou a entregar a criança para Robert. Não há informação específica se Harry sofreu também violência sexual. Outro motivo para Mary deixar o filho com Robert, na casa dos avós, foi a expectativa de haver melhores condições financeiras, e Harry não passaria “necessidades”. Nesse ponto, há um corte nas comunicações entre Mary e Robert/Harry, e o que se sabe atualmente é que ela “andou pelo mundo” e hoje está casada e com filhos, tendo pouco contato com Harry. Harry ficou morando com os avós paternos até a situação da descoberta do abuso sexual do irmão.

Um tempo após a separação de Mary, Robert se envolveu com outra mulher, Sandy, com quem tem uma filha, Joyce, que está atualmente com 13 anos. Robert conviveu maritalmente com Sandy por pouco tempo, pois ela apresentou distúrbios mentais, que fez com que eles se separassem. No entanto, Sandy ainda tentou se equilibrar, após a separação, para 1 Todos os nomes são fictícios e as informações foram alteradas, para impedimento de identificação.

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permanecer morando com a filha.

Após essa união, Robert começou a conviver maritalmente com outra mulher, Daisy, na casa dos seus pais, e com quem tem um filho, James. Essa união também durou pouco tempo e Daisy saiu de casa com o filho. Um tempo depois, Daisy foi presa. Com isso, James foi entregue a Robert que o levou para morar na casa dos seus pais, os quais já eram responsáveis pelo cuidado de Harry. Com a prisão de Daisy, Robert ganhou a guarda judicial de James.

Pouco tempo depois, a mãe e a avó de Joyce a entregaram para morar com os avós paternos. Na casa, então, moravam: os avós paternos (donos da casa), Robert (pai de Harry, Joyce e James), os adolescentes Harry (16 anos) e Joyce (13 anos) e a criança James (7 anos). Os dois adolescentes e a criança têm o mesmo genitor, Robert, e genitoras diferentes. Esse é o quadro da organização familiar que havia se estruturado quando surgiu a primeira denúncia de abuso sexual de James cometido por Harry.

Na verdade, a primeira denúncia foi sobre um possível assédio sexual de Harry em Joyce. A vara responsável pelo processo foi uma vara cível de família, porque se tratou de ação para retirada de Joyce da residência. Não houve comprovação de abuso sexual, porém ficou patente que houve assédio e que os avós sabiam do que acontecia. A decisão judicial não recomendou a retirada de Harry da casa naquele momento, e a avaliação psicossocial realizada no âmbito da vara de família acabou por denunciar o abuso sexual sofrido por James. As duas ex-mulheres de Robert, Sandy e Daisy, juntaram-se em um mesmo processo tomando a iniciativa de interrupção da violência e retomada da guarda da adolescente e da criança. Isso foi possível porque a essa altura, Daisy teve sua soltura e pode ajuizar essa ação. Tanto Joyce como James contaram para suas mães sobre o assédio e sobre o abuso sexual. Essa situação é que proporcionou a revelação da violência. Robert perdeu a guarda dos dois filhos, Joyce e James, que foram morar com suas respectivas mães. Há uma decisão familiar de que Harry vá morar com uma avó materna, uma senhora com mais de 80 anos, em uma tentativa de reorganização para que Robert possa tentar na justiça, uma reversão da guarda dos filhos, que voltariam a morar com ele.

As informações contidas no prontuário revelam que os profissionais da instituição de saúde, responsáveis por este caso, entraram em contato com os profissionais da Justiça (psicólogo e assistente social), e receberam informações da direção da escola de Harry, e tiveram acesso à descrição da visita domiciliar realizada pela equipe da Justiça na casa da avó materna de Harry. Foi possível compor um quadro no qual Harry é descrito na escola como “pegajoso” com outras crianças, e se interessa por brincar somente com crianças. Após o conhecimento da violência sexual perpetrada por Harry, a escola passou a monitorá-lo permanentemente, inclusive em seu trânsito às dependências da escola. Em princípio Harry ficou isolado dentro da casa dos avós paternos, e agora está

isolado da família na casa da avó materna. Frases escritas no prontuário: “Harry é de ninguém dentro de casa”; “Não há supervisão do rendimento escolar”; “Ele tem deficiência de aprendizagem”; “Ele vitimizou várias vezes e vem sendo vitimizado na casa da mãe, na casa do pai, na casa dos avós paternos e na casa da atual avó”. Harry está, no momento atual, na função de cuidador da avó, em função da idade avançada da senhora.

James começou a ser vitimizado logo depois de ter ido morar na casa dos avós paternos, e ele é visto como o xodó tanto do pai como da avó paterna. Robert ressentiu-se de não conseguir formar uma família com Daisy, mãe de James, porque de todas as ex-mulheres foi aquela a quem ele investiu para ter sucesso na formação de uma família. Atualmente, os avós paternos estão sendo processados por omissão de socorro e não terem interferido na situação do abuso sexual. Por outro lado, os avós paternos rejeitam Harry, porque consideram que a mãe do adolescente, Mary, foi quem colocou Robert a se perder. O casal de avós paternos é considerado rígido, autoritário, opressor e muito preocupado com o status social da família. O irmão e a namorada atual de Robert enfrentam problemas na Justiça.

O principal instrumento de coleta das informações foi o prontuário da instituição que continha os dados pessoais e familiares do adolescente ofensor sexual, a história clínica da violência praticada pelo agressor e sofrida pela vítima. Por rotina de acesso ao prontuário, as informações foram coletadas por uma pesquisadora e uma psicóloga da instituição, que reuniram os dados pessoais e principalmente a história clínica da violência sexual. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética do Instituto de Ciências Humanas da Universidade de Brasília, via Plataforma Brasil (parecer número 1.009.198). 2.5 Resultados

A leitura da história clínica do adolescente foi realizada com o intuito de privilegiar a presença e a significação da passagem ao ato, buscando organizar a discussão em núcleos que possibilitem uma compreensão mais profunda da violência sexual na intermediação das interações familiares.

• A passagem ao ato como pedido de ajuda – A retrospectiva da história de Harry reconstitui uma trajetória de vínculos afetivos rompidos, de mudanças repentinas, da ocorrência de vários adultos responsáveis pelo seu cuidado, da presença de negligência e abandono, da construção de um não pertencimento a um grupo de afeto ou a um espaço permanente. É possível se ter dois eixos de compreensão do surgimento da violência sexual como sintoma.

Um primeiro eixo diz respeito às observações sobre uma dinâmica familiar abusiva e com uma qualidade de interação que não oferece um sentido de pertencimento da criança em relação aos familiares, uma permanência de vínculos afetivos de suporte e principalmente da ausência de autoridade (MINUCHIN, 1982). Harry transitou por vários ambientes, sendo deixado aos cuidados de quem nem sempre estava

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e Schaible, 2009; Chagnon, 2008; Lansford et al., 2007; Oliver, 2007. Relações familiares violentas, ausência de afeto e de comunicação clara, presença de autoritarismo no lugar do exercício da autoridade, organização familiar caótica, são aspectos observados na dinâmica da interação familiar na qual surgem condutas de violência sexual voltadas contra seus próprios membros (MARSHALL, 2001). Por isso, há uma ênfase no conhecimento dessa dinâmica, para que esse movimento circular violento possa ser interrompido e abordado nas intervenções com o adolescente ofensor sexual. Destaca-se a importância de um ambiente familiar acolhedor para que sejam garantidas proteção às crianças e ao adolescente, bem como a interrupção de situações violentas (LANSFORD et al., 2007).

Embora ainda com estudos escassos, a literatura mais recente (MORRILL, 2014; O’KEEFE et al., 2014) já traz alertas para a gravidade e a complexidade do fenômeno do abuso sexual entre irmãos. Uma família incestuosa apresenta como característica a confusão de papéis, de fronteiras entre gerações (MIERMONT, 1994). Além disso, contradições nas relações familiares são características comuns dessas famílias, porém este aspecto que pode ser visto como negativo deve também ser valorizado e enfocado no processo terapêutico (Costa et al., 2012).

Harry utiliza a violência sexual como comunicação não verbal de seu sofrimento diante do abandono e da negligência que lhe são destinados, e informa sobre o ciúme e inveja que tem de seus irmãos que adentraram o ambiente familiar em condições diferentes da sua. Harry foi abandonado pela mãe e, no momento, ele não sabe onde ela está. James é considerado o preferido pela avó paterna. Além do mais, as mães de Joyce e de James conseguiram se unir para denunciar o assédio da primeira e o abuso do segundo, sendo que isso foi visto como uma proteção dessas mães para com seus filhos. Harry não teve nos episódios nenhuma manifestação de proteção e apoio vindos de alguém da família. A providência tomada foi seu afastamento da casa na qual os irmãos permaneceram, e ele foi colocado na casa da avó materna com quem não convivia. Violências estruturais importantes acabam vitimizando as famílias (PEDERSEN; GROSSI, 2011) que, por sua vez, tornam-se contexto favorecedor de relações sexuais intrafamiliares, ainda porque, como discutido acima, o adolescente busca, neste ato de natureza sexual, o seu retorno ao papel de adolescente. Por outro lado, a agressão sexual violenta ocorrida fora das relações familiares também possui um teor de comunicação da angústia do adolescente, e da importância de se considerar simultaneamente o ciclo de violência nas relações familiares, e o surgimento de um ciclo de violência nas condutas dos adolescentes (ZANKMAN; BONOMO, 2004).

• A passagem ao ato como busca de não passividade – A compreensão da dinâmica familiar é fundamental para a realização das intervenções e trabalhos terapêuticos com os familiares destes adolescentes, especialmente compreendendo a passagem ao ato como uma estratégia do adolescente em lutar contra a passividade presente no

disponível para fazê-lo, como é o caso dos avós paternos que não se responsabilizaram por ele. Estes avós também não se responsabilizaram por James, já que sabiam do abuso sexual e não fizeram nada para interrompê-lo. O abuso sexual é visto como um sintoma. Neste sentido, o sintoma tanto tem uma significação individual como familiar (NEUBURGER, 1984). Harry tem um sintoma em relação à negligência e violência na qual as relações familiares se fundam.

Um segundo eixo de compreensão da violência está afeito às contribuições teóricas que os autores sobre o adolescente ofensor sexual têm dado. Seto e Lalumiére (2010) defendem que os adolescentes que cometem ofensas sexuais devem ser vistos de modo diferente daqueles que cometem outros atos delinquentes, fazendo uma distinção sobre o adolescente que comete unicamente ofensa sexual (sex only), e o adolescente que comete ato delinquente além do abuso sexual (sex plus) (BUTLER; SETO, 2002). Conceição et al., (2014), por meio de pesquisa qualitativa, apresentam um estudo no qual distinguem, a exemplo de Butler e Seto (2002) e de McCuish, Lussier e Corrado (2015), o adolescente que comete ato infracional de natureza social e o adolescente que comete ato infracional de natureza sexual. Harry apresenta um rendimento escolar compatível com sua idade, e não foi identificada nenhuma conduta que representasse uma agressão ao meio social.

Com relação à distinção entre esses dois tipos, é necessário observar diferenças no rendimento escolar, na organização familiar, no sentido da ofensa voltada para o interior da família. O adolescente que comete ato infracional de natureza sexual (ou seja, o sex only) “pretende” que a família perceba seu pedido de ajuda, visto que sua agressão mantém-se nas fronteiras das relações familiares, e também se caracteriza como uma comunicação para o sistema. Costa et al., (2013) discutem casos em que a ausência física e cotidiana dos genitores passa também pela carência afetiva, de conversas, orientações, compartilhamentos e proximidade com seus filhos adolescentes. Em ambientes violentos marcados pela falta de afeto, pelo abandono e negligência, a passagem ao ato por esses adolescentes configura-se como pedido de socorro. Considera-se que Harry está pedindo socorro ao meio ambiente, mais especificamente à família, na medida em que inicia comportamentos violentos (assédio sexual em sua irmã e abuso sexual em seu irmão) cada vez que seu “território” é invadido por irmãos, que ameaçam ainda mais a pouca importância e atenção que ele recebe dos pais e dos membros da família extensa. Vide a informação anotada no prontuário em que “Harry é de ninguém dentro de casa”.

• A passagem ao ato como comunicação à família – A vivência saudável de uma relação positiva com pelo menos um dos genitores influencia outras relações do adolescente, como com os irmãos e os pares. Vários são os autores que enfatizam o papel das relações familiares no surgimento de condutas agressivas sexuais na adolescência: Conceição et al., 2014; Costa et al., 2013; Rodgers e McGuire, 2012; Hollist, Hughes

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período pubertário ou ainda como um meio de defesa ante os sentimentos de vazio existentes (MARTY, 2010). Morrill (2014) enfatiza a necessidade de serem desenvolvidos mais estudos sobre o abuso sexual entre irmãos e discute diversas consequências para as vítimas nesses abusos, apontando que a energia que seria usada para o desenvolvimento do indivíduo acaba sendo deslocada para sua sobrevivência. Há ainda como consequências: sexualização prematura, dificuldade no relacionamento com pares, confusão sobre sexualidade, agressão e distorção sobre autoimagem e o risco de que esses sobreviventes, quando adultos, se envolvam em relacionamentos interpessoais também marcadamente violentos.

Oliver (2007) indica o momento da adolescência como um período pleno de confusão mental a respeito do próprio desenvolvimento psicossexual. O autor aponta com ênfase a presença de fantasias sexuais que invadem o mundo interno do adolescente e a dificuldade dele em lidar com esse mundo fantasmático, se ele se encontra isolado de pessoas que possam traduzir em soluções seus medos e ansiedades a respeito dessa etapa do desenvolvimento. Por isso, a presença de adultos, ou orientadores, ou pais próximos, ou professores que possam oferecer suporte para conversações com o adolescente sobre esses temas, é imprescindível. Pode-se supor que Harry, nas condições em que se encontrava quando iniciou os abusos sexuais, encontrava-se sozinho para fazer frente a essas angústias.

Nogueira da Silva-Costa e Fortunato-Costa (2013) apresentam um estudo de caso no qual um adolescente com um histórico muito parecido com o de Harry, no que diz respeito à organização familiar e à presença de abandono e negligência, abusou sexualmente de seu irmão. Os autores apontam as contribuições de Winnicott (1980, 1987) na compreensão do significado do ato de violência sexual como uma resposta para a presença de violência nas relações intrafamiliares, para a ausência de uma preocupação primária da mãe para com o filho, que são aspectos primordiais para Winnicott em seu entendimento do desenvolvimento psicoemocional da criança, e do processo de vinculação com a mãe e demais pessoas ao longo de sua história.

Existem anotações no prontuário de Harry que ajudam a compor um quadro preocupante de sua condição de isolamento e possível tristeza diante de sua condição: descrito na escola como “pegajoso” com outras crianças; após a denúncia do abuso sexual, pessoas na escola passam a monitorá-lo com a intenção de impedir novo abuso sexual; ficou isolado dentro da casa dos avós paternos, e posteriormente na casa da avó materna adotiva; não ter supervisão do rendimento escolar; apresentar deficiência de aprendizagem; ser visto como vitimizado e vitimizador.

Infere-se, por essas descrições, que Harry esteja apresentando comportamento de defesa contra um processo de depressão (CHAGNON, 2008). Este autor aponta que, em termos históricos, o adolescente ofensor sexual não mais é visto como um “perverso” ou como uma “personalidade

perversa”, mas que a violência sexual é compreendida, nessa faixa etária, como uma expressão de comportamento que anuncia uma defesa diante de uma descompensação de natureza depressiva. A violência sexual é vista como uma dominação do outro, uma negação da presença do outro, da alteridade em relação ao outro. Esse outro deixa de ter uma significação subjetiva passando a ter uma importância utilitária. O adolescente ofensor sexual utiliza-se do outro para informar sobre si mesmo (CHAGNON, 2008).

3 Conclusão

O texto trata de um tema pouco conhecido e pouco explorado, a ofensa sexual cometida por adolescente, e pretende contribuir para que se modifique essa desvantagem atual sobre a temática. A escolha pelo estudo de caso proporciona que se aprofunde a dinâmica de agressão e de vitimização, permitindo que seja um exemplo que poderá oferecer melhores percepções de profissionais que estão enfrentando essa realidade. Por outro lado, abre-se uma janela para que haja maior interesse por este sujeito bem como pelo estudo das relações familiares na situação de abuso sexual, seja na figura da vítima seja na de vitimizador. O limite do texto é o fato de depender do registro de prontuário em instituição pública, o que diminui as possibilidades de se poder contar com registros mais completos, visto que se sabe que os prontuários não eletrônicos apresentam falhas em seu preenchimento.

Referências

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